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Revista Brasileira de
Geografia Física
ISSN:1984-2295
Homepage: https://periodicos.ufpe.br/revistas/rbgfe
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desordenadas em encostas íngremes (Kobiyama et que são essenciais tanto na tomada de decisão quanto
al., 2006). na comunicação com a população, permitindo a
Como exemplo, pode ser citado os objetivação do risco e tornando clara a sua
deslizamentos ocorridos no Maciço da Tijuca, os designação como problema público (Veyret, 2007).
quais aconteceram em favelas, que ocupavam uma
área de apenas 4,6% do maciço (Fernandes, Lagüéns Vulnerabilidade
e Netto (1999). O conceito de vulnerabilidade evoluiu das
Já as inundações são caracterizadas pelo ciências sociais e foi introduzido na percepção do
aumento do nível dos rios, para além da sua risco de desastres a partir da década de 70. Ainda não
normalidade, com consequente transbordamento de há um consenso acerca da conceituação do termo.
águas (Kobiyama et al., 2006). Popularmente, se Para este trabalho, será usada a definição
confunde este conceito com enchente, que é definida publicada pelo setor de redução de desastres da
apenas pela elevação do nível de água do rio, mas Organização das Nações Unidas em 2004, que
sem ocorrer o extravasamento (Tominaga, Amaral e conceitua a vulnerabilidade como sendo um conjunto
Santoro, 2009). de condições determinadas por fatores ou processos
A frequência com que ocorrem as físicos, sociais, econômicos e ambientais, que
inundações tem crescido, podendo isto estar aumentem a suscetibilidade de uma comunidade de
associado ao aumento de habitações em planícies de sofrer impactos consequentes de desastres
inundação. Simões et al. (2012), mostram que a (UN/ISDR, 2004).
mudança na paisagem e o processo de urbanização Cutter (1996) resume o conceito ao dizer que
aumentaram os riscos de inundação na Av. Cristiano a vulnerabilidade é o potencial de perda, onde esse
Machado, em Belo Horizonte, principalmente para potencial é a suscetibilidade de sofrer impactos e a
habitações que são de baixa renda. perda é a consequência dos impactos sofridos.
A vulnerabilidade pode ser analisada tanto
como risco biofísico quanto como uma resposta
Riscos social, ambos dentro de certo domínio espacial, onde
A palavra “risco” pode ser interpretada como se identifica a localização de pessoas e locais
um perigo em potencial quanto como a percepção de vulneráveis ao risco natural e também quais destas
uma situação perigosa, onde o indivíduo está situado pessoas se enquadram no grupo social de maior
ou simplesmente pode sentir os efeitos. Já perigo vulnerabilidade, sendo possível a integração das duas
pode entendido como um fenômeno natural com análises (Cutter, 1996).
potencial danoso que acontece na biosfera, em Do ponto de vista social, a vulnerabilidade se
épocas e regiões conhecidas. Para que possa ser torna um conceito multidimensional que identifica as
levando em consideração em um plano de gestão de características de comunidades que as tornam
políticas públicas, o risco deve ser tal que seja capazes, ou não, de responder a um, ou se recuperar
possível prever. de um desastre natural (Cutter, Boruff e Shirley,
Caso contrário, a noção de risco vira apenas 2003). Além disso, auxilia no entendimento de riscos
incerteza. Se o acontecimento é totalmente e perdas em potencial de uma comunidade diante da
imprevisível e pontual, não se faz necessário ser existência de um desastre (Cutter, 2011).
integrado a uma política de prevenção, como por Para uma análise ambiental, a
exemplo, o impacto consequente de uma colisão de vulnerabilidade pode ser estudada de acordo com a
um meteorito com a Terra. O processo que tenha capacidade de um dado ambiente de resposta frente a
como característica o potencial de perigo passa a ser perturbações, por meio dos mecanismos internos, de
considerado risco para a população no momento em modo a se manter estável mesmo diante de alterações
que se torna previsível. (Tagliani, 2002) e pode-se afirmar que a
A percepção e gestão do risco têm se vulnerabilidade ambiental representa a
aperfeiçoado, melhorando as políticas de prevenção, suscetibilidade de um ambiente diante de um
que contam com a cartografia como ferramenta impacto ocasionado por alguma ação antrópica
fundamental. Os riscos são frequentemente (Santos, 2007).
assinalados em mapas, por meio de zoneamentos,
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Dessa forma, a população vulnerável pode de informações não importantes para o objetivo deste
ser relacionada com a fragilidade ambiental ao trabalho no programa AutoCAD.
estudar a coexistência espacial entre comunidades O banco de dados do Censo Demográfico do
com escassez de recursos e precária infraestrutura e IBGE 2010, com todas as suasvariáveis em planilhas
áreas de risco ou um meio caracterizado por no formato .csv, foi adicionado no programa
degradação ambiental (Alves, 2006). PostgreSQL. As variáveis necessárias para o
É comum identificar, nas grandes cidades desenvolvimento do trabalho foram selecionadas e,
brasileiras, áreas de risco sendo povoadas por na sequência, gerou-se um arquivo em formato
populações socialmente vulneráveis (Deschamps, vetorial (polígonos) do estado da Bahia com as
2004). informações das variáveis escolhidas para cada setor
censitário do estado. Estas informações são exibidas
Material e métodos na tabela de atributos do arquivo.
O presente estudo foi realizado a partir de
dados georreferenciados e com a utilização de Manipulação dos dados SIG
Sistemas de Informações Geográficas (SIG). Devido os dados terem sido obtidos de fontes
Os dados necessários para a execução desta e datas diferentes, os arquivos espaciais possuíam
pesquisa foram disponibilizados pelosórgãos sistemas de referência e de coordenadas diferentes,
competentes. São eles: IBGE, Prefeitura de Salvador variando entre SAD 69 (South American Datum
e Ministério do Meio Ambiente (MMA). Além 1969) e SIRGAS 2000 (Sistema de Referência
destes dados, a empresa Quanta Consultoria Ltda. Geocêntrico para as Américas).
cedeu gentilmente imagem de satélite da área. A Para padronizar as informações, todos os
imagem de Satélites WorldView-2 é arquivos foram alocados para o sistemade referência
georreferenciadas e datada de junho de 2014, com SIRGAS 2000, que é o sistema oficialmente adotado
cobertura de nuvens máxima de 3% e resolução no Brasil atualmente, e para o sistema de projeção
espacial de 50 cm, e apresenta nível de cartográfica UTM, Fuso 24 Sul.
geoprocessamento ortoretificado. Após a compatibilização dos sistemas de
Para o modelo de vulnerabilidade ambiental, coordenadas dos dados espaciais, foi realizado um
foram utilizadas a base altimétrica e hidrográfica da recorte nas malhas vetoriais, através da operação
área de estudo e, para o modelo de vulnerabilidade espacial clip, de modo que as informações sejam
social, foram utilizados os dados do Censo exibidas apenas dentro dos limites da bacia do Rio
Demográfico do IBGE 2010, com todas as suas Mané Dendê.
variáveis em planilhas no formato .csv.
Geração do mapa de vulnerabilidade ambiental
Aquisição de dados A metodologia escolhida para a avaliação da
A pesquisa e obtenção dos dados foram vulnerabilidade ambiental na bacia do rio Mané
feitas, em sua grande maioria, através das Dendê foi aquela usada por Alves (2013), que difere
plataformas online dos devidos órgãos competentes: da realizada por Medeiros (2014) por incluir apenas
IBGE e Ministério do Meio Ambiente. A base áreas de declividade, margens de rios e manguezais
cartográfica de Salvador, contendo informações como áreas de risco. Medeiros considera o mapa de
fundamentais como as curvas de nível ea hidrografia sistemas ambientais.
da cidade, foi cedida pela Prefeitura de Salvador, por Entretanto, a área da bacia do rio Mané
intermédio da empresa Quanta Consultora Ltda. Dendê é cerca de 600 vezes menor que a área de
Todos estes dados utilizados foram obtidos em meio estudo utilizada por Medeiros, que representa o
digital. município inteiro de Caucaia, no Ceará. A bacia não
tem, portanto, tanta variedade de sistemas ambientais
Alimentação do banco de dados quanto o município de Caucaia, o que resultaria em
Os arquivos já em formato shapefile foram um mapeamento pouco significativo para a escala
inseridos diretamente no QGIS 2.14.2. Vale ressaltar desta pesquisa.
que a base cartográfica foi obtida em formato .dwg e, O método foi todo realizado utilizando o
antes de ser inserida no QGIS,foi feita uma limpeza software QGIS 2.14.2 e consiste em delimitar as
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áreas de risco de acordo com o grau de declividade e para desenvolver um Índice de Vulnerabilidade
a proximidade dos corpos hídricos, além de incluir Social (IVS) para cada setor censitário.
áreas de manguezal. A escolha de Alves (2013) foi Foram divididos, também, entre 4
baseada nas delimitações de Áreas de Preservação dimensões: Habitação e Saneamento, que captam
Permanente (APP) detalhadas na Lei Federal deficiências nos serviços básicos de infraestrutura;
12.651/2012 (BRASIL, 2012). Renda, para apreender as condições de distribuição
Para obter as informações de declividade da de renda; Educação, a fim de captar situações de
área de estudo, foi gerado o MDE (Modelo Digital de precariedade do nível de escolaridade e, por
Elevação) a partir das curvas de níveis da base consequência, dificuldades em obter um emprego
altimétrica, com a criação de uma superfície TIN com maior nível salarial; e, por último, Situação
(Tirangulated Irregular Network). Esta superfície é Social, que resgata elementos ligados ao grau de
formada de uma grade irregular, constituída de dependência econômica.
triângulos que são interligados. Cada vértice dos Os indicadores apresentados estão em
triângulos (pontos) representa um valor de cota diferentes unidades. Foi necessário, portanto, fazer
altimétrica, além de conter as coordenadas uma padronização destes valores, considerando
planimétricas. valores de 0 (menor vulnerabilidade) a 1 (maior
Foi utilizada a ferramenta Fill, dentro do vulnerabilidade). Foram utilizadas as Equações (1) e
toolbox de análise espacial do ArcGIS 9.3, que (2):
realiza o preenchimento e remoção de falhas
(elevações não contínuas de valores menores ou 𝐼𝑠 − 𝐼𝑚𝑖𝑛 (1)
maiores) no MDE, servindo como uma correção do 𝐼𝑝𝑠 =
𝐼𝑚𝑎𝑥 − 𝐼𝑚𝑖𝑛
modelo. O MDE é convertido, então, de superfície
TIN para raster. Em seguida, foi utilizada a
ferramenta Slope para a geração do mapa de 𝐼𝑠 − 𝐼𝑚𝑎𝑥
declividade, no qual sua classificação foi feita em 𝐼𝑝𝑠 = (2)
𝐼𝑚𝑖𝑛 − 𝐼𝑚𝑎𝑥
graus.
Para as áreas de risco, Alves (2013) propõe Onde a variável Ips corresponde ao valor
delimitar quaisquer áreas que possuam declividades padronizado do indicador (I) no setor censitário (s).
superiores a 30 graus, consideradas bastante Is equivale ao valor original do indicador (I) no setor
suscetíveis a processos instáveis e a deslizamentos; e censitário (s), e Imax e Imin são, respectivamente, os
áreas que estejam às margens de até 50 metros de valor máximo e mínimo do indicador (I) dentro o
corpos hídricos, sujeitas a inundações e/ou doenças universo de setores censitários.
de veiculação hídrica. A bacia analisada no presente Para os indicadores com relação direta com
estudo não apresenta área de manguezal. a vulnerabilidade (quanto menor o valor do
Para a classificação da vulnerabilidade, indicador, mais baixa a vulnerabilidade), foi utilizada
considerou-se que as áreas identificadas como áreas a Equação (1). Já para os indicadores com relação
de risco apresentam vulnerabilidade ambiental. As indireta com a vulnerabilidade (quanto menor o
áreas remanescentes são consideradas áreas livres de indicador, maios a vulnerabilidade), foi utilizada a
vulnerabilidade no que tange o risco de inundação e Equação (2). Foi, então, calculado o IVS a partir da
de deslizamento de terra. Equação (3). Vale ressaltar que a vulnerabilidade
social é maior para valores mais próximos de 1.
Geração do mapa de vulnerabilidade social
∑𝑛𝑖=1 𝐼𝑝𝑠
Para a avaliação da vulnerabilidade social, 𝐼𝑉𝑆𝑠 = (3)
𝑛
foi utilizado o método de Medeiros (2014). Que
consiste em, através das variáveis do banco de dados Onde IVSs equivale ao Índice de
do censo demográfico do IBGE de 2010, escolher Vulnerabilidade Social no setor censitário (s) e a
quinze indicadores, apresentando relação direta ou variável n corresponde ao total de indicadores
indireta com a vulnerabilidade social e utilizá-los selecionados.
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A bacia apresenta grande parte dos Figura 3. Mapa da renda média mensal de chefe de
assentamentos em situação precária (barracos e família por setor censitário.
alvenarias sem reboco, sem ligação de água, esgoto,
e energia elétrica). Isso, somado a baixa renda média Vulnerabilidade ambiental
da população, faz dessa região uma área com
vulnerabilidade social. A bacia não apresenta elevados graus de
A Figura 3 exibe a renda média mensal da declividade (>30º), concentrando seus valores entre
família por setor censitário. Considerando que o 0º e 14º e especialmente nos trechos próximos aos
mapa foi elaborado através de dados do Censo corpos hídricos, como apresentado na Figura 4.
Demográfico 2010, o salário mínimo da época Apesar de bairros do Subúrbio Ferroviário terem
equivalia a R$510,00. Portanto, tem-se que a média registrado deslizamentos de terra ainda no início
máxima na região não chega a três salários mínimos deste ano, incluindo no curso da avenida Suburbana.
mensais. Em termos de vulnerabilidade social, a Dendê apresenta uma área de risco de
renda está diretamente ligada ao potencial de deslizamento de terra mínima, representando uma
resiliência de uma população atingida por um parcela ínfima da área total da bacia, equivalente a
desastre natural. Populações com baixa renda se apenas 0,8% (0,016 km²) da área total (2,11 km²).
tornam mais vulneráveis por possuírem poucas Considerando os desastres noticiados nas
condições financeiras de recuperar, por si só, suas proximidades da bacia do Mané Dendê, o modelo de
perdas materiais. Alves (2013), pode não ser suficiente para
Além da grande importância ambiental, a determinar a suscetibilidade de deslizamentos de
região da bacia do Mané Dendê é de extrema terra por não considerar fatores além da declividade
importância histórica, cultural e religiosa, abrigando do terreno. Contudo, este foi o modelo aqui adotado,
um grande número de terreiros religiosos. A APA dada a facilidade de uso e a escassez de informações
Bacia do Cobre / São Bartolomeu foi palco de lutas para o uso de outras metodologias como Silveira,
históricas como as batalhas do Cabrito e Pirajá e Vettorazzi e Valente (2014) que usa avaliação
Sabinada, além de ter sido abrigo de diversos multicriterial para mapear a suscetibilidade de
quilombos. O Parque de São Bartolomeu, dentro da deslizamento de terra, levando em consideração o
APA (ver Figura 1), é um santuário de rituais
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As áreas de risco de inundação representam deslizamento de terra. Portanto, deve ser tratado
37% (0,78km²) da área total. Esse alto valor ilustra o como prioridade durante o planejamento territorial.
resultado que já era esperado levando em conta a A Figura 5 apresenta o mapa de vulnerabilidade
grande presença de corpos hídricos na área de estudo. ambiental, exibindo as áreas de risco de deslizamento
É fácil perceber que, pelo método aplicado, o risco de terra e inundação.
de inundação é muito superior ao risco de
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Os setores censitários classificados com Medeiros (2014) considerou as variáveis que são
vulnerabilidade alta ou média-alta ocupam uma área muitas vezes utilizadas (infraestrutura de apoio às
de 0,81 km², equivalente a 38% da área total. A área necessidades básicas, parcela de idosos e crianças na
é mais representada, entretanto, pela classe de população, renda, gênero, entre outros dados) e segue
vulnerabilidade média-baixa, equivalente a 43% da o mesmo padrão de muitos trabalhos realizados no
área total. Brasil, como os de Deschamps (2004), Almeida
Ainda que não exista uma definição das (2010), Alves (2013), Jesus, Dias e Cruz (2014),
variáveis a serem utilizadas de modo a garantir o Garcia e Matos (2015) e tantos outros.
completo sucesso dos índices de vulnerabilidade
social (Schmidtlein et al., 2008), o modelo de
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Conclusão
Os critérios levantados para a identificação Referências
das áreas de risco de deslizamento de terra foram Almeida, L. Q., 2010. Vulnerabilidades
considerados insuficientes e mostram insegurança no Socioambientais de Rios Urbanos. Tese
resultado do mapeamento de vulnerabilidade (Doutorado). Rio Claro. Instituto de Geociências
ambiental, afetando diretamente a identificação final e Ciências Exatas, Universidade Estadual
da vulnerabilidade socioambiental. Por este motivo, Paulista.
não é aconselhável utilizar esta metodologia para Alves, H. P. F., 2006. Vulnerabilidade
tomadas de decisão sem antes revisar alguns critérios Socioambiental na Metrópole Paulistana: uma
utilizados. Análise Sociodemográfica das Situações de
Recomenda-se uma análise mais profunda Sobreposição Espacial de Problemas e Riscos
nos critérios que levam à identificação do risco de Sociais e Ambientais. Revista Brasileira de
deslizamento de terra, passando a considerar, além Estudos de População [online]. Disponível em:
do grau de declividade do terreno, fatores que https://doi.org/10.1590/S0102309820060001000
contribuem para a instabilidade do terreno, como o 04. Acesso: 25 abr.2019.
tipo de solo, o nível de precipitação da região, como Alves, H. P. F., 2013. Análise da Vulnerabilidade
se dá o uso e ocupação da terra e a geologia do Socioambiental em Cubatão-SP por Meio da
terreno. Além disso, é sugerido, para trabalhos Integração de Dados Sociodemográficos e
futuros, que se faça também uma análise da medida Ambientais em Escala Intraurbana. Revista
de 50 metros utilizada para a identificação das áreas Brasileira de Estudos de População [online].
de risco de inundação, uma vez que a medida adotada Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-
pelo Novo Código Florestal de 30 metros possa ser 30982013000200002 Acesso: 19 abr.2019.
suficiente para este objetivo. BRASIL, 2012. Lei nº 12651, de 25 de maio.
A metodologia utilizada para a identificação Carvalho, D. L., Lima, A. V., 2010. Metodologias
das áreas de vulnerabilidade social condiz com o que para Avaliação de Impactos Ambientais de
vem sendo utilizado no Brasil, usufruindo das Aproveitamentos Hidrelétricos. In: Encontro
informações fornecidas através dos censos Nacional dos Geógrafos, 16. 2010, Porto Alegre.
demográficos do IBGE. Internacionalmente também Anais..., Porto Alegre: AGB.
são utilizadas metodologias similares. Isso garante, Cremonez, F. E., Cremonez, P. A., Feroldi, M.,
então, uma segurança para que o método seja Camargo, M. P., Klajn, F. F., Feiden, A., 2014.
utilizado com segurança como ferramenta para as Avaliação de impacto ambiental: metodologias
tomadas de decisão. aplicadas no Brasil, Remoa 13, 3821-3830.
O método de álgebra de mapas que originou Cutter, S. L., 1996. Vulnerability to Environmental
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amplamente utilizado em outras aplicações de 529-539. DOI:
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avaliação de impactos ambientais, e pode ser Cutter, S. L., Boruff, B. J., Shirley, W. L., 2003.
utilizado com segurança para a análise da ocorrência Social Vulnerability to Environmental Hazards.
de vulnerabilidade em uma região. Social Science Quarterly 84, 242-261. DOI:
A identificação da localização espacial da https://doi.org/10.1111/1540-6237.8402002
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mostrou um passo a passo que resulta na Crítica de Ciências Sociais 93,59-69. DOI:
identificação espacial da vulnerabilidade https://doi.org/10.4000/rccs.165
socioambiental. Para trabalhos futuros, entretanto, Deschamps, M. V., 2004. Vulnerabilidade
recomenda-se um aprofundamento nos critérios Socioambiental na Região Metropolitana de
utilizados para identificar as áreas de vulnerabilidade Curitiba. Tese (Doutorado). Curitiba,
ambiental de maneira mais segura e concisa, a fim de Universidade Federal do Paraná.
viabilizar o uso desta metodologia nas tomadas de Fernandes, M. C., Lagüéns, J. V. M., Netto, A. L. C.,
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