Você está na página 1de 168

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2

“Todos os autores desta coletânea, sob diferentes


perspectivas, apontam para uma discussão relevante so-
bre a gestão de dados no campo da Ciência da Informa-
ção. As considerações e conclusões apontadas nos capí-
tulos reafirmam a necessidade de produção de estudos
científicos sobre gestão de dados, tão importantes para o
avanço da ciência em suas áreas interdisciplinares. Dese-
jamos uma boa leitura!”

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


DADOS CIENTÍFICOS
ESTUDOS PRÁTICOS, TEÓRICOS E EPISTÊMICOS

Levi Cadmiel Amaral da Costa


Ítalo José Bastos Guimarães
Sérgio Rodrigues de Santana
Arthur Ferreira Campos
Organizadores

Ideia – João Pessoa – 2020

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


Todos os direitos são dos organizadores. A responsabilidade
sobre textos e imagens são dos respectivos autores.

Projeto Gráfico: Magno Nicolau


Revisão: Dos autores
Capa (dados e intradados): Sérgio Rodrigues de Santana

Conselho Editorial
Marcos Nicolau – UFPB
Roseane Feitosa – UFPB – Litoral Norte
Dermeval da Hora – Proling/UFPB
Helder Pinheiro – UFCG
Hildeberto Barbosa Filho – UFPB

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD

D121 Dados científicos: estudos práticos, teóricos e epistêmicos [recurso


eletrônico] / Organizadores: Levi Cadmiel Amaral da Costa, Ítalo
José Bastos Guimarães, Sérgio Rodrigues de Santana, Arthur Fer-
reira Campos. – João Pessoa: Ideia, 2020.
2.5mb. pdf.
ISBN 978-65-5608-051-2
1.Comunicação científica. 2.Dados científicos - gestão.3 Repositó-
rios de dados científicos. I. Costa, Levi Cadmiel Amaral da. II. Gui-
marães, Ítalo José Bastos. III. Santana, Sérgio Rodrigues de. IV.
Campos, Arthur Ferreira. V. Título.
CDU 001.001.83
Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Gilvanedja Mendes, CRB 15/810

EDITORA
contato@ideiaeditora.com.br
www.ideiaeditora.com.br

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO, 7
Os organizadores

1 - ENTRE ÁTOMOS, CÉLULAS E BITS: CONSIDERAÇÕES EPISTÊMICAS


ACERCA DA INTERDISCIPLINARIDADE DO DADO NA CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO, 9
Sérgio Rodrigues de Santana
Levi Cadmiel Amaral da Costa
Carla Daniella Teixeira Girard
Maytê Luanna Dias de Melo
Daniel Jackson Estevam da Costa
Cristiane Marina Teixeira Girard

2 - REVISÃO SISTEMÁTICA SOBRE GESTÃO DE DADOS CIENTÍFICOS EM


PUBLICAÇÕES NO BRASIL, 32
Edilson Leite da Silva
Marckson Roberto Ferreira de Sousa

3 - REPOSITÓRIO DE DADOS DE PESQUISA: PRESENTE OU FUTURO NA


REALIDADE DAS UNIVERSIDADES ESTADUAIS DO NORDESTE, 49
Fabrício Rodrigues dos Santos Garrido
Gracy Kelli Martins

4 - VERIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS DE ACESSIBILIDADE PARA USUÁRIOS


DEFICIENTES NOS REPOSITÓRIOS DE DADOS CIENTÍFICOS DATAVERSE E
DRYAD, 78
Ítalo José Bastos Guimarães
Levi Cadmiel Amaral da Costa
Arthur Ferreira Campos
Marckson Roberto Ferreira de Sousa

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


5 - DADOS E MEMÓRIA NO BIG DATA: ANÁLISE DO COLETIVO FEMINISTA
THINK OLGA, 100
Anna Raquel De Lemos Viana
Gigliolla de Lourdes Batista Moura
Maria Cleide Rodrigues Bernardino

6 - A DISCUSSÃO SOBRE BIG DATA NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: UMA


REVISÃO DA LITERATURA A PARTIR DOS ESTUDOS INDEXADOS NA BRAPCI
PUBLICADOS ENTRE 2013 E 2019, 122
Levi Cadmiel Amaral da Costa
Sérgio Rodrigues de Santana
Ítalo José Bastos Guimarães
Arthur Ferreira Campos
Luiz Gustavo de Sena Brandão Pessoa
Marckson Roberto Ferreira de Sousa

7 - GESTÃO DE DADOS DE PESQUISA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA EM


BASES DE DADOS CIENTÍFICOS, 140
André Luiz de França Madeiro
Guilherme Ataíde Dias

SOBRE OS ORGANIZADORES, 165

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 7

APRESENTAÇÃO
OS ORGANIZADORES

Caro leitor, o livro traz uma abordagem científica sobre a


gestão dos dados à luz da Ciência da Informação. Os autores são
pesquisadores (docentes, mestrandos e doutorandos) que fazem
parte do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação na
Universidade Federal da Paraíba (PPGCI/UFPB). A coletânea de
capítulos aborda considerações epistêmicas dos dados, sua rela-
ção com a Ciência da Informação, revisão sistemática da literatura,
análises dos repositórios de dados, além de traçar um paralelo
entre dados, memória e Big Data.
O capítulo 1 apresenta uma reflexão epistêmica para a
compreensão do dado átomos, células com o foco no dado bits na
Ciência da Informação. O dado demanda a perspectiva interdisci-
plinar como possibilidade de análise, sobretudo, dentro de um
projeto prático epistêmico. O capítulo 2 descreve uma revisão
sistemática sobre gestão de dados científicos em publicações no
Brasil, em bases de dados brasileiras de 2015 a 2019. No capítulo
3, foi realizado um estudo sobre a importância de Repositório de
Dados de Pesquisa nas práticas científicas atuais e investiga se as
Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES) do Nordeste con-
tam atualmente com a utilização dessa ferramenta para divulga-
ção dos seus dados de pesquisa. Foram analisados os sítios insti-
tucionais de dezesseis Universidades Públicas Estaduais.
O capítulo 4 analisa e discute, com base na literatura sobre
a acessibilidade nos repositórios de dados Dataverse e Dryad, fer-
ramentas tecnológicas criadas facilitar o fluxo da informação cien-
tífica, apontando recomendações de acessibilidade para os reposi-
SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2
D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 8

tórios de dados, além de propor melhorias em seus sítios eletrôni-


cos. O capítulo 5 traz uma análise dos dados produzidos pelo co-
letivo Think Olga nas redes sociais, a partir do Big Data, possibili-
tando uma relação entre memória e a produção de dados deste
movimento, para melhor compreender a importância das ações
sociais produzidas pelo coletivo. O capítulo 6 apresenta um le-
vantamento de informações relacionadas à produção científica
sobre Big Data publicada entre 2013 a agosto 2019 que está inde-
xada na Brapci – Base de dados em Ciência da Informação. Por fim,
o capítulo 7 traz uma revisão sistemática sobre gestão de dados
de pesquisa nas bases de dados Emerald Inslight, Lisa, Scopus e
Web of Science, entre 2015 e 2019.
Em suma, todos os autores desta coletânea, sob diferentes
perspectivas, apontam para uma discussão relevante sobre a ges-
tão de dados no campo da Ciência da Informação. As considera-
ções e conclusões apontadas nos capítulos reafirmam a necessi-
dade de produção de estudos científicos sobre gestão de dados,
tão importantes para o avanço da ciência em suas áreas interdis-
ciplinares. Desejamos uma boa leitura!

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 9

1
ENTRE ÁTOMOS, CÉLULAS E BITS: CONSIDERAÇÕES
EPISTÊMICAS ACERCA DA INTERDISCIPLINARIDADE
DO DADO NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
SÉRGIO RODRIGUES DE SANTANA 1
LEVI CADMIEL AMARAL DA COSTA 2
CARLA DANIELLA TEIXEIRA GIRARD 3
MAYTÊ LUANNA DIAS DE MELO 4
DANIEL JACKSON ESTEVAM DA COSTA 5
CRISTIANE MARINA TEIXEIRA GIRARD 6

INTRODUÇÃO

Uma furna (caverna) que serviu de casa/abrigo e um peda-


ço de rocha que funcionou como um instrumento para cortar e
quebrar carne, ossos e frutos foram algumas das extensões tecno-

1 Psicólogo, Mestre e Doutorando em Ciência da Informação pelo PPGCI/UFPB.


Membro do GEINCOS/CE/UFPB - sergiokafe@hotmail.com.
2 Mestrando em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-Graduação em

Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba (PPGCI-UFPB). Gra-


duado em Administração pela UFPB.
3 Bibliotecária-Documentalista pela Universidade Federal Rural da Amazônia

(UFRA), Campus Paragominas e Docente da Universidade Paulista (UNIP) -


Colégio CEI Unidade Paragominas, Mestra em Ciência da Informação pelo PPG-
CI/UFPB - carlinhagirard@yahoo.com.br.
4 Pedagoga, Mestra e Doutoranda em Ciência da Informação pelo PPGCI/UFPB –

lumeloo@yahoo.com.br
5Químico, Doutor em Química pela Universidade Federal da Paraíba. Membro

do LAQA/UFPB. danieljacksonpb@gmail.com
6 Bibliotecária-Documentalista pela Fundação Universidade Federal de Rondô-

nia (UNIR) e Mestra em Letras pela UNIR.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 10

lógicas corporais e mentais utilizadas pelo Homo habilis (homem


habilidoso), o primeiro a utilizar ferramentas de pedra lascada
ainda nos primórdios do cotidiano humano, há cerca de dois mi-
lhões de anos (LEAKEY, LEWIN, 1982; CUPANI, 2013).
Na atual conjuntura, a espécie humana ainda constrói e uti-
liza extensões corporais e mentais, as quais emergem redes de
fenômenos que se formam e se convergem, transformando o coti-
diano humano em um fenômeno complexo. Como exemplo, temos
o naufrágio que é decorrente da invenção da canoa, o acidente
automobilístico e aéreo que são decorrentes da invenção do au-
tomóvel e do avião, a radiação que emerge da energia nuclear e o
computador que emergiu da Segunda Guerra Mundial, revolucio-
nando os mais diversos contextos sociais, políticos, culturais e
econômicos (LEAKEY, LEWIN, 1982; BACHELARD, 1990; COSEN-
TINO, 2006; SMIRAGLIA, 2005; CUPANI, 2013).
Deste modo, as redes de fenômenos que perpassam o coti-
diano humano serviram para formação do Homo ciborgue, intitu-
lado por Malheiro (2018) de Fyborg, o nativo da Sociedade em
Rede que constrói e utiliza extensões tecnológicas corporais e
mentais constituídas a partir da convergência de células-
neurais7/instanciações8, de átomos/hardware, como também de
bits/software.
Esse Homo ciborgue constitui a dimensão de humanidade
digital, um sujeito resultante dos reflexos positivos e negativos no
campo da percepção, signficação, reflexão e mudança dos fluxos
de dados átomos, dados células e, sobretudo, de dados bits
(LEAKEY, LEWIN, 1982; BACHELARD,1990; NEGROPONTE, 1995;
CASTELLS, 1999; SMIRAGLIA,2005; COSENTINO, 2006; CUPANI,
2013).
Este artigo pondera o dado como metadado para auxiliar os
estudos da informação, assim, traçando considerações prelimina-

7 Uma célula especializada que transmite impulsos ou mensagens neurais a


outros neurônios, glândulas e músculos (ATKINSON, et al., 2002).
8 A instanciação se refere a uma concretização ou realização de uma abstração

(mental) em algo realizado (SMIRAGLIA, 2005).

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 11

res da natureza deste fenômeno focando o dado bits e seus fluxos


e reflexos, assim problematizando de forma teórica-epistêmica e
considerando, contudo, a perspectiva prática-epistêmica.

MÉTODO E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Adotou-se a abordagem qualitativa fundamentada no mé-


todo compreensivo-descritivo-interpretativo, para Masini (2004),
este método possibilita compreensões inéditas sobre um objeto,
neste artigo, o dado como objeto científico em análise. O estudo
tem uma inclinação interdisciplinar pela convergência de autores
de áreas distintas, para Teixeira (2004) e Carlos (2007) o viés in-
terdisciplinaridade contribui para prática do método.
Dessarte, a interdisciplinaridade no método referido possi-
bilita aos autores refletirem juntos acerca da natureza átomo, cé-
lula e bit constituintes do dado, visualizando sua natureza pela
interseção da realidade natural, espacial, social, psicológica e cul-
tural que faz emergir, sobretudo, o dado bit e seus fluxos e refle-
xos. Realidades que são construídas a partir dos significados atri-
buídos pelos sujeitos digitais, em suas ações frente ao fluxo de bits
como tecnologia excedente do acesso e uso das tecnologias digi-
tais de informação e comunicação (TDIC).
Assim, o aporte teórico da Ciência da Informação se apoiou
nas teorias da Revolução da Tecnologia da Informação e na Filoso-
fia da Tecnologia. Nestas teorias destacam-se ‘A sociedade em re-
de’ e o ‘Fim de milênio’ de Manuel Castells (1999) que ancora as
discussões sobre a cultura do acesso e uso das TDIC e da informa-
ção.
E quanto à Filosofia da Tecnologia, ela visualiza os três pi-
lares básicos: O que é o dado e qual sua natureza para a Ciência da
Informação? Como os agentes discentes e docentes pesquisadores
devem agir frente ao dado bits? E, como a área deve refletir sobre

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 12

o dado bits como meta-objeto de estudo para compreensão da in-


formação (CUPANI, 2016; COSENTINO, 2006).

A NATUREZA DO DADO: DISTINÇÃO E CONEXÕES POSSÍVEIS


ENTRE ÁTOMOS, CÉLULAS E BITS

Apesar de cogitar uma Ciência de Dados, o que é genuíno


visto a complexidade deste objeto, na Ciência da Informação o da-
do se figura como meta-objeto em seu escopo de estudo, especi-
almente quando se considera o fluxo de bits em função do acesso e
uso das TDIC e fluxos de Informação. Visualizando a Figura 1 A, o
fenômeno dado (círculo amarelo, Figura 1 A), a informação (círcu-
lo laranja, Figura 1 A) e o conhecimento (círculo azul, Figura 1 A)
são fenômenos distintos, embora, intimamente ligados.
Por sua vez o esquema B (Figura 1), através do pensamento
epistemológico da Ciência da Informação, o fenômeno dado (círcu-
lo amarelo, Figura 1 B) orbita em torno da informação (círculo
laranja, Figura 1 B), assim como o conhecimento (círculo azul, Fi-
gura 1 B). O fluxo do pensamento epistêmico da Ciência da Infor-
mação Figura 1 C, considera o dado, a informação e o conhecimen-
to como fenômenos relacionados às dimensões da história (Figura
1 C, quadro branco) e memória (Figura 1 C, círculo verde) (SAN-
TANA, 2016).

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 13

Figura 1 - Delimitações e simbioses entre dado, informação e conhecimento

Fonte: Elaborados pelos autores, adaptado de Santana (2016).

Contudo, o dado (Figura 1 B, círculo azul) atravessa qual-


quer dimensão mencionada por Santana (2016), pois é a matéria
prima da informação e essa, por sua vez, corroborado com Setzer
(1999) quando afirma que a informação é o degrau para a cons-
trução do conhecimento inferindo que o dado é a matéria prima
para a significação (informação), nesta perspectiva percebe-se
que ele não é produto final (informação ou conhecimento) e sim
base das ocorrências tangíveis, intangíveis, naturais e artificiais
em um estado bruto que existe independentemente do valor sim-
bólico, da existência e/ou natureza humana, pois até mesmo um
sinal do universo pode ser considerado um dado.
O fenômeno dado pode ser uma ocorrência quantificável,
palpável, visual e realizada seja em átomos (Figura 2), células (Fi-
SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2
D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 14

gura 2), bits (Figura 2) e até mesmo o que constitui a matéria es-
cura ou algo por vir (Figura 2, dimensão vazia 9) (SETZER,1999;
SANTANA, 2016).

Figura 2 - A natureza do dado: átomos, células e bits

Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

Visualizando a Figura 2, que teoriza sobre as diferenças e


as possíveis convergências das dimensões de átomos, células e bits
(Figura 2, fatia azul), essas dimensões de modo algum são dissoci-
adas quando se refere ao sujeito no mundo da vida em sua dimen-
são natural, espacial, social, psicológica e cultural, sobretudo,
quando se considera o dado bits e seu fluxo vertiginoso (NEGRO-
PONTE, 1995 CASTELLS,1999; INOVAÇÃOTECNOLOGICA, 2002
SEMELER, PINTO, VIANNA, 2016).
O fenômeno dado (Figura 2) pode ser um fenômeno em
átomos, essa que se figura a unidade básica da matéria com pro-
priedades de união e dissolução à outra unidade. Neste formato,
trazendo para um universo palpável/visual, pode-se associar esse

9A fatia branca da Figura 2 simboliza novas descobertas sobre o fenômeno


dado.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 15

fenômeno como o primeiro contato de indígenas com portugueses


nos anos de 1500, em que no horizonte do mar, algo sem valor,
grande e estranho se aproximava sem sentido. Ou seja, o algo era
estranheza para os indígenas que não tinham como buscar refe-
rências (sem informação e conhecimento prévio) em seus esque-
mas mentais (PELLINI, 2009).
O dado (Figura 2) também pode ser um fenômeno compor-
tamental humano, eminentemente produzido pela conectividade e
agregação das células no nível químico-biológico, essas são unida-
des estruturais e funcionais de todos os seres vivos. Deste modo, o
fluxo de dados células ocorre naturalmente no sujeito humano
que não há percepção e/ou significação de quando e por que ocor-
re, promovendo fenômenos no corpo sem que o sujeito tenha
consciência e conhecimento de sua ocorrência, mas que reflete em
sua psique10 e em seu corpo. Alguns comportamentos podem ter
em suas bases conjuntos de dados células como estímulo (s) quí-
mico-elétricos realizados, desta maneira, o ato falho pode ser um
fenômeno instanciado por forças não codificadas cognitivamente
(SMIRAGLIA, 2005; KUSCHNAROFF, 2011).
O dado pode ser fenômeno capaz de emergir em bits (Figu-
ra 2), como a menor unidade de um pacote de informação, conse-
guindo ser armazenado ou disseminado. Assim, um simples arqui-
vo foto digital em um formato em que o computador não tem o
fazer sua leitura, e ao clicar nele, a máquina sugerirá um programa
para abri-lo, para tornar o, até então, estranho, em familiar e com
significado (NEGROPONTE, 1995).
Em suma, infere-se que o fenômeno dado (Figura 2) em su-
as três unidades possuem natureza de estranheza, transmissão,
conexão e agregação com potencial de percepção (aísthesis), signi-
ficação e/ou percepção/significado que compõe um equipamento
biológico e/ou tecnológico. A percepção/significação pode ser um
vetor para a construção de sentido, formado por duas forças dis-
tintas e complementares, se configurando um vetor que torna os

10 Intersubjetividade, subjetividade, personalidade, temperamento e traços


(ATKINSON, et al., 2002).

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 16

sujeitos cognoscentes, de tal modo diferenciando-os de espécies


mais simples. Pois, a percepção é um fenômeno de interpretação
simbólica de dados colhidos das impressões pelas vias das sensa-
ções, em que considera as experiências e vivências do sujeito cog-
noscente.
Por sua vez, a sensação que também marca a existência das
espécies mais simples, diz acerca dos apenas dados colhidos pelos
sentidos que não necessariamente são submetidos a interpretação
simbólica (ARAÚJO, 2014). Uma Aplysia11 submetida ao simples
toque como estímulo se retrai, e sua retração ao estímulo fora so-
mente mecânica sem significado algum para o organismo, em que
a retração da Aplysiidae está estruturada no código genético da
espécie que entra em operação apenas pela sensação sem a per-
cepção.
Assim, no que versa o reflexo do fluxo de bits como um ar-
tefato tecnológico ou até mesmo um excedente das TDIC que atra-
vessa os dados células (também átomos no que se refere a estru-
tura humana) quanto à reestruturação de percepção, signficação,
reflexão e mudança humana, esses fenômenos ainda ocorrem pela
natureza evolutiva adaptativa humana que antecede a humanida-
de digital, pois a condição evolutiva adaptativa humana à tecnolo-
gia foi e tem sido muito mais do que uma realização genética da
espécie, diferente de algumas espécies, como o Furnarius rufus
(João-de-barro) que apenas constrói suas extensões corporais e
mentais mediante a programação genética de sua espécie e sem a
relação dialógica entre percepção, significação, reflexão e
mudança (COSENTINO, 2006; CUPANI, 2013).

A INTERDISCIPLINARIDADE COMO IMAGEM E/OU PALAVRA


ESPONJA

Refletir sobre a natureza do dado na Ciência da Informação


é estratégico na perspectiva de antecipações para o direcionamen-
to do valor cognitivo/simbólico, teórico, epistêmico e o aponta-
11 É uma lesma marinha pertence à família Aplysiidae.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 17

mento do valor técnico. Sobretudo, na Sociedade em Rede em que


o fluxo de bits tem alta velocidade, variedade como também alto
volume, veracidade e valor, assim caracterizando o fenômeno Big
Data íntimo ao fenômeno dado (LANEY, 2012).
Contudo, antes de entender tal evento, é preciso entender a
natureza do fenômeno dado, construindo assim estratégias técni-
cas e estudos inovadores, econômicos e cognitivos de processa-
mento para sua compreensão (GARTNER GROUP, 2012; CAS-
TELLS, 1999).
Neste sentido, fazer esse caminho significa destacar o fluxo
de dados bits que reflete sobre os processos informacionais desde
a produção da informação aos reflexos da informação, como tam-
bém considera a relação do dado bits refletido sobre o dado áto-
mos e o dado células, intersecção que reflete também processos
informacionais. Destarte, fazer esse caminho por estas duas pos-
sibilidades requer a perspectiva interdisciplinar na Ciência da In-
formação, pois a interdisciplinaridade pode compreender episte-
mologicamente as:

[...] interações entre mundo natural e a sociedade,


criação humana e natureza, e em formas e maneiras
de captura da totalidade social, incluindo a relação
indivíduo/sociedade e a relação entre indivíduos.
Consiste, portanto, em processos de interação entre
conhecimento racional e conhecimento sensível, e de
integração entre saberes tão diferentes [...]. (PEREI-
RA, 2009, s/p).

Contudo, ao convidar a interdisciplinaridade, é imperativo


na análise das diferenças, interações e intersecção entre o dado e
os fenômenos em seu entorno, que a configuração teórica-
epistêmica se alie à configuração prática-epistêmica. Assim, fo-
cando a segunda perspectiva para descortinar o dado e o fluxo de

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 18

bits do pensamento, mais ou menos, imobilizante delimitado atra-


vés das palavras e/ou imagens esponjas flutuantes na Ciência da
Informação através da configuração teórica-epistêmica.
A palavra e/ou imagem esponja permite expressar os fe-
nômenos mais variados que já foram explicados, assim se apre-
sentando de forma clara e distinta, a tal ponto que cientistas acre-
ditam que não há necessidade do retorno as coisas primeiras, ou
seja, de explicá-los, de debruçar-se sobre esses fenômenos disse-
minados através das palavras e/ou imagens esponjas (BACHE-
LARD, 1996).
Deste modo, visualizando a Figura 3, a interdisciplinarida-
de que muitas vezes é colocada como palavra e/ou imagem espon-
ja flutuante na Ciência da Informação emerge por uma estrutura
composta por 4 extensões teóricas que devem ser revista episte-
mologicamente, incluindo os discursos sobre a natureza-
interdisciplinar (Figura 1, parte preta direita inferior), o discurso
sobre o objeto-interdisciplinar (Figura 1, parte preta esquerda
superior), as afirmações discursivas sobre a fragilidade-teórica
(Figura 1, parte preta esquerda inferior) e a impossibilidade de
não ser interdisciplinar (Figura 1, parte preta direita inferior )
(BICALHO, OLIVEIRA, 2011).

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 19

Figura 3 - Extensões teóricas sobre a noção de

interdisciplinaridade na Ciência da Informação

Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

Ainda considerando a Figura 3, as referidas extensões teó-


ricas em um mantra que justifica a interdisciplinaridade da Ciên-
cia da Informação a qual, as extensões teóricas são protagonistas,
visto que os agentes em Ciência da Informação desfocam das
questões filosóficas, epistemológicas e práticas do fenômeno in-
terdisciplinaridade (BICALHO, OLIVEIRA, 2011).
Carlos (2007) em seu trabalho ‘Interdisciplinaridade no
Ensino Médio: desafios e Potencialidades’ traçou uma discussão
prática, teórica e também epistêmica da profundidade da teoria
interdisciplinar tendo como base autores como Japiassu (1976) e
Heckhausen (1972).

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 20

Quadro 1 - Possibilidade de interdisciplinaridade

Fonte: Elaborado pelos autores adaptado de Carlos (2007).

A Figura 4 apresenta uma dimensão considerável de con-


ceitos e sentidos acerca da interdisciplinaridade, que a priori es-
timula pesquisadores em Ciência da Informação pensar na forma
de interdisciplinaridade ao qual refere seu campo de atuação, co-
mo pode ser observado no trabalho de Carlos (2007).

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 21

Figura 4 - Fluxo epistemológico interdisciplinar

Fonte: Elaborados pelos autores adaptado de Carlos (2007).

À vista disso, considerando o Quadro 1 e a Figura 4, sem in-


cluir a fatia vazada da simboliza novas descobertas sobre a inter-
disciplinaridade, Carlos (2007) evidencia 9 formas de interdisci-
plinaridade que juntamente podem estruturar os métodos utiliza-
dos nas mais diversas pesquisas na área da Ciência da Informação,
bem como responder questionamentos dos pares que compreen-
de a profundidade da interdisciplinaridade na área.
Contudo, a interdisciplinaridade não deve ser posta como
um rótulo, palavra e/ou imagem esponja, uma especulação, um
discurso teórico questionável, um traço reducionista que compõe
sua unidade e identidade científica. Carlos (2007) identifica no

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 22

seu estudo a interdisciplinaridade fora de uma sistematização,


baseada e justaposição de conhecimentos, senso comum, sem cri-
tério ou cuidados, assim sem possibilidade de enriquecimento e
valor epistêmico.
É preciso refletir sobre todas essas questões, caso haja
questionamentos sobre a interdisciplinaridade que flutua na Ciên-
cia da Informação, o pesquisador não se coloca em lugar de inge-
nuidade, visto que saberá a dimensão da interdisciplinaridade de
sua comunicação teórica e seu envolto nos objetos científicos in-
vestigados e construídos em seu discurso. Essa é uma das mais
importantes estratégias para romper com obstáculo epistemológi-
co esponja, visualizar o cuidado com a interdisciplinaridade na
Ciência da Informação localizando-a nos argumentos de Teixeira
(2004) na figura 4.

INTERDISCIPLINARIDADE E O DADO

Romper com as palavras e/ou imagens esponjas versa sair


do fluxo do pensamento que produz dimensões pré-epistêmicas
de interdisciplinaridade que contribuem para que interdisciplina-
ridade na dimensão latu senso para se caminhar além dos giros
teórico-epistêmicos que ocorrem em torno da busca da validade
da unidade e identidade científica da Ciência da Informação, mas
sendo posta em uso pela prática-epistêmica quanto ao dado, pois
teoria e prática são parceiras na produção científica.

ESTRATÉGIAS NORTEADORAS DA INTERDISCIPLINARIDADE

Deve-se situar o dado (Figura 4) em um projeto de análise


sugerido por Teixeira no discurso ‘Interdisciplinaridade: proble-
mas e desafios’, publicado em 2004.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 23

Figura 4 - Estratégias norteadoras de Teixeira (2004)

Fonte: Elaborado pelos autores, adaptado de Teixeira (2004).

A figura 4 norteia quatro pontos (Figura 4, fatias azuis) de


partida e que se interseccionam epistemologicamente (Figura 4,
círculos de setas). Assim, a prática-epistêmica deve ser ligada à
teórica-epistêmica sem os giros em torno da unidade e identidade
da Ciência da Informação por quatro condições na ordem que in-
clui a organização e coordenação de uma pesquisa, a linguagem e
comunicação, a epistemologia e certificação.
O primeiro versa sobre organização e coordenação da pes-
quisa (Figura 4, fatia azul marinho), que diz acerca das equipes ou
estruturas institucionais distintas na visualização do dado. Teixei-
ra (2004) argumenta que deve haver um princípio de autoridade
única, todas as preocupações de pesquisadores envolvidos devem
focar o dado como objeto científico comum a todos cientistas da
equipe. Deve se pensar em um calendário único das atividades de
pesquisa, importante para manter a unidade e o foco pois uma
pesquisa interdisciplinar, em todas as fases teóricas e práticas,
demanda mais tempo e reflexão do que a pesquisa monodiscipli-
nar.
SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2
D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 24

Facilitando o fluxo de informação e comunicação entre


pesquisadores de diferentes instâncias científicas, hierárquicas e
administrativas. A equipe formada não pode ser muito pequena
nem muito grande, pois considerando o caráter humano dos sujei-
tos, tais como, a abertura de espírito; curiosidade intelectual; vo-
luntarismo; indisciplina e transgressão; etc.
É também o tamanho da equipe que influencia as questões
e formas de resolução dos problemas que são propostas, ajustan-
do-se na medida do desenvolvimento da problemática da pesquisa
comum. Neste ponto, se destaca a centralidade do papel do coor-
denador que se incide sobre a centralização e finalização da reda-
ção do projeto coletivo; o acompanhamento permanente da meto-
dologia interdisciplinar; a formação dos pesquisadores para o tra-
balho coletivo; a animação e a síntese dos trabalhos e também a
intersecção nos conflitos e a explicitação das controvérsias entre
as disciplinas que evolve o dado (TEIXEIRA, 2004).
O segundo ponto, versa sobre comunicação e linguagem
(Figura 4, fatia azul ciano), onde os desafios que dizem respeito a
comunicação entre pesquisadores de disciplinas diferentes acerca
das terminologias e conceitos visualizando o dado como fenôme-
no comum a todos, deve transcender apenas a sobreposições de
terminologias e conceitos que produzem objetos de forma Kitsch,
força criativa efêmera que atravessa o campo da política, da reli-
gião, erotismo (sexo), moda, economia e também na ciência (KAE-
SER, 2013), assim produzindo construções românticas e des-
prendidas construídas sem a relevância do método científico atri-
buídas ao senso comum. Deste modo, é necessário atentar para os
estudos das terminologias e conceitos como meta-área do conhe-
cimento para a perspectiva interdisciplinar quanto ao dado (TEI-
XEIRA, 2004; KRIEGER, FINATTO 2004).
O terceiro ponto versa sobre os desafios da cientificidade
epistemológica (Figura 4, fatia azul claro), acerca do enlaçamento
dos fenômenos em termos de tempo, espaço e mentes que são
heterogêneas. Esta atravessa os três pontos, partindo da reflexão
sobre a interdisciplinaridade e todos os fenômenos que estão em

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 25

seu entorno. É justamente neste fluxo que se confirma limites e


alcances, problemáticas e desafios dos métodos, técnicas e tecno-
logias epistêmicas da Fenomenotécnica que as disciplinas prepa-
ram para abordar o dado (TEIXEIRA, 2004).
E por fim, aborda a certificação científica do dado como ob-
jeto interdisciplinar (Figura 4, fatia azul ciano), acerca da avalia-
ção científica entre os pares ao visualizar o dado como objeto ci-
entífico. As críticas assumem um papel fundamental quanto à di-
mensão interdisciplinar do dado. A princípio, pois é preciso co-
nhecer a marcha teórica-metodológica que é a rede epistêmica de
construção de um determinado objeto científico, para pensar na
necessidade de realizar estudos para repertoriar estes critérios.
Em outras palavras, é preciso construir um inventário dos
preceitos internos como ponto de partida no campo interdiscipli-
nar. Ou seja, será um estado da arte das normas e regras internas
como a um sistema de informação comum a todos os cientistas
envolvidos, para não haver parâmetro individual de interdicispli-
naridade e/ou análise monodisciplinar (TEIXEIRA, 2004).

INTERDISCIPLINARIDADE PRÁTICA-EPISTÊMICA E O DADO

Observando o sistema representado na Figura 5, a interdis-


ciplinaridade prática-epistêmica passa a operar ao inserir a inter-
disciplinaridade na Ciência da Informação ao considerar as exten-
sões teóricas sobre a noção de interdisciplinaridade visualizando
as possibilidades conceituais e epistêmicas apontadas por Carlos
(2007), as quais possibilidades conceituais apontadas devem estar
alinhadas às estratégias norteadoras de Teixeira (2004).
Deste modo, considerando Carlos (2007) e Teixeira (2004)
a abordagem prática-epistemológico acaba envolvendo o dado no
racionalismo aplicado que é a abordagem de aproximação entre
empirismo e o racionalismo (BACHELARD, 1996). Pois, se a Ciên-
cia da Informação raciocina sobre seus objetos científicos e meta-
objetos científicos, o que inclui o dado, sendo assim é imperativo
que ela experimenta o dado através de diversas tecnologias e téc-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 26

nicas que validem a abordagem teórica-epistemológica (BACHE-


LARD. 1975).

Figura 5 - Interdisciplinaridade prática-epistêmica

Fonte: Elaborado pelos autores (2020)

Essa lógica corresponde a Fenomenotécnica também perti-


nente na Ciência da Informação na prática da interdisciplinarida-
de, pois a Fenomenotécnica é compreendida como a suspenção do
senso comum, conhecimento científico e da imersão do cientista
no pensamento racionalista aplicado por uma tecnologia e/ou um
conjuntos de tecnologias e ações já existentes ou construídas que
ajude o pesquisador na visualização tanto do objeto de estudo
quantos dos objetos científicos construídos a partir dele.
A Fenomenotécnica de Bachelard mostra-se apropriada,
pois, a partir dela as tecnologias e artefatos epistêmicos, e as téc-
nicas ajudam ao pesquisador, sobretudo, no que versa a interse-
ção entre a postura teórica-epistemológica e a postura tecnológi-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 27

ca-epistemológica. Sousa (2011) acredita que uma análise na


perspectiva da Fenomenotécnica seria importante para o campo
Ciência da Informação, visto que ela consegue ir além dos cami-
nhos até então percorridos, assim visualiza que o dado e sua natu-
reza na Ciência da Informação como vetores epistêmicos para a
compressão da informação. Visto isso os agentes discentes e do-
centes pesquisadores podem construir estratégias de ação para
agir sobretudo frente ao fluxo de bits. E, como área que reflete
sobre o dado bits como meta-objeto de estudo para compreensão
da informação, a área avança para compressão filosófica em tro-
no da informação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O dado é matéria-prima para a significação simbólica, pro-


movido pela decodificação por um equipamento orgânico e/ou um
equipamento tecnológico. Sua natureza de estranheza, transmis-
são, conexão e agregação são características que demandam uma
perspectiva prática-epistêmica para afastamento da perspectiva
teórico-epistêmica do caráter especulativo, assim minimizando o
máximo possível as especulações da natureza do fenômeno dado
na Ciência da Informação.
Neste sentido, deve-se visualizar a interdisciplinaridade
por um projeto de análise delimitado através da dimensão teóri-
co-epistêmico-prática, essa que inclui uma reflexão através da
organização e a coordenação de uma pesquisa bem estruturada; a
visualização do dado no fluxo de uma comunicação e linguagem
bem alinhada entre os pesquisadores; seu envolvimento na refle-
xão científica epistêmica dos pesquisadores sobre sua natureza e
sua certificação como objeto de natureza interdisciplinar.
Assim, a interdisciplinaridade também alude a partida da
compressão do dado, mas as regras, fórmulas e/ou modelos não
se figuram em si o mais importante, porém sendo necessário o
racionalismo aplicado, a imersão do pesquisador na realidade
aplicada onde está situado o fenômeno dado. Nesta perspectiva de

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 28

construção da pesquisa interdisciplinar referente ao dado, o tra-


balho envolve múltiplas mãos, mentes, reflexões, tecnologias e
técnicas e um tempo e contexto. Assim, o fluxo que se inicia no
momento em que os pesquisadores em conjunto formulam a pro-
blemática comum do objeto dado, as estratégias de pesquisas e
áreas geográficas comuns a todos como os instrumentos e as aná-
lises, é o conceito e reconsiderações dos conceitos do objeto dado
na Ciência da Informação.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, H. F. Uma filosofia da percepção em Platão. Archai, n. 13, jul/dez,


2014. Disponível em: fi-
le:///D:/doutorado%2007.02.2020/Tese/percep%C3%A7%C3%A3o%20-
%20textos%20bases/UMA%20FILOSOFIA%20DA%20percep%C3%A7%C3%
A3o%20de%20plat%C3%A3o.pdf. Acesso em: 13 fev. 2020.

ATKINSON, L. R. et al. Introdução à psicologia de Hilgard. Porto Alegre: Artes


Médicas, 2002.

BACHELARD, G. A formação do espírito científico: contribuição para uma


psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.

BACHELARD, G. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes, 1990.

BACHELARD, G. Le Rationalisme appliqué. Paris: PUF, 1975.

BICALHO, L.; OLIVEIRA, M. A teoria e a prática da interdisciplinaridade em Ci-


ência da Informação. Perspectivas em Ciência da Informação, v.16, n.13 p.47-
74, jul./set. 2011.
Disponível em:
http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/1245. Aces-
so em: 1 fev. 2019.

CARLOS, J. G. Interdisciplinaridade no Ensino Médio: desafios e potenciali-


dades. 172 f. 2007. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências) – Universi-
dade de Brasília, DF, 2007. Disponível em:
https://repositorio.unb.br/handle/10482/2961. Acesso em: 1 fev. 2019.

CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 29

CASTELLS, M. Fim de Milênio. São Paulo: Paz E Terra, 1999. v.3.

COSENTINO, L. A. M. Aspectos evolutivos da mediação homem máquina: tecno-


logia, computador e evolução humana. Psicologia & informática: produções
do III Psicoinfo e II Jornada do NPPI. São Paulo: Conselho Regional de Psicologia
de São Paulo:CRP/SP, 2006. Disponível em:http://newpsi.bvs-
psi.org.br/ebooks2010/en/Acervo_files/PsiInfo.pdf. Acesso em: 10 ago. 2019.

CUPANI, A. Filosofia da tecnologia: um convite. Florianópolis: Ed. da UFSC,


2013.

GARTNER. What is Big Data? – Gartner IT Glossary – Big Data. Disponível em:
https://goo. gl/GwQWLA. Acesso em: 30 ago. 2019.

HECKHAUSEN, H. Discipline and interdisciplinarity. In: APOSTEL, Léo et al.


Interdisciplinarity: problems of teaching and research in universities. Paris:
Centre for Educational Research and Innovation, 1972. p. 83-89.

JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e a patologia do saber. Rio de Janeiro:


Imago Editora, 1976. Após a discursão ele contrui uma tabela (1) que lustra
bem essa complexidade.

KAESER, E. Science kitsch and pop science: Public Understanding of Science,


v. 22, jun. 2013. Disponível em:
https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0963662513489390?journalC
ode=pusa. Acesso em: 24 jun. 2020.

KRIEGER, M. G.; FINATTO, M. J. B. Introdução a terminologia. São Paulo: Con-


texto, 2004.

KUSCHNAROFF, N. Por que cometemos atos falhos? In: Super Interessante,


2011.
Disponível em:https://super.abril.com.br/saude/por-que-cometemos-atos-
falhos/. Acesso em: 10 set. 2019.

LANEY, D. The Importance of ‘Big Data’: a definition. Gartner, 2012. Disponível


em: https://www.gartner.com/en/documents/2057415/the-importance-of-
big-data-a-definition. Acesso em: 06 jan. 2020.

LEAKEY, R. E.; LEWIN, R. Origens. 4 ed. São Paulo, Melhoramentos, 1982.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 30

MALHEIRO, A. O Fyborg e a ética da informação: os limites de uma ética antro-


pocêntrica. Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares da UFMG,
2018. Disponível em: https://www.ufmg.br/ieat/2018/08/armando-
malheiro/. Acesso em: 10 set. 2019.

MASINI, E.F.S. Enfoque fenomenlógico de pesquisa em educação In: FAZENDA, I.


(Org.). Metodologia da pesquisa educacional. 9 ed. São Paulo: Cortez, 2004.

MEMÓRIA utiliza um único átomo para guardar um bit. Inovação Tecnologica,


2002. Disponível
em:https://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=010
110020719&id=010110020719#.XXP7AShKjIX. Acesso em: 10 set. 2019.

MUSSO, P. A filosofia da rede In: Parente, A. (Org.) Tramas da rede. Porto Ale-
gre: Sulina, 2010. Cap. 1, p. 17-38.

NEGROPONTE, N. A vida digital. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

PARENTE, A. (Org.) Tramas da rede. Porto Alegre: Sulina, 2010.

PELLINI, J.R. Uma conversa sobre Arqueologia e Paisagem com Robin o Bom
Camarada. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, v. 19, p.
21-37, 2009.

PEREIRA, I. B. INTERDISCIPLINARIDADE. In: Fio Cruz, 2009.


Disponível em: http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/int.html.
Acesso em: 10 set. 2019.

SANTANA, S. R. Informação Étnico-racial no âmbito dos Programas de Pós


Graduação em Psicologia. 128 f. 2016. Dissertação – Departamento de Ciência
da Informação, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2016.

SEMELER A, R.; PINTO A. L.; VIANNA W. B. E-science: An epistemological analy-


sis based on the philosophy of technology. Journal of Librarianship and In-
formation Science, v. 43, n. 2, 2016. Disponível em:
https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/0340035216678235. Acesso
em: 4 ago. 2019.

SETZER, V. W. Dado, informação, conhecimento e competência. DataGramaZe-


ro: Revista de Ciência da Informação, dez. 1999. Disponível em: <
http://www.dgz.org.br/dez99/Art_01.htm. Acesso em: 13 abr. 2015.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 31

SMIRAGLIA, R.P. Instatiation: Toward a Theory. Proceedings of the Conference


of Canadian Association for Information Science/L’Association canadienne des
sciences de l’information, London, Ontario, Canada, 2005.

SOUZA, E. D. A. A Epistemologia Interdisciplinar na Ciência da Informação:


dos indícios aos efeitos de sentido na consolidação do Campo Disciplinar. Tese
(Doutorado em Ciência da Informação) – Universidade Federal de Minas Gerais,
Escola de Ciência da Informação, Belo Horizonte, 2011.

SILVA, E. A. As metodologias qualitativas de investigação nas Ciências


Sociais. Revista Angolana de Sociologia [Online], 12, 2013. Disponível
em: http://ras.revues.org/740. Acesso em: 13 ago. 2019.

TEIXEIRA, O. A. Interdisciplinaridade: problemas e desafios. RBPG. Revis-


ta Brasileira de Pós-Graduação, n 1, jul. 2004. Disponível em:
http://ojs.rbpg.capes.gov.br/index.php/rbpg/article/view/22. Acesso em: 20
dez. 2019.

NOTAS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamen-
to de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento
001.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 32

2
REVISÃO SISTEMÁTICA SOBRE GESTÃO DE DADOS
CIENTÍFICOS EM PUBLICAÇÕES NO BRASIL
EDILSON LEITE DA SILVA 1
MARCKSON ROBERTO FERREIRA DE SOUSA2

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos cresceram os interesses e discussões em


torno dos dados científicos diante da sua importância nas pesqui-
sas científicas, especialmente quando envolvem financiamento
público, crescendo também a necessidade de compartilhamento
dos dados científicos.
Juntamente com a necessidade do compartilhamento sur-
ge a importância do gerenciamento dos dados de modo a definir
políticas não só de compartilhamento, mas também de acesso, uso
e preservação dos dados de pesquisa para facilitar, entre outras
coisas, o entendimento da sua utilização em pesquisas já realiza-
das, possibilitando a sua validação, além da reutilização em novas
pesquisas.

1 Doutorando em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba


(UFPB). Mestre em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Per-
nambuco (UFPE). Professor Adjunto do Centro de Formação de Professores
(CFP) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
2 Professor do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da

Informação e do Programa de Pós-Graduação em Gestão nas Organizações


Aprendentes da Universidade Federal da Paraíba. Líder do Grupo de Pesquisa
Renovatio - Estudos sobre Disrupção, Interação e Aspectos Jurídicos da Infor-
mação.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 33

São diversos estudos em torno do tema e assuntos corre-


latos, como curadoria de dados, ciência aberta, big data, entre ou-
tros, na maioria dos casos de forma teórica, mas também de forma
prática, embora numa escala bem menor. Também existem pes-
quisas sobre como os profissionais da informação estão lidando
com a temática e como podem contribuir à gestão dos dados de
pesquisa de modo a proporcionar a sua melhor utilização e reuti-
lização.
No caso do Brasil, a gestão de dados científicos ainda está
incipiente, apesar de já existir uma certa quantidade de pesquisa-
dores e estudos relativos ao tema e assuntos afins. Sayão e Sales
(2012) já explanavam sobre a importância da gestão dos dados de
pesquisa, no entanto, em pesquisa realizada por Anjos, Dias e Ro-
drigues (2017) com profissionais das informação (pesquisadores
da área da Ciência Informação), verificaram que a maioria desses
pesquisadores concordam com a importância de fazer a gestão
dos dados científicos, mas também foi verificado que a maioria
não faz, ou seja, um exemplo do exposto, que no Brasil, o tema
ainda estar no campo das discussões e com pouca prática.
Considerando a realidade na qual os pesquisadores que
têm as informações como seu objeto de estudo, a maioria não faz a
gestão dos dados das suas pesquisas, infere-se que o cenário entre
os pesquisadores de outras áreas tende a ser ainda mais crítica,
visto que normalmente estão preocupados com os resultados das
pesquisas, não havendo maiores preocupações em relação aos
dados que foram utilizados.
Neste contexto a proposta deste estudo tem como objeti-
vo geral fazer uma revisão sistemática sobre gestão de dados cien-
tíficos em publicações realizadas no Brasil e publicadas em bases
de dados brasileiras de 2015 a 2019, tendo com objetivos especí-
ficos: quantificar as publicações de quatro repositórios de pesqui-
sas brasileiras; verificar as principais relações das publicações
selecionadas.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 34

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este texto apresenta os resultados de uma pesquisa que se-


guiu os procedimentos metodológicos de uma revisão sistemática
sobre o tema, gestão de dados científicos, seguindo diretrizes
apontadas pelo Preferred Reporting Items for Systematic reviews
and Meta-Analyses (PRISMA). Segundo (MOHER et al., 2009) as
diretrizes do PRISMA dão origem a um fluxograma de quatro eta-
pas e um checklist de 27 itens que são sugestões para realização
de uma revisão sistemática da literatura.
Trata-se de uma pesquisa quantitativa, tendo o tema
ocorrido nas seguintes fontes de pesquisa: o portal de periódicos
da capes3; o catálogo de dissertações e teses da capes 4; a Base de
Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da
Informação (BRAPCI5); e a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e
Dissertações (BDTD6). O termo pesquisado (Gestão de Dados
Científicos) foi definido a partir do interesse pelo tema. Optou-se
por usar o termo em português do Brasil, considerando ser o
idioma oficial do país no qual as fontes de dados são originárias e
estão armazenadas.
Usando estes critérios mencionados anteriormente, foram
recuperados nas quatro bases de dados, 20 documentos como
resultados iniciais, conforme o quadro 1. Na busca realizada,
foram considerados os documentos recuperados que apresen-
taram pelo menos dois dos três termos pesquisados na expressão
“Gestão de dados científicos”, sem considerar o conectivo e
independentemente da ordem.
Nos resultados recuperados na busca inicial foram aplica-
dos outros critérios de exclusão baseados nas diretrizes do

3 Disponível em: https://www.periodicos.capes.gov.br/ Acesso em: 25 jul.


2020.
4 Disponível em: https://catalogodeteses.capes.gov.br/catalogo-teses/#!/ Aces-

so em: 25 jul. 2020.


5 Disponível em: https://brapci.inf.br/ Acesso em: 25 jul. 2020.
6 Disponível em: http://bdtd.ibict.br/vufind/ Acesso em: 25 jul. 2020.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 35

PRISMA. Primeiro foi verificado se havia documentos duplicados e


foram encontradas duplicações. Depois verificou-se que dentre os
documentos havia apenas um documento de 2008 e os demais
todos a partir de 2015, então optou-se por considerar só as
publicações a partir de 2015, para evitar discrepância na análise
das publicações por ano, realizando um recorte temporal relativo
aos cinco últimos anos (2015 a 2019).

Quadro 1 – Aplicação das diretrizes do PRISMA na pesquisa

Termo de busca (Gestão de dados científicos)

Exclusão (Metadados: palavras-


Exclusão (recorte 2015 a 2019)
Fonte dos
dados
Exclusão (duplicados)
Resultados iniciais

Elegibilidade

Elegibilidade

Resultados
chave)

BDTD 2 0 2 0 2 0 2
Catálogos 2 1 1 0 1 0 1
Periódicos 1 0 1 0 1 0 1
BRAPCI 15 1 14 1 13 0 13
TOTAIS 20 2 18 1 17 0 17

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Também foi aplicado o critério de metadados previsto no


PRISMA, fazendo uma verificação nas palavras-chave, semelhante
ao que foi verificado no título quando da busca inicial. Nesta
verificação, todos apresentaram pelo menos dois dos três termos
usados na pesquisa como palavras-chave. Cabe ressaltar que dois

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 36

documentos apresentaram a expressão “dados de pesquisa” e não


“dados científicos”, mas que após verificar através da leitura de
seus títulos e/ou resumo, constatou-se que as expressões foram
usadas como sinônimos. Por fim, ao aplicar os critérios de filtro
elencados, foram eleitos na pesquisa 17 documentos, conforme
mostrado no quadro 1.

GESTÃO DE DADOS CIENTÍFICOS


No cenário atual onde informação é poder, percebe-se cada
vez mais a importância dos dados de pesquisa, que formam os
insumos para geração das informações, podendo ser utilizadas das
mais diversas formas, como para o planejamento de ações, toma-
das de decisões, relação de poder e até investimento em novas
pesquisas, gerando um ciclo virtuoso.
Cientistas de todo o mundo têm abordado a necessi-
dade de aumentar o acesso global aos dados de pes-
quisa que são produzidos em quantidade cada vez
maior [...]. Os pesquisadores, as instituições acadê-
micas e as agências de fomento à pesquisa começam
a entender que estes dados, se preservados e bem
gerenciados, constituem uma fonte imprescindível
de recursos informacionais que podem ser com-
partilhados e reutilizados como insumo para novas
pesquisas”. (SALES; SAYÃO, 2019, p. 2).

Neste sentido, evidencia-se a necessidade da gestão de da-


dos científicos que já era vislumbrado por Sayão e Sales (2012).
Na ocasião mencionam a publicação do periódico D-Lib Magazine
em 2011 com um número especial sobre temas como “acesso li-
vre, curadoria digital, aquisição e gestão, qualidade e confiabilida-
de e as possíveis conexões entre dados de pesquisa e as publica-
ções acadêmicas tradicionais”. (SAYÃO; SALES, 2012, p. 4).
Os autores apontam alguns problemas relativos à gestão de
dados científicos como: questões econômicas relacionadas a rela-
ção custo-benefício para manter o acesso aos dados e o reuso em

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 37

pesquisa; o custo para se manter os dados com livre acesso per-


manente e segurança, é muito alto, pois nem todos estão dispostos
a arcar com estes custos. Em relação ao reuso, algumas pesquisas
são muito caras tornando-se inviável para serem replicadas, sen-
do este, porém, um fator que pode ser questionado.
Fatores culturais, a falta de tempo e recursos, foram usados
como justificativa para não realização da gestão dos dados de pes-
quisa, apontados no estudo de Anjos, Dias e Rodrigues (2017) rea-
lizado com pesquisadores dos Programas de Pós Graduação em
Ciência da Informação (PPGCIs) do Brasil.
O estudo mesmo incompleto na época, mas com base nos
dados já compilados, permitiu aos autores fazerem algumas afir-
mações como: uma maioria (60%) dos pesquisados concordam e
dizem fazer gestão dos seus dados; em outras questões foi possí-
vel verificar que entre os que afirmaram fazer a gestão, não faziam
de foram correta de acordo com o indicado na literatura; para os
que afirmaram não fazer a gestão dos seus dados de pesquisa,
apresentaram diversas justificativas como falta de tempo, desco-
nhecimento de como fazer, desinteresse, entre outros.
Fica evidenciado que desde 2012 já existiam pesquisadores
brasileiros ligados aos PPGCIs, reconhecendo e alertando sobre a
importância da gestão dos dados científicos, mas pesquisa reali-
zada por Anjos, Dias e Rodrigues (2017), mostra que não fazem
e/ou não estão interessados em fazer a gestão dos seus dados de
pesquisa. Considerando que estes pesquisadores fazem parte de
uma área do conhecimento que tem a informação como seu prin-
cipal objeto de estudo, acredita-se que em outras áreas a situação
seja igual ou ainda mais crítica.
Apesar desta realidade, verifica-se que existe um movimen-
to no sentido de mudar para melhor, considerando já existirem
editais de órgãos de fomento à pesquisa no Brasil exigindo o Plano
de Gestão de Dados (PGD) como parte integrante do projeto para
pleitear recursos para pesquisas, o que deve fazer com quer os
pesquisadores passem a planejar e fazer a gestão dos dados utili-
zados nas suas pesquisas.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 38

Outros aspectos que podem facilitar a adoção à gestão de


dados científicos são os processos definidos por pesquisadores e
instituições nacionais e internacionais, bem como as tecnologias
digitais desenvolvidas que automatizam grande parte do proces-
so, permitindo importar/exportar dados de uma base para outra,
integrar dados, converter dados originalmente gerados num de-
terminado formato em outros formatos compatíveis. Dessa forma,
torna-se fundamental conhecer aspectos como o conceito, a im-
portância, os processos e as ferramentas necessárias à gestão de
dados científicos.
Quanto ao conceito de gestão de dados científicos, são es-
cassas as definições claras sobre o tema. Nos documentos selecio-
nados os autores apontam apenas características, importância da
gestão, etapas/ciclos da gestão, mas quanto a definição, normal-
mente remetem a outras obras que tratam do assunto, mas que
não fazem parte das publicações selecionadas. Outro aspecto a
considerar, é que alguns autores utilizam como sinônimos os ter-
mos gestão de dados científicos e gestão de dados de pesquisa,
como aponta Costa (2017), sendo que quando tratam do assunto
utilizando a expressão gestão de dados de pesquisa, as definições
ficam mais claras facilitando o entendimento.
Dessa forma, entende-se que a definição do Guia de Gestão
de Dados de Pesquisa para Bibliotecários e pesquisadores,
escrito por Sayão e Sales (2015), contempla o entendimento sobre
gestão de dados de pesquisa considerando-o como sinônimos para
gestão de dados científicos. Para os autores a gestão de dados ci-
entíficos é o “conjunto de práticas de gestão voltadas para o tra-
tamento de dados de pesquisa durante o seu ciclo de vida; inclui
os aspectos de manutenção, compartilhamento, segurança e pre-
servação” (SAYÃO; SALES, 2015, p. 80).
Os autores utilizam neste guia como recomendação para
gestão dos dados de pesquisa, o ciclo de vida dos dados propostos
pelo DataOne7 que sugere as seguintes etapas: planejar, coletar,
assegurar a qualidade, descrever, preservar, descobrir, integrar e

7 Disponível em: https://www.dataone.org/ Acesso em: 25 jul. 2020.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 39

analisar. Para um melhor acompanhamento do ciclo de vida dos


dados é fundamental o PGD, documento que já está sendo exigido
por alguns órgãos de fomento no Brasil e no exterior, como parte
integrante dos projetos de pesquisa quando submetidos a editais
de financiamento.
Para elaboração do Plano de Gestão de Dados já existem
diversas ferramentas que facilitam este processo, tanto de distri-
buição proprietária, quanto de distribuição sob diversos tipos de
licença de uso livre, inclusive alguns são disponibilizados de forma
online. Alguns exemplos dessas ferramentas, são: DMPTool8,
Dryad9, Zenodo10, Rede Caririana11.
Diante do exposto, entende-se que a contribuição deste tex-
to é apresentar uma compilação de documentos recém produzidos
sobre a temática gestão de dados científicos e publica-
dos/indexados por meio de repositórios brasileiros que têm reco-
nhecimento nacional e internacional.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Feita a pesquisa nas quatro bases de dados e aplicados aos


resultados critérios de acordo com o exposto nos procedimentos
metodológicos, a maioria embasados nas diretrizes sugeridas no
modelo PRISMA, restaram 17 documentos (Quadro 2), os quais
foram analisados buscando verificar e quantificar as relações en-
tre eles com o tema objeto do estudo. As relações e quantificações
realizadas foram: a quantidade de publicações por ano e por base
de dados; verificação das filiações dos autores; relações das coau-
torias e dos termos usados como palavras-chave.

8 Disponível em: https://dmptool.org/ Acesso em: 25 jul. 2020.


9 Disponível em: https://datadryad.org/stash Acesso em: 25 jul. 2020.
10 Disponível em: https://zenodo.org/ Acesso em: 25 jul. 2020.
11Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/servicos/rede-brasileira-de-
servicos-de-preservacao-digital-cariniana Acesso em: 25 jul. 2020.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 40

Quadro 2 – Documentos selecionados para análise

Código Título
Diretrizes para uma política de gestão de dados científicos
BDTD 01 no Brasil
Plataformas computacionais de E-sciense para gestão de
dados científicos: estudo de caso de um programa de pes-
BDTD 02 quisa da Amazônia
A gestão de dados de pesquisa no contexto da e-science:
benefícios, desafios e oportunidades para organizações de
BRAPCI 01 p&d
Gestão de dados científicos no contexto dos paradigmas de
BRAPCI 02 Capurro: Algumas reflexões
Dados científicos abertos: identificando o papel das políticas
BRAPCI 03 de gestão e das agências de fomento
Gestão de dados de pesquisa: um panorama da atuação da
BRAPCI 04 união europeia
BRAPCI 05 Mapeamento dos metadados para dados científicos
Gestão de dados de investigação no domínio da oceanografia
biológica: criação e avaliação de um perfil de aplicação base-
BRAPCI 06 ado em ontologia
Algumas considerações sobre os repositórios digitais de
BRAPCI 07 dados de pesquisa
Plano de Gerenciamento de Dados em Repositórios de Da-
BRAPCI 08 dos de universidades
Dados científicos: as práticas de gestão dos pesquisadores
BRAPCI 09 brasileiros na ciência da informação
Atuação dos profissionais da informação no ciclo de vida dos
BRAPCI 10 dados - dataone: um estudo comparado
BRAPCI 11 Uma proposta de taxonomia para dados de pesquisa
Gestão de dados de pesquisa: uma prática para abrir a caixa
BRAPCI 12 preta da pesquisa científica
Curadoria Digital de dados e Web de Dados: mantendo da-
dos abertos conectados para estudos bibliométricos e cien-
BRAPCI 13 tométricos
Estratégia computacional para apoiar a reprodutibilidade e
reuso de dados científicos baseado em metadados de prove-
Catálogo 01 niência
Periódico 01 O papel dos bibliotecários na gestão de dados científicos

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 41

Em relação a quantidade de documentos publicados sobre


o tema, percebeu-se que as publicações nas bases pesquisadas são
recentes. Na busca inicial foi verificado que o documento com
mais tempo de publicação foi publicado em 2008 na revista Ci.
Inf., por Barbosa e Sena (2008), intitulado “Scientific data dissemi-
nation a data catalogue to assist research organizations”.
Depois desta publicação de 2008, só em 2015 surge a se-
gunda publicação das autoras Rúbia Tatiana Gattelli e Maria Cris-
tina de Carvalho Alves Ribeiro, na revista Ponto de Acesso, intitu-
lada “Gestão de dados de investigação no domínio da oceanografia
biológica: criação e avaliação de um perfil de aplicação baseado
em ontologia”. (GATTELLI; RIBEIRO, 2015). Este foi o motivo para
ter sido adotado o recorte de temporal de cinco anos (2015 a
2019) considerando que neste período tiveram publicações em
todos os anos como pode ser observado na figura 1, enquanto no
período de 2009 a 2014 não houve nenhuma publicação.

Figura 1 – Quantidade de publicações de 2015 a 2019.

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

Em relação a quantidade de publicações por base de dados


pesquisadas, como representado na figura 2, destaca-se a BRAPCI
com 13 publicações do total de 17, que corresponde a 76,47%. Por
outra lado, no portal de periódicos e no catálogo de dissertações e

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 42

teses (ambos da capes) foram selecionados apenas uma publica-


ção em cada e duas na BDTD, perfazendo 4 publicações nas três
bases, correspondendo a 23,53%. Ressalta-se, conforme mencio-
nado nos procedimentos metodológicos, que foram adotados os
mesmos critérios de busca em todas as bases.
Os números mostrados na figura 2 já apresentam os pri-
meiros indícios sobre a formação dos pesquisadores e/ou os pro-
gramas de pós graduação aos quais estão filiados, vista que a
BRAPCI onde foram recuperados a grande maioria dos documen-
tos publicados, (76,47%), concentra publicações relacionadas a
Ciência da Informação e suas áreas de estudo. Já as outras três
bases (o portal de periódicos capes, o catálogo de dissertações e
teses da capes e a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações), in-
dexam publicações de todas as áreas e foram recuperados apenas
23,53% dos documentos.

Figura 2 – Quantidade de publicações por base pesquisada.

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

Quanto a quantidade de publicações em relação as institui-


ções as quais os autores estão filiados, bem com as suas coautori-
as, foi possível verificar conforme o quadro 3, que das 17 publica-
ções, três foram de autores filiados ao Programa de Pós Graduação
em Ciência da Informação, que é uma parceria do Instituto Brasi-
SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2
D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 43

leiro de Informação Ciência e Tecnologia (IBICT) e da Universida-


de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). As três publicações tiveram
como autora ou coautora Luana Farias Sales em coautoria com
Luis Fernando Sayão ou Márcia Teixeira Cavalcanti. Outras duas
publicações foram de autores filiados ao Programa de Pós Gradu-
ação em Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraí-
ba, ambas as publicações tiveram autoria de Renata Lemos dos
Anjos em coautoria com Guilherme Ataíde Dias, sendo que em
uma das publicações também teve Adriana Alves Rodrigues como
coautora. Os dois Programas de Pós Gradução em Ciência da In-
formação juntos são responsáveis por 5 das 17 publicações.

Quadro 3 – Programas/Instituições/Autores com mais publicações

Códigos Progra- Nome dos Autores Nome de Citação


ma/Instituição e Ano de publi-
cação
Márcia Teixeira
(CAVALCANTI;
BRAPCI 04 PPGCI/IBICT-UFRJ Cavalcanti; Luana
SALES, 2017)
faria Sales.
Luis Fernando
(SAYÃO; SALES,
BRAPCI 07 PPGCI/IBICT-UFRJ Sayão; Luana Farias
2015)
Sales.
Luana Farias Sales;
(SALES; SAYÃO,
BRAPCI 11 PPGCI/IBICT-UFRJ Luis Fernando
2019)
Sayão.
Renata Lemos dos
(ANJOS; DIAS;
Anjos; Guilherme
PPGCI/UFPB RODRIGUES,
BRAPCI 09 Ataíde Dias; Adriana
2017)
Alves Rodrigues.
Renata Lemos dos
(ANJOS; DIAS,
BRAPCI 10 PPGCI/UFPB Anjos; Guilherme
2019)
Ataíde Dias.

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Em relação a rede de coautoria, construída utilizando o sof-


tware Gephi versão 0.9.2, percebe-se que apresenta simplicidade,
pois apenas quatro autores que são Luana Farias Sales, Luis Fer-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 44

nando Sayão, Renata Lemos dos Anjos e Guilherme Ataíde Dias


têm coautoria entre mais de um autor e/ou documento e sendo
estas coautorias entre autores dos mesmos programas, não exis-
tindo coautoria entre autores filiados a programas diferentes. A
figura 3, ilustra que nas demais publicações existem coautoria de
no máximo três autores, formando várias sub redes de coautoria
que não se interligam entre si.

Figura 3 – Rede de coautoria

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

As sub redes da figura 3, elas ilustram a relação entre os


autores e as publicações que fizeram juntos, por exemplo, na sub
rede composta pelos autores (1, 3 e 16), a cor mais escura do au-
tor (1) indica que é mais atuante do que os outros dois. Já a aresta
destacada pela cor mais escura e a seta bidirecional, indica que a
relação entre os autores (1 e 3) é mais forte dentre os três, visto
que eles têm duas publicações juntos, mas entre os três autores foi
apenas uma publicação. Uma analogia pode ser observada na for-
ma semelhante com que acontece a sub rede formada pelos auto-
res (2, 4 e 22).
Destaca-se também os autores (17 e 29), que publicaram
sozinhos, por isso formam sub redes cada qual consigo mesmo.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 45

Cabe observar que os rótulos dos nós das sub redes estão nume-
rados de 1 a 29 para facilitar a distribuição/visualização das coau-
torias e que esta codificação segue a sequência utilizada na prepa-
ração dos dados, no software utilizado, para geração da rede de
coautoria.
Para verificar os assuntos abordados nas publicações sele-
cionadas, foram consideradas as palavras-chave usadas para se
reportar aos conteúdos correlacionados ao tema, gestão de dados
científicos, nas pesquisas objeto de estudo das publicações. A nu-
vem de tags da figura 4, gerada usando o Word 365, ilustra esta
relação. A nuvem de tags evidencia o termo principal, destacando-
o no centro da nuvem e com a fonte de tamanho maior, sendo de-
pois destacados os outros termos em ordem decrescente de ocor-
rências, ou seja, os mais mencionados com fonte de tamanho mai-
or e os menos citados com fonte tamanho menor. Outro destaque
proporcionado pela nuvem de tags, é que os termos mais usados
em conjunto nas mesmas publicações, mais próximos entre si
e/ou destacados com a mesma cor.
Figura 4 – Nuvem de tags das palavras-chave.

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 46

Lembrando que a expressão utilizada nesta pesquisa foi


“Gestão de dados científicos” e que a nuvem de tags foi formada
pelas palavras-chave dos documentos selecionados, pode-se des-
tacar algumas relações, como: o termo “dados” isolado é o mais
evidenciado; depois destaca-se o termo “gestão” que está mais
relacionados com “dados” formando a expressão “gestão de da-
dos”; na sequência os termos “científicos” e “pesquisa” visto que
muitos vezes as expressões “gestão de dados científicos” e “gestão
de dados de pesquisa” são usadas como sinônimos em títulos, pa-
lavras-chave e também no próprio texto das publicações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos resultados obtidos na pesquisa sobre gestão de


dados científicos no Brasil de 2015 a 2019, de acordo com os cri-
térios apresentados nos procedimentos metodológicos, foi possí-
vel fazer verificações sobre os autores com mais publicações e
respectivos programas de pós graduação aos quais estão filiado,
as publicações por ano, a rede de coautoria e os termos mais utili-
zados nas publicações selecionadas.
Dentre os documentos selecionados a maioria dos pesqui-
sadores, os que mais publicaram, estão filiados aos Programas de
Pós Graduação em Ciência da Informação do IBICT/UFRJ e da
UFPB respectivamente. A rede de coautoria está limitada aos au-
tores que formam sub redes de coautoria isoladas em suas respec-
tivas instituições, não havendo interligação entre as sub redes das
coautorias identificadas.
Em relação as bases de dados selecionadas para realização
da pesquisa, destaca-se a BRAPCI que concentra 76,47% (13 das
17) publicações selecionadas e que o ano com mais publicações foi
2017, no qual foram publicados 6 dos 17 documentos. Quanto aos
termos pesquisados relacionados com o tema da pesquisa, basea-
do na nuvem de tags das palavras-chave das publicações, destaca-
se que a maioria delas tinha como foco principal de investigação a
gestão de dados de forma geral, com destaques para dados cientí-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 47

ficos ou dados de pesquisa, usados com sinônimos na maioria dos


casos.
Cabe ressaltar que os resultados aqui apresentados não ne-
cessariamente são exatos em relação aos seus quantitativos de
publicações sobre o tema pesquisado no Brasil, sendo válidos
apenas dentro dos critérios apresentados, mas que se esses crité-
rios forem modificados é possível que estes quantitativos sejam
diferentes.
Por fim, que o tema gestão de dados científicos está ga-
nhando cada vez mais notoriedade entre os pesquisadores brasi-
leiros tendo em vista a importância desta gestão, tanto que órgãos
de fomento do Brasil, a exemplo de outros países, já estão exigin-
do o PGD como um dos critérios para conceder financiamento de
pesquisas, principalmente se envolver recursos públicos.

REFERÊNCIAS

ANJOS, R. L.; DIAS, G. A. Atuação dos profissionais da informação no ciclo de


vida dos dados - DATAONE: um estudo comparado. Inf. Inf., Londrina, v. 24, n.
1, p. 80 – 101, jan./abr. 2019.

ANJOS, R. L.; DIAS, G. A.; RODRIGUES, A. A. Dados científicos: as práticas de ges-


tão dos pesquisadores brasileiros na ciência da informação. Anais XVIII EN-
CONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO – ENANCIB
2017 23 a 27 de outubro de 2017 – Marília – SP.

BARBOSA, E. B. de M.; SENA, G. de. Scientific data dissemination a data catalogue


to assist research organizations. Ci. Inf., Brasília, v. 37, n. 1, p. 19-25, jan./abr.
2008. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1218 Acesso
em: 20 jul. 2020.

CAVALCANTI, M. T.; SALES, L. F. Gestão de dados de pesquisa: um panorama da


atuação da União Europeia. Biblos: Revista do Instituto de Ciências Huma-
nas e da Informação, v. 31, n. 1, p. 73-98, jan./jun. 2017.

COSTA, M. M. Diretrizes para uma política de gestão de dados científicos no


Brasil. Tese de doutorado. 288 f. Orientado: CUNHA, Murilo Bastos. Programa
de Pós Graduação em Ciência da Informação. Universidade de Brasília, 2017.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 48

GATTELLI, R. T.; RIBEIRO, M. C. de C. A. Gestão de dados de investigação no


domínio da oceanografia biológica: criação e avaliação de um perfil de aplicação
baseada em ontologia. PontodeAcesso. Salvador, v. 9, n.3, p.74-102, dez. 2015.

MOHER, D. et al. Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-
Analyses: The PRISMA Statement. PLOS Medicine, v. 6, n. 4, p. 1-6, 2009.
Disponível em:
http://journals.plos.org/plosmedicine/article/file?id=10.1371/journal.pmed.1
000097&type=printable Acesso em: 13 ago. 2018.

SALES, L. S.; SAYÃO, L. F. Uma proposta de taxonomia para dados de pesquisa.


Conhecimento em Ação, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, jan/jun. 2019.

SAYÃO, L. F.; SALES, L. F. Guia de Gestão de Dados de Pesquisa para Biblio-


tecários e Pesquisadores. – Rio de Janeiro: CNEN/IEN, 2015.

SAYÃO, L. F.; SALES, L. F. Curadoria digital: um novo patamar para preservação


de dados digitais de pesquisa. Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.22, n.3, p. 179-191,
set./dez. 2012.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 49

3
REPOSITÓRIO DE DADOS DE PESQUISA: PRESENTE
OU FUTURO NA REALIDADE DAS UNIVERSIDADES
ESTADUAIS DO NORDESTE
FABRÍCIO RODRIGUES DOS SANTOS GARRIDO1
GRACY KELLI MARTINS 2

INTRODUÇÃO

Dado seu desenvolvimento e as fases e paradigmas que a


acompanharam, a ciência vivencia nas Universidades e Institui-
ções de pesquisa um momento de larga produção científica. Esta
tem gerado um grande volume de dados, definida por Jim Gray em
2007 como “explosão de dados”, dando origem ao chamado Quar-
to Paradigma Científico. Tal explosão vem do impacto causado
pela ciência que nos últimos cinquenta anos tem se modificado
mediante o uso massivo das tecnologias digitais de comunicação e
informação (TDICs).
No contexto das Universidade e Instituições de pesquisa,
seu atual desafio tem sido alinhar as diversas áreas do conheci-
mento e as TDICs para coleta, tratamento e análise fundamenta-
das no Big Data, dedicando-se à investigação progressiva em uma

1 Mestrando em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba.


Bacharel em Biblioteconomia pela UFAL.
2 Professora Adjunta da Universidade Federal da Paraíba. Doutora em Ciência

da Informação pela Unesp, Mestre em Ciência da Informação pela UFPB e Ba-


charela em Biblioteconomia pela UFPE.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 50

perspectiva computacional e à simulação de fenômenos com base


no grande volume e uso intensivo de dados (data-intensive).
Nestes espaços, com o avanço das TDICs, surgem os Repo-
sitórios Institucionais como ferramentas de preservação e divul-
gação das pesquisas em suportes digitais. Deste modo, em uma
perspectiva colaborativa, a partir da intensificada produção e uso
de dados capturados por instrumentos digitais ou gerados por
simulação e processados por softwares, emerge uma nova forma
de visibilidade e tratamento de dados de pesquisa para além ape-
nas de seus resultados, valorando a coleta, tratamento, comparti-
lhamento e divulgação, que leva a revista The Economist de maio
de 2017 a afirmar que: “O recurso mais valioso do mundo não é
mais petróleo, mas dados”. Mediante esse cenário, são projetados
os Repositórios de Dados de Pesquisa.
No Brasil, a primeira iniciativa para o desenvolvimento de
um repositório de dados foi da agência de fomento Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) que lançou a
Rede de Repositório de Dados Científicos, envolvendo as seis uni-
versidades públicas do Estado de São Paulo: Universidade Estadu-
al de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP), Uni-
versidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de São
Carlos (UFSCar), Universidade Federal do ABC (UFABC) e Univer-
sidade Federal de São Paulo (Unifesp) além do Instituto Tecnoló-
gico de Aeronáutica (ITA) e a Embrapa Informática Agropecuária
(CNPTIA/Embrapa). Esta rede pode ser acessada em
https://metabuscador.uspdigital.usp.br/, onde encontram-se dis-
poníveis os dados gerados em pesquisas científicas, independen-
temente de sua publicação em artigos científicos, permitindo a
visibilidade das pesquisas, compartilhamento e reuso em novas
pesquisas (ZIEGLER, 2019, online).
No país, constitucionalmente, as Universidades Públicas
possuem autonomia didático-científica, administrativa e de gestão
financeira e patrimonial, obedecendo ao princípio de indissociabi-
lidade entre ensino, pesquisa e extensão.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 51

A Universidade Pública no Brasil surge legalmente entre as


décadas de 1920/30, no governo centralizador de Getúlio Vargas,
sendo fortemente influenciada pela Igreja Católica. Na década de
1930, na contramão das Universidade Públicas da época, é criada
a Universidade de São Paulo (USP) e em 1935 a Universidade do
Distrito Federal (UDF) (esta última, por pressão do Governo Fede-
ral, fecha pouco tempo depois de sua criação), com intuito de se-
rem livres do método centralizador do governo. A Universidade
Pública como conhecemos hoje está definida na Constituição de
1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº
9394/96.
As Instituições Federais de Ensino Superior são mantidas
pela União, enquanto as Instituições Estaduais são financiadas
pelos Governos Estaduais, sendo mantido em ambas o ensino
igualmente gratuito.
No Nordeste existem dezessete Instituições Estaduais de
Ensino Superior (IEES). Embora o Governo Federal seja responsá-
vel pelas Instituições Federais, há dois órgãos de financiamento à
pesquisa e formação de pesquisadores que atuam em todas esfe-
ras governamentais. Dentre estes órgãos destacam-se o Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
(IBICT), os quais em dezembro de 2019 reuniram-se para a reali-
zação da 8ª Reunião de Acompanhamento do Compromisso 3, co-
nhecido como “Compromisso pela Ciência Aberta” no Ministério
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), con-
tando com a participação de pesquisadores e profissionais da As-
sociação Brasileira de Editores Científicos (ABEC), Empresa Brasi-
leira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz) e Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP)
(IBICT, 2019, online). Para este Compromisso, o MCTIC propõe:

[...] acesso livre e gratuito à informação científica e


aos dados de pesquisa, com maior transparência nos
métodos científicos, e intensificação dos mecanismos
de colaboração na ciência e da participação cidadã,

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 52

desenvolvimentos que estão de acordo com princí-


pios do Governo Aberto , tais como transparência,
accountability, participação cidadã, tecnologia e ino-
vação (CNPq, 2019, online).

Tal proposta visa o trabalho colaborativo para o fortaleci-


mento das Instituições de Ciência e Tecnologia, e de acordo com a
Diretora do IBICT, Cecília Leite, este acordo dará início a uma série
de outras ações [...] “no sentido de consolidar, dar visibilidade, e
esclarecer a importância das Instituições de Ciência e Tecnologia
para o desenvolvimento do país” (IBICT, 2019, online).
A partir desta iniciativa, vislumbra-se que a ação fará com
que as Instituições de pesquisa do país tendam a desenvolver seus
próprios repositórios, uma vez que a implementação do Repositó-
rio de Dados do CNPq faz parte do acordo de cooperação assinado
no âmbito do marco 5 para o Governo Aberto (Open Government
Partnership – OGP), o qual recomenda a "articulação com agên-
cias de fomento para a implantação de ações de apoio à Ciência
Aberta" (IBIC, 2019, online).
A expansão desta ação agilizará o processo de comunicação
das IES, promovendo a visibilidade e transparência das pesquisas,
economia de tempo, investimentos no reuso de dados e um gran-
de avanço para que as Universidades concentrem e divulguem
suas produções. A fim de observar a realidade das Universidades
na Região Nordeste do Brasil frente a este panorama que se des-
ponta como uma tendência para o compartilhamento das investi-
gações científicas, o presente ensaio evidencia a importância dos
Repositório de Dados de Pesquisa nas práticas científicas atuais e
investiga se as Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES) do
Nordeste já contam com a utilização desta ferramenta para divul-
gação dos seus dados de pesquisa.

UNIVERSIDADES ESTADUAIS

O artigo 207 da Constituição Brasileira de 1988 dispõe que


“As universidades gozam de autonomia didático-científica, admi-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 53

nistrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao


princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”
(BRASIL, 1988). Legalmente as primeiras Universidades Públicas
surgem entre as décadas de 1920 e 1930, a partir do Decreto nº
14.343, principalmente com a federalização de algumas Institui-
ções e unificação de Faculdades isoladas.
Após a revolução de 1930, no ano de 1931, Getúlio Vargas
cria o Ministério de Educação e Saúde e, com o ministro Francisco
Campos, aprova o Estatuto das Universidades Brasileiras, no qual
definia a inclusão dos seguintes cursos: Direito, Medicina, Enge-
nharia, Educação, Ciências e Letras ligadas. A estrutura universitá-
ria deveria ser composta por meio de uma reitoria, vínculos admi-
nistrativos, mantendo, no entanto, a sua autonomia jurídica. Po-
rém, este sistema era centralizado na ideologia governamental da
época e fortemente influenciado pela atuação da Igreja Católica
como formadora do caráter humanista da elite brasileira.
Neste intuito o Ministro da Educação Gustavo Capena,
substituto de Campos, em 1939 transforma a Universidade do Rio
de Janeiro em Universidade do Brasil, determinando um padrão
nacional de Ensino Superior e estabelecendo um sistema destina-
do a controlar a qualidade desse ensino. Porém tal projeto grandi-
oso e altamente centralizador acabaria sufocando outras iniciati-
vas mais liberais.
Na contramão dessa política, em 1934 é criada uma Uni-
versidade Estadual, a Universidade de São Paulo (USP), e em 1935
é criada uma Municipal, a Universidade do Distrito Federal (UDF).
No entanto, o Governo impôs à época que toda Universidade deve-
ria seguir o modelo das Universidades Federais, e a que não se
enquadrasse seria fechada, o que ocorreu com a UDF (SOUZA; MI-
RANDA; SOUZA, 2019; OLIVEN, 2002; FÁVERO, 2006).
Com a deposição de Getúlio Vargas em 1945, e a tentativa
de redemocratização do país, as Universidades tentam, de manei-
ra infrutuosa, adquirir maior autonomia, começando a se multipli-
car em quantidade. A partir da década de 1950 acelera-se o ritmo
de desenvolvimento no país, fato acarretado pela industrialização

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 54

e pelo crescimento econômico. Isto força a sociedade a debater a


qualidade das universidades brasileiras, principalmente com a
tramitação do Projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (FÁVERO, 2006).
A partir da década de 1980, principalmente após a consti-
tuição de 1988, surge um aumento crescente do número de Uni-
versidades Estaduais no país, bem como no período de dezesseis
anos há um aumento dessas instituições em 178%. Destaque-se
que “a relação entre o MEC e as Universidades Estaduais não dife-
re muito da interação que este órgão estabelece com as Universi-
dades Particulares: ausência de dotações orçamentárias e a vigên-
cia de uma política de recursos mediante a apresentação de proje-
tos competitivos” (SAMPAIO; BALBACHESKY; PEÑALOZA, 1998, p.
62).
A Lei 9394/96 (LDBN), no artigo 52, estabelece que as Uni-
versidades são Instituições pluridisciplinares de formação dos
quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão
e de domínio e cultivo do saber humano, que se caracterizam por:
produção intelectual institucionalizada mediante o estudo siste-
mático dos temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de
vista científico e cultural, quanto regional e nacional. Por sua vez,
os artigos 16 e 17 da referida lei definem que o sistema federal de
ensino compreende: as instituições de ensino mantidas pela Uni-
ão; as instituições de educação superior mantidas pela iniciativa
privada e os órgãos federais de educação, compreendendo os sis-
temas de ensino dos Estados e do Distrito Federal: as instituições
de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público Estadual
e pelo Distrito Federal; as instituições de educação superior man-
tidas pelo Poder Público municipal; as instituições de ensino fun-
damental e médio criadas e mantidas pela iniciativa privada; os
órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectiva-
mente (BRASIL, 1996).
Um dos principais desafios das Universidades Estaduais,
até hoje, refere-se a sua manutenção financeira. Carvalho (2018, p.
126) destaca que devido ao o alto número de doutores e de pro-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 55

gramas de pós-graduação dessas instituições, o Governo Federal


se relaciona com universidades estaduais já consolidadas, “[...]
principalmente, mediante transferências de recursos do fundo
público federal para projetos e bolsas via Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Empre-
sa Brasileira de Inovação e Pesquisa (Finep) entre outros” (ibiden,
p. 126).

As universidades estaduais constituem um segmento


bastante específico no conjunto do ensino superior
do país. Ao contrário das universidades federais e
particulares, elas encontram-se fora da alçada do
MEC, uma vez que são financiadas e supervisionadas
pelos seus respectivos estados, e por se encontrarem
exclusivamente sob a supervisão da esfera estadual
ficam relativamente à margem do sistema nacional
de ensino superior do país. Nesse sentido, torna-se
necessário produzir pesquisas mais sistemáticas so-
bre esse segmento para avaliar o seu potencial, inte-
grá-lo às políticas nacionais voltadas ao ensino supe-
rior para a melhoria acadêmica do conjunto do sis-
tema (MARTINS, 2000, p. 45).

Em 2018 foram realizadas no Brasil 4.467.694 (quatro mi-


lhões, quatrocentos e sessenta e sete mil, seiscentos e noventa
quatro) matrículas em Universidades, divididas entre Públicas
(Federais, Estaduais e Municipais) e Privadas, sendo que 578.586
(quinhentos e setenta e oito mil e quinhentos e oitenta e seis) des-
tas em Universidades Estaduais, ou seja, 13% das matrículas. Este
percentual de matrículas se mostra expressivo em relação às ma-
trículas gerais em Universidades Públicas, as quais correspondem
a 33% desse total (INEP, 2019).
Evidencia-se a importância das Universidade Estaduais no
contexto do ensino universitário em nossa Região quando os da-
dos apontam que no ano de 2018, 9% dos concluintes em cursos
de graduação presenciais e a distância, em bacharelado, licencia-
tura e tecnólogo, obtiveram seus diplomas no Nordeste. Numa

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 56

conjuntura nacional a quantidade de Universidades Estaduais


Nordestinas corresponde à 20% (40 universidades Estaduais) de
um universo de 199 instituições em todo país (INEP, 2019).

METODOLOGIA

Com foco na Região Nordeste, foram localizadas dezesseis


Universidades Públicas Estaduais sendo duas em Alagoas, quatro
na Bahia, três no Ceará, três no Maranhão, uma na Paraíba, uma
em Pernambuco, uma no Piauí e uma no Rio Grande do Norte. A
Universidade Estadual do Ceará (UECE) é a mais antiga, criada em
1975, e a Universidade Estadual da Região Tocantina do Mara-
nhão (UEMASUL), a mais nova, criada em 2016. O estado de Sergi-
pe é o único na Região que não possui Universidade Estadual.

TABELA 1 – Relação de universidades públicas estaduais do Nordeste.

UF IEES Sigla Município/UF IGC3


AL UNIVERSIDADE ESTA- UNEAL Arapiraca/AL 3
DUAL DE ALAGOAS –
UNEAL
AL UNIVERSIDADE ESTA- UNCISAL Maceió/AL 3
DUAL DE CIÊNCIAS DA
SAÚDE DE ALAGOAS –
UNCISAL
BA UNIVERSIDADE DO ES- UNEB Salvador/BA 3
TADO DA BAHIA
BA UNIVERSIDADE ESTA- UEFS Feira de Santa- 4
DUAL DE FEIRA DE na/BA
SANTANA
BA UNIVERSIDADE ESTA- UESC Ilhéus/BA 4
DUAL DE SANTA CRUZ
BA UNIVERSIDADE ESTA- UESB Vitória da Con- 4
DUAL DO SUDOESTE DA quista/BA
BAHIA

3 Índice Geral de Cursos (IGC) instrumento construído com base numa média
ponderada das notas dos cursos de graduação e pós-graduação de cada institui-
ção. Disponível em http://portal.mec.gov.br/igc. Acesso em 28 de fev de 2020.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 57

CE UNIVERSIDADE ESTA- UECE Fortaleza/CE 4


DUAL DO CEARÁ
CE UNIVERSIDADE ESTA- UVA Sobral/CE 3
DUAL VALE DO ACARAÚ
CE UNIVERSIDADE REGIO- URCA Crato/CE 3
NAL DO CARIRI
MA UNIVERSIDADE ESTA- UEMASUL Imperatriz/MA 3
DUAL DA REGIÃO TO-
CANTINA DO MARA-
NHÃO
MA UNIVERSIDADE ESTA- UEMA São Luís/MA 3
DUAL DO MARANHÃO
MA UNIVERSIDADE VIRTU- UNIVIMA São Luís/MA -
AL DO ESTADO DO MA-
RANHÃO
PB UNIVERSIDADE ESTA- UEPB Campina Gran- 4
DUAL DA PARAÍBA de/PB
PE UNIVERSIDADE DE UPE Recife/PE 3
PERNAMBUCO
PI UNIVERSIDADE ESTA- UESPI Teresina/PI 3
DUAL DO PIAUÍ
RN UNIVERSIDADE DO ES- UERN Mossoró/RN 3
TADO DO RIO GRANDE
DO NORTE

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

Os presentes dados encontram-se registrados no sítio do e-


MEC e foram recuperados na guia de Consulta Avançada ao indi-
car a busca por “Instituição de Ensino Superior”, Categoria Admi-
nistrativa “Pública Estadual”, Organização Acadêmica “Universi-
dade”, Tipo de Credenciamento “Presencial”. No entanto, como
não há busca por região, foi realizada uma busca individual por
cada Unidade Federativa (UF) do Nordeste.
É importante destacar que, atualmente, as Universidades
públicas respondem por 95% da produção científica no país de
acordo com os dados da “Pesquisa no Brasil - Um relatório para a
CAPES”, realizado pela empresa norte-americana Clarivate
Analytics, que concluiu que “a produção científica brasileira é feita

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 58

quase exclusivamente dentro das instituições públicas de ensino”


(INVESTSP, 2018, online). Esta pesquisa indica que no período de
2011-2016, “foram publicados mais de 250.000 artigos na base de
dados Web of Science em todas as áreas do conhecimento, corres-
pondendo à 13ª posição na produção científica global (mais de
190 países)” (UNIFESP, 2019, online).
Em consonância com estes dados, os registros na Platafor-
ma Sucurpira, apontam que há no país 4.641 programas de pós-
graduação, sendo 963 (cerca de 20%) concentrados na Região
Nordeste, e a maioria dos pesquisadores são professores e estão
alocados nas Universidades Públicas, produzindo pesquisas e ge-
rando dados que progressivamente terão como tendência reposi-
tórios para o armazenamento destas informações.
Concomitantemente a esta tendência das Universidades,
agências de fomento à pesquisa tem exigido a disponibilização dos
resultados e dos dados de pesquisa, como exemplo da FAPESP, a
qual tornou obrigatório a apresentação de um Plano de Gestão de
Dados (PGD) na submissão de projetos para financiamento. A
Fundação visa gerenciar e compartilhar os dados para garantir as
possibilidades de reuso e a produtibilidade da pesquisa para o
avanço científico e tecnológico.
Outras agências de fomentos a pesquisa estaduais e fede-
rais como a CAPES também estão inseridas no contexto da e-
Science, como é possível observar em suas políticas de fomento à
pesquisa, disponíveis em seus sítios.
Logo, nesse universo do Big Data, em que eclode essa nova
forma de se fazer pesquisa conhecida como e-Science, onde os
dados se consolidam como principal insumo de qualquer pesqui-
sa, a Data Science (Ciência de Dados) se solidifica cada vez mais,
evidenciando um ponto futuro para a pesquisa nas Universidades
Estaduais do Brasil, as quais deverão direcionar esforços para se
inserir neste cenário e para a utilização dos métodos, práticas e
ferramentas para a exploração deste universo que se abre para a
pesquisa científica e tecnológica.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 59

O QUE SÃO DADOS CIENTÍFICOS?

Roberto M. Cesar Jr., docente e pesquisador do Departa-


mento de Ciência da Computação – IME/USP e integrante do Gru-
po de e-Science – Laboratório nacional de Ciência e Tecnologia do
Bioetanol (CTBE), na apresentação à edição brasileira do livro “O
quarto Paradigma: descobertas científicas na era da e-Science”
afirma que atualmente “[...] em vez de a ciência não avançar devi-
do à escassez de dados, hoje em dia ela frequentemente encontra
dificuldades em avançar por seu excesso" (CESAR JÚNIOR., 2011,
p. 7).
Jim Gray, em palestra sobre a e-Science em Mountain View
na Califórnia, em 11 de janeiro de 2007, refere-se aos dados cole-
tados em pesquisas publicadas como apenas as pontas do iceberg.
Para o autor, a e-Science é “o ponto onde a “TI [Tecnologia da In-
formação] encontra cientistas” (HEY; TANSLEY; TOLLE, 2011, p.
17).
A análise de Gray aponta como os pesquisadores se perdem
com os milhares de arquivos de Excel que são gerados em suas
pesquisas. Neste contexto, não caberá mais ao cientista reunir os
dados, mas ferramentas capazes de coletar uma quantidade gigan-
tesca em bem menos tempo, a partir de informações legíveis por
máquinas, onde a dependência de softwares para análise desses
dados será cada vez maior, no entanto, não se vê muitas políticas
públicas para barateá-los (HEY; TANSLEY; TOLLE, 2011, p. 17-18).
O dado por si só não é suficiente para compreensão do in-
divíduo, porém é a partir dele que se chega à compreensão dese-
jada. No entanto, a evolução das TDICs aumenta a velocidade de
produção destes dados, bem como promove a facilidade de seu
compartilhamento em escala mundial, gerando o desafio da explo-
são dos dados em relação ao volume, velocidade, complexidade e
variedade destes.
Logo, a preservação, gerenciamento e compartilhamento
destes dados se tornarão basilares para os pesquisadores, uma
vez que, a partir do reuso, poderão usufruir destes elementos em

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 60

suas investigações, identificando dados desprezados para deter-


minada pesquisa, os quais poderão se apresentar como essenciais
para outra.
Big Data refere-se, normalmente, ao uso e reuso de volume
e variedade de dados enormes que precisam ser processados em
velocidades cada vez maiores. Silva Segundo e Araújo (2019)
acreditam que o termo mais adequado seria megadados pois “[...]
este universo gera uma quantidade diária de dados gigantesca,
cerca de 90% dos dados do mundo foram gerados nos últimos
anos.”.
A e-Science e a Data Science, ciência orientada por dados,
não dependem somente de estrutura física, mas também devem
dispor de sistemas de informação que integrem arquivamento e
compartilhamento de coleções de dados com a responsabilidade
de definir a utilidade destes dados e seu ciclo de vida, tanto para
utilização imediata, quanto para o arquivamento a longo prazo de
dados que tenham reconhecidamente valor permanente ou que
são referenciais universais (SAYÃO; SALES, 2016).
Sayão e Sales (2016, p. 92) demonstram a necessidade tec-
nológica e gerencial no ciclo de vida dos dados (CVD), no qual se
insere o termo “repositório digitais de dados de pesquisa”, ponde-
rando duas demandas determinantes neste processo de gestão:
“as políticas mandatórias das agências financiadoras de pesquisa e
a incorporação pelas instituições de pesquisa e pela sociedade em
geral dos valores e princípios preconizados pela Ciência Aberta”.
Contribuem para essas demandas, de acordo com os autores, os
atos coletivos para com os dados de pesquisa, tendo em vista que
a gestão de dados de pesquisa se consolida em meios aos pesqui-
sadores, políticas institucionais e diretrizes de alcance nacional e
internacional.
O profissional da informação está imergido neste contexto
para trabalhar com esses dados gerados tanto com finalidade co-
mercial quanto para a pesquisa científica. Neste ínterim, é impor-
tante considerar que “essa explosão de dados alimenta outra ca-
racterística dos negócios e da pesquisa científica, que possibilita

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 61

vislumbrar novas tendências e identificar padrões” (SILVA SE-


GUNDO; ARAÚJO, 2019, p. 118).
É preciso observar que a atual gestão de dados vai além das
ferramentas tecnológicas, que são essenciais, mas que no contexto
atual exige acesso livre, compartilhamento, uso e reuso.

[...] considerando que as tecnologias da informação e


da comunicação possibilitam ampla produção, aces-
so e distribuição de dados digitais, gerir dados, obje-
tivando acesso livre, é mais do que simplesmente
adotar qualquer plano de gestão e instalar um sof-
tware de processamento e de análise (SILVA SE-
GUNDO; ARAÚJO, 2019, p. 131).

Do ponto de vista do financiador da pesquisa, disseminar


dados reduz gastos com duplicidade ao evitar que duas ou mais
equipes diferentes produzam os mesmos dados (SILVA SEGUNDO;
ARAÚJO, 2019, p. 131). Daí a necessidade de uma gestão mais efi-
ciente a partir da Curadoria de Dados, na qual é necessário conhe-
cer o Ciclo de Vida dos Dados e a padronização do processo de
curadoria digital. Existem alguns modelos propostos por centros
de curadorias digitais como o da University of Edinburgh, o Rese-
arch360 Project e o DataOne,

O ciclo de Vida, da Curadoria Digital, deve fazer parte


de um projeto maior, responsável por criar estrutu-
ras tecnológicas em suportem o volume de dados ge-
rados, incumbindo também de captar recursos hu-
manos especializados na utilização de ferramentas
de software que processam, analisam e comparti-
lham dados e seus metadados (SILVA SEGUNDO;
ARAÚJO, 2019, p. 147).

A Comissão Nacional de Energia Nuclear, ligada ao Ministé-


rio da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações , sugere 10
razões para a criação de um Plano de Gestão de Dados de pesquisa
(como uma ferramenta da curadoria), e a FAPESP orienta que o
desenvolvimento de um PGD “que deve responder a duas pergun-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 62

tas básicas: 1. Quais dados serão gerados pelo projeto; 2. Como


serão preservados e disponibilizados, considerando questões éti-
cas, legais, de confidencialidade e outras” (FAPESP, 2020, online).
Muitos investimentos têm sido direcionados para pesqui-
sas em todo mundo, porém ainda é pequeno o quantitativo de da-
dos dessas pesquisas que são disponibilizados à sociedade, evi-
denciando a importância de uma mudança nesta prática. “[...] Po-
de-se afirmar que a ciência aberta expressa um novo modelo do
processo da produção e comunicação do conhecimento refletida
nas relações entre ciência, tecnologia, informação e inovação”
(HENNING et al., 2019, p. 390). A Open Science é uma realidade
cada vez mais reconhecida e praticada, e tende a exigir preceitos
que facilitem e permitam a gestão de dados neste universo.
Deste modo, Henning et al (2019, p. 390) pondera que para
o advento da Ciência Aberta é preciso a “criação de princípios e
práticas que pudessem orientar a descoberta, o acesso, a integra-
ção e a reutilização da vasta quantidade de dados e informação
gerada pela ciência”.
Dentre estes princípios que apontarão critérios para os da-
dos de pesquisa, destacam-se os chamados princípios FAIR, ana-
crônico de: Encontráveis (Findable), Acessíveis (Accessible), Inte-
roperáveis (Interoperable) e Reutilizáveis (Reusable) (DIAS; AN-
JOS; RODRIGUES, 2019, p; 179).
Segundo estes princípios, cada dado terá em seu metadado
um identificador único que o torne encontrável e acessível, a par-
tir de uma linguagem comum formalizada com um bom mecanis-
mo de busca, com amplas referências cruzadas e capaz de distin-
guir proveniências e licença. (RODRIGUEZ-IBLESIAS et al, 2016,
p.1 apud DIAS; ANJOS; RODRIGUES, 2019, p; 179).
Estes princípios tiverem origem nas discussões do
workshop “Jointly Designing a Data Fairport”, realizado em Leiden,
na Holanda, em 2014. Este evento reuniu um amplo grupo de ins-
tituições acadêmicas e comerciais interessadas em superar obstá-
culos à descoberta e reutilização de dados.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 63

A partir das deliberações do workshop, surgiu a noção de


que através da definição e do amplo apoio a um conjunto mínimo
de princípios e práticas orientadores e acordados pela comunida-
de, todas as partes interessadas poderiam descobrir, acessar, inte-
grar e reutilizar de maneira mais fácil e citar adequadamente, as
vastas quantidades de informações geradas pela ciência contem-
porânea baseada na computação intensiva de dados.
A reunião teve como conclusão uma formulação preliminar
de um conjunto de princípios fundamentais que foram posterior-
mente elaborados com mais detalhes - ou seja, que todos os obje-
tos de pesquisa deverão ser Findable, Accessible, Interoperable e
Reusable (FAIR), tanto para máquinas, quanto para pessoas (WIL-
KINSON et al., 2016, tradução nossa).

REPOSITÓRIO DE DADOS CIENTÍFICOS

Até o surgimento das TDICs a comunicação científica era


feita por meio da impressão em papéis, o que exigia tempo e mo-
bilidade para o avanço das investigações, sempre limitada pela
baixa velocidade entre a produção da pesquisa, edição do trabalho
e impressão da publicação. Porém, os avanços tecnológicos pro-
porcionaram que a comunicação científica se torne cada vez mais
veloz e mais intensificada.
Em consonância com este desenvolvimento há a preocupa-
ção com a preservação, uso e reuso nesse meio digital, aludindo às
práticas habituais com os papéis, mas que devem se adaptar aos
suportes que aceitam diversos formatos, que se modificam cons-
tantemente, e que facilitam substancialmente o acesso ao usuário.

[...] as estratégias de preservação devem ter uma


amplitude tal que incorporem vários outros aspec-
tos, incluindo custo-benefício, restrições legais e re-
quisitos de acesso para o usuário-final. O próprio
sentido conceitual de preservação, no contexto da in-
formação digital, está imerso em um paradoxo: tra-
dicionalmente preservar algo significa mantê-lo imu-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 64

tável e intacto; entretanto, no ambiente digital, pre-


servar significa, na maioria dos casos, mudar, recriar,
renovar: mudar formatos, renovar mídias, hardware
e software. Por um lado, queremos manter a infor-
mação intacta, como ela foi criada; por outro, que-
remos acessá-la dinamicamente e com as mais avan-
çadas ferramentas (MARCONDES; et al, 2005, p.120).

Para Barros (2016, p. 109) “O conhecimento impresso é,


por definição, seletivo e escasso. Isso torna o processo de comuni-
cação científica um gargalo intelectual, considerando o volume do
que é publicado todos os anos. Obviamente, a internet não é gar-
galo, é o oposto, então deveríamos tomar proveito dela”.
Neste sentido, a disponibilização de publicações em reposi-
tórios que abrangem a amplitude da comunicação científica se faz
cada vez mais necessária em um cenário de ciência globalizada e
colaborativa, no qual as ferramentas digitais possibilitam uma
gigantesca potencialidade em produção, armazenamento e disse-
minação das produções científicas.
Desse contexto emerge o repositório institucional, também
intitulado de repositório digital, o qual configura-se como uma
nova forma de comunicação científica, usada principalmente em
universidades, através de estruturas tecnológicas que utilizando a
filosofia do acesso livre permitem a publicação e a disseminação
da produção. "O repositório proporciona uma forma mais rápida
de divulgação dos resultados das pesquisas, tornando ágil o aces-
so, a um custo menor e para um maior número de pessoas e insti-
tuições" (GRÁCIO, 2012, p. 137).
O alcance mediado pelos repositórios deve ser implemen-
tado principalmente em instituições financiadas pelo Poder Públi-
co, o qual tem o dever social de retribuir à sociedade os recursos
nela investidos, tendo em vista o que aponta Rodrigues et al
(2004, p. 1), quando expõe a funcionalidade dos Repositórios Ins-
titucionais: “Basicamente, são colecções digitais que armazenam,
preservam, divulgam e dão acesso à produção intelectual de co-
munidades universitárias. ”

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 65

A Ciência Aberta se mostra como uma política de acesso


significativa tanto para Instituições Públicas como para as Priva-
das, seja no meio acadêmico e (ou) para os negócios empresariais,
uma vez que permite melhor reconhecimento do que é produzido
e do que é reunido por pesquisadores dentro da ciência.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de
Portugal conceitua Ciência aberta como a ciência que

Permite a partilha do conhecimento entre a comuni-


dade científica, a sociedade e as empresas, possibili-
tando desta forma ampliar o reconhecimento e o im-
pacto social e económico da ciência. Ciência Aberta é
mais do que a disponibilização em acesso aberto de
dados e publicações, é a abertura do processo cientí-
fico enquanto um todo, reforçando o conceito de
responsabilidade social científica. A implementação
de uma prática de Ciência Aberta é também geradora
de múltiplas oportunidades de inovação. Permite
impulsionar o desenvolvimento de novos produtos,
serviços, negócios e empresas (PORTUGAL, 2016,
online).

Nesta perspectiva, a disponibilização dos dados de pesqui-


sa para toda a comunidade é de grande valia, tanto para os pes-
quisadores que produzem esses dados quanto para os que pode-
rão se utilizar deles, economizando tempo e auxiliando na sua va-
lidação. “A ciência, entendida como um bem público, exige comu-
nicação e o acesso aos resultados de projetos de pesquisas deve
ser pleno, sem restrições, para que privilégios não sejam criados"
(ZIEGLER, 2019, online).
Uma definição de dado que se enquadra para este ensaio o
conceitua “[..] como uma sequência de símbolos quantificados ou
quantificáveis” (SETZER, 2015, online), principalmente por de-
monstrar ser o elemento mais “puro” ou “bruto” no âmbito da Ci-
ência de Dados.
No entanto, tal definição não é consenso no meio científico,
principalmente por possuir diferentes tipos de valores conforme o
domínio da ciência. Borgman (2015) afirma que os dados de pes-
SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2
D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 66

quisa nem sempre são visíveis num primeiro momento, mas é evi-
dente que no cenário mundial contemporâneo o seu uso está
promovendo mudanças radicais principalmente no contexto aca-
dêmico.
Dados de pesquisa também pode ser conceituado como

[...] dados digitais sendo uma parte (descritiva) ou o


resultado de um processo de pesquisa. Este processo
abrange todas as etapas da pesquisa, que vão desde a
geração de dados de pesquisa, que podem ser em um
experimento nas ciências, um estudo empírico nas
ciências sociais ou observações de fenômenos cultu-
rais, até a publicação dos resultados da pesquisa. Os
dados digitais de pesquisa são produzidos em dife-
rentes tipos de dados, níveis de agregação e formatos
de dados, informados pelas disciplinas de pesquisa e
seus métodos. (PAMPEL et al.,2013, p. 1, apud VI-
DOTTI et al., 2017, p. 224).

Desta forma, com o uso e o reuso dos dados de pesquisa,


caso estejam enquadrados na perspectiva da Ciência Aberta, o
pesquisador não precisará realizar os mesmos experimentos já
efetivados anteriormente em outras pesquisas, reduzindo assim
custos financeiros, de mão de obra e de tempo.

Os dados de pesquisa, a exemplo dos capturados pela


iniciativa ETH [Event Horizon Telescope], para terem
seu potencial para a geração de novos conhecimen-
tos aproveitados ao máximo, precisam ser comparti-
lhados com as comunidades científicas. Este compar-
tilhamento pode ser feito através de repositórios de
dados de pesquisa (DIAS; ANJOS; ARAÚJO, 2019, p.
8).

Acredita-se que toda instituição de pesquisa científica deva


participar desta nova prática científica conhecida como e-Science e
Ciência de Dados e disponibilizá-los em Repositório de Dados de
Pesquisa para prover e se usufruir dos benefícios concebidos por
ela. no Brasil o estado de São Paulo avança neste sentido, ao passo

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 67

que a FAPESP lança um Repositório de Dados Científicos que será


alimentado pelas universidade públicas do referido Estado, além
do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e da Embrapa, os
quais têm contribuído para ciência com possibilidade de alcançar
todas esferas da sociedade, seja social, política ou econômica.
Outro Repositório de Dados de Pesquisa no Brasil é a Base
de Dados Científicos da Universidade Federal do Paraná
(BDC/UFPR) “Lançada como projeto piloto, a BDC/UFPR visa reu-
nir os dados científicos utilizados nas pesquisas que foram publi-
cadas pela comunidade da UFPR em teses, dissertações, artigos de
revistas, e outros materiais bibliográficos.” (UFPB, 2020, online).

RESULTADOS: REPOSITÓRIO DE DADOS DE PESQUI-


SA EM UNIVERSIDADES ESTADUAIS DO NORDESTE

Considerando a importância do compartilhamento dos da-


dos de pesquisa no cenário científico atual e a chegada dessa prá-
tica ao Brasil, a partir do pioneirismo e da exigência pela FAPESP
no Estado de São Paulo, e dada a importância das IEES do Nordes-
te na pesquisa científica brasileira, ainda que sem publicações so-
bre estas Instituições, emergiu-se a necessidade de um estudo que
verificasse se esta prática tem ganhado terreno na Região.
Como primeiro passo da investigação, através do portal e-
MEC, localizou-se todas as IEES do Nordeste, e a partir desse le-
vantamento foram visitados os sítios institucionais de cada uma
das Universidades, em busca de Repositórios Institucionais e de
Repositórios de Dados de Pesquisa, tendo em vista a proximidade
desses sistemas informacionais.
A busca destes repositórios nos sítios institucionais das
IEES se deu incialmente nas páginas de suas respectivas Bibliote-
cas (onde normalmente estão localizados os links para os Reposi-
tórios).
Na ausência destes repositórios nas páginas das Bibliote-
cas, foi realizada uma segunda pesquisa no Google Busca (por ser
um dos mais eficientes buscadores da atualidade), com os termos

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 68

“Repositório de Dados de Pesquisa”, “Dados de Pesquisa”, associ-


ando estes termos aos nomes das respectivas IEES, entre aspas,
para que fossem recuperados com a exatidão da intensão de bus-
ca. Para que a busca se restringisse somente ao sítio da referida
IEES usou-se o termo “site” do Google, conforme orientações da
plataforma (GOOGLE, 2020, online).
A pesquisa identificou que nenhuma das IEES da Região
Nordeste desenvolveu um Repositório de Dados de Pesquisa. No
entanto, conforme é demonstrado na figura 1, apenas 40 % das
Instituições possuem Repositórios Institucionais, o que pode de-
notar que mesmo com a implementação deste tipo de repositório,
ainda não estão completamente enquadradas no cenário de e-
Science e, acredita-se que, diante disto, percebe-se que ainda há
um longo caminho a trilhar para figurar na Ciência de Dados.

FIGURA 1 – Relação de IEES do Nordeste com repositórios institucionais

FONTE: Dados da pesquisa (2020).

Na tabela 2 encontram-se relacionadas as IEES do Nordeste


investigadas e a análise realizadas em seus portais institucionais.
O propósito inicial era localizar as Instituições que possuíssem
Repositório de Dados de Pesquisa. Porém, ao constatar que ne-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 69

nhuma possuía, procedeu-se a busca por seus Repositórios Insti-


tucionais, tendo em vista que este é um dos passos iniciais e fun-
damentais para estruturação de um Repositório de Dados de Pes-
quisa por uma Instituição de Ensino Superior.
Na tabela2, no campo “Observação”, estão registradas sín-
teses da experiencia de localização das informações relativas aos
Repositórios Institucionais e seus equivalentes.

TABELA 2 – Relação de universidades estaduais do Nordeste versus repositó-


rios de dados/ repositórios institucionais

UF IEES RD RI OBSERVAÇÃO
AL UNIVERSIDADE Não Não Não dispõe de uma localização
ESTADUAL DE precisa das informações busca-
ALAGOAS – UNEAL das. Não foi localizado o RI,
nem uma página específica para
um sistema de Bibliotecas. Ao
clicar no link "Biblioteca" o
usuário é direcionado para uma
página que indica os Campi da
Universidade, mas não um sítio
da Biblioteca.
AL UNIVERSIDADE Não Não Dispõe de sítio da Biblioteca
ESTADUAL DE CI- com o acervo catalogado no
ÊNCIAS DA SAÚDE Pergamum, porém não possui
DE ALAGOAS – um Repositório Institucional.
UNCISAL
BA UNIVERSIDADE Não Não Na página principal há link para
ESTADUAL DE o sítio da Biblioteca, que consta
SANTA CRUZ – outro link para "Teses e Disser-
UESC tações", porém não há disponi-
bilização de nenhuma obra
online.
BA UNIVERSIDADE Não Não Na página principal, na guia
ESTADUAL DO "Ensino", há um link para a
SUDOESTE DA BA- biblioteca, porém indica o
HIA – UESB IBICT4 como BDTD5.

4 Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia,

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 70

BA UNIVERSIDADE DO Não Sim Logo na página principal há um


ESTADO DA BAHIA ícone que direciona para um
– UNEB Repositório Institucional,
http://www.saberaberto.uneb.
br/
BA UNIVERSIDADE Não Sim Na página principal há um íco-
ESTADUAL DE FEI- ne para "Bibliotecas" e no sítio
RA DE SANTANA – da Biblioteca há link para BDTD
UEFS da Instituição:
http://tede2.uefs.br:8080/
CE UNIVERSIDADE Não Não Na página principal há o link
ESTADUAL VALE "Sistemas de Bibliotecas", mas
DO ACARAÚ – UVA envia para uma página conten-
do um breve histórico do sis-
tema, composto por quatro
bibliotecas, mas não há sítio
próprio.
CE UNIVERSIDADE Não Não Sítio exclusivo para o vestibular
REGIONAL DO CA- da instituição.
RIRI – URCA
CE UNIVERSIDADE Não Sim Na página principal há um íco-
ESTADUAL DO ne que direciona para um Re-
CEARÁ – UECE positório Institucional,
https://siduece.uece.br/siduec
e/pesquisarItemPublico.jsf,
Integrado ao Oasisbr e BDTD
do IBICT.
MA UNIVERSIDADE Não Não Há um link na guia "Serviços"
ESTADUAL DA com o nome "Bibliotecas", mas
REGIÃO TOCANTI- envia a uma página com uma
NA DO MARANHÃO breve descrição da biblioteca,
– UEMASUL sem mais informações.
MA UNIVERSIDADE Não Sim Há um link na guia "Serviços"
ESTADUAL DO com o nome "Bibliotecas", que
MARANHÃO – UE- envia à página da Biblioteca, e
MA nela há um link para o RI,
http://repositorio.uema.br/,
porém até o dia que este ensaio
foi finalizado o sítio do Reposi-
tório estava fora do ar.

5 Biblioteca Digital de Teses e Dissertações.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 71

PB UNIVERSIDADE Não Sim Há um menu que, através dele,


ESTADUAL DA se encontra o link "Biblioteca
PARAÍBA – UEPB Central", e logo na página prin-
cipal da Biblioteca há um link
de acesso para o RI:
http://dspace.bc.uepb.edu.br/j
spui/
PE UNIVERSIDADE DE Não Não Há um link para o Pergamum,
PERNAMBUCO – porém nenhum para Biblioteca
UEPE e/ou RI.
PI UNIVERSIDADE Não Sim Na página principal há um íco-
ESTADUAL DO ne na seção "Serviços" que
PIAUÍ – UESPI direciona para o sítio da Biblio-
teca, e nesse há outro ícone que
direciona para uma página de
links que dispõe de um link de
acesso para Repositório Insti-
tucional
http://sistemas2.uespi.br:8080
/. Porém, pesquisando na fer-
ramenta Google o termo "Bibli-
oteca Digital" com o comple-
mento de busca "site:uespi.br"
localiza-se outra BDTD: siste-
mas2./bibliotecadigital/index.p
hp.
RN UNIVERSIDADE DO Não Não Na página principal há link para
ESTADO DO RIO o "Sistema de Bibliotecas" e na
GRANDE DO NOR- página desse sistema pode-se
TE – UERN acessar o catálogo do acervo,
que encontra-se integrado a
uma Biblioteca Digital, conten-
do as Teses e Dissertações,
porém não há um Repositório
Institucional específico.

FONTE: Dados da pesquisa (2020)

Desta forma, pode-se verificar que embora as IEES sejam


instituições importantes para educação e formação de pesquisa-
dores, Instituições responsáveis por promoverem pesquisas cien-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 72

tíficas, elas ainda não estão completamente inseridas nesse novo


fazer científico, bem como ainda não possuem Repositórios de
Dados Científicos.
Algumas dessas instituições como UNEAL, UNCISAL, UESC,
UESB, UVA, URCA, UEMASUL, UPE e UERN não possuem ainda
Repositórios Institucionais, embora a UESB redirecione para
BDTD do IBICT. No caso da URCA, a Universidade não possui nem
sítio institucional, apenas uma página web destinada ao seu vesti-
bular.
No entanto, há aquelas que estão bem estruturadas como
UNEB, UEFS, UECE, UEPB e UESPI, as quais diante do atual cenário
de divulgação científica mostram-se em consonância com as ten-
dências de divulgação e visibilidade de suas pesquisas, ainda que
não inseridas no contexto proposto pela e-Science. O RI da UEMA
durante todo o processo de produção deste capítulo se encontrava
fora do ar.
Embora sejam instituições reconhecidamente importantes
pela pesquisa no país, pondera-se que atualmente não dispõem de
mais incentivos para se enquadrarem nesse cenário científico, o
que permite verificar que no que tange à comunicação científica e
suas inserções na e-Science, como uma tendência para pesquisa,
estas Instituições ainda não se enquadraram.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste ensaio, com o objetivo de identificar a existência de


Repositório de Dados de Pesquisa dentro das Instituições Estadu-
ais de Ensino Superior do Nordeste, buscou-se por meio de uma
contextualização do surgimento das Universidade Públicas no
Brasil, verificar a importância da Universidade Estaduais para a
pesquisa científica no país.
Como o foco deste ensaio é investigar Repositório de Dados
Pesquisa, tentou-se elucidar o conceito de Dados Científicos, tendo
em vista que sua definição é ainda conflituosa frente aos demais

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 73

conceitos como informação e conhecimento, que muitas vezes se


misturam.
No delinear do conceito de dados científicos apresentou-se
uma breve fundamentação sobre como estes se configuram no
contexto da e-Science e como tendência científica evocam padrões
e a necessidade de implantação de um Repositório de Dados Pes-
quisa em Universidades e Centros de Pesquisas.
Por último foi certificado a não existência de Repositório de
Dados de Pesquisa nas IEES do Nordeste. Embora estas Institui-
ções conjuntas tenham bastante representatividade para os pes-
quisadores brasileiros, muitas não possuem nem Repositório Ins-
titucionais divulgando suas Teses e Dissertações.
Contudo, verificou-se que a Ciência Aberta é uma realidade
em desenvolvimento no meio científico, e o novo paradigma cien-
tífico conhecido como e-Science tem se consolidado cada vez mais
junto às instituições de pesquisa.
Isto posto, Instituições de pesquisa precisam acompanhar
este cenário contemporâneo para ampliar seus alcances científi-
cos permitindo acesso e adquirindo visibilidade e novas parcerias.
Deste ensaio surgem principalmente duas observações: as
IEES do Nordeste têm grande contribuição para pesquisa brasilei-
ra uma vez que são responsáveis pela formação de diversos pes-
quisadores; e, a maioria dessas Instituições não tem acompanhado
a evolução das práticas científicas do mundo, tendo em vista a es-
cassez de investimentos por parte dos governos Federal e Estadu-
al.
Por este trabalho ter se centrando no Nordeste, não é pos-
sível comparar os estados desta Região com a realidade do Estado
de São Paulo, no qual há uma união entre as IES públicas (Incluin-
do instituições Estaduais e Federais), e o Governo local destina
investimentos para atuação neste cenário, com incentivo de fo-
mentos pela FAPESP, o que as fazem estar bem à frente das de-
mais IEES do país.
No entanto, é necessário neste primeiro momento, que as
Instituições de Ensino do Nordeste foquem na criação de Reposi-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 74

tórios Institucionais, e posteriormente com apoio das agências de


fomento locais, desenvolvam seus Repositório de Dados de Pes-
quisa, fazendo, inclusive, associações regionais como a experiência
vivenciada em São Paulo, uma vez que em breve a exigência dos
repositórios de dados será lançada pelas grandes agências de fo-
mento nacionais como Capes e CNPq, com base nas políticas de
pesquisa, como o Governo Aberto e os Marcos do Compromisso
pela Ciência Aberta e este, consequentemente, será o futuro das
pesquisas nas IES do país.

REFERÊNCIAS

BARROS, M. O periódico científico 350 anos depois. In: PRADO, J. do. Ideias
emergentes em Biblioteconomia. São Paulo: Febab, 2016. p. 107-110.

BORGMAN, C.L. Big data, little data, no data: scholarship in the networked
world. Cambridge, Massachusetts; London, England: MIT Press Books, 2015.
383 p.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do


Brasil. Brasil, Art. 207. Disponível em:
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_18.02.2016/C
ON1988.asp

BRASIL. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional.

CARVALHO, R. R. da S. O PNE e as Universidades Estaduais Brasileiras: as-


simetrias institucionais, expansão e financiamento. 387 f. Tese (Doutorado) -
Curso de Educação, Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade
Federal de Goiás, Goiânia, 2018. Cap. 2.

CESAR JUNIOR, R. M. Apresentação à edição brasileira. In: HEY, T.; TANSLEY, S.;
TOLLE, K. O quarto paradigma: descobertas científicas na era da e-Science.
São Paulo: Oficina de Textos, 2011. p. 7-8.

DIAS, G. A.; ANJOS, R. L. dos; ARAÚJO, D. G. de. A gestão dos dados de pesquisa
no âmbito da comunidade dos pesquisadores vinculados aos programas de pós
graduação brasileiros na área da Ciência da Informação: desvendando as práti-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 75

cas e percepções associadas ao uso e reuso de dados. Liinc em Revista, Rio de


Janeiro, v. 15, n. 2, p.5-31, nov. 2019. Disponível em:
http://revista.ibict.br/liinc/article/view/4683 Acesso em: 04 jan. 2019.

FÁVERO, M. de L. de A. A universidade no Brasil: das origens à reforma univer-


sitária de 1968. Educar em Revista, [s.l.], n. 28, p. 17-36, dez. 2006. Disponível
em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
40602006000200003&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 26 jun. 2020.

GOOGLE. Refinar pesquisas na Web. Disponível em:


https://support.google.com/websearch/answer/2466433?hl=pt-BR. Acesso
em: 20 jun. 2020

GRÁCIO, J. C. A. Preservação digital: aspectos técnicos. In: GRÁCIO, J. C. A. Pre-


servação digital na gestão da informação: um modelo processual para as
instituições de ensino superior. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012. p. 109-
154.

HENNING, P. C. et al. GO FAIR e os princípios FAIR: o que representam para a


expansão dos dados de pesquisa no âmbito da Ciência Aberta. Em Questão,
[s.l.], v. 25, n. 2, p.389-412, 26 abr. 2019. Faculdade de Biblioteconomia Comu-
nicação. http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.389-412.

HEY, T.; TANSLEY, S.; TOLLE, K. O quarto paradigma: descobertas científicas


na era da e-Science. São Paulo: Oficina de Textos, 2011. 263 p. Tradução de
Leda Maria Marques Dias Beck.

IBICT. Ibict e CNPq assinam Acordo de Cooperação para o repositório Lat-


tes Data. 2019. Disponível em: http://www.ibict.br/sala-de-
imprensa/noticias/item/1952-ibict-e-cnpq-assinam-acordo-de-cooperacao-
para-o-repositorio-lattes-data. Acesso em: 26 jun. 2020.

INEP. Sinopses Estatísticas da Educação Superior: graduação, 2018. Inep,


2019. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-
estatisticas-da-educacao-superior/. Acesso em: 27 jan 2020.

INVESTSP (São Paulo) (ed.). 99% das pesquisas são feitas pelas universida-
des públicas. 2018. Disponível em: https://www.investe.sp.gov.br/noticia/99-
das-pesquisas-sao-feitas-pelas-universidades-publicas/. Acesso em: 11 jun.
2020.

MARCONDES, C. H. et al. Bibliotecas digitais: saberes e práticas. Salvador:


EDUFBA, 2005. 278 p.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 76

MARTINS, C. B. O ensino superior brasileiro nos anos 90. São Paulo em Pers-
pectiva, [s.l.], v. 14, n. 1, p. 41-60, mar. 2000.

OLIVEN, A. C. Histórico da educação superior no Brasil. In: SOARES, M. S. A. A


Educação Superior no Brasil. Porto Alegre: Instituto Internacional Para A
Educação Superior na América Latina e no Caribe IESALC, 2002. Cap. 1. p. 24-
38.

PORTUGAL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Sobre Ciência


Aberta. Disponível em: https://www.ciencia-aberta.pt/sobre-ciencia-aberta/.
Acesso em: 04 jan. 2020.

RODRIGUES, E. et al. – RepositóriUM: criação e desenvolvimento do Repositório


Institucional da Universidade do Minho. In: CONGRESSO NACIONAL DE BI-
BLIOTECÁRIOS, ARQUIVISTAS E DOCUMENTALISTAS, 8, Estoril, 2004 - “Nas
encruzilhadas da informação e da cultura : (re)inventar a profissão” : actas.
[CD-ROM]. Lisboa : Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Do-
cumentalistas, 2004. ISBN 972-9067-36-8.

SETZER, V. W. Dado, Informação, Conhecimento e Competência. 2015. Dep-


to. de Ciência da Computação, Universidade de São Paulo. Disponível em:
https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/dado-info.html Acesso em: 30 ago. 2019.

SAMPAIO, H.; BALBACHESKY, E.; PEÑALOZA, V. Universidades Estaduais no


Brasil: características institucionais. São Paulo: Nupes, [1998]. Disponível em:
http://nupps.usp.br/downloads/docs/dt9804.pdf. Acesso em: 11 jun. 2020.

SAYÃO, L. F.; SALES, L. F. Algumas considerações sobre os repositórios digitais


de dados de pesquisa. Informação & Informação, Londrina, v.21, n.2, p.90-
115, mai./ago., 2016.

SILVA SEGUNDO, S. J. da; ARAÚJO, W. J. de. CURADORIA E CICLO DE VIDA DOS


DADOS. In: DIAS, G. A.; OLIVEIRA, B. M. J. F. de (org.). Dados científicos: pers-
pectivas e desafios. João Pessoa: Editora UFPB, 2019. p. 113-152.

SOUZA, D. G. de; MIRANDA, J. C.; SOUZA, F. dos S. Breve histórico acerca da


criação das universidades no Brasil. Educação Pública, v. 19, nº 5, 12 de mar-
ço de 2019. Disponível em
https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/19/5/breve-historico-acerca-
da-criacao-das-universidades-no-brasil. Acesso em: 20 fev 2020.

UNIFESP. Universidades públicas realizam mais de 95% da ciência no Bra-


sil. 2019. Disponível em: https://www.unifesp.br/noticias-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 77

anteriores/item/3799-universidades-publicas-realizam-mais-de-95-da-
ciencia-no-brasil. Acesso em: 26 jun. 2020.

UFPB. Base de Dados Científicos. Disponível em: https://bdc.c3sl.ufpr.br/.


Acesso em: 20 jun. 2020.

VIDOTTI, S. A. B. G. et al. Repositório de Dados de Pesquisa para Grupo de Pes-


quisa: um projeto piloto. Informação & Tecnologia, João Pessoa, v. 4, n. 2,
p.221-242. Não é um mês valido! 2017. Semestral. Disponível em:
https://periodicos.ufpb.br/index.php/itec/article/view/40198 Acesso em: 04
jan. 2020.

WILKINSON, M. D.; DUMONTIER, M.; AALBERSBERG, I. J; APPLETON, G.; AX-


TON, M.; BAAK, A.; BLOMBERG, N.; BOITEN, J-W.; SANTOS, L. B. da S.; BOURNE,
P. E. The FAIR Guiding Principles for scientific data management and ste-
wardship. Scientific Data, [s.l.], v. 3, n. 1, p. 1-9, 15 mar. 2016. Springer Science
and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1038/sdata.2016.18. Disponível
em: https://www.nature.com/articles/sdata201618#article-info. Acesso em:
09 maio 2020.

ZIEGLER, M. F. Fapesp lança Rede de Repositórios de Dados Científicos:


Ferramenta permite acesso aos dados gerados em pesquisas científicas de insti-
tuições de SP. 2019. Disponível em:
https://www2.unesp.br/portal#!/noticia/35405/fapesp-lanca-rede-de-
repositorios-de-dados-cientificos-/ Acesso em: 05 jan. 2020.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 78

4
VERIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS DE ACESSIBILIDADE PARA
USUÁRIOS DEFICIENTES NOS REPOSITÓRIOS DE DADOS
CIENTÍFICOS DATAVERSE E DRYAD
ÍTALO JOSÉ BASTOS GUIMARÃES 1
LEVI CADMIEL AMARAL DA COSTA 2
ARTHUR FERREIRA CAMPOS3
MARCKSON ROBERTO FERREIRA DE SOUSA4

INTRODUÇÃO

A web está efetivamente mais presente no cotidiano das


pessoas, tanto pela diversidade de informações que disponibiliza
quanto pela adesão mundial de seus diversos produtos e serviços.

1 Professor do Instituto Federal Goiano. Doutorando em Ciência da Informação


pela UFPB. Mestre em Ciência da Informação e Bacharel em Administração pela
UFPB.
2 Mestrando em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba.

Bacharel em Administração pela UFPB.


3 Doutorando e Mestre em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-

Graduação em Ciência da
Informação da Universidade Federal da Paraíba (PPGCI/UFPB). Graduando em
Arquivologia pela
UFPB. Graduado em Biblioteconomia pela UFRN.
4 Professor do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da

Informação e do Programa de Pós-Graduação em Gestão nas Organizações


Aprendentes da Universidade Federal da Paraíba. Líder do Grupo de Pesquisa
Renovatio - Estudos sobre Disrupção, Interação e Aspectos Jurídicos da Infor-
mação. Doutor em Engenharia Elétrica pela UFPB.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 79

Os usuários estão mais participativos no processo de interação e


uso das tecnologias, utilizando a internet em diversos momentos
do dia, compartilhando informações pelos seus smartphones em
tempo real para sua rede de contatos, enviando e-mails de seus
notebooks no local de trabalho ou registrando fotos em suas mí-
dias sociais.
Do ponto de vista científico, pesquisadores de instituições
de ensino superior produzem dados oriundos de pesquisas aca-
dêmicas nos diversos países do mundo. Reservada as proporções,
as pesquisas científicas geram dados que necessitam ser tratados,
armazenados, preservados, compartilhados e gerenciados. De
acordo com Borgman (2015) dados são representações da obser-
vação, objetos ou outras entidades utilizadas como evidência de
fenômenos científicos, que necessitam estar inseridos em um con-
texto.
Nesse cenário, surgem os repositórios de dados digitais,
que atuam como plataformas que permitem os pesquisadores ar-
mazenarem os dados de suas pesquisas. O Dataverse é um exem-
plo de software livre que permite compartilhar, preservar, citar,
explorar e analisar os dados de pesquisa (DATAVERSE, 2017). O
Dryad também atua como repositório digital para dados oriundos
de estudos científicos. É uma associação sem fins lucrativos for-
mada por qualquer parte interessada, incluindo revistas científi-
cas, editores de revistas, instituições de pesquisa, bibliotecas e
organizações de financiamento, atuando que oferece um software
em formato de plataforma livre que fornece infraestrutura digital
para armazenamento, compartilhamento e exploração de dados
científicos (DRYAD, 2017).
Percebe-se, portanto, o avanço da web enquanto platafor-
ma e números considerados de dados produzidos na web, além da
dimensão dos dados científicos e a necessidade do surgimento de
sites para auxiliar os pesquisadores na curadoria dos dados. Por
outro lado, pode-se questionar: até que ponto as páginas dos re-
positórios de dados, Dataverse e Dryad são acessíveis para usuá-
rios com deficiências físicas ou mentais? Será que se pode garantir
o acesso a estes usuários? De que forma as páginas do DRYAD e
SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2
D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 80

DATAVERSE são projetadas? São suficientes para que os usuários


deficientes possam navegar, armazenar, preservar, explorar ou
compartilhar dados científicos? Existem barreiras de acessibilida-
de? Em busca de respostas para estas perguntas, busca-se apre-
sentar nesta investigação uma avaliação da acessibilidade nas su-
as páginas.
De acordo com a OMS (2011), cerca de 40 milhões de pes-
soas no mundo são cegas, ao passo que 135 milhões possuem limi-
tações na visão. Ainda há uma estimativa de que até 2020 o núme-
ro de deficientes poderá dobrar. Em relação aos surdos, a OMS
(2011) destaca que são mais de 42 milhões de pessoas no mundo
que possuem alguma deficiência, seja moderada ou profunda. Os
cadeirantes representam a maior minoria do mundo, pois são cer-
ca de 650 milhões de pessoas. O número total de pessoas que pos-
suem alguma deficiência pode alcançar 1 bilhão. Essas pessoas
sentem a necessidade de usufruir os serviços da Web, mas tem
algumas limitações por falta de estratégias de inclusão digital.
Em relação aos repositórios de dados digitais, os fatores
limitantes dificultam ou até impedem os usuários de acessarem
dados que podem ser úteis para o desenvolvimento de pesquisas
ou inserção de seus próprios dados científicos na plataforma, além
de impossibilitá-los na preservação e compartilhamento de seus
dados. Sendo assim, entende-se que a inserção dos usuários defi-
cientes no ambiente digital é fundamental para promover a igual-
dade de oportunidades na sociedade. Nesta percepção Araújo,
Guimarães e Sousa (2018) relatam que tornar um ambiente digital
acessível é primordial, pois proporcionará a igualdade de oportu-
nidades pelos usuários, pois o obstáculo é envolver diversas par-
tes para sintetizarem o desenvolvimento das ações, visando aten-
der as necessidades dos usuários deficientes.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A abordagem metodológica utilizada foi quantitativa, com


base nos relatórios de avaliação emitidos pelo validador de aces-
sibilidade na web DaSilva (2015). O validador é um produto de
SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2
D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 81

software lançado pelo instituto Acessibilidade Brasil. A plataforma


permite avaliar o nível de acessibilidade de uma determinada pá-
gina. A avaliação é iniciada ao inserir o link da página que deve ser
analisada. Um relatório completo é emitido com base nas três pri-
oridades do WCAG 2.0, como também nas recomendações do
eMAG. O relatório apresenta com detalhes quais foram os erros
encontrados, emite avisos de alerta, elenca os pontos de verifica-
ção que precisam de ajustes, apresenta o número de ocorrências
de erros e avisos, além de expor o local onde os erros foram detec-
tados no código fonte da página.
Quanto à natureza, pode ser classificada como pesquisa
aplicada. De acordo com Gerhardt e Silveira (2009), esse tipo de
pesquisa está relacionada com a aplicação prática, ou seja, gerar
conhecimento e propor soluções com base nos problemas detec-
tados pelo pesquisador. O objetivo da avaliação de acessibilidade
nos repositórios de dados é descrever os resultados encontrados,
portanto, classifica-se como pesquisa exploratória.
A avaliação de acessibilidade dos repositórios digitais
ocorreu baseada nos relatórios emitidos pelo validador DaSilva
(2015). Foi realizada através do método de inspeção, pois não en-
volveu a participação direta dos usuários, apenas do sistema de-
senvolvido que analisa o código-fonte da página web e detecta
possíveis erros e avisos sobre algum item que pode gerar dificul-
dade de interpretação dos leitores de tela. O software emite um
relatório detalhado com base nas recomendações do WCAG 2.0 e
do eMAG. Desta forma, foi possível coletar os dados, analisar e
propor sugestões de melhoria.

RESULTADOS

Avaliação do DATAVERSE

A página inicial do DATAVERSE apresenta um menu supe-


rior horizontal com links que direcionam o usuário para saber
mais sobre o projeto de repositório de dados, comunidade (equi-
pe) envolvida, recomendações, apresentação do software e como
SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2
D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 82

entrar em contato com a instituição. Na parte central, apresenta


de que forma pesquisadores, revistas científicas, instituições e
desenvolvedores podem se beneficiar com o projeto e também
auxiliar na sua evolução. Na parte inferior, utiliza-se um mapa
destacando os países que utilizam o software do repositório de
dados, onde o usuário vidente pode utilizar o zoom, selecionar o
país ou região de sua escolha. A figura 1 é uma representação da
página inicial.

Figura 1 – Página inicial do DATAVERSE

Fonte: https://dataverse.org/. Acesso em: 19 jun. 2019.

O quadro 1, contém o resultado da avaliação de acessibili-


dade da página inicial do DATAVERSE. Os parâmetros seguem o
relatório emitido pelo validador automático DaSilva (2015) que se

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 83

baseia nas normas e padrões estipulados pelo WCAG 2.0. Foi feita
uma avaliação da página inicial, com a finalidade de conhecer os
elementos que precisam ser ajustados para que possa alcançar um
nível satisfatório de componentes que permitam o acesso a qual-
quer deficiente à página que tem sua relevância acadêmica e cien-
tífica.

Quadro 1 – Avaliação de acessibilidade da página inicial do DATAVERSE

Prioridade 1: Pontos que os criadores de conteúdo web devem satisfazer


inteiramente. Se não o fizerem, um ou mais grupos de usuários ficarão impos-
sibilitados de acessar as informações contidas no documento. A satisfação
desse tipo de pontos é um requisito básico para que determinados grupos
possam acessar documentos disponíveis na web.
PONTOS DE AVALIAÇÃO OCORRÊNCIAS
Conteúdo Não Textual: Todo o conteúdo não textual
que é apresentado ao usuário tem uma alternativa em 5
texto que serve um propósito equivalente.
Ignorar Blocos: Está disponível um mecanismo para
ignorar blocos de conteúdo que são repetidos em vá- 7
rias páginas web.
Finalidade do Link (Em Contexto): A finalidade de cada
link pode ser determinada apenas a partir do texto do
link ou a partir do texto do link juntamente com o
2
respectivo contexto do link determinado de forma
programática, exceto quando a finalidade do link for
ambígua para os usuários em geral.
Linguagem da Página: A Linguagem humana pré-
definida de cada página Web pode ser determinada de 1
forma programática.
Nome, Função, Valor: Para todos os componentes de
interface de usuário (incluindo, mas não se limitando
a: elementos de formulário, links e componentes gera-
dos por scripts), o nome e a função podem ser deter-
minados de forma programática; os estados, as pro-
1
priedades e os valores que podem ser definidos pelo
usuário podem ser definidos de forma programática; e
a notificação sobre alterações a estes itens está dispo-
nível para agentes de usuário, incluindo tecnologias
assistivas.
Prioridade 2: Pontos que os criadores de conteúdo na Web deveriam satisfa-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 84

zer. Se não o fizerem, um ou mais grupos de usuários terão dificuldades em


acessar as informações contidas no documento. A satisfação desse tipo de
pontos promoverá a remoção de barreiras significativas ao acesso a documen-
tos disponíveis na Web.
PONTOS DE AVALIAÇÃO OCORRÊNCIAS
Identificação Consistente: Os componentes que têm a
mesma funcionalidade num conjunto de páginas Web 5
são identificados de forma consistente.
TOTAL DE ERROS ENCONTRADOS 21

Fonte: Dados da Pesquisa com base no validador Da Silva (2015)

A avaliação leva em consideração as três prioridades esta-


belecidas pelo WCAG 2.0. Contudo, apenas as duas primeiras prio-
ridades apresentaram erros, totalizando 21 ocorrências. Foram
detectados cinco fatos em que ocorrem o erro de conteúdo não
textual, ou seja, são elementos que não podem ser reconhecidos
pelos sistemas de tecnologia assistiva, que ajudam os usuários
deficientes no processo de interação com páginas na web. Com a
constatação de elementos não textuais, usuários cegos podem não
ter acesso às informações disponíveis, pois os programas que uti-
lizam não podem transmitir a informação corretamente. Podem
ser figuras, gráficos ou elementos visuais diversos que não possu-
em a devida descrição do que cada um representa.
O erro mais comum detectado pelo validador foi a presença
de elementos que não oferecem uma navegação de forma sequen-
cial para os atalhos, ou seja, a forma como a página foi desenvolvi-
da não possibilita que o usuário tenha acesso mais direto ao con-
teúdo que é de seu interesse, impedindo-o de ignorar os blocos de
conteúdo que são repetidos. Quando uma página não possui ele-
mentos que torna possível ignorar blocos, os usuários podem ter
dificuldade de navegação, como por exemplo, ascender rapida-
mente ao topo da página ou a um conteúdo que seja de seu inte-
resse.
O relatório apontou a ocorrência de links sem a descrição
de sua finalidade, isto é, os usuários deficientes podem até ter
acesso a um determinado link, porém, terá sua navegação com-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 85

prometida, pois não saberá para onde será direcionado. Outra


barreira informacional identificada foi a ausência de linguagem na
página, o que gera mais dificuldade de entendimento do conteúdo
ao usuário com deficiência. É preciso identificar o idioma da pági-
na para permitir que as tecnologias assistivas identifiquem com
mais facilidade e possam transmitir o conteúdo corretamente.
Portanto, deve-se padronizar o idioma e determiná-lo de forma
programática.
Outra lacuna identificada foi na prioridade 1 é a ausência
de elementos programados que garantam as tecnologias assistivas
a possibilidade de reunir informações sobre configurar, ativar e
manter-se atualizado sobre o status dos controles da interface de
áudio.
Se os desenvolvedores sanarem as lacunas detectadas, será
possível cumprir com os requisitos básicos e permitirão que usuá-
rios deficientes possam ter acesso às informações contidas na pá-
gina avaliada. Solucionar esses problemas deve ser prioridade 1,
pois são pontos em que os desenvolvedores devem satisfazer in-
teiramente.
Elementos que são importantes e, porém, cruciais, são des-
tacados pela prioridade 2, pois representam pontos que os criado-
res de conteúdo na web deveriam satisfazer. Ao sanar os proble-
mas detectados nessa prioridade, será possível a remoção de bar-
reiras significativas ao acesso a documentos disponíveis na web.
Foram detectadas cinco ocorrências nas quais há uma identifica-
ção inconsistente dos elementos nas páginas. O ideal é padronizar
os componentes por meio de uma identificação consistente com
elementos tradicionais e conhecidos, garantindo assim, a familia-
ridade do usuário com a página. Se as funções nas páginas tiverem
rótulos similares aos utilizados na maioria das páginas, apresenta-
rá maiores facilidades de navegação.
A prioridade 3 não apresentou nenhuma ocorrência de er-
ro. São pontos que os criadores de conteúdo na web podem satis-
fazer. Se não o fizerem, um ou mais grupos poderão se deparar
com algumas dificuldades em acessar informações contidas nos

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 86

documentos. A satisfação deste tipo de ponto irá melhorar o aces-


so a documentos armazenados na Web, coadunando a este fator
Santos (2016) discorre que a acessibilidade nos documentos ar-
mazenados na Web possibilita busca a sintetização de uma socie-
dade mais presente e igualitária, tornando o acesso aos documen-
tos mais democráticos.
Em relação a avaliação das diretrizes estabelecidas pelo E-
MAG, também é possível compreender alguns elementos que pre-
cisam ser ajustados na página inicial do DATAVERSE. O quadro 2
sintetiza os resultados encontrados com base no validador Da Sil-
va (2015).

Quadro 2 – Avaliação de acessibilidade da página inicial do DATAVERSE

PONTOS DE AVALIAÇÃO OCORRÊNCIAS


É essencial seguir os padrões de desenvolvimento
Web, do W3C (World Wide Web Consortium), com o
1
intuito de maximizar a compatibilidade com atuais e
futuros agentes de usuário.
Links adjacentes devem ser separados por mais do
que simples espaços, para que não fiquem confusos,
em especial para usuários que utilizam leitor de
tela. Para isso, é recomendado o uso de listas, onde
2
cada elemento dentro da lista é um link. As listas
podem ser estilizadas com CSS para que os itens
sejam mostrados da maneira desejada, como um ao
lado do outro, por exemplo.
Deve-se garantir que scripts, Flash, conteúdos dinâ-
micos e outros elementos programáveis sejam aces-
síveis. Se não for possível que o elemento progra-
mável seja diretamente acessível, deve ser fornecida
uma alternativa em HTML para o conteúdo. Assim, é 13
preciso garantir que o conteúdo e as funcionalida-
des de objetos programáveis sejam acessíveis aos
recursos de tecnologia assistiva e que seja possível
navegação por teclado.
Deve-se identificar claramente o destino de cada
link, informando, inclusive, se o link remete a outro
sítio. Além disso, é preciso que o texto do link faça 1
sentido mesmo quando isolado do contexto da pá-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 87

gina. É preciso tomar cuidado para não utilizar o


mesmo título para dois ou mais links que apontem
para destinos diferentes.

Deve ser fornecida uma descrição para as imagens


da página, utilizando-se o atributo alt. Imagens que
4
não transmitem conteúdo, ou seja, imagens decora-
tivas, devem ser inseridas por CSS.

Fonte: Dados da Pesquisa com base no validador Da Silva (2015)

A avaliação com base no E-MAG, recomendou que a página


utilize os padrões de desenvolvimento Web, desenvolvido pelo
W3C, com a finalidade de maximizar a compatibilidade com atuais
e futuros usuários. É fundamental desenvolver uma página com
padrões, pois facilita a navegação e adaptação dos usuários defici-
entes no processo de interação com o conteúdo. Tudo se torna
mais simples, intuitivo e prático. Por isso, recomenda-se a utiliza-
ção de padrões de desenvolvimento.
Foram detectados links adjacentes sem separação clara de
espaços entre cada um deles. Desta forma, os links ficam confusos,
especialmente para usuários cegos que utilizam os leitores de tela
para auxiliar na navegação das páginas. Para isso, recomenda-se o
uso de listas, onde cada elemento dentro da lista é um link.
O erro detectado com maior frequência foi a falta de aces-
sibilidade para elementos scripts, flash e conteúdos dinâmicos.
Neste caso, se não for possível programar estes elementos, deve-
se fornecer uma alternativa em HTML para o conteúdo. Desta
forma, todos os elementos audiovisuais devem ter uma descrição
alternativa para que as tecnologias assistivas possam transmitir o
conteúdo para os usuários com deficiência.
Além disso, é necessário identificar claramente o destino
de cada link na página. Deve-se descrever para o usuário para on-
de ele irá ser direcionado caso escolha clicar em um determinado
link, e que o texto utilizado para descrição faça sentido mesmo
quando ficar isolado do contexto da página. Ademais, deve-se to-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 88

mar cuidado para não utilizar o mesmo título para dois ou mais
links que apontem para destinos diferentes.
Por fim, deve-se realizar a descrição das imagens da página,
pois os produtos de software utilizados pelos usuários deficientes,
não conseguem transmitir corretamente a informação das ima-
gens sem a sua devida descrição. Imagens que não transmitem
conteúdo, isto é, imagens decorativas, devem ser inseridas por
Cascading Style Sheets (CSS).

AVALIAÇÃO DO DRYAD

A página inicial do DRYAD apresenta um menu superior


horizontal com links que direcionam o usuário para saber mais
sobre a instituição, onde é possível obter informações sobre a
equipe de trabalho, política de acesso, blog de notícias, oportuni-
dades de emprego e dúvidas gerais. Ainda no menu horizontal, é
possível saber a utilidade do DRYAD para pesquisadores, conten-
do informações sobre submissão dos dados, uso dos dados, paga-
mentos, dúvidas frequentes e termos de uso. Em seguida, o link
para organizações ou empresas que têm interesse de utilizar o
repositório de dados, pode ter acesso a informações sobre como
fazer parte do DRYAD, planos de pagamentos e como integrar-se à
plataforma.
Acima do menu são apresentados ícones que remetem o
usuário as mídias sociais utilizadas pelo repositório de dados para
interagir com os usuários: twitter, Facebook e blog. Abaixo do me-
nu está um banner com transição automática onde são apresenta-
das algumas informações sobre a página. No lado direito, tem o
link de submissão dos dados e logo abaixo uma ferramenta de
busca para que os usuários possam filtrar os dados que estão in-
seridos na plataforma. A busca pode ser realizada por palavras-
chave, autor, título ou número do DOI. A figura 2 representa a pá-
gina inicial do DRYAD.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 89

Figura 2 – Página inicial do DRYAD

Fonte: http://datadryad.org/. Acesso em: 19 jun. 2019.

Na parte central da página é possível verificar as publica-


ções recentes. Logo ao lado, apresentam-se as novidades publica-
das no twitter e abaixo desta ferramenta os usuários podem ca-
dastrar o e-mail para fazer parte do banco de dados da organiza-
ção. O quadro 3 apresenta o resultado da avaliação de acessibili-
dade da página inicial, onde os parâmetros seguem o relatório
emitido pelo validador DaSilva (2015) e baseia-se no WCAG 2.0.

Quadro 3 – Avaliação de acessibilidade da página inicial do DRYAD

Prioridade 1: Pontos que os criadores de conteúdo Web devem satisfazer


inteiramente. Se não o fizerem, um ou mais grupos de usuários ficarão impos-
sibilitados de acessar as informações contidas no documento. A satisfação
desse tipo de pontos é um requisito básico para que determinados grupos
possam acessar documentos disponíveis na Web.
PONTOS DE AVALIAÇÃO OCORRÊNCIAS
Conteúdo Não Textual: Todo o conteúdo não textual que é
3
apresentado ao usuário tem uma alternativa em texto que

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 90

serve um propósito equivalente.


Nome, Função, Valor: Para todos os componentes de interfa-
ce de usuário (incluindo, mas não se limitando a: elementos
de formulário, links e componentes gerados por scripts), o
nome e a função podem ser determinados de forma progra-
mática; os estados, as propriedades e os valores que podem 2
ser definidos pelo usuário podem ser definidos de forma
programática; e a notificação sobre alterações a estes itens
está disponível para agentes de usuário, incluindo tecnologi-
as assistivas.
Informações e Relações: As informações, a estrutura e as
relações transmitidas através de apresentação podem ser
35
determinadas de forma programática ou estão disponíveis
no texto.
Etiquetas ou Instruções: Etiquetas ou instruções são forne-
cidas quando o conteúdo exigir a entrada de dados por parte 1
do usuário.
Ignorar Blocos: Está disponível um mecanismo para ignorar
blocos de conteúdo que são repetidos em várias páginas 4
Web.
Linguagem da Página: A Linguagem humana pré-definida de
cada página Web pode ser determinada de forma programá- 1
tica.
Prioridade 2: Pontos que os criadores de conteúdo na Web deveriam satisfa-
zer. Se não o fizerem, um ou mais grupos de usuários terão dificuldades em
acessar as informações contidas no documento. A satisfação desse tipo de
pontos promoverá a remoção de barreiras significativas ao acesso a documen-
tos disponíveis na Web.
PONTOS DE AVALIAÇÃO OCORRÊNCIAS
Identificação Consistente: Os componentes que têm a mes-
ma funcionalidade num conjunto de páginas Web são identi- 5
ficados de forma consistente.
TOTAL DE ERROS ENCONTRADOS 51

Fonte: Dados da Pesquisa com base no validador DaSilva (2015)

O nível de prioridade 1 corresponde aos pontos que os cri-


adores de conteúdo devem satisfazer inteiramente. Logo, foram
detectados seis aspectos que não são contemplados na página ini-
cial do DRYAD. Destes, o primeiro item detecta três ocorrências de
conteúdo não textual, onde as informações disponíveis na página

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 91

não podem ser transmitidas, pois não há a descrição dos elemen-


tos. O fornecimento de alternativas de texto permite que a infor-
mação seja processada de várias maneiras por diversos usuários
diferentes.
Foram detectadas duas ocorrências de erro em relação aos
componentes de interface (nome, função, valor). O objetivo de
corrigir este erro é permitir que as tecnologias assistivas possam
reunir informações sobre: nome, função e valor, configurar e atua-
lizar o status dos controles da interface do usuário no conteúdo.
Se os elementos da interface forem usados de acordo com as espe-
cificações, será possível ter acesso às informações disponíveis na
página.
A maior ocorrência de erro foi em relação às informações e
relações, totalizando 35 vezes. A finalidade de corrigir este pro-
blema é garantir que as informações e as relações que estão implí-
citas na formatação de elementos visuais ou auditivos sejam pre-
servadas quando o formato de apresentação for alterado. As es-
truturas determinadas por programação ou disponíveis no texto
garantem que as informações importantes sejam perceptíveis a
todos.
Outra lacuna detectada relaciona-se com a ausência de eti-
quetas (rótulos) ou instruções fornecidas para os usuários quando
se deparam com um formulário. Ao navegar, uma pessoa deficien-
te precisa saber qual dado deve inserir no formulário, e para que
isso ocorra de forma clara, é preciso inserir instruções ou rótulos.
Quatro ocorrências de erro sobre a ausência de um meca-
nismo para ignorar os blocos de conteúdo que estão repetidos na
página foram detectadas. O objetivo de corrigir este erro é permi-
tir que as pessoas que navegam sequencialmente através do con-
teúdo tenham acesso mais direto ao conteúdo principal da página
da Web. É muito comum os usuários utilizarem atalhos de navega-
ção para explorar com mais velocidade os elementos contidos nas
páginas. Portanto, a opção de ignorar blocos de conteúdo auxilia a
navegação de pessoas com deficiência.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 92

O último erro da prioridade 1 foi a ausência de padrão de


idioma do texto utilizado na página avaliada. Quando se adota o
padrão, neste caso, o inglês, os leitores de tela podem emitir a
pronúncia correta ou transmitir as legendas corretamente aos
usuários com deficiência. Portanto, é recomendado determinar o
idioma padrão da página.
A prioridade 2 apresenta itens que os criadores de conteú-
do deveriam satisfazer. Nela, foram detectadas cinco ocorrências
de erro de falta de identificação consistente, onde a sua correção
pode padronizar os elementos de identificação de conteúdo na
página, ou seja, os usuários poderão operar no site utilizando ele-
mentos de navegação que já tem familiaridade. Quanto menor for
a incidência de padrões, mais a página pode ficar confusa e au-
mentar a carga cognitiva para pessoas que já possuem suas limita-
ções. A prioridade 3, assim como na avaliação do DATAVERSE, não
apresentou nenhuma ocorrência.
Por meio da avaliação das diretrizes estabelecidas pelo E-
MAG, também é possível compreender alguns elementos que pre-
cisam ser ajustados na página inicial do DRYAD. O quadro 4 apre-
senta os resultados encontrados com base no validador DaSilva
(2015).

Quadro 4 – Avaliação de acessibilidade da página inicial


do DRYAD com base no E-MAG

PONTOS DE AVALIAÇÃO OCORRÊNCIAS


Links adjacentes devem ser separados por mais do que
simples espaços, para que não fiquem confusos, em espe-
cial para usuários que utilizam leitor de tela. Para isso, é
recomendado o uso de listas, onde cada elemento dentro 9
da lista é um link. As listas podem ser estilizadas com CSS
para que os itens sejam mostrados da maneira desejada,
como um ao lado do outro, por exemplo.
Deve-se garantir que scripts, Flash, conteúdos dinâmicos
e outros elementos programáveis sejam acessíveis. Se
não for possível que o elemento programável seja dire- 22
tamente acessível, deve ser fornecida uma alternativa em
HTML para o conteúdo. Assim, é preciso garantir que o

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 93

conteúdo e as funcionalidades de objetos programáveis


sejam acessíveis aos recursos de tecnologia assistiva e
que seja possível navegação por teclado.
Deve ser fornecida uma descrição para as imagens da
página, utilizando-se o atributo alt. Imagens que não
2
transmitem conteúdo, ou seja, imagens decorativas, de-
vem ser inseridas por CSS.
O título da tabela deve ser definido pelo elemento caption
e deve ser o primeiro elemento utilizado após a declara-
ção do elemento table. Em casos de tabelas extensas,
2
deve ser fornecido um resumo de seus dados através do
atributo summary que deve ser declarado no elemento
table.
Em tabelas de dados simples o uso apropriado do ele-
mento th para os cabeçalhos e do elemento td para as
células de dados é essencial para torná-las acessíveis.
Para incrementar a acessibilidade, deve-se utilizar os
elementos thead, tbody e tfoot, para agrupar as linhas de
cabeçalho, do corpo da tabela e do final, respectivamente,
34
com exceção de quando a tabela possuir apenas o corpo,
sem ter seções de cabeçalho e rodapé. O W3C sugere
utilizar o tfoot antes do tbody dentro da definição table
para que o agente de usuário possa renderizar o rodapé
antes de receber todas (potencialmente numerosas) li-
nha de dados.
As etiquetas de texto (label) devem estar associadas aos
seus campos (input) correspondentes no formulário,
3
através dos atributos for do label e id do input, os quais
deverão ter o mesmo valor.
Quando um elemento de formulário receber o foco, não
deve ser iniciada uma mudança automática na página que
1
confunda ou desoriente o usuário. Assim, as mudanças
devem ocorrer através do acionamento de um botão.
Para conteúdo que exigir entrada de dados por parte do
usuário, devem ser fornecidas, quando necessário, ins-
2
truções de preenchimento juntamente com as etiquetas
(label).

Fonte: Dados da Pesquisa com base no validador DaSilva (2015)

Por meio da avaliação baseada no E-MAG, foi possível de-


tectar 9 ocorrências de links adjacentes que estão separados in-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 94

corretamente. O ideal é apresenta-los em forma de lista onde cada


elemento dentro da lista é um link. As listas podem ser estilizadas
com CSS para que os itens sejam mostrados da maneira desejada.
O segundo item avaliado que apresentou inconsistências,
está relacionado aos elementos áudio visuais como scripts, flash e
conteúdos dinâmicos. Foram vinte e duas ocorrências de erro.
Para os elementos que não têm a possibilidade de torná-los aces-
síveis, recomenda-se o uso de uma alternativa em html para que
as tecnologias assistivas possam identificar os elementos e trans-
mitir a informação desejada para os usuários deficientes. Além
disso, foram identificadas duas imagens sem descrição na página
inicial. Esta lacuna impede que a informação emitida possa ser
processada pelas tecnologias assistivas.
Duas ocorrências de inadequação dos títulos das tabelas fo-
ram identificadas. Além disso, trinta e quatro erros em tabelas de
dados simples também foram encontrados. Conforme Recomen-
dação 3.10 do documento eMAG 3.1 (BRASIL, 2014), o uso apro-
priado do elemento th para os cabeçalhos e do elemento td para as
células de dados é essencial para torná-las acessíveis.
Três erros sobre a ausência de etiquetas de texto associa-
das aos seus campos correspondentes no formulário foram detec-
tados. Foi evidenciado também um erro sobre elementos do for-
mulário, onde o ideal seria garantir que quando um elemento de
formulário receber o foco, não deve ser iniciada uma mudança
automática na página que confunda ou desoriente o usuário.

SÍNTESE DA AVALIAÇÃO GERAL

Neste caso, foi elaborada a Tabela 1 que contém informa-


ções sobre a avaliação de acessibilidade dos repositórios de dados
estudados,

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 95

Tabela 1 – Avaliação de acessibilidade da página inicial


do DRYAD com base no E-MAG

DATAVERSE DRYAD
Erros encontrados 21 51
Avisos de alerta 104 138
Índice de Avaliação 4,8 4,5
Nível de Conformidade A A

Fonte: adaptado de Da Silva (2015) e Access Monitor (2013).

A página do DATAVERSE obteve 21 erros e 104 avisos de


alerta e índice de avaliação 4,8. A nota de avaliação varia entre 0 a
10, portanto, a página foi avaliada com índice razoável. O número
de erros encontrados na página do DRYAD foi maior, somando 51
ocorrências. O número de avisos de alerta correspondeu a 138
elementos que precisam de atenção por parte dos desenvolvedo-
res. O índice de avaliação foi pior que o da página anteriormente
avaliada, com a nota 4,5.
O nível de conformidade “A” obtido pelos repositórios de
dados é o nível mais baixo que poderia se obter, demonstrando a
não adequação aos padrões de acessibilidade estabelecidos. Am-
bas páginas avaliadas não passaram pela bateria de testes do Ac-
cess Monitor (2013), ou seja, não atenderam aos requisitos míni-
mos de acessibilidade.

RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA OS REPOSITÓRIOS DE DA-


DOS

Nesta seção são exibidas as recomendações gerais, sobre os


repositórios estudados, seguindo a linha de pensamento de Dias
(2015), conforme o quadro 5.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 96

Quadro 5 – Recomendações gerais para as páginas dos repositórios de dados

Principais recomendações para as páginas avaliadas


1 Utilizar elementos de descrição de figuras, gráficos, elementos em flash,
etc.
2 Projetar a página por blocos de conteúdo permitindo o uso de atalhos de
navegação.
3 Descrever o propósito e o caminho de cada link.
4 Padronizar a linguagem (idioma) da página.
5 Utilizar padrões de desenvolvimento Web, do W3C (World Wide Web
Consortium)
6 Programar a estruturação das informações disponíveis na página.
7 Inserir instruções de como proceder ao preencher um formulário.

Fonte: DaSilva (2015)

Para permitir que usuários deficientes tenham acesso às in-


formações disponíveis por meio de figuras, gráficos, elementos em
flash, entre outros, é fundamental realizar a descrição destes ele-
mentos. As tecnologias assistivas só identificam corretamente se
houver a devida descrição. Logo, recomenda-se que ambas as pá-
ginas avaliadas possam se adequar a esta recomendação.
Quando uma página permite ignorar blocos, significa que
os usuários cegos, por exemplo, podem evitar ter que ouvir todos
os gráficos, elementos textuais ou dezenas de links de navegação
em uma única página antes de chegar ao destino que deseja. Pes-
soas com limitações motoras que utilizam apenas o teclado podem
efetuar menos toques otimizando seu tempo.
Nos casos em que o link conduz para um documento ou
aplicativo da Web, estes devem estar escritos, com a finalidade de
apresentar o caminho que o usuário irá seguir caso escolha clicar
na opção. Isso ajuda as pessoas com deficiência de movimento,
permitindo com que ignorem links que não estão interessados.
Recomenda-se também definir o idioma padrão que o site
foi projetado para que os produtos de software utilizados pelos
deficientes possam se adequar ao conteúdo da página com mais
facilidade. Além disso, deve-se seguir as recomendações que são
SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2
D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 97

consideradas padrões de desenvolvimento Web, desenvolvidas


pelo W3C.
Ao deixar programado a estruturação das informações nas
páginas, a sua forma irá se adequar ao usuário que está acessando
de acordo com sua real necessidade. Por exemplo, uma pessoa
cega navega de uma forma diferente de uma pessoa surda e pos-
sui, por consequência, necessidades diferentes. Logo, deixar pro-
gramado para que automaticamente as informações se adaptem
as tecnologias assistivas utilizadas por um usuário é fundamental
para garantir a eficiência no processo de comunicação nas interfa-
ces adaptivas.
Quando um usuário deficiente se depara com um formulá-
rio, por mais simples que pareça, precisa ficar claro quais são os
dados que precisa preencher. Portanto, é fundamental fornecer
sugestões e instruções que irão beneficiar pessoas com deficiên-
cia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A avaliação baseada no relatório emitido pelo DaSilva


(2015) demostrou que ambos os sites não seguem o padrão de
acessibilidade adequado para garantir aos usuários com deficiên-
cia o uso efetivo dos serviços oferecidos pelo DRYAD e DATAVER-
SE. É fundamental, em páginas como estas, permitir que os usuá-
rios tenham autonomia de navegação e possam utilizar a intuição
para acessar os principais elementos da página.
De um modo geral, as principais barreiras de acesso estão
relacionadas a ausência de descrição dos elementos audiovisuais,
organização e estruturação das informações disponíveis que de-
vem ser organizadas em blocos de conteúdo, links com duplicida-
de e/ou sem orientação devida para usuários com deficiência, bem
como falta de padrões adotados para que possam utilizar atalhos
durante a navegação.
Tornar o site acessível gera benefícios para todos os envol-
vidos. Ao adotar os padrões de acessibilidade na web, a instituição

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 98

permite que pesquisadores, estudantes, professores, profissionais,


empresas e organizações possam ter acesso pleno aos serviços
que lhe são disponibilizados pela plataforma, independentemente
do usuário ser portador de alguma deficiência física ou mental.
Sendo assim, compreende-se que os repositórios de dados avalia-
dos devem preocupar-se em elaborar ações inclusivas em seus
sites, com o propósito de atrair os usuários deficientes para se
tornarem participantes ativos nesta rede de colaboração global.
Destarte, se torna necessário ter o conhecimento sobre a
acessibilidade destes repositórios, pois só assim os sistemas fica-
ram mais próximos dos usuários que possuam algum tipo de defi-
ciência, e esta investigação teve o intuito para ver quais eram as
principais melhorias a serem realizadas e com as recomendações
expostas possam chegar até os repositórios, e ampliando as possi-
bilidades dos próximos estudos a partir destas melhorias.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, W.J D.; GUIMARÃES, Í.J.B.; SOUSA, M.R.F.D. Cenários prospectivos com
base nos projetos de lei para acessibilidade na web no Brasil. REVISTA DIGI-
TAL DE BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, v. 16, p. 387-407,
2018.

BORGMAN, C. L. Big data, little data, no data: scholarship in networked world.


Cambrige: The MIT Press, 2015.

BRASIL. eMAG – Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico. 2014.


Disponível em: http://emag.governoeletronico.gov.br/. Acesso em: 09 ago.
2017.

DA SILVA. Validador de Acessibilidade para websites. 2015. Disponível em:


http://www.dasilva.org.br/institucional/24/sobre-o-avaliador. Acesso em: 21
jul. 2018.

DATAVERSE. The Dataverse project: open source research data repository


software. 2017. Disponível em: https://dataverse.org/. Acesso em: 23 jul. 2019.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 99

DRYAD. The Dryad digital repository. 2017. Disponível


em:http://datadryad.org/. Acesso em: 23 jul. 2019.

OMS. Relatório mundial sobre a deficiência. World Health Organization, The


World Bank; tradução Lexicus Serviços Lingüísticos. São Paulo: SEDPcD, 2012.
Disponível em:
http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/usr/share/documents/RELATORI
O_MUNDIAL_COMPLETO.pdf. Acesso em: 22 jul. 2019.

SANTOS, R.F. Tradutor para Língua Brasileira de Sinais: proposta de tecno-


logia Assistiva para surdos como apoio ao aprendizado da Língua Portu-
guesa escrita. Disponível em: http://repositorio.furg.br/handle/1/7730. Aces-
so em: 24 jul. 2019.

W3C. Web content accessibility guidelines (WCAG) 2.0. 2008. Disponível


em: http://www.w3.org/TR/2008/REC-WCAG20-20081211/. Acesso em: 23
jul. 2019.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 100

5
DADOS E MEMÓRIA NO BIG DATA: ANÁLISE DO COLETIVO
FEMINISTA THINK OLGA
ANNA RAQUEL DE LEMOS VIANA 1
GIGLIOLLA DE LOURDES BATISTA MOURA2
MARIA CLEIDE RODRIGUES BERNARDINO 3

INTRODUÇÃO

Transformar dados em informação e consequentemente


em conhecimento é uma realidade na sociedade da informação. A
memória, por sua vez, consolidou as sociedades, construindo e
atualizando o senso comum social de civilização, pois, “[...] se con-
figura como um elemento fundante para a história das sociedades
modernas e sua transformação na dimensão sociotécnica de modo
a constituir a própria noção de sociedade” (RODRIGUES; OLIVEI-
RA; DIAS, 2017, p. 8) . A partir da emersão das tecnologias da in-
formação, a memória teve sua dimensão ampliada para as redes
de computadores, constituindo-se “[...] em uma nova dinâmica de
recuperação e apresentação de informações e dados no ciberespa-
ço com transformações do ponto de vista social, cultural, político e
tecnológico” (RODRIGUES; OLIVEIRA; DIAS, 2017, p. 8).

1Mestranda em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba.


Bacharela em Relações Públicas pela Universidade Federal da Paraíba.
2Mestranda em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba.

Bacharela em Arquivologia pela Universidade Estadual da Paraíba.


3 Doutora em Ciência da Informação, pela Universidade de Brasília. Professora

Colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da


Universidade Federal da Paraíba.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 101

O vasto acúmulo de volume de dados emergidos através da


produção de informação no meio digital fez com que fossem cria-
das novas necessidades de gestão e organização da informação.
Nessa perspectiva, surge o Big Data, que consiste em uma análise
de dados feita através de ferramentas específicas capazes de lidar
com um grande volume de dados de informação. “O impacto deste
fenômeno na academia, na pesquisa e, mais notadamente, em
áreas como a ciência da informação e a ciência da computação, é
enorme” (SOUZA; ALMEIDA; BARACHO, 2013, p.168).
As ferramentas para gestão do volume de dados possibili-
taram a seleção da informação que se deseja manter, fazendo uma
distinção do que se queria guardar ou eliminar. Desta maneira se
constrói também a memória, a partir de dados que possuem um
significado, os quais formam as informações, que são selecionadas
e preservadas, seja na memória das máquinas como também na
memória do ser humano, pois assim como a tecnologia está em
evolução contínua, a memória está em constante atualização, pois
“[...] é um fenômeno sempre atual, um elo vivido no eterno presen-
te” (NORA, 1993, p.9). A partir da concepção de ligação de ideias,
compartilhamentos, senso comum e disseminação de informação
que desponta o coletivo Think Olga, que se constitui em uma or-
ganização social não-governamental, que através das redes sociais
possibilita às mulheres do Brasil e do mundo informação consci-
ente a respeito dos direitos de igualdade, liberdade e bem-estar
social por meio da comunicação. Um de seus projetos é o incentivo
às leitoras para que compartilhem suas próprias histórias de as-
sédio, uma vez que, as lembranças destas experiências revelam
memórias traumáticas, que quando compartilhadas não diminuem
a dor da vítima, mas são meios de libertá-la da culpa e do silêncio
tão fortemente ainda impostos pelo machismo, portanto faz-se
necessário dar voz e vez a essas mulheres, livrando-as da opres-
são. Tem-se como objetivo realizar uma análise dos dados produ-
zidos pelo coletivo Think Olga nas redes sociais, a partir das carac-
terísticas do Big Data, possibilitando uma relação entre memória e
a produção de dados deste movimento, para melhor compreender

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 102

a importância de ações sociais produzidas por organizações de


caráter feminista.
Esse cenário alerta que além dos conjuntos de possibilida-
des de uso dos dados, há a necessidade de requisitos para a cria-
ção de ponte entre os usuários, a partir de suas necessidades in-
formacionais (AKERLOF, 1970). Por isso, estudar este contexto de
Big Data e potencialidades no âmbito da Ciência da Informação,
sobretudo, na construção de novas memórias justifica-se oportu-
nidade de estudar a gestão dos dados e informação diante da bus-
ca, acesso e necessidades de movimentos sociais que buscam,
através dos dados, fornece informação útil e verdadeira, em quan-
tidade suficiente para atingir mulheres de diferentes realidades
sociais, as quais acessam de diferentes plataformas e tecnologias,
a fim de impulsionar o empoderamento e minimização da violên-
cia contra a mulher.

ASPECTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos da pesquisa deram-se a


partir da netnografia, que para Kozinets (2014, p. 9-10) se consti-
tui em “[...] uma forma especializada de etnografia adaptada às
contingências específicas dos mundos sociais de hoje mediados
por computadores” de forma a possibilitar a identificação, classifi-
cação, ordenação e conhecimento das dinâmicas do coletivo em
ambientes da internet e compreender a importância das ações
produzidas e desenvolvidas no âmbito do coletivo.
A pesquisa netnográfica conforme Kozinets (2014) obede-
ce a critérios que são definidos para validar a análise, que são:
coerência, vigor, conhecimento, ancoramento, inovação, ressonân-
cia, verossimilhança, reflexividade, práxis e mistura. A coleta e a
análise dos dados, segundo Kozinets (2014) são necessários três
tipos de capturas: a dados arquivais, a dados extraídos e a dados
de notas de campo. Sendo que a primeira coleta consiste em copi-
ar os dados tal e qual da fonte pesquisa sem o envolvimento direto
do pesquisador. A segunda é a extração dos dados pelo pesquisa-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 103

dor mediante a interação com os membros do grupo ou universo


pesquisado. E a terceira são as notas do pesquisador a partir das
experiências vivenciadas em campo, interações e conhecimento
prévio.
Tendo em vista os critérios da pesquisa netnográfica foi
possível estabelecer a relação da memória no âmbito digital, so-
bretudo, com as características do Big Data, utilizado por movi-
mentos sociais feministas.
Portanto, para compreender essa relação, a pesquisa ali-
cerçou-se quanto à ciência, como um estudo empírico de campo
junto ao coletivo Think Olga nas redes sociais. Quanto aos objeti-
vos se caracteriza como uma pesquisa descritiva, através da ob-
servação sistemática das redes sociais, investigando a apropria-
ção, linguagem e tecnologias, analisando e interpretando os dados
coletados com abordagem qualitativa. Neste sentido, para melhor
compreensão estrutura-se este artigo em uma introdução dos ob-
jetivos da pesquisa, justificativa e delineamento do tema, apresen-
tação e discussão dos dados e conclusões.

SOBRE O COLETIVO THINK OLGA

Criado em 2013, o Coletivo Think Olga é uma organização


não-governamental com pautas feministas que buscam impactar a
vida de mulheres no Brasil e no mundo, utilizando dos meios de
comunicação digitais como Sites, Blogs, Facebook, Instagram, Twit-
ter e YouTube4. O movimento teve sua gênese a partir da inquieta-
ção da jornalista e estudante de moda, à época, Juliana de Faria,
que ao se aprofundar em pesquisas com perspectivas sociais,
questionava-se não só sobre os aspectos das roupas, mas princi-
palmente, sobre o porquê das mulheres usarem determinadas
roupas e o que isso refletia no âmbito cultural e histórico 5.

4https://olga-project.herokuapp.com/
5Ver:
https://www.youtube.com/watch?v=BpRyQ_yFjy8&feature=youtu.be&fbclid=I

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 104

Após se especializar em Londres, Juliana retorna ao Brasil e


trabalha na produção de conteúdos de moda para uma revista,
porém se depara com obstáculos de caráter temático, pois os te-
mas que a jornalista gostaria de abordar não condizem com os
objetivos e linha editorial da revista, sendo assim, não eram apro-
vados.
Com pautas rejeitadas, decide-se explorar o ambiente vir-
tual. O primeiro projeto apoiado pelo Think Olga, chama-se “Chega
de Fiu Fiu”, que busca lutar contra o assédio sexual sofrido pelas
mulheres em espaço público. Desde então, regido pelos princípios
da coragem, do olhar propositivo, da inovação, da co-criação e do
inconformismo, o Coletivo tem produzido novos movimentos e
solução em escalas e repercussões nacionais e internacionais, con-
tribuindo para o ativismo feminista, baseando sempre na comuni-
cação e informação como forma de engajar pessoas e proporcio-
nar mudanças na sociedade.
O coletivo se preocupa com as mudanças promovidas pela
grande quantidade de fluxo de informação e entende o valor pri-
mordial da informação e da comunicação para construção do co-
nhecimento. Tem como estratégias o agrupamento da inteligência,
inovação e tecnologias como mecanismos para promover o impac-
to social, apoiando-se em três pilares: a) jornadas: a proposta é
conectar agentes de mudanças em processos criativos e colabora-
tivos na busca de soluções que possam ser escaladas e comparti-
lhadas para problemas cotidianos das mulheres; b) conhecimento:
através da informação, sensibilizar e educar a população para a
redução da desigualdade de gênero, a partir de conteúdos, pales-
tras e workshops, levando aprendizado para manter informados e
alcançar a maior quantidade de pessoas, convidando-as a se enga-
jarem com a causa; e c) comunicação: aliança entre organizações
interessadas em atuar na luta pela igualdade de gênero, desenvol-

wAR2oWT_rC4npIsBgrU0M8X0Hyaa_CB2wv8YA-
YTobgN1HNObCgh7jIzH2co&app=desktop

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 105

vendo desde o diagnóstico, estratégia e criação de conteúdos,


campanhas e iniciativas sociais alinhadas aos desafios vivenciados
pelas mulheres (THINK OLGA, 2020)6.

OS 5 V’s DO BIG DATA, MEMÓRIA E O COLETIVO THINK OLGA

Acreditando que a informação é o ponto de partida para a


transformação de um mundo mais igualitário, o Coletivo busca
empoderar as mulheres por meio da informação, atuando na in-
ternet e tendo como além da colaboração de voluntárias, o subsí-
dio dos dados produzidos pelas mulheres na internet.
Os dados produzidos pelo Big Data podem provir de diver-
sas fontes, sejam estruturadas (armazenados em bancos de dados
tradicionais, por exemplo, os organizados em planilhas eletrônicas
no programa Excel, banco de dados, arquivo XML, arquivos CSV,
arquivos JSON); semiestruturadas (podem seguir diversos pa-
drões de forma heterogênea); não estruturadas, cujo a origem
pertence a diversas fontes distintas como conversas de chat, gra-
vações telefônicas, mensagem de texto, comentários em fotos, ví-
deos do YouTube, imagens nas redes sociais Instagram, Facebook,
documentos de textos, apresentações no PowerPoint, anotações no
bloco de notas.
Devido à massiva quantidade de informação, é necessário
pensar estratégias para o melhor aproveitamento desses dados de
forma que consiga repensar em abordagens, sobretudo em estu-
dos na Ciência da Informação e Ciência da Computação, em tecno-
logias, processos, procedimentos de coleta, representação, arma-
zenamento e disseminação da informação.

A necessidade de big data vem de grandes empresas


como Google e Facebook. Para fins de análise de
grande quantidade de dados que estão em forma não

6 Informações extraídas do site Coletivo Think Olga, disponível em:


https://thinkolga.com/ Acesso em: 15 dez. 2020.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 106

estruturada. Esse tipo de dados é muito difícil de


processar, que contém os bilhões de registros de in-
formações de milhões de pessoas, que incluem as
mídias sociais da web, imagens, áudio e áudio
(ISHWARAPPA; ANURADHA, 2015, p. 319 tradução
nossa)7.

Para que esse cenário se desenvolva de forma eficiente e


eficaz, com acesso e uso intenso de dados, a Ciência da Informação
deve contribuir atuando no estudo e busca de fatores e/ou carac-
terísticas entre os sujeitos envolvidos e o processo e otimização
do uso dos dados. Além de dominar as tecnologias, o Coletivo está
ciente da complexidade de conversão dos dados e do problema da
hegemonia que prevalece no controle das informações. Buscando
romper com isso, Think Olga se preocupa em oferecer espaços de
fala e produzir conteúdo de mulheres para mulheres, atuando na
conscientização, representatividade, educação, acolhimento e co-
nhecimento acerca dos seus direitos.
Atuando em meio ao Big Data, é preciso vigilância e contro-
le para o uso dos dados e informação, analisando de forma objeti-
va para não perder o controle em meio ao intenso fluxo de dados
gerados a cada momento. “O pesadelo da informação insuficiente
que fez nossos pais sofrerem foi substituído pelo pesadelo ainda
mais terrível da enxurrada de informações que ameaça nos afo-
gar” (BAUMAN, 2011, p. 8). Rodrigues, Oliveira e Dias (2017), as-
severam que a memória encontrada no ambiente do ciberespaço
ganha novos contornos e formatos, excedendo barreiras físicas e
se integrando em um espaço evidenciado pela multimidialidade e
velocidade, capaz de possuir armazenamento ilimitado. Neste sen-
tido coaduna com o pensamento de Halbwachs (2006, p. 51) que
afirma que “[...] cada memória individual é um ponto de vista so-
bre a memória coletiva”. O que significa que as memórias parti-
7Texto original: The need of big data comes from the Big Companies like Google
and Facebook. For the purpose of analysis of big amount of data which is in
unstructured form. Such type of data is very difficult to process that contains
the billions records of millions people information that includes the web social
media, images, audio and son on.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 107

lhadas e armazenadas de cada uma das mulheres que participam


do Coletivo Think Olga apresentam uma visão única do todo que
compõem, uma vez em que estão armazenadas no ciberespaço são
configuradas como memória coletiva, pois fazem parte do grupo.
A memória do ciberespaço além de vasta, é combinada com
diversas outras ferramentas apresentadas pelo ambiente virtual,
podendo se cercar com mais precisão dos dados recebidos e pro-
duzidos, permitindo a realização da construção de uma grande
teia informacional, a qual configura e armazena as características
e ações dos usuários que trocam dados e informações constante-
mente fazendo-os circular nas redes. Neste sentido, a influência do
Big Data perante os dados, é “[...] capaz de gerar informações
constituidoras de uma grande memória digitalizada da sociedade
global, em muitos aspectos, criada à revelia de homens e mulheres
na atualidade” (PIMENTA, 2013, p.1).
As ações dos usuários em sites como Think Olga registram
o comportamento individual de quem acessa e compartilha infor-
mações, concomitante com o grupo de que fazem parte, sendo as-
sim a memória que é produzida e armazenada é partilhada, se
tornando pública, portanto, “[...] ela deixou de ser nossa proprie-
dade quando passamos a torná-la produto de consumo” (HUYS-
SEN, 2000 apud PIMENTA 2013, p. 13).
O Big Data pode ser caracterizado seguindo essas caracte-
rísticas conforme a Figura 1 em: volume, velocidade, variedade,
valor e veracidade.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 108

Figura 1 - 5Vs do Big Data

Fonte: Dados da Pesquisa adaptado ao modelo Ishwarappa e


Anuradha (2015, p. 319).

A motivação na adoção de grandes dados consiste no po-


tencial para impulsionar a inovação, economia, produtividade e
crescimento futuro. Dados do International Business Machine
(IBM)8, apresentados em junho de 2015 mostra as vantagens em
serviços públicos, com a precisão de 99% na geração de recursos
analisando 2,8 petabytes de dados inexplorados.
Devido a maior facilidade, disponibilidade de informações
disponíveis, há inegável democratização do acesso, tanto pela
maior disponibilidade dos meios de comunicação e a populariza-
ção das tecnologias, quanto pelo alcance a uma gama mais signifi-
cativa e diversificada da produção cultural da humanidade (SOU-
ZA, 2006).

8 Ver: http://www.ibm.com/bigdata/ca/en/big-data-and-
analytics/operationsmanagement/industries/index.html Acesso em 05 jan.
2020

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 109

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O quadro de análises apresenta os dados coletados ao ana-


lisarmos o site Think Olga, mais à frente falaremos um pouco mais
sobre a influência dos 5 V’s nas proporções informacionais do co-
letivo.

Quadro 1 - Análise do Think Olga conforme os 5V’s

5 V’s Análise Think Olga


Volume Através da campanha “Chega de fiu fiu”, o coletivo Think
Olga realizou pesquisas nas redes sociais com 7.762 mulhe-
res, identificando que 99,6% já sofreram assédio em espaço
público.
Velocidade A velocidade de produção de dados, levou o coletivo a cons-
truir a memória das oprimidas/marginalizadas frente a
grande quantidade de dados compartilhados com o discurso
hegemônico. A ideia consiste em compartilhar a história do
primeiro assédio a fim de preservar e transmitir informa-
ções para outras mulheres.
Variedade O site do coletivo se utiliza de diversas plataformas para
produzir conteúdo e, por ter alcance internacional, os conte-
údos são produzidos com bases em dados brasileiros e de
outros países.
Veracidade De acordo com o site Think Olga, estima-se que 95% de to-
dos os comportamentos agressivos e difamadores da inter-
net tenham as mulheres como alvo. Entre os ataques estão
disseminação não consentida de fotos íntimas, ataques co-
ordenados com discurso de ódio e criação de perfis falsos.
Valor A proposta do projeto que proporciona conexões entre as
mulheres, objetiva dar suporte a utilização da internet e dos
dados de forma segura para as mulheres que sofreram vio-
lência, como também para quem quer apoiar e transformar a
internet em um local mais acolhedor e construtivo para as
mulheres.

Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 110

Os movimentos sociais reconhecem o potencial da análise


do Big Data, usando não apenas como um segmento, mas uma fer-
ramenta útil para promoção de mudanças em uma sociedade mais
justa. Ainda dentro desse contexto, “[...] a memória digital consti-
tui-se em uma nova dinâmica de recuperação e apresentação de
informações e dados no ciberespaço com transformações do pon-
to de vista social, cultural, político e tecnológico (RODRIGUES;
DIAS, 2017, p. 8).
Analisar dados e a memória do movimento feminista a par-
tir de um coletivo específico do ponto de vista da Ciência da In-
formação é questionar sobre as necessidades informacionais do
grupo social pesquisado, quais as características, quais dados são
necessários para a construção da memória, de que forma podem
ser coletados, recuperados e em quais formatos, como serão tra-
tados e compartilhados de forma adequada e coerente com a pro-
posta do coletivo e expectativas das mulheres.

a) Volume
O volume de bytes muito grande e que tende a crescer,
apresenta-se como um desafio para as estruturas de tecnologia da
informação convencionais, sendo necessário o uso de ferramentas
e formas de tratar esses dados para que possam se converter em
informação útil e contribua para o fortalecimento da memória
coletiva, uma vez que as redes sociais são espaços de comunicação
responsáveis pela transmissão e compartilhamento de informa-
ções. A exorbitante produção de dados amplia a quantidade de
informações processadas por grupos e comunidades, consolidan-
do a memória coletiva, que “[...] passa a ser simultaneamente a
memória constituída por grupos e a memória que constitui os
mesmos grupos” (SANTOS, 2013, p. 57).
Com o aumento massivo de dados sobre casos de violência
contra a mulher, o coletivo decidiu organizar e transformar em
um mapa de violência no Brasil. Dessa forma, atualizado em tem-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 111

po real e deixando disponível para que sirva de alerta e que esses


casos não sejam esquecidos, conforme imagem a seguir:

Figura 2: Mapa de violência no Brasil

Fonte: Site Think Olga (2020)

A questão concentra-se em processar a grande quantidade


de dados, para poder transformar em informações úteis. A cam-
panha ‘Chega de fiu fiu’ foi desenvolvida a fim de contribuir com o
combate ao assédio sexual em espaços público, através de pesqui-
sas feito nas redes sociais em que obteve a participação de 7.762
mulheres, mostram que 99,6% das mulheres brasileiras já sofre-
ram assédio em espaço público.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 112

Gráfico 1 – Volume

Volume de dados equivalente à mulheres que já sofreram


assédio em ambientes públicos

0,4

99,6

Mulheres que sofreram assédio: 99,6%


Mulheres que não sofreram assédio: 0,4%

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Com esses resultados foi possível criar estudos online, o


mapa que identifica o local onde ocorrem abusos, ebooks e um
documentário, além da ‘Cartilha sobre Assédio Sexual’ que foi de-
senvolvida em parceria com a Defensoria Pública do Estado de São
Paulo.

b) Velocidade
A velocidade com que dados são produzidos e que se tor-
nam desatualizados é vertiginosa, o coletivo utilizou dessa veloci-
dade para construir uma memória das oprimidas/marginalizadas
frente a grande quantidade de dados compartilhados com o dis-
curso hegemônico. A ideia consiste em compartilhar a história do
primeiro assédio das mulheres, a fim de preservar e transmitir
informações para outras mulheres na tentativa de preservar a
memória e garantir a existência da história.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 113

Figura 3: Projeto para compartilhar o primeiro assédio

Fonte: Site Think Olga (2020)

Conforme a Figura 3, a preocupação com a crescente quan-


tidade no qual os dados são criados e se movimentam, correndo o
risco de se tornar obsoleto com mais facilidade, articula-se a me-
mória e histórias de mulheres que foram abusadas, para possam
servir de alerta e como forma de encorajar outras mulheres, o co-
letivo criou um espaço para que as leitoras pudessem comparti-
lhar suas histórias sobre o primeiro assédio.
Em consequência do assédio, agressão física e psicológicas,
diversas mulheres que passaram por experiências traumáticas
podem desenvolver transtorno de estresse pós-traumático
(TEPT), caracterizado como “[...] um transtorno de ansiedade que
se desenvolve após uma pessoa ser exposta a um trauma severo,
que ameaça a sua vida e/ou a de outras pessoas, com uma respos-
ta que envolve intenso medo, impotência ou horror” (HATZEN-
BERGER et al, 2010, p. 96). O TEPT também pode causar nos indi-
víduos um frequente retorno das memórias traumáticas, influen-
ciando na qualidade de vida, pois induz o cérebro a reviver as ex-
periências das agressões, afetando as funções cognitivas.
As memórias traumáticas impactam na vida dos indivíduos
negativamente, neste caso, das mulheres especificamente, pois
cria-se um amedrontamento de que o fato possa ocorrer no futu-
ro, causando um horror e tensão à vítima quanto a sua existência.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 114

O compartilhamento de histórias encorajado pelo Think Olga traz


à tona dados alarmantes que necessitam de um olhar mais criteri-
oso.

c) Variedade
Desde dados estruturados a dados não estruturados, a va-
riedade é um aspecto do Big Data, provindo de redes sociais, apli-
cativos, vídeos, textos, imagens. É preciso desenvolver novas fer-
ramentas de análise que respondam à heterogeneidade desses
dados e que deem conta do processamento.
A partir da análise sobre o coletivo foi subtraído do site,
representado na figura 3, que se utiliza de diversas plataformas
para produzir conteúdo e, por ter alcance internacional, os conte-
údos são produzidos com bases em dados brasileiros e de outros
países.

Figura 4: Montagens dos projetos realizados pelo coletivo Think Olga

Fonte: Site Think Olga (2020)

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 115

Consequentemente é feita a produção de um novo tipo de


suporte da memória, ligada às novas tecnologias de informação.

De fato, o volume de informações que indivíduos


são capazes de produzir, sobre eles próprios em re-
des sociais como Facebook, Twitter, Instagram, Orkut,
LinkedIn, entre outros, certamente já compõe o mai-
or banco de dados sobre o cotidiano das pessoas; no
qual emoções, preferências profissionais, de consu-
mo, políticas ou sexuais são registradas em um gran-
de histórico que integra uma memória global [...]
(ASSMAN; CONRAD, 2010 apud PIMENTA 2013, p.
14).

Nesse ambiente, a memória se apresenta com novos forma-


tos, que transcende as barreiras físicas e interagem com a veloci-
dade, volume e variedade de dados na internet, os quais são pro-
duzidos a todo instante, pois são atualizações executadas pelos
próprios usuários, acessível a todos os participantes de uma co-
munidade virtual. A variedade de dados é também uma marca da
sociedade da informação, “[...] marcada pela produção, circulação,
armazenamento e controle de uma quantidade massiva de dados”
(PIMENTA, 2013, p. 9).
Nesta fase fica explícita a indispensabilidade de estudos e
conhecimentos provenientes do campo da Ciência da Informação
para que estabeleça o equilíbrio entre as necessidades previstas
pelo sujeito que busca e utiliza esses dados e a forma de tratamen-
to, compartilhamento, recuperação e acesso dos dados pelo públi-
co esperado, nesse caso, as mulheres.

d) Veracidade
Dados desatualizados, aumento de produção de fake news
no Brasil, em que vale ressaltar que segundo dados levantados
pela ONG Avaaz, os brasileiros são as pessoas que mais acreditam
em fake news no mundo. O estudo aponta que 7, em cada 10 se

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 116

informam pelas redes sociais e 62% já acreditaram efetivamente


em uma fake news. Sendo as mulheres as principais vítimas9.
De acordo com o site Think Olga, 2020 em pesquisa a dados
da ONU “[...] estimam que 95% de todos os comportamentos
agressivos e difamadores da internet tenham as mulheres como
alvo. Entre os ataques estão disseminação não consentida de fotos
íntimas, ataques coordenados com discurso de ódio e criação de
perfis falsos.
A veracidade dos dados implica em confiabilidade e credi-
bilidade quanto à qualidade das informações disponíveis, evitando
a propagação de informação inverossímil ou a manipulação da
mesma. Da mesma forma em que “A verdade é uma construção. A
memória também. Por isso, há maneiras de manipular as duas”
(VILAR, 2018, p. 3). A não constatação da verdade leva ao oculta-
mento da memória e a alienação social. “Trata-se de um caminho
longo, demorado e que demanda esclarecimento incessante e es-
forço coletivo em repudiar notícias falsas e estimular a busca por
fontes alternativas e seguras de informação” (BRANCO, 2017, p.
61). As fakes news tornam-se ainda mais perigosas em casos de
assédio e violência, em que a vítima necessita da veracidade para
que se conduza da melhor maneira o seu auxílio e proteção.
Uma estratégia utilizada pelo coletivo é oferecer informa-
ções verdadeiras e de fontes confiáveis para o combate à violência,
para que não seja necessário pesquisar e ver diversas informações
desencontradas acerca do assunto.

9 Ver: https://www.tecmundo.com.br/redes-sociais/148140-perigo-62-
brasileiros-acreditaram-fake-news-diz-estudo.htm

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 117

Figura 5: Projeto para compartilhar o primeiro assédio

Fonte: Site Think Olga (2020)

A imagem 5 retirada do site do Think Olga apresenta a fer-


ramenta desenvolvida pelo o coletivo junto com o Google em que
lançaram uma nova função, ao falar: Ok Google, como reportar as-
sédio sexual?, serão recuperados os contatos da Central de Aten-
dimento à Mulher em situação de violência, o da política militar e
também indicará o site da Think Olga que contém diversas infor-
mações relevantes sobre o tema.

e) Valor
Nesse âmbito é importante definir a abordagem de divul-
gação das informações que sejam úteis para o fortalecimento da
memória nas redes sociais. Uma informação relevante agrega va-
lor ao movimento. Ao proporcionar acesso a todos através da faci-
lidade de uso a informação adquire valor em meio digital, assim
como manter informações precisas, confiáveis e verídicas, exclu-
indo o que for desnecessário e inútil. Qualidade das informações,
compatibilidade com as necessidades do usuário, permitindo uma
economia de tempo e custo proporcionam benefícios e acesso se-
guro, assegurando a construção da memória no espaço cibernético
através da recuperação da informação e do armazenamento, pois,
“[...] neste sentido, a memória está circunscrita a um ambiente
complexo e interativo que integra outras dinamicidades [...]” (RO-
DRIGUES; OLIVEIRA; DIAS, 2017, p. 8).

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 118

A proposta do projeto que proporciona conexões entre as


mulheres, objetiva dar suporte a utilização da internet e dos dados
de forma segura para as mulheres, fornecendo informações sobre
segurança online para pessoas que sofrem violência e também
para quem quer apoiar e transformar a internet em um local mais
acolhedor e construtivo para as mulheres.
Figura 6: Projeto Conectando pessoas para criar
uma internet mais segura para as mulheres

Fonte: Site Think Olga (2020)

É possível perceber que na figura 6 o valor potencial das


características do Big Data e da necessidade é transformá-las em
valor. Em parceria com o Facebook, criaram uma plataforma onli-
ne com ferramentas para tornar o ambiente mais seguro para as
mulheres, que oferece guias, questionários que permite identificar
de forma clara a situação de violência e os caminhos para se pro-
teger.
A Ciência da Informação, portanto, tem a responsabilidade
social de contribuir para essa proposta do Big Data, oportunizan-
do caminhos para que os usuários, nesse caso, as mulheres que
são historicamente oprimidas e silenciadas, utilizem os dados de
forma mais democrática, construindo uma nova memória e redu-
zindo a assimetria informacional existente.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 119

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mais do que seu volume, sua articulação em rede, sua velo-


cidade e sua diversidade possibilitam a produção de mais dados, a
partir dos dados já existentes, sobre indivíduos, grupos ou sobre a
própria informação, quaisquer que sejam ela disponível (BOYD;
CRAWFORD, 2012), O Big Data proporciona uma sinalização dos
dados, permitindo organizar e recuperar os grandes volumes de
dados não estruturados, podendo armazená-los na memória digi-
tal, tornando o ciberespaço um lugar de memória próprio para
recuperação e apresentação de dados. Ao longo do artigo foi apre-
sentado que as redes sociais são portadoras de diversos tipos de
dados, que constituem para o fortalecimento da memória digital.
O panorama de organização de dados não-estruturados, es-
tá contido mais precisamente na internet, a partir do uso das re-
des sociais, que possibilitaram cada vez mais acesso e dissemina-
ção das informações, criando assim comunidades e coletivos or-
ganizados.
Através dos 5Vs presentes no Big Data, foi possível analisar
melhor os dados produzidos pelo coletivo feminista Think Olga e
relacioná-los com a memória que corrobora para a construção
social através do armazenamento e recuperação de dados. No de-
correr da análise é possível constatar a preocupação constante do
Think Olga em preservar a dignidade das mulheres do Brasil e do
mundo, a partir de projetos sociais consolidados, acessíveis a to-
das em diversas plataformas e nos mais variados formatos, ofere-
cendo informações relevantes de confiabilidade e veracidade às
vítimas de assédio, abusos e violência, de maneira facilitada, segu-
ra e de qualidade, proporcionando um impacto positivo para que
as mulheres tenham consciência de que não estão sozinhas, que a
luta para tornar os direitos igualitários para elas é de todas e de
todos.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 120

REFERÊNCIAS

AKERLOF, G. A. The market for “lemons”: quality uncertainty and the market
mechanism. The Quarterly Journal of Economics, v. 84, n. 3, p. 488-500, ago.,
1970. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/1879431 Acesso em: 02 fev.
2020.

BAUMAN, Z. 44 cartas do mundo líquido moderno. Rio de Janeiro: Zahar,


2011.

BOYD, D.; CRAWFORD, K.. Critical questions for Big Data: provocations for a
cultural, technological, and scholarly phenomenon. Information, Communica-
tion & Society, v. 15, n. 5, maio., 2012. Disponível em:
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/1369118X.2012.678878
Acesso em: 26 jun. 2020.

BRANCO, S. Fake news e os caminhos para fora da bolha. Interesse Nacional,


São Paulo, ano 10, n. 38 , p. 51-61, ago./out., 2017. Disponível em:
https://itsrio.org/wp-content/uploads/2017/08/sergio-fakenews.pdf. Acesso
em: 09 jan. 2020.

HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2006.

HATZENBERGER, R.; et al. Transtorno de estresse pós-traumático e prejuízos


cognitivos em mulheres vítimas de violência pelo parceiro íntimo. Ciências &
Cognição, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 94-110, ago. 2010. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
58212010000200009 Acesso em: 02 fev. 2020.

ISHWARAPPA, K.; ANURADHA, J. A brief introduction on big data 5vs characte-


ristics and hadoop technology. Procedia Computer Science. Bhubaneswar, p
319-324, 2015. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1877050915006973
Acesso em: 26 jun. 2020.

KOZINETS, V. R. Netnografia: Realizando pesquisa etnográfica online. Porto


Alegre: Penso, 2014.

RODRIGUES, A. A.; OLIVEIRA, B. M. J. F. de; DIAS, G. A. Memória e visualização


de dados: explorando a memória dinâmica no contexto do Big Data. Ges-
tão&Aprendizagem, João Pessoa, v. 6, n. 2, p. 7-18, jul./dez., 2017. Disponível
em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/mpgoa/article/view/37218/20015
Acesso em: 26 jun. 2020.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 121

RODRIGUES, A. A.; DIAS, G. A. Estudos sobre visualização de dados científicos no


contexto da Data Science e do Big Data. Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., João
Pessoa, v. 12, n. 1, p. 219-228, 2017. Disponível em:
https://periodicos.ufpb.br/index.php/pbcib/article/view/34774/17950 Aces-
so em: 26 jun. 2020.

PIMENTA, R. M. Big data e controle da informação na era digital: tecnogênese


de uma memória a serviço do mercado e do estado. Tendências da Pesquisa
Brasileira em Ciência da Informação, v. 6, n. 2, 2013.

NORA, P. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto Histó-


ria: São Paulo, PUC, n. 10, p 7-28, dez. 1993.

SANTOS, M. S. dos. Memória coletiva, trauma e cultura: um debate. Revista


USP, São Paulo, n. 98, p. 51-68, jun./jul./ago. 2013.

SOUZA, R. R.; ALMEIDA, M. B.; BARACHO, R. M. A. Ciência da informação em


transformação: Big Data, nuvens, redes sociais e Web Semântica. Ci. Inf., Brasí-
lia, DF, v. 42 n. 2, p.159-173, maio/ago., 2013. Disponível em:
http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1379/1557 Acesso em: 26 jun. 2020.

SOUZA, R. R. Sistemas de recuperação de informações e mecanismos de busca


na web: panorama atual e tendências. Perspect. ciênc. inf., Belo Horizonte,
v.11 n.2, p. 161 -173, mai./ago. 2006. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/pci/v11n2/v11n2a02.pdf Acesso em: 26 jun. 2020.

THINK OLGA. 2020. Disponível em: https://thinkolga.com/ Acesso em: 26 jun.


2020.

VILAR, F. A dissociação entre a Verdade e a Memória. Memoirs Newsletter,


Coimbra, n. 24, p. 1-4, out. 2018. Disponível em:
https://estudogeral.sib.uc.pt/handle/10316/81734 Acesso em: 26 jun. 2020.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 122

6
A DISCUSSÃO SOBRE BIG DATA NA CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO: UMA REVISÃO DA LITERATURA A
PARTIR DOS ESTUDOS INDEXADOS NA BRAPCI
PUBLICADOS ENTRE 2013 E 2019
LEVI CADMIEL AMARAL DA COSTA 1
SÉRGIO RODRIGUES DE SANTANA 2
ÍTALO JOSÉ BASTOS GUIMARÃES 3
ARTHUR FERREIRA CAMPOS4
LUIZ GUSTAVO DE SENA BRANDÃO PESSOA 5
MARCKSON ROBERTO FERREIRA DE SOUSA6
1 Mestrando em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba (PPGCI-UFPB). Gra-
duado em Administração pela UFPB.
2 Psicólogo, Mestre e Doutorando em Ciência da Informação pelo PPGCI/UFPB.

Membro do GEINCOS/CE/UFPB - sergiokafe@hotmail.com.


3 Professor do Instituto Federal Goiano. Doutorando em Ciência da Informação

pela UFPB. Mestre em Ciência da Informação e Bacharel em Administração pela


UFPB.
4 Doutorando e Mestre em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-

Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba


(PPGCI/UFPB). Graduando em Arquivologia pela UFPB. Graduado em Bibliote-
conomia pela UFRN.
5 Doutorando em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-Graduação em

Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba (PPGCI/UFPB). Mes-


tre em Ciências Contábeis pela Universidade de Brasília. Graduado em Ciências
Contábeis pelo Centro Universitário de João Pessoa.
6 Professor do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da

Informação e do Programa de Pós-Graduação em Gestão nas Organizações


Aprendentes da Universidade Federal da Paraíba. Líder do Grupo de Pesquisa

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 123

INTRODUÇÃO

Atrelado às mudanças das tecnologias de informação e co-


municação, surge o fenômeno denominado Big Data, o qual, de
acordo com Faro (2014), associa-se ao processamento de grande
volume de dados variados que não seria viável por meio das tec-
nologias convencionais. Acrescentando, Marquesone (2016) afir-
ma que o conceito de Big Data está associado ao volume (grande
quantidade de dados), variedade (diversidade de tipos de dados) e
velocidade (dados gerados a todo tempo).
Chen e Zhang (2014) associam o fenômeno Big Data aos
problemas que prejudicam pessoas em consequência do grande
volume de informações proporcionado pela excessiva emergência
de dados. Desta forma, compreende-se que o Big Data é, também,
objeto de estudo da área da Ciência da Informação (CI), uma vez
que esta concentra esforços para resolver problemas informacio-
nais.
Neste sentido, conforme ressalta Sant’Ana (2016), a Ciência
da Informação tem a responsabilidade de acompanhar esta evolu-
ção relacionada à geração, compartilhamento e uso de dados, de
modo a contribuir para que este cenário se desenvolva havendo
um equilibro entre os atores envolvidos neste processo e os usuá-
rios, os quais necessitam de condições favoráveis ao uso destes
dados.
Considerando estes termos, esta investigação tem por obje-
tivo um levantamento de informações relacionadas à produção
científica sobre Big Data publicada entre 2013 a agosto 2019 que
está indexada na Brapci. Sendo assim, compreende-se que um dos
pontos que justificam o presente estudo está embasado à questão
de verificação de como a Ciência da Informação, a qual é uma área
de conhecimento que se envolve ao fenômeno Big Data, tem tra-
tado esta temática em sua produção científica. Portanto, busca-se

Renovatio - Estudos sobre Disrupção, Interação e Aspectos Jurídicos da Infor-


mação. Doutor em Engenharia Elétrica pela UFPB.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 124

responder a seguinte questão: O que a Ciência da Informação


tem produzido acerca do fenômeno Big Data de 2013 a agosto
de 2019?

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Trata-se de uma pesquisa descritiva de abordagem quan-


titativa. No que diz respeito aos procedimentos técnicos, a presen-
te investigação classifica-se como uma revisão sistemática de lite-
ratura (RSL). Conforme ressalta por Cordeiro et al. (2007), na re-
visão sistemática, a pesquisa tem como objetivo identificar, seleci-
onar, classificar e sintetizar as evidências de relevância disponí-
veis em investigações científicas.
Desta forma, na RSL adotam-se critérios que proporcio-
nem a rastreabilidade, bem como a fidedignidade dos dados obti-
dos, viabilizando, ao pesquisador, uma visão criteriosa acerca de
um determinado tema a ser investigado, possibilitando, ainda,
reflexões a partir dos conteúdos das pesquisas selecionadas
(SOUSA; RIBEIRO, 2009). No que diz respeito aos procedimentos
de busca e seleção realizados na base de dados escolhida para a
realização desta pesquisa, estes são descritos no Quadro 1.

Quadro 1 – Etapas da seleção das pesquisas na Brapci

Pesquisa por estudos Nesta etapa, pesquisou-se na Brapci por estudos


que com a presença do termo “Big Data” nos títulos,
resumos ou palavras-chave de pesquisas que te-
nham sido publicadas entre 2013 e 2019.
Acesso ao estudo Nesta etapa, foram selecionadas apenas as pesqui-
sas indexadas na base de dados em formato com-
pleto, sendo descartadas pesquisas inacessíveis.
Leitura dos resumos Nesta etapa, realizou-se uma leitura dos resumos
dos estudos selecionados nas etapas anteriores, de
forma a se trabalhar apenas com as pesquisas que
de fato trataram de Big Data no âmbito da Ciência
da Informação.

Fonte: Elaborado pelos autores (2019).

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 125

A partir da aplicação dos procedimentos de busca e seleção


mencionados no Quadro 1, foram selecionadas 22 pesquisas, nas
quais foram trabalhadas para a análise e apresentação dos resul-
tados.

RESULTADOS

Conforme já mencionado, a partir dos critérios de seleção,


foi viável recuperar e selecionar 22 pesquisas que trataram sobre
a temática Big Data e foram desenvolvidas por pesquisadores da
Ciência da Informação. No Quadro 2, são apresentados os anos,
títulos e autores referentes a estas investigações.

Quadro 2 – Apresentação dos estudos selecionados

Ano Título Autores


2019 Mecanismos tecnológicos FREUND, G. P. et al.
de segurança da informa-
ção no tratamento da ve-
racidade dos dados em
ambientes Big Data.
2019 Big Data como fonte de MOTTA, F. M. V.; BARBO-
inovação em museus: o SA, C. R.; BARBOSA, R.
estudo de caso do Museu
Britânico.
2018 A produção científica so- FAGUNDES, P. B.; MACE-
bre qualidade de dados DO, D. D. J.; FREUND, G. P.
em big data: um estudo na
base de dados Web of
Science
2018 O Problema da Indução FILHO, M. L. L.; NETO, M.
sob a Ótica do Big Data: V. S.
Um Ensaio a partir dos
Argumentos do Filósofo
Karl Popper
2018 Vigilância e privacidade, LOTT, Y. M.; CIANCONI, R.
no contexto do Big Data e B.
dados pessoais: análise da
produção da Ciência da

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 126

Informação no Brasil
2017 O Profissional da Informa- CONEGLIAN, C. S.; GON-
ção na Era do Big Data ÇALEZ, P. R. V. A.; SAN-
TARÉM SEGUNDO, J. E. S.
2017 Big Data: fatores potenci- CONEGLIAN, C. S.; SAN-
almente discriminatórios TARÉM SEGUNDO, J. E. S.;
em análise de dados SANT’ANA, R. C. G.
2017 Reflexões conceituais e FERREIRA, L. B.;
éticas sobre Big Data: ROCKEMBACH, M.;
limites e oportunidades KREBS, L. M.

2017 Requisitos para análise de FREUND, G. P.; FAGUN-


segurança da informação DES, P. B.; MACEDO, D. D.
em provedores de servi- J.
ços em nuvem
2017 Desafios da gestão de RODRIGUES, A. A,; DUAR-
dados na era do Big Data: TE, E. N. N; DIAS, G. A.
perspectivas profissionais
2017 Uma proposta de ecossis- VICTORINO, M. C. et al.
tema de big data para a
análise de dados abertos
governamentais conecta-
dos
2016 Curadoria digital: propos- DUTRA, M. L.; MACEDO, D.
ta de um modelo para D. J.
curadoria digital em am-
bientes big data baseado
numa abordagem semi-
automática para a seleção
de objetos digitais
2016 Estudo do ecossistema de JÚNIOR, R. H. A. ; SOUSA,
Big Data para conciliação R. T. B.
das demandas de acesso,
por meio da representa-
ção e organização da in-
formação
2016 Big Data e a saúde negli- MAGALHÃES, J. L. et al.
genciada em dengue, zika
e chicungunha: uma análi-
se translacional da tríplice
ameaça no século 21
2016 Ciclo de vida dos dados: SANT’ANA, R. C. G.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 127

uma perspectiva a partir


da ciência da informação
2016 Big data e gestão da in- VIANNA, W. B.; DUTRA, M.
formação: modelagem do L.; FRAZZON, E. M.
contexto decisional apoia-
do pela sistemografia
2015 A literatura internacional COSTA, M. M.; CUNHA, M.
sobre e-science nas bases B.
de dados LISA e LISTA.
2015 As contribuições da Ciên- MILAGRE, J. A.; SANTA-
cia da Informação na perí- RÉM SEGUNDO, J. E. S.
cia em Informática no
desafio envolvendo a aná-
lise de grandes volumes
de dados - Big Data.
2015 Empréstimo de livros SERRA, L. G.
eletrônicos, redes sociais e
a proteção de dados dos
usuários.
2014 O caminhar da Ciência da BARACHO, R. M. A. et al.
Informação e o XV Encon-
tro Nacional de Pesquisa
em Ciência da Informação
2013 Big data: questões éticas e DIAS, G. A.; VIEIRA, A. A.
legais emergentes. N.
2013 Ciência da Informação em SOUZA, R. R.; ALMEIDA,
transformação: Big Data, M. B.; BARACHO, R. M. A.
Nuvens, Redes Sociais e
Web Semântica.

Fonte: Dados da pesquisa (2019).

No que diz respeito à produção por anos, conforme apre-


sentado no Gráfico 1, pode-se perceber que houve maior produção
científica sobre Big Data na área da Ciência da Informação no pe-
ríodo compreendido entre os anos de 2016 (5 publicações) a 2017
(6 publicações).

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 128

Gráfico 1 – Publicações por ano

6
5
4
3
2
1
0
2019 2018 2017 2016 2015 2014 2013

Fonte: Dados da Pesquisa (2019)

Entretanto, a partir de 2018, as publicações começaram a


cair, tendo somente 3 ocorrências, assim como no ano de 2015.
Foram identificadas 2 pesquisas publicas em 2019, assim como
em 2013 e, no que diz respeito ao ano de 2014, ocorreu somente
uma publicação, sendo este ano o que menos ocorreu publicações
sobre Big Data na área da Ciência da Informação.
As palavras-chave são representadas na Figura 1. Os estu-
dos reúnem 71 palavras-chave. As mais ocorridas foram “Big Da-
ta” (ocorrendo 22 vezes) e “Ciência da Informação” (ocorrência
em 7 vezes), demonstrando que, de fato, foram selecionados estu-
dos desenvolvidos no âmbito da Ciência da Informação que abor-
daram a temática Big Data.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 129

Figura 1 – Representação das palavras-chave

Fonte: Dados da pesquisa (2019).

As palavra-chave “Segurança da Informação”, foi a terceira


com maior ocorrência, estando presente em 3 trabalhos. Já as pa-
lavras-chave “Enancib” e “Privacidade”, ocorreram 2 vezes cada
uma. As demais surgiram apenas uma vez. Notase, com base na
pluralidade de terminologias que se apresentam na Figura 1, que a
discussão sobre Big Data na CI ocorre relacionando-se por meio
de várias outras temáticas, como: processos de curadoria digital,
ciclo de vida de dados, serviços de nuvem, chicungunha, dentre
outras.
No que tange às fontes de publicação dos achados, percebe-
se, também, uma pluralidade. 11 fontes da Ciência da Informação
publicaram sobre Big Data entre 2013 e 2019. A maioria destas
fontes foram revistas científicas, sendo apenas uma delas o Encon-
tro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB).
No Gráfico 2 são apresentas as fontes da área da Ciência da Infor-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 130

mação que mais publicaram sobre Big Data entre 2013 a agosto de
2019.

Gráfico 2 - Fontes que mais publicaram sobre Big Data

Fonte: Dados da pesquisa (2019).

De acordo com o que pode ser percebido no Gráfico 2, o pe-


riódico que mais publicou sobre Big Data no período analisado
(2013-2019) foi a revista Ciência da Informação, na qual foram
publicados 4 artigos. Já as revistas Informação & Informação e
Informação & Tecnologia, publicaram, ambas, 3 artigos. Os perió-
dicos: Informação & Sociedade: Estudos; Perspectivas em Ciência
da Informação; Encontros Bibli e RDBCI publicaram 2 estudos ca-
da. As demais revistas, conforme pode ser visualizado no Apêndi-
ce A, publicaram apenas um artigo.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 131

No que diz respeito ao número de citação dos estudos sele-


cionados, o mais citado possui 12 citações. No Quadro 3 são apre-
sentados os cinco estudos mais citados dentre os selecionados
para a realização desta pesquisa.

Quadro 3 – Cinco estudos mais citados

Referência Número de citações


SANT’ANA, R. (2016). 12
SOUZA, R.; ALMEIDA, M.; BARACHO, R. 8
(2013).
VICTORINO, M. ET AL., (2017) 5
FAGUNDES, P.; MACEDO, D.; FREUND, 3
G. (2018).
DIAS, G.; VIEIRA, A. (2013) 3

Fonte: Elaborado pelos autores com base no Google Acadêmico (2019)

O artigo mais citado é intitulado “Ciclo de vida dos dados:


uma perspectiva a partir da ciência da informação” e, conforme
apresentado pelo Quadro 3, foi desenvolvido pelo autor
SANT’ANA, R. (2016), possuindo 12 citações. Já o segundo mais
citado possui 8 citações e foi desenvolvido pelos pesquisadores
SOUZA, R., ALMEIDA, M. e BARACHO, R. (2013), tendo como título:
“Ciência da Informação em transformação: Big Data, Nuvens, Re-
des Sociais e Web Semântica”. O terceiro mais citado teve 5 cita-
ções, foi elaborado por VICTORINO, M. ET AL. e se chama “Uma
proposta de ecossistema de big data para a análise de dados aber-
tos governamentais conectados”. Já os estudos intitulados “A pro-
dução científica sobre qualidade de dados em big data: um estudo
na base de dados Web of Science” e “Big data: questões éticas e
legais emergentes”, tiveram, cada um, 3 citações, sendo que o pri-
meiro foi desenvolvido pelos autores FAGUNDES, P.; MACEDO, D.;
FREUND, G. (2018), enquanto o segundo, por DIAS, G. e VIEIRA, A.
(2013).
Em relação às autorias, percebe-se que a maioria dos estu-
dos selecionados (20 dos 22) foram feitos em conjunto, sendo os

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 132

dois estudos elaborados por apenas um autor: “Ciclo de vida dos


dados: uma perspectiva a partir da ciência da informação”, elabo-
rado por Ricardo César Gonçalves Sant’Ana, e “Empréstimo de
livros eletrônicos, redes sociais e a proteção de dados dos usuá-
rios”, desenvolvido pela autora Liliana Giusti Serra.
No tocante aos autores que mais publicaram sobre Big Data
em periódicos da Ciência da Informação, no Quadro 4 estes são
apresentados, bem como a quantidade de estudos publicados por
estes.

Quadro 4 – Pesquisadores da Ciência da Informação que


mais publicaram sobre Big Data

Autor Número de publicações


SANTARÉM SEGUNDO, J. E. S. 3
MACEDO, D. D. J. 3
FREUND, G. P. 3
BARACHO, R. M. A. 2
FAGUNDES, P. B. 2
CONEGLIAN, C. S. 2
SANT’ANA, R. C. G. 2
DIAS, G. A. 2
DUTRA, M. L. 2

Fonte: Dados da pesquisa (2019).

Conforme o que se apresenta no Quadro 4, os autores que


mais publicaram sobre Big Data em periódicos pertencentes à
área da Ciência da Informação foram José Eduardo Santarém Se-
gundo, Douglas Dyllon Jeronimo de Macedo e Gislaine Parra
Freund. Estes três autores publicaram três artigos cada. Os demais
autores citados no Quadro 2 publicaram 2 artigos no recorte de
temporalidade aplicado nesta pesquisa. Os autores que não estão
presentes no Quadro 2, somente 1 artigo.
Ainda no que diz respeito aos autores que publicaram so-
bre a temática Big Data no campo de estudo da Ciência da Infor-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 133

mação, vale destacar aqueles com maior número de citações. Esta


informação pode ser visualizada no Quadro 5.

Quadro 5 – Citação por autores

Autores Número de Fonte


citações
MACEDO, D. D. J. 180 Google
SANTARÉM SEGUNDO, J. E. S. 86 Google
DUTRA, M. L. 85 Google
DIAS, G. A. 76 Google
SANT’ANA, R. C. G. 74 Google

Fonte: Dados da pesquisa (2019).

No Quadro 5 são apresentados os 5 autores com maior


número de citação. De acordo com o que pode ser percebido, o
autor com maior número de citações é Douglas Dyllon Jeronimo
de Macedo, com 180 citações no total. Em seguida, José Eduardo
Santarém Segundo é apresentado com 86 citações, sendo este o
segundo autor com maior número de citações. Com 85 citações,
Moisés Lima Dutra é o terceiro autor mais citado. Guilherme Ataí-
de Dias é o quarto autor mais citado, com um total de 76 citações.
Por fim, como o quinto autor mais citado, Ricardo César Gonçalves
Sant’ana é apresentado com um número de 74 citações.
No Gráfico 3 são apresentas as instituições de onde se ori-
ginaram as pesquisas utilizadas para a realização desta revisão de
literatura, assim como o número de estudos publicados.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 134

Gráfico 3 – Instituições de origem dos estudos

Fonte: Dados da pesquisa (2019).

Conforme o que se apresenta no Gráfico 3, os pesquisado-


res que mais publicaram sobre Big Data em fontes da Ciência da
Informação no período compreendido entre 2013 e 2019 são da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com o número de
5 artigos publicados. Vale destacar também a produtividade dos
pesquisadores de São Paulo, estando a Universidade de São Paulo
(USP) e a Universidade Estadual Paulista (UNESP) representadas
SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2
D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 135

em 4 estudos selecionados. Já os pesquisadores da Universidade


Federal de Minas Gerais (UFMG), assim como os da Universidade
de Brasília (UnB), participaram da produção de 3 estudos selecio-
nados cada. Em relação aos pesquisadores da Universidade Fede-
ral da Paraíba (UFPB), estes colaboraram na produção de 2 traba-
lhos. As demais instituições estão representadas em apenas um
dos estudos selecionados. O Gráfico 4 apresenta o número de es-
tudos advindos dos estados brasileiros.

Gráfico 4 – Estados de origem dos estudos selecionados

Fonte: Dados da pesquisa (2019)

De acordo com o que se encontra apresentado no Gráfico 4,


os Estados de São Paulo e Santa Catarina foram os que mais publi-
caram sobre Big Data na área da Ciência da Informação, no perío-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 136

do compreendido entre 2013 e 2019, sendo que ambos são repre-


sentados em 5 estudos selecionados.
Já os estados de Minas Gerais e Distrito Federal estão re-
presentados em 3 estudos, enquanto os estados do Rio de Janeiro,
Paraíba e Paraná, são representados por seus pesquisadores em 2
estudos cada. Por fim, os estados do Rio Grande do Sul e do Rio
Grande do Norte são representados em apenas 1 estudo cada. Vale
ressaltar que, para a elaboração do Gráfico 4, foram considerados
apenas os dados referentes aos pesquisadores do Brasil, porém, 2
dos pesquisadores dos estudos selecionados são estrangeiros,
sendo estes: Zulmira Hartz (pesquisadora da Universidade de No-
va Lisboa) e Luc Quoniam (Pesquisador da l’Université de Tou-
lon).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve o objetivo de realizar um levantamento


de informações relacionadas à produção científica sobre Big Data
publicada entre 2013 a 2019 que está indexada na base Brapci, de
modo a verificar como os pesquisadores da Ciência da Informação
têm tratado esta temática.
O objetivo proposto foi alcançado, uma vez que são apre-
sentadas, na presente investigação, diversas informações: publica-
ções por ano, periódicos que mais publicaram, instituições e esta-
dos dos autores, dentre outras. Sugere-se a continuidade de pes-
quisas na área da Ciência da Informação com foco no fenômeno
Big Data e nos dados de uma forma geral, uma vez que estas são
colaborativas no sentido de conscientização do valor dos dados,
bem como de identificar e solucionar problemas informacionais
associados aos dados.
Pesquisas futuras poderiam, por exemplo, aplicar pesqui-
sas de campo junto aos pesquisadores da área da Ciência da In-
formação com a finalidade de se verificar como os mesmos perce-
bem o papel e importância do cientista da informação no contexto
do Big Data e dos problemas informacionais consequentes dos

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 137

dados que surgem constantemente, em demasiados tipos, bem


como em grande volume.

REFERÊNCIAS

BARACHO, R. M. A. et al. O caminhar da Ciência da Informação e o XV encontro


nacional de pesquisa em Ciência da Informação. Perspectivas em Gestão &
Conhecimento, v. 4, n. 0, p. 198–211, 2014.

CAI, L.; ZHU, Y. The Challenges of Data Quality and Data Quality Assessment in
the Big Data Era. Data Science Journal, 2015.

CHEN, C. P.; ZHANG, C.Y. Data-intensive applications, challenges, techniques and


technologies: A survey on Big Data. Information Sciences, 275, 314–347,
2014.

CONEGLIAN, C. S.; GONÇALEZ, P. R. V. A.; SEGUNDO, J. E. S. O Profissional da


Informação na Era do Big Data. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblio-
teconomia e ciência da informação, v. 22, n. 50, p. 128–143, 6 set. 2017.

CONEGLIAN, C. S.; SANTARÉM SEGUNDO, J. E. S.; SANT’ANA, R. C. G. Big Data:


fatores potencialmente discriminatórios em análise de dados. Em Questão, v.
23, n. 1, p. 62–86, 1 jan. 2017.

CORDEIRO, A. M. et al. Revisão sistemática: uma revisão narrativa. Revista do


Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Rio de Janeiro, v. 34, n. 6, p. 428-431, nov.
/dez. 2007.

COSTA, M. M.; CUNHA, M. B. Da. A literatura internacional sobre e-science nas


bases de dados LISA e LISTA. Encontros Bibli: revista eletrônica de bibliote-
conomia e ciência da informação, v. 20, n. 44, p. 127–144, 16 nov. 2015.

DIAS, G. A.; VIEIRA, A. A. N. Big data: questões éticas e legais emergentes. Ciên-
cia da Informação, v. 42, n. 2, 2013.

DUTRA, M. L.; MACEDO, D. D. J. Curadoria digital: proposta de um modelo para


curadoria digital em ambientes big data baseado numa abordagem semi-
automática para a seleção de objetos digitais. Informação & Informação, v. 21,
n. 2, p. 143–169, 20 dez. 2016.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 138

FAGUNDES, P. B.; MACEDO, D. D. J.; FREUND, G. P. A produção científica sobre


qualidade de dados em big data: um estudo na base de dados Web of Science.
RDBCI, v. 16, n. 1, p. 194–210, 2018.

FARO, C. Administração bancária: uma visão aplicada. Rio de Janeiro: Edito-


ra FGV, 2014.

FERREIRA, L. B.; ROCKEMBACH, M.; KREBS, L. M. Reflexões conceituais e éticas


sobre biga data: limites e oportunidades. In: XVIII ENANCIB, 10 set. 2017, [S.l:
s.n.], 10 set. 2017.

FILHO, M. L. L.; NETO, M. V. S. O Problema da Indução sob a Ótica do Big Data:


Um Ensaio a partir dos Argumentos do Filósofo Karl Popper. Logeion: Filosofia
da Informação, v. 5, n. 1, p. 6–19, 31 ago. 2018.

FREUND, G. P. et al. Mecanismos tecnológicos de segurança da informação no


tratamento da veracidade dos dados em ambientes Big Data. Perspectivas em
Ciência da Informação, v. 24, n. 2, p. 124– 142, 2019.

FREUND, G. P.; FAGUNDES, P. B.; MACEDO, D. D. J. Requisitos para análise de


segurança da informação em provedores de serviços em nuvem. Informação &
Tecnologia, v. 4, n. 1, p. 89–109, 2017.

JÚNIOR, R. H. A.; SOUSA, R. T. B. Estudo do ecossistema de Big Data para concili-


ação das demandas de acesso, por meio da representação e organização da
informação. Ciência da Informação, v. 45, n. 3, 2016.

LOTT, Y. M.; CIANCONI, R. B. Vigilância e privacidade, no contexto do Big Data e


dados pessoais: análise da produção da Ciência da Informação no Brasil. Pers-
pectivas em Ciência da Informação, v. 23, n. 4, p. 117– 132, 26 dez. 2018.

MAGALHÃES, J. L. et al. Big Data e a saúde negligenciada em dengue, zika e chi-


cungunha: uma análise translacional da tríplice ameaça no século 21. Ciência
da Informação, v. 45, n. 3, 2016.

MARQUESONE, R. Big data: técnicas e tecnologias para extração de valor


dos dados . São Paulo: Casa do Código, 2016.

MILAGRE, J. A.; SANTARÉM SEGUNDO, J. E. S. As contribuições da Ciência da


Informação na perícia em Informática no desafio envolvendo a análise de gran-
des volumes de dados - Big Data. Informação & Tecnologia, v. 2, n. 2, p. 35–48,
2015.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 139

MOTTA, F. M. V.; BARBOSA, C. R.; BARBOSA, R. R. Big Data como fonte de inova-
ção em museus: o estudo de caso do Museu Britânico. Informação & Socieda-
de: Estudos, v. 29, n. 1, 27 mar. 2019.

RODRIGUES, A. A.; DUARTE, E. N.; DIAS, G. A. Desafios da gestão de dados na era


do Big Data: perspectivas profissionais. Informação & Tecnologia, v. 4, n. 2,
2017.

SANT’ANA, R. C. G. Ciclo de vida dos dados: uma perspectiva a partir da ciência


da informação. Informação & Informação, v. 21, n. 2, p. 116–142, 20 dez.
2016.

SERRA, L. G. Empréstimo de livros eletrônicos, redes sociais e a proteção de


dados dos usuários. RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da
Informação, v. 13, n. 1, p. 42–60, 2015.

SOUSA, M.R., RIBEIRO, A.L. Revisão sistemática e meta-análise de estudos de


diagnóstico e prognóstico: um tutorial. Arq Bras Cardiol. vol. 92, n.3, p.241-51,
2009.

SOUZA, R. R.; ALMEIDA, M. B.; BARACHO, R. M. A. Ciência da Informação em


transformação: Big Data, Nuvens, Redes Sociais e Web Semântica. Ciência da
Informação, v. 42, n. 2, 2013.

VIANNA, W. B.; DUTRA, M. L.; FRAZZON, E. M. Big data e gestão da informação:


modelagem do contexto decisional apoiado pela sistemografia. Informação &
Informação, v. 21, n. 1, p. 185–212, 2016.

VICTORINO, M. C. et al. Uma proposta de ecossistema de big data para a análise


de dados abertos governamentais concetados. Informação & Sociedade: Es-
tudos, 2017.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 140

7
GESTÃO DE DADOS DE PESQUISA: UMA REVISÃO
SISTEMÁTICA EM BASES DE DADOS CIENTÍFICOS
ANDRÉ LUIZ DE FRANÇA M ADEIRO1
GUILHERME ATAÍDE DIAS 2

INTRODUÇÃO

Na contemporaneidade os dados de pesquisa constituem


um elemento essencial no desenvolvimento de pesquisas. O fato
que maximizou sua relevância foi a emergência das Tecnologias
Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) desde o século
passado e de forma mais proeminente no início do século XXI. Este
cenário deve-se pelo contexto tecnológico em gerar um volume
crescente de dados, que devido a sua escala só podem ser proces-
sados efetivamente através das próprias TDICs. E ainda este am-
biente tem proporcionado grande apoio para o intercâmbio de
dados e informações entre pesquisadores e organizações, sem a
necessidade de deslocamento pessoal para acessibilidade de
grandes quantidades de dados (MEDEIROS; CAREGNATO, 2012).
A e-Science, que vem se configurando um paradigma científico
contemporâneo, considera os dados como fontes essenciais para o
trabalho dos pesquisadores, desde o projeto a execução da pes-
quisa. De acordo com Sayão e Sales (2015) os dados são potenciais
1 Bolsista pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ);
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Uni-
versidade Federal da Paraíba (PPGCI/UFPB); E-mail: andremadei-
ro.ufpb@gmail.com
2 Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Uni-

versidade Federal da Paraíba (PPGCI/UFPB); Doutor em Ciências da Comunica-


ção/Ciência da Informação pela Universidade de São Paulo (USP).

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 141

informacionais para a ciência atual, onde pesquisadores, institui-


ções acadêmicas e agências de fomento à pesquisa entendem que
se os dados forem tratados, preservados e gerenciados configu-
ram-se como uma fonte significativa de informações para a pes-
quisa científica e para o ensino científico. Assim, gestão de dados
de pesquisa é relevante para o know how dos pesquisadores. Ges-
tão de dados de pesquisa é “um conjunto de gestão voltadas para o
tratamento de dados de pesquisa durante seu ciclo de vida. Inclui
todos os aspectos de manutenção, compartilhamento, segurança e
preservação” (SAYÃO e SALES, 2015, p.80).
No que diz respeito a produção científica brasileira sobre a
temática, tem-se alguns trabalhos, como os de: Dias et al.(2020);
Anna, Dias e Maculan (2019); Araújo, Dias e Araújo (2019); Araú-
jo, Llarena e Siebra (2019); Dias e Anjos (2019); Guandalini, Fur-
nival e Arakaki (2019); Estevão, Arns e Straughs (2019); Guima-
rães e Bezerra (2019); Silva et al (2019); Sayão e Sales (2018);
Bertin, Visoli e Drucker (2017); Cavalcanti e Sales (2017); Rodri-
gues, Duarte e Dias (2017); Silva (2016); Sayão e Sales (2015).
As bases de dados científicos disponibilizam grande acervo
de publicações, desde artigos até teses. Em busca de conhecer me-
lhor a produção científica internacional sobre gestão de dados de
pesquisa, utilizamos a ferramenta PRISMA, esta é uma ferramenta
internacional que ajuda o pesquisador a realizar investigações
sobre os mais diversos eixos temáticos:
PRISMA é um conjunto mínimo de itens com base em
evidências para relatórios em revisões sistemáticas e
metanálises. O PRISMA concentra-se no relato de re-
visões que avaliam estudos randomizados, mas tam-
bém pode ser usado como base para relatar revisões
sistemáticas de outros tipos de pesquisa, particular-
mente avaliações de intervenções (PRISMA, 2020,
online, tradução nossa)3.

3 Fonte em inglês: PRISMA is na evidence-based minimum set of items for re-


porting in systematic reviews and meta-analyses. PRISMA focuses on the re-
porting of reviews evaluating randomized trials, but can also be used as a basis
for reporting systematic reviews of other types of research, particularly evalua-
tions of interventions.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 142

Baseado no PRISMA, as revisões sistemáticas favorecem estudos


sobre um assunto específico, em bases de dados referenciadas e
em determinado espaço de tempo e de meta-análise (MIRANDA,
2018). No âmbito da Ciência da Informação é um valioso recurso
para explorar o assunto. Diante da explanação inicial questiona-
mos: de que forma o tema gestão de dados de pesquisa tem
sido tratado na literatura internacional?
Este estudo se justifica pela carência de pesquisas sobre
gestão de dados de pesquisa através da revisão sistemática basea-
da no PRISMA. O objetivo deste estudo é investigar gestão de da-
dos de pesquisa em bases de dados científicos por meio da revisão
sistemática. Os objetivos específicos são: identificar em bases de
dados conteúdos sobre gestão de dados de pesquisa e caracterizá-
los quanto às palavras-chave, periódicos e autorias.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa é por natureza descritiva e exploratória, com


uso de uma abordagem quali-quantitativa. Quanto ao instrumento
técnico utilizado, foi usada a revisão sistemática (RS) em bases de
dados online de pesquisa científica.
A RS baseou-se em normas estabelecidas pelo Preferred
Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses – PRIS-
MA (GALVÃO; PANSANI, 2015). Estas normas originam um fluxo-
grama de quatro etapas: identificação, seleção, elegibilidade e in-
clusão, que direcionam as fases de uma RS em busca de produção
científica útil e válida. Elas dão origem, também, a um checklist
com 27 itens que apresenta sugestões nos relatos de revisão sis-
temática. A primeira etapa consistiu da identificação do número
de relatos identificados na base de dados; a segunda diz respeito a
seleção, número de relatos após eliminar os duplicados; a terceira
é a elegibilidade, ou seja, número de artigos em texto completo
avaliados para elegibilidade; quarto é a inclusão, ou seja, número
de estudos incluídos em síntese-quantitativa (meta-análise). Os
valores encontrados e utilizados neste texto estão indicados na
SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2
D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 143

Tabela 1. Complementando este procedimento, visando a identifi-


cação da produção científica sobre gestão de dados de pesquisa,
optou-se pela bibliometria para a composição da meta-análise. As
métricas utilizadas neste trabalho analisaram os períodos de pu-
blicação, as autorias, as fontes de publicação e as palavras-chave.
O critério de inclusão do material a ser avaliado seguiu as quatro
fases do PRISMA e levou em consideração o objetivo deste estudo
a investigação da produção científica internacional sobre ciclo de
vida de dados. Considerou, ainda, na sua delimitação de tempo, o
fato de que estudos e pesquisas sobre esse tema se atualizam
constantemente aliados ao avanço tecnológico. Então, optou-se
por um recorte temporal de 5 anos, ou seja, o intervalo temporal
compreendido entre os anos de 2014 a 2019.

Tabela 1 – Resultados nas bases de dados

Exclusão (tempo-
Exclusão (dupli-
Exclusão (perti-

Base de Termo Re- Elegibilidade

ralidade)
nência)

Sele-
cados)

sul-
ção
dados de busca tados

EME-
RALD 179
INSIGHT

LISA 472 247 repe-


“research
tições em
SCOPUS data mana- 279 343 162 5 85
101 arti-
gement”
gos
WEB OF
200
INSIGHT

Total 1.130

Fonte: Dados da pesquisa, 2020

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 144

As buscas efetivamente ocorreram entre 18 de dezembro


de 2019 a 17 de janeiro de 2020 e se restringiram as bases Eme-
rald Insight, Lisa, Scopus e Web of Science. Estas bases foram esco-
lhidas primordialmente pela importância para a Ciência da Infor-
mação (CI), por possuírem acervo extenso e terem convênio com a
Plataforma de Periódicos CAPES, que favoreceu o acesso e indexa-
ção dos metadados dos artigos pertinentes. Para início da busca
sistemática, foi utilizado o termo “research data management”, as
aspas foram necessárias para restringir os resultados das bases a
este termo específico e, assim, ter maior probabilidade de obter
artigos pertinentes a temática, como indicado pelo PRISMA no flu-
xo identificação.
Inicialmente foram recuperados 1.130 artigos. Em seguida
foi verificado que 343 possuíam algum indicativo no título ou pa-
lavras-chave ao discutir efetivamente sobre gestão de dados de
pesquisa. Estes artigos foram importados para o Zotero, um ge-
renciador de referências com a intenção de armazenar e citar re-
ferências bibliográficas como livros e artigos (ZOTERO, 2020, on-
line). Este processo teve o objetivo de continuar a análise de forma
mais restrita aos arquivos pertinentes. Com auxílio desta ferra-
menta, verificamos a ocorrência de 247 repetições em 101 artigos,
que prontamente foram fundidas de modo a constarem apenas um
registro de cada, resultando em 162 referências de documentos
distintos e condizentes com o PRSIMA no fluxo seleção.
De acordo com o fluxo elegibilidade do PRISMA, e em razão
da proporção dos dados foi necessário fazer um corte temporal de
5 anos. De 162 artigos eleitos, 77 foram excluídos. Enquanto que
85 artigos foram selecionados ao tema gestão de dados de pesqui-
sa em seu conteúdo, constatação que só possível após leitura inte-
gral dos mesmos.

RESULTADOS

Dentre os 85 artigos selecionados, encontramos cinco com


valores elevados de citação que merecem destaque, conforme eles

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 145

estão evidenciados na Tabela 2. A avaliação dos artigos menciona-


dos foi realizada no período de 14 a 21 de janeiro de 2020 no Go-
ogle Acadêmico. Dentre estes artigos, 3 são do campo da Ciência
da Informação (Journal of Librarianship and Information Science;
Records Management Journal e The Journal of Academic Librari-
anship); 1 da Ciência da Computação (Journal of Association for
Information Science and Technology) e 1 das Ciências Biológicas e
Agrícolas (PLOS ONE).

Tabela 2 – Títulos, periódicos e ano dos artigos mais citados

Título do documento Periódico Ano Citações

Research data management and li- Journal of Librari-


braries: current activities and future anship and Infor- 2014 208
priorities mation Science

Research data management and li-


braries: relationship, activities, driv- PLOS ONE 2014 106
ers and influences

Developments in research data man- Journal of Associa-


agement in academic libraries: to- tion for Information
2017 73
wards an understanding of research Science and Tech-
data service maturity nology

Opening research data: issues and Records Manage-


2014 45
opportunities ment Journal

Occupational sub-cultures, jurisdisc-


tional struggle and third space: theo- The Journal of Aca-
2014 43
rizing professional service responses demic Librarianship
to research data management

Fonte: Dados da pesquisa, 2020

No aspecto temporal, os artigos selecionados caracterizam-


se por um crescimento ao longo de cinco anos. Em 2014 foram
publicados 10 artigos. Mas no ano seguinte ocorreu um decrésci-
SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2
D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 146

mo, com 9 artigos. Em 2016 teve-se 11, em 2017, 15 artigos, em


2018, 16 e em 2019, 24.
Quanto aos idiomas encontrados nos 85 artigos menciona-
dos, quatro são em língua alemã, um em língua croata, um em es-
panhol, um em português e um em turco. Os outros 77 artigos são
em inglês.
No que diz respeito aos periódicos dos artigos seleciona-
dos, foi encontrado um número maior de artigos nos periódicos de
origem inglesa, com 29 ocorrências; de origem norte-americana
com 18 ocorrências; de origem alemã com 10 ocorrências; de ori-
gem francesa com 7 ocorrências; de origem suíça com 4 ocorrên-
cias; de origem holandesa com 3 ocorrências; de origem indiana
com duas ocorrências; com uma ocorrência nos seguintes países:
África do Sul, Austrália, Austria, Brasil, Canadá, Croácia, Espanha,
Lituânia, Paquistão, República da Coréia e Turquia.
No que tange a frequência de periódicos contendo os arti-
gos citados, os periódicos Proceedings of the Association for Infor-
mation Science and Techonology e LIBER Quartely, de origens ame-
ricana e alemã, respectivamente, publicaram 5 vezes, cada um,
valor maior do que outros.
Quanto a frequência da área do conhecimento dos periódi-
cos relacionados aos artigos examinados, foram encontrados mai-
or presença no campo da Ciência da Informação e Biblioteconomia
em 57 publicações; 13 publicações na área da Ciência da computa-
ção; 8 publicações da seara da Biblioteconomia; 3 publicações do
campo de estudos planetários e da terra; 2 publicações do campo
das Ciências Biológicas e Agrícolas; e por último, 1 publicação, de
cada um, nas áreas da Tecnologia da Informação, Energia Renová-
vel, Ciência dos Dados, Engenharia, Ciências Sociais, Medicina,
Química, Informação e Gestão do Conhecimento e de Tendências
Atuais Socio-político-econômico da Ásia.
Ainda sobre os 85 artigos pertinentes à pesquisa, o Quadro
1 disponibiliza os artigos pesquisados para maior compreensão da
mesma.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 147

QUADRO 1 – 85 artigos selecionados

Artigos

ALONSO-AREVALO, J. Research data management (RDM) on the horizon of


academics and research libraries.

AVDIS, A. et al. Efficient unstructured mesh generation for marine renewable


energy applications.

AVUGLAH, B. K.; UNDERWOOD, P. G. research data management (RDM) capabil-


ities at the University of Ghana, Legon.

AYDINOGLU, A. U.; DOGAN, G.; TASKIN, Z. research data management In Tur-


key: perceptions and practices.

BLASK, K.; FORSTER, A. Designing an information architecture for data man-


agement technologies: introducing the DIAMANT model.

BRADLEY-RIDOUT, G. Preferred but not required: examining research data


management roles in health science librarian positions.

CHEN, X.; WU, M. Survey on the needs for chemistry research data management
and sharing.

CHIGWADA, J.; CHIPARAUSHA, B.; KASIROORI, J. Research data management in


research institutions in Zimbabwe.

CHILDS, S. et al. Opening research data: issues and opportunities.

CLEMENT, R. et al. Team-based data management instruction at small liberal


arts colleges.

COX, A. et al. Research data management as a “wicked problem”.

COX, A. et al. Developments in research data management in academic libraries:


towards an understanding of research data service maturity.

COX, A. et al. Maturing research data services and the transformation of aca-
demic libraries.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 148

COX, A.; PINFIELD, S. Research data management and libraries: current activi-
ties and future priorities.

COX, A.; PINFIELD, S.; SMITH, J. Moving a brick building: UK libraries coping
with research data management as a ‘wicked’ problem.

COX, A.; TAM, W. W. T. A Critical Analysis of Lifecycle Models of the Research


Process and Research Data Management.

CREMER, F.; ENGELHARDT, C.; NEUROTH, H. Embedded data manager – in-


tegriertes forschungsdatenmanagement: praxis, perspektiven und potentiale.

CRUZ, M. et al. Policy needs to go hand in hand with practice: the learning and
listening approach to data management.

DIERKES, J.; WUTTKE, U. The Göttingen e-Research alliance: a case study of


developing and establishing institutional support for research data manage-
ment.

EBERHARD, I. von; KRAUS, W. The elephant in the room: challenges for ethno-
graphic data management repositories.

ELSAYED, A. M.; SALEH, E. I. Research data management and sharing among


researchers in arab universities: an exploratory study.

ENESCU, I. I. et al. The EnviDat concept for an institutional environmental data


portal.

EVANS, J. et al. Winds of Change: a recordkeeping informatics approach to in-


formation management needs in data-driven research environments.

FITSCHEN, T. et al. CaosDB—Research Data Management for Complex, Chang-


ing, and Automated Research Workflows.

FRANSSON, J. et al. Developing integrated research data management support


in close relation to doctoral students’ research practices.

GRANT, R. Recordkeeping and Research Data Management: A Review of Per-


spectives.

GRASSE, M.; LOPEZ, A.; WINTER, N. Landesinitiative NFDI – a central point of


contact for RDM for higher education institutions in the german state of north
rhine-westphalia.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 149

GROENEWEGEN, D. Yesterday and today: reflecting on past practice to help


build and strengthen the researcher partnership at monash university.

GRUNZKE, R. et al. The MASi repository service — comprehensive, metadata-


driven and multi-community research data management.

HELBIG, K. Research data management training for geographers: first impres-


sions.

HENDERSON, M; KNOTT, T. Starting a research data management program


based in a university library.

HICKSON, S. et al. Modifying researchers’ data management practices: a behav-


ioural framework for library practitioners.

HIGMAN, R.; BANGERT, D.; JONES, S. Three camps, one destination: The inter-
sections of research data management, FAIR and Open.

HIGMAN, R.; PINFIELD, S. Research data management and Openness: The role
of data sharing in developing institutional policies and practices.

HIOM, D. et al. Research data management at the University of Bristol

ISHAK, I. et al. Influencing factors in determining research data repository in-


frastructure for research data management.

JACKSON, B. The changing research data landscape and the experiences of eth-
ics review board chairs: implications for library practice and partnerships.

KAHN, M. et al. Research data management in South Africa: how we shape up.

KOOPMAN, M. M.; JAGER, K. de. Archiving south african digital research data:
how ready are we?

KRAFT, A. et al. The RADAR project-a service for research data archival and
publication.

KRAHE, M. A. et al. Research data management in practice: results from a cross-


sectional survey of health and medical researchers from an academic institu-
tion in Australia.

KRANJEC, I.; GLAVICA, M.; VODOPIJEVEC, A. ISTRAŽIVAČKI PODACI I VI-


SOKOŠKOLSKE KNJIŽNICE.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 150

KRUSE, F.; THESTRUP, B. Research libraries’ new role in research data man-
agement, current trends and visions in Denmark.

KVALE, L.; STANGELAND, E. Skills for research data management – developing


RDM courses at the University of Oslo.

LATIF, A.; LIMANI, F.; TOCHTERMANN, K. A generic research data infrastruc-


ture for long tail research data management.

LEON, M. A. P. de; FERRER, L. A. i de. From open access to open data: collabora-
tive work in the University libraries of Catalonia.

LINNE, M.; ZENK-MOLTGEN, W. Strengthening institutional data management


and promoting data sharing in the social and economic sciences.

LIU, X.; DING, N. Research data management in universities of central China.

MAKANI, J. Knowledge management, research data management, and universi-


ty scholarship: towards an integrated institutional research data management
support-system framework.

MANCILLA, H. A. et al. On a quest for cultural change — surveying research data


management practices at Delft University of Technology.

MCEWEN, L.; LI, Y. Academic librarians at play in the field of cheminformatics:


building the case for chemistry research data management.

MOSCONI, G. et al. Three gaps in opening science.

PAPPENBERGER, K. bwFDM-Communities – Wissenschaftliches datenmanage-


ment an den universitäten baden-württembergs.

PATEL, D. Research data management:a conceptual framework.

PINFIELD, S.; COX, A.; SMITH, J. Research data management and libraries: rela-
tionships, activities, drivers and influences.

PIRACHA, H. A.; AMEEN, K. Research data management practices of faculty


members.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 151

PIRACHA, H. A.; AMEEN, K. Policy and planning of research data management in


university libraries of Pakistan.

PLOMP, E. et al. Cultural obstacles to research data management and sharing at


TU Delft.

QIN, J. et al. Technical and policy underpinnings of FAIR data principles.

REDKINA, N. S. Current trends in research data management.

RENWICK, S.; WINTER, M.; GILL, M. Managing research data at an academic


library in a developing country.

RUDZIONIENE, J. et al. Drop out factors in data literacy and research data man-
agement survey: experiences from Lithuania and Finland.

SALES, L. F.; SAYAO, L. F. HE BIG AND SMALL SCIENCE: analysis of differences


in research data management.

SCHMIDT, B.; DIERKES, J. New Alliances for research and teaching support:
establishing the Göttingen e-Research alliance.

SCHOPFEL, J. et al. Research data management in the French National Research


Center (CNRS).

SESARTIC, A.; TOWE, M. Forschungsdatenmanagement an der ETH Zürich: an-


sätze und wirkung

SHAHI, A. et al. Workflow-based construction research data management and


dissemination.

SHARIF, N. et al. An open science ‘state of the srt’ for Hong Kong: making open
research data available to support Hong Kong innovation policy.

SHELLY, M.; JACKSON, M. Research data management compliance: is there a


bigger role for university libraries?

SOUTHALL, J.; SCUTT, C. Training for research data management at the bodleian
libraries: national contexts and local implementation for researchers and li-
brarians.

STEEL, K. M.; THOMPSON, H.; WRIGHT, W. Opportunities for intra-university


collaborations in the new research environment.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 152

STEELWORTHY, M. Research data management and the canadian academic


library: an organizational consideration of data management and data steward-
ship.

STEINER, M. K. Research data management and information literacy-new de-


velopments at New Zealand University libraries.

SYN, S. Y.; KIM, S. Professional and institutional support for RDM: a case of the
National Institutes of Health (NIH).

THIELEN, J.; HESS, A. N. Advancing research data management in the social


sciences: implementing instruction for education graduate students into a doc-
toral curriculum.

TRIPATHI, M.; SHUKLA, A.; SONKER, S. K. Research data management Practices


in university libraries: a study.

TRIPPEL, T.; ZINN, C. Lessons learned: on the challenges of migrating a research


data repository from a research institution to a university library.

UNAL, Y.; KURBANONOGLU, S. Araştırma verilerinin yönetimi: türk araştır-


macılar verilerini açmaya hazır mı?

VAN ZEELAND, H.; RINGERSMA, J. The development of a research data policy at


Wageningen University & research: best practices as a framework.

VERBAAN, E.; COX, A. Occupational sub-cultures, jurisdictional struggle and


third Space: theorising professional service responses to research data man-
agement.

VILAR, P.; ZABUKOVEC, V. Research data management and research data litera-
cy in slovenian science.

WASNER, C.; BARKOW, I.; ODONI, F. Enhancing the research data management
of computer-based educational assessments in Switzerland.

WHITEMIRE, A.; BOOCK, M.; SUTTON, S. Variability in academic research data


management practices.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 153

WILJES, C.; CIMIANO, P. Teaching research data management for students.

WU, M.; CHEN, X. Library service design based on the needs of chemistry re-
search data management and sharing survey.

Fonte: Dados da pesquisa, 2020

DEFINIÇÕES SOBRE GESTÃO DE DADOS DE PESQUISA

Durante a leitura dos 85 artigos foi possível encontrar 9


termos para gestão de dados de pesquisa elaborados pelos seguin-
tes autores: Alonso-Arevalo (2019); Bradley-Ridout (2018);
Chigwada; Chiparausha; Karisoori (2017); Cox e Pinfield (2014);
Helbig (2016); Higman; Bangert; Jones (2019); Pinfield; Cox;
Smith (2014); Steeleworthy (2014) e Tripathi; Shukla; Sonker
(2017). Após um exame crítico de todos as conceituações, selecio-
namos apenas duas por apresentarem significados abrangentes e
mais consistentes do que outros, conforme o Quadro 2 a seguir.

Quadro 2 – Definições de gestão de dados de pesquisa

AUTOR(ES) DEFINIÇÃO

STEELWORTHY (2014, p.2) A gestão de dados de pesquisa é regu-


larmente descrita em termos de um
sistema de pessoas, políticas, recursos
e tecnologia que suportam e dão dire-
ção a pesquisadores e organizações à
medida que produzem, coletam, usam
e preservam dados de pesquisa. Suas
atividades e responsabilidades são
abrangentes, fato que pode afetar as
formas como os profissionais da ges-
tão de dados de pesquisa enfatizam
seus diferentes elementos.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 154

TRIPATHI; SHUKLA; SONKER A gestão de dados de pesquisa envolve


(2017, p.418) todas as atividades e processos que
são realizados ou feitos para garantir
que os dados de pesquisa sejam devi-
damente documentados, organizados,
armazenados, arquivados e seleciona-
dos para que estejam disponíveis para
acesso, uso e reutilização sempre que
a necessidade surgir após a pesquisa
foi feita e relatada. Um sistema de
gestão de dados de pesquisa é proje-
tado de acordo com os requisitos dos
pesquisadores. Um sistema de geren-
ciamento de dados de pesquisa pode
ser baseado em arquitetura de três
níveis. Ele pode ter armazenamento de
dados baseado em arquivos; um banco
de dados de metadados e uma interfa-
ce web para facilitar o acesso e o uso
de dados. Existem outros conceitos
relacionados, como curadoria de da-
dos e administração de dados. A cura-
doria de dados é o gerenciamento de
dados desde a fase de sua origem até o
ponto de tempo em que entra em ob-
solescência, não é mais válido e está
apto a ser excluído. A administração
de dados refere-se aos esforços feitos
para proteger a integridade e a quali-
dade dos dados, de modo a garantir
sua usabilidade pelos pesquisadores.
Também implica adesão ou conformi-
dade com as normas e protocolos do
campo. Todas as partes interessadas,
como pesquisadores, funcionários da
biblioteca, profissionais de TI, admi-
nistradores e outros profissionais das
equipes de gerenciamento de dados,
são responsáveis pela administração
de dados.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 155

Fonte: Dados da pesquisa, 2020

3 Fonte original em inglês: Research data management is regularly described in


terms of a system of people, policy, resources & technology that support and give
Direction to researchers and organizations as they produce, collect, use and pre-
serve research data. Its activities and responsibilities are wide-ranging, a fact
that can affect the ways in which RDM professionals emphasize its different ele-
ments.

4 Fonte original em inglês: Research data management entails all activities and
processes which are undertaken or done to ensure that research data is properly
documented, organised, stored, archived and curated so that it is available for
access, use and reuse whenever the need arises after the research has been done
and reported. A RDM system is designed as per the requirements of the research-
ers. A research data management system may be based on three-tier architecture.
It may have file-based data storage; a database of metadata and a web interface
to facilitate access and use of data5. There are other related concepts like data
curation and data stewardship. Data curation is the management of data right
from the stage of its origin to the point of time when it slips into obsolescence, is
no longer valid and is fit to be deleted. Data stewardship refers to the efforts tak-
en to protect the integrity and quality of data so as to ensure its usability by the
researchers. It also entails adherence or compliance to the standards and proto-
cols of the field. All the stakeholders like researchers, library staff, IT profession-
als, administrators and other professionals of the data management teams are
responsible for data stewardship.

PALAVRAS-CHAVE MAIS FREQUENTES

As palavras-chaves representam os principais assuntos


abordados nos textos escolhidos pelos autores com a finalidade de
facilitar a recuperação de informação pelo leitor. Ele faz parte do
estudo bibliométrico da RSL. Para executar este processo, foi utili-
zado o VOSviewer, que é “uma ferramenta de software para criar
mapas com base nos dados da rede e para visualizar e explorar
esses mapas” (VOSVIEWER,2019, p.3). A princípio, foi exportado
os dados referentes ao tema do Zotero para o VOSviewer. Ao utili-
zar o recurso, teve-se o resultado de 275 termos relacionados aos
85 artigos citados. As palavras-chave mais frequentes nos 85 arti-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 156

gos pertinentes estão ilustradas na Figura 1. Dentre os 275 pala-


vras-chave, destacamos as que apresentaram acima de 10 ocor-
rências: “academic libraries (bibliotecas acadêmicas)” – 11; “rese-
arch data (dados de pesquisa)” – 13 e “research data manage-
ment” (gestão de dados de pesquisa) – 69. Quanto as outras pala-
vras-chave tiveram de uma a nove ocorrências.
Figura 1 – Palavras-chave mais frequentes

Fonte: Dados da pesquisa, 2020

PESQUISADORES EM GESTÃO DE DADOS DE PESQUISA

Os 85 artigos estudados neste trabalho foram escritos por


283 pesquisadores de 31 países distintos. Desta amostra, apenas
18 publicaram mais de uma vez, em trabalhos de co-autoria, en-
quanto que 8 autores publicaram uma vez e 257 publicaram ape-
nas uma vez em trabalhos de co-autoria também. Os autores: Liz
Lyon, Mary Anne Kennan, Nicolas Dintzner, Alastair Dumming,
Jens Dierkes, Malcolm Wolski, Sara Jones, Haseeb Piracha, Kanwal
Ameen, Ming Wu, Xiujuan Chen, Yasemin Turkyilmaz-van der Vel-

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 157

den e Eddy Verbaan, publicaram duas vezes, cada um e como co-


autor; Esther Plomp, Marta Teperek e Rosie Higman publicaram
três vezes, cada um e como coautor; Stephen Pinfield publicou seis
vezes como coautor. Andrew Cox publicou oito vezes como coau-
tor. Estes dois últimos pesquisadores apresentaram maior ocor-
rência de publicações em coautorias sobre a temática.
Segundo a frequência de publicação e com as parcerias fir-
madas na forma de coautoria dos textos, foi criada a Figura 2, que
ilustra as relações dos autores de um texto e a destes com os de-
mais autores da temática. Por meio da ilustração da figura, obser-
va-se que os autores com maiores destaques são: Andrew Cox e
Stephen Pinfield. Esta ilustração relaciona-se com as informações
dos mesmos citadas anteriormente.

Figura 2 – Relação de coautoria

Fonte: Dados da pesquisa, 2020

Quanto a filiação dos 283 pesquisadores indicados, 67 de-


les possuem vínculo com instituições da Alemanha; 58 da Ingla-
terra; 25 da Austrália; 21 da Holanda; 20 dos Estados Unidos; 12
da Suíça; 9 da China; 8 do Canadá e da Malásia, cada um; 5 da Tur-
quia; 4 da África do Sul, do Paquistão, da França e da Suíça, cada
um; 3 da Espanha, do Zimbábue, da Croácia, do Trinidad e Tobago

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 158

e da Índia, 2 da Eslovênia, Brasil, Finlândia, Lituânia, Noruega, da


Dinamarca e do Egito, cada um; 1 da Gana, da Pretória, da Irlanda,
da Escócia e da República da Coreia, cada um.
No que tange aos índices de citações dos autores, a Tabela
3, apresenta os valores indicados pelo Google Acadêmico para es-
tas pessoas de acordo com os algoritmos do próprio buscador.

Tabela 3 – Índices de citações para autores que mais publicaram.

Autores Citações

Andrew M. Cox 3.315

Stephen Pinfield 2.417

Mary Ann Kennan 1.481

Kanwal Ameen 1.218

Fonte: Google Acadêmico, 2020

A Tabela 4 apresenta o RG Score, número de citações e


leituras dos textos publicados pelos autores, bem como o índice de
recomendação das pesquisas do referido autor para os demais
usuários da rede social ResearchGate. Estes índices altimétricos
são importantes para indicar a pertinência dos trabalhos
publicados pelo autor e o nível de aceitação deste pelos demais
pesquisadores, já que a plataforma é focada em compartilhamento
de informações e arquivos científicos e também promove o
contato, para fins acadêmicos, dos autores com os interessados
em suas pesquisas.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 159

Tabela 4 – Altimetria dos autores.

Autores RG Citações Leituras Recomendações


Score
Andrew M. Cox 27.42 1.273 7.896 4

Stephen Pinfield 25.89 1.083 7.611 30

Mary Ann Kennan 23.56 811 8.258 14

Kanwal Ameen 23.53 675 39.183 89

Fonte: ResearchGate, 2020

A Tabela 3 apresenta os quatro autores com maior número


de citações, enquanto que a Tabela 4 aponta as altimetrias destes
autores, que são:
Andrew Cox é professor da Universidade de Sheffield, no
Reino Unido De acordo com seu perfil no ResearchGate seus
índices são superiores a 85% dos membros da rede social.
Stephen Pinfield é professor de Serviços de gestão de
informação da Universidade de Sheffield, no Reino Unido O perfil
do pesquisador no ResearchGate, apresenta índices superiores a
82,5% dos membros da rede social.
Mary Anne Kennan é professora na Universidade Charles
Sturt, na Austrália. Seus índices são superiores a 77,5% dos
membros da rede social ResearchGate.
E finalmente, Kanwal Ameen é professora de Gestão do
Conhecimento e Vice-Chanceler da Universidade Lahore de
Economia Doméstica no Paquistão. Seus índices são superiores a
77,5% dos membros do ResearchGate.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração desse trabalho contribuiu no resultado da re-


visão sistemática (RS) baseada no PRISMA sobre gestão de dados

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 160

de pesquisa em bases de dados internacionais, tema relevante


para os pesquisadores da Ciência da Informação.
No estudo realizado nos 85 artigos selecionados, concluí-
mos que: dos cinco artigos que apresentaram maiores valores de
citação no Google Acadêmico, três são do campo da Ciência da In-
formação; no tempo delimitado (entre 2014 a 2019); o ano de
2019 foi que mais apresentou artigos sobre o assunto, com 24
ocorrências; há maior predomínio da língua inglesa nos artigos
produzidos; a Ciência da Informação é a área do conhecimento
que mais se destaca nos periódicos associados aos 85 artigos; as
definições expostas sobre gestão de dados de pesquisa, com signi-
ficado mais completo, foram dos autores Steelworthy (2014) e de
Tripathi, Shukla e Sonker (2017); a palavra-chave com maior fre-
quência foi “research data management” (gestão de dados de pes-
quisa) com 69 ocorrências; dos 283 pesquisadores encontrados
nos 85 artigos, Andrew Cox publicou 8 vezes a mais que outros
autores; no que tange a filiação dos pesquisadores supracitados, a
maior ocorrência foi de instituições alemãs, com 67; quanto a fre-
quência de citações de pesquisadores, quem mais publicou no Go-
ogle Acadêmico sobre gestão de dados de pesquisa, foi Andrew
Cox, com 3.315 citações. O mesmo também apresenta maior RG
Score no ResearchGate, com 27.42, comparando com outros pes-
quisadores.
A partir dos resultados desta investigação, sugerimos apoio
a novas pesquisas que possam ser fomentadas no campo da Ciên-
cia da Informação, com vista ao desenvolvimento da produção
científica brasileira sobre gestão de dados de pesquisa.

REFERÊNCIAS

ALONSO-AREVALO, J. Research data management (RDM) on the horizon of


academics and research libraries. CUADERNOS DE DOCUMENTACION MUL-
TIMEDIA, 2019, v. 30, p. 75–88. DOI:
http://dx.doi.org/10.5209/CDMU.62806.Acesso em: 23 jan. 2020.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 161

ANNA, J. S.; DIAS, C. C.; MACULAN, B. C. M. D. S. A gestão dos dados de pesquisa


nas universidades e o papel dos serviços informacionais oferecidos nas biblio-
tecas: uma revisão narrativa. Múltiplos Olhares em Ciência da Informação,
2019, v. 9 n. 2., p.1-16. Disponível em:
https://brapci.inf.br/index.php/res/v/137095. Acesso em: 23 jan. 2020.

ARAÚJO, D. G.; DIAS, G. A.; ARAÚJO, W. J. Práticas de Gestão de Dados: uma revi-
são da literatura sobre o termo data life cycle. Métodos e pesquisa em Admi-
nistração. João Pessoa, 2019, v.4, n.1, p.35-47. Disponível em:
https://periodicos.ufpb.br/index.php/mepad/article/view/44449/27759.
Acesso em: 23 jan. 2020.

ARAÚJO, D. G; LLARENA, M. A.A.; SIEBRA, S. de A. Contribuições para a gestão


de dados científicos: análise comparativa entre modelos de ciclo de vida de
dados. LIINC em Revista. Rio de Janeiro, 2019, v.15, n.2, p.32-51. DOI:
https://doi.org/10.18617/liinc.v15i2.4686. Acesso em: 23 jan. 2020.

BERTIN, P. R. B.; VISOLI, M. C.; DRUCKER, D. P. A gestão de dados de pesquisa


no contexto da e-science: benefícios, desafios e oportunidades para organiza-
ções de p&d. Ponto de Acesso, 2017, v. 11, n. 2, p. 34-48. Disponível em:
https://brapci.inf.br/index.php/res/v/81812. Acesso em: 23 jan. 2020.

BRADLEY-RIDOUT, G. Preferred but Not Required: Examining Research Data


Management Roles in Health Science Librarian Positions. Journal of the Cana-
dian Health Libraries Association / Journal de l’Association des biblio-
thèques de la santé du Canada, 2018, v. 39, n. 3, p. 138–145. Disponível em:
https://journals.library.ualberta.ca/jchla/index.php/jchla/issue/view/1944/1
36. Acesso em: 23 jan. 2020.

CAVALCANTI, M. T.; SALES, L. F. Gestão de dados de pesquisa: um panorama da


atuação da união europeia. BIBLOS - Revista do Instituto de Ciências Huma-
nas e da Informação, 2017, v. 31, n. 1, p. 73-98. Disponível em:
https://brapci.inf.br/index.php/res/v/23818. Acesso em: 23 jan. 2020.

CHIGWADA, J.; CHIPARAUSHA, B.; KASIROORI, J. Research Data Management in


Research Institutions in Zimbabwe. Data Science Journal, 2017, v. 16, n. 16.
DOI: http://doi.org/10.5334/dsj-2017-031. Acesso em: 23 jan. 2020.

CHILDS, S. et al. Opening Research Data: Issues and Opportunities. Records


Management Journal, 2014, v. 24, p. 142–162.
DOI: https://doi.org/10.1108/RMJ-01-2014-0005. Acesso em: 23 jan. 2020.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 162

COX, A. et al. Developments in Research Data Management in Academic Librar-


ies: Towards an Understanding of Research Data Service Maturity. Journal of
the Association for Information Science and Technology, 2017, v. 68, n. 9, p.
2182–2200. DOI: https://doi.org/10.1002/asi.23781. Acesso em: 23 jan. 2020.

COX, A.; PINFIELD, S. Research Data Management and Libraries: Current Activi-
ties and Future Priorities. Journal of Librarianship and Information Science,
2014, v. 46, n. 4, p. 299–316. DOI:
https://doi.org/10.1177/0961000613492542. Acesso em: 23 jan. 2020.

DIAS, G. A.; ANJOS, R. L. A gestão de dados de pesquisa no âmbito da comunida-


de dos pesquisadores vinculados aos programas de pós-graduação brasileiros
na área da Ciência da Informação: desvendando as práticas e percepções asso-
ciadas ao uso e reuso de dados. LIINC em Revista. Rio de Janeiro, 2019, v.15,
n.2, p.5-31. DOI: https://d
oi.org/10.18617/liinc.v15i2.4683. Acesso em: 23 jan. 2020.

ESTEVÃO, J. S. B.; ARNS, E. M.; STRAUHS, F. R. Gestão de dados de pesqui-


sa. Revista Digital de Biblioteconomia & Ciência da Informação, 2019, v. 17,
p.1-20. DOI: https://doi.org/10.20396/rdbci.v17i0.8656239. Acesso em: 23
jan. 2020.

GALVÃO, Taís F.; PANSANI, Thais S. A. Principais itens para relatar Revisões
sistemáticas e Meta-análises: A recomendação PRISMA. Epidemiol. Serv. Saú-
de, Brasília, 2015, v.24, n.2, p.335-342. DOI: https://doi.org/10.5123/S1679-
49742015000200017. Acesso em: 23 jan. 2020.

GUIMARÃES, A. J. R.; BEZERRA, C. A. Gestão de dados: uma abordagem biblio-


métrica. Perspectivas em Ciência da Informação, 2019, v. 24, n. 4, p. 171-186.
DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1981-5344/4192.Acesso em: 23 jan. 2020.

GUANDALINI, C. A.; FURNIVAL, A. C. M.; ARAKAKI, A. C. S. Boas práticas científi-


cas na elaboração de planos de gestão de dados. Revista Digital de Bibliote-
conomia & Ciência da Informação, 2019, v. 17, P.1-20. Disponível em: DOI:
https://doi.org/10.20396/rdbci.v17i0.8655895.Acesso em: 23 jan. 2020.

HELBIG, K. Research Data Management Training for Geographers: First Impres-


sions. ISPRS International Journal of Geo-Information, 2016, v. 5, n. 4. DOI:
http://dx.doi.org/ 10.3390/ijgi5040040. Acesso em: 23 jan. 2020.

HENDERSON, M.; KNOTT, T. Starting a Research Data Management Program


Based in a University Library. Medical Reference Services Quarterly, v. 34, n.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 163

1, 2 jan. 2015. DOI: http://dx.doi.org/ 10.1080/02763869.2015.986783. Acesso


em: 23 jan. 2020.

HIGMAN, R.; BANGERT, D.; JONES, S. Three Camps, One Destination: The Inter-
sections of Research Data Management, FAIR and Open. Insights the UKSG
journal, 2019, v. 32, p. 1–9. DOI: http://doi.org/10.1629/uksg.468. Acesso em:
23 jan. 2020.

MEDEIROS, Jackson da S.; CAREGNATO, Sonia E. Compartilhamento de dados e


e-Science: explorando um novo conceito para a comunicação científica. Liinc
em Revista: 2012, v.8. n.2, p.311-322. Disponível em:
http://revista.ibict.br/liinc/article/view/3368/2969. Acesso em: 23 jan. 2020.

MIRANDA, Roberto C. R. Conhecimento Estratégico: Caracterização e Identifica-


ção Baseada em Revisão Sistemática e Bibliométrica. Inf. & Soc.:Est., João Pes-
soa, 2018, v. 28, n. 1, p. 23-34. Disponível em:
https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/30805/19691.Ace
sso em: 23 jan. 2020.

PINFIELD, S.; COX, A.; SMITH, J. Research Data Management and Libraries: Rela-
tionships, Activities, Drivers and Influences. PLoS ONE, 2014, v. 9, n. 12, p. 1–
28. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0114734.Acesso em: 23 jan.
2020.

PRISMA: transparent reporting of systematic reviews and meta-analyses, 2020.


Disponível em: http://www.prisma-statement.org/. Acesso em: 23 jan. 2020.

RODRIGUES, A. A.; DUARTE, E. N.; DIAS, G. A. Desafios da gestão de dados na era


do big data: perspectivas profissionais. Informação & Tecnologia, 2017, v. 4,
n. 2, p. 63-79. Disponível em: https://brapci.inf.br/index.php/res/v/101621.
Acesso em: 23 jan. 2020.

SAYÃO, L. F.; SALES, L. F. Subsídios para a construção de um modelo de avalia-


ção de sistemas de gestão de dados de pesquisa. Ponto de Acesso, 2018, v. 12,
n. 3, p. 80-108. Disponível em: https://brapci.inf.br/index.php/res/v/119905.
Acesso em: 23 jan.. 2020.

SAYAO, L.F.; SALES, L.F. Guia de gestão de dados de pesquisa para bibliotecários
e pesquisadores. Rio de Janeiro: CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear,
2015, 93p. Disponível em:
http://www.cnen.gov.br/images/CIN/PDFs/GUIA_DE_DADOS_DE_PESQUISA.p
df. Acesso em: 23 jan. 2020.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 164

SILVA, F. C. C. O papel dos bibliotecários na gestão de dados científicos. Revista


Digital de Biblioteconomia & Ciência da Informação, 2016, v. 14, n. 3, p.
387-406. Disponível em: https://brapci.inf.br/index.php/res/v/40183. Acesso
em: 07 jul. 2020.
SILVA, M. H. F. X. et al. Competências dos bibliotecários na gestão dos dados de
pesquisa. Ciência da Informação, 2019, v. 48, n. 3, p.303-313. Disponível em:
https://brapci.inf.br/index.php/res/v/136517. Acesso em: 23 jan. 2020.

STEELWORTHY, M. Research Data Management and the Canadian Academic


Library: An Organizational Consideration of Data Management and Data Stew-
ardship. Partnership: The Canadian Journal of Library and Information
Practice and Research, 2014, v. 9, n. 1. DOI: http://dx.doi.org/
10.21083/partnership.v9i1.2990.Acesso em: 23 jan. 2020.

TRIPATHI, M.; SHUKLA, A.; SONKER, S. K. Research Data Management Practices


in University Libraries: A Study. DESIDOC Journal of Library & Information
Technology, 2017, v. 37, n. 6, p. 417–424. DOI: http://dx.doi.org/
10.14429/djlit.37.11336.Acesso em: 23 jan. 2020

VERBAAN, E.; COX, A. Occupational Sub-Cultures, Jurisdictional Struggle and


Third Space: Theorising Professional Service Responses to Research Data Man-
agement. The Journal of Academic Librarianship, 2014, v. 40, n. 3–4, p. 211–
219. DOI: http://dx.doi.org/ 10.1016/j.acalib.2014.02.008.Acesso em: 23 jan.
2020

ZOTERO. Disponível em: https://www.zotero.org/. Acesso em: 23 jan. 2020.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 165

SOBRE OS ORGANIZADORES

Levi Cadmiel Amaral da Costa

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Infor-


mação da Universidade Federal da Paraíba (PPGCI/UFPB). Pós-
graduando em Docência no Ensino Superior pelo Centro Universi-
tário Leonardo da Vinci (UNIASSELVI). Graduado em Administra-
ção pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Bolsista Capes.
Integrante do grupo de pesquisa Renovatio - Estudos sobre Dis-
rupção, Interação e Aspectos Jurídicos da Informação, da Univer-
sidade Federal da Paraíba. Tem experiência de pesquisa no âmbito
da Administração e da Ciência da Informação. Atualmente tem
interesse em pesquisas relacionadas à acessibilidade na web,
acessibilidade em dispositivos móveis, estudos de usuários na
perspectiva de sujeitos com cegueira, comportamento do consu-
midor, processo decisório de compra e comércio eletrônico.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 166

Ítalo José Bastos Guimarães

Professor do Instituto Federal Goiano. Doutorando em Ciência da


Informação (UFPB). Mestre em Ciência da Informação (UFPB).
MBA em Gestão Empresarial e Logística. Graduação em Adminis-
tração (UFPB).

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 167

Sérgio Rodrigues de Santana

Mestre e doutorando em Ciência da Informação, ambos pelo Pro-


grama de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPG-
CI/UFPB). Tem licenciatura em Psicologia e formação de Psicólogo
(CRP 13/7901) ambos pela Universidade Federal da Paraíba
(UFPB). Coordenou o seminário on-line “Lives e olhares livres: a
população LGBTQIA+ no contexto da pandemia da Covid-19”,
promovido pelo GEINCOS e IMCLUSOS da UFPB. Desenvolveu ati-
vidades nos programas PIVIC, PIBIC, PIBIT, PROLICEN e MONI-
TORIA (História da Psi). Como designer gráfico desenvolve traba-
lhos voltados ao contexto científico, como logomarcas, capas de
livros e periódicos científicos, posters, folders, certificados entre
outros. Atualmente é membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas
em Informação, Educação e Relações Étnico-raciais (NEPIE-
RE/GEINCOS-CCSA/UFPB). Foi bolsista do Núcleo de Pesquisa e
Estudos sobre o Desenvolvimento da Infância e Adolescência
(NUPEDIA-UFPB/CCHL) entre 2009/2012. Tem experiência em
estudos epistemológicos no foco a informação (construção do co-
nhecimento) tendo como vetores epistêmicos as Tecnologias de
Informação e Comunicação - (TIC); Psicanálise, Psicologia e cogni-
ção; população LGBTQIA+ e população negra.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2


D ados C i e nt í fi cos : e s t udos prá t i cos , t e óri cos e e pi s t ê mi cos | 168

Arthur Ferreira Campos

Mestre em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-


Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal da
Paraíba (PPGCI/UFPB). Graduação em Biblioteconomia pela Uni-
versidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN/Campus Cen-
tral). Atualmente é Doutorando em Ciência da Informação pelo
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Univer-
sidade Federal da Paraíba (PPGCI/UFPB), graduando em Arquivo-
logia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Pós-
graduando em Tecnologias Digitais e Inovação na Educação pela
Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL). Membro dos Grupos de
Pesquisa: Renovatio – Estudos sobre Disrupção, Interação e As-
pectos Jurídicos da Informação; iMclusoS – Informação, Memória,
Tecnologias e Sociedade e; Alaye – Laboratório de pesquisa em
informação antirracista e sujeitos informacionais na Biblioteco-
nomia e Ciência da Informação. Participante do Grupo de Estudos
GETIC – Grupo de Estudos em Tecnologias de Informação e Co-
municação.

SUMÁRIO ISBN 978-65-5608-051-2

Você também pode gostar