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CURSO DE DIREITO
Passo Fundo
2020
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Passo Fundo
2020
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................4
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................52
REFERÊNCIAS..................................................................................................53
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1 INTRODUÇÃO
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SASSEN, Saskia. Territorio, autoridad y derechos: De los ensamblajes medievales a los
ensamblajes globales. Buenos Aires: Katz Editores, 2010. Tradução de: María Victoria Rodil. P.
209-210
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CASTELLS, Manuel. La era de la información: economía, sociedad y cultura. La sociedad
red. Versión castellana de Carmen Martínez Gimeno y Jesús Alborés. 2ªed. Vol. 1. Madrid:
Alianza Editorial, 2000. p. 56-57.
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sua evolução, como é o que ocorre nas locações via plataforma Airbnb, ou
seja, pode ser locado um imóvel de qualquer local do mundo para qualquer
outro local, de forma que se retira a carga burocrática e traz um sistema
totalmente online.
É assim que Menezes (2015, p. 101) busca mostrar que, mesmo que a
passos lentos, a ideia de economia colaborativa e compartilhamento, já se faz
presente no cotidiano das pessoas, sendo assim,
A partir disso, nasce o nome do aplicativo: Air Bed and Breakfest, isto é,
em uma tradução literal da língua inglesa, “camas de ar e café da manhã”, pois
era tudo que os criadores poderiam oferecer aos usuários no momento.
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AIRBNB. Dados gerais. 2020. Disponível em: https://news.airbnb.com/br/fast-facts/. Acesso
em: 14 maio 2020.
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Após, também entrou em evolução por conta das Olimpíadas Rio 2016 6.
A Airbnb foi divulgada como provedora oficial das acomodações alternativas
durante as Olimpíadas no Brasil. Durante o evento obteve número expressivo
de acomodações alugadas, onde movimentou a economia local e trouxe a ideia
das acomodações via Airbnb para mais perto dos anfitriões e hóspedes
brasileiros.
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VEJA. Você pode se hospedar na ‘casa dos sonhos’ da Barbie por R$ 250. 2019.
Disponível em: https://veja.abril.com.br/entretenimento/voce-pode-se-hospedar-na-casa-dos-
sonhos-da-barbie-por-r-250/. Acesso em: 21 abr. 2020.
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ESTADÃO. Airbnb amplia oferta de quartos na Copa e incomoda setor hoteleiro. 2014.
Disponível em: https://link.estadao.com.br/noticias/geral,airbnb-amplia-oferta-de-quartos-na-
copa-e-incomoda-setor-hoteleiro,10000031318. Acesso em: 21 abr. 2020.
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ISTOÉ. O legado olímpico do Airbnb. 2016. Disponível em:
https://www.istoedinheiro.com.br/noticias/negocios/20160726/legado-olimpico-airbnb/395724.
Acesso em: 21 abr. 2020.
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Ainda não há uma decisão considerada erga omnes, isto é, que inclua
toda a população e se aplique para os demais casos, mas já existe ministros do
STJ julgando e debatendo acerca do assunto.
Caldas Novas é uma típica cidade brasileira, tem como base do turismo
as água termais. Possui grande movimentação de turistas durante o ano todo,
portanto, a cidade regulamentou a Lei Complementar 99/2017. A cidade foi
pioneira no assunto e editou uma lei que regula sobre a hospedagem comercial
em Caldas Novas, tem como sua base subsidiária a Lei do Turismo (lei
11.771/2008). A permissão é conferida no artigo 4º da referida lei, onde traz um
rol de possibilidades por onde tais imóveis podem ser locados, sendo
aplicativos, sites, etc.
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Outro ponto importante trazido pela lei 99/2017 é o artigo 7º, § 3º, onde
preceitua que quem alugar o imóvel deverá respeitar as normas condominiais,
assim como o proprietário deve deixar tais regras claras. Deve ser dado
destaque à este artigo, pois o STJ está começando a se manifestar acerca das
diferentes posições dos tribunais brasileiros, que litigam onde os condomínios
não querem permitir a atividade e proprietários buscam exercer o direito que a
propriedade confere a eles.
Dentro das justificativas pelas quais a lei fora revogada, também houve
pronunciamento acerca de que durante a alta temporada, estaria ocorrendo
uma super produção de lixo e esgoto, a qual a prefeitura estaria com
problemas para resolver.
Contrato é um ato jurídico que produz lei entre as partes, nesse sentido, é
preciso que esse documento respeite algumas ordens do ordenamento para
que seja considerado válido.
Ou seja, quando houver vontade das partes e que não estiver contida de
vícios, as partes estarão vinculadas dentro desta relação contratual. Devendo
cumprir o que foi deliberado de comum acordo, estando vinculadas, ligadas a
determinados conceitos a serem cumpridos, que foram escolhidos mediante
vontade das partes, por mera liberdade de contratar.
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Conforme Ratti, 2015, a autonomia das partes, pode ser revista pelo
Estado de modo a buscar equilíbrio entre as partes contratantes e de forma a
evitar abuso por qualquer dos lados que definiram a contratação.
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BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Brasília, DF: Presidência da República.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
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Com isso nas locações urbanas reguladas pela Lei 8.245/91, o locatário
irá usufruir do bem imóvel mediante pagamento de prestação pecuniária,
chamada aluguel, enquanto a outra parte denominada locador, dispõe o bem
mediante o recebimento deste mesmo pagamento.
Como já referido acima, a lei trouxe para o mundo dos fatos a locação
de imóveis, ou seja, atualmente, a locação de imóveis urbanas é tratada por lei
específica e não poderá mais ser confundida com locações de coisas,
comodato ou outros tipos contratuais que, antes da promulgação da lei no ano
de 1991, poderiam se assemelhar à ideia de locação urbana.
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ser necessariamente escrito, ou seja, não há uma forma específica para fazê –
lo dentro da Lei do Inquilinato, apesar de na prática não ser o recomendado.
Portanto, para que seja configurado como e entendido como locação por
temporada é preciso que se faça presente o aspecto fundamental do prazo, o
qual não pode ultrapassar noventa dias. Mas, também deve ser analisado a
finalidade da locação.
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temporada, desde que não configure fraude para evitar encargos inerentes das
locações.
“Há, ainda, uma relação exemplificativa, e não exaustiva, das causas que
podem motivar a locação por temporada, tais como a prática de lazer,
realização de cursos, tratamento e saúde e feitura de obras em seu imóvel,
o que não significa dizer que não sejam admitidas outras razões. O que
importa, na verdade, é que o prazo não exceda 90 dias, não mais cabendo
perquirir a razão do interesse em locar um imóvel por curto prazo”
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BRASIL. L nº 8245, de 18 de outubro de 1991. Brasília, DF
Art. 49. O locador poderá receber de uma só vez e antecipadamente os aluguéis e encargos,
bem como exigir qualquer das modalidades de garantia previstas no art. 37 para atender as
demais obrigações do contrato.
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Tal peculiaridade destoa da regra geral trazida pelo art. 43, inciso III
da mesma lei – dispositivo que veda, taxando como contravenção
penal – a cobrança antecipada do aluguel pelo locador a não ser nas
hipóteses do art. 42 (ausência de garantia) ou da locação por
temporada.
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BRASIL. L nº 11.771, de 17 de setembro de 2008. Brasília, DF
Art. 23. Consideram-se meios de hospedagem os empreendimentos ou estabelecimentos,
independentemente de sua forma de constituição, destinados a prestar serviços de alojamento
temporário, ofertados em unidades de freqüência individual e de uso exclusivo do hóspede,
bem como outros serviços necessários aos usuários, denominados de serviços de
hospedagem, mediante adoção de instrumento contratual, tácito ou expresso, e cobrança de
diária.
§ 1o Os empreendimentos ou estabelecimentos de hospedagem que explorem ou administrem,
em condomínios residenciais, a prestação de serviços de hospedagem em unidades mobiliadas
e equipadas, bem como outros serviços oferecidos a hóspedes, estão sujeitos ao cadastro de
que trata esta Lei e ao seu regulamento.
§ 2o Considera-se prestação de serviços de hospedagem em tempo compartilhado a
administração de intercâmbio, entendida como organização e permuta de períodos de
ocupação entre cessionários de unidades habitacionais de distintos meios de hospedagem.
§ 3o Não descaracteriza a prestação de serviços de hospedagem a divisão do
empreendimento em unidades hoteleiras, assim entendida a atribuição de natureza jurídica
autônoma às unidades habitacionais que o compõem, sob titularidade de diversas pessoas,
desde que sua destinação funcional seja apenas e exclusivamente a de meio de hospedagem.
§ 4o Entende-se por diária o preço de hospedagem correspondente à utilização da unidade
habitacional e dos serviços incluídos, no período de 24 (vinte e quatro) horas, compreendido
nos horários fixados para entrada e saída de hóspedes.
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Sendo assim, o Direito deve buscar uma resposta para que se crie uma
regulamentação a este fenômeno de economia compartilhada que se trata da
plataforma Airbnb. Em vista disso, deve o Direito intervir afim de buscar
regulamentação para as incessantes mudanças que seguidamente ocorrem no
cenário jurídico. É, então, que se enxerga a plataforma Airbnb como um
contexto provocador para a ciência do direito.
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12 “A disrupção da tecnologia acontece quando, apesar de uma performance inferior em
alguns atributos principais, a nova tecnologia ganha espaço em cima da antiga tecnologia e em
cima do mercado tradicional.” Tradução livre.
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É por esse sentido que o presente trabalho busca analisar qual a melhor
regulamentação para os contratos celebrados por meio da plataforma, com o
intuito de que não afete de maneira negativa as estruturas ou o mercado
econômico.
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BRASIL. L nº 11.771, de 17 de setembro de 2008. Brasília, DF
Art. 23. Consideram-se meios de hospedagem os empreendimentos ou estabelecimentos,
independentemente de sua forma de constituição, destinados a prestar serviços de alojamento
temporário, ofertados em unidades de frequência individual e de uso exclusivo do hóspede,
bem como outros serviços necessários aos usuários, denominados de serviços de
hospedagem, mediante adoção de instrumento contratual, tácito ou expresso, e cobrança de
diária.
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BRASIL. L nº 8245, de 18 de outubro de 1991. Brasília, DF
Art. 48. Considera - se locação para temporada aquela destinada à residência temporária do
locatário, para prática de lazer, realização de cursos, tratamento de saúde, feitura de obras em
seu imóvel, e outros fatos que decorrem tão-somente de determinado tempo, e contratada por
prazo não superior a noventa dias, esteja ou não mobiliado o imóvel.
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Aluguel por curto prazo – tradução livre
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Isto é, o projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados tem como
pilar fundamental de existência a ideia de constante inovação tecnológica na
internet. O Airbnb impôs ao Estado a ideia de contratações realizadas via
plataforma online, por isso, deve entrar o poder de regular do Estado, para que
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Projeto de Lei 6.431/2016
Art. 48-A. A locação para temporada realizada por meio de sítio eletrônico ou plataforma
congênere sujeita-se às disposições desta Seção. Parágrafo único. Caso se verifique, no
município em que se situe o imóvel, a instituição de tributo cujo fato gerador seja a locação
para temporada, competem ao sítio eletrônico ou à plataforma congênere a apuração, a
retenção e o pagamento do valor respectivo, devendo tal importância ser discriminada em
separado, para ciência do locatário.
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Projeto de Lei 2474/2019
Altera a Lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991, para disciplinar a locação de imóveis
residenciais por temporada por meio de plataformas de intermediação ou no âmbito da
economia compartilhada.
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É nesse sentido que a ideia de regular esse instituto nasce com pressão
oriunda do setor hoteleiro brasileiro, conforme conceitua Payão e Vita (2018),
Ou seja, o marco inicial dos problemas junto aos contratos via Airbnb
ocorreu pois o setor hoteleiro no Brasil entende ser injusto a falta de tributações
e a não obediência às normas impostas pelo Ministério do Turismo. Sendo
assim, o setor hoteleiro acredita que exista uma competição injusta frente a
plataforma on – line, e que essa saia ganhando vantagem.
Ainda como forma de conclusão (AIRBNB POLICY TOOL CHEST 2.0,
2019, p. 05),
“Importantly, it also has become clear that the real opposition to
legalized home sharing is coming from a hotel industry concerned
about its ability to price-gouge consumers despite continuing to reap
record profits.”22
22
Tradução livre
É importante ressaltar que também ficou claro que a oposição real ao compartilhamento
legalizado de residências é proveniente de uma indústria hoteleira preocupada com sua
capacidade de controlar preços de consumidores apesar de continuar a colher lucros recordes.
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23
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito
de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
Adner, R., 2002, When are technologies disruptive? A demand-based view of
the emergence of competition, Strategic Management Journal, pp. 667-688
AIRBNB. Airbnb Policy Tool Chest 2.0, 2019. Disponível em: <
https://press.airbnb.com/wp-content/uploads/sites/4/2019/08/Airbnb-Policy-
Tool-Chest-2.0.pdf>. Acesso em: 13 maio 2020.
BORNELI, Júlio. Airbnb vale mais do que qualquer outra rede de hotéis. Você
sabe o por quê? 2016. Disponível em:
<https://www.startse.com/noticia/mercado/25830/airbnb-vale-mais-do-que-
qualquer-outra-rede-de-hoteis-voce-sabe-o-por-que>. Acesso em: 29 out. 2019.
<https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/direito-digital/direito-digital-
quando-e-preciso-regular-27082015>. Acesso em: 02 dez. 2019.
<https://veja.abril.com.br/entretenimento/voce-pode-se-hospedar-na-casa-dos-
sonhos-da-barbie-por-r-250/>. Acesso em: 29 out. 2019.
SILVEIRA, Lisilene Mello da; PETRINI, Maira; SANTOS, Ana Clarissa Matte
Zanardo dos. Economia compartilhada e consumo colaborativo: o que estamos
pesquisando? Rege - Revista de Gestão, [s.l.], v. 23, n. 4, p. 298-305, out.
2016. Emerald. http://dx.doi.org/10.1016/j.rege.2016.09.005.