Você está na página 1de 26

GASPAR FERRAMENTA FRANCISCO PAULO

Finalista do curso de filosofia de 2019

I CAPÍTULO: PERCURSO BIOGRÁFICO E MERGÊNCIA DO PENSAMENTO


DE ALASDAIR MACINTYRE

1.1 Contexto Geográfico e Familiar de Alasdair Macintyre

Alasdair Charms MacIntyre, é o nome do filósofo escocês, nascido no dia 12 de


Janeiro de 1929, na cidade escocesa de Glasgow. (BRUGNERA, 2015, PP 18-19). Seus
pais foram John Macintyre e Emily Charms Macintyre. Sua formação foi feita em uma
família de classe média-seus pais foram médicos de profissão. (BRUGNERA, 2015,
19). O referido casal residia em East and London, onde exerciam as suas actividades
profissionais (médicos), por esta razão, segundo Gonçalves (2007, p. 10), os primeiros
momentos da infância de MacIntyre, passaram-se nos subúrbios de Londres.

Sua educação de infância foi marcada essencialmente pelos valores da cultura


céltica, próprios da tradição do seu povo, pela fé presbiterana, a qual teve acesso por
meio da sua família e da sua comunidade e pela formação académica, sendo que a
última contrastou de certa forma com a primeira, pela diferença e talvez
incompatibilidade dos princípios veiculados.

Sobre o primeiro ambiente que influenciou a sua cultura, Macintyre afirma:

O meu imaginário infantil nutriu-se, sobretudo de uma cultura oral céltica,


patrimônio de agricultores e pescadores, poetas e trovadores, cultura em larga
medida já perdida, mas à qual alguns anciãos com quem entrei em contato
sentiam pertencer. Os fatos importantes dessa cultura eram algumas formas
de lealdade e o vínculo com parentes e com a terra. Ser justo significava
exercer o papel a que cada um era destinado pela comunidade local. A
identidade de cada um, derivava do lugar que o indivíduo ocupava na
comunidade, nos conflitos e nas discussões causadas pelas suas ações
incorretas, que, no tempo de minha infância, já eram definidas como história
pessoal. O conceito que se formava dele coincidia com as histórias que se
conseguiam contar sobre ele. (BORRADORI, 2003, p. 192) apud
(BRUGNERA, 2015, p. 19).

Do exposto acima, é possível compreender como a cultura do seu povo exerceu


uma influência muito forte no pensamento do autor, que marcará profundamente as

1
abordagens e perspectiva desenvolvidas por ele, tais como a importância que dá a
comunidade, à virtude, à tradição, como veremos mais adiante.

Relativamente á formação religiosa, é importante saber que nosso autor recebeu


uma educação profundamente cristã, como herança familiar, seja paterna quanto
materna. Vale dizer também que na sua educação cristã entrecruzam-se os princípios
doutrinais católicos, protestante e presbiterano, (GONÇALVES, 2007, pág.11).

Macintyre, já se casou três vezes, isto é, de 1953 à 1963 era casado com Ann
Peri com a qual tinha duas filhas, de 1963 à 1977 com Suzann Williams, com a qual
teve um filho e uma filha) e por fim casou com a Lynn Sumida Joy, com a qual vive
actualmente no Reino Unido com sua família.

1.2 Percurso Acadêmico e Profissional

Relativamente ao percurso académico-profissional de Macintyre, queremos


referenciar a sua formação, aqui evidenciamos com maiores detalhes os estudos
superiores, pois são esses aos quais temos mais informações, sendo que os dados sobre
seus estudos primários e secundários são escassos. Por outro lado, é importante ter em
conta que as duas actividades (académicas e profissionais) fundem-se, uma vez que a
sua profissão é basicamente continuidade da sua formação, pois as duas são cunhadas
como académicas, pois o exercício da docência e da pesquisa é por si uma tarefa de
âmbito académico.

Sua formação primária realizou-a na comunidade Gaélica, uma região localizada


entre a a Escócia e a Irlanda do Norte. A mesma foi marcada decisivamente pela cultura
daquela comunidade. Posteriormente, mudaram-se com a mãe para os subúrbios de
Belfast, por motivos da morte prematura de seu pai. Durante a sua infância residiu nas
regiões periféricas de Donegal, local onde passava os períodos de férias, durante o
verão. Por fim, refere-se que na sua adolescência frequentou também a região de
Argyllshire (região situada à Oeste da Escócia), com uma tia paterna.

Também aqui se percebe o contraste que se referiu anteriormente entre a cultura


da sua comunidade e a formação académica do seu tempo, uma vez que a cultura da sua
comunidade natal defendia e praticava princípios diferentes dos que aprendeu na
academia, caracterizada por uma cultura liberal individualista e fragmentada.

2
No que concerne a sua formação secundária, segundo Gonçalves (2007, p. 11)
Macintyre frequentou-a em escolas privadas, nomeadamente o Epson College, uma
instituição de classe média, sediada nos subúrbios de Londres, em Surrey, destinada a
educação de filhos de médicos. Por razões de saúde, não concluiu de forma regular a
mesma, tendo em conta que dos cinco anos que duraria o ensino secundário, frequentou
apenas aproximadamente quatro, tendo-os completado pelo auxílio de tutores
particulares, dos quais Robin G. Collingwood (na altura estudante em Oxford), que o
introduziu no pensamento de John Ruskin desempenhou um papel de destaque. Desta
forma, para Macintyre, esses dois autores, foram duas influências preponderantes na
construção do seu pensamento.

Seus estudos superiores, fê-los nas universidades de Londres e de Manchester.


DAMASCENO (2011, p. 3)

Nessa ordem de ideias, é importante referir que aos dezasseis anos, o Queen
Mary College da University of London( universidade de Londres), admitiu-o para o
primeiro ciclo dos seu estudos universitários visto que já se havia revelado um aluno
promissor e aí cursou um bachelor of arts (bacharelato em artes) em humanidades
clássicas, estudando neste programa sobretudo a leitura de obras de Platão e Aristóteles
e ao estudo do Grego, Latim e Matemática concluindo assim em 1949, e é durante a sua
permanência no Queen Mary College que desenvolveu o seu interesse profundo por
questões filosóficas e em destaque as questões éticas (GONÇALVES, 2007, pág.12).

Posteriormente, Macintyre é agraciado por duas bolsas de estudos. A primeira


lhe foi concedida pelo National Edowment for the humanities, de 1979 à 1980, afim de
preparar a base para o estudo da cultura escocesa de Hume e a segunda pela fundação
guggesnheim, isto é, de 1984 à 1985, com o objectivo de fazer o seu trabalho
fundamental a cerca das visões do raciocínio prático propostas por Aristotéles e Hume.
As mesmas foram obtidas graças ao apoio do departamento de Filosofia e do college of
Arts and Science da Universidade de Vanderbilt, aos quais mostra-se bastante
agradecido por lhe ter concedido essas bolsas que são de pesquisa sistemática
(MACINTYRE, 2001, p. 8-9).

Em suma, essas três fases (bacharel em artes, as duas bolsas de estudos),


constituem as etapas da formação superior do nosso autor, que por sinal, estabelecem

3
bases sólidas para as suas actividades posteriores, como professor e escritor de renome
na actualidade.

Sua vida profissional tem sido realizada como professor em diversas


universidades, começando na Inglaterra, prosseguindo nos Estados Unidos da América.
A partir de 1951 actuou como professor nas universidades de Machester, Leeds,
Oxoford e Essex. (BRUGNERA, 2015, p. 19). Nas mesmas, exerceu a função de
professor de diversas cadeiras, destacando-se filosofia e psicologia da religião. Segundo
DAMASCENO (2011, p. 3), em solo americano, Macintyre trabalhou na Barandeis
University (1970-1972), Boston University (1972-1980), Wellesley College (1980-
1982), Vanderbilt University (1982-1988), yale University (1988-1989), University of
Notre Dame (1989-1993) e Duke University (1993-2000). De acordo com DIEGO (sd,
p. 38) actualmente ele é pesquisador sênior do Centro de Estudos Contemporâneo
Aristôtelicos em ética e política (CASEP) na Universidade Metropolitana de Londres, e
professor emérito da Universidade de Nossa senhora (Notre Dame).

Nessa perspectiva, Macintyre é tido como um filósofo e intelectual nómade,


tendo em conta o seu percurso académico itinerante. O que lhe permitiu dessa forma
obter uma vasta experiência no campo académico-filosófico, tanto é assim, que é tido
como um dos renomados filósofos da actualidade.

Contudo, em linha de síntese, podemos reafirmar que o percurso profissional de


Alasdair Macintyre é essencialmente marcado pela sua vasta experiência como
professor, nas mais diversas universidades inglesas e americanas.

1.3 Contextos e Autores que Influenciaram o pensamento de Macintyre


(Influências)

Segundo o dicionário de Sociologia (sd, p. 246) influências num sentido


genérico “aplica-se a toda a forma de acção eficaz sobre outrem, seja qual for a sua
modalidade”, no âmbito restrito “designa antes um modo de comunicação de que a
persuasão constituiria a mola principal, senão única”. No entender de PARSONS (1967,
p.), a influência deve ser antes compreendida como “uma capacidade de persuadir,
fazendo apelo a razões positivas para conformar-se com as sugestões do influenciador”.
Nesse sentido, podemos entendê-la como a acção eficaz exercida sobre outrem com o
objectivo de persuadi-lo ou convencê-lo a adoptar determinado comportamento ou a
pensar ou agir de uma forma específica.
4
De acordo com o pensamento de Ortega y Gasset (1883-1955) «Eu sou eu e as
minhas circunstâncias» (REALE & ANTISERI, 2006 p. 187, podemos dizer que
Macintyre é fruto de um contexto (tempo, lugar e um conjunto de acontecimentos e
situações) que caracterizaram, marcaram e influenciaram a sua vida e o seu pensamento.

Dessa feita, o nosso autor recebeu uma gama de influências, desde a educação
familiar nos elementos fundamentais da cultura do seu povo, da educação religiosa no
cristianismo, como mencionamos anteriormente, do Marxismo, da psicanálise, da
Filosofia analítica e finalmente do Aristotelismo e Tomismo.

1.3.1 Influências do Cristianismo

O Cristianismo é a Religião ou doutrina cristã que propaga a fé em Jesus Cristo,


na sua vida e nos seus ensinamentos, como filho de Deus. Pode definir-se também como
a doutrina cristã propagada e registrada no Evangelho. Também pode entender-se como
reunião das religiões que propagam a fé em Jesus Cristo; cada uma dessas religiões em
separado, com princípios e regras.

Uma vez já referida a primeira influência no seio familiar e cultural,


prosseguimos retomando brevemente a influência do cristianismo, uma vez que para
além da família, manteve contacto com essa religião por meio de outras entidades,
sendo a destacar três figuras principais: Hegel, o pastor luterano Dietrich Bonhoeffer e a
encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII.

Primeiro, a influência da versão secularizada da teologia cristã, dada por


Hegel. Hegel foi um dos filósofos lidos em sua juventude e por meio do qual
adquiriu conhecimento do potencial crítico da doutrina cristã e do que
poderiam ser as suas implicações no curso da história humana. A segunda
influência foi o teólogo e pastor luterano Dietrich Bonhoeffer, que pelas suas
ideias e pela sua resistência à injustiça institucionalizada do regime nazista
lhe assegurou que o cristianismo poderia se tornar uma força efetiva à
ideologia dominante que alienava as consciências. A terceira influência é
encontrada na encíclica Rerum Novarum de Leão XIII, que o ajudou a
perceber que a doutrina cristã não legitimava as práticas de exploração
comerciais e produtivas do capitalismo. (BRUGNERA, 2015, p. 22)

Nesta ordem de ideias, expostas as três principais influências que teve


relativamente ao cristianismo, podemos perceber que nas duas primeiras, não teve
acesso a doutrina cristã original e ainda mais, nos moldes do secularismo hegeliano, e
nos quadris luteranos, caracterizado pelas ideologias contestatárias e reformistas.

5
Desta feita, não seria estranho esperar que desenvolvesse uma concepção ou
apreciação superficial e por conseguinte negativa em relação ao cristianismo. No
entanto, é a partir da terceira influência proporcionada pela leitura da Rerum Novarum
que compreende adequadamente a doutrina cristã.

Por outro lado, precisamos salientar que outra ocasião que permitiu reforçar a
influência do cristianismo em Macintyre é a aproximação ao tomismo, pois não é
estranho que a leitura de Tomás de Aquino o ajudasse a solidificar o seu interesse pelo
cristianismo e a sua compreensão cada vez melhor, embora não fosse esse o objectivo
principal que o tivesse feito mergulhar no tomismo.

Por fim, interessa ressaltar que, Macintyre durante a sua formação universitária
no Queen Mary College (Q.M.C), integrou-se em grupos de actividades ecuménicas
como o Christian Estudant movement, tendo frequentado o mesmo grupo em
Manchester e ainda envolveu-se também em grupos informais de amigos interessados
em discussões sobre o Cristianismo, sendo que neste período, muitos deles passaram a
professar a fé da igreja católica romana (GONCALVES, 2007, pág. 13).

1.3.2 Influências do Marxismo

É importante saber que o Marxismo é a «designação técnica da doutrina social,


económica e política de K. Marx e F. Engels» o Marxismo tal como foi elaborado por
Marx e Engels e nas dimensões por eles assinaladas, é uma concepção dialéctico-
materialista da natureza e da história portadora de um projecto ético-político de
transformação da sociedade capitalista dos tempos modernos. (Logos: Enciclopédia
Luso Brasileira de Filosofia, São Paulo: Verbos, 1991).

A simpatia de Macintyre pelo Marxismo, foi possível através da leitura de


George Thomson, com o qual teve contactos desde a época dos seus estudos pré-
universitários e do seu contacto com seu professor universitário Edward Thompson.
Essas duas entidades constituíram a porta de entrada do nosso autor ao Marxismo, como
salienta BRUGNERA (2015, p. 23).

MacIntyre reconhece que a leitura de George Thomson, professor de grego e


membro do Comitê Executivo do Partido Comunista Britânico, teve um papel
importante no seu ingresso ao Partido Comunista, ainda quando fazia os estudos pré-
universitários. Posteriormente, a quando do seu ingresso à universidade, isto é, no Quim

6
Marry College encontrara um professor que militava no Partido Comunista, através do
qual solidifica a sua pertença ao mesmo, pois, durante os estudos universitários,
MacIntyre também conheceu Edward Thompson, historiador e igualmente adepto da
teoria marxista. Tanto MacIntyre quanto E. Thompson defendiam um marxismo com
ênfase humanista e combatiam a visão dogmática de um marxismo stalinista presente no
Partido Comunista Britânico. (BRUGNERA, 2015, p. 24).

Todavia, GONÇALVES (2007, pág.13) assinala a aproximação de Macintyre ao


Marxismo antes do encontro com George Thomson, ao afirmar que Macintyre teve o
primeiro contacto com o Marxismo no Queen Mary College, através dos seus colegas e
trabalhadores comunistas que residiam no East And London e posteriormente com o seu
professor George Thompson seu mestre de grego e membro do comité do Partido
Comunista da Grã- Bretanha (P.C.G.B), e ainda foi neste período que Macintyre
inaugurou seu interesse pelo Marxismo ao reconhecer-se na crítica comunista a política
Britânica mormente os seus aspectos liberais, e em 1948 assumiu a sua fliação com o
partido.

Nesta linha de abordagem, relativamente a militância do autor ao Marxismo,


torna-se importante salientar que MacIntyre havia adquirido com seus professores
marxistas e a partir de leituras do idealismo historicista de Robin Collingwood uma
concepção da filosofia como práxis social. Essa influência o faz rechaçar (opor-se,
contrariar), a ideia de que a moralidade está separada de um determinado contexto
histórico-cultural mais abrangente. Um dos resultados da influência desse meio social e
acadêmico é a publicação, em 1953, de Marxismo: An Interpretation, em que começa
sugerindo que o Iluminismo pretendeu substituir rapidamente a interpretação cristã da
existência humana, ainda que o processo não tenha sido tão célere como o desejado
(BRUGNERA, 2015, p. 25).

Desta feita, podemos entender que é a partir daí que Macintyre perde seu
interesse pelo cristianismo e envereda mais afincadamente pelo Marxismo. Por outro
lado, o autor descobre semelhanças entre o cristianismo e o marxismo, pois, uma e outra
procuram oferecer uma explicação da existência humana. E isso pode explicar o motivo
que fez com que o autor depois de abandonar o cristianismo abraçasse logo o
Marxismo. Porém, a diferença entre os dois sistemas é que o cristianismo o faz desde

7
uma perspectiva teocêntrica, já o Marxismo compreende a existência humana a partir de
um pressuposto antropocêntrico (secularizado), socio-histórico.

o marxismo tematiza um conceito de existência humana no qual cada


indivíduo se encontra sob uma identidade definida pelas condições das
relações sociais dentro de uma comunidade. Dessa maneira, enfatiza o autor,
originariamente a noção de história em Marx tem como pressuposto um
entendimento de comunidade em que as pessoas trabalham juntas para suprir
as necessidades básicas da coletividade. (BRUGNERA, 2015, p. 24)

Mas, assim como se afasta do cristianismo, Macintyre mais tarde encontra


motivos para abandonar o Marxismo. Dentre as causas que estiveram na base disso,
mencionamos primeiramente por ter percebido que o Partido Comunista criava-lhe
dificuldades enquanto pertencia à linha editorial do jornal The New Reasoner,
perseguindo os seus membros (Gonçalves, 2007, p. 14), em segundo, por perceber a
inconsistência desse regime e seu empobrecimento moral, ao mesmo tempo que os seus
fundamentos se assemelhavam com o liberalismo, corrente que ele se propôs a
combater, conforme ele próprio atesta dizendo que «muitos daqueles que rejeitaram o
Stalinismo o fizeram reinvocando os princípios daquele liberalismo na crítica do qual o
Marxismo se originou» (Macintyre, 2001, p. 10).

Mais adiante assegura que «o próprio marxismo sofria de um grave e maligno


empobrecimento moral, tanto devido ao que herdou do individualismo liberal quanto
devido a seus distanciamentos do liberalismo» (Macintyre, 2001, p. 10). Por fim, a
desilusão perante as informações referentes a divulgação dos crimes do Stalinismo e
pela invasão da Hungria pelo exército russo, por Nikita Khruschev, como nos assegura
(BRUGNERA, 2015, p. 25).

1.3.3 Influências da Psicanálise

A Psicanálise é uma teoria científica da psicologia criada pelo neurologista Austríaco de


descendência Judaica Sigmund Freud (1856-1939).

O termo é usado para se referir a três elementos fundamentais: uma teoria, um


método de investigação e uma prática profissional. Como teoria, caracteriza-se por um
conjunto de conhecimentos sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica.
Como método de investigação, ela se fundamenta sobre a realidade psíquica, ou
subjectividade, que constitui o seu objecto de pesquisa. Por fim, como prática

8
profissional, ela é uma forma de tratamento psicológico (análise da mente) que visa à
cura pela palavra ou o autoconhecimento. (CASTRO, 2012, p. 33).

Nosso autor ao longo da construção da sua linha de pensamento, teve também


uma aproximação à psicanálise. A mesma foi possível graças a leitura que Macintyre
faz das obras de Freud, em que percebeu a relevância da teoria (psicanalítica) do
neurologista austríaco. Essa abordagem é desenvolvida na sua obra The Inconscious: A
Conceptual Análises (O Inconsciente: Uma Análise Conceitual) em (1958), cujas
reflexões continuarão nas suas obras posteriores, especificamente quando trata da
racionalidade e da tradição. Nesta perspectiva, Macintyre analisa o conceito de
inconsciente, chama-lhe atenção o método usado por Freud, reconhece o mérito que
teve Freud ao construir a sua teoria e finalmente, relaciona a teoria da psicanálise com a
teoria marxista, sua anterior influência.

Relativamente a análise do conceito de inconsciente, Macintyre afirma que «o


inconsciente é o lugar onde a conduta humana é determinada, pois nele residem os
instintos e emoções reprimidas, as situações traumáticas da nossa infância que, como
mecanismo de defesa, as esquecemos. Essas emoções e traumas somente vêm à
consciência por meio de um procedimento terapêutico» (MACINTYRE, 1984, apud
BRUGNERA, 2015, p. 29).

Nesse sentido, nosso autor considera que a relação do inconsciente com termos
como neuroses, traumas, repressão…constitui uma novidade por parte de Freud, pois,
«o estudo do inconsciente expressa uma inovação conceitual, pois, a tarefa do
psicanalista é a de ajudar seu paciente a admitir seu presente e seu passado, trabalho
realizado mediante o recurso de analogias entre sua conduta adulta e possíveis situações
da infância». Claramente, o que interessa aqui ao autor (Macintyre), é a importância da
história (passado) na determinação ou explicação do comportamento da pessoa, sendo
que nas suas abordagens Macintyre coloque muito em realce a importância da história
na compreensão dos factos sociais e da própria moral.

Desta feita, na análise conceitual da psicanálise, Macintyre descobre três


elementos importantíssimos: o componente narrativo do conceito de inconsciente, «a
presença da teleologia na antropologia freudiana» e por fim, a necessidade do passado
para compreender o presente. (BRUGNERA, 2015, p. 29).

9
No que respeita ao método freudiano, prende a atenção do nosso autor a relação
de interdependência que existe entre os conceitos “freudianos”, uma vez que só assim é
que se pode compreender devidamente a abordagem do mesmo. Nesse sentido, para
Macintyre, «o mérito de Freud foi o de ter desenvolvido um trabalho que visa à
compreensão da totalidade do comportamento humano e não o mero estudo de
fragmentos comportamentais». (BRUGNERA, 2015, p. 30).

Por fim, concernente a relação psicanálise e marxismo, nosso autor descobre


pontos de convergências entre ambas correntes de pensamento e ao fazê-lo, segundo
Barceló (2010, p. 2040) Macintyre pretende «recolher os detalhes humanistas de ambos
pensadores». Nessa ordem de ideias, Brugnera (2015, p. 31) afirma que:

Podemos perceber que tanto o marxismo quanto a psicanálise mostram para


Macintyre importância das narrativas histórias para entender os males do
presente (alienação/neurose) e se desenvolvem através do conflito (luta de
classes/ crises existenciais). Tanto o marxismo quanto a psicanálise
compreendem a liberdade como superação da negatividade, concebem o
pensamento como sendo condicionado por um contexto histórico-social e
apontam uma esperança final para a emancipação humana (libertação/
maturidade). Assim, o marxismo e a psicanálise permitem a análise da
sociedade e dos indivíduos em termos de fins, possibilidades de
desenvolvimento, abertura para o futuro mediante a superação da alienação
ou mediante o reconhecimento dos desejos reprimidos no inconsciente.

Todavia, Macintyre posteriormente, percebe a fragilidade da referida teoria,


pois, Gonçalves (2007, 18-19) ao apresentar os três desencantos de Macintyre,
respectivamente ao marxismo, ao cristianismo e à psicanálise, refere que o autor o
demonstra «ao criticar os seus pressupostos positivistas e individualistas, quando
anteriormente havia depositado suas esperanças ao deixar que esta ocupasse o lugar
deixado pelo cristianismo e o marxismo na busca de respostas às suas questões».

1.3.4 Influências da Filosofia Analítica

A Filosofia Analítica é segundo Marcondes (2004,p.7)

uma expressão que pode ser entendida pelo menos de dois modos: em um
sentido mais amplo, significa uma maneira de se fazer filosofia recorrendo-se

10
ao método analítico para o tratamento das questões filosóficas. Em um
sentido mais específico e historicamente determinado, a filosofia analítica é
uma corrente filosófica que adopta o método analítico e surge ao final do
século XIX, desenvolvendo-se ao longo do século XX até os tempos actuais,
caracterizando-se assim como uma das principais correntes do pensamento
contemporâneo.

Nesse sentido, «em termos gerais, a filosofia analítica pode ser caracterizada por
ter como ideia básica a concepção de que a filosofia deve realizar-se pela análise da
linguagem» (MARCONDES, 2004, p.12).

Relativamente a essa influência, é importante lembrarmos que uma boa parte da


formação de Macintyre foi nos moldes da filosofia analítica, que vigorava então no
reino unido, sobretudo nas universidades.

Nesse sentido, podemos afirmar que Macintyre é um filósofo analítico de


formação, como ele mesmo constata na entrevista cedida, apresentada por
BORRADORI (2003, p. 198): «durante os primeiros vinte anos da minha carreira
filosófica, do início dos anos 50 até a minha vinda para os Estados unidos, a maioria das
minhas reflexões era formulada no estilo da filosofia analítica». Por outro lado, é
importante destacar que outro aspecto muito forte no pensamento de MacIntyre,
resultante também da influência analítica, «é o cuidado meticuloso na análise e
elaboração de suas teses» (BRUGNERA 2015, p. 31).

Entretanto, depois da revisão e posterior mudança radical que sofrerá seu


pensamento, Macintyre se tornou num dos maiores críticos da filosofia analítica. A sua
crítica relativa à referida corrente, assenta em dois aspectos fundamentais:

A primeira, consiste no tratamento dado pela perspectiva analítica à reflexão


filosófica, fundamentada na sua “focalizaçao” exclusiva e rigorosa do “detalhe lógico”,
pois, segundo BORRADORI (2003, p. 198), para Macintyre,

a força e a fraqueza do ponto de vista analítico derivam da sua exclusiva


focalização num tratamento rigoroso do detalhe lógico, do qual deriva uma
abordagem da filosofia muito gradual, de problema isolável a problema
isolável. Os seus gêneros literários são o artigo na revista especializada e a
breve monografia sobre um tema específico. O que a filosofia analítica ganha
em clareza e rigor, ela perde ao fornecer respostas substanciais às grandes
questões filosóficas.

11
A segunda, referida nos “meados dos anos 60”, baseia-se essencialmente na
tendência da filosofia analítica da “separação entre metodologia das suas pesquisas e o
estudo da história da filosofia”, pois de acordo com Macintyre,

Foi durante a última fase da minha militância analítica, por volta de meados
dos anos 60, que me dei conta de estar elaborando uma estratégia nova de
pensamento. Sobretudo me dei conta de uma segunda fraqueza da filosofia
analítica, que residia na separação entre metodologia das suas pesquisas e o
estudo da história da filosofia, de modo que a própria filosofia analítica só
podia ser compreendida se inserida num contexto histórico e, portanto,
entendida como produto inteligível de uma argumentação compartilhada
(BORRADORI, 2003, p. 199).

Todavia, embora se afirme que Macintyre por algum tempo foi filósofo
analítico, é necessário clarificar, que o foi apenas no que se refere à linha de
pensamento na qual fez a sua formação e algumas obras relativas ao momento pré-
maturidade, ou ainda, antes de constituir o seu projecto filosófico definitivo.

Outrossim, não obstante à crítica acertada que o autor faz à filosofia analítica já
apresentada, importa-nos salientar que Macintyre não se afasta totalmente da mesma,
uma vez que no seu pensamento, encontram-se marcas de um dos maiores filósofos
analíticos contemporâneos, Ludwing Wittgenstein. De acordo com Carvalho (2013, p.
308), há certa similaridade entre Wittgenstein e MacIntyre no tocante ao conceito
macintyreano de prática com os conceitos de jogos de linguagem, forma de vida e
semelhanças de família, como podemos observar no que segue:

(...) a presença de elementos da filosofia de Wittgenstein em MacIntyre vai se


mostrar na teoria substantiva da racionalidade prática, especialmente no
âmbito de prática, e não na sua teoria da racionalidade das tradições – esta
última tem seguramente uma matriz gadameriana. É nesse âmbito da
caracterização das práticas que efetivamente vamos encontrar algumas
similaridades com alguns conceitos wittgensteinianos, oriundos das
Investigações Filosóficas, tais como ‘forma de vida’, ‘jogos de linguagem’ e
‘semelhanças de famílias’, resultantes da abordagem pragmática que ali
Wittgenstein imprime em sua filosofia da linguagem (CARVALHO, 2013, p.
308).

Nesta ordem de ideias, convém realçar que tal similaridade se compreende de


forma mais clara no artigo “Colors, Culture and Practices” publicado em 2006 e
posteriormente traduzido para o espanhol e publicado em 2011,

no qual MacIntyre estuda o alcance e o significado dos acordos e desacordos


em relação aos critérios de verdade ou falsidade de um juízo, e que estão
presentes em nosso vocabulário, relativo à cor de um objeto determinado.
MacIntyre também apresenta nesse artigo algumas considerações
wittgensteinianas relativas à constituição social do uso da linguagem e como

12
as coincidências em nossa maneira de nomear as cores dentro de uma cultura
são compatíveis com os desacordos significativos entre culturas sobre essa
mesma questão. (BRUGNERA, 2015, p.31).

Portanto, vale salientar, que uma das diferenças significativas entre MacIntyre e
Wittgenstein é a de que MacIntyre está preocupado com a desordem da linguagem
moral contemporânea como consequência de uma história de decadência da práxis
moral concreta e de suas formas de justificação a partir da modernidade iluminista, não
realizando uma crítica da linguagem moral como tal. (BRUGNERA, 2015, 32).

1.3.5 Influência Aristotélico-Tomista

Como bem sabemos, o aristotelismo é uma corrente de pensamento filosófica


inspirada e influenciada no e pelo pensamento de Aristóteles.

Depois de um longo percurso “tortuoso” nas mais variadas correntes filosóficas,


Macintyre descobre a riqueza do pensamento de aristóteles, sobretudo no que concerne
a ética e também a política, anteriormente por ele ignorada, perdido, se assim podemos
dizer, em correntes ligadas à filosofia moderna e contemporânea de cariz analítico, no
Marxismo e em outras linhas de pensamento. Essa descoberta é fruto das pesquisas do
autor no campo da bioética, em busca de soluções dos males criados pela modernidade.
De acordo com Gonçalves (2007. p.20), «esta busca, surgiu das suas pesquisas em
Bioética durante toda década de 70, a partir da filosofia de Aristotéles». Isto é, depois de
se ter desiludido com o paradigma que vigorava na altura e até com o sistema de
pensamento que caracterizou a sua formação e os seus primeiros escritos, o que lhe
obrigou a realizar uma mudança radical na sua vida acadêmica, profissional e também
pessoal.

Nesse sentido, Macintyre vê na recuperação do aristotelismo sobretudo no que


concerne à ética das virtudes, como uma tradição de pensamento segura e capaz de
salvar a moralidade contemporânea da crise crónica a que padece. Entretanto, o que o
autor propõe é mais do que uma mera recuperação, porque nesse sentido, os contextos
em que surge o pensamento de Aristóteles na Grécia antiga são diferentes dos nossos,
mas, uma recuperação do pensamento do Filósofo, contextualizando-o e actualizando-o,
pois, Damasceno (2011 p. 101) assegura que «é importante deixar claro que MacIntyre
não tenta retomar como tal o edifício teórico aristotélico no interior da filosofia
13
contemporânea, mas sim retomar a perspectiva de uma tradição onde a pesquisa
racional é ao mesmo tempo constituída no interior de uma comunidade». Para a autora,
o que Macintyre defende é sobretudo a perspectiva aristotélica como modelo de
pesquisa racional e de virtude, mas ajustadas à realidade dos nossos tempos, sendo que

a saída é justamente a retomada de uma forma de pesquisa racional implícita


nas tradições morais de práticas e que fora melhor exemplificada na tradição
aristotélica das virtudes. É necessário então, a retomada do conceito de
virtude e sua devida reformulação dentro do contexto moral contemporâneo.
(DAMASCENO, 2011 , p. 102)

Por outro lado, como continuação e recuperação do pensamento de Aristóteles


está o tomismo, que é uma linha de pensamento fundada por São Tomás de Aquino
seguindo a linha aristotélica, ampliando-a por meio da doutrina cristã e continuada por
seus seguidores, sendo de destacar: Attilio Mordini, David Berger (teólogo), Bernardo
Augusto de Madureira e Vasconcelos, Marie-Dominique Chenu, John Finnis, Frederick
Copleston, Reginald Garrigou-Lagrange, Heraldo Barbuy, Javier Hervada, Hervé de
Nédéllec, Ives Gandra Martins Filho, João de São Tomás, Juan Tomás de Boxadors,
Papa Leão XIII, Bernard Lonergan, Louis Billot, Manuel António Ferreira Deusdado,
Manuel Cardoso do Couto, Marcel de Corte, Jacques Maritain, Peter Geach, Papa Pio
V, Reginaldo de Piperno, Régis Jolivet, Edward Schillebeeckx, Stanislavs Ladusãns,
Victor-Auguste-Isidore Dechamps, Yves R. Simon, mais recentemente Alasdair
Macintyre e tantos outros.

Nesta ordem de abordagem, é importante referir que Macintyre imergiu no


pensamento tomista tardiamente, sendo que primeiro peripatou por uma série de linhas
de pensamento, a que nos referimos anteriormente, sendo de realçar a cultura local do
seu povo, o cristianismo, o marxismo, a filosofia analítica etc e por fim, culmina no
aristotelismo e no tomismo.

Nosso autor abraça o tomismo quando esteve em Oxford, ao proferir as Carlyles


Lectures, o dominicano Herbert McCabe , seu amigo desde quando esteve em
Manchester, conduziu-o à Filosofia Realista e à tradição tomista. Por outro lado, sua
conversão ao Catolicismo, em 1983, seguindo desta maneira o trilho de alguns de seus
mentores como Elizabeth Ascombe e Peter Geach, e de seus companheiros do Christian
Student Movement, o que, com outros factores, permitiram-lhe compreender a detalhes
a “filosofia perene” (GONÇALVES, 2007, pág. 20).

14
Gonçalves (2007, p. 236) refere também, que especialmente nas obras Whose
Justice? Which Rationality? (1988) e Three Rival Versions of Moral Enquiry (1990),
posteriores a After virtue (1981), MacIntyre se aproxima do pensamento de Tomás de
Aquino, apontando-o como adaptador do pensamento aristotélico, por meio da
reformulação e ampliação deste através do estabelecimento de uma pesquisa dialética
que possibilitou o diálogo entre a tradição aristotélica e a agostiniana – tradições
originariamente rivais – construindo, sistematicamente, um complexo esquema de
pensamento e solidificando uma nova tradição de pesquisa.

Em suma, é todo relevante afirmar que o encontro de Macintyre com o


pensamento de Aristóteles e do Aquinate, revolucionou de tal forma a sua linha de
pensamento, que lhe fez mudar radicalmente de paradigma, que configura e lhe confere
uma posição própria que caracteriza e caracterizará definitivamente seu pensamento,
como aristotélico tomista, mas com uma identidade própria.

1.4 Linha de Pensamento e Obras


1.4.1 Linha de Pensamento

Macintyre é tido como um dos mais conceituados filósofos da actualidade, sendo


sua filosofia desenvolvida em várias linhas de pensamento, tais como ética, política,
antropologia, filosofia da linguagem, religião, pedagogia, sociologia. Como nos refere
BRUGNERA (2015, p. 10)

Assim, em Alasdair MacIntyre podemos encontrar um erudito pesquisador


interdisciplinar, que em seu incessante afã como pesquisador fez com que se
debruçasse sobre diversos temas: o marxismo, o cristianismo, a psicanálise, a
filosofia analítica, o aristotelismo e o tomismo.

Ao longo da construção do seu pensamento Macintyre mergulha em algumas


correntes de pensamento, para além das já citadas, somos de realçar aquelas com as
quais o seu pensamento foi e é actualmente caracterizado, nomeadamente:
comunitarismo e o movimento “Ética das Virtudes”. Para muitos pensadores, seguidores
e críticos do pensamento de Macintyre, ele é enquadrado na linha de pensadores
comunitaristas, junto com Tylor, Walzer e Sandel essa denominação podemos encontrar
em escritos de muitos autores como Silveira (2007, p. 169); Gonçalves (1998, p. 10) e
tantos outros. Para outros, Macintyre insere-se também no movimento moral inglês
“Ética das Virtudes”, que vigora na segunda década do século XX, seguindo a linha de
Rosalind Hursthouse e de Gertrude Anscombe.

15
É importante saber que o comunitarismo é uma corrente filosófica e política que
emergiu nos anos 80 nos países liberais anglo-saxões, principalmente, surge como
reação aos excessos do individualismo liberal que se havia implantado na Europa
naquela época e que provocou uma verdadeira privatização da vida social e
consequentemente a deterioração da vida pública, tornando a actividade política algo
meramente instrumental, criando uma vida burocrática, centralizada e altamente
individualista (COSTA, 2010, p. 30).

De acordo com Lima (2016, p. 6),

A principal crítica do movimento comunitarista ao pensamento


liberar de John Rawls tem como alvo o eu idealizado, isto é, abrastracto,
destruído de suas particularidades históricas e sociais, que referido autor
considera existir sobre o veu da ignorância. Em outras palavras, o indivíduo
abstracto,coberto pelo véu da ignorância, detituído de características
particulares e específicas e doptado tão somente de razão é, para o
movimento comunitarista uma aspiração impossível e, caso ainda fosse
realizável, indesejável, vez que o ser humano não poderia jamais ser
desassociado das suas particularidades e do seu laço com a comunidade na
qual está inserido, sob pena de não poder ser compreendido.

Para os comunitaristas, as pessoas possuem uma identidade social específica,


compartilhando dos modos de pensar e agir de seus companheiros, pois mais importante
que o “endosso” interior de suas práticas por um indivíduo (COSTA, 2010, p. 31).

Esses (Tylor, Walzer e Sandel), no entanto, diferenciam-se de Macintyre, pois


tentam realizar um equilíbrio entre valores comunitários e valores individuais, sem
recorrer a referências do mundo antigo e medieval, muito distantes no tempo ( RUZZA,
2019, p. 59) o que para o filósofo escocês, é certamente impossível, pois, é no
pensamento antigo e medieval (aristotélico-tomista) que estão as bases para a solução
dos problemas da modernidade e por outro lado, ele nega qualquer aproximação ou
relação com o individualismo , portanto, a sua posição é mais radical nessa perspectiva.

Macintyre, portanto, nega a sua caracterização como comunitarista porque


«muitos valores defendidos pelos porta-vozes americanos do comutnitarismo são
compatíveis com os valores do liberalismo, os quais ele rejeita» (MACINTYRE, 2007,
p. 8) apud (BRUGNERA, 2015, p. 23).

16
Contudo, Carvalho (2014), apresenta duas razões pelas quais Macintyre não
pode ser considerado “comunitarista” no stritus sensus do termo: primeiro porque a
referida corrente não apresenta por si mesma um valor intrínseco positivo e em segundo
lugar

Existem duas razões básicas para não considerar Macintyre como um


comunitarista. A primeira, pelo facto de Macintyre julgar que comunidades
locais podem ter no seu interior relações opressoras e preconceituosas, ou
seja, ele não considera a comunidade por si só como um valor positivo
intrínseco. A segunda razão deve-se à tentativa do comunitarismo em
infundir os valores e os modos da participação da comunidade local ao
Estado-nação moderno (CARVALHO, 2014, p. 421)

Por outro lado, o Movimento Moral Inglês, ao qual Macintyre é enquadrado, é


uma corrente que surge na Inglaterra na segunda década do século XX com autoras
como Rosalind Hursthose (com a sua obra) e Gertrudes Anscombe, cuja obra é. Com o
objectivo de redescobrirem a ética aristotélica perdida no tempo e no espaço, para poder
salvar a moral do abismo a que foi precipitada pelas éticas deontológica de Kant e
utilitarista de John Struat Mill.

Segundo Modesto (2017),

O pensamento de Macintyre se insere numa corrente da Filosofia Moral


Inglesa do século XX denominada Ética das Virtude. Este movimento terá
grande influência em seu pensamento, especialmente na crítica que é
apresentada à Moral Moderna, como também no esforço de promover uma
releitura da Ética de Aristóteles e de compatibilizá-la às exigências do
pensamento contemporâneo (…)

A Filosofia Moral Inglesa da segunda década do século XX foi denominada


Virtue Ethics porque propôs a recolocação da problemática das acções à luz
da ética das virtudes. Tem como foco: o questionamento da moral moderna e
o renascimento da ética aristotélica. A intenção era constituir a Ética das
Virtudes como uma terceira via entre a Filosofia Deotológica Kantiana e o
utilitarismo ético, tão fortemente instituído no ocidente (MODESTO, 2017,
p. 17)

Finalmente, podemos caracterizar Macintyre como um pensador neoaristotélico-tomista,


ou seja, a sua corrente ou linha de pensamento é neoristotelismo e neotomismo ou
simplesmente, neotomista, uma vez que o tomismo é por si só aristotélico também. Pois,
no entender de Campelo (2014, p.4) « na verdade, a melhor designação para a ética de
MacIntyre é afirmarmos estar perante um neoaristotelismo e um neotomismo
enriquecido pelas inovações de seu pensamento. Ele escolhe a tradição aristotélico-
tomista dentre outras tradições históricas». Isso porque desde a obra Depois da Virtude
(1981), Macintyre apresenta-se como um defensor do pensamento aristotételico e mais

17
tarde em “Justiça de Quem? Qual a Racionalidade”, mergulha no tomismo como
ampliação to aristotelismo e se assume como aristotélico tomista, autores em cujo
pensamento vê a solução para os grandes e graves problemas criados pelo pensamento
moderno.
1.4.2 Obras de Macintyre

Para melhor abordagem das suas obras, decidimos dividí-las de modo geral em
dois grupos principais. No primeiro grupo destacamos as que foram escritas no período
pré-maturidade e no segundo grupo enquadramos aquelas denominadas obras da
maturidade, que constitui como ele mesmo chama do seu “projecto filosófico
definitivo”, constituindo três obras fundamentais: After Virtus (Depois da Virtude),
Who Justice? What Rationality? (Justiça de Quem? Qual Racionalidade?) e finalmente
Tree Rival Version of Moral Enquary (Três Versões Rivais da Moral).

As obras pertencentes ao primeiro grupo, correspondem a um conjunto de


escritos de Macintyre caracterizados por diversas linhas temáticas.

Os primeiros livros do nosso autor, datam da década de 50 e foram influenciados


substancialmente por ideologias e doutrinas como o Cristianismo, Marxismo e a
Psicanálise; a obra Marxism: An Interpretation (Marxismo:Uma Interpretação) foi
editada em (1953), The Inconscious: A Conceptual Análises (O Inconsciente: Uma
Análise Conceitual) em (1958), Dificulties in Christian Beliefs (Dificuldades na Crença
Cristã), em (1959), A Short History of Ethics (Uma Curta Hstória da Ética) em 1966,
Escritos Éticos de Hume (1965), Secularization and Moral Chang (Secularização e
mudança moral) em (1967), Marxism and Christianity( Marxismo e Cristianismo) em
1968 e Agaist de Self-Images of the Age: Essays on Ideology and Phlilosophy (Contra
as autoimagens da época) em 1971, (DAMASCENO, 2011, pág. 9).

Edith Stein: a philosophical prologue (Edith Stein. Introdução filosófica) (2006);


e God, Philosophy and Universities: a selective history of the catholic philosophical
tradition (Deus, Filosofia e Universidades: breve história da tradição intelectual
católica) (2009) (BRUGNERA, 2015, pág. 20). E contarmos com alguns artigos
editados e revistas americanas e europeias. Dizer também que, as primeiras obras do
nosso autor têm uma perspectiva analítica, tendo em conta a sua formação filosófica,

18
isto porque, primeiramente a sua perspectiva era simplesmente de interpretar doutrinas e
ideologias com as quais convivia e não só.

É de referenciar que, segundo GONÇALVES (2007, pág.14) a obra Marxism:


An Interpretation editou-se primeiramente em 1953 e nisto está de acordo com
Damasceno mas acrescenta dizendo que foi revista em 1968 e em 1995, reeditada com o
título Marxismo e Cristianismo e nisto se contrapõe a Dasmaceno visto que para
Damasceno Marxismo e Cristianismo é uma obra diferente da Marxism: An
Interpretation e para Gonçalves estas duas constituem uma única obra revista e editada
duas vezes mas com titulos diferentes e acima escritos.

Desde já, é importante dizer que, em 1988, apresentou um seminário em New


College, onde reconhece a contribuição substancial dos membros da instituiçao devido a
pertinência das suas questões e de 1988 à 1989 foi professor indicado por Henry R.
Luce Jr para responder pelo Whitney Humanities Center de la Universidade de Yale
(MACINTYRE, 1992, pág. 21 à 22). Outro dado a ressaltar é o de que, nas obras
mencionadas falta um conjunto de obras pelo facto de serem obras do seu projecto
pessoal e que cortam em certa medida relação de continuidade com as mencionadas
acima, mas as mencionaremos seguidamente.

Depois de termos apresentado a primeira parte, por assim dizer dos escritos de
Macintyre, na segunda parte, conhecida como escritos da maturidade, aquilo que muitos
autores denominam como Projecto Filosófico Central (Definitivo) de Macintyre.

Desta feita, o projecto filosófico pessoal de Macintyre centra-se na auto-crítica


das suas obras anteriores, que tem início em 1971 quando seu projecto intelectual sofre
uma mudança radical, isto porque ele regeita sem sombras de dúvidas os a priori
ideológicos, que aanteriormente caracterizavam as suas obras, desta maneira o nosso
autor enverga-se na busca de uma solução para os problemas da pós-modernidade- isto
é, um ponto de partida sólido para a sua teoria, o que lhe exigiu o abandono da tradição
analítica. Esta busca, portanto, surgiu das suas pesquisas em Bioética durante toda
decada de 70, apartir da filosofia de Aristotéles (GONÇALVES, 2007. Pág.20).

Desta feita, apresentaremos uma súmula destas três principais obras do autor e
com maior rigor e profundadidade, porque é nelas que consta o cerne do seu
pensamento filosófico.

19
A obra Depois da Virtude escrita em 1981, é para Cardoso(2010, p. 9) a primeira
parte de uma série de três livros nos quais MacIntyre vai, aos poucos, corrigindo e
reformulando sua argumentação, mediante a consideração das críticas feitas e de sua
reflexão própria. As demais obras da sua trilogia seriam Justiça de quem? Que
racionalidade? (1988) e Três versões rivais da investigação moral (1990).

Alguns dos argumentos defendidos pelo autor em Depois da Virtude serão


modificados posteriormente ou até mesmo abandonados. Após a primeira publicação, a
teoria das virtudes de MacIntyre causou grande repercussão no âmbito da filosofia
moral contemporânea, mesmo entre autores não adeptos a uma re-apropriação do
aristotelismo. Depois da Virtude foi objecto de muitas resenhas e alvo de elogios, assim
como de controvérsias e críticas. Em resposta a seus críticos, MacIntyre publicou uma
segunda edição, em 1984, na qual, além de fazer algumas das correções sugeridas,
esclarece pontos importantes num Posfácio.

A referida obra, apresenta como tema central a crítica radical e exaustiva à


moralidade e à ciência moderna, construídas sobre as bases do iluminismo e emotivismo
liberais. Ela, caracteriza-se, segundo Cardoso (2010, p. 10), como um formato histórico-
narrativo, no qual MacIntyre descreve diversas teorias morais ao mesmo tempo em que
as analisa e as critica. Os capítulos de Depois da Virtude podem ser divididos em três
blocos temáticos, cujas ideias centrais referem-se à critica às teorias modernas e
contemporâneas, construção histórica do conceito de virtude e finalmente o seu
contributo para uma teoria das virtudes contemporânea fundamentadas nos conceitos de
prática, unidade narrativa da vida humana e tradição, como podemos constatar nas
afirmações de Cardoso (2010, p. 11):

No primeiro bloco se encontra uma crítica às teorias morais moderna e


contemporânea (o iluminismo e o emotivismo), que o autor interpreta
como duas faces de uma mesma moeda. Nos capítulos finais do
primeiro bloco, MacIntyre apresenta brevemente o seu modo de
compreender a relação entre a ciência e a moralidade, já como forma
de transição para o segundo bloco. No segundo bloco temático,
correspondente aos capítulos intermediários de Depois da Virtude,
MacIntyre apresenta uma reconstrução histórica da ideia de virtude.
No que concerne às tradições da Antiguidade Clássica, elege a virtude
aristotélica como concepção central. Após expor a sua leitura da
concepção de virtude medieval, mais especificamente da virtude
cristã, conclui esse bloco temático com a introdução do seu conceito
de virtude, que será incorporado à sua teoria ética no terceiro bloco.
Por fim, no terceiro bloco temático, MacIntyre apresenta a sua
contribuição a uma possível teoria das virtudes para a
contemporaneidade, centralizando-se nos conceitos de prática,

20
unidade narrativa da vida humana e tradição. Em capítulos posteriores,
expõe ainda sua avaliação da justiça como virtude, retomando a
interpretação dicotômica em Nietzsche e Aristóteles e acrescentando
mais um contraponto entre Trotsky e São Bento, como conclusão.

Contudo, After Virtue(1981) (Depois da Virtude) apresenta de forma clara a


forma disfuncional da ética moderna e contemporânea e a crítica magistral ao
triunfalismo da ética iluminista e ao cinismo da moral emotivista e posteriormente faz
uma proposta para a recuperação do que se perdeu na cultura moderna ou da ética das
virtudes numa perspectiva teleológica, tendo como base, a ética das virtudes de
Aristóteles, ampliada por Tomás de Aquino.

Já na Whose Justice? Which Racionality? (1988) ( Justiça de Quem? Qual


Racionalidade? Macintyre apresenta os seus argumentos mais contundentes sobre a
ideologia liberal. De acordo com MONTEIRO (2016. p.28) «em Whose Justice? Which
Rationality? (1988) são questionadas as noções de “raciocínio prático” e de
“racionalidade”, a partir de uma análise destes conceitos em várias tradições,
enfrentando também a questão da incomensurabilidade de tradições diferentes e o
problema do relativismo».

Por fim, na obra Three Rival Of Moral Enquiry: Encyclopedia, Genealogy, and
Tradition (1990) (Três Versões Rivais da Ética: Enciclopédia, Genealogia e Tradição)
o autor apresenta uma defesa da racionalidade prática de inspiração aristotélico-tomista.
Nesta obra, Macintyre apresenta soluções para a situação catastrófica da modernidade
diagnosticada em “Depois da Virtude”, pois, segundo MONTEIRO (2016, pp.27-28)

Aí MacIntyre apresenta aquilo que considera serem três versões alternativas


de filosofia moral: as versões “enciclopédica, genealógica e [a] tradição” e
discute o problema da incomensurabilidade destas. Se apenas existem
critérios de valor e verdade dentro de uma destas “versões”, é questionável
que seja possível saber se uma tradição é melhor ou pior que outra, mesmo
que digam coisas incompatíveis. A tese do autor, contudo, é que esta
“incomensurabilidade” é ultrapassada porque se constata que uma versão tem
capacidade de redescrever e resolver problemas internos às outras, problemas
esses que se mantinham abertos e sem resposta com o vocabulário e critérios
dessas perspectivas.

Outra obra não menos importante que precisamos referenciar e que segundo
consta tem como seu testamento intelectual, é a Dependent Racional Animals(1999)
(Animais Racionais Dependentes) obra onde corrige, esclarece e desenvolve os
argumentos das obras anteriores ( GONÇALVES, 2007, pág. 21). Segundo ROSA (2 p.
9 ) é nesta obra na qual Macintyre retrata a sua antropologia filosófica, trazendo à tona o

21
problema da dependência humana no interior da reflexão moral. Para o autor, o
entrelaçamento dos conceitos de animalidade humana, bem natural e virtude apresentam
um tipo de relação entre o ser humano e a natureza que requer um conjunto de virtudes
inteiramente reformulado e diferente daqueles até então discutidos por Macintyre. Esse
novo conjunto de virtudes está fundamentado num modelo que implica o
desenvolvimento das virtudes como responsabilidade compartilhada. Por outro lado,
para MONTEIRO (2016, p.29) «em Dependent Rational Animals (1999) explora-se a
noção de “florescimento” e procura-se compreender o papel das virtudes na existência
humana».

As referidas obras apresentam pontos de aproximação, mas também de


afastamento. As mesmas convergem no sentido de que há entre elas uma relação de
continuidade e complementaridade temática, desde Depois da Virtude, Justiça de
Quem? Qual a Racionalidade? Três Versões Rivais da Justiça e finalmente Animais
Racionais Dependentes. Uma vez que os aspectos levantados na primeira obra, são
esclarecidos, complementados progressivamente nas obras subsequentes.

Por outro lado, elas apresentam pontos de afastamentos, na medida em que cada
uma tem uma abordagem na qual se centra, sendo que Depois da Virtude desenrola-se
em torno da crise em que se encontra o pensamento moderno e contemporâneo e sua
proposta de solução com a recuperação do pensamento aristotélico-tomista; Justiça de
Quem? Qual a Racionalidade centra-se nos temas de justiça e raciocínio prático, ao
passo que Três Versos Rivais da Ética trata especificamente das diferentes versões de
ética desenvolvidas ao longo da história e das suas divergências e incompatibilidades;
finalmente, em Animais Racionais Dependentes, aborda-se o tema da antropologia
Macintyreana que enfatiza a virtude como aspecto fundamental da essência humana.

Ensuma, importantente reiterar que desde 1977, Macintyre dedicou-se num novo
e uno projecto, afincado nas suas reflecções sobre as inadequações dos seus trabalhos
anteriores, dizer que o objectivo do seu projecto é buscar um esquema de pensamento
que permite sobretudo encontrar soluções para os problemas morais das sociedades
contemporâneas ocidentais. São de realce as contribuições para a história da filosofia,
para a filosofia moral, para a teoria politica, para a filosofia das ciências sociais e para a
filosofia da religião, sob influencias fundamentais das obras de Aristotéles e S. Tomás

22
de Aquino, sem deixarmos de mencionar as influências de Hegel , Collingwood e
Wittgenstein e não só (GONÇALVES, 2007, pág. 21).

Nesse sentido, embora sejam obras diferentes, o compêndio dessa trilogia, nos
apresenta de forma contundente e aprofundada a essência do projecto definitivo dos
escritos de Macintyre, que revela o seu momento de amadurecimento como pensador, o
diagnóstico que faz da modernidade e o seu posicionamento relativo aos problemas
gerados pelo pensamento moderno e contemporâneo, seguido da proposta de solução
dos mesmos.

1.5 Reflexos do Pensamento de Macintyre na Actualidade

O pensamento de Macintyre tem suscitado grande interesse por parte de muitos


intelectuais do nosso tempo, isso se constata pelas diversas reacções tanto positivas
quanto negativas que os seus escritos desencadearam e têm desencadeado por parte dos
mesmos, desde as Américas, Europa e outras regiões do mundo, como é o nosso caso
particular, ao abordar esse tema, isso pela actualidade, realidade, polémica e
profundidade que os seus escritos apresentam. Inicialmente, essas reacções têm sido
feitas em artigos científicos, temas de monografias, teses de mestrados e doutoramentos,
mas também em obras de livros.

Nessa ordem de ideia, para Ribeiro (2015, p.2) «O pensamento filosófico de


Alasdair MacIntyre tem influenciado um grande número de intelectuais das mais
variadas áreas do conhecimento humano: sociologia, administração, política, economia,
história, medicina e teologia, são alguns exemplos».

Desta feita, concordamos com Monteiro (2016, p. 29), segundo o qual Alasdair
MacIntyre é um dos filósofos contemporâneos que reúne mais simpatizantes, ou, pelo
menos, um dos grupos de simpatizantes mais heterogéneos. Reclamado por marxistas,
católicos, aristotélicos, tomistas, relativistas, conservadores, liberais, mais à esquerda e
mais à direita, a sua crítica da modernidade e da filosofia moral contemporânea
dificilmente deixa indiferentes aqueles que lêem os seus ensaios.

É importante sublinhar que nas Américas a influência de Macintyre nota-se


principalmente, nas Américas Latinas, América do Sul, particularmente no Brasil, onde
o pensamento do autor é muito difundido e tem sido alvo de discussões, artigos

23
científicos, temas de trabalho de fim de cursos, desde licenciatura até ao doutoramento,
em que um dos representantes do pensamento de Macintyre no Brasil é o Doutor Helder
Buenos Aire de Carvalho, professor… Por outro lado, na Europa o pensamento do
nosso autor teve maior e melhor recepção em países como Inglaterra, Espanha, Portugal
e tantos outros países. Finalmente, Aqui em África e especificamente em Angola e
nessa academia (ISDB) a perspectiva Macintyriana floresce, embora timidamente, e
teve como seu mentor o professor de Filosofia Política e Ética, Padre Ramon Uria SDB
desde o ano de 2015, cujas reflexões e referências à Macintyre influenciou na escolha
dessa pesquisa em abordagem, assim como a que precedeu esta, a primeira monografia
tendo como autor principal Macintyre, na sua linhagem ético-moral, cujo tema foi:
apresentado pelo estudante Tomás Kupanguela.

BIBLIOGRAFIA

MACINTYRE, Alasdair. Depois da Virtude: um estudo em teoria moral. Tradução de


Jussara Simões; Revisão técnica de Helder Buenos Aires de Carvalho; Bauru-S.P:
Edusc, 2001.

_______Tres Versiones Rivales de la Ética. Enciclopédia, Genealogia y Tradición.


Madrid: Rialp, 1992.

________ Marxismo y cristianismo. Granada: Nuevo Início, 2007

________ Is patriotism a virtue?. The Lindley Lectures, University of Kansas Press,


1984.

MARCONDES, Danilo. Filosofia Analítica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Lda,
2004.

REALE, Giovani & ANTISERI, Dário. História da Filosofia. Vol. VI. De Nietzsche a
Escola de Frankfurt. Tradução de Ivo Storniolo. São Paulo: Paulus, 2006.

24
RIBEIRO, Elton Vitoriano. Macintyre para Teólogos. Pensando-Revista de Filosofia.
Vol. 6, nº 11, p. 85-100, 2015.

CASTRO, Raquel Almeida De. A) Psicologia Geral. São Paulo: editora , 2012.

COSTA, Jardel Carvalho de. A Crítica ao Liberalismo na Filosofia de Alasdair Macintyre


(Dissertação de mestrado). Curitiba: Publicação Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Sistema Integrado de Bibliotecas/Biblioteca Central, 2010 (Acesso em
http://www.livrosgratis.com.br).

MONTEIRO, Joana Maria Palma Coelho Cordovil Cardoso Corrêa. Filosofia, Literatura e Vida:
um exame crítico das relações entre ética e estudos literários. (Tese de doutoramento).
Universidade de Lisboa, 2016.

CARVALHO, Buenos Aires Helder De. Política de Quem? Qual Comunidade? Síntese, Belo
Horizonte, v. 41, n. 131, 2014

__________Hermenêutica e filosofia moral em Alasdair MacIntyre. Curitiba: CRV, 2013.

BRUGNERA, Nedilson Lauro. A Tradição e Relativismo Moral em Alasdair


Macintyre (tese de doutoramento). Brasil, 2015.

GONÇALVES, João Pedro. O Horizonte da Justiça em Alasdair Macintyre.societas


colecção de estudos sociais, Universidade Católica Portuguesa, Braga, 2007.

DAMASCENO, Márcia Marques. Tradição, Razão e Verdade na Filosofia de


Alasdair Macintyre. Fortaleza, 2010.
__________________________ O Projeto Filosófico Central de Alasdair
Macintyre. PROMETEUS - Ano 4 - Número 7 - Janeiro-Junho/2011

BORRADORI, Giovanna. A filosofia americana. Conversações com Quine, Davidson,


Putnan, Nozick, Danto, Rorty, Cavell, MacIntyre e Kuhn. São Paulo: UNESP, 2003.

BARCELÓ, Rafael. Alasdair MacIntyre, joven lector de Freud. Isegoria, n. 42, Madrid,
2010, pp. 231-245.

LIMA, Lucas do Couto Gurjão Macedo. Introdução ao Pensamento de Alasdair


Macintyre: Exposição da Ética das Virtudes a partir da Obra ‘Depois da Virtude’.
Amazônia em Foco, Castanhal, vol. 5, nº 8 pp 108-129, jan./Jul, 2016.

25
CAMPELO, Olívia Brandão Melo. A Ética e a Justiça para Alasdair Macintyre.
Teresina-PI – v. 1 – n. 6 – p. 1-21 Jan./Jun. de 2014.

UNESCO. DICIONÁRIO DE SOCIOLOGIA. Rio de Janeiro, 1981

PARSONS, 1967

Logos: Enciclopédia Luso Brasileira de Filosofia. São Paulo: Verbos, 1991.

SILVEIRA, Denis Coitinho. Teoria da Justiça De Jonh Rawls: Entre o Liberalismo


e o Comunitarismo. Transformação: São Paulo, 2007.

RUZZA, António. Crítica de Macintyre à Modernidade: Liberalismo,


Individualismo e Teoria da Justiça (tese de doutoramento). Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo: São Paulo, 2019.

MODESTO, Benvinda Nalfran. Alasdair Macintyre e Tomás de Aquino: A Questão


da ‘Ética das Virtudes’ e sua interpretação pelo Pensamento Cristão (tese de
doutoramento). UFPB-UFPE-UFRN, 2017.

CARDOSO, Flora Rocha. A Teoria das Virtudes de Alasdair MacIntyre


(Dissertação de mestrado). Belo Horizonte: MG, 2010.

MONTEIRO, Joana Maria Palma Coelho Cordovil Cardoso Corrêa. Filosofia,


Literatura e Vida: Um exame crítico das relações entre ética e estudos literários
(tese de doutoramento). Universidade de Lisboa, 2016.

ROSA, Aléssio Da. A Proposta da Ética das Virtudes de Macintyre: Interfaces com
a Política Contemporânea (tese de doutoramento). CDU: São Leopoldo, 2019.

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo


Quintela. Lisboa: Edições 70, 1960.

JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 3ª ed. Rio


de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.

26

Você também pode gostar