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Normalmente, geopolítica é uma palavra associada aos assuntos que envolvem relações internacionais,

acordos diplomáticos e toda espécie de conflito entre países, culturas ou disputas territoriais. É muito
comum as pessoas entenderem geopolítica com uma síntese dos acontecimentos atuais de nossa
sociedade. Essas definições estão muito vinculadas aos meios de comunicação, mas o conceito de
geopolítica e a sua distinção em relação à geografia política ainda é motivo de debates entre cientistas
sociais de diversas áreas de conhecimento.

De fato, o conceito de geopolítica começou a ser desenvolvido a partir da segunda metade do século XIX
por conta da redefinição de fronteiras na Europa e do expansionismo das nações europeias, o que ficou
conhecido como imperialismo ou ainda neocolonialismo. Podemos destacar as análises realizadas pelo
geógrafo alemão Friedrich Ratzel (1844-1904), responsável pela criação do determinismo geográfico e da
Teoria do Espaço Vital. Num cenário político de unificação da Alemanha, em contraponto ao
expansionismo já consolidado de Rússia, Inglaterra, França e até mesmo dos Estados Unidos, Ratzel
ajudou a criar uma Geografia Alemã que se prontificou em justificar as conquistas territoriais da
Alemanha.

Para Ratzel, a dominação plena de um determinado território caracterizaria o Estado. Dessa forma, o
saber geopolítico apontaria para o Estado como centralizador de decisões estratégicas, o que legitimou as
ações imperialistas da Alemanha, como pode ser observado nas disputas que originaram as duas grandes
guerras e, em parte, nos preceitos utilizados pelo nazismo.

Em oposição aos postulados de Ratzel, podemos citar o geógrafo francês Paul Vidal de La Blache (1845-
1918), que criou outra abordagem, conhecida como possibilismo. Ao final do século XIX a França ainda
não tinha um conhecimento geográfico estabelecido e, com receio das pretensões alemãs, o Estado
francês entregou a La Blache a responsabilidade de criar uma Geografia Francesa. Segundo La Blache, o
espaço geográfico não deveria ser o único objetivo de uma nação, pois seria preciso considerar o tempo
histórico, as ações humanas e demais interações, o que na verdade acabou lançando as bases para uma
geografia regional. Assim, a soberania sobre um território estaria vinculada ao conhecimento regional,
como a compreensão das formas de relevo, aspectos climáticos, economia, população entre outros.

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Dentro desse contexto podemos também citar o geógrafo britânico Halford Mackinder (1861-1947), que
publicou no ano de 1904 o ensaio "O Pivô Geográfico da História”, que destacava o poder das conquistas
territoriais continentais, apresentando uma maior preocupação com a ocupação da Europa Centro-
Oriental, até porque os transportes terrestres começavam a favorecer a interiorização das ocupações,
mudando um pouco as estratégias que até então depositavam maior importância nas conquistas marítimas.

Mas foi o jurista sueco Rudolf Kjellén (1864-1922), seguidor das ideias de Ratzel, quem criou o
termo geopolítica no ano de 1916, procurando estabelecer relações entre os acontecimentos políticos e os
aspectos geográficos. Cabe ressaltar que, nos dias atuais, a geopolítica é considerada como uma frente
teórica que compreende o território e as suas nuances políticas, não apenas no plano externo como
também nas questões internas a um determinado Estado-nação.

O período conhecido como Guerra Fria expressou muitos dos princípios da geopolítica, pois envolveu
uma grande disputa ideológica e territorial entre duas potências, a União Soviética e os Estados Unidos,
com grande ênfase no papel do Estado no que tange às decisões estratégicas e na definição de valores e
padrões sociais.

Com o final da Guerra Fria, as maiores discussões geopolíticas correspondem ao combate ao terrorismo, à
questão nuclear, às redefinições de fronteiras nos países africanos e do Oriente Médio e até mesmo aos
problemas socioambientais. Algumas problemáticas como o aumento do alcance das organizações
transnacionais frente aos Estados, o crescimento econômico chinês e a formação dos blocos econômicos
podem ser agrupados em uma nova ramificação teórica conhecida como geoeconomia.

 O mundo multipolar
O mundo multipolar é uma nova organização geopolítica, de forma que há distintos centros de
poder, exercendo influência no campo político, econômico e militar.
No mundo multipolar existem vários polos mundiais de poder
Após a queda do regime socialista, diversos países se aproximaram do mundo capitalista com a finalidade
de ingressar nesse sistema e alcançar uma integração no mercado. No entanto, isso não tem sido uma
tarefa fácil, em virtude da complexidade que envolve a transição de um regime para outro. Os países que
se encontram nessa fase devem submeter a vários anos de adaptação para o novo regime. Isso porque as
mudanças executadas englobam fatores políticos, econômicos e sociais.

O que acontece na maioria das vezes com esses países é o surgimento de problemas que anteriormente
não possuíam; dentre eles: inflação dos preços, desemprego, salários baixos, ascensão da desigualdade
social, violência, criminalidade, entre diversos outros.

Com o declínio do regime socialista em âmbito global, o capitalismo despontou hegemonicamente como
sistema político-econômico mundial. No período da Guerra Fria existiam duas potências mundiais:
Estados Unidos e União Soviética. Naquele momento o mundo era considerado bipolar.
Mas após tais acontecimentos históricos, o mundo passou a ter uma nova organização geopolítica, de
forma que há distintos centros de poder, exercendo influência no campo político, econômico e militar,
isto é, um mundo multipolar.

Hoje, a principal potência militar, econômica e política é os Estados Unidos, essa nação superou em todos
os aspectos os soviéticos após o seu declínio, e assim é responsável pela maioria das intervenções de
caráter militar no globo.

No campo econômico, o Japão atualmente ocupa a condição de segunda potência mundial. Sua ascensão
financeira ocorreu a partir do término da Segunda Guerra Mundial. A aplicação de medidas direcionadas
à saúde e educação resultou em crescimento acelerado de sua economia.

A Europa é considerada também como uma potência econômica, condição que resultou do sucesso da
União Europeia, o principal bloco econômico do planeta, que tem como principais líderes Alemanha,
França e Inglaterra.

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