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Nossas belas histórias

Organização
Sheilla Souza
~ ~ ~ Nossas belas histórias
Eg jykre sinvi:
Adaptação do Mito Kaingang:
Alexandre Aparecido Farias Krenkag, Florêncio Rékág, Rafaella Barqueiro e Sheilla Souza
a partir da narrativa de Telêmaco Borba.
BORBA, Telêmaco. Actualidade indígena. Curitiba: Impressora Paranaense, 1908.
Diagramação:
Israel Marques Balielo e Tadeu dos Santos.
Ilustrações e fotografias:
Ana Caroline Godinho, Ana Marcela Acosta Rojas, Camila Loni, Eva Lacerda, Giovana Versolatto,
Israel Marques Balielo, Jakeline dos Anjos, Janaina de Andrade, Larissa Kimura, Mailara Maistro, Natasha Miamoto,
Ricardo Staiger, Sérgio Augusto, Vitor Hugo Jordão e Jean Gutierrez.
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Nossas belas histórias
Organização
Sheilla Souza

2014
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O único lugar para onde poderiam se abrigar
era o monte Crinjijimbé.

Mas os Kamé e os Kainru se afogaram


e suas almas foram para dentro do monte.

Depois de um tempo eles ressurgiram e pela manhã, ao ouvir as saracuras


cantando, souberam que a terra já era firme.

Quando começou a chuva, além dos Kaingang, havia também


naquela região outro povo, os Kuruton. Eles subiram em
cima das árvores para fugir da enchente e foram
transformados em macacos bugios.

03
Os Kamé e os Kainru
saíram de dentro
do monte
e abriram dois caminhos.

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Os Kainru saíram pela direção oeste, onde
havia uma terra plana e macia, por isso são
ágeis e seus pés são pequenos.

Já os Kamé saíram pela direção leste, por


uma terra dura e cheia de pedras, por isso
são lentos e seus pés se tornaram
grandes e fortes.

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Kamé trabalhava de dia, porque saiu da parte alta

da montanha, ao leste, o lado do

sol. Os parentes dos Kamé

se pintam com linhas

retas.

Já Kainru trabalhava de noite, pois saiu do

lado de baixo, no oeste, o lado da lua.

A pintura dos Kainru tem forma de círculos. 06


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Este livro foi feito por muitas pessoas, adultos e crianças.

Esperamos com ele poder mostrar um pouco da história sobre como surgiu o povo Kaingang, que
habita os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

Na cidade onde moro, Maringá (PR), o povo Kaingang é apoiado pela Associação Indigenista de
Maringá, a ASSINDI. No Centro Cultural Indígena da ASSINDI os artesãos Kaingang podem ficar
hospedados, enquanto estão na cidade vendendo sua cestaria. Ali também moram indígenas
Kaingang e Guarani, estudantes na Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Existe na ASSINDI um espaço chamado Mitangue Nhiri, que é um Centro Social Infantil. A palavra
Mitangue significa criança na língua Guarani. Nhiri também significa criança, mas na língua
Kaingang. Nesse espaço as crianças, filhas dos artesãos e estudantes indígenas, podem permanecer,
enquanto seus pais estudam ou trabalham. Foi ali que realizamos uma parte deste livro, conversando
com as crianças e criando juntos este trabalho.

Por isso agradeço a colaboração do povo Kaingang, especialmente às crianças, aos estudantes
indígenas, a toda equipe da ASSINDI e aos participantes do Projeto Observatório da Educação Escolar
Indígena (OBEDUC/UEM). Também não poderia deixar de agradecer aos estudantes do curso de
Artes Visuais da UEM que contribuíram, juntamente com as crianças indígenas, na produção de
desenhos, pinturas, fotografias e criação das esculturas presentes no livro.

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A produção das esculturas, bonecos e cenários presentes no livro foi parte das atividades realizadas na
disciplina de Escultura, do curso de Artes Visuais da UEM, onde trabalho. Nossa ideia é seguir criando
livros como este sobre outros grupos indígenas. Estas atividades são parte de um projeto de extensão
na UEM chamado Arte e Cultura Indígena no Paraná, no qual desenvolvemos jogos, brincadeiras,
artigos e livros, desde 2012.

Para quem quiser saber um pouco mais sobre nosso trabalho:

www.assindi.org.br

artesheilla@yahoo.com.br

Espero que este livro possa fortalecer a cultura Kaingang e aumentar o conhecimento das crianças e
adultos sobre a riqueza cultural dos povos indígenas.
Sheilla Souza

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Apoio:

ISBN 978-85-61772-15-4

9 788561 772154

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