Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Fls. 103
102
Relatório
b) em razão disso, e após o cumprimento dos trâmites necessários junto aos organismos
competentes pela certificação dessa redução, ela obteve (e continua obtendo) as
correspondentes Reduções Certificadas de Emissões (RCEs), popularmente conhecidas como
créditos de carbono;
c) ela celebrou com empresa não vinculada e sediada no exterior acordos de compra e venda de
RCEs, conforme documentação integrante da consulta (fls. 42 a 101);
e) usualmente, as certificações em questão ocorrem uma vez ao ano e, após serem constatadas
pelo Verificador (Entidade Operacional Designada - EOD), a cessionária remete divisas para a
cedente, conforme as regras do BACEN, com a conseqüente concretização da cessão.
Fundamentos
2
Solução de Consulta n.º 193 SRRF06/Disit
Fls. 105
3
Solução de Consulta n.º 193 SRRF06/Disit
Fls. 106
No entanto, nem sempre bens e coisas podem ser tidos em sentido equivalente,
porquanto há bens que não se entendem coisas, e há coisas que não se entendem
como bens.
Desse modo, toda coisa, todo direito, toda obrigação, enfim qualquer elemento
material ou imaterial, representando uma utilidade ou uma riqueza, integrado no
patrimônio de alguém é passível de apreciação monetária, pode ser designada
como bens.
E não importa que estas coisas, reputadas como bens, se evidenciem corpóreas
ou incorpóreas. Os direitos que incidem sobre coisas, embora incorpóreas
entendem-se igualmente bens: são bens os direitos autorais, os direitos
creditórios.
A palavra bens pode ser tomada em vários sentidos, a começar pelo filosófico. A
esse propósito, saliente-se, para logo, a discordância entre o significado jurídico
e o filosófico do vocábulo em questão.
4
Solução de Consulta n.º 193 SRRF06/Disit
Fls. 107
Juridicamente falando, bens são valores materiais ou imateriais, que podem ser
objeto de uma relação de direito. O vocábulo, que é amplo no seu significado,
abrange coisas corpóreas e incorpóreas, coisas materiais ou imponderáveis,
fatos e abstenções humanas.
Como diz Scuto, o conceito de coisas corresponde ao de bens, mas, nem sempre
há perfeita sincronização entre as duas expressões. Às vezes, coisas são o gênero
e bens, a espécie; outras, estes termos usados como sinônimos, havendo então
entre eles coincidência de significação.
Não são todas as coisas materiais que interessam ao mundo jurídica. Somente
interessam ao direito coisas suscetíveis de apropriação exclusiva pelo homem,
como prédios, semoventes, mercadorias, livros, quadros e moedas. Se as coisas
materiais escapam à apropriação exclusiva pelo homem, por ser inexaurível sua
quantidade, como o ar atmosférico, a luz solar e a água dos oceanos deixam de
ser bens em sentido jurídico. O conceito de coisa, na linguagem do direito, é
ministrado pela economia.
Por fim, urge ainda não confundir a palavra coisa, tomada nos sentido vulgar ou
genérico, com seu significado jurídico. No primeiro sentido, coisa é tudo quanto
existe fora ou além do homem; no segundo, tudo quanto seja suscetível de posse
exclusiva pelo homem, sendo economicamente apreciável.
(...)
5
Solução de Consulta n.º 193 SRRF06/Disit
Fls. 108
(Curso de Direito Civil – Parte Geral. São Paulo: Saraiva, 1989-1990. p. 135 a
138.)
Com base nessas definições, verifica-se que a Consulente explora pelo menos
duas atividades distintas: venda de mercadoria (energia elétrica) e cessão de direitos (créditos
de carbono).
Art. 519. Para efeitos do disposto no artigo anterior, considera-se receita bruta a
definida no art. 224 e seu parágrafo único.
§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de (Lei
nº 9.249, de 1995, art. 15, § 1º):
(..........)
(..........)
(..........)
6
Solução de Consulta n.º 193 SRRF06/Disit
Fls. 109
Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida
mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de
janeiro de 1995.
§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:
(..........)
(..........)
(..........)
(..........)
Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida
pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os
arts. 27 e 29 a 34 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas
jurídicas desobrigadas de escrituração contábil, corresponderá a doze por cento
da receita bruta, na forma definida na legislação vigente, auferida em cada mês
do ano-calendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a
que se refere o inciso III do § 1o do art. 15, cujo percentual corresponderá a
trinta e dois por cento. (Redação dada Lei nº 10.684, de 2003)
7
Solução de Consulta n.º 193 SRRF06/Disit
Fls. 110
Esse conceito econômico de prestação de serviços é o que foi adotado pelo texto
constitucional, à luz do direito comparado e dos objetivos no novo imposto que
veio a substituir o antigo imposto de indústrias e profissões que incidia sobre
atividades semelhantes. Tanto é assim que o imposto recai, não sobre a prestação
de serviços, mas sobre “serviços de qualquer natureza”. O uso dessa expressão
deixa claro que a intenção da Carta Magna não é socorrer-se de definição do
direito civil, mas utilizar-se do conceito econômico de serviço. E dentro desse
conceito está compreendida a locação de móveis.
(grifou-se)
(.........)
(.........)
Conclusão
8
Solução de Consulta n.º 193 SRRF06/Disit
Fls. 111
À consideração superior.
Ordem de Intimação