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Il)l# ll,l#MllBRAN( AS
lus0-BRAsILEIR0.
Les longs ouvrages me font peur:
Loin d'épuiser une matière,
On n'en doit prendre que la fleur.
LA FONTAINÉ.
*>
#… .
À{a^{}\}\}\{\{
52EBR㺠#LUSO-BRAS####R9
PARA 1855,
Com 431 artigos e 123 gravuras,
POR
LISBOA.
NA IMPRENSA DE LUCAS EVANGELISTA.
CALÇADA DO DUQUE N.°
1854 |
/ } “}
ERRATAS DO ………… # *S é
/? } 4S"
Caracol. — Onde, a pag. 273 do precedente
Almanach, se lê que é um verme, leia-se que
é um mollusco. — Peço perdão ao animalejo de
o haverem os compositores atirado para classe
#ente
OI1O.
ao corrigirem as provas. O seu a seu
ERRATA DE 1855.
Pag. 35 — SATURNo.
N. B. Sahio errada a divisão das
syllabas, que é: uma e duas,
e não: uma e uma. .
» 68 — AMAZONA.
» 129 — NoVENTA.
» 154 — PALAFoz. •
» 156 — PIANO. ••
Obscura Portuense.
A. Carlos Calisto.
A. J. S. de Cabedo.
Alexandre Herculano.
Anonymo (Brasileiro).
Anonymo (Portuguez).
Antonio de Serpa.
Antonio Feliciano de Castilho.
Duarte de Sá Junior.
Filippe do Quental. |
Magano (Brasileiro).
M. J. B. Dias (Brasileiro).
H - * J
25
São Gonçalo de Ama ra: . . . . . 193
rante. . . . . 1 19Temporas. 159
São João . .
Saudades da infan
. . *#*# …" engraça 299
O
cia - - - - - 74 Terremotos periodi
Sapateiro d'Aoste . 36 COS
Semana Santa . . 18#Testamento do Mar
Semeei cravosazues 359
Sensitiva . .
quez de Valdega
279 IIldS . . .
A+
O
Serracão da Velha . 17í Thargelias. . . . 205
Seus labios . . . 114|Thesouro de São
Signos do Zodiaco . 141 Marcos . 204
Silencio . . . . . 288Tigre . . . 271
Sino da infamia . . 171|Tintureiros . 331
Sino esquesito . . 211|Titulos do Impera
Sino milagroso . . 319L dor da Russia. . 130
Soldados russos. . 135 Toupeiras (As) e a
Soledade (A) . . . 186 Aguia . . . . 226
Sortilegio. . . . 207|Traductores... . . 277
Spleen . . . . . 329 Tres maravilhas. . 232
Sua Magestade Ca Trophéu d'um Inqui
tholica . 285 sidor. . . . .
Suicida. . . . . 317|Trovas d'um drama
Suspiro (Um). . . 162_ inédito .
Tumulo. . 363
T
U
Talisman cosaco. . 170
Tartufo. . . 169|Ullemas . . . . 215
Te-Deum . . . . 333||Ultima verdade . . 205
Temperamento . . 279 União . • • 322
Temperatura da ter- lúrna . . . . . 853
V Visitas. ". . _. 333
Volcão na Ilha de S.
Valle das Furnas. . 39 Miguel . . 254
Vaticano . . . . 284 Volcões º, •. 181
Velhice .. ... .. .. 367 Volga . 337
Verdadejornalistica í6#Voltaire. . . : 232
Verres e Verrinas . 267 Votos . 360
Versos sem titulo . 347 Voz prophética . 251.
Vigario do Gerez,
Mourella, e Ca Z
breira . . . . 384
Vinho . . . . . 282 …"
*
Alguma cousa ha-de aproveitar para si, das no
ticias que enthesoura, o Almanach de Lembranças: ;
celebrará o seu lustro. A conjunctura ninguem di
rá que não vem propria: se computais o lustro por
qüatro annos, quatro são os annos que o nosso Al
manach preencheu; se por cinco, com este volu
me em que hoje escrevemos, e que logo tereis nas
mãos, se inteira o quinto. Façamos pois a nossa re
senha, o nosso ajuste de contas, as nossas purifi
cações, os nossos votos e compromissos para o por
VlT.
Mil oitocentos e vinte e seis dias se achão re
gistados n’estes cinco volumes. Todos elles com
alguma cousa mais que as meras indicações calen
daricas do estylo, e trazendo cada um para o ban
quete do povo, seu fructo de sciencia, sua flor de
arte, seu aroma do espirito, sua noticia do passa
do ou do presente, seu conselho ou aviso, ou quan
do menos, seu sal e adubo para a conversação, o
que tudo sommado representa um profuso pano
rama de mais de 2,000 artigos.
Todo o livro tem um principio, um meio, e um
fim, e é, mais ou menos imperfeitamente, uma obra
de unidade. A sua concepção presidio um pensa
mento, e facil sereconhece o alvo certo em que poz
a mira, ou cravasse ou não cravasse n’elle o tiro.
Outra é a natureza da nossa obra, se de obra lhe
cabe o nome; pois com estar acabada em cada uma
• de suas fracções minimas, nunca na totalidade o
está, nem o pode estar. E como o tempo, queima
ginariamente fraccionamos, sendo que por ambas
Suas extremidades na sempiternidade se vai *#
#--
der. E tambem como a sciencia, que sendo essen
cialmente uma, tanto se divide e subdivide, que
o sabio, abaixo de Deus, só o pode ser o genêro
humano no seu complexo; ou é finalmente, em
ponto pequeno e imperfeito, um como reflexo d'es
ta assombrosa e sempre cambiante variedade da
natureza. Passeais, viajais, ou estais: ascena cir
cumstante, os seus promenores de decoração, a
sua illuminação, os seus actores, o que fazem, o
que dizem, o em que se interessão, o d’onde vem,
o para onde vão, o como chorão, o como riem, o
como tecem e destecem as suas mutuas relações,
tudo se desconcerta e renova de continuo. Reve
são-se e misturão-se o acabar e o começar; é um
Fº? de milhões destrophes,em todos os estylos,
igadas por um fio invisivel, e parecendo descon
nexas, mas cuja primeira estancia o—eu canto —
só a sabe o supremo e omnipotente poéta que o
concebeu. Na infinidade da natureza, tão necessa
rio papel representa o Oceano como o aljofar li
quido pendurado a tremer na orla da folha verde;
o elephante como o infusorio; a aguia como a bor
boleta; a primavera como o inverno; as estrellas
como o átomo; o sol que deslumbra como os luzei
rinhos apenas perceptiveis, que os physicos mo
dernissimos têem averiguado estar perennemente
jorrando dos dous polos de cada um dos corpos,
assim inorganicos como organisados: tudo o que
é, differe não só de tudo o mais que é, mas até de
si mesmo nos instantes que se succedem; e tudo
o que é, é o que deve ser, no logar, tempo, e con
#ºurº, para onde a Providencia o lançou. O que
se nos representa menos grande ou imponderavel,
menos bom ou máu, menos bello ou feio, deve ter
ainda, para quem o vê de cima e com todas as suas
relações, grandeza, bondade, e formosura. Ora, se
á natureza nenhum philosopho assizado ousou ja
mais tachar com censuras as suas apparentes desi
gualdades e incongruencias,se para cada um de nós
a vida se compõe sempre, diversamente misturada,
de annos que rodeião estaçõescaprichosas, de esta
cões que se devolvem por mezes desiguaes, de me
zes que se deduzem por dias dessemelhantes, de
dias que se fião por horas de todas as côres, e de ho—
ras que ainda se desfião em momentos tão impro
phetisaveis; se ao alvorecer de cada dia ninguem
sabe o de que elle lhe virá cheio, nem mesmo se lhe
virá;e se na resenha mental da meia noute,antes do
adormecer, todos descobrimos no espaço recém
percorrido muito successo que não prepararamos
nem previramos, consequencias de muitas cousas
que parecião incapazes de as produzir, e occasiões
para muitas derivações e desvios em nosso rumo;
Se tudo isto é a vida, e esta mesma incerteza e mys
terio é por ventura o que mais a ella nos afeiçóa;
o nosso escripto, fortuito como a natureza e os suc
cessos, olhando alternativamente para todos os
tempos e para todas as partes, e em todas desco
brindo e adorando o Ente sem limites — nó unico
da unidade do universo.—tem n'isto mesmo, queá
primeira vista poderia parecer o maior de todos
os defeitos, a principal explicação da simpathia
que no commum dos animos encontrou.
Procederemos pois d'aqui ávante, no “s"#
ustro, no terceiro, e em quantos houvermos de
existir na obra, como desde o principio o havemos
feito, sejá não for que alguma forterasão, que não
prevemos, nos obrigue a tomar outro caminho. E
quando por morte, velhice, cançasso, ou alguma
outra forte causa, da natureza ou da fortuna, levan
tassemos mão da tarefa, e desamparassemos o qua
dro em que eternamente se trabalharia sem nun
ca o concluir, outrem, que se ponha a elle em nos
so logar, o continue, com a mesma desambiciosa
soltura de traços, o mesmo pensamento de amor
dos homens,
Oxalá !.... e com mais acerto e finura
• •
de côres,
Quando, em remotos dias, por dezenas e cente
nares, se contarem Ós Volumes do Almanach de
Lembranças, toda esta collecção, e cada uma de
suas partes, poderá ainda ser lida, assim como ca
da individuo folga de revistar no animo o que pas
sou, e calcular pelo que passou o que poderá ain
da succeder-lhe, ou assim como, nos monumentos
e na memoria do genero humano, se archiva em
fragmentos a historia d'outras idades que produ
ziram a presente, e os feitos, dictos, e pensamen
tos
têS.da presente, que encerra o germem das seguin
• •
31
N. B. — Por ser differente "}"# das
duas edições do meu Almanach de 1851, fiz as
referencias de artigos d’este, em relação, não ás
paginas, como nos outros, mas aos dias do
II]02. •
Aureo numero . . . . . . . . 13
Cyclo solar . . . . . . . . . 16
Indicção Romana. . . . . . . . 13
Epacta. . . . . . . . . . XII
Letra Dominical. . . . . . . . G
33 3
TEMPORAS.
Septuagesima. . . . 4 de Fevereiro.
Cinza . . . . . . 21 de Fevereiro.
Paschoa . . . . . 8 d'Abril.
Ladainhas. . . . . 14, 15, 16 de Maio.
Ascensão . . . . . 17 de Maio.
Pentecostes ou Paschoa
do Espirito Santo. . 27 de Maio.
Trindade . . . . . 3 de Junho.
Corpo de Deus . . . . 7 de Junho.
Coração de Jesus. . . 15 de Junho.
1.° Domingo do Advento. 2 de Dezembro.
29 de Outubro, Nascimento de S. M. F. El
# Regente (Beijamão). "
PEQUENA GALA.
16 de Março,
nhor Infante
Nascimento do Sereníssimo Se
D. João. •
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-|№ № № tº tº tº só º sº sť sº ſº ad º £ 3,5 × × × ××× ×
Sel)Täs №aş)
* seļ(I- ësTĒ (ŠTETOET-TOER-TOEST, §:FŒTº№Tºoº i, jº
en- on• → 6Na- Gae.-- :)• 6N
ANNO DE 1855.
#[2] | • # -
§§ Phases da Lua. S = Phases da Lua.
== ==
S| 3|Lua cheia # "]= 6Quart, II]. # t.
= 37 m. E ||14|Lua nova II].
= 1 m.f=|22|Quart. cr. 7, 13 m.
5 2 m ["|29|Lua cheia 5 44 m.
• 5 m.|<1.4 Quart. m. 8 44 t.
5 24 m = |12|Lua nova 6 16 t.
5 11 t. 15.209uart, cr. 0 57 t.
E-23|Quart, cr. 37 t. - 27 Lua cheia } # t.
31 t. I –: 3 Quart. m. II].
3, 23 t. # 1Lua nova 10 15 m.
# 18|Lua nova 9 m. #### CT. } ?"
2 49 m 95||25|Lua cheia •
—<33>
40
TABELLA DOS INCENDIOS.
|*c.
<
EM TODO O REINO DE
<>{{##223;),33.
MERCAD 0S E FEIRAS
##$#$4,$$.
«III um ino»
3 (Domingo da SS. Trindade). Aldêa Gallega
da Merceana (franca): 4. Mouta Santa. Porto de
Moz, S. Goes, 10 (2.º Domingo de Junho). Almar
gem (franca), Lappa, 2 d. 12. Aljustrel, 3 d. 13.
Almada, 3 d. (franca). Barquinha, Cintra (franca),
Gandara de Serem, Granja Nova, Mertola,Monsan
to, Venda do Pinheiro (franca), Villa Real, 8 d.,
Villa Verde, Villa Viçosa, 2 d. (franca). I? (3.º Do
mingo de Junho). Almargem (franca), Sobral de
Monte Agraço (franca). Is. Cabeço de Vide. 2o.
Almodovar, Amarante. 3 d. 24. Braga, 2 d., Evo
ra, 3 d. (franca), Frieira, Guarda, Lagoa, 3 d , Lou
zã, Mirandella, Peredo, Vide, 25. S. Christovão.
29. Cercal, Certã, Choto, Flor da Rosa, 3 d., Ida
nha a Nova, Macedo de Cavalleiros, Porto de
Moz, Sabugal, S. Pedro de Aregos, S. Pedro de
Penaferrim (franca), S. Pedro de Solles,TorresVe
dras (franca). •
«5 UAI ino» • |
• *> #
57
FOLHINHA PORTUGUEZA
PARA
O ANNO DE 1855
SIGNO DO PISCIS.
SIGNO DE _\
$
2 DE MARço (15.º) — Sexta (Temporas). S. Sim
plicio,
Graça. Papà. Procissão do Senhor dos Passos da
•
SIGNO DO
"SIGNO DE
79
18 DE MAIo (3º) —Sexta. S. Venancio, Martyr.
Santo Erico, Rei de Suecia. Começa a Novena do
Espirito Santo.
19 DE MAIo (4.") — Sabbado. S. Pedro Celestino,
Papa, Santo Ivo, da Ordem de S. Francisco.
20 DE MAIo (5.º) — Domingo. S. Bernardino de
Sena, da Ordem de S. Francisco. A Beata Colum
ba de Riete, Virgem, da Ordem de S. Domingos.
Procissão do Corpo de Deus no Salvador.
21 DE MAIo (6.°) — Segunda. S. Manços, Mar
tyr, 1.° B. d'Evora. Desembarca o Cirio do Cabo.
22 DE MAIO (7.") — Terça. Santa Rita de Cassia,
Viuva. Santa Quiteria, V. M. e oito irmãs Portu
guezas (A. 53 p. 170). Santa Helena. S. Ato, Bis
po Portuguez. A B. Emiliana, Viuva, da Ordem
de S. Francisco. Festa de instrumental a Santa
Rita de Cassia na Ermida da Oliveira.
3 |
11 DE Junh0 (27.°) — Segunda. S. Barnabé, Ap.
12 DE JUNHo (28º) — Terça ("# no Patriar
chado). S. João de S. Fagundo. Santo Onofre. O
Bemaventurado Guido, da Ordem de S. Francisco.
13 DE JuMHO (29.º) — Quarta. XX.Santo Antonio
de Lisboa, da Ordem de S. Francisco (A 52 p. 260.
A. 53 p.191). Festa de instrumental na sua Igre
ja a 4% assiste a Camara Municipal. Foi aboli
do o dia santo dispensado em Braga, Bragança,
Castello Branco, Elvas, Guarda, Portalegre,
#riº, e Funchal. * *-* *-
@ 14 DE Junho (1º) — Quinta (Jejum, .S Basi
lio Magno, Bispo. Santo Eliseu, Propheta. Procis
•
são do Corpo
Lua nova de
de Deus,
Junhode
á tarde,
1 h. 52 na
m. Sé de Lisboa.
da tarde.
SIGNO DE
po28e Dr.
DE AGOSTO (17.") — Terça. S. Agostinho,
da Ígreja. • … .
Bis
4 DE SEPTEMBRO
Viterbo, Virgem, F.(24.")
Santa—Candida.
Terça. Santa Rosa de
•
0"r"## ## de Septembro ás
10 h. 28 m. da tarde.
- 103
2 DE NovEMBRO (23.°) — Serta. Commemoração
dos Defuntos. S. Victorino, M. São hoje prohibi
dos os espectaculos publicos (A. 51, 2 de Nov.,
A.52 p. 329. A. 53 p. 326).
3 DE NovEMBRO (24.º) — Sabbado. S. Malaquias,
Bispo Primaz da Irlanda.
4 DE NovEMBRO (25.º) — Domingo. S. Carlos Bor
romeu, Arcebispo Cardeal. Faz 8 annos o Serenis
simo Senhor Infante D. Augusto. Pequena Gala.
Faz 44 annos S.A. o Snr. # D. Sebastião,
filho da Serenissima Snr." D. Maria Thereza.
9
(C16 DE NovEMBRO (8.º)— Sexta. O Bemaventu
rado Gonçalo de Lagos, da Ordem de Santo Agos
tinho. Santa Ignez, Virgem, da Ordem de S. Fran
cisco. S. Valerio. A Beata Luiza Narzi, Virgem.
Começa a Novena de Santa Catharina.
Quarto crescente de Novembro ás 10 h.
8 m. da tarde.
112
ALMANAU DE IIIBRAMAS,
|
19 DE JANEIRO (Sexta feira). |
27 DE JANEIRO (Sabbado).
Gharada. •
de se diminuir. o objecto,
* __ •
J multiplica-se
? plica em logar
8 •
141
6 DE FEVEREIRO (Terça feira).
consTANGIA ALDEã.
145 10
11 DE FEVEREIRO (Domingo).
Montanhas lunares. — Do Jornal litterario, em
Londres publicado, transcrevemos o resultado de
recentes observações feitas com telescopios de
grande augmento. ### !
Ha duas especies de montanhas lunares. Com
põe-se a 1.º de montanhas destacadas, distinctas,e
curiosas por extremo. O que particularmente as
distingue, é o elevarem-se subitamente do meio
d’uma planicie, em vez de se acharem presas a ou
tras, como ordinariamente acontece no nosso plane.
ta. Uma d’ellas, a que se deu o nome de: Pico, tem
9,000 pés d'altura, e a fórma d’um pão d'assucar.
São muito vulgares na lua as montanhas d’esta na
tureza, tanto mais notaveis, quanto é perfeitamen
te plana a superficie sobre que perpendicularmen
te se elevão: custa a conceber que nenhuma im
pressão produzisse no solo adjacente a causa que
lhes deu origem. A2.º espécie de elevaçõeslunares
compõe-se decordilheiras inteiramente semelhan
tes ás nossas. Ha, entre estas, duas principaes que
parece não haverem formado a principio senão
uma;distinguem-se perfeitamente, e deu-se-lhes o
nome de: Appeninos. Podem comparar-se os Appe
ninos lunares com a nossa mais alta cordilheira;
tem 18,000 pés de elevação. Ha outra cordilheira na
lua cujas montanhas são ainda mais altas, pois se
elevão 25,000 pés acima da base (A.51, 8 de Maio).
-
- - -
}
*** …» -
li#Flamengo (Brazil)
de Fevereiro de 1854. José Maria do Amaral.
9
16 DE FEVEREIRO (Sexta feira).
Arroz denunciante. — Recorre-se na India, para
conhecer os culpados, a um meio singular, que
ali se julga provar a influencia do medo na se
creção da saliva. Quando é commettido um de
- licto em alguma grande oficina ou manufactura,
reunem-se na mesma sala todos os suspeitos, faz
se-lhes mastigar por alguns instantes uma peque
na porção de arroz, e ordena-se-lhes depois que o
deitem fóra. Pode haver certeza de que o culpado
o deitará inteiramente sêcco. •
17 DE FEVEREIRO (Sabbado).
Babilidade por numeros. — Havendo em uma das
mãos um numero par de tentos, e na outra um nu
mero impar, adivinhar em que mão está o par e o
impar. — Multiplique-se o numero da mão direita
por um numero par, e o da esquerda por um impar.
Ajuntem-se os dous productos. Se o total é impar,
o numero par está na mão direita e o impar ná es
querda. E vice versa. — Assignando a uma moe
inha de prata um valor par, e a outra de cobre
um valor impar, pelo mesmo modo se adivinhará
º qual a mão em que está uma e outra. 150
18 DE FEVEREIRO (Domingo gordo).
Baile. — Bailes simples são n’este mundo de an
tiguidade immemorial. A Socrates louvaram os ou
trosphilosophos gregos por haver dançado nos bai
les festivos de Athenas. A Platão censurou-se o não
ter dançado n’um baile do Rei de Syracusa. De Ca
tão se refere que não houve remedio senão apren
dera dançar na idade de 59 annos. Muitos sacerdo
tes na religião pagã dançavão nos templos e pelas
ruas. Em França já nos primeiros séculos da mo
narchia se fazia dos bailes grande apreço. Luiz XIV.
dava-os sumptuosissimos. Actualmente, todas as
côrtes dão bailes; dão-nos todos os embaixadores;
dão-nos todos os ricos e meio ricos. Dança-se nos
palacios; por pousadas dos mechanicos; nos ar
raiaes de romaria; nas aldeias e casaes; nas eiras
e nos adros das igrejas rusticas. Dança-se parabe
neficio nas calamidades que assolão uma provin
cia; dança-se por santa caridade em favor de uma
familia indigente; dança-se para os asylos da infan
cia; dança-se nas casas depois de passarem as pro
cissões; dança-se nos noivados; nos baptisados;
nos anniversãrios natalicios; nos despachos;ha bai
les mascarados; bailes sem ceremonia; bailes aris
tocraticos; bailes plebeus; bailes onde se não con
fessa que se foi; bailes de creanças; bailes de crea
dos; bailes de todas as castas, para todos os fins, e
de todos os modos imaginaveis. Que prova isto?
|# a natureza mesma ensina que o movimento da
dança tem, a par do seu valor artistico, um tanto
#prºveitº…
1
para a sociabilidade e boa harmonia.
19 DE FEVEREIRO (Segunda feira).
o criado infiel. — Arranjou um sujeito na sua
adega 32 garrafas de vinho, pelo seguinte modo:
; ; 7
2 5 25 ||
$
| 33 3 33 || |||| 1 1 1|
2 5 2 3 3 3 | 4 1 4
Ctharada,
(Brasileiro.)
25 DE FEVEREIRO (Domingo).
zero por quociente. — Qual é o numero que divi
dido em duas partes iguaes dá este milagre?—É8,
ou 88, ou 888, etc., # se lhe}** Ullin I'lS
co bem pelo meio, ficará zero d'ambos os lados.
Um Par. — Disputava-se n’uma reunião se o ca
valheiro fulano tinha ou não sahido par na ultima
fornada. Um par antigo, conhecido pelos. Seus
bons ditos, entrou neste momento. « Aqui esta
quem nos pode tirar das duvidas, exclamou um:
—Fulano é par, senhor conde?» — «E': respon
# o fidalgo, quando anda a cavallo.»
26 DE FEVEREIRO (Segunda feira).
Amigo de ar e luz. — O corpo principal d'uma
planta, o eixo que se eleva acima da superficie do
solo buscando o ar e a luz, e d’onde partem todos
os outros orgãos do vegetal, denomina-se: caule.
Uma simples experiencia basta para provar que o
caule procura sempre a luz e o ar. Se semearmos a
semente d’uma planta trepadora, de alegra campo,
por exemplo, n'um vaso que esteja dentro d’uma
casa onde entre ar e luz só por uma janella, e se
colocarmos entre a planta e a janella uma táboa
vertical, com largura bastante para interceptar a
luz, e que tenha, a seis pollegadas d'altura acima
do vaso, um buraco d’uma pollegada de diametro,
observaremos o seguinte. Logo que a semente ger
minar, e a planta começar a crescer, o caule ir-se
ha aproximando da taboa e encostando-se a ella;
e logo que chegar ao buraco, enfiar-se-ha por elle,
e irá assim receber os raios de luz e o ar que entra
pela janella. Se se fizer outro buraco na taboa, e
voltarmos todo o systema, de modo que o extremo
do caule fique outra vez na sombra, passar-se-ha
outra vez o mesmo phenomeno; o caule crescerá,
aproximar-se-ha do segundo buraco, e sahirá por
elle, indo de novo buscar o arealuz (J. d'A.Corvo).
.
O SUSPIRO.
Que os poétas
{
fiquem rasos. Nos mysterios d’este mundo.
• •
171
17 DE MARÇO (Sabbado).
A UM RETRATO DE PETRARGHA.
Á PRIMAvERA.
25 DE MARÇO (Domingo).
. Annunciação. — A menção authentica mais an
tiga que existe d’esta festa, é a do sacramentario
do Papa Gelasio 1.º, no anno 492. Desde então é
que se celebra, tanto na igreja occidental como
na oriental. •
178
26 DE MARÇO (Segundafeira).
salomão. — Rei dos judeus, 3.° filho de David e
de Bethsabée; nasceu no anno do mundo 2971 e
1029 antes de J. C. Apoderou-se do throno de Is
rael com detrimento de Adonias, seu irmão mais
velho, que mandara matar, e casou com a filha de
Pharaó do Egypto, para a qual mandou construir
um soberbo palacio em Jérusalem. Foi por occa
sião de suas nupcias com esta Princeza que dizem
haver composto o seu magnifico epithalamio: O
Cantico dos Canticos. — De todos é conhecida a
sentença que deu quando duas mulheres susten
tavão porfiadamente serem ambas mãis da mesma
criança, — Foi visitado pela Rainha de Sabá (A.
53, p. 199), que ficou maravilhada de sua sabedo
ria e magnificencia. Tinha então Salomão sujeitos
a seu poder todos os paizes e reinos entre o Eu
phrates e o Nilo (A, 51, 17 de Junho, A. 52, p. 98,
210). Costeavão o oceano suas numerosas frotas,
e navegavão para Ophir (A. 52 p.275), d’onde tra
zião ouro em pó, aromas, marfim, etc. Diz a Escri
ptura que tornara o ouro e a prata tão communs
em Jérusalem como as pedras das ruas. No 4.°
anno de seu reinado deu principio a esse famo
so templo que nunca teve rival, e que dizem ter
custado móntes d’ouro. Corrompido pelo pro
prio excesso de seu poder, apartou-se do SE
RIOR, sacrificou a idolos de pedra e bronze, e
tornou-se escandaloso o seu comportamento. Mor
reu na idade de 58 annos, depois de 40 de rei
nado. - - " .
170 •º •
27 DE MARÇO (Terça feira).
manhos. — Crê-se haver sido no oriente que se
edificaram as primeiras casas de banhos publicos.
Os gregos adoptaram desde altissima antiguidade
a usança ao mesmo tempo saudavel e deliciosa; e
os romanos,que dos gregos a imitaram ainda, subi
ram de ponto o luxo de taes estabelecimentos. Só
Agrippa, no anno em que foi édil em Roma, edifi
cou cento e setenta casas de banhos. Os árabes e
os turcos são d'entre todas as nações modernas as
que mais se banhão. Consagrando como artigos de
religião as abluções, andou o mahometismo muito
ajuizadamente. Em Portugal, exceptuando os ba
nhos de mar e os de rios na estação calmosa, po
de-se dizer que este grande meio hygienico é to
talmente desconhecido. Lisboa só possue tres ou
quatro casinholas de banhos, que nem convidão
por seducções artisticas, nem por commodidades,
nem pela barateza. De todas essas emprezas parti
culares, a mais natiga, e a mais afréguezada, é a do
Sr. Dr. Nilo, na Rua do Principe. \
* *
grandiosos seria uma empreza
para dar bons interesses aos
seus accionistas, e um bom :
serviço ao aceio, que entre
nós não é excessivo, e á pu
blica saude, para a qual a pu
| reza do corpo não contribue
II13.
Daltaredempçãoo author,
OJordão, d'espanto e dor,
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Atraz as aguas retira:
Duro rochedo suspira,
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Perde o sol almo clarão, ( >
Revivendo os mortos vão, \ S-A N
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Elementos travão "\> ###### S$5=}
E sente insensivel terra NS=<>{ A =-
Os martyrios da Paixão.
Bocage.
7 DE ABRIL (Sallado d’alleluia).
Alleluia. — E palavra composta de duas he
braicas, que significão: louvai o Senhor.
No tempo de São Damaso, Papa portuguez, se
introduzio na igreja latina a Alleluia. Nos fune
raes dos primeiros séculos da igreja cantava-se
, alleluia. O Papa Julio II foi quem mandou que no
officio divino se não dissesse alleluia desde a se
ptuagesima até ao sabbado santo. Refere S. Je
ronymo que os monjes e monjas, antigamente,
com esta palavra se convidavão para irem cantar
juntos os louvores de Deus (A. 51. 19 de Abril).
8 DE ABRIL (Domingo de Paschoa).
Avisita a Jérusalem. —Tornaram-se de moda re
liquias e romarias. Em quanto actualmente se
achão expostas numerosas reliquias na antiga e
historica cidade de Aquisgram, consistindo, pela
maior parte, em fragmentos do vestido da Vir
gem, na mortalha de
S. João Baptista, nas
fachas do Menino Je
SuS,na #### da
Paixão, no braço di
# reito de S. Simeão,
> etc., etc., organisão
se jornadas regula
----- res, e economicas,
não só para aquela cidade, onde tanto está res
Pºstendº a fé christã, mas até para Jérusalem.
9 DE ABRIL (Segunda feira).
os ovos da Paschoa.— E' costume em muitas dás
nossas aldeias mandar pela Paschoa ao respectivo
Parocho um folar com o seu ovinho pintado, ou
simplesmente um presente d'ovos. E bem pode di
zer-se que é geral este uso e vem de tempos im
memoriaes. E' uma das tradições simbolycas nas
cidas do catholicismo, e repousando em uma idéa
mystica, ainda não bem interpretada Amelhor ex
plicação é esta: o ovo traz comsigo a idéa da espe
rança — a de ver desenvolver-se um germen — e
o sentimento que desperta a solemnidade da Pas
choa, anniversario da resurreição de Christo, é
tambem o da esperança de nossa futura resurrei
ção. Um tal presente será pois symbolo d'esta cren
éa religiosa.
. Na idade média, na Vespera do domingo de Pas
choa, juntava-se em França a rapasiada, com pi
fano e tambor, lanças e varapáus, e precedida de
bandeiras com imagens burlescas, corria toda a
fréguezia a pedir esmola para os ovos da Paschoa.
o tempo de Luiz XIV e no de Luiz XV, em dia
de Paschoa, levavão-se ao Rei depois da missa aça
fates cheios d'ovos dourados que elle distribuia.
Ainda hoje é seguido á risca um tal costume na
Russia. O que offerece um ovo, diz: «Resuscitou
Jesu Christo» ao que responde o que o recebe:
«Estou por isso.» E grama-o. Os ovos dados por
pessoas ricas são de porcelana pintada ou doura
da, com inscripções emblematicas, e furados nas
extremidades para se pendurarem ao pescºçº, 90
10 DE ABRIL (Terça feira).
Pintos.—Um distribuidor de periodicos, porno
me: Manoel Pinto, pobrissimo e com 8 filhos, di
zia n'um bilhete de |# festas, em prosa, pedindo
aos assignantes se lembrassem d'elle: «Toda a mi
nha fortuna são 8 pintos, e em vespera de 9, mas
nenhum cambista me daria por elles um vintem!...
-- 11 DE ABRIL (Quarta feira).
Desfeita disfarçada. — Entra um sujeito n’uma
companhia com 12 rosas na mão, mas haalli 13 se
nhoras, e grande desfeita seria excluir uma do pre
sente da linda flor. E grande o seu embaraço, por
# todas, na qualidade de senhoras, têem igual
direito ao delicado mimo. Ha porém entre ellas
uma que lhe fez certa travessura, ou lhe não cor
respondeu ao seu affecto, ou lhe foi inconstante,
ou tem o narizarrebitado, e bem quizera que fosse
essa a quem tocasse o bilhete branco na loteria de
12 premios que se decide a fazer, para que a sorte
só carregue com as culpas, e para que sobre ella só
caião,as imprecações da senhora que tem de ser
por ella, segundo todas as apparencias, desfeitea
"da. Para isso, fal'as sentar a todas em circulo, e lá
de certo modo, e principia a distribuir as rosas,
contando de 1 até 9, e dando sempre uma á9.º se
nhora.Deste modo,a que ficaraá esquerdad’aquel
la por onde principiara a contar pela direita, ficou
sem nada. O mesmo houvera acontecido á que ficas
# # direita se pela esquerda houvesse começado.
12 DE ABRIL (Quinta feirº).
Jogos cereaes, — Fo:
ram estes jogos cele
brados oito dias a fic
em honra da deusa Ce.
res, sendo hoje o pri
meiro. As damas roma
nas, Vestidas de branco
e com archotes na mão,
erravão pela cidade, a
fingir Ceres á procura
de Proserpina. Os ho
mens tambem se ves
tião de branco. Havia
combates a cavallo,mas
os édis por fim subs
tituiram-nos por combates de gladiadores.
13 DE ABRIL (Sexta feira).
Ros.A ou EsTRELLA?
21 DE ABRIL (Sabbado).
Palilias. — N’este dia celebravão os romanos
com o nome de palilias a festa de Pales, deusa tu
telar dos rebanhos. Na cidade mesmo se accendião
fogueiras, mas nos campos muito mais, e já desde
pela manhã. N’ellas lançavão leite, vinho fervido,
milho, mel, e depois enxofre, e fazião-lhes girar
em redor os gados, com o que tinhão para si que se
livrarião de loios e doenças. A roda d’aquellas fo
gueiras fazião depois os rustiços suas danças fol
gasans, cantando os louvores de sua deusa.
Querem alguns que n'este dia, e com esta festa,
solemnisassem tambem a fundação de Roma.
Floresta de conpiegne. — Esta antiga floresta,
quasi inteiramente povoada de antiquissimas ar
Vores, foi ultimamente avaliada em 49 milhões de
francos, a saber, 17 milhões de terreno e 32 de ma
deiras. Tem 2.907,400 varas quadradas de super
ficie; é de 22 leguas a sua circumferencia: atra
vessão-na 338 estradas, tem 13 lagôas, 8 tanques,
318 pontes, 200 encruzilhadas, e 11 fontes que
#" 4 correntCS.
22 DE ABRIL (Domingo).
curiosidades americanas.—Chegou a Paris,pelo
meado d'este anno de 1853, um viajante que andou
annos pela America equinoxial, e visitou as qua
renta e duas tribus silvestres que demorão pelas
confluencias do Orenoque e Rio Negro, entre 6
gráus de latitude norte e 1 de
latitude sul, e entre 65 e 77 de
longitude occidental do meri
diano de Paris. Contão-se n'a
quellastribus algumas muibra
vias que estanceião por sitios
desconhecidos,enunca tiveram
tracto,nem por longe,com gen
te civilisadá. O nosso viajante
estudou quanto poude aquelle
mundosinho exotico. Trouxede
seus idiomas noticias mui pre
ciosas para os estudos linguisti
cos;collecções dehistoria natu
ral; de instrumentos musicos;
Vestuarios de cascas d'arvores;
redesdemaravilhosa contextu
ra e mui historiadas; primorosos arabescos de pen
nas; urnas funebres; armas de guerra e caça; etc.
etc. Algumas das armas bellicas enthesouradas por
elle têem suas inscripções gregas, assim como de
senhos manifestamente gregos apparecem no la
vor de varios cestos que mostra.
A historia dos povos não tem menos enigmas
que a da natureza.
200
23 DE ABRIL (Segunda feira).
Adivinhar uma palavra entre 24. — Escrevão-Se
estas em 24 papeis com os seus numeros por baixo:
ROME NICE NANCI COCHE RECHE AIRE
29 65 8735 8 1837 39 3 4 5 293 4 5 1725
NERONRAONARCHER CHEMIN CAENMACON
85.298 219 8 12345 2 3 4 567 8 3158 61398
CHIEN CARMIN NOION CHINON HIMENORME
34758 3 1 267889798 3 47898 47658 92 65
MENIN ARME HERON CRIN NERAC MER
65878 1 265 45298 3278 85213 652
24 - 40
De 40 tirando 24, ficão 16, cuja metade é 8; logo
O 1º numero é 8. 202
O2ºé igual a13menos o 1º, igual a 13 menos8, igual a 5.
O3"é igual a 7menos o 2º, igual a 7 menos5, igual a 2.
O4ºé iguala 11 menos o 3°, igual a 11 menos2, igual a 9.
O5°é igual a 17 menos o 4º, igual a 17 menos9,igual a 8.
Procurando em ARCHEMINO os algarismos
8 5 2 9 8 acharemos: NERON.
29 DE ABRIL (Domingo.)
sortilegio, — Um dos mais usados sortilegios
nos seculos XIII, XIV, e XV, cuja origem parece
remontar aos povos da antiguidade, que por Ovi
dio foi claramente descripto, e de que ainda se
achão vestigios entre certas nações barbaras do
Novo Mundo, e particularmente entre os selva
gens do Canadá, consistia em picar com uma agu
lha a figura de cera d'aquellês que por sua alta
posição estavão ao abrigo dos malefícios #
res; Proferião-se ao mesmo tempo diversas for
mulas com imprecações contra elles, que se jul
gava sofrerem na mesma parte em que era pica
da a sua imagem; uma picada no coração era
de fé que produzia morte proxima. Foi accusa
do d'um sortilegio assim e d'outros analogos, que
Enguerrand de Harigny foi condemnado á morte
e levado ao cadafalço em 29 de Abril de 1315.
*
- * **
{Domeu pastorinconstante. Na manhãdosmeus 15 annos
Não é essa ao longe a lyra? Na minha cabana entrou,
E' essa, mas já não sôa Eem quanto me punha flores
Por Thyrse que inda o suspiraSeu destino lamentou,
(Brasileiro)
- Falladora de profissão. — Ninon dizia muitas ve
zes a M." de Chevreuse: «Se eu soubesse que de
pois de morta havia de encontrar no céu as pessoas
de minha amisade para conversarem comigo, mui
to havia de desejar morrer!» 219
4 DE MAIO (Sexta feira).
Mar Baltico. — Grandissimo fºho do Mar do
Norte. Confina com as costas de Dinamarca e da
Suecia a O., a E. com a Bothnia, a Finlandia, a Li
vonia, e a Curlandia, ao S. com a Polonia e a Prus
sia. Tem 1900 kilometros (475 léguas) de com
pº sobre 250 (62 léguas) de largo. A sua super
icie, comprehendendo os golphos da Bothnia e
da Finlandia, é de 65,000 kilometros quadrados.
E' muito mais perigosa a navegação n’este mar
do que no Mar do Norte, em razão dos immensos
rochedos de suas costas e das frequentes mudan
ças de vento. A sua agua é mais fria e mais clara
que a do Oceano; contém poucas materias sali
nas. Tres ou quatro mezes cada anno interrom
pe o gelo a navegação em toda a sua superficie,
Quarenta rios se lanção n’elle, cujos principaes
são: o Neva, o Dwina, o Oder, o Vistula, e o
Niemen. Mais de 10,000 navios atravessão todos
os annos o Mar Baltico, vindos do Mar do Norte.
Tem um grande numero de ilhas.
sino esquisito. — De Mont'Alegre me informa o
Ill"º Snr. João Teixeira de Mesquita, que ha na Sé
de Miranda do Douro um sino lº foram pôr no te
lhado. Puxando por uma corda que está no meio
da igreja dá tres badaladas que se ouvem em toda
a cidade, menos dentro da mesma igreja. Poucos
sineiros se gabão de tal fortuna!...:
211 • A. 54Ap.75)
(A 52 p. 267. 53p.242.347.
5 DE MAIO (Sabbado).
renitencias no Indostão.—Não ha terra no mun
do em
jão que mais singulares
as penitencias. do que
Referiremos no Indostão se
algumas: •
ro carregado e
uma sege, vio-se
entalado entre el
les,sem poder va:
ler-se e fugir: #
+ => >>>>>> =hio, passaram-lhe
#<><><><> as # do carro
por cima das coxas, quebraram-lh'as, levaram-no
para o hospital aos gritos, poucos dias após falle
ceu; os outros, escarmentados com o successo, tra
taram de queimar muito depressa as suas cordas
de enforcado, persuadidos de que, em logar de fa
zerem bem aquelas reliquias, tinhão pelo contra
rio mandinga, e punhão em eminente perigo de
quebrar as pernas.
Factos d’estes na chamada capital do mundo ci
vilisado provão claramente quanto o povo, em to
da a parte, jaz ainda longe da necessaria instruc
# e como a carencia de educação religiosa e de
noções geraes de philosophia, aliás facillimas de
transmittir pelas escholas á população, occasiona
todos os dias desgraças funestissimas.
12 DE MAIO (Sabbado).
o PoéTA.
.. .
* APOLOGO.
231
29 DE MAIO (Terça feira).
Tres maravilhas. — Tres cousas me maravilhão
n'este mundo, dizia uma americana, em Boston;
primeira, atirarem os rapazes pedradas à fructa,
|- quando ella
tem de ca
hir estando
madura; se
gunda, o ha
ver guerras
em que os
•- ++++ |-
homens se
matem uns
2 DE JUNHO (Sabbado).
Momento de saudade.
3 DE JUNHO (Domingo).
casa portatil. — Entre os objectos mais curio
sos da actual Exposição de Nova York figura um
bahu de tamanho ordinario, dentro do qual se
contém uma casa bastante grande para alojar uma
pessoa, com um sophá, uma cama, e um gabão,
tudo de gomma elastica. Compõe-se de quatro
paredes, tecto, e chão, e não precisa senão de
uatro espeques em que se apoie. Enche-se tudo
'ar com um folle. que tambem se acha dentro
do bahu, e por meio d'elle se converte o gabão
n'um bote, dentro do qual se pode atravessar
um rio (A 52 p. 33.229.294.316.332.356.364.
A. 53 p. 162, 171.192.207.215.222). 236
4 DE JUNHO (Segunda feira):
lição a vaidosos. — Passando Filippe II por To
ledo, e vendo um grande pala
cio, perguntou de quem era?
responderam-lhe que de um
seu secretario. « Grande gaio
la # tão pequeno passaro!.”
replicou o Rei (A. 51, 30 de
Maio, 10 de Agosto, 24 de Sep
tembro. A 52 p. 90.139. A. 53
p. 65,246).
5 DE JUNHO (Terça feira).
Perrugem das oliveiras. — Descobrio-se agora
na Bairrada, que um cesto de cal virgem em pó,
mettida n'uma cova de meio palmo a um palmo de
profundidade, á roda do tronco, e coberta depois
com terra, é quanto basta para limpar completa
mente a ferrugem das oliveiras.
Não nos cançaremos nunca de pedir que se ex
}# a eficacia de todos os alvitres,acharem
conse
hos, admoestações, ou receitas, que se
n'estes livrinhos, em tão grande profusão derra
mados pelo povo, afim de que se não acreditem e
arreiguem prejuizos e erros, antes pelo contrario
se aclare a verdade quanto possivel em pontos de
facto. E de qualquer resultado que se obtenha, pe
dimos tambem se nos dê parte, para confirmarmos
ou rectificarmos o que hajamos dito. Assim lucra
remos todos.
237
6 DE JUNHO (Quarta feira).
Memoria feliz. —Tinha um sujeito a memoria
por tal modo escorregadia (memoria hominis es
corregabilis est), que tudo quanto tinha que fazer
O marcava no seu álmanach de lembranças: che
gou a escrever um dia: «Não me esquécer de que
é ámanhã que me caso.» -
Total.............. 266,894
Paraiso — Celeste mansão, em que os christãos
gozarão eternamente da vista de Deus—os maho
metanos beberão vinho e acariciarão lindas hou
de —
ris seus scandinavios beherão sangue no craneo
e osinimigos. •
248
20 DE JUNHO (Quarta feira).
chuva de sapos. —Quem falla é o distinctophy
sico Pelletier num relatorio á Academia das Scien
cias de Paris:
« Estava eu em Hauz: tolda-se de repente o
céu, e d’ahi a pouco principia a chover a canta
ros; telhados, ruas, praças, tudo em curtos ins
tantes se acha coberto de sapos; estendo a mão
}^^ fóra e apanho alguns. Dentro em meia
ora havia levado tudo a enxurrada. Por maior
que seja a dificuldade de explicar como é que
taes sapos havião podido sem azas trepar lá para
cima, e conservar-se por lá (Deus sabe em que
altura e quanto tempo, dou todavia o facto como
verdadeiro, e afirmo que me deixou no espirito
profunda impressão. »
21 DE JUNHO (Quinta feira).
Prece de um doutor musulmano.—Foi Abdalia
der um dos mais famosos doutores da Turquia (on
de tambem ha doutores). Era esta a sua oração de
todos os dias:
« Senhor omnipotente! Aos que de continuo
prostrados ante o teu throno immortal, só se oc
cupão em prestar-te o culto devido á tua mages
tade, digna-te lançar olhos compassivos sobre el
les — sobre estes vis insectos que te adorão. »
Insecto será elle !....
250
23 DE JUNHO (Sabbado).
A voz prophetica.
Quando infante—ejá sentia "Por servirem de vãs galas
N’alma o fogo dos amores— «A uma bella tambem vã,
Pelo campo andava um dia, «Vensaocampohojearrancal'as
Quiz á dama a quem servia, lº Para sobre o pó das salas
Quiz dar um ramo de flores. «Serem murchas ámanhã?
30 DE JUNHO (Sabbado).
Besta esfomeada.—Chegando certo freiratico á
portaria d'um convento, pedio á Madre Rodeira
um copo d’agua; desejosa esta de se descartar
d'elle, que de continuo a apoquentava, mandou
lhe dar um copo d'agua e uns grãos de cevada em
salva de prata. Bebê o maganão, atira depois ao
chão copo e cevada, mette á salvá debaixo do bra
ço, e esgueira-se, dizendo: «A besta vinha com
tamanha fome, que até roeu a mangedoura.»
Grijó 30 de Junho de 1854.
O Arcipreste de Mirandella
Joaquim José Pinto de Moraes.
Acrostico.
14 DE JULHO (Sabbado). -
>===== >>>>>>
às eglogas de Virgilio. •
#E_>
|
21 DE JULHO (Sabbado).
Phisicº mor: — O Dr.Ribeiro, conhecido pelo no
me de: Ribeirão, médico de grande saber, foi des
M%" por D. Rodrigo da Cunha, para Phisico
Mór de Cabo Verde. «Indo uns amigos dar-lhe os
parabens, «não os aceito, disse; que honra me re
sulta de um despacho sem grammatica! Um mi
nistro que ignora que não pode haver compara
tivo nem superlativo sem positivo! Phisico Mór
de uma terra onde não ha phisicos de tamanho .
nenhum, nem um médico, nem meio chirurgião,
nem um quarto de boticario !» 274
22 DE JULHO (Domingo).
Botanica.—Como estamos no meio da estação
em que as plantas triumphão com a sua maior pom
pa, fallemos de botanica. Crê-se haverem sido os
egypcios os primeiros que estudaram plantas; e
não falta quem diga que já desde todo o seu prin
cipio tinhão tractados d’esta sciencia. Pela Biblia,
documento bem antigo, se reconhece que em cer
tos paizes já então era a botanica frequentada.
Na Grecia dos séculos heroicos, muitos dos prin
cipaes personagens cultivavão a botanica, taes
como: Aristeu, Jasão, Telamon, Teucro, Peleu,
Achilles, Patroclo, etc., os quaes a tinhão apren
dido do famigerado Chiron. Pela botanica, e de
# uso que d’ella fez, é que Medéa ganhou
ama de magica. Mas a sciencia das plantas a prin
cipio limitava-se em lhes especular as virtudes cu
rativas e propriedades maléficas, e não sabia as
pirar a mais; por isso os cathalogos botanicos do
grego Theophrasto são tão apoucados, que só con
tém 600 plantas. Deoscórides e Plinio tambem os
não acrescentaram. Os séculos seguintes a Dios
córides pouco mais fizeram.
Longás idades após rebentou a botanica já mais
vigorosa. Os que por então mais lhe aproveitaram
foram: João Bauhin, que veio a falecer em 1544,
Gaspar Bauhin, seu irmão, finado em 1569; Ges
mer de Zurich, por antonomasia o Plinio alemão,
e a quem se deve o methodo para classificar vege
taes fundado na observação dos fructos; Cesalpi
*# médico italiano; Leonardo Fusch, professor
$
d'anatomia, e Mourison, médico inglez. Finalmen.
te, pelo principio do século XVIII, Tournefort, di
vidindo e classificando as plantas, e algum tempo
depois o immortal Linneu, distinguindo-lhes prín
cipalmente os sexos, estabeleceram ambos talme
thodo, que a botanica assumio foros de verdadeira
sciencia. Depois d’estes vieram-lh'os augmentar
outros homens de grande mérito, taes como Jus
sieu, Thonin, du Petit-Thouars, Cuvier, etc.
Os antigos só tinhão observado 500 a 560 plan
tas. No fim do século XVI já havia descriptas 6,000.
Tournefort traz 8,846 especies, e hoje as plantas
classadas e descritas andão por mais de 50,000.
Entre os auctores portuguezes tambem se con
tão botanicos mui distinctos para o seu tempo, e
nomeadamente Garcia da Horta entre os antigos,0
insigne Brotero e o Abbade Corrêa da Serra entre
os modernos. Entre os contemporaneos figurão 08
Snrs. Doutores, José Maria Grande, Antonio Joa
quim de Figueiredo, e Bernardino Antonio Gomes.
O estudo da botanica é sem contradicção um
dos mais interessantes, posto diga o melancholico
Rousseau que é de solitarios, ociosos, e mandriões.
Felizes os que assim mandreião!...
23 DE JULHO (Segunda feira).
Charada.
Vê-se a primeira no todo,
Mas dizem lá não está,
E na segunda o seu todo
Cedo ou tarde se fará. * __
276
24 DE JULHO (Terça feira).
Escravos previdentes. —No Mensageiro
de Java, jornal que se publica na Batavia,
achamos a relação d'um curioso episodio
jº alli se passou ultimamente n'uma ven
a d’escravos, pertencentes á herança
d’uma dama chineza.
Pozeram-nos em cima d'um estrado, para que
por todos podessem bem ser vistos, e antes de se
receber o primeiro lanço, fizeram elles tinir um
pouco de dinheiro, e disse o homem encarrega
do de vendel'os: «Meus senhores, conseguiram
estes pobres escravos,á força de perseverança, tra
balho, e ecónomia, juntar uma pequena somma, e
solicitão de vós o grande obsequio de os deixar
des tambem lançar, na Venda a que se vai pro
ceder, afim de verem se por esse modo se ficão per
tencendo a si proprios e se tornão forros.»
Ninguem se oppoz. Pozeram á venda os qua
tro primeiros escravos, e ninguem lançou, senão
essês mesmos quatro infelizes, que offereceram
20 florins por si, e de si proprios ficaram sendo se
nhores. O mesmo aconteceu com os outros 8, qua
tro dos quaes recobraram a liberdade por 12 flo
rins e os outros quatro por 10. Barata fazenda!...
25 DE JULHO (Quarta feira).
Traductores. — A quasi todos os nossos se po
de applicar o proverbio italiano— Tradutore tra
#rº (traductor, enganador). •
26 DE JULHO (Quinta feira).
como se dá cabo do gorgulho.—Avalião em Fran
ça em mais de cem milhões de francos o prejuizo
ánnualmente causado em todos os celleiros da Eu
ropa por este devastador insecto. Grande serviço
é pois inculcar o como se lhe pode dar cabo da
pelle. E' a cousa mais facil d’este mundo. Experi
mentem-no os nossos lavradores, e dê algum d'el
les parte do resultado pela imprensa periodica, ou
por via d’este mesmo livrinho, que n'isso haverá
grande lucro,das
maior parte pois ha muito quem não acredite na
receitas. •
285
5 DE AGosto (Domingo).
Relogio de Lubeck. — Foi terminado em 1405 e
é obra prima no seu genero. Vêem-se-lhe no mos
trador: a ecliptica, o zodiaco, os tropicos, o equa
dor, a orbita dos principaes planetas, o nascimento
e o occaso do sol, os dias do anno, e as festas prin
cipaes. Com tanta exactidão se executão os movi
mentos de todas as peças, que a qualquer hora do.
dia se pode conhecer o estado do céu. Regulará
até 1875.
Tem tambem uma figura, que representa J. C.,
a qual abre todos os dias, ao meio dia em ponto,
uma porta que lhe fica á direita, e por onde sa
hem, uns depois dos outros, e se inclinão perante
o SALVADOR, o Imperador d'Allemanha e os sete
Eleitores, ou Soberanos entre os quaes se achaya
antigamente a Allemanha dividida; corresponde
lhes J. C. com um gesto. Todas estas figuras entrão
por uma porta que se fecha sobre a ultima person
Il{\{êIll. "
"uma das duas torres da igreja de Santa Maria
ha um carrilhão que toca a todas as horas, dadas
em um sino por uma figura que representa o tem
po; a cada hora vira a cara para a banda outra fi
gura.
E' esta uma das maravilhas do norte da Europa.
(A. 52 p. 320. A. 53 p. 171. A. 54 p. 115)
Imprensa.—E uma bozina de que os pobres
têem precisão para que os grandes os oução. Luz
de gaz clarissima e économica. 286
6 DE AGOSTO (Segunda feira).
Adivinhar o valor de tres cartas. — Valha cada
carta tantos pontos quantos tem pintados, os azes
11, e as figuras 10.
Mande-se a uma pessoa tirar tres cartas d'um
baralho de cincoenta e duas, pôl'as sobre a me
sa viradas para baixo e contar sobre cada uma
dellas tantas cartas mais quantas faltarem para
chegar ao numero 15. Se a 1.º carta é um 9, a
2.º um az, e a 3.º um 7, porá sobre a 1.º seis car
tas, sobre a 2.º quatro, e sobre a 3.° oito. Pe
dir-se-ha depois o resto do baralho, contar-se-hão
as cartas que ficaram, e diminuindo 4 d'esse res
to, teremos o numero total de pontos das tres car
las que estão beijando a meza. •
288
9 DE AGOSTO (Quinta feira).
Luta com a morte. — Havendo Siward, Conde
ou Duque de Northumbria, perdido um filho no
mesmo momento em que a victoria se mostrava
- - - favoravel a suas
armas e contra
ria ás de Macbe
th, Rei da Es
cocia, na bata
lha que entre os
dous exercitos
se travara,a pri
meira cousa que
perguntou com
a maior Serent
dade de espirito
foi se recebera o
golpe mortalpe
|- la frente ou pe
- las costas; res
pondendo-se-lhe que pelo estomago, retorquio:
«Bem está! é assim mesmo que eu quizera tam
bem morrer!" Não foram porém n’este particular
attendidos os seus votos. Ao sentir-se atacado,
em 1055, de molestia mortal, e vendo que estava
proximo o seu ultimo momento, pensou que era
indigno de tão grande guerreiro morrer n’uma ca
ma, e ordenou que o armassem dos pés até à ca
beça, e o sentassem n'uma cadeira de espaldar.
Foi n'essa posição, e com a espada nua na mão, que
#imº com a morte, e foi por ellasubjugº
10 DE AGOSTO (Sexta feira).
Escurial. — O palacio do Escurial, cuja origem
relatámos a 10 d'Agosto do Almanach de 1851, é a
mais sumptuosa e a mais vasta de todas as casas
reaes do universo. Dedicado a São Lourenço, que
morreu n’umas grelhas, não se vêem alli por toda
a parte senão grelhas esculpidas e pintadas. D'umas
grelhas tem tambem a fórma o magnifico edificio,
que ha custado 60 milhões, e em que habitou Fi
lippe II nos seus ultimos annos, morrendo defron
te do altar mór para onde mandou que o transpor
tassem nos derradeiros momentos. O logar em que
expirou ainda hoje tem á roda uma gradaria de fer
ro, a que ninguem se aproxima. Persuade-se o
Vulgo de que o espirito inquieto e turbulento
d'aquelle Principe vem todas as noutes visitar a
sua antiga residencia, e que á meia noute em pon
to divaga pelo convento.
Ha em todo o edifieio 14,000 portas, 11,000 ja
nellas, 800 columnas, 22 páteos, e 17 elaustros. Pe
fº
3.S.
28 arrobas as chaves que abrem todas as por
• •
291
11 DE AGOSTO (Sabbado).
300
22 DE AGOSTO (Quarta feira).
consuaes. — Festas pelos romanos celebradas
n'este dia, em honra do Deus Consu, que era uma
invocação de Neptuno. Como este deus era havido
pelo creador do primeiro cavallo, ou inventor da
picaria, consistião principalmente as consuaes
26 DE AGOSTO (Domingo).
Iluxo e miseria. — Desapparecera quasi de todo
o numerario da Hespanha no tempo de Carlos II,
no século XVII, para o que muito contribuira o
decreto que reduzira a um terço do seu valor as
moedas d’ouro e prata e prescrevera o cobre. Su
bia não obstante à tal ponto o luxo dos grandes de
Hespanha e dos cavalheiros da finança, que era
tido por pobre o que só tinha 800 duzias de pratos
de prata Era com escadas do mesmo metal que se
chegava
Łº emás quemaissealtas prateleiras dos enormes ar
guardavão. •
27 DE AGOSTO (Segunda feira).
zuyderzéo. – O Zuyderzéo é um golphº do Mar
do Norte que penetra pelo interior da Hollanda,
e data de 1225. Era d'antes uma boa provincia dos
Paizes Baixos, toda habitada, e defendida do mar
por fortificações; mas de repente, crescendo as
àguas, romperam aquelas fortificações, cortaram
.….………
a Frisia em duas partes, uma a leste eoutra a oes
te, e allagaram quasi 300 léguas quadradas de ter
I'CI]0.
A antiga costa do paiz submergido ainda hoje é
marcada por uma série de ilhas que se estendem
como uma linha do sul ao norte.
• 310
4 DE SEPTEMBRO (Terça feira).
cerveja. — Esta bebida, cujo uso se vai genera
lisando cada vez mais, e que muitos preferem ao
vinho, em rasão da saúde, do preço, e de se poder
tomar impunemente em maior quantidade, é de in
venção antiquissima. Era cerveja a bebida mais
trivial em terras do Egypto, onde lhe attribuião a
invenção a El-Rei Osiris. Já em eras affastadissi
mas bebião muita cerveja pela Grecia e Italia. Os
antigos belgas, os gallos, os germanos, e os hes
R"# tomavão na, não ha saber desde quando.
o tempo de Strabão alcançamos por elle mesmo
que era muivulgar a cerveja em Flandres e na In
glaterra.
Como se fabrica de cevada ou trigo, e ás vezes
da mistura d’estes e outros grãos, querem alguns
que o nome de: cervisia, que os romanos lhe da
vão, e de que nós fizemos o de: cerveja, se deri
vasse do de: Ceres.
Como quer que seja, o que não será inutil dizer
aqui, é que nos paizes do norte as mulheres que
amamentão creanças aos peitos têem sempre á
mão, e se regalão de beber largamente, cerveja
destemperada,ou por melhor dizer, temperada com
leite, com o que augmentão sobremodo a abun
dancia do seu, engordão, e passão ás mil maravi
lhas. Consta-nos que já algumas em Portugal ex
erimentaram o mesmo e se deram muito bem.
’ cousa que merece ser tentada (A. 54. p. 74).
3 ?… — A paciencia é o genio, disse Buffon:
1 •
5 DE SEPTEMBRO (Quarta feira).
Luiz xiv e os archeiros. — Nasceu aquelle gran
de Rei no dia 5 de Septembro de 1638, de Luiz
XIII e de Anna de Austria. A hora do seu nasci
mento, o povo, alvoroçado com *# noticia,
corria de tropel para os aposentos da Rainha. Os
archeiros que estavão á porta, o repellião com o
couto dos bastões, o que deu logar a que Luiz XIII
lhes dissesse: «Deixai, deixai entrar, archeiros!
este menino é de todos» (A. 51, 23 d'Agosto, A. 52
p. 267, 349, 362. A. 53 p. 41, 149, 168, 175, 221
269, 341. A. 54 p. 76,93, 176, 178).
6 DE SEPTEMBRO (Quinta feira).
o que é o homem ("). — «O homem é como a
escuma do mar, que se levanta Viçosamente so
bre as suas aguas, e qualquer onda a derruba e
desvanece; é um bocejo da terra, que sobe vapor
hº morrer em fumo; é um fumo que o ar espa
ha; uma folha que o vento leva; fogo que se
converte em cinzas; cinza que se desfaz em pó;
pó que se muda em lodo; lodo que se converte em
terra; e terra # Se converte em nada. »
E então não fãz gosto ser homem !... E a mulher
que será?
(*) Fallámos a pag. 313 do Alm. de 1853 em Fr.
Antonio das Chagas, uma das glorias da Vidigueira e
Varatojo; daremos hoje uma pequena amostra do seu
estylo.
31 2
7 DE SEPTEMBRO (Sexta feira).
Justiça de carlos o Temerario.—Mandara Rhin
sault, Governador do ducado de Gueldra, pren
der um rico negociante, sob o falso pretexto de
conspirar contra a segurança do estado, e com o
secreto designio de ver correspondida a sua pai
xão pela esposa do preso, a quem por intermédio
d’ella, e com sacrificio de sua honra, promettia a
liberdade. Submette-se a virtuosa esposa a tão
dura condição, e no momento em que espera ver
de novo e abraçar a seu marido, a quem, se bem
que infiel, não deixara de ser fiel um só momento,
é a nova de seu assassinio que barbaramente lhe
annuncião. Descon
solada, raivosa, in
dignada, lança se a
afflicta mulher aos
pés de Carlos o Te
merario, e em tré
mulas e convulsas
vozes lhe pede que
a vingue. Ouvio a
triste narração o Va
lente guerreiro; cha
ma Rhinsault à sua
- * presença e assim lhe
falla : «ldes immediatamente dar a mão de es
poso á mulher a quem haveis deshonrado; º pa=
ra reparar o crime que commettestes, ides fazer
ihe completa cedencia de todos os vossos bens."
Em vão recusa a pobre mulher uma tal reparºçº:
313
dentro em poucos momentos é levado a effeito o
pensamento de Carlos o Temerario, que á victi
ima dirige estas solemnes palavras, registadas
pela historia: «Esse homem esta quite para com
vosco, pois vos pertencem todos os seus bens; é
preciso que o """ tambem para com a justiça;
corte-se-lhe a cabeça.
E foi-lhe a cabeça a terra.
8 DE SEPTEMBRO (Sabbado).
cuidado com o chloroformio. — Acaba de morrer
no hospital d'Orleans um militar a quem se deu
uma forte dose de chloroformio antes de certa ope
ração. Vai o conselho de saude d'aquella cidade
averiguar todas as circumstancias que acompanha
ram tal acontecimento.
Não é a primeira vez que o emprego do chloro
formio é causa de morte. Dificil era, em quanto se
não sabia lidar com tão poderoso agente, evitar os
seus funestos resultados quando se emprega mal;
hoje porém, que tanto se tem vulgarisado, é im
perdoavel qualquer desgraça que resulte de sua
errada applicação. Recommendamos se sigão á
risca as precauções que tão bem indicadas se achão
numa carta escripta no fim de 1852á Gazetta dos
Hospitaes de Paris, por occasião de morrer ahi
uma pobre mulher que se havia feito chloroformi
Sarantes de lhe arrancarem um dente.
Ha dentistas que com o dente levão o queixo;
este, em logar do queixo, levou a vida!... Aceada
operação!... (A. 53, p. 50, 199, 377). 314
9 DE SEPTEMBRO (Domingo).
obra prima da creação.
SONETO,
são elles, se
gundo parece,
muito elasticos e fofos. •
A rosa é formosa,
Fragrante, donosa,
Mas cercão-na espinhos,
Que podem ferir.
(Brasileiro.)
Palavra. — E o vestido do pensamento.
334.
3 DE OUTUBRO (Quarta feira).
Testamento do Marquez de valdegamas. — Foi
João Donoso Cortés, Marquez de Valdegamas, um
dos maiores sabios de Hespanha e dos mais elo
quentes oradores do mundo, no século actual. Ci
taremos, como dignas de tal homem, algumas de
suas disposições testamentarias:
«Recommendo a todos os meus, e muito espe
cialmente a meu irmão, considerem como sua ir
mã e como seus proprios filhos, a viuva e filhos
de nosso falecido irmão Pedro; forcejem por
fazer seguir a estes a mesma senda de seu pai, o
qual viveu como justo e morreu como santo. A sua
Vida e a sua morte foram perpetuo objecto de mi
nhas lagrimas,e ainda hoje o choro,sem que lhe pa:
gue com tal recordação o muito que lhe devi. Foi
a sua prodigiosa virtude, depois da graça divina,
que operou a minha conversão, e serão as suas pre
ces, depois da misericordia de Deus, que me abri
rão as portas do céu.
Prohibo expressamente a minima ostentação no
meu funeral: contente-se a vaidade com o seu im
## sobre os vivos e deixe em paz os mortos.
rohibo sobretudo, por occasião de minhas exe
quias, essa musica profana e voluptuosa que trans
formou em theatros os nossos templos.»
4 DE OUTUBRO (Quinta feira).
visitas, — O maior prazer de quem as faz é mui
#" não achar em casa os qué procura.
5 DE OUTUBRO (Sexta feira).
2/ Os Lusiadas, dizia o
fConde da Idanha, têe |
6 DE OUTUBRO (Sabbado).
Ave-Maria". — Assim chamamos ao que os fran
cezes chamão com palavra latina: Angelus. E a
saudação angelica (A. 51, 25 de Março), seguida
de uma pequena oração á Virgem —à Ave Maria
e a Santa Maria, repetidas por tres vezes, com
uma breve antiphona no principio de cada uma.
Foi o Papa João XXII quem em 1318 instituio es
ta reza. Luiz XI, em França, mandou que em to
das as igrejas do seu reino se tocassem os sinos
para esté exercicio devoto, ao romper do dia, ao
meio dia, e ao sol posto, costume piedoso que se
espalhou por toda a christandade catholica. 336
7 DE OUTUBRO (Domingo).
volga. — E o maior rio da Europa e só banha
territorio russo. Nasce na planicie de Valdai, a O.
de Astrakhan, e lança-se no Mar Caspio, por 8 prin
cipaes embocaduras, depois de haver percorrido
740 léguas. |
(Brasileiro.)
343
15 DE OUTUBRO (Segunda feira),
Estudo da anatomia, — E' a André Vesal que se
deve o haver-se arrostado o prejuiso que se op
punha a que para aquelle fim se utilisassem os
cadaveres. Filho de um pharmaceutico de Bru
Xellas, chegou com o andar dos tempos a ser
1.º médico de Carlos V e de Filippe II. Não se
havia feito anatomia antes d’elle senão em ma
cacos, porcos, e outros animaes, cuja estruc
tura interna se reputava um pouco semelhan
te á do homem. Grandeásimpuls o houvera dado
• sciencias médicas, se
não fosse perseguido pe
la inquisição hespanho
la. Accusado de que, ao
abrir o cadaver de um
Barão,afim de descobrir a
causa de sua morte, palpitara o coração sobre o
escalpello, foi condemnado á morte, pêna commu
tada à rogos de Filippe II na de uma peregrina
ção à Terra Santa. Depois de mil estranhãs, vi
cissitudes occorridas na sua jornada a Jérusalem,
lançado por um naufragio na ilha de Zante, ahi
morreu de fome a 15 de Outubro de 1564.
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• • • • • • •
• • • • • • • • • • • •
347
20 DE OUTUBRO (Sabbado):
Escamas e pennas. — Escreveu o Padre Athana
sio Kircher que ha na China uns peixes todos co
bertos de escamas, que todo o inverno vivem de
baixo d'agua, e no principio da primavera largão
as escamas, e vestidos de pennas abrem as azas e
349
Juntos ao pé do fogão, . A branda voz da mulher,
Naslongas noites de inverno, Que é metade da minh'alma,
Enviamos ao Eterno Corre em demanda da palma
As preces do coração: Que lidando hei-de colher:
E, depois, somno profundo Ledo retomo o trabalho,
Nos afasta d’este mundo Empunho de novo o malho,
De vaidade... e d'ambição. Recomeço o meu viver.
27 DE OUTUBRO (Sabbado).
Muito boa noute! —Um hespanhol que só tinha
um olho, estava um dia jogando a péla com alguns
amigos; no meio do jogo salta-lhe um pela ao
olho e o cega. Tira o chapéu para a companhia, e
diz-lhe: Buenas noches !
352
• 28 DE OUTUBRO (Domingo).
Urma.—Vaso empregado
pelos antigos para os exer
cicios dos adevinhos, para
conter liquidos, para os me
| dir, para guardar as cinzas
dos mortos,e para receber os
votosporoccasião de se ele
gerem os magistrados ou os
que devião combaternos jo
gos publicos. Ha sido fre
quentemente empregada es
fa palavra pelos antiquarios
para exprimir tudo aquillo
em que se hão encerrado
restOS mortaeS, COmO VaSOS
de marmore, sarcophagos,
e até os proprios tumulos.
29 DE OUTUBRO (Segunda feira).
Beijos. — Como seja hoje dia de beijamão, fal
lemos um pouco de beijos, que não é tratar as
sumpto dessaboroso.
Duas cousas se teem energicamente exprimido
pelos
já beijos: primeira,
de amizade; segunda,o bem querer,Os de amor,
já beijos
• o respeito. da
primeira especie deveu-os haver entre Adão e Eva,
e entre elles e seus filhos; vieram em tradição
•
contínua até nós; hão-de ir de nós até ao fim do
mundo; e é tão natural expressão esta, que até
353 23
outros animaes, aves, e quadrupedes, beijão a seu
modo quando os agita a benevolencia.
O beijar de respeito já tambem procede de re
motas e esquécidas antiguidades. A palavra: ado
ração, não significa, ao pé da letra, senão o acto de
beijar. Beijavão-se as imagens dos deuses, os alta
l'CS, a S # e portas dos templos, e a terra sa
grada. Dos deuses passou o costume aos potenta
dos mundanos, a quem, como aos deuses, umas
vezes se beijaram as mãos, outras a barra do ves
tido, outrasos pés. E quando, ou aos deuses ou aos
potentados se não podia chegar com a bôca, al
çava-se para elles a mão propria, e essa se beija
va com veneração. Aos senhores beijavão as mãos
os escravos, e ainda hoje a beijão aos prelados os
fieis,aos ecclesiasticos álguns seculares,e aos avós
e pais a sua descendencia. • •
despó,
de ceremonias, e assim
que mettião tornados
em urnas, num àpunhadº
os davão terra. O
7
costume porém de queimar os cadaveres é menos
antigo que o de os enterrar.
O de ôs embalsamar foi muito frequente no Egy
pto e por varias partes do Oriente, séculos antes
de se inventarem as pyras. Pela embalsamação
desceram até ao nosso tempo, e irão ainda longe,
muitos homens e mulheres de milhares de annos.
O enterramento era a restituição do homem á
terra sua mãi. A embalsamação uma especie de
protesto, ainda que frivolo, contra a mortalidade.
A incineração originar-se-hia, ou de pestes, em
lº falecião braços e forças para andar enterran
do, e em que se temia que as exhalações putri
das dos sepulchros aggravassem a maleficencia do
ar, ou, segundo alguns autores, inventarão-na os
romanos nas suas campanhas longinquas, para no
caso de virem a perder essas terras, os inimigos os
não irem injuriar nas sepulturas,
Os christãos do principio da igreja tornaram á
moda de enterrar, pela extravagante idéa de que
ossos inteiros podérião muito melhor resuscitar,
do que ossos queimados. Povos silvestres das cos
tas do mar lançavão a elíe os seus defunctos com
penedos ao pescoço; outros comião-nos; outros
lançavão-nos no campo ás feras; outros pendura
vão-nos em arvores até que o tempo e as aves car
nivoras os desfizessem. De todas estas selvajarias,
e daqueima,tambem se valeram codigos criminaes,
que engendrados em eras barbaras chegaram ain
da a enchovalhar os nossos tempos: hoje, o cos
tume das nações civilisadas é enterrar os seus mor
tos, e embalsamar ás vezes altas personagens. 358
3 DE NOVEMBRO (Sabbado).
Montanha a dançar.—Referem muitos escripto
res que no anno de 1575 a montanha de Marcely,
a duas léguas de Hereford, mudara de logar por
um violento tremor de terra. Por espaço de tres
dias a viram baloiçar-se no ar de tempo a tempo;
caminhou depois cerca de uns duzentos pés pelo
valle dentro e, o que não é menos admiravel, le
vantou-se a muitas braças do solo. No logar que
d'antes occupava não há agora senão um valle de
400 pés de comprido e de 300 de largo. Na sua via
gem atropellou gente, derrubou arvores, a capel
la da aldêa, casas, etc., mas um redilsinho com o
seu cercado de plantas e hortas nem de leve o
amarrOtOu.
4 DE NOVEMBRO (Domingo.)
MOTE.
Semeei cravos azues * *
Augusto de Lima.
Tumulo.—Monumento elevado nos confins dos
dous mundos. Termo de todas as grandezas hu
manas. Nivel que tudo aplana e iguala.
Qu’importe lors qu’on dort dans la nuit du tombeau,
Qu'on ait porté le sceptre ou trainé lerâteau!...
11 DE NOVEMBRO (Domingo).
Bebedice nos Estados Unidos. — Querem saber o
que as bebidas espirituosas têem feito nos ultimos
dez annos nos Estados Unidos da America? Oução.
Causaram á nação uma despesa directa de 600
milhões de dollars (1200 milhões de cruzados).
Occasionaram-lhe igual despesa indirecta.
Deram cabo de 300,000 vidas.
Mandaram 100,000 creanças para os asylos.
Metteram 150,000 pessoas na cadeia.
Fizeram endoudecer 1,000.
368
16 DE NOVEMBRO (Sexta feira).
o sapateiro d'Aoste. — Dizem que já se não in
venta: é falso. Ahi vai uma cousa que nunca a
ninguem tinha lembrado, e que anda correndo por
toda a Suissa.
Na ultima sessão do conselho geral de Berne deu
parte o Presidente de haver recebido o requeri
|- * *** mento d'um sa
pateiro da pe
quenina cidade
d'Aoste, situa
da na falda do
monte de S. Ber
nardo, e que De
771 (i ! St?'e 1mm Or
talisou no seu
Leproso, reque
rimento em que
O mestre dizia
constar-lhe ter
sido condemna
do á morte um
inglez em Ber
>>> --…"
,
*>
=-
|- ne, e pretender
subtrahir-se a ella, depositando uma somma de
dez milhões de francos para uma loteria de 99
bilhetes e 99 premios, cada um de cem mil fran
cos, ou quarenta mil crusados, e com um unico
bilhete branco, o qual imporia ao que o tirasse a
obrigação de ir morrer no logar do Lord, rece
#
369
tambem préviamente igual quantº Com
#
esta se contentava o bom do homem para ir a mor
rer em logar do inglez, e era a auctorisação para
isso que do conselho supplicava., Allegava em seu
favor o pobre sapateiro o ser pobre, o não lhe im
portar morrer por haver já feito 30 annos (o que
prova que tambem lá por aquellas terras corre um
aneximportuguez), o estar carregado de familia, e
o não se poder conformar com a idéa — não #
bem — com a triste, medonha, e horrorosa realida
de, das privaçõês por que diariamente a fazia pas
sar. Havia pois n'esta deliberação do pobre sapa
teiro um sentimento nobre e generoso, que mui
tos escarnecerão, e que eu, pai de familias, per
feitamente comprehendo e aprecio: o que não sei,
é se em todo o mundo se acharião cem homens
com igual resolução, o que não depõe muito em
favor da humanidade!...
Foi regeitado o requerimento do } homem,
pelo simples facto de ser tudo aquillo uma balela;
e até houve um conselheiro que desejou se escre
vesse á margem da petição o adagio francez: «Va
te faire pendre ailleurs. » Foi todavia maganão
de bom gosto o que tal balela levantou, e por sua
originalidade julgámos dever relatalia, fazendo ao
mesmo tempo votos pela prosperidade do sapatei
ro, a quem todos em Aoste deverião dar a fré
guezia, o que ainda assim o não enriqueceria mui
to, pois é terra pobre e miseravel, e em que an
dão descalços a maior parte dos habitantes.
Pantheon. —E' esta a inscripção do de Paris:
AOS GRANDES HOMENS A PATRIA RECONHECIDA.
\, 4
17 DE NOVEMBRO (Sabbado).
charada.
18 DE NOVEMBRO (Domingo).
Prova d'agua e ferver. — Poucos séculos atraz,
os tribunaes obrigavão aos accusados de bruxa
ria a tirar uma pedra do fundo d'um caldeirão
d'agua a ferver. Como a mão sahia pellada, met
tião-na n'um saquinho fechado com o sello do ma
gistrado; e se passados tres dias não havia já si
gnal da escaldadura, era declarado innocente o
accusado; alias punião-no como criminoso. A que
horrores não tem aberto porta neste mundo a ca
rencia de instrucção!....
371 #
19 DE NOVEMBRO (Segunda feira).
Modas francezas. — Refere Mylord Bolingbroke,
que no tempo do famoso Colbert custavão á In
glaterra as maravalhas do luxo francez 500 a
600,000 libras esterlinas por anno (o que anda por
>-> |- TTTTTTTT-T-T--
- 2700 contos de
§ réis), e o mes
mo proporcio
nalmente ás
outras nações.
De então para
cá tem consi
deravelmente
augmentado a
exportação de
todos os ob
jectos de luxo das fabricas francezas. Só Paris
exporta por anno 75,000 colletes de barbas, que
rendem um milhão de francos, toucas e chapéus
de senhora por mais de 5 milhões, flores artificiaes
por uns dous milhões, e leques por um milhão.
20 DE NOVEMBRO (Terça feira).
Eramos dous. — Ora, senhores! (exclamava um
gastrónomo) sempre comemos hoje um perú, cou
sa mais saborosa!... muito gordo, muito bem as
Sado, muito bem recheado, n’uma palavra, come
m'ol'o todo!... não lhe deixamos senão os ossos!...
—E quantos erão, quantos erão?
— Eramos só dous — eu e o perú — 372
«} 1
21 DE NOVEMBRO (Quarta feira).
Ruinas de capua. campo estrellado. — Chamou
Polybio a Capua a mais ditosa das cidades, pelo
delicioso campo que a circumdava; hoje, todavia,
só belissimas ruinas attestão o seu antigo esplen
dor. Ainda ahi se vêem os restos d'um castello, de
dous amphitheatros, uma das portas da cidade, tres
ou quatro templos meio derribados, fragmentos de
A devoção do barqueiro.
85 • 25
13 DE DEZEMBRO (Quinta feira).
o grillinho da lareira. *
Como a noute está medonha =«Souviandante perdida. »
Como é forte a ventaneira!.. Diz uma voz feiticeira.
Como canta,e canta,e canta, =Abramos, quejá se escuta
O grillinho da lareira!... O grillinho da lareira.
MEMORIA.
----
=>=
397
27 DE DEZEMBRO (Quinta feira).
o amor de Raspail. — « Haveis podido já mais
encontrar uma vez sobre o caminho que vos con
duz ao termo da vida, um ser semelhante áquelle
que uma vez haveis adorado? Haveis podido en -
contrar duas vezes em vosso coração essa arden
te inspiração, essa suavidade de esperança, esse
frenesi de desejos, esses espasmos de deliciosa
voluptuosidade, que elevaram a vossos olhos o
ser amado á altura do céu, a felicidade de se sen
tir amado á altura d’uma victoria e da conquista
d'um imperio? Haveis podido assim amar duas,
vezes? Haveis podido? Dizei-m'o, a fim de que eu
vos admire.»
399
**
ALMANACH
DE LEMBRANÇAS
LUSO-BRASILEIRO.
Les longs ouvragés me font peur :
Loin d'épuiser une matière,
On n'en doit prendre que la fleur.
- LA F0NTAIN S.,
ALMANACH
LE#######5
* US%3-BRAS##, E#R9
EºA ERA E $5:G,
COM 426 ARTIGOS E 126 GRAVURAS,
POR
ELES BOA •
TYPOGRAPHIA UNIVERSAL.
RUA Dos CALAFATEs N.° 113.
1855
Les longs ouvragés me font peur :
Loin † une matière,
On n'en doit prendre que la fleur.
- LA F9NTAINE,
ALMANACH
DE
L#RANÇAS ?, US 3-BRAS#####R9
EºA ERA E $5:G,
COM 426 ARTIGOS E 126 GRAVURAS,
POR
ALEXANDREMAGNO DE CAMILIO,
# A cuíA RSR. rof. MADO EM MATHEMATICA PELA UNIVERSIDADE DE colºr=RA,
eAYAknRIRp DA o RDEM DA conceição,
MT\iiiRo DO ENST 1: UTo HISTORICO DE #A aís,
DA Associação INDUSTRIAI. PoRTvensE,
DA socíRDADE Dos ANTIQUARios De sAIX -oarea,
DA E os A MiGos DAs LETRAS E ARTES DE são Hi GºEL,
DA SOCIESPADE AGRICOLA MADEIRENNE,
»o esNTRo ProMoron DA INSTRUcção PE beta",
Do INSTITUTo coxiMBRicexsk,
DA ACADEMIA DE RHO DES,
DO INSTITUTO AFRICANO DE PARIS,
BA socis#Abk PROMoro RA DA AGRICULTURA MIRCHALENSE,
Ef E., E. G., Isº é.
ELE SEGDA.
TYPOGRAPHIA UNIVERSAL.
RUA Dos CALAFATEs N.° 113.
1855
DUAS PALAVRAS.
Pagina 34 — APOLLo.
152 — MAÇARocA.
216 — ARDOR.
. 242 — PATARATA.
276 — CoRPo.
287 — PERUA.
318 — MARÉ.
371 – EMIL1A.
380 — CENToPRIA.
» 397 — BOAS FESTAs.
OBSCURA PORTUENSE. #
1{
A. I. P. Tatagibu (Brasileiro).
{
A. J. S. de Cabedo.
Alexandre Braga. }
{@
Anonymo (Brasileiro).
Anonymo (Portuguez).
Antonio Alcalá Galiano.
Antonio da Cunha. !
Antonio de Macedo e Silva.
#
#=º=e=e=e=s=º Se>
A
\ Antonio Feliciano de Castilho.
A. U.
Constancio (Brasileiro).
$)
E (Brasileiro).
Emiliano Antonio de Sousa.
{
Ernesto Marecos.
F. M. Trindade.
|
{{
?
Francisco Alvares e Souza Carvalho.
{}
Francisco Raphael da Silveira Malhão.
F. X. de Novaes.
Gongora.
Guilherme Centazzi Junior.
|
Inhato-Mirim (Brasileiro).
|
Jacintho Augusto de Sant'Anna e Vasconcellos. {
Jacintho José de Proença Azevedo e Carvalho. }
J. d'Araujo Jusarte. { }
J. da Costa Cascaes.
J. G. de Barros e Cunha. i }
João Augusto de Souza. #
João d'Andrade Corvo.
# • •
Julio de Castilho. #
#
# Lopes de Mendonça. #
#
12
Pedro Cervantes de Carvalho Figueira.
S. P. M. Estacio da Veiga.
D. Thomaz de Noronha.
F
E Fabrico d'alfinetes . . 329
Farinha de bolotas .. . 280
Febre amarella . . . 365
Feónomia. . 204, 310 Febre salvadora . . . 191
Edificações na China... 317 Fidalgo (Um) . . . . 223
Elephante (ó) é o Rhi- Filippe e Farmenião. . 137
noceronte . . . . 141. Fome. . . . . . . 312
Elephantes prendados. 157|Fosseis . • . 331
Emenda subita . . 312 Fox e os Quakers. . 198
Enxerto de nova espe- → Fra Diavolo • 29
cie . . . . . . . . 228Franqueza de creança. 293
Epaminondas réu . . 132 Fr. Francisco de Mon
Epitaphio , . . . 182 te Alverme . . 203
Epitaphio do Marquez Fumo. . 193
de Maricá . . . . 326|
Epitaphio de Ménage .381 G
Eremita (0) . . . . 174
Eschola dá experien- Garrett (A). . . 358
cia. . . . . . . 285 Gato . . . . . . . 34
Espada . . 1996erminação prodigiosa, 197
Espirito religioso dos Gloria (Uma) de Tran
habitantes de Ben COSO 1
guella. . . . . . . 307 Gomma elastica . . . 278
Estatistica conjugal. . 202 Grande mariz . . 97
Estatua de Shakes Gratis. . • .290
peare . .. . . .
Estrella do Sul . H
Estrellas cadentes .
Exercicio para fazer Harpa éolia, . . . . 149
COTTGT. . . . .. . 337 Haverá felicidade no
Existencia de Deus . . 341 mundo ? . • . 327
Exportação d'arenques. 111 Hayti. . • . . 256
18
Historia d'um violino. 3#
João Tição. - . . 186
Homem artificial, . 332 Jogos floraes . . . . . 189
Honra . 296 Jornada da Lourinhã. 98
Hora de comer . 284 Jornalismo inglez . 294
Hydropathia . . 328 Juramento. . 227
Hyena . . . . . . 124
Hymno, ao Sr. Antonio L
Feliciano de Castilho. 333
Hymno da Sociedade dos Lago d'enxofre . 290
Amigos das Letras. . 226 Lamentos . . . . 310
IIypocrisia. . 251 Latim de Cicero . . 364
Leão domado . . 122
I Lembrete a eruditos. . 339
Licor divino . . . . 379
Ilha do Sal. • . 118 Lima e Ponte de Lima. 258
Ilhas Sandwich . 257 Limonada gazoza. . . . 249
Illusão celeste. . 337 Lisboa e Constantino
Imperador Commodo, . 99 pla. . . . . . . . 335
Imperador de Hayti. . 332 Logares memoraveis. . 353
Imperadores romanos. 307 Loquacidade das mu
Impostor até morrer. . 261 lheres. . . . . . 200
Influencia da lua na ve Luz electrica . . . 102
getação • • • 2 Luz mysteriosa . . 267
Instincto e memoria
d'um cão. •
M
Instituto Africano . . 178
Integridade de territo- 279 Maçãs. .. . 253
I'IO Madeira. . . 206
Irmão % • • • •
|
! | DEVERES DOS MENINOS.
24
PROLOG0.
Na é?\o/
$$
(**)
32
PROCOSTICOS DO TEMPO
Centenares de # me hão pedido para que nos
meus Almanachs dê parte de todas as mudanças de tem
po. Repetirei aqui o que a todas ellas tenho respondido.
###.
/t> 0\,
: - . .
$#* * .
... .. * . * .º e 92º. -
JUÍZO DO ANN().
36
RESPEITO Á PROPRIEDADE.
—º4####2-—
37 |
CORRESPONDENCIA .
. • DE, • |- - -
Aureo numero . • #4
Cyelo solar . • • • • • • • • • • • • 17
1ridieção Romana, . . . . .
Epacta. • • . .-.
• . . • • • .. . . XXIII
14
Letra Dominical, . . F F
* * –-----------
:: #
TEMPORAs.
Fevereiro.
Mºi •
. . . . . . . . . . . . !3, 45, 19
-- . . . . . . . . . . . . . . . 14, 16, 17
Septembro . . . . . . . . . . . . 17, ?, 20
"#" . . . . . . . . . . . . 17, 19, 20
FESTAS MOVEIS.
Septuagesima . . . . . . . . 20 de Janeiro.
Cinza . . . . . . . . . . . 6 de Fevereiro.
Paschoa . . . . . . . . . . 23 de Março.
Ladainhas. . . . . . . . . . 29 d'Abril.
Ascensão . 1 de Maio.
Pentecostes ou Paschoa do Espirito
Santo . . . . . . . . . . 11 de Maio.
Trindade . . . . . . . . . . 18 de Maio.
Corpo de Deus . . . . . . . . 22 de Maio.
Coração de Jesus . . . . . . . 30 de Maio.
1.º Domingo do Advento. . . . . 30 de Novembro.
BENÇÕES.
- Prohibem-se desde 4.º feira de Cinza até ao 1 º Do
mingo de Paschoa e desde o 1.º Domingo do Advento
até dia de Reis. 40
DIAS DE GRANDE GALA.
PEQUENA GALA.
17 de Fevereiro, Nascimento da Serenissima Senho
ra Infanta D. Antonia.
- 16 de Março, Nascimento do Ser. Sr. Infante D. João.
23 de Março, Domingo de Paschoa.
22 de Maio, Corpo de Deus.
30 de Maio, SS. Coração de Jesus e dia do Nome de
S. M. o Sr. D. Fernando.
4 de Julho, Nascimento da Serenissima Senhora In
fanta D. Isabel Maria.
10 de Julho, Nome de S. M. I. a Senhora Duqueza de
Bragança.
21 de Julho, Nascimento da Serenissima Senhora In
fanta D. Maria Anna.
23 de Julho, Nascimento do Ser. Sr. Inf. D. Fernando.
31 de Outubro, Nascimento do Ser. Sr. Infante D. Luiz.
4 de Novembro, Nascimento do Serenissimo Senhor
Infante D. Augusto.
1 de Dezembro, Acclamação do Senhor D. João IV,
25 de Dezembro, dia de Natal.
# de Dezembro, dia de S. Silvestre.
ECLIPSES DO SOL E LUA.
, , , 5 de Abril. , , , , , , , .
Eclipse parcial do sol (invisivel em Lisboa), , ,
| #
* * *
… , , , 20 de 4 bril. , , , , , , , ,. .
Eclipse parcial 29
da de
Lua (invisivel em Lisboa). .
Septembro. • •
,
(Visivel em Lisboa).
13 de Outubro. ,
Principio do eclipse. .. . . 8 h.44' 35" tempo medie.
Meio do eclipse . . . . . 10 h. 17' 35" , » >
Fim do eclipse. . . . .. "" . .. " . 11: h. 50’ 35”. »i
• , >
Marés. . , !
& < > Go <s> <+ 6\! o Oo <o<+ 6\} <> Go <c <^ $] © oo ºo <+ 6N <> dx, «o <+ și esco &
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BAIXAMAR
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1.º
II]
· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · E E = E = E = E = H E E E E 5 · · · · · · ·:
o ºroos+ 6Nm sc co<+ 6\! etºu º co<+ 6\!
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ANNO DE 1856.
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29/Quart. m. 1 55 t. 35 29|Lua nova 3 11 m.
— 5|Lua nova 5 16 m _1.79uart, cr. 5 1 m.
#E|120uart. er. 4 15 m. =|13|Lua cheia 10 22 t.
=|20|Lua cheia 8 37 m 5 20ôuart. m. 5 29 t.
27 Quart. m. 10 49 t. 28|Lua nova 9 18 t.
.|4|Lua nova 2 6 t. E | 5 Ouart, cr. 4 46 t.
#|11|Quart. cr. 8 9 t. #|1:|Lua cheia 8 19 m.
>= |19|Lua cheia 11 20 t. 3 ||19|Ouart. m. 9 57 m.
279uart. m. 4 57 m.|2=|27|Lua nova 3 18 t.
g|2|Lua nova 11 3 t. e 59uart. er. 2 49 m.
= 10Quart. cr. 1 13 t. # |ua cheia - 7 36 t.
=|18|Lua cheia 11 15 m §|19|Quart. m. 6 7 m
250uart. m. 9 40 m.l… (27\Lua nova 8 8 m.
45
… … # TABELLA DOS INCENDIOS. ………………
… ………… … -- |2
|- TORRES. # Postos de GuARDA.
=
! #
Beato Antonio ...... • • • - 11 | — -
•---
TABELLA
EM TODO O REINO DE
FEVEREIRO.
MARÇO. •
49,
*{4 — * ……… de Domingo de Ramos) Evora, 2 d.
franca). "
15 — ("…º de Dominqo de Ramos) Senhora da Ri
Cl T8.
21 — Sexta feira de Paixão) Barreiro (franca).
23 — # de Paschoa) Erra.
24 — (1.º Oitava da Paschoa) Caneças (franca), Louva.
25 — (2.º Oitava da Paschoa) Valle,
30 — (Domingo da Paschoella) Borba, 3 d. (franca),
Ferreira, ldanha a Nova, Louriçal, Santa
rem, 2 d.
31 — (Nossa Senhora dos Prazeres) Amoreiras (fran–
#geneirº
e T(i.e.
Monsanto, S. Miguel, Castro
MAIO.
* * .. … … • *
JUNHO.
SIGNO DE AQUARIO,
JANEIRO.
55 •
JANElR0.
FEVEREIRO.
SIGNO DE ARRES,
SIGNO DO
S$ \>
ABRIL.
S1GNO DE
AGOSTO.
SIGNO DE
SEPTEMBRO.
| $) —Segunda. S. Egydio, Ab. Principia a Nov.
de S. Nicoláu Tölentino (A. 51, 6 de Septembro, A. 53,
p. 268). Começão as férias, 82
SEPTEMBRO.
do 2 (4.º)
Carmo. — Terça S. Estevão, S. Brocardo, da Ordem
•
OUTUBRO.
SIGNO DE SAG1TTARIO.
NOVEMBRO.
Sl GNO DE {*=
96
ALMANACH DE LEMBRANÇAS.
{•
-
• –<>"
->==--
13 DE JANEIRO (Domingo).
CHARADA.
0{I}
nº till:
DESEJOS DO CORAÇÃ0.
er#N. Em meigos transportes pedia minha alma,
s ºitº Pedia, esse dia, que eu fosse ao rosal
JJºãº Fazer ramalhetes, colher uma rosa,
Que prenda d’uns annos saudasse um natal.
Oh! sim, que faz annos quem hoje quizera
Cingir com meus braços, ter junto de mim !
S'tou longe, e não posso de abraços cercal'a,
Sou pobre, e só tenho meu parco jardim.
Crueis ventanías, os gelos do inverno,
Varreram-me as flôres sem magoa, sem dó:
As rosas murcharam — destroços da guerra —
De tantas que eu tinha ficou-me uma só.
Oferta singela ! só esta mandára,
Se fôra mais viva, mais bella do que é;
As folhas são raras, o aroma perdeu-se,
E a seiva não veste de musgos o pé.
Despida d'encantos a triste vegeta
Ao cru desabrigo da fria estação:
Desfolhe-se embora, que eu mando outra prenda,
Eu mando os desejos do meu coração.
Antonio Xavier Rodrigues Cordeiro.
17 DE JANEIRO (Quinta feira).
PHENOMENO SINGULAR – Asseverão alguns physi
cos que nas maiores alturas do Pico de Tenerife (que
fica 2,734 toezas acima do nivel do mar) não tem força o
espirito de vinho, nem a lingua encontra sabor nos saes.
18 DE JANEIRO (Sexta feira).
BENÇAO DOS CAVALLOS, — Ainda hoje se practíca
annualmente em Roma, a 18 de Janeiro, uma festa que
lembra a das mulas e cavallos da cidade antiga. Proxi
mo a Santa Maria Maior, e defronte da igreja de Santo
Antonio, se eleva uma columna, erigida em memoria da
abjuração de Henrique IV. Ao pé d'esse monumento se
reunem n'aquelle dia todos os cavallos do Papa e dos
Cardeaes e Principes romanos — com a cauda e as cri
mas ornadas de flores —e vão, depois da missa, entre duas
alas de soldados pontificaes, de frades e de gente do
campo, receber a benção que lhes dá um sacerdote á
porta da igreja. A proporção que este vai lançando a
àgua benta nos cavallos, nos arreios, e nos postilhões e
lacaios, entrão outros criados na igreja, onde bejão uma
cruz vermelha pintada no busto colorido de Santo Anto
mio, e ahi depositão a oferta de seus amos.
19 DE JANEIRO (Sabbado).
SERPENTE LUMINOSA. — Na relação de suas viagens
ao Levante faz menção o sabio Heyne de um phenomeno
singular, a saber — uma luz brilhantissima, e muito pa
recida com a de uma estrella, que víra passar pela Ilha
de Samos. Afirmara-lhe um dos oficiaés de bórdo, co
nhecedor d’aquellas paragens, ter visto muita vez a re
ferida luz, que os supersticiosos habitantes da ilha asse
guravão emanar d’uma enorme serpente que tinha no
meio da cabeça um diamante. A Heyne acrescentaram
diversos turcos que em 1763 ordenara o Grão-Senhor se
verificasse um tal phenomeno; subiram alguns homens,
a muito custo, até ao cimo d'um rochedo quasi a pique, e
encontraram com efeito lá em cima uma serpente mons
truosa, mas sem diamante na cabeça, nem cousa que com
tal se parecesse, o que não impedio os habitantes de Sa
mos de persistirem em sua ignorante credulidade.
20 DE JANEIRO (Domingo).
EXPORTAÇÃO D'ARENQUES, — Exporta-se actual
mente da Noruega para a Inglaterra grande quantidade
d’arenques d'um tamanho enorme. Têem umas 16 polle
gadas de comprido e 4 de largo: pésa quasi um arra
tel cada um (A. 54, p. 80)!
21 DE JANEIRO (Segunda feira).
ALMANACH CHINEZ. —Temos á vista o do anno pas
sado, e d’elle transcrevemos o caracteristico de cada
mez, segundo a crença popular n'aquelle vasto imperio.
1.º Mez. — O vento de leste dissipa o gelo. Começão a
mover-se os animaes que estavão em lethargia.
Sacrifica a lontra a sua primeira presa á mais
antiga das lontras. Principião a rebentar as ar
vores e a herva.
2.º Mez. — Florecem os pecegueiros. Transforma-se o
falcão em pombo. Chegão as andorinhas. Prin
cipião os relampagos e o trovão.
3.º Mez. — Dá flor o wotung. Os ratos transformão-se
em pombos. Primeira apparição do arco-iris.
Os passaros vem comer as amoras. Os pombos
bravos sacodem as azas.
4.º Mez. — Cantão os grillos. Chega o outono.
5.º Mez, — Cantão os passaros dos carniceiros. Cahem
... os chifres aos veados.
6.º Mex. — Vento quente. Decompõe-se a herva e pro
duz Perilampºs:
7.° Mez. — Vento e orvalho. Amadurecem os cereaes.
8." Mez. — Os bichos fechão com terra os buracos que
fizeram. Vão-se as andorinhas. Chegão os gan
ços. Cessa o trovão. • •
27 DE JANEIRO (Domingo).
3 DE FEVEREIRO (Domingº).
DOR DE NARIZ.
J'ai mal au mez, disait Guillot :
Je le crois bien, lui répondit Pierrot,
Et personne dans le village,
Ami, n'est étonne de cà.
— Pourquoi? — Depuis trente ans de mariage
Ta femme te mène par là.
122
4 DE FEVEREIRO (Segunda feira).
PROEZAS DA MARQUEZA DE BRINVILLIERS.—De
molio-se ha poucos dias em Paris um palacio que foi ha
bitado no século XVII pela célebre envenenadora, a Mar
queza de Brinvilliers, cuja rapida biographia apresentá
mos no dia 17 de Julho do Almanach de 1851. Acharam-se
lhe nos alicerces tres esqueletos perfeitamente conser
vados, dous d'homem e um de mulher; ao pé d’este encon
traram-se anneis, brincos, e uma moedinha d'ouro que
tinha gravado o anno de 1665. Suppõe-se serem dos dous
irmãos e da irmã da Marqueza envenenados por ella.
Só em 1670 é que chegaram ao conhecimento da polieia
os numerosos crimes commettidos por aquella terrivel
mulher, que foi presa n'um convento de Liege, na Bel
gica, onde se havia refugiado, e justiçada no anno de
1676. Com os cadaveres dos que matou bem se poderião
fazer os alicerces d'um novo palacio. •
123
6 DE FEVEREIRO (Quarta feira).
HYENA. — E' um animal do tamanho de um cão gran
de ; tem o pelo pardo e coberto de listras atirando para
preto, formando uma especie de juba, como a do leão. O
seu aspecto é feroz e repellente. Vive em cavernas e
or entre rochedos. Ataca os rebanhos, e quando lhe
alta carne de animaes, que mata e despedaça, devora
cadaveres, se por ventura os pode desenterrar. Habita
na Africa e
tambem na
A m é rica
Meridional.
Diz Plinio
O natura
lista (lá
"À 4)677), 772 e N
####; tira) que
#s, chegando
|- >> Se aOS CU11’
=> raes dos
• pastores ,
escuta Se
ouve o nome de algum, e ouvindo-o, imitando a voz
humana, o chama pelo seu nome, e vindo elle, o mata
e leva d’elle a parte que lhe parece. Acrescenta, mais o
mesmo celeberrimo e mentirosissimo improvisador que -
a hyena é macho um anno e outro fêmea, d'onde resul
tou o pintar-se por symbolo da inconstaneia. E mangar
muito com a tropa ...
EXPORTAÇÃO DE CHÁ NA CHINA.— Regula annual
mente, termo médio, por 2,895 milhões de arrateis, o que
a razão, supponhamos, de 18200 réis por arratel, corres
ponde, a Rèís 3,474,000,000,000. Quem não souber ler is
t0, #
Já é beber chá!...
124
7 DE FEVEREIRO (Quinta feira).
BALOIÇO. — A origem deste divertimento de crean
ças é das eras mythologicas.
Conta a fabula que tendo CEba
lo, Rei da Lacedemonia, dado
pela primeira vez vinho a beber
aos seus camponezes, estes, jul
gando ter bebido um veneno,
mataram a Icario. As mulheres
dos assassinos ficaram raivosas
e como que damnadas, sem nada
as poder acalmar. Ordenou por
tanto o oraculo que se instituis
sem jogos em honra do morto,
aos quaes se désse o nome de:
Jogos Icarios, consistindo elles
em se baloiçar o povo em cor
das estendidas de uma a outra
arvore. E exercicio gymnastico dos mais approvados.
16 DE FEVEREIRO (Sabbado).
. EPAMINONDAS RÉU. — Uma lei de Thebas prohibia
sob pena de morte conservar o commando militar por
mais de um mez. Epaminondas tinha violado essa lei,
mas fôra para libertar seus concidadãos. Estavão já os
juizes para lavrar a sentença condemnatoria, quando
Epaminondas lhes pedio que a redigissem n’estes termos:
«# é condemnado á morte pelos thebanos,
porque na batalha de Leuctra venceu os lacedemonios, ac
cão que nenhum general thebano tinha feito antes d'elle,
é com uma unica batalha não só salvou a liberdade de
Thebas, mas tambem a de toda a Grecia; e porque não
quiz por modo algum desistir da guerra antes de ter re
posto em boa ordem a cidade de Messenas e de havela
apparelhado para repulsar esforçadamente a ambição de
Lacedemonia.» •
MAO (IllEN!,,,
Oferecida e dedicada á minha amiga ***
D. Maria Candida P. N.
20 DE FEVEREIRO (Quarta feira).
JEREMIAS BENTHAM. — Famoso publicista e juris
consulto inglez, nascido em Londres em 1747. Depois de
brilhantes estudos e de uma retumbante estreia como
advogado, renunciou ao fôro por ter uma voz fraquis
sima, e poz-se a estudar a fundo a
legislação e a jurisprudencia do seu
paiz, e depois a dos paizes estrangei
ros, que visitou e cujas linguas apren
deu. A maior parte das suas obras
respira um grande espirito philoso
Fº: Occupava-se menos de as pu
licar do que de as compôr; era um
amigo em Genebra que lh'as tradu
zia em francez e as publicava no
continente, e assim se explica a sin
gular circumstancia de haverem
tornado muito mais conhecido o
nome de Bentham em França, e na
America do que na Inglaterra. Morreu este profundo ju
risconsulto em 1832, na idade de 85 annos : fôra uma
de suas disposições testamentarias que se lhe dissecasse
o cadaver e servisse para demonstrações anatomicas.
21 DE FEVEREIRO (Quinta feira).
OBSCURO E MAL CRIADO. — Mandando um su
geito por um amigo seu pedir uma filha a certo cavalhei
ro para casamento, «Dizei-lhe, respondeu o fidalgo ao
emissario, que se lembre de que é um homem de nasci
mento obscuro e mal criado. » Ouvido o recado, « Tornai
lá, disse o pretendente ao seu plenipotenciario, e pro
vai-lhe que está enganado a meu respeito, pois quanto a
nascimento obscuro, eu nasci ao meio dia e no verão; e
quanto a mal criado não sei como isso possa ser, tendo
eu mamado tres annos a fio. » 136
22 DE FEVEREIRO (Sexta feira).
MOSTEIRO DE S. JOÃO DOS REIS. — Este convento,
da Ordem de S. Francisco, foi fundado pelos Reis Ca
tholicos Fernando e Isabel, na cidade de Toledo, de
pois de se haverem tornado, senhores de toda a Hespa
nha pela tomada de Granada. A igreja, grande e bel
la, tem im
mensas la
ranjeiras, ro
meiras, jas
mim e iros e
murtas, que
dentro de cai
xas formão
diversas ala
medas que se
cru2á0 em tO
dos os sen
tidos. Milha
res de passa
ros, em gaio
las douradas
susp e Il S 8 S
das arvores,
unem alli os
seus cantos
m e l O d iOSOS
ao som des
vores e dos instrumentos, assim como a verdura das ar
vores e as diversas côres de innumeraveis flores se ca
são com os dourados dos altares e os reflexos das arma
ções nos dias de grande festa, e tudo eleva ao céu pen
samento e coração.
BAILES MASCARADOS. — São os de que gostão mais
as mulheres feias.
23 DE FEVEREIRO (Sabbado).
- O OURIÇO E A FRUCTA. —Seremos os primeiros sem
pre a rectificar asserções inexactas em qualquer dos nos
sos artigos, e muito agradeceremos a quem n'ol'as de -
nuncie com benevolo espirito.
Dissemos a pag. 308 do Almanach de 1854 que se sus
tentava este mammifero de caracóes, lavas de insectos,
ráas, sapos, ratos e toupeiras; esse é na realidade o seu
principal sustento em todas as estações; acrescentámos
porém que fructa era cousa em que raras vezes tocava, e
é contra isso que protesta, em uma obsequiosissima car
ta que de Vinhaes nos escreve, o Illm.º Snr. Emiliano
Antonio de Sousa. « O seu alimento favorito, pelo con
trario, são maçãas, peras, e outras fructas semelhantes:
para havel'as sobem ás arvores, sacodem os ramos, déi
tão a fructa a terra, lanção-se sobre ella, cravão-na nos
espinhos de que têem cheio o corpo, e vão depositar a
carga nos covís, onde a devorão com avidez, sendo muito
ara notar que ao retirarem-se com ella, vão cantando,
fazendo um zumido monótono, semelhante ao chiar dos
carros ouvido de longe. Dá isto logar a que aqui em Vi
nhaes, e em quasi toda esta provincia, se diga quando se
vê alguem cantando com peso ás costas: « vai carrega
do e alegre como o ouriço cacheiro.»
24 DE FEVEREIRO (Domingo).
MONOTONIA. — Ajudando um ecclesiastico a bem
morrer a certo peccador endurecido no vicio, excla
mou-lhe: •
CHARADA.
Se tem moradores,
Mais havia ter
Se todos houvessem
De lá ir gemer
Os tristes que vivem
Tão triste viver.
141
29 DE FEVEREIRO (Sexta feira).
DOUS ATAQUES AO RIO DE JANEIRO. — A côrte de
França, estimulada contra os portuguezes por estes te
rem abraçado a parcialidade de Carlos III contra Fi
lippe V, consentio que uma armada fosse invadir as colo
nías portuguezas da America. A mira foi posta na cida
de do Rio de Janeiro, onde por sua grande opulencia es
peravão colher rico esbulho. Duclerc, commandante da
esquadra, passa o Atlantico, toma terra a quatro léguas da
cidade, marcha sobre ela atravez de matos, e dá prin
cipio á expugnação (1710). O governador da cidade, Fran
cisco de Castro de Moraes, sahio a campo com seu exer
cito, constante de tres mil portuguezes e cinco mil indí
# disciplinados, e apresentou batalha ao inimigo.
ouve um combate bem ferido, e o resultado d'elle foi
entrarem os francezes na cidade, deixando-se ficar o ca
pitão Moraes, que não era dos mais versados na arte da
guerra. Os francezes penetraram animosos até á praça,
mas vendo-se activamente combatidos por todos os la
dos, sendo das janellas o fogo vivissimo, refugiaram-se
n'um grande edificio chamado: Trapiche. Informado o
governador de que os francezes estavão cercados no Tra
piche, entrou na cidade, e intimou Duclerc que se ren
desse. A este tempo repicavão os sinos de todas as igre
jas em signal de triumpho, o que notando Duclerc, af
firmava que a victoria era sua, e não queria render-se.
Ordenando porém o governador que trouxessem barris
de polvora para abrazar o Trapiche, os francezes depo
zeram as armas, e mettidos em prisões, muitos d’elles
morreram á fome. Duclerc um dia appareceu morto vio
lentamente em seu carcere.
Luiz XIV, desejoso de vingar os manes de Duclerc e
de recobrar a liberdade aos prisioneiros, aprestou uma
esquadra, cuja capitania # de Duguay-Trouin. A
entrada da barra do Rio de Janeiro era defendida por um
grande numero de baterias, e na ilha das Cobras estava
•
levantado um forte com quatro bastiões. Duguay, sem
temer tão grandes defesas, arrostou-se com o fogo das
baterias, entrou a barra, e principiou a bombardear a
cidade, ao mesmo tempo que o capitão Goyon invadio a
ilha das Cobras, a qual os portuguezes evacuaram depois
de encravar a artilharia. Duguay desembarcou sem op
posição, e antes de principiar o ataque, reclamou a en
trega dos cumplices no assassinato de Duclerc; porém
Moraes, qual outro Alyattes quando Cyaxares reclamava
a entrega dos scythas matadores de seu filho, votou ao
desprezo tal reclamação, e dispoz-se para uma vigorosa
resistencia. Duguay principiou a bater a cidade com
vinte peças de grosso calibre e quatro morteiros. Os por
tuguezes algumas vezes sahiram a invadir o campo ini
migo, mas foram sempre rechaçados. Preparou-se Du
guay para um assalto geral, e um dia, durante uma gran
de tempestade, assaltou e tomou a cidade. Os prisionei
ros do exercito de Duclerc forçaram as portas da prisão
durante o assalto. O governador sahio da cidade, e en
trincheirou-se a uma légua de distancia. Duguay man
dou-lhe dizer que ia reduzir a cinzas a cidade, se não
curava de resgatal'a. O resgate foi ajustado em seiscen
tos e dez mil cruzados, pagos os quaes Duguay regres
sou á Europa.
Constancio, Historia do Brasil, tomo II, cap. VIII.
1 DE MARÇO (Sabbado).
AGUIAS NA GRA-BRETANHA. – Infructiferos são
quantos esforços até hoje se têem feito para dar cabo
d’ellas neste paiz, onde são numerosissimas, sobretudo
na Escocia. Foi apanhada ahi uma, ha poucos dias, de
fabulosa dimensão; o comprimento das duas azas aber
tas, era de perto de 8 pés; o do corpo de 3 pés e duas
pollegadas; o peso de [5 libras; a curva do bico tinha
a largura da mão d'um homem.
143 (A. 51, 9 de Junho, A. 53 p. 92.)
2 DE MARÇO (Domingo).
CAPITAL DA PERSIA. — Tem por nome: Teheran,
e eleva-se na extremidade d'uma planicie areenta, in
salubre, e exposta a um calor abrasador. Entra-se n’ella
por quatro portas. Tem no interior jardins deliciosos,
mesquitas, bazars, o palacio do Schah, e magnificos edifi
cios, o que dá á cidade um aspecto moderno. A distan }
dispense-me V. Exc.º;
durmo bem sem isso. »
Havendo certo médi
co de uma das nossas
provincias receitado mil
narcoticos a um doente
seu que gemia com do
Tes mortaes, Sem conse
guir que um só momen
to pregasse olho, disse
lhe um dia : « Eu já não
sei o que lhe heide dar
para o fazer dormir; o
Verdadeiro é ir ámanhã
ouvir prégar o Fr. Se
bastião, e se d’ahi a cin
co minutos não dormir, |
GARÃOES E A PATRIA.
«Peregrino, sê bem vindo !
« Quem teus passos encaminha?»
— «A saudade, linda virgem,
«Saudades da patria minha ! »
«D'onde vens?» — « De longes terras.»
« Tua familia ?» — « Morreu.»
E uma lagrima ao romeiro
Dos olhos se desprendeu.
« Triste sorte a do proscripto
« A vagar em terra estranha !...
«E dentro d'alma a saudade !...
«E que saudade tamanha ! »
«Mas, diz-me, qual é teu nome ? »
— «Sou Camões! » — disse a gemer.
« E que procuras agora?»
— «Um abrigo p'ra morrer ! »
«Achaste-o pois, bardo luso !
«Vem, abraça-te comigo!
«Vem, que juntos morreremos,
«Que a Patria morre comtigo !»
Augusto Emilio Zaluar.
FILIPPE E PARMENIAO. — Uma occasião, dormin
do Filippe, murmuravão alguns que esperavão para lhe
fallar. Disse-lhes Parmenião: «Se agora dorme, ve
lava quando vós dormieis (A. 51, 1 e 29 de Junho
"#" Novembro, 4, 53, p. 43).
7 DE MARÇO (Sexta feira).
CORRESPONDENCIA MAGNETICA ? — Escrevo sob a
impressão de um facto que acaba de passar-se á minha
vista, e que foi tambem presenceado, por tres pessoas
mais que se achavão proximas. Trabalhava eu com duas
luzes diante de mim. De repente, apaga-se uma por
que a véla se acabara, e no mesmo instante...... V3
cila e amortece a outra ! Havia, e ha em geral, um
nexo occulto entre duas luzes proximas? foi simples
acaso? pode ser que fosse; não assevero o contrario; mas
vale a pena averigual’o, pois em tal facto, se é constan
te, pode haver talvez origem de importantes applica
ções. Quantos mysterios nos traz ainda encobertos a
natureza!.... E quantos que nunca se descobrirão!...
Poucas semanas depois de escripto o que prece
de, aconteceu, tambem na minha presença, uma
cousa semelhante com um candieiro e duas ve
las que se achavão a pequena distancia: no mes
mo instante, e sem causa alguma ostensiva, es
moreceram ao mesmo tempo, todas as tres
luzes ! Adivinhem lá a razão d'isto !...
8 DE MARÇO (Sabbado).
PORTUGAL E A LEBRE. — Estando o Conde de Sor
telha por Embaixador em Castella, perguntou-lhe um
dia Carlos V, gracejando com a pequena extensão do
territorio portuguez, e querendo dar-lhe a entender que
a dous passos se encontrava sempre a Hespanha:
«Quando se levanta uma lebre em Portugal, aonde
a vão matar ?
«. Na lndia, Senhor, lhe replicou o representante da
mais nobre corôa d'aquellas eras.»
TINTA. — E' um liquidosinho preto com que se der
rubão os thronos e se muda a face do universo.
9 DE MARÇO (Domingo).
HARPA ÉOLIA.—Ao que sobre este assumpto escre
vemos a pag. 294 do Almanach de 1853, acrescentaremos
hoje que é um instrumento summamente agradavel que
toca sem musica nem machinismos, sempre com diver
sidade de melodias. Consiste n'uma caixa de madeira
com suas cordas de tripa pela parte de fóra, afinadas em
|- certa relação harmonica umas com
as outras. Collocada n'um jardim
y, ou n’uma sala por onde passe
| vento, solta toadas deliciosas, que
ora dão a lembrar instrumentos
- diversos, ora voz humana, ora de
}^\ perto ora de longe, ora de cima
#*>/#, ora de baixo, oraionge e melan
- - - * cholicamente, ora com um cer
to ar mais solemne e festival.
As harpas éolias são muito usuaes na Escocia e na Ita
lia; por partes da Allemanha tambem se ouvem; o que
só admira é que sendo luxo tão facil e barato, se não
encontre por toda a parte e seja entre nós quasi inteira
mente desconhecido,
16 DE MARÇO (Domingo).
BALSAMINHO OU BALSAMINA. — Planta nativa da
India. Tem por fructo uma capsula de cinco cellulas, que
em estando maduras se abrem com elasticidade, enro
lando-se em espira, donde Linneu (A. 53, p. 167) lhe deu
o nome latino: impaciens, que significa : insofrida. A
especie de balsamina em que melhor se nota esta pro
priedade, é a denominada: dos bosques (noli me tange
re), a qual nasce sem cultura nas mattas sombrias e hu
midas da Europa septemtrional. Esta, assim que a tocão
ao de leve, logo de todas as partes principia a estoirar.
No continente da America, e ainda pelo norte da Europa,
eomem-lhe as folhas como espinafres (4.54, p. 167).
155
17 DE MARÇO (Segunda feira).
SERPENTES DA MARTINICA.—São ahi tão communs,
que nada mais perigoso do que passear a pé no campo,
aproximar-se á relva, passar junto d'antigas ruinas. Ha
quem as tema ainda mais do que a febre amarella e os
terremotos. Tem-se procurado dar cabo d'ellas, mas não
ha conseguil'o. Ainda não ha muito que para alli mandou
o governo certos reptís que as exterminão. E' uma espe
cie de homeopathia; os reptís destruidos pelos seus se
melhantes (A. 51, 13 de Janeiro).
Não são as serpentes os unicos animaes nocivos da Mar
tinica; ha na fertil, amena e poética ilha das pequenas
Antilhas (A. 55, p. 310) muitos outros bixarocos que lhe
tirão toda a poesia. Ha os mil-pés (millipeias em vez de
centopeias, A, 55, p. 380), que chegão a ter seis pollega
das de comprido, e cuja picada occasiona uma febre ar
dentissima (nem uma só casa está isenta d'elles); ha ba
ratas maiores do que gafanhotos que entrão por toda a
parte e róem quanto achão á mão; ha aranhas do tama
nho d'um ovo cuja mordidella produz o efeito d'um nar
cotico; ha uns vermes que sem pagarem renda de casa se
alojão na pelle, ahi põem immensos ovos, e occasionão
chagas purulentas e ulceras incuraveis; etc. etc., etc.
Quem quizer ir até lá, escusa de esperar por mim.
18 DE MARÇO (Terça feira).
DEFUNCTO. — Dizia o nosso inte
ressante e graciosissimo José Ni
coláu de Massuelles Pinto na sua
ultima doença, fallando com o as
sistente : « Doutor, alongue-me is
to da vida quanto poder, que sem
pre hei-de ter tempo de mais pa
ra me aborrecer de estar de
funeto.
156
|
19 DE MARÇO (Quarta feira).
ELEPHANTES PRENDADOS. — Torna-se notavel o
elephante, entre todos os animaes, pela sua corpolencia
e intelligencia. Mais de um naturalista ha provado que o
reconhecimento, a vingança, o arrependimento, são n’el
les sentimentos dos mais communs; o que porém até hoje
poucos sabião, é que elephantes podessem dançar com a
mesma graça e agilidade, ou da Lisereux ou de Mllº Fleu
ry. É o que acaba de provar o director de um dos circos de
Paris. A um seu aceno vel'os-heis executar os mais com
plicados, os mais difficeis movimentos, os mais incompa
tiveis até com a sua natureza: correm para traz, para
diante e para os lados, andão á roda, valsão, põem-se no
bico dos pés, virão-se de cabeça para baixo, cruzão ºs
mãos, e fazem mil outras habilidades com a tromba, tudo
ao som de musica, e muito a compasso. Não ha nada mais
divertido do que é ver dous elephantes a dançarem a
polka. São mais prendados do que eu!...
20 DE MARÇO (Quinta feira).
CAMINHOS DE FERRO NA INGLATERRA. — A se
guinte estatistica do material de *# ora existente
em todos os caminhos de ferro na Inglaterra, dá uma
idéa do grande desenvolvimento a que estes allihão che
gado:
2,413 carruagens de 1.º classe, contendo 49,226 logares,
3,414 de 2.º com 124,703 logares.
2,954 de 3.º contando 121,807 logares.
4,000 locomotivas de diversas forças.
1,547 carruagens para transportar cavallos, podendo con
ter 4,547.
7,127 carruagens para gado, admittindo 76,696 bois, car
IneirOS, etc.
Antes d'um anno teremos tambem tudo isso em Por
"# E talvez ainda mais.
21 DE MARÇO (Sexta feira).
A RELIGIÃO CHRISTÁ E O N.º 3. – Christo formou
o-seu apostolado aos 30 annos (3 dezenas). Perseguiram
no os judeus 3 annos. Morreu aos 33 annos e 3 mezes de
idade. Foi crucificado ás 3 horas com 3 cravos. As pes
soas da Santissima Trindade são 3; por isso as Trinda
des se tocão 3 vezes ao dia e de cada vez 3 badaladas.
3 são as virtudes theologaes. Quando a sineta chama
para a missa, toca 3 vezes. Missas de pontifical são de
3 padres. Em dias de Natal e de finados dizem-se 3 mis
sas. O Natal tem 3 oitavas. Cada vez que batemos no pei
to á missa são 3 pancadas. A sagração da hostia conser
vão os padres os dedos pollegar e index unidos, e com
os outros 3 fazem o signal da cruz 3 vezes sobre o calix.
Os Reis Magos que procuravão Jesus erão 3. Na Paixão
de Jesus acompanharam-no as 3 Marias. O trespasso é o
jejum de 3 dias seguidos. Quando o gallo cantou 3.º vez,
reconheceu S. Pedro a sua cobardia. Os dados com que
os judeus jogaram a tunica do senhor (Almanach de 1855
pag. 157) erão 3. Quando se # uma criança, o pa
dre faz 3 cruzes com a concha da agua. Para casamentos
se precisão 3 pregões. Sabbado d'Alléluía appareçe uma
vela grossa e dividida em 3 do meio para cima. As leis
ecclesiasticas ordenaram que um condemnado apena ulti
ma estivesse 3 dias no oratorio. O Calvario tem 3 cruzes.
Quando se incensa o altar, a ceremonia é feita 3 vezes
com o thuribulo suspenso por 3 correntes. As alampadas
estão suspensas tambem por 3 correntes. O altar-mór tem
muitas vezes 3 alampadas. O gallo no oficio de trevas é
triangular. O triangulo se nota em todas as igrejas. Den
tro d'um triangulo se pinta o olho da Providencia. Os
clerigos usão de chapéus de 3 bicos, e os seus barretes
pretos, apesar de quadrados, têem 3 pestanas sómente no
topo. As lanternas que arvoradas acompanhão os andores
ou pallio, têem 3 vidros. Os cereaes, massanetas do pal
}ão, pés de cruzes e castiçaes nos altares, tudo tem a fór
158
fiI3 # A maior parte das igrejas grandes têem 3
portas e 3 janellas. Os frades franciscanos é alguns de ou=
tras ordens usavão de um cordão cingindo o habito com 3
nós. Tres são (#São João) os que dão testemunho no céu,
o Padre, o Filho e o Espirito Santo. 3 são os que o dão na
terra, o espirito, o sangue, e a agua. Jesu Christo resus
citou ao 3.º dia depois de sua morte, e Jonas, que foi
sombra d’este mysterio, andou 3 dias no ventre d'um ce—
taceo. Tres mulheres, e todas Marias, foram ao sepul
chro com os aromas, e estas foram igualmente as tres
primeiras testemunhas da gloriosa resurreição. Tres dias
andou o Menino Jesus perdido em Jérusalem disputando
com os doutores, e na idade de 3 vezes quatro annos, Tres
VeZeS *# Jesu Christo a São Pedro se o amava,
e ouvida a terceira resposta (que não foi lá muito direi
ta) lhe conferio o primado. 3 vezes se bate á porta prin
cipal da igreja com a extremidade inferior da haste da
cruz na procissão de Ramos. A. P. S.
22 DE MARÇO (Sabbado).
O TAVERNEIRO ARITHMETICO. — Com tres medi
das desigua es, uma de 8 canadas, outra de 5, e outra
de 3, medir 4 cana das de vinho.
4. a 2." 3.0
. . 8 canadas 5 canadas 3 canadas
Com eocom
2.°, vinho de queencha-se
o d'esta a 1.º medida
a 3.º; está cheia,naencha-se a
teremos •
== •
AEA, NEXERE-Arase
Sabei que atravez d'um prisma
Vos olhais enganador ! ....
Que quem na ventura.scisma,
Scismará depois, na dôr ! ....
Que todo o surriso mente,
Que todo o peito mal sente,
Que as trevas seguem a luz!
Que ha veneno nos carinhos,
\
• . Que cadaalma
E cada flor atem
suaespinhos,
cruz!
Ernesto MarêCOS.
31 DE MARÇO (Segunda feira).
CHOCOS.—«E' um feio animal (diz Aphonso Karr) cuja
cabeça se assemelha á de um elephante. Dão-lhe #"
guns authores antigos até dous covados de comprimen
to, mas eu nunca vi nenhum com mais de pé e meio. Tem
nas costas, logo por baixo da pelle, um osso branco e
poroso, que muitos põem nas gaiolas dos passaros para
que n'elles agucem o bico: faz tambem desapparecer a
escripta do papel; servem-se d’elle, emfim, os ourives,
para fôrmas de objectos pequenos. Os chócos têem na
extremidade da cabeça oito trombas guarnecidas de chu
padeiras moveis que lhes servem para agarrar na *
sa e a reter: têem outras duas mais compridas que lhes
servem d'ancora para se agarrarem aos rochedos. No
centro d’ellas ha um bico, que parece de substancia cor
nea, e que na fórma e na côr se assemelha ao do papagaio.
No ventre dos chócos ha uma bexiga cheia d'um liquido
negro a que Cicero chamou: tinta, e que Persio asse
gurou servir no seu tempo para escrever. Dizem que é
este liquido, misturado com farinha d'arroz, que com
ôe a tinta da China, Ouvi dizer a pescadores, e tenho
ido em alguns livros, que os ovos dos chócos são brau
cos no momento em que a fêmea os põe, mas que o ma
cho lhes espalha por cima aquelle liquido, que os torna
pretos. O que é certo, é que os chócos o arrojão a grande
distancia, e que torna elle a agua escura, o que lhes per
mitte fugir aos seus inimigos, ou apoderar-se d'ou
tros peixes.
«Quando os chócos estão fóra da agua, tossem como
uma pessoa. Lá custa a imaginar um peixe constipado ;
assim como porém são devidos os nossos defluxos a mu
dança de temperatura, assim tambem se concebe que
um peixe se constipe fóra do seu elemento. E' sabido
que o peixe fóra da água morre asphyxiado no ar, sem o
qual nós não ### viver, do mesmo modo que nós
morremos asphyxiados dentro da agua.» 166
1 DE ABRIL (Terça feira).
APOTHEOSE — Com esta palavra, diz Bluteau, si
gnificava a antiga gentilidade toda a pompa vá das su
persticiosas ceremonias com que os Imperadores e varões
illustres erão collocados entre as falsas deidades dos
antigos. Morto o Imperador, toda a cidade se vestia de
hucto, e depois de acabados os funeraes com muita ma
#### se deitava n'um leito de marfim uma figura
e cera, que se parecia com o defuncto, e que pelo es
paço de sete dias era vestida pelos principaês cavalhei
ros e damas romanas, juntamente assistida de muitos
medicos que de dia em dia ião encarecendo a enfermida
de do Soberano, até que finalmente no 8.° dia os sena
dores e cavalheiros romanos levavão o leito, com a dita
figura dentro, até á praça, aonde havia um magnifico
estrado com outro leito em que deitavão a figura de ce
ra. A este espectaculo assistia o novo Imperador com os
pontifices, magistrados e damas romanas, e depois de
uma pomposa procissão até ao campo de Marte, fóra da
cidade, subia o novo Monarcha a uma tribuna, a que
chamavão das arengas, e fazia o elogio do defuncto;
entregavão depois os senadores este segundo eleito nas
mãos dos pontifices que o collocavão no 2.° andar de
uma machina pyramidal, em que, depois de varias car
reiras dos Cavalheiros romanos, da infantaria e de
muitos coches guiados por cocheiros, vestidos de pur
pura, o Imperador com um brandão pegava fogo na py
ramide, e depois de accesa se soltava d’ella uma aguia,
que espantada das labaredas da machina ardente se re
montava ás nuvens, e segundo a opinião do vulgo arre
batava-se ao céu a alma do Imperador defuncto-Depois
de Romulo, foi Julio Cesar o primeiro, que logrou as
honras d’esta solemnidade, e entre as Imperatrizes foi
Livia a primeira a quem se fizeram estes divinos ob
sequios.
• (Almanach 55 pag. 305.)
167
2 DE ABRIL (Quarta feira).
{#3#N
# FRANCE SANS E Q
PEUPLE
RELIGI0N
O EREMITA.
No alto de um monte por selvas bordado
Vivia um vélhinho, bem annos havia ;
Passava o seu tempo lavrando o seu campo
E amado por todos a todos servia.
Se havia disputas na aldeia visinha,
Correndo íão todos ao branco ermitão,
E o bom do vélhinho com fallas prudentes
Calmava a contenda prégando união.
Se a tenra donzella temia os feitiços
Que arteiro lhe armava ladino amador,
Lá se ia ao ermita pedir-lhe conselho,
E o velho a safava dos laços de amor.
Se o bello mancebo choroso contava
As penas de afecto que aflicto curtia,
O velho dizia-lhe historias antigas,
E o triste mancebo contente surria.
Se um filho mais moço invejava os extremos
Que o pai de familias só dava ao mais velho,
Corria á choupana, fallava ao ermita,
E um balsamo achava n'um santo conselho.
Se o cura do sitio, de altiva eloquencia,
P'ra si só prégava soberbo sermão,
Aos bons camponezes na lingua da aldeia
Bondoso o explicava o santinho ermitão.
Se a grandes demandas um pobre lapuz
Sedento incitava goloso letrado,
Lá vinha o ermita metter-se permeio
E o plano engenhoso ficava frustrado.
174
Um dia de tarde © á bôcca da noite,
Que noite terrivel, que noite maldita !)
Correu um boato (maldito boato!);
«Acudão, acudão que morreu o ermita.»
E desde esse dia donzellas, mancebos,
Andaram em triste constante brigar;
Vorazes letrados travaram litigios,
E o cura da aldeia cançou de prégar.
Jacintho Augusto de Sant'Anna Faseoncellos.
P. S. Pois era tomar gemadas e ir prégando sempre.
12 DE ABRIL (Sabbado).
{{# # |
4 |
#
#
7:500:000
178
16 DE ABRIL (Quarta feira).
CASAMENTO. — Em todos os povos, e em todos os
tempos, foi o sagrado nó do matrimonio formado sob a
protecção da lei religiosa, e pareceu necessaria a sauc
ção divina para uma união que o proprio Deus institui
ra. A França e os estados protestantes são talvez os uni
cos paizes no mundo em que o casamento possa ser le
galmente contrahido sem participação da autoridade
religiosa. Nos primeiros tempos abençoavão os patriar
chas, ao mesmo tempo religiosos e politicos, as uniões,
tão puras como os costumes de então : dividiram-se po
rém os povos d’ahi a pouco, introduziram-se por toda a
arte falsos cultos, e mudaram nos diversos paizes as
eis religiosas que presidiáo aos casamentos; o proprio
povo de Deus, que ainda não havia sido completamente
illuminado pela verdade, conservou por muito tempo
imperfeita a constituição do consorcio; erão licitos po
lygamia e divorcio, e gosavão as mulheres de toda a li
berdade. Entre as nações pagãas, mais imperfeitas ain
da erão essas leis.; havião dado origem a polygamia e
o divorcio á escravidão da mulher, que não era consi
derada como esposa e companheira do homem. As mu
lheres n'esse tempo, e como ainda hoje no oriente, vi
viáo encarceradas em seus aposentos, e bem se pode di
zer que não existia na antiguidade a intimidade da fa -
milia. Em Roma todavia estava esta mais bem consti
tuida ; na Gallia e na Germania inspirava a religião um
respeito quasi supersticioso pelas mulheres ; mas foi
preciso que viesse o christianismo para restituir ao ca
samento toda a sua santidade, á mulher toda a sua di
gnidade, e para que esta encontrasse a verdadeira li
berdade no sentimento do dever e da virtude.
O raminho abandonado .
Soffremudo e sem dar ais....
Tambem eu soffro, mas amo
A ingrata cada vez mais.
Antonio Freire de Serpa Pimentel.
Outr’ora fez
parte da ré
ublica de
Veneza, e ho
je pertence á
Austria, uma
pequena vil
la, chamada
Vemone, que
só por uma
particulari
dade se tor
na notavel;
os corpos de
p o sita d os
dentro de
caixões no
carneiro da
igreja con
Servão-Sein
definidamen
te Sem ne
nhuma pre
paração; alli
OS a # de
mais de cem
ann08, tã9
bem conser
vados como
as mumias
- do Egypto
(A. 51, 16 de Novembro. A. 52 p. 77). Apelle adquiré, de
Pois de decorrido muito tempo, a grossura e consistencia
da sola. Attribuem alguns uma tal singularidade aos
principios constitutivos da terra que deitão nos caixões,
e outros ao frio, que n'aquelle sitio é excessivo.
Nenhum cadaver de mulher se encontra alli, o que ori
ginou no espirito de muitos a errada idéa de que só ca
da veres d'homens se conservão n'aquelle carneiro: asse
verão outros que é por decencia que nunca alli se enter
raram mulheres!... Custa a entender onde está a inde
cencia de se acharem homens e mulheres enterrados no
mesmo logar! ....
Joaquim José Ferreira Campos.
24 DE ABRIL (Quinta feira).
REMEDIO CONTRA A CHOLERA. — Parece ser infal
livel o seguin
te, enthusias
ticamente re
com m e ndado
elo doutor
ernyer.
Uma chieara
de leite em que
SC V8 S8 Ul II] CO
pinho d'azeite
d'oliveira e ou
tro d'agua ar
dente. Deitar
se , cobrir-se
bem, transpi
rar, e foi-se a cholera de uma vez para sempre.
Se assim é, não ha nada mais simples. O que desejo
aos meus leitores é que não tenhão precisão de experi
mentar a eficacia da receita !...
CHARADA.
#ABERA
Saudação Lyrica.
Salve ! linda Madeira, ilha ditosa !
E's do Oceano a flor !
E's das ilhas princeza a mais formosa,
Mimo do Creador !
{ *
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-7… V
• Aº
ToRRE DE PóRCELANA.
24 DE MAIO (Sabbado).
DEFENSA CONTRA INIMIGOS. — Usão os Brahmenes
das Indias Orientaes de escrever n’um quadrado dividido
em quatro partes os numeros seguintes:
28||32||2 | 7 …"
6 || 3 ||32||3 •
34 | 29 || 8 | 21
4 || 5 || 30 | 33
pretos e dentes:
De Kilchberg canus edentatusque decanus
Rursum dentescit, nigrescit: hic requiescit.
Alexandre Braga.
31 DE MAIO (Sabbado).
*#
1722.. 14 milhões. A #####& = 1824... 50 milhões.
1762. . 20 > ######, 1838.59 »
1795. . 3 X» |- 1844.. 63 >
1818... 45 » 1849.. 67 »
8 DE nismo (Domingo).
9 # RA#0.
. Heide um raminho offertar-te
Em paga do que me déste:
Só entrão n’elle saudades,
Chagas, martyrios, cypreste.
Diz a saudade saudades
Que
A sintochaga
chaga de tiprofunda
ausente: •
225 8
í4 DE JUNHO (Sabbado}.
##Y$#Néà EBA f94}{CHE}} }}};">
Dos AMIGOS DAS LETRAS E ARTES EM s. 416 UE2.
Exhortação ao trabalho.
VOZ.
No regaço do luxo, a opulencia
Os cançaços do ocio maldiz:
Entre as lidas surri a indigencia,
Com o pão negro se julga
CORO,
feliz. •
15 DE JUNHO (Domingo).
DIMINUIR UM COPO DE VIDRO. —Limpe-se bem o
copo que se pretende diminuir e encha-se de azeite até
á altura por onde se quer que fique. Pegue-se depois em
uma varinha de ferro, de 20 a 25 millimetros de diame
tro, pouco mais ou menos, ponha-se no lume a extremi
dade até se achar em brasa, e metta-se esta assim até
meia pollegada abaixo do nivel do azeite; inflammar-se
ha este, formando uma camada delgadinha á superficie
do azeite frio, e fará estalar circularmente o copo nos
pontos em que o tocar. Deverá este ser posto bem hori
sontalmente e não se agitar o azeite ao introduzir-se-lho
a varinha de ferro.
•
16 DE JUNHO (Segunda feira).
ENXERTO DE NOVA ESPECIE. —Ensinou ha pouco
um jornal agrícola francez um modo, facillimo de fazer
dar ás arvores excellentes fructos. Péga-se n’uma estaca
de maceira,
pereira, ou
outra qual
quer arvo
re, mette
se uma das
pontas den
tro d’uma
batata, en
terra-se de
pois bem
perpendi-,
cularmente
e de modo
que não fi
quem de fó
ra senão 4
ou 5 centimetros, e dentro em pouco apparecerá uma
arvore que dará os mais bellos fructos.
Peço a algum lavrador que experimente e dê parte do
resultado. — Olhem que não é batata.
17 DE JUNHO (Terça feira).
VELOCIDADES. — Para dar uma volta á roda do glo
##"riº uma pessoa, em passo ordinario, um anno e
18 S ;
Em caminho de ferro, 35 a 40 dias;
O som no ar, #### 32 horas e meia ;
Uma bala d'artilharia, 21 horas e 3 quartos.
A luz, #" mais de 'o de segundo.
A electriçidade, um pouco menos de 'o de “s"#s
18 DE JUNHO (Quarta feira).
O MEU TESTAMENTO.
Em alva, fina cambraia, «Aqui jaz quem rio do mundo
Será meu corpo envolvido; « E de quem o mundo rio ;
bem que por morte saia « Em vida carpia o mundo,
Da estopa em que tem dormido « Morrendo, o mundo carpio»
Em caixão de ferro duro Deixo a vergonha que eu tive
Será posto com cuidado ; Aos grandes, p'ra repartir ;
Deixem-me os bixos que aturo Quem na grandeza hoje vive
Ter lá somno socegado. Pouca deve possuir.
Quatro ricos, avarentos, A roupa que velha seja,
lrão levar o caixão, Deixo-a dos novos barões
Já que só pobres aos centos Ao primeiro que se veja,
Meus amigos aqui são, Por ser tolo, sem calções;
E como sei que o dinheiro E a nova aos que na pobreza
Lhes dá cá todos os bens, A vida passado têem,
Deixo aos quatro e ao coveiro Já que das mãos da nobreza
A cada um seis vintens. Não recebem um vintem.
N’esses ultimos instantes, Deixo aos vis aduladores
Quero que até me enterrar, A minha lingua mordaz,
Vão do Bardo os assignantes P'ra dizer a alguns senhores
Atraz de mim a chorar. Verdades, como hoje faz.
Pretendo ser sepultado Deixo o meu juizo ás damas,
N'um cemiterio profundo, As minhas cinzas ao vento,
Mas onde eu seja avisado Osmeusescriptosáschammas,
Do que vai cá pelo mundo. Meu nome ao esquécimento.
Da campa na cabeceira E tu, d'amigo sincero
Devem negra louza alçar, Se exiges o galardão,
Onde possa mão ligeira Deixar-te mais nada quero :
Este epitaphio gravar: — Deixo-te o meu coração.
J. X. de Novaes.
229
19 DE JUNHO (Quinta feira).
TANTO DINHEIRO ! — Fez-se ultimamente em Fran
ça um emprestimo nacional de 500 milhões de francos, ou
200 milhões de cruzados, e subiram a 2,175 milhões de
francos, ou 870 milhões de cruzados, as quantias subscri
tas. Fizeram-se com isto os seguintes calculos. #
somma, em moéda de 5 francos, pésa 10:875,000 kilogram
mos, ou 21:750,000 arrateis. Um homem pode conduzir, ter
mo médio, 10,000 francos; serião pois necessarios 217,500
homens para conduzirem toda a importancia da subs
cripção nacional. 200,000 francos pésão uma tonelada;
serião por tanto necessarios 20 navios de mil toneladas
cada um para transportarem toda a quantia subscripta.
Suppondo, finalmente, que um homem pode contar 20,000
francos por hora, serião necessarios 12 annos, 5 mezes,
1 dia e 6 horas, para contar aquella somma. Ainda se a
contasse para si!...
20 DE JUNHO (Sexta feira).
PRECIOSIDADES GEOLOGICAS. — Acaba de desco
brir-se entre Acerno e Scafati, na margem do Sarno (rei
no das Duas Sicilias), a uma profundidade de 3 a 4 pés,
uma antiga casa de campo, cuja architectura, excep
tuando a das arcadas, em nada se assemelha á dos edi
ficios de Herculanum e de Pompei. O muro da frente ha
via perdido em grande parte a solidez, em consequencia
das infiltrações da agua do rio. Acharam-se dentro da
casa dous instrumentos aratorios de bronze, dous esque
Retos d'homem e o de um passaro grande.
Nas ultimas excavações feitas em Pompei, acharam-se
tambem esqueletos humanos e o de um cão, por cima uns
dos outros. Nos dedos da mão esquerda de um d'aquelles,
que era de mulher, havia anneis d'ouro, ornados de
camafeus, os quaes foram depositados no Museu Bour
bom, em Napoles.
(A. 51, 25 de Fevereiro, A. 52 p. 325, A. 53 º?
21 DE JUNHO (Sabbado).
ESTRELLA DO SUL. — É o nome que se deu a um
magnifico diamante recentemente achado no Brasil e ha
poucos dias apresentado á Academia das Sciencias de
Paris. E' de uma agua purissima e de fórma dodecaé
drica. Pésa 244 quilates e perderá metade do seu peso
quando for lapidado, valendo então para cima de dous
milhões de crusados (A. 51, 14 d'Abril. A. 52, p. 36, 222,
332. A. 53, p. 138, 280. A. 55, p. 394).
22 DE JUNHO (Domingo).
>"#
.
{T^>
28 DE JUNHO (Sabbado).
UMA DOUTORA. — Entre os passageiros a bórdo de
um barco de vapôr inglez achava-se ultimamente uma
senhora muito doutora, e envolvendo-se em todas as
conversas ás horas da comida, em que de ordinario só se
deixão ficar nas suas cabinas os que estão enjoados. Fal
lava-se sobre a invenção do vapor, sobre as suas vanta
gens, e sobre a solidez da embarcação em que se navegava:
— De que força é o seu navio? perguntou um dos pas
sageiros ao capitão.
— De 250 cavallos, respondeu este.
— Diga-me uma cousa, capitão — interrompeu a se
mhora — e onde é que accommoda tanto cavallo?
Talvez perguntasse aquillo pela conscieneia de que
lhes devia ir fazer companhia. •
236
29 DE JUNHO (Domingo).
CAMALEAO. — Pequeno animal da feição de lagarti
xa, com a cabeça desproporcionadamente grande e com
o pescoço a modo de peixe. E quadrupede, mas nos seus
movimentos tão vagaroso, que mais se arrasta do que
anda. Tem focinho comprido, olhos grandes, a pelle sem
pello, e esta arrugada. Houve opinião, que o ar era o
seu alimento e que com a bôcca aberta bebia os raios do
sol; porém é certo que vive de muitos insectos, como
moscas, gafanhotos, e outros, que apanha com a lingua,
sempre cheia de humor viscoso. Alguns attribuem a pro
dig i o s a
mudança
d a s suas
côr e s á
ualidade
o logar
em que se
acha; que
Tem Outros
que seja
efeito das
pa ixôes
que o mo
|- ---- →<=-=-=- º vem. Di
zem aquelles que descançado e na som camaleão se
faz de uma côr parda, tirante a azul; e exposto ao sol se faz
mais escuro e as partes menos expostas se cobrem de
manchas; que amuado, parece salpicado de pardo, de
elinante a verde; que dêbaixo da copa d'um chapéu, se
faz roxo; que ao lume da candeia, ainda no meio de uma
folha de papel branco, parece negro; e que fechado n’u
ma boceta se faz verde e amarello. Dizem estes, que o
camaleão estando alegre se deixa ver de uma côr verde de
esmeralda, alaranjada, e entresachada de listões pardos
* e negros; e que irado, se faz escuro e livido (Bluteau).
*
30 DE JUNHO (Segunda feira).
PENEIREIRO. — E' este o titulo com que se annuncia
mais um jornal. Archivemos n’este livrinho o seu pros
pecto, como lindo trecho de florido estilo:
« Querem saber o que é Peneireiro?... — Peneireiro é
um passaro, é uma ave de rapina, carnivora e voraz, que
vive em lucta constante com os córvos e com as gralhas.
— O Peneireiro de que tratamos, posto que pertença a
essa familia d'aves de presa, tem outros usos e predilec
ções diversas. Corta os ares em vôo rapido, purificando
a atmosphera, afastando nuvens, e paira com tenção má
sobre os logares onde lhe fareja a corrupção. — A aguia,
o abutre, o milhafre, são essencialmente romanticos ;
apraz-lhes a vida bucolica; não ha tiral’os dos montes,
dos valles, dos seus leitos de pedras, armados pelo aca
so no declive das rochas. —O Peneireiro tem por uso an
tigo prear na cidade, e parece que os grandes edificios
lhe merecem attenção especial... — Outr’ora os telhados
do convento de S. Francisco davão guarida a uma quan
tidade immensa de pombos bravos. Estas aves damni
nhas voavão ao romper d'alva em grandes bandos a di
vidirem-se pelos campos, onde, á custa das searas de
lavradores pobres, enchião os papos, a mais não lhes ca
ber. —Appareceu então o Peneireiro, sollicito como sem
pre, descreveu o seu vôo circular em torno d'aquelle bam
do esfaímado, e tempos depois os lavradores dos subur
bios de Lisboa dizião bem á sua fortuna, pelo augmento
das suas colheitas. — Querem ver bem o Peneireiro ? ...
Olhem alto, velo-hão sempre esvoaçando sobre os par
lamentos, theatros, academias, secretarias d’estado, re
partições publicas, e salões de baile. — Querem ver o Pe
neireiro?... Olhem alto, vel'o-hão sempre d'azas largas e
olhos scintillantes, vendo tudo, e arrojando á praça públi
ca, tinctas de seu proprio sangue, as aves damninhas que
encontra nos ares.—O Peneireiro poupa o palacio dos Reis,
não por susto (não existe no mundo ave mais atrevida e
233
*a eu os medrosa), mas porque pairando sobre a cidade,
tem visto esses Reis, ao reflexo das lavaredas dos incen
dios, espalhando consolações a infelizes; mas porqne,
occulto nas sombras, tem visto as mãos d'esses mesmos
Reis estenderem-se a bem de seus desventurados irmãos.
— O abutre, por exemplo, semelhante a todas as aves de
presa, descreve por muito tempo um largo circulo em
torno da sua victima; depois vai estreitando esse circu
lo ; depois balouça-se sobre um ponto unico, fecha as
azas, e cahe de chofre sobre a sua presa, que aniquilla
de prompto — O Peneireiro brinca muito tempo com as
victimas, antes de as matar. — Toda a ave de presa em
geral vai devorar as suas conquistas para a solidão dos
valles, para as cumiadas dos montes, para as quebradas
dos rochedos; O Peneireiro, pelo contrario, é na praça
publica, á vista do mundo, á luz do sol, da lua, do gaz e
dos candolabros, que tortura as suas presas »
1 DE JULHO (Terça feira).
{} }AS#.
Ornando simples grinalda, fÉ bem nobre o teu destino!
Em teu leito desmeralda, O teu condão é divino !
Tenra flôr, diz-me onde vás? Eu quizera tel'o assim!.....
— Vou junto da morte dura | Deixa-me ir, quevou comtigo
Encobrir da sepultura Orar no mesmo jazigo,
Fatal, profundo AQUI JAZ. Tenra flôr, não vás sem MlM
Linda flôr, pura e singela,
Na odorífera capella
# inveja do teu fim ...
Es emblema do perigo,
Porém mesmo no jazigo
Tens poesia, JAsMIM.
Augusto Cesar da Silva Mattos.
239
2 DE JULHO (Quarta feira).
ROCHEDO DE LEUCATE.— Era Leucate uma ilha si
tuada nas costas da Acarnania. Havia n’ella um promon
torio no cimo do qual se havia edificado a Apollo um
templo magnifico; segundo um costume antiquissimo,
todos os annos, no dia da pomposa festa d'aquelle deus,
se devia precipitar do alto da montanha um criminoso con
demnado á morte. Era um sacrificio expiatorio que os
12 DE JULHO (Sabbado).
OCULOS DE VER AO LONGE. — «Papá, papá — ex
clamou um dia, no anno de 1600, um pequenito a Zacha
rias Jansen, cidadão de Middelbourg — acabo de ver o
boneco da torre da igreja bater com o martello no sino. »
- «Como pode isso ser, pátetinha, se a torre fica a um
bom quarto de légua, e até mal o boneco se distingue ? »
- «Com estes dous vidros, papá. »
Examinados elles, vio Jansen que um era concavo e
outro convexo, e pondo aquelle perto do olho e este a
certa distancia, reconheceu que os objectos remotos ef
fectivamente se lhe aproximavão, claros e distinetos:
metteu os vidros dentro d'um tubo, e ahi ficaram inven
tados os oculos de ver ao longe.
247
13 DE JULHO (Domingo).
DESENGANO PARA PRÉGADORES. — Um frade já
tão velho, que parecia da instituição das ordens religio
sas, costumado a brilhar no pulpito, parecia decidido a
não desamparal’o senão com a vida: estava quasi cego,
quasi surdo, quasi sem voz, mas compensava essas min
guas com a erudição e comprimento cada vez mais des 4
medido dos
SeUS-SCT
Imões.
Um dia
que, assim
prégava,
havia já
mais de ho
ra e meia,
n’uma fes
ta da igre
ja do seu
convento,
quando
trêS
= partes em
ue tinha
- ividido o
seu discurso já se armava para entrar na segunda, sobe
elas escadinhas do pulpitolosachristão, puxa-lhe pelo ha
ito, e pondo-lhe ao pé o mólho das chaves, lhe diz muito
amigavelmente: «Olhe, Padre Mestre, quando acabar,
faça favor de fechar a porta da igreja, que já lá não está
ninguem, e eu tambem me safo. »
VER E OLHAR. — Uns olhão sem ver, e outros vêem
sem olhar.
A S. M. O IMPERADOR DO BRAZIL.
Viva o nosso Imperador, A vossa prosperidade
O grande Pedro Segundo, Tenha grande duração,
No throno do Novo Mundo Sendo o rei da redempção
Padre Vosso. •
Assim na terra.
Senhor, pelo poder vosso, Senhor, a vossa alma encerra
Pelos bens que praticaís, Quanto de bom nos apraz,
Yivo, na terra mostrais Vivamos na terra em paz,
Que estais nos céus. Como no céu !
Já que por graça de Deus A sombra vossa boléu
Tendes sobre nós poder, Nação alguma hade dar-nos,
Ostentai um proceder E nenhuma ha de tirar-nos
Sanctificado. O pão nosso.
Por tantos feitos gravado Pelo grande poder vosso
Já nas paginas da historia, Sempre teremos alento,
Tambem em nossa memoria Ganhando facil sustento
Seja o vosso nome. De cada dia.
Dos males a fera dome Vossa imperial valia
A vossa alta omnipotencia, E' da paz penhor seguro;
E o bem da divina essencia Esp'rança de igual futuro
Venha a nós. Nos dai hoje.
A os brados de nossa voz Nunca a discordia se arroje
O mundo venha a saber, A abalar o throno vosso ;
Como inda grande ha de ser Algum ligeiro erro nosso,
O vosso reino. Senhor, perdoai, .
Neste paiz tão ameno, Vós que dos povos sois pai,
Onde amado tanto sois, A lavoura auxiliando,
A vossa vontade pois Fareis que vamos pagando
Seja feita. As nossas dividas.
$", um povo que vos respeita Dos males as manchas lividas
endo o bem de vós nascer, Que o povo sofre, curai,
Medo não tem de fazer Ao Brasil constante amai
A vossa vontade. Assim como nós.
250
E como parte de vós Vosso auxilio vai servir
•
A. I. P. Tatagibu (Brasileiro).
251
18 DE JULHO (Sexta feira).
CARVALHO DE SÉCULOS, CAPELLA MILAGROSA.
— Falla-se a pag. 202 do Almanach de 1852 em um car
valho cortado na Belgica, e que alli se inculca como a
arvore mais antiga do mundo. Não é exacto: para ver
outra decerto mais velha, e de dobrada grossura e quasi
dobrada altura, basta ir um quarto de légua ao sul de
Castro d'Ayre.
Junto a uma casa de ligeira construcção, que é tradi
ção haver sido hospicio dos Templarios (A. 52 p.235)ha
uma capella com a invocação, hoje, de Nossa Senhora do
Presepio, á qual diariamente concorrem immensos de
votos, e ao N. d’ella se admira um carvalho, cujo tron
co está perfeitamente ôco, e lhe cabem dentro, senta
das, 24 a 30 pessoas. Tem de altura mais de cem palmos
e de grossura sessenta, sem fallar nos cinco palmos a
que fica o tronco enterrado em razão da meia laranja que
se lhe fez á roda para sua melhor conservação. O que
elle tem de mais notavel é conservar a mesma grossura
até ao meio, ou mais acima, sahindo d’ahi ramos gros
ssimos. Ninguem sabe ao certo a epocha da plantação
de semelhante arvore, mas é geral a opinião dê ser côé
va dos Templarios.
Quanto á capella, é tambem tradição que tivera ou
tr’ora a invocação de Nossa Senhora Madre de Deus, e
que sendo atacado o gado de muitos sitios de molestia
que o definhava e destruia, não acontecia o mesmo ao
que pastava nas visinhanças da dita capella, que andava
gordo e médio, o que fez com que os pegureiros para alli
conduzissem todos o seu gado, com qué de repente ces
sasse a epidemia, e elles fizessem vôto de lá irem em
romaria todos os annos. A'lem das procissões que alli vão
de Castro d'Ayre, entre as quaes ha uma a que é obri
gada a concorrer a Camara, vão outras de mais de duas
léguas de distancia.—Castro d'Ayre 18 de Julho de 1854.
José Corrêa de Barros cº"}
19 DE JULHO (Sabbado).
MAÇAS. — Jantando uma senho
ra muito Velha e de muito má
bôcca em casa do Morgado de As
sentiz, offereceu-lhe este uma
excellente maçã; recusou-a a da
ma e disse-lhe o cavalheiro: «já
vejo que nem V. Ex.º é Eva, nem
eu serpente.
20 DE JULHO (Domingo).
Na terceira o arrebique,
Que as faces vai besuntando,
Inventa as rosas postiças
Quando as outras vão murchando.
\[)(E[0 #A \l) \,
A minha Esposa : Candida Maria da Cruz Cantazzi.
Pedi a Deus uma vida Na areia escrevi seu nome,
Só de socego e amor... Nos carvalhos o gravei,
Pedi a Deus um archanjo, Na adusta porta da granja
Meigo archanjo seductor... Tambem um dia o talhei!...
Pedi crente, e muito crente Assim na deserta herdade
Suppliquei o Redemptor... Seu querido nome espalhei..
Um anjo puro eis encontro, Meus suspiros amorosos
Retrato da Mãi dos céus!... Nascido s de amor fervente,
Arrebatou minhas vistas protesto verdadeiros
Seus s
Nas vistas dos olhos seus ; Filhos d'alma pura, ardente,
Tocou-me o peito, e me disse: Quantas vezes têem os echos
«Sou um presente de Deus.» Repetido fielmente ! ...
Com ella fugi do mundo, Adorando a Providencia
Do mundo de corrupção; Eu bemdigo a minha sorte,
Busquei, guiado do anjo, Que em seus arcanos secretos
Socego na solidão; Me deu uma tal consorte,
Busquei amor no amor Pura, Candida, extremosa,
Do seu terno coração. E meu anjo até á morte!...
Quinta da Prata 24 de Julho de 1853.
Guilherme Centazzi Junior.
255
25 DE JULHO (Sexta feira).
HAYTI, — E' Hayti a maior das Antilhas, logo de
pois de Cuba. Está situada entre a Jamaica, Porto Ri
co, e Cuba. Tem um milhão de negros de população.
Foi descoberta em 1492 por Christovão Colombo e per
tenceu a principio aos hespanhoes. Estabeleceram-se
alli depois os france
zes e ficaram com meta
de d’ella pelo tractado
de Ryswick. Era uma
bella colonia antes de
1789, mas os aconte
cimentos politicos da
metrópole na épocha de
completa subversão que
datou d’aquelle anno,
tambem alli produziram
o seu funesto efeito.
Houve uma insurreição
§ geral dos negros na par
à te franceza e na parte
hespanhola, e foi total a
matança dos colonos;
d'essa terrivel revolu
ção nasceu um governo
independente, que a
• França, reconheceu em
1824, contra o pagamento d’uma indemnisação de 150 mi
lhões de francos, depois reduzida a 30 milhões. Foi
Toussaint Louverture um dos maiores vultos que alli
produzio a emancipação da ilha, São aquellas, as suas
exactissimas feições. Horrendo bixo! Podia-se-lhe amar
rar o focinho com um cordel. Parece que o está a esten
der para dar um beijo. Eu cá por mim é que lh'o
não acceitava.
(A, 51, 23 de Dezembro. A. 52 p. 92).
256
26 DE JULHO (Sabbado).
1LHAS SANDWICH. — E' um grupo d’ilhas do Ocea
no Pacifico, em numero de onze, sete habitadas e qua
tro desertas, entre 19 e 22 gráus de latitude norte e entre
154 e 165 de longitude oeste do meridiano de Greenwich.
Foram descobertas pelo célebre Cook na sua 3.º viagem
á roda do mundo, e assim chamadas em obsequio a lord
, Sandwich, que então era primeiro Lord do Almiranta
do. E' de 360 milhas quadradas a sua superficie total.
Volcanica a
natureza de
Seu sólo. Têem
agua em abun
dancia. Têem
se aclimado ahi
diversos ani
maes domesti
cos da Europa.
Produzem ana
nazes, batatas,
canna d'assu
car, cacoeiros,
bananeiras,etc.
Os habitantes,
em numero de
146,000, per
tencem á raça
maleza : são
affaveis e in
• • • dustriosos. A
maior ilha d’este grupo é: Owaihi, e a mais frequen
tada: Oahu ou Woohn. O Rei Taméhaméha, falecido em
1813, tornou muito notavel o seu reinado pelo grande
impulso # deu á civilisação: submetteu a maior parte
destas ilhas, e fixou a sua residencia em Hanarura, na
ilha Woohn,
257 9
27 DE JULHO (Domingo).
LIMA E PONTE DE LIMA. — Desce o Lima das mon
tanhas da Galliza, entra em Portugal, e depois de ha
ver, passado por Ponte de Lima, lança-se no Oceano
abaixo de Vianna. Ao chegar áquella villa, ou para me
lhor dizer, á bella ponte de pedra que lhe dá o nome,
corre sobre um penedo de saibro em que se purificão as
suas aguas, e percorre um largo valle, cujo sólo, fecun
dado por ellas, faz crescer nas duas margens carvalhos
e arbustos que assombrão o rio. Esta verdura, esta som
bra, este frescor, a relva que alcatifa a base e o flanco
das collinas, a limpidez e excelleneia das aguas, tudo
ha concorrido para dar a este rio uma bem justificada re
putação. Mereceu elle aos poétas o nome de: Lethes, pelo
qual é bem conhecido. Conta-se que ao verem-se obri
gados a fugir a implacaveis inimigos os povos que habi
tavão junto ao Guadiana, se refugiaram nas solitarias
margens do Lima, onde em breve esquéceram a patria. As
legiões romanas que pela vez primeira penetraram n’es
ses sitios, commandadas por Junio Bruto, suspenderam
a sua marcha ao chegarem ás margens do Lethes, e ou
fosse porque presumissem estar perto das avenidas do
Tartaro, ou porque de sinistro agouro se lhes figuras
se aquelle nome, resistiram á voz dos chefes e recusa
ram ir ávante: afim de triumphar de sua resistencia,
que não previra, arrancou o general a aguia romana das
mãos do timido oficial que a arvorava, e entrando com
ella, no rio, a poucos momentos o seguio o exercito
inteirO. •
9 DE AGOSTO (Sabbado).
AUSENCIA.
Tanto se sofre na morte
Quanto na ausencia se sente !
Se a morte é ausencia eterna,
A ausencia é morte apparente:
JULIA... . . .
10 DE AGOSTO (Domingo).
NUS. — De um reverendo,
que era um maroto e embus
teiro reverendissimo, dizia
certo gracioso: «N'uma só
coisa tem fallado verdade o
padre fulano ; é quando diz
á missa.» Domine, non sum
dignus.
PRODIGIOSA MINA DE
SAL.—A de Vic, na provincia
de Lorraine, em França,
descoberta em 1819, occupa
um espaço de trinta léguas
quadradas, e calculou-se que
só no fim de 96,000 annos se
acharia esgotada, extrahindo
se-lhe cada anno um milhão de quintaes metricos de sal.
11 DE AGOSTO (Segunda feira).
SOCIEDADE DOS VEGETALISTAS. – Celebrou-se
ha pouco em Londres a 7.° reunião annual d’esta socieda
de. Consistio n'um banquete em que se não vião senão
farinhas d'isto e d’aquillo, arroz, queijo, alface, couve
flor, cenouras, espinafres, alcachofras, beldroegas, cebo
las, brocos, nabos, couve, repolho, bettarabas, pepinos,
batatas, chicoria, bringella, azedas, feijões, grãos, favas,
ervilhas, rabanos, rabanetes, lentilhas, fructa, etc. etc.
Fragmento de cousa que houvesse respirado e se ti
Vesse mexido, é que alli não appareceu. No meio
do banquete, se de tal nome lhe cabe a honra, levan —
tou-se o presidente, e fez um espiche á assembléa, no
qual declarou ser vegetaiista a grande maioria da huma
nidade: dous terços a tres quartos da especie "#
exclamou o bife (que a elles declarou guerra) não co
mem carne : atreve-se alguem a dizer que se todos fos
sem vegetalistas, não podiamos andar de botas nem de
sapatos, que são feitos com pelles de animaes; essa é
muito boa ! pois a gomma elastica e a gutta-percha não
substituem magnificamente o couro? as pennas d'aço não
são muito melhores do que as de ganço? (IIa votos) Os
médicos, dizem outros, recommendão carne ás pessoas
de constituição debil; pois deixal’os recommendar; eu
digo que se a maior parte dos doentes conhecesse me,
lhor a sua constituição, só hortaliça, legumes e fructos
comeria, e com isso se daria ás mil maravilhas. Erão ve
getalistas os soldados todos dos exercitos da antiga Gre
cia e Roma; os homens de ganhar em Smyrna, que são
os mais fortes de todo o mundo, e que chegão a levar as
suas 20 arrobas em cima do espinhaço, não comem se
não pão e uvas, e não bebem senão agua. A Companhia
Ingleza da Bahia de Hudson não dá agora aos seus em
pregados que fazem o trabalho mais violento senão dous
arrateis e meio de farinha, em vez de dous arrateis de
carne que por dia lhes dava antes. » +
sessief>TI==Aº Tsef=>size=
Na praia deserta que a lua branqueia,
Que mimo ! que rosa! que filha de Deus !
Tão pállida ! ao vel’a meu ser devaneia,
Suffoco nos labios os halitos meus !
*
"??? º macedonio marte houvera triumphado da Grécia,
22 DE AGOSTO (Sexta feira).
GOMMA ELASTICA. — Acrescentemos alguma cousa
mais ao que dissemos no dia 7 de Agosto do Alma
nach de 1851 :
A gomma elastica, ou caoutchouc, é o succo espesse
de varios vegetaes, muito differentes uns dos outros;
os que ministrão a maior quantidade do que se con
somme na Europa, são: a figueira elastica (ficus elastica)
do reino de Népaul, no alto Indostão, e o Hevoea Guya
nensis, arbusto da América meridional.
E' sabido a quantos usos tem a industria moderna ap
plicado a gomma elastica. E' com ella, dissolvida em
espirito de vinho ou em oleo essencial de terebenthina
por meio do calor, que se prepara o tafetá que serve
para os balões. Ha hoje outra substancia do mesmo ge
nero, a que se dá o nome de gutta-percha, que se em
prega em logar da gomma elastica; ignora-se a sua ori
gem, mas pensa-se geralmente que é uma variedade de
caoutchouc produzida pela figueira elastica, de que a
India tem grandes florestas, e preparada talvez por um
methodo particular.
Quanto ao modo por que se extrahe a gomma elastica
da Hevaea Guyanensis, transcreveremos o que a tal res
p;#creve
F8S]].
o doutor P., que habitou muito tempo no
«Cheguei uma noute, diz elle, a casa d'um pobre co
iono dos arredóres do Pará, que me mandara chamar
para um filho doente. A mãi estava sentada á porta,
occupada n'um trabalho que interrompeu mal que me vio:
"Pedi-lhe que me alumiasse. « Eu vou, me disse.» E foi
d'alli colher um fructo maduro d'algodoeiro com que
improvisou um pavio; pegou depois n'uma mão cheia de
sementes de mamona que tirou do pé d'uma planta;
moeu-as entre duas pedras chatas; deitou-as num cal—
deirão d’agoa a ferver que estava ao lume; escumou o
óleo com uma colher de páu; deitou-o num candieiro;
278
arranjou o pavio; accendeu-o, e appareceu a luz. De
pois de haver examinado o doente, e dito que não era
de cuidado a sua molestia, continuou a mulher a sua ta
refa. — « Que faz vossê?» lhe perguntei eu — Faço
gomma elastica, me respondeu ella : meu marido andou
todo o dia pelo bosque proximo, em busca de pés de caout
chouc, em cuja extremidade inferior fez um córte de que
sahio grande copia de seiva; eu agora é que faço o res
to. Vê estas fôrmas de-barro? metto-as dentro d'um vaso
cheio do succo liquido de caoutchouc, ponho-as depois
ao fumo """ por um fogo de madeira resinosa e
verde (ás vezes queimo-me os dedos, mas é o mesmo),
consolida-se immediamente a gomma e transforma-se
n’uma camada delgadinha; afiº"". nova porção de
seiva liquida, que igualmente se consolida, e vou repe
tindo esta operação até que chegue a gomma á grossura
# eu quero ; quebro então a fôrma em mil bocados e
ca-me só a gomma elastica. Sirvo-me ás vezes de fôr
mas semelhantes ás que os sapateiros põem dentro do
calçado, e faço por esse modo sapatos de caoutch ou *.*
Applicando o mesmo processo a uma meia cheia de
terra ou de areia e fechada em cima, obtem-se com a
maior facilidade meias de gomma elastica. •
porcos, que se == -
FESTAMENTO
DE EL-REI D. AFFONSO VI.
• 280
26 DE AGOSTO (Terça feira).
PANTHERA. — Mammifero pertencente ao genero: ga
to, e com a pelle toda cheia de pintas de diversas cô
res, pela maior
parte pretas
sobre um fundo
amarellado. A
cauda arrasta
lhe pelo chão.
E' originaria
da Africa sep
temtrional e
occidental, e
distingue-se
entre todas as
especies do mesmo genero por sua extrema ferocidade.
Asseverão alguns que attrahe a si os outros animaes com
a suave fragrancia que do corpo exhala.
27 DE AGOSO (Quarta feira).
BELGICA. — Derivão uns este nome de belgem: belli
coso; outros de: Beligio, que se diz haver sido Rei d'a
quellas partes em remotas eras. Como quer que seja, o
nome de: belgas é antiquissimo e a historia do seu paiz
famigerada em todos os tempos. No de Cesar, estendia
se a Belgica até ao Sena, e tinha por limites este rio, o
Marne, o Rheno e o Oceano, formando tudo parte das
Gallias. No tempo do Imperador Adriano acrescentou
se com o territorio dos Séquanos, dos Helvectios e dos
Lingones. Em tempos mais modernos, e até já em nos
sos dias, li## aos Paizes-Baixos, mas pela revo
lução de 1830 sacudio o jugo da Hollanda e constituio
se reino sobre si, com a fórma de governo representa
tivo que hoje tem.
#" não seja uma potencia européa, é de toda a Eu
ropa, e de todo o mundo, um dos paizes mais florescentes
e mais afortunados. É a Belgica o exemplar de que os por
tuguezes não devião nunca arredar os olhos, para se
encherem de salvadores brios e nobillissimas esperanças,
pois sem terem mais territorio do que nós, sem posses
sões ultramarinas que nós outros ainda conservamos tão
valiosas, com sólo bom mas inferior ao nosso, com um
clima que nem por sombras ao nosso se compara, sem a
variedade de exposições de que nós gosamos, sem as
vantagens geographicas que nós podemos alardear, con
visinhos de grandes industrias e grandes civilisações,
sobretudo da parte da França, com tres linguas distinc
tissimas, que são grande estorvo á sociabilidade, os bel
gas progridem de anno para anno no caminho da perfec
tibilidade por um modo espantoso, em quanto nós per
manecemos como que enraizados e petrificados. Tudo na
Belgica se nos avantaja : a agricultura, o commercio, a
industria, as artes, o movimento, o crescimento da po
pulação, n’uma palavra. Em quanto Portugal está ainda
a discutir se pôderá ter estradas, a Belgica vai coberta
de uma rede espessa de caminhos de ferro, de rios per
feitamente navegaveis e de canaes.
Se os dinheiros que entre nós não têem feito senão jo
gar na agiotagem, se a actividade intellectual e moral,
que ainda estamos desbaratando em discutir e em nos
guerrearmos uns aos outros, se vierem a empregar como
os dinheiros e como a actividade intellectual e moral dos
belgas, é infallivel, e de primeira intuição, que em pou
eas dezenas de annos Portugal sobrepujará á Belgica; e
será um dos paizes mais delíciosos de todo o globo. De
pende tudo de amanhecermos um dia com juizo.
7 DE SEPTEMBRO (Domingo).
/
ir apanhado:
— « De quem é a menina mais amiga, do papá ou da
mamã ? »
— « O mesmo. » •
13 DE SEPTEMBRO (Sabbado).
REMEDIO PARA OS OLHOS. — Um homem que an
dou doente dos olhos por muitos mezes, dado a curativos
que o ião cegando de todo em todo, entregou-se a final só
á natureza e poz-se bom; pelo que se não cançava de re
petir que a unica receita que a experiencia lhe havia
provado ser eficaz para a vista era fugir de pôr os olhos
em cousa que se parecesse com médico, cirurgião, ou
boticario.
20 DE SEPTEMBRO (Sabbado).
SUPERIOR A ACHILLES.— A fabula da invulnerabili
dade de Achilles é nada se se compara com a historia do
nosso valoroso Duque de Saldanha. Não ha nos 365 dias
do anno um só que não esteja marcado com a commemo
ração de alguma batalha, acção, refrega, ou escaramuça,
em que elle entrasse ; muitos dias mesmo resão de mul
tiplicados conflictos seus em diversos annos. Cousa po
rém prodigiosa ! expondo-se como tantos centenares de
vezes se tem exposto, tendo-lhe as ballas morto ou fe
rido gravemente, ora alguns dos seus ajudantes d'or
dens, ora todos, e por mais d'uma vez o proprio cavallo
que elle montava, o Duque nem levemente foi já mais fe
rido! Todas as balas, ainda as que mais intencional
Inente se lhe dirigem, trazem no sobrescripto o Guarde
Deus muitos annos, posto pela mão da Providencia!...
21 DE SEPTEMBRO (Domingo).
A CER H."Z EP O FBKESERTO.
CHARADA.
A. M. C.
#A#ENTOS,
Nº UMEI ALBUM H.
4 DE OUTUBRO (Sabbado).
CATHEDRAL DASSIZ. — Assiz, patria de S. Fran
cisco, nada tem de notavel senão a cathedral, digna
de ver-se por sua extraordinaria structura: compõe-se
de tres igrejas, collocadas, como um castellinho de car
tas, por cima uma das outras, e todas ricamente orna
das: é na do meio, e proximo ao altar mór, que está o
tumulo do santo. Fica a igreja á entrada da cidade, e
fºi construida no pontificado de Gregorio IX por um ar
«hitecto allemão.
314
5 DE OUTUBRO (Domingo).
MONTANHA DE TIJOLO. — Ainda não ha muito
que ao pé da estrada que leva de Londres a Li
verpool, e a umas sete léguas d'esta ultima cidade,
se admirava a enorme cheininé d'um estabelecimen
to de productos chymicos. Tinha 406 pés d'altura
sobre 46 de diametro na base e 17 no alto. Com
punha-se de tres milhões e meio de tijolos, pesan
do todos sete milhões d'arrateis, e havia custado
7,000 libras esterlinas, ou 31 contos de réis. Che
miné mais alta nunca em todo o Reino Unido se
havia visto.
Ilavendo-se fechado ha pouco aquella fabrica, fez
se saltar a cheminé. Fizeram-se á roda da base 14
buracos que se encheram de polvora e poz-se-lhes
fogo; foi um momento em quanto desabou aquella
massa immensa, deixando em seu logar uma eleva
da serra de tijolo.
(Almanach 53, pag. 111)
}
serviço á luz de archotes, d’onde resulta muitas vezes
arder a casa antes de terminada.
Os que têem edificação na visinhança estão condemna
dos a não dormir em quanto a empreitada não finali
sa. Apresentamos acima um modelo de casa chineza.
(A. 51.4 de Fevereiro, 24 de Julho, 19 de Novembro.
317 A. 52, p. 349. A. 53, p. 260. A. 54, p. 321)
9 DE OUTUBRO (Quinta feira).
TRIBUTO DE GRATIDAO. — A Ill.mº Ex.mº Sr.º D.
Maria Meiº" Pereira Pinto, digna esposa do Sr. Con
selheiro José Isidoro Guedes, Presidente do Asylo de
Mendicidade, e uma das socias fundadoras da Associa
ção Consoladora dos Afflictos, foi dirigida a seguinte
carta. Archivando-a n’este livrinho, só tenho em vista
patentear a S. E. toda a extensão do meu reconhecimen
to pela delicadeza e promptidão com que acolheu e fez
coroar de feliz exito a minha pertenção: #
////// …
//
12 DE OUTUBRO (Domingo).
CHARADA.
325
17 DE OUTUBRO (Sexta feira).
SEMANA. — Espaço de sete dias, começando no do
mingo e acabando no sabbado, ou, talvez melhor, co
meçando na segunda feira e acabando no domingo. Esta
divisão do tempo em periodos de sete dias, seis para o
trabalho e um para o descanço, receberam-na os chris
tãos dos judeus, que a estabeleceram em commemora
ção de se dizer no Genesis que-Deus fizera o mundo em
6 dias, e ao septimo descançara; mas os christãos, pa
ra se desencontrarem dos judeus, pozeram o seu dia de
repouso depois do d'elles. Os romanos não dividião o
tempo em sete dias, mas em nove, e os gregos em 10, uso
com que em parte se conformou o calendario francez ré
publicano :
Os nomes que damos aos dias da semana, de: segunda
feira, terça, quarta, etc., são os que lhes dá a igreja;
cabendo notar, que nem a Hespanha, nem a França, nem
mesmo a Italia, com ser a cabeça espiritual da chris
tandade, adoptaram tal uso nas suas linguas, antes to
das as tres continuão ainda hoje a empregar nomes pa
gãos, pois á segunda feira chamão: dia da lua; á ter
ça: de Marte; á quarta: de Mercurio; á quinta: de
upiter; e á sexta : de Venus; concordando só comnosco
em o nome de sabbado, que é hebreu, e no de domingo,
que é ecclesiastico (dominica), e significa tanto como :
dia do Senhor.
18 DE OUTUBRO (Sabbado).
EPITAPHIO DO MARQUEZ DE MARICÁ
(Composto por elle mesmo).
Aqui jaz o corpo apenas
Do Marquez # Mº?? ! ...
Quem quizer saber-lhe da alma
Nos seus livros a achará.
326
19 DE OUTUBRO (Domingo).
«HAVERA FELICIDADE NO MUNDO? — Haverá, mas
no coração do homem certo é que não existe ella perfei
ta. Esperar e desejar, é bom ás vezes, mas a felicidade
não está, não pode estar, nem na esperança, nem no
desejo. E se a esperança se realisar, se o desejo fôr sa
tisfeito, então isso é a felicidade decerto ? Pois não é ;
porque vem a desconfiança, vem a incerteza, vem a in
credulidade, vem o susto, vem tudo, perturbar o prazer,
que se não chega a gozar absolutamente completo; avi
var as saudades de um passado que não merece sauda
des; dar vida a novas esperanças que, se um dia se rea
lisarem, perderão o valor, o encanto, o prestigio, com
que a vaga imaginação as enriqueceu. Venha o feliz
triumphador, venha no momento da victoria, quando
todo um povo prostrado no pó, o admira, o louva, o
adora, e diga-nos se não tem no mais recondito esconde
rijo do coração uma tristeza profunda que lhe não deixa
gosar a felicidade da gloria, que lhe faz subir as lagri
mas aos olhos, quando mal nos labios se formou o riso
da alegria ? Venha o avarento, com todos os seus the
souros, cercado de gemmas preciosas, e de pilhas de
oiro, e diga-nos se a riqueza é a felicidade, ou se não º
antes a inquiétação de tôdas as horas; diga-nos se a ri
# não é martyrio, quando o susto se ergue pállido
iante dos olhos, e o terror cinge e aperta nos braços
descarnados o corpo fragil do avarento? Venha o ho
mem que a inspiração guiou pelos incommensuraveis
espaços da poesia, a quem a Providencia revelou alguns
dos sublimes segredôs que só de séculos a séculos ella
diz á humanidade pela bôcca dos poétas, e diga-nos se
nas horas silenciosas da noite, mas horas da solidão,
quando o pensamento oscilla incerto entre o passado e o
futuro, entre o real e o imaginario, entre a terra e o
céu, diga-nos se n’essas melançoiicas horas, ele se não
sentio pequeno e fraco diante da immensidade das cou
327
sas creadas; se não sentio infinita tristeza repassar-Ih e
a alma, se não pedio a Deus que lhe tirasse o dom fatal
do genio, que consome o espirito e lança na ####
ainda no verdor dos annos, os que o possuem ? Venha
tambem o amante que todos imaginão, que todos julgão,
perfeitamente ditoso, porque passa a vida aos pés da
mulher que adora, escutando-lhe palavras e suspiros
que recendem ternura, venha o amante n'esse mesmo
momento em que recebe num estasis de paixão as mais
ardentes, as mais fascinadoras provas de amor, e diga
nos se não sente a melancholia passar sobre a sua felici
dade, como a nuvem ligeira sobre a face do sol em dia
de primavera; diga-nos, se vago e indefinido receio o não
faz subitamente estremecer, quando elle descuidoso se
entrega aos encantos de uma ventura que nada parece
ameaçar ? -
AMOR MIATERNAL
CANÇÃo.
Como ao ténue passarinho Mãi das mãis, ó Providencia,
Conchegado em brando ninho Guias a minha innocencia
A mãi dá vida e calor, Para o caminho do bem ;
Minha mãi por mim velava Pozeste um anjo a meu lado,
Com extremoso carinho, Todo amor, todo paciencia ;
Com ternura e com amor. Oh ! este anjo é minha mãi !
A EXISTENCRA BE BEUS,
(ANACHREONTICA.)
Suscitou comigo Eurinda [De repente, e sem fallar,
Sublime disputa um dia, Confundi Eurinda bella:
ual a existência de Deus Ella apontou para o sol,
om mais rasões provaria. Eu apontei para ella.
Antonio Cyro Pinto Osorio (Brasileiro).
Frientisis"…TE…>fs>
?" disse á estrella o caminho
ue ella hade seguir no céu ?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu ?
Quem diz á planta : « Florece ! »
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda,
Os fios quem lh'os enreda?
Ensinou alguem á abelha,
Que no prado anda a zumbir,
Se á flor branca ou se á vermelha
O seu mel hade ir pedir ?
Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem....
Ai! não m’o disse ninguem.
Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrella,
Como ao ente o proprio fado
Por instincto se revéla,
Eu no teu seio divino
Vim cumprir o meu destina,
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.
Visconde d'Almeida Garrett.
343
8 DE NOVEMBRO (Sabbado). - Y
#-3
i#
">
É=
9 DE NOVEMBRO (Domingo).
PHILIPPOLIS OU PHILIPPOPOLIS. — E' uma cidade
da Turquia européa, na Romelia; tem uns 30,000 habi
tantes; foi destruida quasi inteiramente por um terre
moto em 1808, e havia sido edificada originariamente
or Filippe de Macedonia, pai de Alexandre Magno. O
undador tinha-a appellidado: Ponéopolis, que vale tan
to como: cidade de má gente, em razão de a ter povoadp
com homens da Phócide, por quem fôra saqueado o tem
plo de Delphos; os moradores porém pagaram a desfei
ta com um obsequio, e chrismaram a cidade, dando-lhe o
nome, que sempre depois ficou tendo, do seu*#
10 DE NOVEMBRO (Segunda feira).
AMOR E COADJUVAÇAO. — E o titulo de uma So
ciedade que em França acaba de ser instituida, e de que
já fazem parte muitas notabilidades em todos os ramos.
Se fosse possivel conseguir que os homens todos verdadei
ramente se amassem, n'esse intimo sentimento se apoia
ria, não só a mu
tua coadjuvação, mas
até a prosperidade
dos povos. Acaba
rião por uma vez,
as intrigas, as ca
lumnias, as malque
renças, as invejas,
as inquiétações do
mesticas, as guer
ras, e todos quantos
desastres d’isso tudo
se originão !.... Fi
gura-se, não obstan
---- te, méra utopia um
tal projecto, pois fôra indispensavel para que vingasse
extirpar do coração humano o egoismo, que predomina
em todos os actos da vida, e sejão quaes fôrem, o sexo, a
idade, a condição, e as circumstâncias, ainda as mais
felizes.
11 DE NOVEMBRO (Terça feira).
COUSAS EM QUE SE NAO PODE ACREDITAR. —
Diz um critico (eu não, ainda assim ! ...) que são as
seguintes — Juramentos, finezas, promessas de casa
mento, lérias de janotas, religião das beatas, lagrimas
de mulheres, prognosticos de médicos, vaticinios de al
manachs, noticias de periodicos, chôro de viuvas, indi
cios de bom tempo, quebras de fallidos, e discursos de
deputados.
345
12 DE NOVEMBRO (Quarta feira).
TOCA A BEBER.
2
} Cortinha, campo chegado á casa.
Tardo, é o diabo que a deshorasapparece nos ea
min os na fórma d'um carneiro.
(3) Corredor, é a pessoa que em figura de cão ou bur
ro corre de noute até que lhe fação sangue.
(4) Rodilha, panno torcido que mettem debaixo dos
pesos que levão á cabeça.
}6
Envasilha, todo o vaso que leva liquidos.
Encerar, ir direito a algum sitio.
7 Formada, o grão que cada semana fazem moer e
de que fazem o pão,
347
Ora, como via «Santinha, ao meu sacco
Não posso dizer, . Não me deita a mão ?
Só sei que a dormir Sósinha me custa
Me fui lá metter. Erguel'o do chão. »
Os altares tinhão «Irmã, eu não posso,
Accezas as luzes; Me diz, ajudal'a;
Estavão cobertos Morri tão fraquinha,
Os santos e as cruzes. Que nem tiro a falla (2).
No corpo da igreja Tem esse da esquerda
Que povo que havia!... (1) Talento (3) e poder,
Mas tão caladinho, Que morreu de subito
Que nada se ouvia. Estando a comer. »
E frades sem conta Acórdo de susto,
Lá no altar mór, Alanco (4) a fornada,
Queimavão incenso E saio tremendo,
Em honra ao SENHOR, De medo gelada.
Pousei o meu sacco, Dera meia noite
E puz-me a rezar, Na torre da igreja;
Não crendo que a missa Como então me via
Podesse tardar. Ninguem mais se veja !....
Mas eu tinha pressa, Depois bom remedio
A missa não vinha, Fui descortinar;
E disse á direita Por ser proveitoso
A uma visinha : O quero ensinar.
Abrace um burrinho
Nascido de pouco,
Quem queira escapar
A sonhar tão louco.
Maria Peregrina de Sousa.
E sempre o pé da desdita
Esmagando esp'ranças vás,
Desde a infancia, que palpita,
Até ao murchar das cãs !
Sempre a sorte em bens escaça,
Só profusa na desgraça,
Que derrama a plenas mãos,
Em vez de premios, castigos,
E o rancor dos inimigos
Em vez do affecto d'irmãos!...
A_\, <=#######E"#Fº!
Sou filho teu: meus ossos cobre ao menos,
Terra da minha patria, abre-me o seio.
(GARRET — CAMÕES C, X.)
Correi sobre esta campa alevantada,
Lagrimas tristes minhas, orvalhai-a,
ué a aridez do sepulchro em torno vejo.
Oh! flor de poesia, flor tão bella,
Quem entre os goivos te esfolhou da campa ! ...
Eras cedro frondoso, que a folhagem
Ostentava co’o sol da primavera;
Hoje a sêcca raiz ao ar assopra
O rijo furacão que o vento impelle ! ...
Collosso de poesia e sentimento,
Brilhavas entre os genios, tão altivo
Como ao vento do sul se embala ufana
A palmeira gigante do deserto.
Eis sumida no occaso derradeiro
Essa estrella polar da nossa gloria!...
Do sacro lume o fulgurar tão vivo,
Scintillou... scintillou... e alfim sumio-se !...
Como o cysne inspirado e agonisante,
Ultimo canto exprime em voz solemme,
Finaes accentos de quebradas notas,
Onde o sêllo da morte já se imprime,
Tal nos déste o teu canto derradeiro,
Folhas — folhas cahidas — desprendidas
Da tão florida cºrôa que cingia
A mais nobre cabeça!... Salve, genio !
A beira do sepulchro hoje revives;
Não já na forma material e humana,
358
Mas sim gigante espirito, desprendes
As azas ponderosas, e revôas
Da eternidade ao seio, e desce á campa
O involucro mortal onde os thesouros
Immensos de poesia se encerravão !
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • * *
R##### !
Mas ai de mim
Se ha boi matreiro ! * * #
359
27 DE NOVEMBRO (Quinta feira).
RAMALHETINHO DA PUERICIA. – E' uma publica
çãosinha creada pelo Director da Eschola Normal Prima
ria de Lisboa, o Sr. Luiz Filippe Leite.
Os numeros 1 e 2 (Deveres dos meninos), 3 (Preceitos
Hygienicos em verso), 4 (Jôio, em verso tambem) por
ora impressos, têem tido um acolhimento, que bem prova
a estimação em que são tidas obras d’estas, pequenas no
formato e no preço — pois cada livrinho se vende por 20
réis — mas grandes no alcance que para a educação popu
lar têem innegavelmente. O Sr. Leite, metrificando quasi
todos os tractados que em miniatura vai dando para as
escholas primarias de um e outro sexo, e para o ensino
domestico, illustrando-os de gravuras, tornando-os in
teressantes e appetitosos pelo tempero que sabe dar á
phrase, faz um verdadeiro serviço. A imprensa da capi
tal e das provincias saudou está util empreza, pagando
aos esforços com que o seu author se consagra a assum
ptos que interessão altamente a instrucção nacional, um
tributo devido. Nós, dando n’este livro noticia da obra, e
contribuindo para que o Ramalhetinho seja cada vez
mais conhecido, levamos aqui um bom conselho aos
pais e mãis de familia e aos professores de instrucção
primaria, a quem muito interessa conhecerem e adqui
Tirem a collecção que recommendamos.
28 DE NOVEMBRO (Sexta feira).
JEJUNT D'ABBADE.
Certo prelado almoçava « Almocei já duas vezes»;
Quando chegou outroabbade;|Torna este: «Isso é commum;
Off'rece um, recusa o outro;|Almoce tres» «Não, não posso
E o porque diz em verdade: Que hoje é dia de jejum.»
Visconde da Pedra Branca ("";}
29 DE NOVEMBRO (Sabbado).
s_> "He Aia_>IIf__H}e
30 DE NOVEMBRO (Domingo).
Antonio da Cunha.
M8BEL6 BE REQUER#ENTOS,
Assevera-nos quem deve sabel'o que o seguinte fôra
lançado na caixa da Secretaria da Guerra ! ....
• « SENHORA. »
Diz Fulana de tal, Viuva, que foi casada com o faleci
do defuncto fulano de tal, Capitão Mór da bicha, ordenan
gas, ou chuços, como a VOSSA MAGESTADE mais con
ta fizer, que na vida do finado
nunca a ella lhe faltou o preciso,
e ao presente, pelas trapalhadas
d’estas cousas que VOSSA MA
GESTADE muito bem hade sa
ber, se acha no ultimo aquarte
lamento da vida, sem ter nem
ara o seu tabaco nem para a
ruxa da noute, que é o que ás
vezes ainda lhe custa mais que
o pão; e como ella, e o seu de
functo, e todos os defunctos seus ascendentes, sempre
foram vassallos mui legitimos, e lhe aborrece ver tanta
miseria em sua casa,
Pede a VOSSA MAGESTADE seja ser
vida mandar essa gente das côrtes, ou
do jury, ou como é que se chama, que
lhe paguem a mensalidade d'uma me
sada mensal todos os mezes, que não
seja menos de seis mil réis, que as
sim mesmo não é de mais. Assim Deus
ajude a sua alma. E R. M.
370
11 DE DEZEMBRO (Quinta feira).
PÉGADA DE CEYLÃO. — No cume da mais alta ser
ra da llha de Ceylão, em que tanto se distinguiram os
nossos antepassados, ha uma pequena planicie de 30
passos de diametro, no meio da qual está uma pedra
mais alta dous covados que toda a planicie, a modo de
meza, e no meio d’ella se vê impressa uma pégada d'ho
mem. Terá de comprido dous palmos, e dizem os na
turaes da ilha que é a de um homem que alli foi ter,
e ali esteve muitos annos, prégando a crença de um
só Deus, creador do céu e da terra. De pontos muito
distantes concorrem áquelle sitio peregrinos da gentili
#" parte do Oriente a venerarem a famosa
pegada.
«Podemos com probabilidade afirmar (disse o Padre
Bartholomeu Guerreiro, da Companhia de Jesus, n'um
sermão em dia de S. Thomé no anno de 1623) que a
#"? que em um alto monte está hoje impressa na
lha de Ceylão, e que a gentilidade dos Chingalás tem
por do primeiro homem, foi de S. Thomé, pois não lhe
escapou esta ilha da prégação do Evangelho. »
12 DE DEZEMBRO (Sexta feira).
/>
DEDICAÇAO MATERNAL. — Appareceu já ha muitos
annos um navio naufragado proximo a um banco d'areia,
no Mar Pacifico. Entrou-se dentro, e uma das primeiras
cousas que se vio, foi o cada ver d’uma pobre mulher,
que morrera apertando contra si um pobre innocenti
nho, que ainda respirava, e avidamente estava chu
pando algumas gottas de sangue que sahião de um dos
peitos da mulher: presumio-se que era a mãi, que á
falta de leite rasgara o seio para alimentar o filhinho!...
D'este facto, logo depois de occorrido, deram noticia
todos os jornaes, e merece na realidade ser registado no
"#" dos innumeraveis documentos do amor materno.
13 DE DEZEMBRO (Sabbado).
MODO DE AFUGENTARRATOS. — Havia tantos como
praga em uma casa d'Alfama, e por mais ratoeiras que se
armassem, não º
havia dar-lhes
cabo da pelle.
Que faz o in
quilino ? agar
ra n’um, põe
lhe um gui
zo ao pescoço,
dá-lhe a liber
dade, e tal ba
rulho faz este d’ahi em diante, que serve de espanta
jho aos outros, e não haver mais nenhum.
14 DE DEZEMBRO (Domingo).
CHARADA.
UM V678 BE GRAFBÃO
0fferecido á Exm.º Snr.º D. Maria José da Rocha.
Quanto existe mais nobre em minha alma,
E mais puro no meu coração,
Eu vos dou como prova d’affecto,
De sincera e fiel gratidão.
Sois tão boa qual foi minha mãi,
Que a meus beijos roubou fado atroz;
Outra, affavel e terna como ella,
Outra mãi reconheço hoje em vós! ...
Vossas filhas são minhas irmãs,
Pois me dão provas mil de amizade;
Vosso esposo é meu pai; em vós todos
Do céu vejo a suprema bondade.
Oh ! tão longe da terra natal,
Que seria de mim sem vos ter ?!
Luctaria com meus infortunios,
Que de dôr me farião morrer ! ....
SONETO.
M. J. da Silva canuto.
21 DE DEZEMBRO (Domingo).
ANTES QUE CASES OLHA O QUE FAZES-Conclue as
sim um poéta os seus conselhos em materia de casamento:
« Quem casa não case ás cegas,
Mas seja sagaz e astuto,
Argos em ver os argueiros;
E nos lances lynce agudo;
Que uma vez lançada a sorte,
Surte effeito e fica surto ;
O alvedrio e seu fadario
Correm depois sem recurso.
376
22 DE DEZEMBRO (Segunda feira).
WASHINGTON. — E' incontestavelmente o maior vul
to dos tempos modernos. Nasceu a 22 de Fevereiro de
1732 na Virginia (A. 51, 23 de Novembro). Foi a princi
pio medidor de campos e propriedades ruraes, feitor
de varias fazendas, e senhor a final, por morte de seu
irmão, de uma grande fortuna. Exerceu sem vencimento
mil cargos publicos, deu, á républica uma grande parte
de seus bens, e nunca d’ella recebeu cousã alguma. O
General que dirigira to
da a guerra da indepen
dencia, e que durante
oito annos fôra Presi
dente dos Estados Uni
dos, só deixou a sua for
tuna patrimonia!, au
g m e n ta d a com uma
grande ecónomia do
mestica, fortuna que se
elevava a tres milhões.
Esse desinteresse de
Washington foi uma de
suas mais bellas quali
dades, e só nas antigas
républicas se achão se
melhantes exemplos.
Fazião perfeita liga, o
seu caracter grave, digno, e reservado, e a sua extraor
dinaria actividade de corpo e maravilhosa promptidão de
espirito. Possuia sobre tudo essa força, essa persisten
cia de vontade, que de tantas cousas são alma e segre
do. Major # de todas as tropas da Virginia na idade
de 19 annos, distinguira-se nas guerras que incessante
mente rebentavão entre francezes e inglezes a proposito
dos limites de suas respectivas possessões ao norte da
*#* Estava já pois améstrado na guerra quando re
bentou a insurreição contra a metrópole em 1775. Para
bem se avaliar Washington fôra necessario passar em
revista os diversos incidentes d'essa lucta concluida em
1783 pelo tractado de paz que reconheceu a independen
cia dos Estados Unidos. Depois de haver dado baixa á
milicia americana, entregou ao congresso, escripta por
sua propria mão e apoiada com todos os documentos
justificativos, a conta de todas as despezas da guerra, e
retirou-se para o seu dominio de Mont-Vernon, rece
cebendo do seu paiz, como unica recompensa, o ser-lhe
entregue franca de porte toda a sua correspondencia !
Consagrou-se então á agricultura, a melhorar as estra
das e a navegação interior, fundou dous collegios, etc.;
como porém o espirito federal perturbasse a unidade
da républica e ameaçasse a sua existencia, fez sentir
Washington a necessidade d'um poder central. Reupio
se para esse fim uma Convenção na cidade de Philadel
pº em 1787, e foi eleito Presidente, por insinuação de
"ranklin (A. 51, 11 de Junho, A. 53, p. 60 e 94, A. 54,
p. 194). Eleito em seguida Presidente da républica por
quatro annos, foi reeleito em 1793. Estava então a répu
blica franceza em todo o seu horror, e pretendendo Was
hington conservar-se neutral, recusou a presidencia por
3.° vez e retirou-se de novo para o seu dominio; havendo
porém o Directorio de França ameaçado os Estados Uni
dos, foi Washington encarregado de organisar o exercito,
e com tanto zelo o fez, que d’ahi lhe proveio uma grande
inflammação intestinal que o roubou á patria a 14 de de
zembro de 1799. Superior aos heróes da antiguidade,
sem modelo e sem émulo entre os modernos, mudou uma
colonia em metrópole, fez uma nação d’uma provincia
ingleza, e creou uma républica em que soube manter e
fazer respeitar a liberdade. —Acima fica o seu retrato. —
BRAÇOS CRUZADOS. — O homem que mais fez n’este
mundo (diz Balzac) foi Napoleão, apesar de se não pintar
nunca senão com os braços cruzados. 378
1
23 DE DEZEMBRO (Terça feira).
CANAL AÉRE0. — Se fordes um dia á Grá-Bretanha e
tiverdes de atravessar o estreito de Menai, em que as
aguas do mar da Irlanda e do canal de S. Jorge se arre
messão contra elle com tamanha, furia que dificilmente
resiste ao seu embate a mais valente embarcação, po
dereis subtrahir-vos aos perigos de navegação tão arris
cada, transpondo-o pelo ar em caminho de ferro ! Pa
rece impossivel, mas que importa isso, se os impossiveis
são hoje realisaveis! Eis como se executou esse temera
rio pensamento.
Fizeram-se dous tubos horisontaes, de grandissimo
diametro, e collocaram-se parallelamente, um para a
ida e outro para a vinda, descançando ao comprido e nas
extremidades em solidos pilares de pedra de cantaria.
Foi a 18 de Março de 1850 que principiaram a ser percor
ridas essas longas e estreitas galerías de 15 pés de lar
gura e 30 d'altura, por baixo das quaes, e a 100 pés de pro
fundidade, passão navios á vela e vapores de todas as di
mensões. Só quatro annos levou a execução d'esta obra
gigantesca, em que se empregaram umas 640,000 libras,
ou 2,880 contos de réis da nossa moeda. Para ajuizar
da sua solidez bastará dizer que immensos carrões
cheios de carvão, e pesando ao todo, com as locomo
tivas que lhes davão impulso, 47,600 quintaes, corre
ram uma vez por alli fóra, sem que dessem de si as
enormes pilastras que sustentão os tubos, cuja exten
são é de 454 metrôs, ou perto de 1,400 pés, exten
são que se atravessa em quatro ou cinco minutos, quan
do muito. ,
EPITAPHIO DE MENAGE.
F#\\|.
383