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Unidade II

Unidade II
5 RECONHECIMENTO E INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO

5.1 Identificação visual e táctil

Como anteriormente tratado, a identificação táctil‑visual é um processo rápido e barato, além


de prático, na identificação de solos, sendo, portanto, de grande valia para a engenharia civil em
obras geotécnicas.

Por meio dessa análise podemos agrupar os solos com características semelhantes e, assim, planejar
quais os ensaios mais específicos de caracterização iremos fazer na amostra de solo.

Os testes são muito simples e rudimentares, entretanto, nos possibilita obter informações importantes.
Logo, devemos aplicar um critério bem definido, com treinamento feito por profissionais em laboratório.

O passo a passo para realização da classificação táctil visual inicia‑se pela separação de uma pequena
quantidade de solo que é misturada com um pouco de água. Essa massa é colocada na palma da mão e
sentida com as pontas dos dedos.

Caso seja um solo arenoso, a mistura permite sentir que os grãos são ásperos ao tato e apresentam
partículas que são visíveis a olho nu, permitindo, muitas vezes, o reconhecimento de partes de minerais.
Possui uma péssima plasticidade, e os grãos da amostra se separam facilmente. O solo mais arenoso é
lavado facilmente quando em contato com água, portanto os grãos de areia são limpos rapidamente
das mãos, reduzindo os resíduos presos na palma da mão.

Caso seja um solo siltoso, a mistura apresenta‑se menos áspera do que a areia, sendo perceptível
visualmente e ao tato. Entre siltes grossos e areias finas, a distinção não é possível sem o auxílio de
outros testes de laboratório. O silte apresenta uma boa plasticidade, mas não tanto quanto em amostra
de argila. O solo mais siltoso tem maior dificuldade para ser limpo da palma da mão, só saindo depois
de bastante água e algumas esfregadas de forma repetitiva.

Caso seja um solo argiloso, quando misturado com água, a mistura tende a se espalhar entre
os dedos, apresentando uma semelhança com uma pasta de sabão escorregadia. Quando seco, os
grãos finos das argilas proporcionam uma sensação similar a um talco e/ou farinha. O solo mais
argiloso, em contato com a água na palma da mão, mostra certa dificuldade em se desprender,
impregnando na pele e sendo necessário esfregar a palma da mão mais tempo para limpá‑la.
Possibilita também a moldagem de objetos, possuindo elevada plasticidade. Quando seco, possui
grande resistência.

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5.2 Métodos de exploração do subsolo. Profundidade, locação e número


de sondagens

Na fase de investigação e exploração do subsolo, que acontece em um projeto de engenharia, o mais


comum é empregar métodos diretos como sondagens à percussão, a trado e rotativa, aberturas de poços
e até mesmo trincheiras para obter informações sobre o subsolo.

5.2.1 Sondagens de simples reconhecimento

O método mais comum de reconhecimento do subsolo é a sondagem de simples reconhecimento,


que é objeto da norma brasileira, a NBR 6484. É ponto de partida para programas mais detalhados de
investigação e é o mínimo a ser exigido.

Para efeito didático, pode‑se dividir o procedimento para execução de uma sondagem de
simples reconhecimento em três etapas, que são: perfuração, amostragem e determinação da
resistência a penetração.

5.2.1.1 Perfuração

Nas sondagens de simples reconhecimento, a perfuração do terreno é iniciada usando‑se trado tipo
cavadeira, com 10 cm de diâmetro. Repetidas operações com o trado e a inserção de hastes verticais vão
aprofundando o furo.

Em certas situações, o furo não se mantém. Isso acontece principalmente em solos com alto teor
de areia ou com poucos finos, ou ainda em argilas muito moles. Introduz‑se então no terreno, por
cravação, um tubo de revestimento de 2,5 polegadas de diâmetro. Por dentro desse tubo, a perfuração
pode continuar com trado espiral, ainda acima do nível d´água.

A figura a seguir apresenta alguns tipos usuais de trado.


Equipamentos

Tubo
galvanizado

Tipo balde Tipo helicoide

Haste Trado cavadeira Trado espiral

Figura 27 – Tipos mais comuns de trados

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5.2.1.2 Determinação do nível d’água

A perfuração por trado é mantida até ser atingido o nível d’água (NA), ou seja, até que ocorra
o surgimento de água no interior da perfuração. Quando isso ocorre, registra‑se a cota do NA e
interrompe‑se a operação para se observar se o NA se mantém na cota atingida ou se ele se eleva
no tubo de revestimento. Se isso ocorrer, é indicação de que a água se encontrava sob pressão;
dessa maneira, aguarda‑se a estabilização do NA e registra‑se a nova cota. A diferença entre
esta última cota e a cota em que foi inicialmente atingida a água informa a pressão a que está
submetido o lençol.

Níveis d’água sob pressão são bastante comuns, principalmente na situação em que camadas de areia
são recobertas por argilas, que são relativamente muito mais impermeáveis. Algumas vezes, encontra‑se
mais de um lençol freático. São lençóis suspensos em camadas argilosas. Cada um desses lençóis deve
ser detectado e registrado.

5.2.1.3 Perfuração abaixo do nível d’água

Após atingido o nível d’água, a perfuração deixa de ser realizada a trado e deve prosseguir com a
técnica de lavagem com circulação d’água. Uma bomba d’água motorizada injeta água na extremidade
inferior do furo, através da haste, por dentro do tubo de revestimento.

Na figura a seguir na extremidade da haste existe uma ponteira denominada trépano, que
apresenta ponta afiada e dois orifícios pelos quais a água sai com pressão. A haste é repetidamente
levantada e deixada cair de cerca de 30 cm de altura. A sua queda é seguida de um movimento
de rotação imprimido manualmente pelo operador na barra horizontal existente no topo da
haste. Essas movimentações provocam o destorroamento do solo no fundo da perfuração e,
simultaneamente, a água injetada pelos orifícios do trépano ajuda na desagregação, além de
transportar as partículas do solo que foram desagregadas à superfície pelo espaço entre a haste
e o tubo de revestimento.

A perfuração por lavagem é mais rápida que a trado. Ela só pode ser empregada abaixo do NA, para
que não altere a umidade do solo.

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Figura 28 – Perfuração por lavagem e detalhe do trépano

5.2.1.4 Amostragem abaixo do nível d’água

O material recolhido pelo trado no processo de perfuração é submetido a exame táctil‑visual, no


próprio campo, para identificação do tipo de solo existente. O material trazido pela lavagem, todavia,
não permite um bom exame de classificação do solo, sendo que apenas mudanças acentuadas do tipo
de solo podem ser detectadas por esse método.

Além do material recolhido pelo trado e o levado até a superfície pela lavagem, um outro tipo de
amostragem é executado a cada metro de perfuração. Para essa amostragem, utiliza‑se um amostrador
padrão, constituído de um tubo de 34,9 mm de diâmetro interno e 50,8 mm de diâmetro externo, com
a extremidade cortante biselada. A outra extremidade, que é fixada à haste, tem dois orifícios laterais
para saída de água e ar e uma válvula constituída por uma esfera de aço.

O amostrador é fixado à haste e apoiado no fundo da perfuração. A seguir, é cravado pela ação de
uma massa de ferro, denominada martelo, de 65 kg, que é elevado a uma altura de 75 cm e deixado cair
livremente. O alteamento do martelo é feito manualmente, mediante uma corda flexível que passa por
uma roldana existente na parte superior do tripé. A cravação do amostrador no solo é obtida por quedas
sucessivas do martelo, até que ocorra a penetração de 45 cm, tal como na figura seguinte.

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Figura 29 – Amostrador padrão e detalhe de sua cravação

A amostra colhida é submetida a exame visual‑táctil, tendo suas características principais anotadas.
Essas amostras são então guardadas em recipientes plásticos para análises posteriores.

5.2.1.5 Resistência à penetração (SPT)

Durante a amostragem são anotados os números de golpes realizados com o martelo, necessários
para cravar cada um dos três trechos de 15 cm do amostrador, que tem comprimento total de
45 cm, desprezando‑se os dados referentes ao primeiro trecho de 15 cm, pois aí o solo é afetado pela
perfuração, e define‑se o índice de resistência à penetração como o número de golpes necessários para
cravar os 30 últimos centímetros do amostrador, após aqueles primeiros 15 cm desprezados.

O índice de resistência à penetração é também é chamado de NSPT ou SPT do solo, sendo SPT as
iniciais de Standard Penetration Test; já o “N” significa o número (number), como pode ser visto na
figura a seguir.

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Escavado com trado,


copo ou esperial

100 cm
Nº de golpes 1º) 15 cm

Nº de golpes 2º) 15 cm

Amostrador
45 cm
Soma-se
Nº de golpes 3º) 15 cm

Figura 30 – Representação da amostragem e registro do NSPT

Exemplo de aplicação

A 5,0 m de profundidade fez‑se a determinação do SPT com os números de golpes, resultando os


valores da tabela a seguir

Tabela 7 – Exemplo de resultados do ensaio SPT

Trecho 15 cm 15 cm 15 cm
Golpes/cm 5/15 7/15 8/15

O NSPT é a soma dos dois últimos trechos, ou seja, 7+8 = 15.

Note‑se que se diz que o NSPT à profundidade de 5,0 m é 15, embora ele tenha sido medido entre
as profundidades de 5,15 e 5,45 m.

Por causa da resistência à penetração, o estado do solo é classificado segundo as tabelas a seguir, de
acordo com a especificação da NBR 6484.

Tabela 8 – Areias e siltes arenosos

SPT Compacidade
0a4 Fofa
5a8 Pouco compacta
9 a 18 Mediamente compacta
19 a 40 Compacta
Acima de 40 Muito compacta

Adaptado de: ABNT (1980).

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Tabela 9 – Argilas e siltes argilosos

SPT Consistência

>2 Muito mole

3a5 Mole

6 a 10 Média

11 a 19 Rija

Acima de 19 Dura

Adaptado de: ABNT (1980).

O índice NSTP indica, basicamente, uma resistência relativa do solo in situ. Esse índice é usado em
muitas correlações para determinação de parâmetros de projeto e, portanto, o ensaio deve ser bem
padronizado, para que se possa ter resultados confiáveis.

Deve‑se ressaltar que a sondagem de simples reconhecimento com uso de medida do SPT
é, de longe, a investigação mais utilizada em estudos de fundações e, na maioria das vezes,
é a única sondagem realizada, pois é relativamente barata e fornece dados indispensáveis
para o projeto.

Lembrete

Não se esqueça de que o NSPT é a soma dos dois últimos trechos de


15 cm da penetração do amostrador.

5.2.2 Apresentação dos resultados de sondagem

Os resultados são apresentados em perfis do subsolo, como mostrado na figura a seguir, em


que são descritos cada solo encontrado; as cotas correspondentes a cada camada; a posição do(s)
NA(s) e sua eventual pressão; a data em que foi determinado o NA; e os valores da resistência
à penetração levantada em campo. Quando não ocorre a penetração de todo o amostrador,
registra‑se o SPT em forma de fração, por exemplo, 30/12, indicando que de um total de
30 golpes, houve a penetração de 12 cm.

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Figura 31 – Resultado de uma sondagem de simples reconhecimento

Sondagens feitas próximas entre si permitem o traçado de seções do subsolo, ligando‑se as cotas
dos materiais semelhantes, por interpolação, com a suposição de que as camadas sejam contínuas,
como mostrado na figura a seguir.

Figura 32 – Seção do subsolo interpolada a partir de sondagens de simples reconhecimento

Observação

No boletim de sondagem é muito importante inserir a data em que foi


determinado o NA (nível de água).
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5.2.3 Programação de sondagens quanto à profundidade e número de sondagens

A programação de sondagens de simples reconhecimento para o estudo de fundações de prédios


consiste em definir:

• o número de sondagens;

• a localização das sondagens em planta;

• a profundidade das sondagens.

A norma brasileira NBR 8036/83, denominada “Programação de Sondagens de Simples Reconhecimento


dos Solos para Fundações de Edifícios”, prescreve algumas recomendações úteis, descritas na sequência.

5.2.3.1 Número de sondagens

A NBR 8036/83 recomenda que o número de sondagens seja função da área (A), de construção
projetada em planta do edifício, conforme resumido a seguir.

• A ≤ 200 m2 ⇒ 2 sondagens.

• 200 m2 < A < 400 m2 ⇒ 3 sondagens.

• 400 m2 < A < 1200 m2 ⇒ 1 sondagem para cada 200 m2 que excederem os 400 m2.

• 1200 m2 < A < 2400 m2 ⇒ 1 sondagem para cada 400 m2 que excederem os 1200 m2.

• A > 2400 m2 ⇒ fixado de acordo com o plano particular da construção.

5.2.3.2 Localização das sondagens

Procura‑se obedecer às seguintes recomendações:

• distribuição homogênea na área projetada da construção;

• distância entre as sondagens aproximadamente iguais;

• evitar extrapolações (grandes trechos sem sondagens);

No caso de três ou mais sondagens, nunca distribuí‑las ao longo de uma mesma reta, para que se
possa ter indicações sobre eventuais inclinações das camadas do subsolo.

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5.2.3.3 Profundidade das sondagens

Para definição da execução de sondagens de simples reconhecimento dos solos, a NBR 8036
recomenda que as sondagens sejam levadas até uma profundidade tal, em que o solo não seja mais
significativamente solicitado pelas cargas estruturais, fixando como critério a profundidade tal que
o acréscimo de tensão no solo, devido às cargas estruturais aplicadas, seja menor que 10% da tensão
vertical efetiva de peso de terra.

Para obtenção dessa profundidade, a norma fornece o gráfico apresentado na figura a seguir, em que:

q: tensão média sobre o terreno (peso do edifício dividido pela área em planta).

γ: peso específico natural (ou submerso, abaixo do NA) médio para os solos ao longo da profundidade
em questão.

B: menor dimensão do retângulo circunscrito à planta da edificação.

L: maior dimensão do retângulo circunscrito à planta da edificação.

D: profundidade da sondagem.
L = 1 2 3 5 8 15 ∞
B
1000
500
400
300
200

100
50
40
30
20
q/0,1 B

10
5
4
3
2
1
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,1 0,5 1 5 10 50 100
D/B

Figura 33 – Gráfico para estimativa da profundidade D de sondagem

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A medição da profundidade deve ser feita a partir da superfície do terreno, não se computando para este
cálculo a espessura da camada de solo a ser eventualmente escavada. No caso de fundações profundas, a
medição da profundidade deve ser feita a partir da provável posição da ponta das estacas ou base dos tubulões.

Deve‑se salientar que essas recomendações de profundidade são meramente indicativas, pois a
profundidade vai depender essencialmente das características geotécnicas do subsolo e devem ser
adaptadas à medida que são executadas. Por exemplo, devem ser aprofundadas as sondagens no caso
de argila mole; deve‑se encurtá‑las no caso de solos resistentes.

Exemplo de aplicação

1) Projetar o número, posição em planta e profundidade das sondagens de simples reconhecimento para:

• Uma residência térrea com carga distribuída sobre o terreno q = 15 kN/m².

• Um edifício de dez pavimentos com carga distribuída sobre o terreno de 150 kN/m².

Supor que a área construída projetada em planta para as duas edificações tenha uma largura B = 10 m
e um comprimento L = 30 m. A área do terreno é 15 x 40 m.

Solução:

Número de sondagens

Nos dois casos, a área construída é 300 m². Portanto, serão realizadas três sondagens.

Posição das sondagens em planta

A posição das sondagens poderia ter as configurações indicadas na figura seguinte. Obviamente, essas
posições podem sofrer modificações. Por exemplo, as sondagens não precisam estar necessariamente no
perímetro da área.

Perímetro de projeção de
área construída.
40 m

30 m

Perímetro do terreno.

10 m
15 m

Figura 34 – Localização das sondagens

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Profundidade das sondagens

Residência térrea

q: 15 kN/m2

γestimado: 18 kN/m3 (supondo NA em profundidade)

B: 10 m

q 15
= = 0,83
1,0 ⋅ γ ⋅ B 0,1⋅18 ⋅10

L 30
= =3
B 10

Do gráfico, tem‑se: D/B = 0,54, e, portanto, D = 5,4 m.

Edifício com dez andares (supondo fundação direta)

q: 120 kN/m²

γestimado: 18 kN/m3 (supondo NA em profundidade)

B: 10 m

q 150
= = 6,7
0,1⋅ γ ⋅ B 0,1⋅18 ⋅10

L 30
= =3
B 10

Do gráfico, tem‑se: D/B = 2,4 e, portanto, D = 24 m.

2) Projetar o número, posição em planta e profundidade das sondagens de simples reconhecimento para:

• Uma residência térrea com carga distribuída sobre o terreno q = 20 kN/m².

• Um edifício de dez pavimentos com carga distribuída sobre o terreno de 250 kN/m².

Supor que a área construída projetada em planta para as duas edificações tenha uma largura B = 10 m
e um comprimento L = 45 m. A área do terreno é 15 x 60 m.
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Solução:

Número de sondagens

Nos dois casos, a área construída é 450 m². Portanto, serão realizadas cinco sondagens.

Posição das sondagens

Perímetro de projeção de
área construída.
60 m

45 m

Perímetro do terreno.

10 m
15 m

Figura 35 – Localização das sondagens

Profundidade das sondagens

Residência térrea

q: 20 kN/m2

γestimado: 18 kN/m3 (supondo NA em profundidade)

B: 10 m

q 20
= = 1,11
0,1⋅ γ ⋅ B 0,1⋅18 ⋅10

L 4,5
= ≅5
B 10

Do gráfico, tem‑se: D/B = 0,55 e, portanto, D = 5,5 m.

Edifício com dez andares (supondo fundação direta)

q: 250 kN/m²

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γestimado: 18 kN/m3 (supondo NA em profundidade)

B: 10 m

q 250
= = 13,9
0,1⋅ γ ⋅ B 0,1⋅18 ⋅10

L 4,5
= ≅5
B 10

Do gráfico, tem‑se: D/B = 3,2 e, portanto, D = 32 m.

5.3 Outros métodos de prospecção

Alguns projetos justificam a execução de ensaios ao longo da profundidade, cujos índices obtidos
nesses procedimentos são geralmente de qualidade superior ao SPT, embora eles não permitam
a amostragem do solo e, portanto, são de aplicação complementar. Os principais ensaios de campo
poderão ser vistos a seguir.

5.3.1 Ensaio de cone CPT

De acordo com a NBR 3406, o ensaio de cone, também conhecido por CPT (Cone Penetration Test),
teve a sua origem na Holanda, na década de 1930, sendo atualmente muito utilizado na Europa, mas
ainda pouco usado no Brasil.

O equipamento consiste em um conjunto de hastes, apresentando na porção inferior uma ponteira


cônica com ângulo de vértice de 600 e uma área de 10 cm2. Imediatamente antes do cone, há a chamada
luva de Begemann. O cone serve para medir a resistência de ponta (qc), enquanto luva serve para medir
a resistência de atrito lateral (fc).

O procedimento de ensaio consiste, como indicado graficamente na figura a seguir, em se


cravar inicialmente o cone ao longo de 4 cm, registrando‑se, assim, somente a resistência de ponta.
Em seguida, as hastes internas são avançadas mais 4 cm, fazendo com que sejam fincados ambos, o
cone e a luva de atrito. Nesse caso, é medida a resistência de ponta acrescida da resistência do atrito
lateral, esta última obtida por diferença. Procede‑se então à descida das hastes externas ao longo de
20 cm, as quais trazem consigo a luva de atrito por 16 cm e o cone por 12 cm. A partir daí, o procedimento
é repetido. O processo de cravação é estático, sob velocidade de cravação de 2 cm/s. Consegue‑se, dessa
forma, a geração de gráficos da resistência de ponta qc e da resistência de atrito lateral fc em função
da profundidade.

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A norma NBR 3406 para solo especifica o ensaio de penetração de cone in situ (CPT) em detalhe, no
qual temos todo o procedimento de ensaio, porém, na figura a seguir, apresentamos de forma adaptada
o deslocamento do cone durante o ensaio, por meio de uma ponteira.

Figura 36 – Deslocamento do cone durante o ensaio (sem escala)

5.3.2 Ensaio de palheta (vane test)

O ensaio de palheta é o mais utilizado para a determinação da resistência não drenada Su (ou coesão
c) de argilas moles.

Crava‑se, inicialmente, com o auxílio de uma haste, o conjunto de quatro palhetas indicado na
figura a seguir. Promove‑se, então, a rotação das palhetas a uma velocidade constante, pela aplicação
de um torque na haste e, de acordo com a NBR 10905/89 (ABNT, 1989), o ensaio consiste na cravação
estática de palheta de aço, com seção transversal em forma de cruz, com dimensões padronizadas pela
ABNT, que é inserida até a posição desejada para a execução do ensaio, conforme podemos observar no
esquema apresentado na figura na sequência.

Cabe ressaltar que rotação das palhetas deve ser realizada a uma velocidade constante, pela aplicação
de um torque na haste.

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Figura 37 – Conjunto de palhetas do vane test

Para se calcular a resistência não drenada da argila, iguala‑se o torque T, medido por um torquímetro,
necessário para girar as palhetas, com o momento resistente imposto pelo solo. Esse momento resistente
é igual à soma do momento resistente do solo desenvolvido na superfície lateral mais o momento
resistente do solo desenvolvido no topo e base do cilindro de ruptura.

Para altura H igual ao dobro do diâmetro D, pode‑se demonstrar que Su ou c é dado por:

6 T
su =
7 πD3

Em que D é o diâmetro das paletas e T é o torque medido.

5.3.3 Ensaio pressiométrico

A norma NBR 3406 para solo especifica o ensaio pressiométrico em detalhe, no qual temos todo
procedimento de ensaio, porém a seguir apresentamos a ideia básica em que se apoia o ensaio.

A ideia básica do ensaio pressiométrico é a expansão volumétrica de uma cavidade cilíndrica no solo,
medindo‑se essa expansão e a pressão necessária para produzi‑la.

O pressiômetro consiste basicamente de duas partes: a sonda e a unidade de controle.


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Existem vários tipos de sonda, sendo uma bastante comum a desenvolvida por Ménard.

A sonda Ménard consiste de um tubo metálico vazado que serve de suporte para uma célula inflável
de borracha e a variação volumétrica da célula, cheia com água, corresponde à expansão de uma
cavidade cilíndrica.

A unidade de controle permanece em superfície, sendo composta de manômetros e de um cilindro


graduado medidor de volume. Controla‑se, através dela, o volume de água injetado na sonda e a pressão
necessária de injeção.

Os resultados do ensaio são muito dependentes da maneira como a sonda é instalada no solo. Para
que a perturbação seja mantida a menor possível, a sonda é colocada em um furo previamente aberto,
com o diâmetro o mais próximo possível da sonda.

O resultado do ensaio é apresentado na forma de uma curva da pressão aplicada em função da


respectiva deformação volumétrica produzida, tal como exemplo ilustrativo da figura a seguir. A parte
inicial da curva desenvolve‑se quando a sonda empurra a parede do furo de sondagem para a posição
original, que ocupava antes da abertura do furo. No ponto A da figura considera‑se que as condições do
solo em repouso foram restabelecidas. A partir daí, a pressão no ponto A, igual a Po, seria teoricamente
igual à pressão horizontal total em repouso do solo.

PL

B
Pr
Curva
pressiométrica

P0 A

v0 vr vL v

Figura 38 – Resultado do ensaio pressiométrico

A porção da curva compreendida entre os pontos A e B é uma linha reta, sendo possível determinar
teoricamente o módulo de elasticidade pressiométrico pela seguinte expressão:

∆P
Ep = 2 (1 + v ) Vm
∆V

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MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Em que ν é o coeficiente de Poisson, Vm é o volume médio no trecho entre Vo e Vf e ΔP é a variação


de pressão entre Vo e Vf.

Lembrete

Curva no ensaio pressiométrico é uma reta entre os pontos A e B.

5.3.4 Sapatas – capacidade de carga

Capacidade de carga de uma fundação (σr) é a tensão que provoca a ruptura do solo ou que leva a
recalques excessivos que causam danos à superestrutura.

A capacidade de carga dos solos não é constante, sendo função dos seguintes fatores:

• resistência ao cisalhamento do solo, o qual, por sua vez, depende da sua composição e do estado
em que se encontra;

• dimensão e forma da sapata (sapatas corridas, retangulares, quadradas ou circulares);

• profundidade da fundação.

Estabelecido o valor de σr, a tensão admissível é calculada por:

σr
σadm =
FS

Em que FS é o fator de segurança.

A seguir, apresentam‑se os diversos processos disponíveis para a estimativa da capacidade de carga


de uma fundação direta.

5.3.4.1 Ensaio de carregamento em placa (prova de carga)

Na figura a seguir podemos observar, por meio de um esquema, o equipamento e a execução de


prova de carga em placa, que consiste em se aplicar um carregamento sobre uma placa metálica circular
assentada sobre o solo. Carrega‑se progressivamente o terreno através da placa e medem‑se os recalques
resultantes. No Brasil, é comum utilizar placas de 80 cm de diâmetro, enquanto nos Estados Unidos a
placa utilizada é quadrada, com dimensões de 30 x 30 cm.

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Unidade II

Carga de reação
(areia, ferro etc)
3 2

3 4
1
2
Tirantes
4
1

1 Viga de referência
5
2 Deflectometro (0,01 mm)
3 Viga de reação
4 Macaco hidráulico
5 Placa (80 cm)

Figura 39 – Execução de prova de carga em placa

O resultado da prova de carga é apresentado na forma de um gráfico de recalque em função da


tensão aplicada, como ilustrado na figura a seguir. Com os dados da prova de carga, pode‑se determinar
a tensão admissível de uma fundação, que é considerada como a tensão de ruptura obtida no ensaio
dividida por um coeficiente de segurança igual a 2. Uma análise mais pormenorizada da determinação
da tensão admissível pode ser realizada nas normas NBR 6489, NBR 6122 e NBR 12131.
Pressão (Mpa)
Estágio de
pressão

Curva de pontos
estabilizados
Recalque (mm)

Figura 40 – Resultado de uma prova de carga

O ensaio também permite a obtenção do módulo de elasticidade E do solo. Cabe ressaltar que esse
módulo não é constante, pois varia significativamente com o nível de tensão considerado. Para placas
circulares rígidas com diâmetro d, tem‑se:

E=
π qd
4 ρ
(
1 − ν2 )
Em que q é a tensão aplicada à placa, ν é o coeficiente de Poisson e ρ é o recalque medido.
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MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Outro dado importante que se pode tirar de provas de carga é o coeficiente de recalque vertical ou
coeficiente de reação (ks), que é o coeficiente angular da curva tensão X recalque no trecho linear:

q
ks =
ρ

Na maioria dos casos, a curva tensão‑recalque se apresenta entre os dois casos extremos, indicados
nas figuras a seguir.
Pressão σR

Ruptura geral
Recalque

Ruptura Ruptura
local geral

Ruptura geral

Figura 41 – Recalque, pressões e estados de ruptura

1º caso – Ruptura geral

É caracterizada pela definição de uma superfície de ruptura, contínua, que vai da borda da fundação
até o nível do terreno. Nesse caso, há uma considerável sobrelevação do solo adjacente nas laterais
da fundação, e a ruptura se dá por um dos lados, com o consequente tombamento da fundação.
Como se observa na curva tensão‑recalque, à medida que a tensão aumenta, o solo resiste, deformando‑se
relativamente pouco, vindo a acontecer a ruptura quase que bruscamente. É como se todos os elementos
de solo ao longo da superfície de ruptura rompessem a um só tempo, generalizadamente. A tensão de
ruptura σr é bem definida no ensaio. Corresponde ao ponto em que os recalques são incessantes, sem
aumento da tensão aplicada.

1º caso – Ruptura local

É caracterizada por um cisalhamento nítido somente sob a base da fundação. Há uma sobrelevação
do solo lateralmente, mas a superfície de ruptura não alcança a superfície do terreno. Como se observa
na curva tensão‑recalque, os recalques são elevados e aceleradamente crescentes com o aumento das
tensões, não havendo uma definição de σr. É como se o processo de ruptura fosse ocorrendo, paulatina
e constantemente, desde o início do carregamento, em regiões localizadas. A ruptura é progressiva, com
elementos de solo situados próximos à placa, alcançando deformações elevadas em primeiro lugar.

87
Unidade II

A ruptura geral é típica de solos de resistência média a elevada, ou seja, areias medianamente
compactas a compactas e argilas médias, rijas e duras. A ruptura local é característica de solos de baixa
resistência (argilas muito moles e moles e areias muito fofas a fofas).

5.3.4.2 Cálculo da tensão admissível a partir do resultado da prova de carga

A tensão de ruptura (σr) a ser adotada a partir do resultado de uma prova de carga é o menor dos
três valores:

• tensão de ruptura definida no ensaio, no caso de ruptura geral;

• tensão correspondente a um recalque de 25 mm;

• tensão máxima aplicada no ensaio, se não atingida a ruptura ou um recalque de 25 mm.

Escolhida a tensão de ruptura de acordo com o critério anterior, a tensão admissível será o menor
dos dois valores:

• tensão de ruptura dividida por um fator de segurança igual a 2 (σr /2);

• tensão correspondente a um recalque de 10 mm (σ10).

É importante conhecer o perfil geotécnico do terreno para evitar interpretações erradas. Assim, se
existirem camadas compressíveis em profundidade não alcançada pelas tensões aplicadas na placa, a
prova de carga não terá valor algum, pois o bulbo de tensões da sapata verdadeira é algumas vezes
maior do que o da placa e pode atingir a camada compressível.
∅ = 80 cm
σ

0 . 10
p=

Camada compressível

Figura 42 – Bulbo de tensões

88
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Exemplo de aplicação

1) Determinar, a partir do resultado, apresentado a seguir, de uma prova de carga em placa de 80 cm


de diâmetro, o valor da tensão admissível do solo.
Tensão (kN/m2)
0 50 100 150 200 250 300 350
0

10
Recalque (mm)

15

20

25

30

35

40

Figura 43 – Prova de carga

Solução:

Na prova de carga está bem definida a tensão de ruptura de 330 kN/m².

Entretanto, a tensão correspondente a um recalque de 25 mm é menor (600 kN/m²). Portanto, o


valor a ser tomado como σr é 600 kN/m².

A tensão admissível é a menor dos dois valores:

σr /2 = 300 kN/m2

σ10 = 170 kN/m2

Logo σadm = 170 kN/m².

2) Determinar, a partir do resultado, apresentado a seguir, de uma prova de carga em placa de 80 cm


de diâmetro, o valor da tensão admissível do solo.

89
Unidade II

Tensão (kN/m2)
0 50 100 150 200 250 300 350
0

10

Recalque (mm)
15

20

25

30

35

40

Figura 44 – Prova de carga

Solução:

Na prova de carga está bem definida a tensão de ruptura de 1230 kN/m².

A tensão correspondente a um recalque de 25 mm é maior (600 kN/m²). Portanto, o valor a ser


tomado como σr é 1230 kN/m².

A tensão admissível é o menor dos dois valores:

σr /2 = 1230/2 = 615 kN/m2

σ10 = 490 kN/m2

Logo σadm = 490 kN/m².

5.4 Amostragem indeformada e ensaios de laboratório

5.4.1 Amostragem

A amostra obtida é útil para a identificação táctil‑visual e para ensaios de caracterização. Não se
presta, entretanto, para ensaios mecânicos em que a estrutura natural do solo deve ser preservada, pois
a amostragem feita na sondagem de simples reconhecimento provoca grandes tensões no solo.

As amostras indeformadas do solo podem ser obtidas de duas maneiras. Em taludes ou em fundo
de poços, cortando‑se cuidadosamente um bloco cúbico do solo (30 x 30 x 30 cm, por exemplo) e

90
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

recobrindo‑o com parafina, para que não perca umidade, sendo cuidadosamente transportado e mantido
em câmara úmida no laboratório até a execução dos ensaios; ou pela cravação de amostrador de parede
fina, por meio de um sistema que não produza impacto.

Estes amostradores são conhecidos pelo nome de Shelby, sendo comuns os de 5 a 12 cm de diâmetro.
Os amostradores maiores são melhores, pois a relação entre o atrito e o volume da amostra é menor.
A pequena espessura das paredes desses amostradores costuma ser definida pela relação:

A c − Ai
R=
Ae

Em que Ae e Ai são as áreas correspondentes ao diâmetro externo e ao diâmetro interno, sendo


recomendado que essa relação seja inferior a 0,1.

A extremidade de corte deve ter um diâmetro ligeiramente inferior ao diâmetro interno, de modo a
aliviar o atrito entre a amostra e a superfície interna do amostrador. Para projetos que requerem maior
precisão, outros amostradores também estão disponíveis.

5.4.2 Rotina de ensaios de laboratório

Em laboratório, as amostras coletadas são inicialmente submetidas a ensaios de caracterização,


determinando‑se a granulometria, LL e LP, e o peso específico dos grãos, cujos valores possibilitam
a classificação dos solos estudados. Nesse caso, podem ser utilizadas, indiferentemente, amostras
indeformadas ou deformadas.

Porém, é necessário o uso de amostras indeformadas para a determinação dos índices físicos.
Com a determinação do teor de umidade e do peso específico natural, todos os demais índices físicos
podem ser calculados a partir das relações entre eles.

As principais propriedades dos solos a serem determinadas em laboratório de interesse ao projeto de


fundações são resistência e compressibilidade, sendo a permeabilidade necessária apenas em aplicações
especiais.

Resistência

Em solos não coesivos, como as areias, o parâmetro de maior interesse é o ângulo de atrito efetivo
(φ’). Em solos puramente coesivos, como as argilas saturadas, a resistência não drenada ou coesão (c) é
o parâmetro de interesse.

Para os demais solos, o ângulo de atrito e a coesão devem ser determinados para sua melhor
caracterização. A determinação desses parâmetros é realizada a partir do levantamento de sua envoltória
de ruptura, obtida com ensaios de compressão simples, cisalhamento direto e triaxiais.

91
Unidade II

Compressibilidade

As características de compressibilidade dos solos são determinadas através do ensaio de adensamento,


determinando‑se os parâmetros de tensão de pré‑adensamento (σa), índice de compressão (Cc), índice
de recompressão (Cr) e coeficiente de adensamento (Cv).

Lembrete

É muito importante que a amostra indeformada seja recoberta com


parafina para que não perca umidade natural.

6 ESTIMATIVA DA TENSÃO ADMISSÍVEL DO TERRENO

6.1 Determinação das tensões verticais

Os solos são constituídos por partículas e as forças aplicadas neles são transmitidas entre as
partículas, além de parte suportada pela água localizada nos vazios. Esse fenômeno de divisão das
forças é muito complexo, principalmente no caso de argilas, sendo mais fácil a interpretação desse
fenômeno em solos granulares.

Considere a colocação de uma placa Q entre os grãos do solo, como ilustra a figura a seguir.
Nesse caso, diversos grãos transmitirão forças à placa, sendo impossível desenvolver modelos
matemáticos com base em inúmeros vetores de forças. A ação dessas forças será então descrita
pelo conceito de tensões.

Figura 45 – Ilustração da distribuição de forças entre grãos de solo

92
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

A somatória dos componentes normais ao plano dividida pela área total dos contatos é definida
como tensão normal, dada por:

ΣN
σ=
Área

A somatória dos componentes tangenciais ao plano dividida pela área total dos contatos é definida
como tensão cisalhante, dada por:

ΣT
τ=
Área

O que se considerou para o contato entre o solo e a placa Q pode ser também assumido como válido
para qualquer outro plano, tal como o plano P da figura anterior.

As tensões, assim definidas, são muito menores que as tensões que realmente ocorrem nos contatos
reais entre as partículas, pois essas podem chegar a 700 MPa, enquanto em problemas de engenharia
de solos, dificilmente as tensões superam 1 MPa. As áreas de contato real entre as partículas são bem
menores do que 1% da área total que foi considerada para a definição de tensões.

Porém, admite‑se, para efeito prático, que as áreas de contato sejam desprezíveis, pois a concentração
de tensões nos contatos das partículas é um fenômeno que não interfere na prática da engenharia de solos.

Assim, neste momento, será estudada a formação de tensões no campo. A figura a seguir ilustra
um elemento de solo, com lado de dimensão b, a uma profundidade z em solo seco. Ele está sujeito às
tensões verticais nos seus lados superior e inferior, e às tensões horizontais em seus lados verticais.

O elemento de solo suporta sobre si um prisma com lados b x b e altura h, que produz tensão
devido ao seu peso sobre o elemento de solo e, portanto, essa tensão é denominada tensão devida ao
peso próprio, ou tensão geostática, pois o próprio solo imprime tensões sobre suas camadas inferiores
e assim sucessivamente.
N.T.
Solo seco σv
S = 0% γ

Z Prisma
σh

b A (elemento de solo)
b σh

Figura 46 – Descrição da formação da tensão vertical geostática em um elemento de solo

93
Unidade II

Nos solos, as tensões devidas ao peso próprio têm valores consideráveis e não são desprezadas.
Sendo o terreno horizontal, a tensão atuante em certa profundidade é normal ao plano. Não há tensão
cisalhante nesse plano.

Lembrete

É para um efeito prático que as áreas de contato sejam desprezíveis,


pois a concentração de tensões nos contatos das partículas é um fenômeno
que não interfere na prática da engenharia de solos.

Num plano horizontal, acima do nível d’água, atua o peso do prisma definido por esse plano. O peso
do prisma, dividido pela área, indica o valor da tensão vertical:

γn ⋅ v
σv = → σv = γ n ⋅ zA
Área

Quando o solo é constituído por camadas, a tensão vertical resulta do somatório do efeito das
diversas camadas (figura a seguir).

Figura 47 – Soma de tensões devidas ao peso próprio de camadas diversas de solo

Considerou‑se até agora a região acima do lençol freático, em que o solo está totalmente seco.
A tensão total no plano B abaixo do nível d’água será a soma do efeito das camadas superiores
(figura na sequência).

94
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

X
ZA A
Zw
N.A.
ZB

Figura 48 – Regiões saturada e seca do solo

A água no interior dos vazios, abaixo do lençol freático, apresentará uma pressão que depende
apenas da sua profundidade em relação ao nível d’água. A pressão da água u será:

u = (zB - zw) . γw

Existe uma diferença da natureza das duas forças atuantes, a do peso próprio e a da água, sendo que
a tensão total num plano qualquer deve ser considerada como a soma de duas parcelas:

• Tensão efetiva (σ’), que é a tensão transmitida entre os contatos entre as partículas.

• A pressão neutra (u) ou pressão de poro da água.

O engenheiro austríaco Karl von Terzaghi, que pode ser considerado o pai da mecânica dos
solos, estabeleceu em 1925 o denominado Princípio das Tensões Efetivas, que pode ser expresso
em duas partes:

Primeira parte: a tensão efetiva para solos saturados pode ser expressa por:

σ’ = σ - u

Segunda parte: todos os efeitos mensuráveis, resultantes de variações de tensões nos solos, como
compressão e resistência ao cisalhamento, são devidos às variações de tensões efetivas.

Outro importante dado referente aos solos diz respeito às deformações. O solo, como um sistema
particulado, apresenta características muito distintas de outros materiais. No concreto, por exemplo, as
deformações implicam mudanças de forma e de volume, porém, com os elementos se deslocando de

95
Unidade II

forma contínua, mantendo posições relativas nesse processo. Nos solos, as deformações são resultantes
do deslocamento relativo entre as partículas, tal como mostra a figura a seguir.

Figura 49 – Deslocamentos entre partículas de solo

A compressão das partículas, individualmente tratada, é desprezível comparada às deformações em


decorrência dos deslocamentos das partículas umas em relação às outras. Por esse motivo, assume‑se
que as deformações nos solos sejam devidas apenas às variações de tensões efetivas, que correspondem
às parcelas de tensão referente às forças transmitidas pelos grãos entre si.

O conceito de tensão efetiva pode ser melhor entendido imaginando‑se uma esponja cúbica, com
10 cm de aresta, imersa em um recipiente, como mostrado na figura a seguir.

Na posição (a), imersa em água até sua superfície superior, as tensões resultam de seu peso próprio
e da pressão da água. Colocando‑se sobre a esponja um peso equivalente a 10 N, por exemplo, a pressão
aplicada será de 1 kPa (ou seja, 10 N/0,01 m²) e as tensões no interior da esponja serão aumentadas por
este mesmo valor. Observa‑se que a esponja sofrerá deformação sob a ação deste peso, expulsando água
de seu interior. O acréscimo de tensão foi efetivo, inclusive tendo ela saído do repouso da condição de
repouso anterior.

Se, ao invés de se colocar o peso, o nível d’água fosse elevado em 10 cm, a pressão atuante sobre a
esponja também seria de 1 kPa (ou seja, 10 kN/m³ x 0,1 m) e as tensões no interior da esponja seriam
aumentadas por este mesmo valor. Mas a esponja não se deforma. A pressão da água atua também nos
vazios da esponja e a estrutura sólida não sofre a alteração das pressões. O acréscimo da pressão não
produz deformações e foi neutro.
96
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

NA

NA NA
Peso

Esponja Esponja Esponja

a - Esponja em repouso b - Peso aplicado c - Elevação da água

Figura 50 – Visualização do conceito de tensão efetiva

O mesmo fenômeno pode ser estendido aos solos. Se um carregamento é realizado na superfície do
terreno, as tensões efetivas aumentam, com consequente compressão do solo e a água é expulsa de seus
vazios, ainda que lentamente e em pequena proporção. Mas se o nível d’água se eleva, como em uma
lagoa ou represa, o aumento total da tensão ocasionado pela elevação é igual ao aumento da pressão
neutra nos vazios e, assim, o solo não se comprime.

Por esse motivo, a areia e a argila no leito da plataforma marítima, mesmo que estejam a 1.000 m
ou mais de profundidade, podem se encontrar tão fofas ou moles quanto o solo no fundo de um
reservatório de pequena profundidade.

No exemplo mostrado na figura a seguir, o acréscimo de tensão efetiva da cota ‑4 m até a cota ‑8 m
é resultante do acréscimo da pressão neutra.
σ . u . σ‘
(kPa)
20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
0
Areia fina e média
γn = 19 kN/m3 σ
-4

Argila pouco siltosa mole


γn = 16 kN/m3 u
σ‘

-8

Pedregulho (material granular)


γn = 21 kN/m3
-11

Figura 51 – Tensões verticais em perfil de solo apresentando camadas distintas e NA

Acréscimo da tensão total:

∆σ = γn . ∆z = 16 . 4 = 64 kPa
97
Unidade II

Acréscimo de pressão neutra:

∆u = γw . ∆z = 10 . 4 = 40 kPa

Acréscimo de tensão efetiva:

∆σ’ = ∆σ - ∆u = 64 - 40 = 24 kPa

O acréscimo da pressão efetiva também pode ser calculado por meio do peso específico submerso
do solo, que leva em conta o empuxo da água.

Acréscimo da tensão efetiva:

∆σ’ = γsub . ∆z = 6 . 4 = 24 kPa

Até o nível d’água, a tensão efetiva é igual à tensão total, se não for considerado o efeito da
capilaridade. Em cotas abaixo do nível d’água, o acréscimo de tensões efetivas pode ser calculado
diretamente pela soma dos produtos dos pesos específicos submersos pelas profundidades.
Este procedimento costuma ser empregado pelos engenheiros geotécnicos na prática.

Como mencionado anteriormente, existe um efeito denominado capilaridade, que ocorre em alguns
solos, que é a ascensão da água entre os interstícios de pequenas dimensões formados pelas partículas
sólidas, acima do nível do lençol freático. A altura alcançada depende do tipo de solo. Na figura a seguir,
observa‑se que o solo não se apresenta saturado ao longo de toda altura de ascensão capilar, mas
apenas até um dado nível, denominado nível de saturação.
Grau de saturação 100%

N. capilar

N. de saturação Poço
Altura de
ascensão
capilar
Profundidade

N. freático

Figura 52 – Efeito de capilaridade em solos

A altura capilar que a água alcança em um solo pode ser determinada considerando sua estrutura
como um conjunto de tubos capilares, formados pelos seus vazios. O peso de água num tubo com raio
r e altura de ascensão capilar hc é dado por:

P = π . r2 . hc . γw

98
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Considerando a tensão superficial T atuando em toda a superfície de contato da interface entre água
e tubo, a força resultante é:

F=2.π.r.T

Igualando‑se as duas expressões tem‑se:

2⋅ T
hc =
r⋅γw

Portanto, a altura de ascensão capilar é inversamente proporcional ao raio do tubo. Se considerarmos


que a tensão superficial da água, a 20°C, é 0,073 N/m², conclui‑se, com auxílio da equação anterior, que
a altura de ascensão capilar para tubos com 1 mm de diâmetro é de 3 cm. Para 0,1 mm é 30 cm e para
0,01 mm atinge 3,0 m.

Desse modo, nos solos arenosos e pedregulhosos, nos quais os poros são maiores, a altura de ascensão
capilar situa‑se entre 30 cm e 1 m. Porém, nos solos siltosos e argilosos, a altura de ascensão capilar
pode chegar a dezenas de metros, pois poros desses solos são bem menores. O fenômeno de capilaridade
influencia no cálculo da tensão efetiva (σ’), pois a água nos vazios do solo, na zona acima do lençol freático
e com ele comunicada, está sob uma pressão abaixo da atmosférica. A pressão neutra é, portanto, negativa.
Nesse caso, a tensão efetiva será maior que a tensão total, e a pressão neutra negativa provoca aumento
na força nos contatos dos grãos, aumentando a tensão efetiva.

No exemplo apresentado na figura a seguir, podemos observar o solo superficial formado por areia
fina, cuja ascensão capilar deve ser superior a 1 metro. A água tende a ascender por capilaridade e toda
a zona superior do solo poderá estar saturada, com água em estado capilar.
σ, u, (kPA)
m
-10 0 57
0

N.A.
1

Areia fina
γn = 19 kPa σI

3
Silte

Figura 53 – Efeito da capilaridade em areia fina

Como podemos observar, a pressão neutra varia linearmente, desde o valor zero na cota do nível
d’água até o valor negativo na superfície, correspondente à diferença de cotas. Portanto, a camada
99
Unidade II

superior de 1 m de espessura não está seca e a tensão efetiva passa a ser de 10 kN/m2, e não nula.
Como a resistência das areias é diretamente proporcional à tensão efetiva apresentada, a capilaridade
confere a este terreno uma efetiva resistência.

6.2 Tensões admissíveis no cálculo de fundações

A seguir, serão tratados alguns aspectos relativos aos métodos empíricos para o cálculo de
tensões admissíveis em solos. São chamados métodos empíricos aqueles pelos quais se determina
valores estimados de recalque ou de tensão admissível com base na descrição do terreno, realizada
mediante classificação e determinação da compacidade ou consistência, com base em análises de
campo ou laboratório. Esses métodos normalmente apresentam‑se na forma de tabelas de tensões
admissíveis ou tensões básicas. Apesar de as tabelas indicarem tensões, e não recalques, deve‑se
considerar que as tensões indicadas estão associadas a níveis de recalques usualmente aceitos em
edificações convencionais.

Alguns códigos e normas de fundações apresentam tabelas de tensões admissíveis que podem
ser utilizadas em anteprojetos ou obras de pequena monta. Apesar dessas tabelas serem geralmente
conservadoras, sua aplicação ao projeto impõe cuidado na análise do perfil do terreno.

Por exemplo, da tabela transcrita da norma brasileira NBR 6122/96 (tabela a seguir) e que não mais
figura na sua revisão, NBR 6122/2010, observa‑se que para areia muito compacta, a tensão admissível
era igual a 0,5 MPa.

Esse valor, entretanto, somente será válido se abaixo dessa camada de areia não houver uma camada
mais fraca ou compressível que possa ser solicitada pela fundação e que, nesse caso, possa gerar
recalques prejudiciais à construção.

Tabela 10 – Tensões básicas segundo a NBR 6122/1996

Classe Descrição σ (MPa)


1 Rocha sã, maciça, sem laminações ou sinal de decomposição 3,0
2 Rochas laminadas, com pequenas fissuras, estratificadas 1,5
3 Rochas alteradas ou em decomposição ver nota
4 Solos granulares concrecionados – conglomerados 1,0
5 Solos pedregulhosos compactos e muito compactos 6,0
6 Solos pedregulhosos fofos 0,3
7 Areias muito compactas 0,5
8 Areias compactas 0,4
9 Areias medianamente compactas 0,2
10 Argilas duras 0,3
11 Argilas rijas 0,2
12 Argilas médias 0,1
13 Siltes duros (muito compactos) 0,3

100
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

14 Siltes rijos (compactos) 0,2


15 Siltes médios (medianamente compactos) 0,1
Nota: para rochas alteradas ou em decomposição, deve‑se levar em conta a natureza da rocha
matriz e o grau decomposição.

Fonte: ABNT NBR 6122 (1996).

6.3 Teoria do adensamento e recalques

A determinação de adensamento e consequente recalque pode ser realizada mediante ensaio de


placas, obtendo‑se parâmetros de deformação e de resistência, com extrapolação direta de recalque.

Parâmetros de deformação

Geralmente realiza‑se uma retroanálise por fórmulas da teoria da elasticidade e, quando se dispõe
somente de um ensaio em um diâmetro, é comum adotar‑se a hipótese de meio homogêneo e aplicar a
equação da teoria da elasticidade.

Parâmetros de resistência

Geralmente, realiza‑se uma retroanálise por fórmulas de capacidade de carga, como, por exemplo,
no caso de placa na superfície e solo apresentando comportamento não drenado:

qult = Su . Nc, Nc = 6,2

Essa retroanálise fica mais difícil no caso de areias.

Extrapolação direta de recalque

Pode‑se realizar uma extrapolação direta do recalque obtido do ensaio de placa para a fundação real,
sendo consideradas duas situações, como apresentadas a seguir:

• Meio homogêneo, implicando E constante. Nesta hipótese, há a proporcionalidade entre o


recalque da placa e o da sapata dado pela equação seguinte, podendo ser aplicada, por exemplo,
para argilas sobreadensadas:

B I
wB = wb ⋅ ⋅ S,B
b IS,b

• Meio em que E cresce linearmente com z. Nesta hipótese, pode‑se utilizar uma equação empírica,
tal como a de Terzaghi e Peck, uma vez que não há proporcionalidade entre os recalques da placa
e o da sapata, por exemplo, em areias:

101
Unidade II

2
 2B 
wB = wb 
 B + b 

6.4 Tolerância a recalques

A tolerância a recalques deve ser verificada em relação a duas possibilidade, vistas a seguir.

6.4.1 Distorção angular

Skempton e MacDonald (1956) analisaram uma centena de edifícios e conseguiram correlacionar a


ocorrência de danos a valores limites de distorção angular δ/l, em que δ é o recalque diferencial entre
dois pilares e l a distância entre eles, como observado a seguir:

• δ/l = 1:300 provoca trincas em paredes de edifícios;

• δ/l = 1:150 provoca danos estruturais em vigas e colunas de edifícios.

6.4.2 Recalques totais limites

Para estruturas convencionais de aço ou concreto, Burland et al. (1977) consideram aceitáveis as
recomendações de Skempton e MacDonald:

• Areias: δ = 25 mm; wmáx = 40 mm para sapatas isoladas ou 40 a 65 mm para Radiers.

• Argilas: δ = 40 mm; wmáx = 65 mm para sapatas isoladas ou 65 a 100 mm para Radiers.

Resumo

Foram apresentados os principais procedimentos para a realização de


investigações no subsolo, incluindo a sondagem à percussão com realização
de ensaio SPT, que é um dos principais parâmetros utilizados na estimativa
da resistência dos solos. Outros métodos de prospecção, tais como cone
CPT, vane test e ensaio pressiométrico e de capacidade de carga foram
também apresentados.

Técnicas de amostragens indeformadas e de ensaios de laboratório


foram estudados, juntamente com as principais rotinas laboratoriais.
Foram mostradas também formas para a estimativa dos recalques e tensões
admissíveis no cálculo de fundações para edificações.

102
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

Exercícios

Questão 1. (Enade 2008) Será executado um aterro de 3 m de altura sobre um perfil geotécnico
composto de uma camada de areia de 1,5 m de espessura sobrejacente a 4 m de solo mole, conforme
esquema a seguir.
Ponto R

3m Aterro N.A.

1,5 m
Areia

4m
Argila mole

Figura 54

Considerações:

• Nível d’água (N.A.) na superfície do terreno natural.

• A tensão total é constante com o tempo após a execução do aterro.

• Peso específico saturado médio da camada mole: 14 kN/m3.

• Peso específico do aterro: 18 kN/m3.

• Peso específico da água: 10 kN/m3.

• Peso específico saturado da areia: 16 kN/m3.

• Tensão de sobreadensamento ou pressão de pré‑adensamento da argila: 25kN/m2 (σ’vm).

• Índice de vazios inicial médio da camada de argila (e0): 1,8.

• Coeficiente de compressão da argila (Cc): 1,0.

• Coeficiente de recompressão da argila (Cs): 0,1.


103
Unidade II

• H: espessura da camada de argila.

• σ’vf: Tensão efetiva final (kN/m2).

• σ’vo: Tensão efetiva inicial no meio da camada de argila (kN/m2).

A magnitude do recalque a tempo infinito pode ser estimada a partir da equação:

H
S∞ = (
C log ( σ 'vm / σ 'vo ) + Cc log ( σ 'vt / σ 'vm )
(1 + e0 ) s )

Qual será o recalque primário no ponto R, ao fim do adensamento dessa camada de argila mole?

4
A) S∞ = (1log(118 / 25) + 0,1log(172 / 25))
(1 + 1,8)
4
B) S∞ = (0,1log(17 / 25) + 1log(25 / 71))
(1 + 1,8)
4
C) S∞ = (0,1log(25 /17) + 1log(71/ 25))
(1 + 1,8)
5,5
D) S∞ = (0,1log(118 / 25) + 1log(172 / 25))
(1 + 1,8)
5,5
E) S∞ = (1log(25 /17) + 0,1log(71/ 25))
(1 + 1,8)

Resposta correta: alternativa C.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: o coeficiente de recompressão da argila em questão, Cs, é 0,1, e não 1. A tensão de


sobreadensamento é 25 kN/m2, e não 118 kN/m2. A tensão efetiva inicial no meio da camada de argila é
17 kN/m2, e não 25 kN/m2.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: a tensão de sobreadensamento é 25 kN/m2, e não 17 kN/m2, entre outros erros.

104
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

C) Alternativa correta.

Justificativa: a alternativa é a correta.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: a espessura da camada de argila mole é 4 m, e não 5,5 m, entre outros erros.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: a espessura da camada de argila mole é 4 m, e não 5,5 m, entre outros erros.

Questão 2. (Enade 2014) Um município planeja implantar um condomínio com 300 unidades
habitacionais para fins de moradia popular em uma área de sua propriedade. Duas modalidades de
construção estão em estudo: 300 casas térreas ou 25 prédios de 4 pavimentos. Inicialmente, foram
realizados ensaios do tipo CPT (cone penetration test). Os resultados típicos representativos do terreno
são apresentados na figura a seguir, em que qc e fs representam as resistências de ponta e lateral,
respectivamente, e R é a relação entre essas resistências.

qc (kPa) fs (kPa) R (%)


0 10000 20000 30000 0 200 400 600 800 0 2 4 6
0 0 0

-1 Aterro de silte -1 -1
argiloso

-2 -2 -2

-3 Argila mole -3 -3

-4 -4 -4
z(m)

z(m)

z(m)

-5 -5 -5

-6 -6 -6

Areia
-7 -7 -7

-8 -8 -8

-9 -9 -9

-10 -10 -10

Figura 55

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Unidade II

Com relação à viabilidade técnica e econômica desse projeto, a partir das características do terreno
apresentadas anteriormente, conclui‑se que:

A) A opção pelas casas térreas demanda fundações superficiais no terreno, enquanto a opção por
prédios de apartamentos demanda fundações profundas, portanto mais caras.

B) As duas opções em estudo demandam fundações superficiais no terreno, sendo necessário o


prévio dimensionamento de cada uma delas para se avaliar a sua viabilidade econômica.
C) As duas opções em estudo demandam fundações profundas no terreno, sendo indispensável o
dimensionamento dessas duas modalidades de fundação para se avaliar a viabilidade econômica
de cada uma delas.

D) As duas opções em estudo demandam fundações profundas no terreno, mas como as dimensões
das fundações dos prédios terão que ser maiores, o custo das fundações por unidade habitacional
será mais alto para os prédios que para as casas térreas.

E) As duas opções em estudo demandam fundações profundas no terreno, mas as dimensões das
fundações de ambas edificações serão similares, fazendo com que o custo das fundações por
unidade habitacional para os prédios seja menor do que para as casas térreas.

Resolução desta questão na plataforma.

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