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A COESÃO

PELA CONEXÃO
CAP. 8 DO LIVRO “LUTAR COM
PALAVRAS”, DE IRANDÉ ANTUNES
A conexão
Por conexão, fala-se do recurso coesivo:

CONECTORES → SEQUENCIAÇÃO DE IDEIAS → LEITURA FLUIDA E DE FÁCIL


ENTENDIMENTO

A conexão:

interliga pontos determinados do texto (como orações e períodos);

é muito mais amplo do que geralmente se ensina nas salas de aula.


A conexão
Os conectivos estabelecem mais do que relações, eles servem como
marcadores:

guiam o texto de acordo com a intencionalidade do transmissor;

servem de prévia para uma próxima argumentação;

são utilizados tanto em textos escritos quanto em diálogos diários.


As relações semânticas sinalizadas pela conexão
● Relação de causalidade
● Relação de condicionalidade
● Relação de temporalidade
● Relação de finalidade
● Relação de alternância
● Relação de conformidade
● Relação de complementação
● Relação de delimitação ou restrição
● Relação de adição
● Relação de oposição
● Relação de justificação ou explicação
● Relação de conclusão
Relação de causalidade
É definida quando um segmento
mostra a causa da consequência
indicada em um outro.

● Não fui para a faculdade na sexta


porque o professor de grego
estava doente.
Relação de causalidade
Relação de condicionalidade
É definida quando um segmento
apresenta a condição para o
conteúdo de um outro.

● A menos que os preços dos doces


da copa diminuam, eu não
poderei comprar ali.
Relação de condicionalidade
Relação de condicionalidade
Relação de temporalidade
Apresenta o tempo que as ações ou o evento em foco está situado.
Sequência temporal
● Há dois dias esqueci de fazer o trabalho do professor de produção. Agora
estou com medo de reprovar.
Sequência textual
● Preciso falar com minha amiga sobre vários assuntos. Primeiro vou contar
sobre o chifre que vi seu namorado lhe dando. Em segundo lugar, vou
falar da doença que descobri que sua mãe tem e em terceiro, vou
consolá-la.
Relação de temporalidade
Relação de temporalidade
Relação de temporalidade
Relação de finalidade
Quando um dos segmentos explicita o propósito.

Essa relação é sinalizada pelos conectores: “para que”, “a fim de que”.

● Esses cartões abrem portas para você fechar negócios.


● Eu sinalizei a fim de que se acalmasse.
Relação de alternância
Pode ocorrer de duas maneiras: em primeiro lugar, sendo sinalizada pelo ou
exclusivo.

● Todo escritor é útil ou nocivo, um dos dois.


● Você pode ter o carrinho ou a bicicleta, os dois não dá!
Relação de alternância
Em segundo lugar, a alternância pode ser inclusiva, ou seja, com os elementos
se somando.

● Sejam bonitas ou feias; simples ou brilhantes, todas as palavras ditas ou


não ditas, são necessárias serem ouvidas.
● O calor ou a umidade podem alterar a substância desse produto.
Relação de conformidade
Se estabelece quando uma situação foi realizada de acordo com o que foi
pontuado. Os conectores que sinalizam essa relação são: conforme,
consoante, segundo, como.

● Segundo revelou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em


nenhum lugar no mundo se desmata tanto quanto na Amazônia - o
equivalente a um campo de futebol por segundo.
Relação de complementação
Ocorre sempre que um segmento funciona como termo complementar de
outro, isto é, quando uma oração é sujeito, é complemento de outra. Essa
relação é sinalizada por conectores como: que, se, como.

● Inúmeros exemplos comprovam como a extinção indiscriminada das


espécies só traz prejuízos ao homem.
● D. Pedro II, imperador do Brasil, foi um monarca sábio.
Relação de complementação
Relação de complementação
Relação de delimitação/restrição
Quando uma oração delimita ou
restringe o conteúdo de outra.
● Aproveite a liberdade que a
maturidade te dá.
● O saldo deixado por uma doença
que foge ao controle é quase
sempre catastrófico.
● Não me tragam problemas! Já
bastam todos que eu tenho!
Relação de adição
Quando mais de um item é
introduzido num conjunto ou quando
mais um argumento é acrescentado
em favor de uma determinada
conclusão.

● Eu quero praia, sol e calor e


quero que minhas férias
cheguem logo.
● Não só passei em todas as
disciplinas, mas também
consegui aproveitar as férias.
Relação de adição
● Há pouco tempo, a Tchecoslováquia teve de importar 10.000 cobras: sua
destruição sistemática favorecera a multiplicação dos roedores que
acabavam com as colheitas. Também os execráveis camundongos e ratos
de esgoto auxiliam a combater a proliferação de insetos.
● Eu vou usar um vestido com a blusa aqui amarrada com a bota e o meu
cabelo solto de prancha.
Relação de oposição
Implica um conteúdo que se opõe a
algo explicitado ou implicitado
anteriormente.

São conhecidas pela gramática


normativa como adversativas e
concessivas.
Relação de oposição
● Luciano é um bom professor, mas costuma chegar atrasado.
● Luciano é um bom professor, embora costume chegar atrasado.

Ambas as frases apresentam relações de oposição, sendo uma adversativa e


outra concessiva, mas expressam direções argumentativas diferentes.

● “Ela é amiga da minha mulher / Mas vive dando em cima de mim” (trecho
da música “Amiga da minha mulher”, composição de Seu Jorge)
Relação de adição, delimitação e oposição
Olha só, eu vim do interior

E ainda tem tanto desse mundo que eu não aprendi

E que eu não sei (ei, ei, ei)

Olha só, mas meu coração é grande e cabem

Todos os meninos e as meninas que eu já amei

(Trecho da música Meninos e Meninas - Jão)


Relação de justificação/explicação
Tem por objetivo explicar, esclarecer ou justificar um segmento anterior.

Textos expositivos ou explicativos, principalmente os com finalidade didática.

Conectivos: "isto é", "quer dizer", "ou seja", "pois".

● Não existem animais inúteis, isto é, todo animal para sobreviver


alimenta-se necessariamente de outros seres, sejam eles animais ou
vegetais.
● Mariana sentia ansiedade em fazer a prova, ou seja, sentia medo.
Relação de justificação/explicação
● Há muito tempo, a ciência destruiu o mito da raça pura, que é um
conceito absurdo, sem nenhuma possibilidade de verificação na realidade
de nenhum povo, por mais isolado que seja.*

*O pronome relativo (no caso que do terceiro exemplo) também pode


introduzir um segmento explicativo.
Relação de conclusão
É usado sempre que, em um segmento, se expressa uma conclusão que se
obteve a partir de fatos ou conceitos já expostos. O que nos indica essa
relação são os conectores "logo", "portanto", "pois", "por conseguinte",
"então", "assim", entre outros.

● Escola pública não tem os mesmos recursos de uma escola privada para
se manter. Por isso, se você trabalha ou estuda em uma escola pública,
cuide dela como se fosse sua.
Relação de conclusão
● Podemos dizer que a palavra dedo não é simplesmente a designação de
uma coisa- por que, antes de designar essa coisa, a nossa língua a
definiu(...) De certo modo, portanto, cada língua é a expressão de uma
concepção do mundo.
● Nossa grande vantagem: todos já sabemos português! Não precisamos,
portanto, partir do zero.
Relação de conclusão
Assim como outros conectores, o de conclusão pode vir subentendido, o que
é muito comum em textos, gerando assim, o que se chama de orações
justapostas: para preencher esse vazio que o conectivo deixa, o usuário se
apoia em não só no conhecimento de língua, mas, sobretudo, em seu
conhecimento de como as coisas acontecem no mundo.

● Quer continuar a respirar? Comece a respirar


● O dinheiro não é tudo. Tudo é a falta de dinheiro
Relação de comparação
Se dá quando, em segmentos distintos, pomos frente a frente dois ou mais
elementos com o objetivo de identificar semelhanças ou diferenças entre eles
Os conectivos mais usados são "mais...", "Do que...", "Menos… do que…",
"Tanto… quanto…".
● Um time é maior do que a soma dos seus jogadores.
● Achar que a mudança da língua é um perigo é como achar que o bebê
está "em perigo" de crescer.
● Não há forma mais sublime de pertencer-se a um povo do que escrever
em sua língua, uma vez que há uma estreita relação entre língua escrita e
nacionalidade.
Relação de comparação
Para finalizar, um poema que brinca com a correspondência metafórica entre
os sentidos embutidos nas conjunções:

Embora Soneto

Vivo meu porém


No encontro do todavia
Sou mas
Contudo
Encho-me de ainda
Na espera do quando
Desando ou desbundo

Relação de comparação

Viver é apesar
Amar é a despeito
Ser é não obstante
Destarte
Sou outrossim
Ilusão, sem embargo
Malgrado, senão.

(Paulo Alberto M. M. de Barros. 1986, p. 17)


OBRIGADA!
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
FACULDADE DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LETRAS VERNÁCULAS
DISCIPLINA: PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTOS EM LP

Docente: Luciano Correa de Moraes Junior


Discentes: Frankie Ávila Martins; DRE: 122034026
Laisa da Silva Ribeiro; DRE: 122067493
Letícia Brito Gonçalves; DRE: 122079042
Livia Araujo Weber; DRE: 122056395
Mainny Bonfim Silva; DRE: 121040847
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ANTUNES, Irandé. A coesão pela conexão, In: Lutar com palavras: coesão e
coerência. Parábola, p. 140-163, 2005.
BARROS, Paulo Alberto M. Monteiro de (Artur da Távola). Calentura. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 17.

(As fotos pelos slides foram recolhidas nas plataformas Twitter e Instagram)

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