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Horticultura

Prefácio

Este material não tem a


pretensão de esgotar conhecimentos sobre o assunto,
mas tem, sim, a intenção de servir como um ponto de
partida para abrir novos horizontes.

Deverá apenas servir de apoio


e subsídio às atividades práticas a serem
desenvolvidas pelos instrutores do
Curso de HORTICULTURA e
será destinado aos alunos do projeto.

Profª Clara Magalhães


Coordenadora Técnica
Gestora do Projeto
Centro Paula Souza
SUMÁRIO

O que é uma horta? .................................................................................................................................... 5


Localização e implantação da horta ................................................................................................ 5
Local da Horta................................................................................................................................................. 6
Demarcação da Área Útil ............................................................................................................................ 7
Área total da horta – ATH .......................................................................................................................... 7
Largura de canteiros – LC .......................................................................................................................... 7
Largura das ruas – LR .................................................................................................................................. 7
Largura efetiva do canteiro – LEC .......................................................................................................... 8
Percentual da área total sem uso - %ATSU ........................................................................................ 8
Área ocupada por ruas – AOR .................................................................................................................. 8
Volume necessário de composto ............................................................................................................ 9
Volume de palhada necessária para cobertura do solo – VPNPCS ........................................... 9
Técnicas de manuseio dos equipamentos. ................................................................................. 9
Ancinho.............................................................................................................................................................. 9
Carrinho de mão ......................................................................................................................................... 10
Enxada ............................................................................................................................................................ 10
Enxada ............................................................................................................................................................ 10
Enxadão .......................................................................................................................................................... 10
Marcador de sulcos .................................................................................................................................... 11
Pá curva .......................................................................................................................................................... 11
Pulverizador manual................................................................................................................................. 11
Regador de crivo fino................................................................................................................................ 11
Tesoura de poda ......................................................................................................................................... 12
Tipos de plantação .................................................................................................................................... 12
Modos de Plantio ........................................................................................................................................ 12
Canteiros ........................................................................................................................................................ 12
Plantio em Covas ........................................................................................................................................ 13
Plantio em Sulcos ....................................................................................................................................... 14
Plantio em Leiras ........................................................................................................................................ 14
Métodos e Técnicas de adubação e fertilização.................................................................... 14
Fertilizantes Orgânicos ............................................................................................................................ 17
Esterco ............................................................................................................................................................ 17
Composto orgânico .................................................................................................................................... 17
Hortaliças fáceis de serem cultivadas ................................................................................................ 18
Hortaliças difíceis de serem cultivadas ............................................................................................. 19
Curso de Horticultura 2
Hortaliças de Inverno ............................................................................................................................... 20
Hortaliças de Verão ................................................................................................................................... 21
Métodos de Plantio .................................................................................................................................... 22
Tipos de horta e métodos de plantação (canteiros, suspensa e outros) ............. 22
Horta Comercial .......................................................................................................................................... 22
Horta Doméstica ou Caseira................................................................................................................... 22
Horta Institucional ..................................................................................................................................... 23
Horta Escolar................................................................................................................................................ 23
Horta Comunitária ..................................................................................................................................... 23
Horta Convencional, Orgânica e Hidropônica ................................................................................ 24
Horta Orgânica ............................................................................................................................................ 24
Horta Hidropônica ..................................................................................................................................... 24
Tipos de sementes ..................................................................................................................................... 24
Mudas .............................................................................................................................................................. 25
Canteiros ........................................................................................................................................................ 25
Bandejas ......................................................................................................................................................... 25
Produção de Mudas em Bandejas ........................................................................................................ 25
Vantagens da Produção de Mudas em Bandejas ........................................................................... 26
Substratos para Produção de Mudas.................................................................................................. 26
Safra das hortaliças e dos legumes .............................................................................................. 27
Técnicas de irrigação e do replantio ............................................................................................. 30
Técnica de cobertura dos canteiros .............................................................................................. 32
Controle de pragas .................................................................................................................................... 33
Armadilhas, caldas, extratos vegetais, uso de sabão e controle biológico ........ 34
Armadilhas .................................................................................................................................................... 36
Plantas Daninhas ........................................................................................................................................ 36
Técnicas de rotatividade do plantio Tratos Culturais ...................................................... 37
Amontoa ........................................................................................................................................................... 37
Poda ..................................................................................................................................................................... 38
Desbrota ........................................................................................................................................................... 38
Raleamento..................................................................................................................................................... 38
Capação ou Desponta ............................................................................................................................. 38
Estaqueamento............................................................................................................................................ 39
Escarificação ................................................................................................................................................. 39
Rotação de Culturas em uma Horta............................................................................................. 39
Adubação Verde .......................................................................................................................................... 40
Adubação de Cobertura......................................................................................................................... 40
Adubação Foliar .......................................................................................................................................... 40
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Identificar e medir o desperdício ..................................................................................................... 41
Elaborar o cronograma de ação, prevenção e monitoramento .................................. 41
Colheita e técnica correta da colheita ......................................................................................... 43
Técnica de embalagem e armazenamento dos produtos ............................................... 43
Referências Bibliográficas .................................................................................................................... 46

Curso de Horticultura 4
O que é uma horta?

Horta é o local em que se cultivam hortaliças e ervas.

Sua implantação pode variar de acordo


com o objetivo e a demanda, ou seja, pode
ser instalada em escolas com o objetivo de
educação e de complementação da merenda
escolar, como também em residências para
consumo familiar, ou em grandes áreas com
a finalidade de ser comercializada.

A classificação do tipo de horta está


ligada aos seguintes fatores:
• Tamanho;
• Diversidade de cultura (hortaliças) e
• Objetivo.

Também podemos considerar outro tipo de classificação pela sua


finalidade, sendo elas:
• Comercialização;
• Consumo próprio ou familiar;
• Educativo e
• Recreativo e ocupacionais.

Localização e implantação da horta

Horticultor é o profissional que se dedica ao cultivo de hortas. Qualquer


um que queira trabalhar nesse ramo da agricultura deve primeiramente
realizar um planejamento minucioso antes de iniciar as atividades na área.

O planejamento é considerado a etapa prioritária, pois nesta fase definem-


se os objetivos e organizam-se e providenciam-se os meios e recursos
necessários, tais como recursos naturais (terreno, água etc.), equipamentos e
ferramentas, insumos e materiais, bem como recursos financeiros e humanos,
para se alcançarem os objetivos definidos.

O planejamento é o norte, o guia que servirá para controlar, acompanhar e


corrigir qualquer tipo de resultado negativo não previsto no objetivo
estabelecido, além de vantagens que impactarão no lucro e economia de
recursos, respeito com o meio ambiente na conservação do solo, aumento,
melhoria e continuidade da produção com qualidade.

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Local da Horta

Cada cultura agrícola possui


exigências climáticas de temperatura,
umidade, luminosidade e foto
período. O correto é procurar
conhecer as exigências das culturas
de interesse (de quem irá trabalhar
na horta) e verificar se o local de
plantio permite o seu cultivo. Priorize
áreas que sejam mecanizáveis, planas ou de pouca inclinação, não sujeitas à
inundação, de fácil acesso e que permitam irrigação.

A horta deve ficar longe de árvores frondosas, muros e paredes que


possam fazer sombra para as hortaliças a serem plantadas. Também é
conveniente escolher um local próximo à fonte de água que será usada para a
irrigação (usar sempre água de boa qualidade, para evitar a transmissão de
doenças pelas hortaliças regadas com água contaminada). Uma leve inclinação
no terreno ajudará a evitar o encharcamento. Para evitar os ventos,
principalmente os vindos do Sul, muito prejudiciais às hortaliças, devem-se
fazer cercas-vivas com plantas de crescimento rápido e não muito altas, como o
hibisco, o cedrinho e a primavera.

O solo ideal para hortaliças é do tipo areno-argiloso, isto é, nem argiloso


(barrento e mais difícil de trabalhar), nem arenoso. Deve ainda ter acidez fraca,
boa drenagem e boa fertilidade. Os solos arenosos são menos férteis e secam
rapidamente, além de serem facilmente lavados e carregados pela água das
chuvas, pondo a perder o trabalho e a produção. As terras de baixadas também
não são indicadas. Normalmente, elas são encharcadas, difíceis de drenar e, de
modo geral, muito ácidas. Precisam ser corrigidas com calcário, exigem
construção de valas para drenagem e canteiros mais elevados. As hortas devem
ser cercadas para evitar a invasão de animais.
Antes de iniciar as atividades de adubação e plantio, é necessário realizar
uma amostragem do solo na área a ser plantada e deve ser encaminhada para
análise química e granulométrica em um laboratório especializado. O
procedimento para a coleta das amostras deve seguir as seguintes etapas:
• Limpe o local de coleta da amostra (Os pontos de coleta devem ser
escolhidos em lugares afastados de cupinzeiros, formigueiros, buracos
de tatu, acúmulo de matéria orgânica ou corretiva, para que estes não
influenciem no resultado da análise. Os pontos de coleta devem ser
escolhidos em ziguezague);
• Cave um buraco de 20 cm de profundidade, retire uma fatia de solo de
0 a 20 cm de profundidade, coloque o solo da camada de 0 a 20 cm em

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um balde, repita esses procedimentos em vários pontos do terreno,
misture as amostras, coloque 500g da amostra misturada em um saco
plástico limpo, identifique a amostra e envie ao laboratório (Para
interpretação dos resultados e recomendação de corretivos e
fertilizantes, deve-se buscar a orientação de um profissional habilitado
na área, um Engenheiro Agrônomo).

A presença de camada compactada no solo dificulta o desenvolvimento


das raízes, comprometendo a produção das plantas. Se a área apresentar
camada compactada é necessário fazer a descompactação por meio de aração e
subsolagem. Para verificar se há camada compactada no subsolo utiliza-se um
penetrômetro rústico, que é um vergalhão de ferro de 6 mm de diâmetro e
comprimento aproximado de 1 m, pressionando-o, manualmente, na vertical e
observe se há ocorrência de resistência à penetração em vários pontos da área.
Quando identificar camadas compactadas, na área de cultivo, proceda a
descompactação de acordo com a profundidade, utilizando aração e
subsolagem.

Demarcação da Área Útil

A demarcação da área que efetivamente será utilizada por canteiros e para


a produção das hortaliças escolhidas é uma importantíssima etapa na tomada
de decisão e planejamento da horta.

Apresentaremos algumas formas de cálculos para demarcação de


canteiros, considerando área útil:

Área total da horta – ATH

Para calcular a área total da horta deve multiplicar a largura pelo


comprimento.

Largura de canteiros – LC

A largura dos canteiros varia entre 0,90m a 1,20m.

Largura das ruas – LR

Ruas são os espaços livres entre um e outro canteiro. A largura das ruas
varia de 0,30m a 0,50m.

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Largura efetiva do canteiro – LEC

Para calcular a largura efetiva do canteiro é necessário somar a largura do


canteiro com a da rua.

Percentual da área total sem uso - %ATSU

Para calcular o percentual da área total sem uso deve usar o cálculo
abaixo:

Área ocupada por ruas – AOR

Para calcular a área ocupada por ruas deve usar o cálculo a seguir:

Área efetivamente para produção de hortaliças – AEPPH Para calcular


a área efetivamente usada para produção de hortaliças deve usar o cálculo a
seguir:

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Volume necessário de composto

Demarcar a área do canteiro usado possibilitará a redução de custo com


insumos, pois será calculada de forma eficiente a quantidade de materiais
necessários para adubação (composto) e cobertura de solo (palhada). A fórmula
utilizada para o cálculo de composto – VNC é:

O valor calculado do VNC deve ser multiplicado por 2 pela perda e


redução.

Volume de palhada necessária para cobertura do solo – VPNPCS

A espessura de cobertura do solo (ECS) na horticultura, geralmente é de


0,003m.

Para calcular o volume de palhada necessária para cobertura do solo deve


usar o cálculo a seguir:

Técnicas de manuseio dos equipamentos.

Na realização dos diversos serviços na horticultura são utilizados


diferentes ferramentas e equipamentos de acordo com o seu tamanho e o
recurso disponível.

As ferramentas mais utilizadas na horticultura


são:

Ancinho

Características: consiste numa ferramenta para


trabalhos agrícolas, com travessa dentada e cabo
longo.
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Função: juntar, arrastar e preparar o solo.

Carrinho de mão

Características: são os conhecidos carrinhos


que são utilizados na construção civil.
Função: transportar materiais diversos para
o local de trabalho.

Enxada

Enxada
Características:
consiste numa ferramenta
para trabalhos agrícolas,
mas também é utilizada em
outras áreas como a
construção civil. Tem a extremidade achatada e larga
e o cabo longo.
Função: preparar, misturar, acertar e capinar.

Enxadão

Características:
possui quase as mesmas
características da enxada,
com diferença na sua
extremidade que possui
um formato diferente.
Função: revolver e
misturar o solo com
materiais diversos.

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Marcador de sulcos

Características: ferramenta com a ponta fina.

Função: Abrir pequenos buracos, chamados sulcos, diretamente no


canteiro ou em sementeiras.

Pá curva

Características: ferramenta com cabo e


extremidade arredondada.
Função: Remover e cavar.

Pulverizador manual

Características: equipamento específico que


permite o líquido seja disseminado em forma
pulverizada, é encontrado no mercado em vários
modelos.

Função: Aplicação de produtos químicos nas hortaliças.

Regador de crivo fino

Características: geralmente fabricado em plástico, tem


seu crivo fino e também pode ser adaptado com outro bocal
permitindo a irrigação em forma dispersa.

Função: Irrigação na fase inicial das hortaliças, ou seja,


mudas em sementeiras ou recém-transplantadas nos canteiros.

Sacho de cabo curto e longo

Características: Ferramenta com duas extremidades, o


que diferencia é que o tamanho do cabo pode ser diferenciado,
bem como sua funcionalidade.
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Função: Capinar. O de cabo curto é utilizado quando a técnica é próxima
da hortaliça já implantada e o de cabo longo quando o trabalho será entre as
plantas do canteiro.

Tesoura de poda

Características: Ferramenta com formato de


tesoura com corte preciso.
Função: Cortar e eliminar plantas indesejáveis
ou partes de hortaliças.

Tipos de plantação

Modos de Plantio

Existem várias formas de fazer o plantio, porém antes de escolher qual a


forma ou modo é necessário verificar os seguintes itens:

• Tamanho do local;
• Qual a cultura e suas características;
• Disponibilidade de recursos, como equipamentos e recursos humanos.

Depois de definidos todos os pontos acima, é possível determinar qual o


modo de plantio que poderá ocorrer da seguinte forma:

• Canteiros;
• Covas e
• Sulcos.

Canteiros

Os canteiros são utilizados para as culturas de menor espaçamento como


cenoura, beterraba, alface, rúcula e rabanete, entre outras.

Esse modo facilita o plantio de espécies na fase inicial e que têm o seu
crescimento na fase lenta.

Também favorecem o acúmulo de água e são, por isso, muito utilizados

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em locais baixos e várzeas.

São utilizados quando o espaço para o plantio é pequeno, pois facilitam o


trato e as capinas pelo pequeno espaçamento entre as plantas.

Após a distribuição dos adubos orgânicos e/ou químicos, conforme a


necessidade determinada pela interpretação da análise química do solo, faz-se
a incorporação superficial dos adubos e o nivelamento final, com auxílio de
enxadas e rastelos.

É importante sempre considerar a estabilidade dos canteiros. Em regiões


ou épocas em que chove muito, deve-se privilegiar a drenagem, fazendo
canteiros ligeiramente mais altos, com 15cm a 20cm de altura, conforme o tipo
de solo, se mais ou menos solto. Em regiões secas, é interessante deixar as
beiradas ligeiramente mais elevadas, formando bordas que reterão a água de
irrigação.

Plantio em Covas

Quando se trabalha com


espécies que são cultivadas com
espaçamentos mais amplos, não há
necessidade de preparo de solo em
área total, visto que grande parte de
sua superfície não é utilizada. Assim,
o plantio em covas permite que só se
revolva o solo onde haverá a maior
concentração das raízes das plantas
cultivadas.

Procedimentos para preparo de covas:

• Revolvimento do solo de forma manual com a utilização de ferramentas,


como enxadas e enxadões;
• Adubação nas covas e
• Criação das covas de acordo com a espécie a ser cultivada, o solo e o
adubo.

O tamanho das covas geralmente varia de 15cm a 25cm de diâmetro.

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Plantio em Sulcos

O plantio em sulcos é utilizado para culturas com espaçamento menor


entre plantas, com distância variável entre as linhas como batata e gengibre.

Plantio em Leiras

As leiras são utilizadas para culturas que exigem solos soltos e bem
drenados, para que as raízes tuberosas, rizomas e tubérculos se desenvolvam
uniformemente. Como, por exemplo, a batata-doce.

Métodos e Técnicas de adubação e fertilização.

O solo é o fator primordial para a produção das plantas, pois dele serão
extraídos os nutrientes e nele ocorrerá o desenvolvimento das plantas
cultivadas.

A formação do solo está dividida em três partes:


• Sólida – constituída por areia, argila e silte;
• Líquida – representada pela água e
• Gasosa – consiste no ar.

O termo de fertilidade está vinculado aos nutrientes que o solo pode dar
as plantas.

A classificação de tipos fertilidade do solo são:

• Natural – quando o solo é fértil naturalmente sem nenhum processo ou


intervenção do homem.
• Atual – é resultado da ação do homem (antrópica) quando fertilizado o
solo.
• Potencial – é quando há a manifestação do solo a partir de uma
determinada condição, ou seja, algo que impede ou limita o solo de
nutrir as plantas.
• Operacional - consiste na fertilização a partir dos teores de nutrientes
do solo usando-se determinados extratores químicos.

Para o desenvolvimento das plantas também não podem ser esquecidos os


seguintes fatores:
• Água;
• Ar;
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• Luz;
• Nutrientes;
• Temperatura,
• Entre outros.

Os nutrientes são os elementos químicos fundamentais e essenciais para


o desenvolvimento das plantas, ou seja, sem nutrientes a planta não se
desenvolverá da forma desejada ou então não terá a real qualidade, bem como
poderá sobre a ação de doenças e pragas. São considerados nutrientes
essenciais para as plantas:
• Carbono;
• Hidrogênio e
• Oxigênio.

Os três elementos representam entre 90 e 96% dos tecidos vegetais.


Quando trata de fertilidade do solo, os nutrientes possuem duas classificações:

Macronutrientes primários – constituídos pelos elementos:


a. Nitrogênio (N) – é um dos nutrientes mais necessários para as
plantas, pois sua atuação está em todas as fases da planta –
crescimento, floração e frutificação. Sua deficiência poderá causar a
deficiência no desenvolvimento da planta.
b. Fósforo (F) – é responsável pela formação de compostos orgânicos,
também gera e produz energia na respiração, divisão celular e no
metabolismo da planta. Sua deficiência poderá retardar e reduzir o
crescimento, podendo acarretar na morte da planta.
c. Postássio (K) – é um dos nutrientes mais consumidos, pois auxiliar na
formação e desenvolvimento das raízes e amadurecimento dos frutos.

Macronutrientes secundários – constituídos pelos elementos:

a. Cálcio (Ca) – é um nutriente importante para fortalecer todos os


órgãos das plantas, em especial as raízes e folhas, também auxiliar na
manutenção da estrutura da planta, ativação da amilase, equilíbrio
entre alcalinidade e acidez. Sua deficiência pode acarretar
malformação até a morte da planta, ou na diminuição do seu
crescimento.

b. Magnésio (Mg) – está ligado diretamente ao metabolismo energético,


pois é um elemento integrante da molécula de clorofila. Deve ter
cuidado, pois se em excesso causará impactos na absorção de cálcio e
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potássio, porém se o nível estiver abaixo do necessário pode causar
danos nas folhas, frutos, floração e até levar a morte.

c. Enxofre (S) – é um composto das proteínas associada ao nitrogênio. É


importante para o metabolismo energético, pois sua participação
auxilia na formação de alguns aminoácidos essenciais, além de
intervir na síntese de compostos orgânicos, tais como vitaminas e
enzimas. Quando a planta não encontra o enxofre seu crescimento é
reduzido e suas folhas sofrem danos irreparáveis.

Micronutrientes: constituídos pelos elementos:


a. Boro (B) – age em diversas funções da planta tais como metabolismo
de carboidratos, transporte de açucares através de membranas, na
formação de parede e divisão celular, no momento da seiva, além de
fortalecer a todos os tecidos da planta e desenvolvimento das folhas e
brotos. Sua carência afeta diretamente o sistema de reserva e
desorganiza o sistema, provocando a morte das extremidades da
planta, bem como resulta na anormalidade de frutos e sementes.
b. Cloro (Cl) – está vinculado ao metabolismo de água e transpiração
das plantas. Quando o nível está abaixo do necessário pode causar o
retardamento do crescimento da planta, bem como danos das folhas e
atrofia das raízes.
c. Cobre (Cu) – atua na fotossíntese, respiração, redução e fixação de
nutrientes por ser um receptor intermediário de elétrons e um
componente das metaloenzimas. Sua carência prejudica diretamente
as folhas na sua coloração e forma.
d. Ferro (Fe) – constitui o grupo prostético de proteínas, é responsável
para síntese de clorofila e divisão celular, além disso, auxilia na
fixação de nitrogênio e desenvolvimento de raízes e troncos. Se o nível
estiver abaixo da necessidade pode causar prejuízos as folhas e
dificulta o crescimento vegetal.
e. Manganês (Mn) – é considerado como ativador enzimático, controla
reações da fotossíntese e síntese de clorofila. O déficit causará danos
nas folhas podendo gerar a morte de partes da folha.
f. Molibdênio (Mo) – é fundamental para fixação do nitrogênio e
incorporar nitratos. Sua deficiência causa danos nas folhas e
interfere nos frutos.
g. Zinco (Zn) – considerado como ativador enzimático. Seu déficit pode
causar a redução do crescimento vegetal e até na frutificação.

A classificação se dá pela quantidade de absorção de nutrientes pelas


plantas cultivadas, ou seja, para grande quantidade são os macronutrientes e
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as menores quantidades são os micronutrientes, mas todos os nutrientes são
importantes independentes da quantidade absorvida ou consumida pela
planta.

Fertilizantes Orgânicos

Consistem em produtos originados de matéria-prima animal ou vegetal,


estes podem ser acrescidos com nutrientes minerais. Existem quatro tipos de
fertilizantes orgânicos:
• Orgânicos simples – consistem em apenas matéria-prima animal ou
vegetal sem mistura.
• Orgânicos mistos – correspondem à mistura de dois ou mais
fertilizantes orgânicos simples.
• Orgânicos compostos – produtos que passam por processo industrial
a partir de material animal ou vegetal, e pode ser acrescido de
nutriente mineral.
• Organominerais – resultado da mistura de fertilizantes simples ou
compostos com fertilizantes minerais.

Esterco

Esterco é o excremento de animal muito utilizado como adubo para


horticultura.
Porém são necessários muitos cuidados para o seu uso, tais como:
• Não utilize estercos frescos, pois podem contaminar as plantas
cultivadas e trazer doenças ao homem;
• O esterco deve ser curtido de forma correta, como:

o Amontoe em local coberto ou protegido com plástico/lona;


o Após 90 dias (de acordo com as condições climáticas e ambientais),
o esterco estará pronto para uso.
o Características do esterco pronto para o uso:
▪ Massa escura;
▪ Aspecto gorduroso e
▪ Odor de terra e sem mau cheiro.

Composto orgânico

O composto orgânico é o resultado final da decomposição aeróbica de


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resíduos animais e vegetais. Por meio da compostagem é possível reciclar tais
resíduos e deixá-los próprios para uso.

Sua atuação está focada no melhoramento do solo quanto às suas


propriedades, por meio do suprimento de nutrientes, proporcionando a
facilitação de enraizamento e resistência das plantas.

Alguns exemplos e classificação de compostos orgânicos:

• Ricos em nitrogênio – folhas, capins, galhos etc.


• Ricos em carbono – estercos de animais – bovino, aves e outros
animais.

É fundamental fazer o estudo do solo para identificar quais as carências,


bem como a escolha das matérias-primas a serem utilizadas como composto
orgânico.

Esta decisão depende de vários fatores. São eles:

• Objetivo da horta;
• Preferências alimentares;
• Área disponível;
• Mão de obra e tempo disponíveis;
• Época do ano;
• Clima da região onde se localiza a horta;
• Disponibilidade de sementes e mudas;
• Disponibilidade financeira e
• Facilidade de cultivo.

Hortaliças fáceis de serem cultivadas

Estas hortaliças são mais produzidas, pela sua facilidade de cultivo e


poucas restrições. Têm características vantajosas para quem as cultiva, pois
seu crescimento rápido permite a comercialização, bem como o consumo final
frequente. São exemplos de hortaliças:
• Agrião;
• Alface;
• Almeirão;

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• Cebolinha;
• Coentro;
• Couve;
• Hortelã;
• Manjericão;
• Mostarda-de-folha;
• Rúcula e
• Salsa.

Existem hortaliças que o ciclo é mais longo, mas também possuem a


mesma característica na facilidade no cultivo, mas podem ter alguma restrição
ao clima, são elas:

• Abóboras;
• Batata-doce;
• Jiló;
• Maxixe;
• Morangas;
• Pimentas e
• Quiabo.

Hortaliças difíceis de serem cultivadas

Este grupo de hortaliças exige o cultivo complexo, tais como adubação e


irrigação, também tem dificuldades em adaptação de climas e temperaturas,
por isso são consideradas de difícil de cultivo.
Exemplo de hortaliças:

• Abobrinha-italiana;
• Berinjela;
• Beterraba;
• Cenoura;
• Chicória ou escarola;
• Chuchu;
• Couve-brócolos;
• Espinafre;
• Feijão-vagem;
• Jiló;
• Melão;
• Melancia;
• Milho-verde;
• Nabo;

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• Pepino caipira;
• Rabanete;
• Rábano;
• Repolho e
• Soja-verde.

Hortaliças que são sensíveis a chuvas e temperaturas quentes:

• Acelga;
• Alcachofra;
• Alho e alho-porró;
• Aipo;
• Aspargo;
• Batata;
• Cebola;
• Couve-chinesa, couve-de-Bruxelas, couve-flor;
• Endívia;
• Ervilha-torta;
• Mandioquinha-salsa;
• Morango;
• Pimentão e
• Tomate.

Hortaliças de Inverno

São hortaliças que se adaptam e se desenvolvem em climas mais amenos e


na estação do inverno. Geralmente conseguem adaptar-se nas regiões sul e
sudeste, locais mais altos no centro-oeste e nordeste, ou em países com climas
frios a amenos.

Exemplos de hortaliças:

• Aipo;
• Alcachofra;
• Acelga;
• Alface;
• Alho e alho-porró;
• Batata;
• Beterraba;
• Cenoura;
• Chicória;
• Couve-brócolis, couve-de-Bruxelas, couve-chinesa, couve-flor, couve-

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manteiga;
• Espinafre;
• Ervilha em grão e ervilha-torta;
• Mandioquinha-salsa;
• Morango;
• Nabo;
• Rabanete;
• Repolho;
• Rúcula e
• Salsa.

Hortaliças de Verão

Ao contrário das hortaliças de inverno, as de verão são resistentes e


adaptam-se ao clima quente e tropical.

Exemplos de hortaliças:

• Abóbora (menina, italiana, japonesa e goianinha);


• Batata-doce;
• Berinjela;
• Cará;
• Cebola;
• Cebolinha;
• Chuchu;
• Coentro;
• Feijão-vagem;
• Inhame;
• Jiló;
• Maxixe;
• Melancia;
• Melão;
• Milho-verde;
• Moranga;
• Pepino;
• Pimenta;
• Pimentão;
• Quiabo e
• Tomate.

Existem hortaliças que se adaptam ao clima ameno e quente, são elas:

• Alface;

Curso de Horticultura 21
• Cenoura e
• Outras.

Métodos de Plantio

• Semeadura direta: É a distribuição das sementes no local definitivo. É


feito para cultura que não toleram o transplantio de mudas, como
cenoura, rabanete, beterraba e nabo.

• Transplante de mudas: quando a semeadura ocorre em outro local,


geralmente em bandejas com células, e depois de uma fase as mudas
que foram cultivadas, podem ser transplantadas para os canteiros ou
local que terminará de ser desenvolver. Algumas culturas como a
beterraba e cebola para plantio de entressafra são plantadas a partir
de mudas produzidas nos viveiros e transplantadas para os canteiros.

• Plantio direto de material vegetativo: É o plantio de ramas, manivas e


estolões no local definitivo.

Tipos de horta e métodos de plantação (canteiros, suspensa e outros)

Horta Comercial

O objetivo principal deste tipo de horta é obter lucro e rendimento com a


venda de produtos cultivados. Existem dois tipos de horticultura comercial:

• Diversificada – geralmente de pequeno porte e localiza normalmente


na periferia dos centros urbanos, formandos “Cinturões verdes”. Os
produtores cultivam várias espécies hortícolas e vendem os produtos
nos diversos locais, tais como feiras, varejistas, intermediários,
mercados ou centros de abastecimentos.
• Especializada – caracterizada pelo tamanho de seu porte (médio ou
grande), cultivo de poucas culturas e localização afastada pela
necessidade de grandes áreas para cultivo e não disponibilidade em
grandes centros urbanos. A distância dos centros urbanos dependerá
da cultura, quanto mais sensível e perecível são mais próximas e
quanto mais resistentes podem ser mais distantes.

Horta Doméstica ou Caseira

Assim como o nome diz, é uma horta que se instala na residência e seu
consumo destina-se à família.
Curso de Horticultura 22
Caracteriza-se pelo espaço restrito e por uma grande diversidade de
hortaliças.

Em casos em que não se possui um espaço físico suficiente ou não há


uma área “verde” para o cultivo de hortaliças, pode-se optar pela alternativa de
produção em hortas verticais.

As hortas verticais são uma solução para quem quer ter uma horta e não
disponibiliza de espaço físico. Trata-se de uma técnica em que a horta fica
pendurada numa estrutura vertical, por meio de vasos ou materiais recicláveis
como garrafas PET.

Horta Institucional

Tudo está ligado ao local de sua implantação e instalação. Chamamos de


institucional a uma horta que está dentro de uma empresa, instituição ou
organização.

Os objetivos podem ser variados, tais como:

• Nutricional;
• Otimização de espaço físico;
• Redução de custo com alimentos;
• Recreação e socialização.

Horta Escolar

As hortas escolares são grandes atrativos para alunos e toda a


comunidade local, pois são hortas cultivadas dentro do espaço físico da escola
e proporcionam a interação entre professores e alunos, resultando em
atividades educacionais e recreativas.

Além da questão educacional, permite uma boa diversidade e o


enriquecimento da merenda escolar.

Horta Comunitária

São hortas que visam a interação, o cultivo e o consumo comum. São


cultivadas por pessoas que fazem parte de grupos comunitários ou
associações.

O terreno é um local comum, podendo ser um espaço público, uma


associação, igreja ou um condomínio.
Curso de Horticultura 23
Horta Convencional, Orgânica e Hidropônica

Chamamos de horta convencional a produção e o cultivo com todas as


técnicas e práticas agrícolas. Possui uma estrutura mais qualificada e utiliza
várias ferramentas próprias bem como produtos que impedem e controlam
doenças e pragas.

Horta Orgânica

A horta orgânica tem uma diferença importante da convencional, pois o


seu manejo e cultivo são voltados à questão orgânica (materiais, produtos,
formas de controle de doenças e pragas) e o respeito ecológico e ao meio
ambiente.

Horta Hidropônica

A horta hidropônica é a técnica de cultivar plantas sem solo. As raízes


recebem uma solução nutritiva balanceada que contém água e todos os
nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta. Dessa forma, o cultivo não
necessita de terra, pois as raízes absorvem dentro da água todos os nutrientes
necessários para seu desenvolvimento.

A água recebe a adição de soluções fertilizantes.

Tipos de sementes

Utilizar sementes de boa qualidade é fundamental para uma alta taxa de


germinação e um bom desenvolvimento das plantas no campo. É aconselhável
adquirir sementes em lojas especializadas.

Sempre se deve ter atenção ao comprar as sementes observando os


seguintes itens:

• Data de validade;
• Embalagem e
• Rótulo.

As sementes que sobraram devem ser armazenadas de forma correta,


conforme segue:

• Colocar as sementes no envelope que foram compradas;


• Colocar o envelope dentro de saco plástico e
• Armazenar em local seco e fresco.

Curso de Horticultura 24
Existem, ainda, as sementes conhecidas como peletizadas, que são
sementes cobertas por material inerte ou enriquecido com fertilizante, ou
fungicida, e por um adesivo. Esse tratamento é feito para aumentar o tamanho
das sementes de algumas hortaliças e torná-las arredondadas para facilitar a
semeadura manual ou mecânica.

Mudas

A base da horticultura moderna é a produção de mudas de alta qualidade


e uma muda bem formada dará origem a uma planta com alto potencial
produtivo. Muda é a planta no início de crescimento, formada em local
específico para depois ser transplantada para o canteiro definitivo.

As mudas são resultado da formação em sementeiras. Existem várias


formas de cultivar/produzir mudas. As mais utilizadas são:

Canteiros

• Técnica: as sementes são colocadas em sulcos (profundidade de 1,5 a


2,5 cm) e cobertas por terra.

Bandejas

• Técnica: colocar substratos nas células da bandeja, fazer um buraco


(orifício) com palito (profundidade de 1 cm) e colocar duas sementes e
cobrir com o substrato, cobrir com pano grosseiro e regar diariamente.
Entre 4 a 5 dias as sementes já estarão brotando, entre 20 a 25 dias já
terão folhas (de 3 a 4) e medindo 5 a 7 cm de altura, após esta fase as
melhores mudas podem ser transplantadas para o canteiro.

• Esta técnica é muito prática, pois possibilita a produção em larga


escala em locais diversos, bem como pode ser reutilizada.

Produção de Mudas em Bandejas

A produção de mudas em bandejas é feita em casas de vegetação ou outro


local protegido, de preferência em bancadas de arame liso, onde as bandejas
serão colocadas. Não se devem colocar as bandejas já semeadas no chão ou em
bancadas de madeira ou placas de concreto. Assim, evita-se que as raízes
saiam pelo furo do fundo da célula e penetrem na terra ou que fiquem aderidas
à bancada, causando danos às raízes no momento da retirada da bandeja para
transplantio das mudas. Durante o crescimento das mudas, fazem-se os
seguintes tratos culturais:

• Irrigação duas vezes ao dia com regador de bico fino ou por

Curso de Horticultura 25
microaspersão, mantendo o substrato sempre úmido;
• Desbaste das mudas, se necessário;
• Eliminação das plantas invasoras;
• Verificação da ocorrência de insetos-praga, doenças ou outras
anormalidades nas mudas e execução dos devidos controles.

Vantagens da Produção de Mudas em Bandejas

A produção de mudas em bandejas:

• Facilita o transporte das mudas do local de produção até o local de


plantio, mesmo em grandes distâncias;
• Permite a retirada da muda com o torrão e sem causar danos às
raízes;
• Facilita o plantio da muda;
• Economiza no uso de sementes;
• Permite a mecanização no transplante;
• Melhora a uniformidade da lavoura.

Substratos para Produção de Mudas

O substrato é definido como meio físico natural ou sintético, em que se


desenvolvem as raízes das plantas, ou seja, material utilizado como base na
fase inicial de desenvolvimento antes de sua transferência para o local de
produção.

Além de suporte e base, o substrato deve fornecer nutrientes nesta fase


inicial, pois isso implicará diretamente a sua formação e o desenvolvimento.
Dessa forma, um bom substrato é aquele que proporciona condições
adequadas à germinação e ao desenvolvimento do sistema radicular da muda
em formação (RAMOS et al., 2000).

Um bom substrato para a produção de mudas deve proporcionar retenção


de água suficiente e, quando saturado (em excesso de água), deve manter
quantidades adequadas de espaço poroso para facilitar o fornecimento de
oxigênio, indispensável no processo de fotossíntese e na produção de mudas
(SMIDERLE e MINAMI, 2001).

Segundo PINTO et al. (2011):

[...] “um bom substrato pode ser de diversas origens, mineral, vegetal e/ou
animal. Deve ser isento de pragas e doenças, sendo operacional e de fácil
aquisição, devendo apresentar boas características físicas e químicas”.
Curso de Horticultura 26
O substrato alternativo proporciona aos agricultores reduzir custos e
acessibilidade na produção de mudas, porém deve se tomar cuidado, pois deve
ser avaliar os aspectos técnicos e a disponibilidade local do material a ser
empregado. (CUNHA et al., 2005).

Safra das hortaliças e dos legumes

Tabela 1. Informações Gerais para o Plantio de Hortaliças no Brasil.

ÉPOCA DE CICLO
ESPAÇAMENTO (cm)
CULTIVARES SEMEADURA (DIAS) PROPAGAÇÃO

Abobrinha Italiana

Direta, em covas (às


Caserta, Novita,
Ago - Out 45-80 100 X 50 vezes mudas)
Clarinda

Abobrinha Brasileira

Direta, em covas (às


Menina Brasileira Ago - Mar 75-120 300 X 200 vezes mudas)

Direta, em covas (às


Pira Moita Ago - Mar 55-100 200 X 100 vezes mudas)

Alface

Verônica, Brisa,
Ano todo (Exceto
Grand Rapids, Mudas (+ou- 30dias)
Grand Rapids)
Vanessa (Crespas) 60-70 25 X 25

Elisa, Carolina,
Ano todo (exceto
Regina, Brasil 303
Brasil 303) 60-70 25 X 25 Mudas (+ou-30 dias)
(lisas)

Curso de Horticultura 27
Berinjela

Mudas
F-100, Super F- Início
Ago - Fev 120 X 90 (+ou- 30
100, Nápoli 110
dias)

Beterraba

Tall Top Early Wonder Direto ou mudas


Mar - Set 80-100 20-25 X 10

Cebola

Baia Periforme, Maio (mudas)


Serrana, Super Agosto Mudas (+ ou - 50
160-180 25 X 10
Precoce, Aurora (bulbinhoFev) dias)

Cenoura

Semeadura direta

Brasília Set - Mar 80-100 25 X 8


c/ desbaste

Nantes Forto Abr - Jul 100-120 20 X 7

Chicória

Amazonas, Gigante,
Mudas (+ ou - 30
Full Heart, Ano Todo 65-70 25-30 X 25-30
dias)
Mariana Gigante

Couve-Flor

Piracicaba Precoce,
Shiromaru I ou II, Out - Jan 90-110 80-100 X 50-60 Mudas (+ ou - 30
Verona dias)

Mudas (+ ou - 30
Teresópolis Gigante
Fev - Abr 120-140 80-100 X 50-60 dias)

Curso de Horticultura 28
Pepino

Nikkey, Hokuhho,
Ago - Fev (campo
Yoshinari (tipo Início 45- Direto, em covas
aberto) 100 X 50-60
japonês) 50 dias

Premier, Safira, Rubi Ago - Fev Início 45- 50


100X50-60 Direto, em covas
(tipo caipira) (campo aberto) dias

Pimentão

Magda, Magali, Elisa,


Início 90- Mudas (+ ou - 40
Mayata,
Ago - Dez 110 dias 100 X 60 dias)
Zarco(amarelo)

Rabanete

Redondo Vermelho Ano Todo 25-30 15-20 X 7-9 Semeadura direta

Repolho

Kenzan, Saiko,
Mudas (+ ou - 30
Matsukase, Astrus Ano Todo 90-110 60 X 30-40
dias)

Rúcula

25-30, c/
Cultivada Ano Todo 20 X 5 Semeadura direta
rebrota

Salsa

Lisa Comum, Gigante 50-60, Semeadura direta


Portuguesa Mar – Jun c/rebrota 30 X 5-8 (as vezes mudas)

Tomate

Santa Clara, Angela,


Mudas (+ ou - 30
Débora, Cláudia (tipo Ago - Fev Início 90 - 100 X 50-60
dias)
Santa Cruz) 110

Curso de Horticultura 29
Momotaru, Akamaru,
Início 90 - Mudas (+ ou- 30
Carmen, Carmelo Ago - Fev 100 X 50-60
110 dias)
(Tipo Caqui)

Técnicas de irrigação e do replantio

As hortaliças são, em geral, constituídas de 90% de água, ou seja, todas


as suas partes possuem muita água. Dessa forma, a água é um fator crítico
para o desenvolvimento das plantas, pois muitas possuem um ciclo curto e
outros estão diretamente ligadas ao seu desenvolvimento.

A quantidade de água a ser aplicada e a frequência de irrigação dependem


da cultura e do estágio de desenvolvimento em que se encontra. A escolha do
sistema depende da disponibilidade de água, da declividade do terreno, do tipo
do solo e da cultura. Lembrando que a água a ser utilizada para a irrigação
deve ser de boa qualidade e livre de qualquer tipo de contaminante.

Todo o material e todas as ferramentas necessárias à instalação do


sistema de irrigação devem estar disponível no local. Para a instalação de um
sistema de irrigação deve-se seguir os seguintes passos:

• Instale o conjunto motobomba;


• Instale a linha principal;
• Instale as linhas laterais;
• Distribua os aspersores nas linhas laterais, de acordo com o
espaçamento determinado;
• Instale o sistema de irrigação com mangueiras perfuradas;
• Distribua as mangueiras (As mangueiras são colocadas nos intervalos
entre os canteiros ou entre as linhas de plantio, na distância adequada
para que as folhas da cultura não impeçam a distribuição uniforme dos
esguichos.);
• Estique as mangueiras (As mangueiras perfuradas devem permanecer
esticadas, com a superfície perfurada virada para cima);
• Fixe as mangueiras (As mangueiras devem ser fixadas a uma estaca ao
final da linha para evitar que saiam do alinhamento).

Para que a irrigação seja uniforme em toda a área de plantio, verifique


constantemente a pressão do sistema, a vazão ao longo da linha de aspersores,
Curso de Horticultura 30
e elimine os vazamentos. Ao utilizar o sistema de aspersão convencional ou
com mangueiras perfuradas, irrigue, preferencialmente, nos horários de
temperatura amena e com pouco vento. Programe para fazer a irrigação nos
horários de tarifa reduzida.

Os produtos químicos que controlam pragas são denominados de


agrotóxicos, também conhecidos como defensivos agrícolas. Estes produtos são
classificados como fungicidas, bactericidas, inseticidas, acaricidas e
nematicidas. Com a recomendação de um Engenheiro Agrônomo, deve-se usar
os produtos menos tóxicos, ou seja, aqueles de faixa verde ou azul, de classe
toxicológica IV ou III.

A seleção do agrotóxico e das dosagens depende do desenvolvimento da


cultura, das pragas a serem controladas e devem estar de acordo com a receita
emitida por um técnico da área agronômica. Aplique os produtos registrados e
indicados para a cultura conforme receituário. A aplicação dos produtos
químicos deve obedecer às seguintes precauções:
• Não faça aplicação com ventos fortes para evitar que a deriva alcance
áreas vizinhas;
• As pessoas envolvidas na manipulação e aplicação de agrotóxicos
deverão receber orientações quanto ao manuseio correto, prevenção de
acidentes e primeiros socorros relativos à sua utilização;
• Respeite os períodos para a reentrada de trabalhadores na lavoura
tratada;
• Respeite o período de carência, que é o intervalo entre a última
aplicação e a colheita;
• Não faça o desentupimento do bico com a boca;
• Utilize os equipamentos de proteção individual (EPI) em todas as
etapas do trabalho;
• Não permita o trânsito de pessoas nas áreas tratadas, observando o
período recomendado para a reentrada na lavoura, exceto se utilizar o
EPI;
• Tome banho com bastante água e sabonete após a manipulação e
aplicação de agrotóxicos;
• Lave o EPI em água corrente, separado das demais roupas, utilizando
sabão neutro;
• Não permita que pessoas menores de dezoito anos, gestantes e maiores
de sessenta anos manipulem ou apliquem agrotóxicos, adjuvantes e
produtos afins;
• Prefira produtos de baixa toxicidade;
• Não coma, não beba e não fume durante a aplicação de agrotóxicos.

Curso de Horticultura 31
O replantio é uma técnica que consiste na substituição das mudas
danificadas ou mortas após o plantio.

Procedimentos adotados para utilização do replantio:

• Verificação das mudas após algumas semanas;

• Retiradas das mudas danificadas ou mortas;

• Efetuar o replantio nos espaços livres que foram retiradas as mudas.

Cuidados e dicas importantes para efetuar o replantio:

• Verificar qual a porcentagem de mortalidade ou danificação das


mudas, pois pode ser um problema grave;
• Não demorar muito tempo para replantar novas mudas;

• Atrasos muito longos podem implicar desvantagens como crescimento


e sobrevivência;
• Atenção com a qualidade das mudas, devem ter qualidade maior que
a normal e com raízes bem desenvolvidas.

Técnica de cobertura dos canteiros

A cobertura do solo tem a função de cobrir e proteger o impacto da chuva,


bem como economizar água, reduzir e aumentar a temperatura do solo, bem
como controle de plantas espontâneas. Existem dois tipos de cobertura:
• Morta – consiste na cobertura morta através de restos de vegetais ou
materiais artificiais que são alocados sobre os leitos de semeadura ou
canteiros de plantio. Existem dois tipos de técnicas de cobertura
morta:
o Plalhada – através de importação de palhada de outra área,
utilizada na cultura do alho; e
o Cultivo de plantas de cobertura no próprio local que fornecem a
palhada por meio de seu corte, exemplo milho-verde, ervilha,
girassol etc.
• Viva – trata-se do plantio de hortaliças sobre culturas de crescimento
rasteiro, dessa forma é possível o cultivo de duas culturas ao mesmo
tempo. As vantagens para a utilização deste tipo de cobertura são:

o Melhoramento das condições do solo – físicas, químicas e


biológicas;

o Fácil manejo da cultura;


Curso de Horticultura 32
o Redução do impacto da chuva;
o Aumento da porosidade e areação do solo;
o Equilibra a temperatura e umidade do solo;
o Reduz a necessidade de capina.

Controle de pragas

As culturas podem ser atacadas por insetos, fungos, bactérias, vírus,


nematoides, ácaros e lesmas. Todos são atualmente denominados de pragas,
segundo normas do Ministério da Agricultura Pecuária e do Abastecimento
(MAPA). Nem sempre a presença da praga é um indicativo de perda da
produção. É necessário conhecer, para cada cultura, as pragas mais
importantes e suas formas de controle. No cultivo de hortaliças raízes,
tubérculos, rizomas e bulbos, por se tratar de um grupo de plantas cujas
partes comerciais são subterrâneas, deve-se dar maior atenção ao controle de
pragas que danifiquem estas partes comerciais, adotando práticas preventivas.

Esses danos podem ser diretos e os indiretos. A maior parte das pragas
causa danos diretos nas plantas, porque ao se alimentarem provocam cortes,
perfurações e outros estragos irreversíveis. Os danos indiretos são causados
por algumas pragas que, ao sugarem as plantas, podem transmitir organismos
causadores de doenças, como os vírus. Existem várias pragas que podem
atacar as hortaliças e causar danos. As mais comuns nas plantas cultivadas
em hortas são formigas, pulgões, lesmas, caracóis, vaquinhas, lagartas, ácaros
e mosca- branca.

As doenças causadas por essas pragas reduzem a produtividade e


comprometem a produção das hortaliças, além de afetar a aparência dos
produtos hortícolas, cujo valor é muito associado ao aspecto visual. Os
sintomas mais comuns em hortaliças doentes são manchas e deformações
foliares, morte de partes da planta, amarelecimento, redução do crescimento,
podridões, murchas, tombamento de mudas, galhas (“pipocas”) nas raízes e
escurecimento de tecidos internos.

Controle integrado é o conjunto de práticas que visam identificar a


presença de pragas e o nível de danos para se determinar quais métodos de
controle devem ser adotados. Esses métodos podem ser físicos, biológicos,
homeopáticos e químicos.

Curso de Horticultura 33
Armadilhas, caldas, extratos vegetais, uso de sabão e controle
biológico

É a utilização de inimigos naturais no controle de pragas. Pode ser


realizado com fungos, bactérias, parasitas e predadores. Exemplos:
Trichodermasp – Controla fungos e nematoides no solo e Bacillusthurigiensis –
Controla lagartas. No controle biológico também pode ser utilizado a aplicação
de caldas, com o objetivo de controlar o ataque de pragas e doenças. Abaixo
estão relacionadas algumas receitas caseiras que podem ser utilizadas para
essa função.

• Inseticida de cebola e alho. Ingredientes: 3 cebolas; 5 dentes de alho;


10 litros de água. Funções: Controlar pulgões em feijão, beterraba,
cebola, alho. No tomateiro funciona como fungicida. Modo de preparar
e usar: Moer a cebola e o alho e misturar em 5 litros de água.
Espremer para retirar o suco, coar e misturar ao restante da água.
Pulverizar uma vez por semana.
• Inseticida de cebola ou cebolinha verde. Ingredientes: 1 kg de cebola
ou cebolinha verde; 10 litros de água. Modo de preparar e usar: Cortar
a cebola ou a cebolinha verde e misturar em 10 litros de água,
deixando o preparado curtir durante 10 dias. No caso da cebolinha
verde, deixe curtir por 7 dias. Para pulverizar as plantas, utilizar 1
litro da mistura para 3 litros de água. Indicações: pulgões, lagartas e
vaquinhas (repelente).

• Inseticida de cravo de defunto. Ingredientes: 100g de ramos e folhas de


cravo-de-defunto; 100 ml de acetona; 2 litros de álcool. Funções:
Controle de insetos e nematoides. Modo de preparar e usar: Picar os
ramos e as folhas e juntará acetona. Deixar repousar por 24 horas e
juntar ao álcool. Pulverizar a 10%, ou seja, um litro da solução em 10
litros de água. Obs.: Plantar cravo-de-defunto na borda da plantação.

• Inseticida de tomateiro. Ingredientes: 1/2 kg de folhas e talos de


tomateiro; 1 litro de álcool, deixando em repouso por alguns dias
Função: controle de pulgões. Modo de preparar: Picar as folhas e talos
do tomateiro e misturar com o álcool deixando em repouso por alguns
dias. Coar com pano fino, pressionando para o máximo
aproveitamento. Diluir um copo do extrato em um balde com 10 litros
de água e pulverizar sobre as plantas.

• Macerado de alho. Ingredientes: alho e água. Funções: controle de


pulgões e nematoides do alho. Preparo: Esmagar 4 dentes de alho em
um litro de água e deixar curtir por 12 dias. Diluir em 10 litros de

Curso de Horticultura 34
água e aplicar sobre a planta. Para o caso dos dentes de alho que
serão usados para plantio, deve-se coloca-los na solução durante
alguns minutos.

• Emulsão de sabão e querosene. Ingredientes: Água, sabão em barra e


querosene. Funções: Mata insetos que atacam as folhas (insetos que
ficam nas folhas), cochonilhas e pulgão. Modo de Preparar: Ferver 3
litros de água, jogar 200 gramas de sabão em barra bem picado e
deixar derreter totalmente. Retirar do fogo; jogar 4 litros de querosene
aos pouquinhos e mexer uniformemente até engrossar a mistura.
Estará pronto quando a mistura ficar uniforme, ou seja, quando o
querosene misturar totalmente com a água e o sabão. Uso Correto:
Para combater cochonilhas: * diluir um copo da mistura em 6 copos de
água e pulverizar as partes atacadas (proporção de 1 para 5). Paro
combater pulgões e outras pragas: * Diluir um copo da mistura em 8
copos de água pura (proporção 1 para 8). OBS: A emulsão para ser
aplicada, deve estar fria, ou temperada de água de torneira. Caso for
guardar uma parte da emulsão, derreter em banho-maria, quando for
usá-la novamente.

• Macerado de samambaia. Ingredientes: folhas secas de samambaia e


água. Funções: controle de ácaros, cochonilhas e pulgões. Modo de
preparar: Colocar 500 g de folhas frescas ou 100 g secas em um litro
de água e deixar em repouso por 1 dia. Ferver por meia hora. Para a
aplicação, diluir 1 litro de solução para 10 litros de água.

• Solução de água com sabão. Funções controle de cochonilhas,


lagartas, pulgões e piolhos. Modo de Preparar Colocar 50 g de sabão
caseiro em 5 litros de água quente, deixar esfriar e pulverizar sobre a
planta.

• Pasta bordalesa. Ingredientes: 1 Kg de Sulfato de Cobre; 2 Kg de cal


virgem; 10 litros de água. Função: Gomose (Phytophithora) e Rubelose
(Corticiumsalmomicolos). Modo de preparar: Misturar 1 quilo de
Sulfato de Cobre com 2 quilos de cal virgem, colocando água aos
poucos, mexendo sempre até formar uma pasta. Passar esta pasta
após a poda e eliminação dos galhos afetados por doenças fúngicas
(Rubelose,). Pincelar o tronco e a base dos ramos principais com a
pasta bordalesa pelo menos 4 vezes por ano (maio -junho). Pulverizar o
tronco e o solo ao seu redor com calda bordalesa.

• Camomila (Ingredientes: 50g de flores de camomila; 1 litro de água.


Função: controle de doenças fúngicas. Modo de preparar: Misturar 50
Curso de Horticultura 35
gramas de flores de camomila em 1 litro de água. Deixar de molho
durante 3 dias, agitando a mesma 4 vezes ao dia. Após coar, aplicar a
mistura 3 vezes a cada 5 dias.

Armadilhas

Existem armadilhas para pegar caracóis e lesmas, através de duas


técnicas:

1. Colocar um prato fundo no mesmo nível do solo com sal grosso


misturado com chuchu e deixar de um dia para o outro. Depois retire
os insetos e coloque-os numa solução preparada com 200 ml de sal
grosso e 800 ml de água, os mesmos morrerão por desidratação.

2. Também pode ser feito com restos de legumes ou folhas sobre uma
folha de jornal, a eliminação deverá ser feita com a mesma solução do
item1.

Plantas Daninhas

Uma definição simplória de plantas daninhas são plantas indesejadas que


nascem e crescem de forma espontânea interferindo nas atividades
agropecuárias ou no desenvolvimento de outras plantas. As hortas são locais
propícios para o aparecimento e desenvolvimento deste tipo de plantas, pois
encontra fatores favoráveis como solo fértil, água e umidade.

As plantas daninhas ou invasoras mais comuns são:

• Beldroega;
• Braquiária;
• Capim-pé-de-galinha;
• Caruru;
• Grama-seda;
• Mentrasto;
• Mentruz;
• Picão;
• Tiririca;
• Entre outras.

Os herbicidas são agrotóxicos indicados para controlar as plantas


invasoras. O uso desses produtos deve ser evitado em hortas caseiras e
institucionais, pois existe uma série de limitações e riscos.

O método mais indicado para o controle é o manejo integrado, pois é


possível combinar métodos e técnicas de:
Curso de Horticultura 36
• Capinas manuais;
• Coberturas vivas e alelopatia;
• Solarização;
• Entre outros.

Técnicas de rotatividade do plantio Tratos Culturais

Depois da semeação ou transplantio das mudas até o final da colheita,


deve-se realizar os seguintes tratos culturais para todas as espécies.

Os tratos culturais são constituídos por várias operações que deverão ser
realizadas após o plantio, visando à boa formação e manutenção durante todo
o período da cultura. Estas ações são essenciais para o resultado final no
momento da colheita.

Alguns exemplos de tratos culturais:


• Regar diariamente nas horas frescas do dia, de preferência pela
manhã;
• Capinar ou arrancar as plantas indesejáveis;
• Acompanhar o crescimento das plantas;
• Verificar se as plantas estão com pragas ou outros problemas.

Outros cuidados que determinadas espécies precisam, são descritos nos


tópicos abaixo.

Amontoa

A amontoa consiste no processo de cobrir a terra na base das plantas.

Seu objetivo é proteger as raízes ou firmar as plantas ao solo. A vantagem


desta técnica é que ocorre o melhor aproveitamento dos nutrientes do solo e
desenvolvimento de órgãos reservas. As culturas indicadas para a técnica são:

• Batata;

• Batata-doce;

• Beterraba;

• Cenoura;

• Cará;

• Inhame;

• Mandioquinha-salsa;

• Tomate.
Curso de Horticultura 37
Poda

Trata-se de uma técnica que retira partes da planta com o auxílio de


tesoura de poda, visando a manter e regular o equilíbrio do desenvolvimento
vegetativo até sua produção. Além disso, auxilia na formação, frutificação,
limpeza e tratamento.

Desbrota

É uma prática que retira os brotos laterais das plantas, evitando o


crescimento exagerado. Sua prática visa evitar o contato de folhas e frutos com
o solo.

A desbrota é usada nas culturas de tomate, couve etc. Algumas


informações importantes para aplicação da prática:

• Evitar períodos úmidos e chuvosos, pois podem causar ou favorecer o


aparecimento de doenças;
• Higienização e limpeza do manipulador e ferramentas;
• Aplicar, após a desbrota, produto preventivo nos cortes evitando ação
de microrganismos.

Raleamento

É a prática de retirada de plantas em excesso, visando e possibilitando o


espaço ideal para o crescimento e desenvolvimento das demais plantas.

Esta prática é feita nas hortaliças quando a semeadura é feita diretamente


em canteiros, covas e sulcos ou quando a produção de mudas é feita através de
cultivo protegido.

Capação ou Desponta

É uma técnica que retira o broto apical da planta, esta prática é aplicada
em plantas que possuem crescimento indeterminado.

O objetivo é impedir ou interromper o crescimento vertical da planta


resultado na geração de brotos horizontais e/ou frutos, no caso dos frutos
aumentam o tamanho e peso.

As culturas a que se aplica esta prática são:

▪ Melancia;

▪ Pepino e

▪ Tomate.

Curso de Horticultura 38
Estaqueamento

A função do estaqueamento é dar suporte para o crescimento da planta,


bem como protegê-la do contato com o solo e proteção do vento.

É uma técnica simples onde fixa uma estaca ao lado da planta, pode ser
feita individual ou cruzada.

As culturas que podem ser aplicadas a técnica de estaqueamento são:

• Berinjela;

• Ervilha-torta;

• Feijão-vagem;

• Pimentão e

• Tomate.

Escarificação

A escarificação é uma técnica que melhora a aeração do sistema radicular


através de revolvimento do solo com a quebra da crosta dura, dessa forma, com
a aeração é possível que a água infiltre no solo com mais facilidade.

A ferramenta mais indicada para realização da técnica é o sacho de cabo


longo ou escarificador.

Rotação de Culturas em uma Horta

A rotação de culturas visa sempre o beneficiamento e a manutenção do


solo.

Para definir e planejar a rotação de culturas é necessário avaliar:

• Tipo de hortaliça
o Folhas;
o Raízes/tubérculos/bulbos;
o Flores/frutos.

Orientam que a rotação deve iniciar pelas espécies de plantas mais


exigentes e depois pelas menos exigentes, a exigência está vinculada a

Curso de Horticultura 39
fertilidade do solo.

A rotação de culturas diferentes também é vantajosa por reduzir a


propagação e criação de pragas.

Assim, como todos os seres vivos necessitam de um tempo para recuperar


suas energias e forças, o solo também necessita de um tempo para recuperar
as perdas, este procedimento de recuperação poderá ser auxiliado com a
adubação verde.

Adubação Verde

É o cultivo de espécies de plantas com elevado potencial de produção de


massa vegetal, que atuam na ciclagem de nutrientes e fixação biológica de
nitrogênio. Essas espécies podem ser plantadas em pré-cultivo ou em consórcio
com as hortaliças.

Depois de roçadas e incorporadas ao solo, irão fornecer nutrientes para as


hortaliças.

Adubação de Cobertura

Consiste em aplicar fertilizantes durante o desenvolvimento da cultura.

A adubação garante os nutrientes necessários para o desenvolvimento das


plantas até o término do seu ciclo. A periodicidade é um fator importante,
dessa forma, dependendo da hortaliça cultivada a adubação deverá ser feita
entre uma ou mais vezes durante o ciclo.

Sua aplicação poderá ser:

• Sobre o solo sendo colocada ao redor da planta;


• Incorporada ou não ao solo.

Adubação Foliar

A aplicação de adubo por via foliar é feita por meio de pulverização e


recomendada quando as plantas não conseguem retirar do solo a quantidade
de nutrientes que necessita, ou para fazer a suplementação para o incremento
da produtividade.

Qualquer que seja a maneira que for realizada a adubação deve- se seguir
os seguintes princípios:
• Aplique a dose recomendada do adubo, pois o excesso pode danificar a
cultura;

Curso de Horticultura 40
• A aplicação deve ser feita nos momentos de temperaturas amenas,
preferencialmente no final do dia;
• Ao aplicar em conjunto com outros produtos, verifique se há
incompatibilidade entre eles.

Identificar e medir o desperdício

1. Reduza os custos: Identifique os fatores que influenciam os resultados


econômicos (produção e vendas) da atividade que possam ser
trabalhados e adote medidas de racionalização.

2. Identifique as perdas: Identifique, em todo o sistema de produção, os


pontos de perda de insumos, energia, água, colheita inadequada, bem
como as perdas por danos pós- colheita.

3. Melhore a qualidade do produto: Acompanhe diariamente o sistema de


produção e identifique formas de melhorar a qualidade do produto em
todos os seus aspectos, especialmente nutrição e controle de pragas.

4. Aproveite produtos sem padrão comercial: Se possível, faça o


processamento mínimo ou adote outras práticas de agregação de valor,
para aproveitamento de produtos que não atingirem boa classificação
comercial. Lembre-se de que a conservação da fertilidade do solo, a
proteção do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida das
famílias envolvidas no processo produtivo são partes do patrimônio da
propriedade.

Elaborar o cronograma de ação, prevenção e monitoramento

O cronograma trata-se de ferramenta que auxilia a gestão de atividades e


ações, com a determinação do tempo planejado para a sua realização.

Esta ferramenta também auxilia o controle, monitoramento e prevenção


de algumas ocorrências que podem acontecer ao longo do tempo, além de
possibilitar correções e prevenir perdas e prejuízos.

Geralmente o cronograma é apresentado em formato de planilha ou


tabela.

Curso de Horticultura 41
J F M A M J J A S O N D
Ação/Atividade JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Legenda

Planejado e programado ...

Cumprido .........................

Curso de Horticultura 42
Colheita e técnica correta da colheita

Cada espécie de hortaliça tem seu ponto certo e jeito para ser colhida,
para que apresente suas qualidades e seu sabor. Se colhida antes, ela estará
tenra, mas não terá sabor, e se passada, o sabor estará alterado e difícil de ser
consumida. O momento da colheita depende do estágio de desenvolvimento da
planta e da parte comercial. A colheita pode ser feita manualmente, com
auxílio de ferramentas manuais ou com implementos mecânicos. É importante
utilizar recipientes de coleta apropriados para cada produto, possuir veículo
para transporte interno e ferramentas e maquinários apropriados para cada
cultura. Deve-se seguir alguns cuidados ao realizar a colheita das hortaliças,
cuidados esses que são descritos abaixo.
• No ato da colheita atente para não danificar o produto;
• Colha em horários de temperaturas amenas;
• Utilize embalagens adequadas e limpas;
• Utilize ferramentas adequadas;
• Faça com cuidado as transferências dos produtos de uma embalagem
para outra;
• Evite movimentos bruscos das embalagens contendo produtos;
• Não coloque os produtos estragados ou defeituosos junto com os de
qualidade comercial;
• O transporte deve garantir a manutenção da qualidade dos produtos;
• Os veículos de transporte devem ser dotados de proteção para evitar a
desidratação e danos pelo vento;
• O transporte refrigerado é utilizado para produtos mais sensíveis e
longas distâncias;
• Produtos contendo terra, detritos e resíduos precisam ser lavados,
para que tenham melhor apresentação e aceitação no mercado.

Técnicas de embalagem e armazenamento dos produtos

Existem vários tipos de embalagens e


armazenamento de hortaliças e legumes frescos, como
seguem:

• Caixas plásticas onde são acondicionadas as


hortaliças retirando-as do contato com o solo. As
caixas devem estar higienizadas e desinfetadas;

Curso de Horticultura 43
• Caixas de madeira geralmente acondicionam
legumes mais resistentes;

• Caixas de papelão;

• Caixa PET;

• Embalagens como sacos plásticos específicos para


hortaliças de folhagens;

• Embalagens como filme de PVC;

• Embalagens com isopor e PVC.

É necessário que, antes de qualquer procedimento de embalagem ou


acondicionamento, deva-se ter o cuidado da higienização da hortaliça/legume.

Quando as hortaliças e legumes são embalados, podem ter uma


durabilidade maior, pois esse processo reduz a perda de água e modifica a
concentração de gases.

Se a embalagem é em sacos plásticos, caixas PET, filme PVC ou isopor


com filme PVC, é fundamental o uso de rótulo no produto, pois é uma forma de
apresentar ao cliente as vantagens do produto, bem como de divulgar a
empresa, criando, dessa forma, um vínculo de fidelidade.

Curso de Horticultura 44
Depois de colhidas, as hortaliças continuam vivas, por isso mantêm vários
processos, como a perda de água, a respiração e a transpiração. Todos esses
processos afetam a qualidade e o frescor dos produtos hortícolas, além da
aparência e do valor nutritivo. A perda de água é maior nas primeiras horas
após a colheita, porque o produto ainda está com o calor do campo, ou seja, a
mesma temperatura da horta. Por essa razão, é importante que o produto seja
colocado em local fresco para começar a esfriar.

A comercialização é a etapa mais importante da atividade. É nesse


momento que o produtor obtém o retorno financeiro do seu empreendimento. O
mercado e suas características devem ser considerados antes mesmo do início
do plantio. O produtor precisa conhecer os canais de comercialização, tais
como:
• CEASA;
• Supermercados;
• Sacolão;
• Feira livre;
• Venda com entrega direta ao consumidor;
• Intermediadores e
• Cooperativas.

É necessário que o produtor fique atento ainda aos seguintes detalhes:


• Consulte frequentemente as cotações de preços e os volumes
comercializados dos produtos;
• Avalie as cotações, considerando o custo do transporte e os riscos;
• Faça contato antecipado com os prováveis compradores e
• Procure comercializar os produtos valendo-se do apoio de cooperativas
ou de associações de produtores. Essas organizações proporcionam
escala, conferindo maior capacidade e poder nas negociações.

Para saber se a atividade está gerando lucro ou prejuízo, é necessário


conhecer os custos e as receitas. As anotações de todos os valores de gastos e
vendas realizados permitirão o cálculo dos resultados financeiros da atividade e
o planejamento das ações futuras.

Curso de Horticultura 45
Referências Bibliográficas

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