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MANUAL

u
Construção coletiva para
a elaboração do Manual
Orientador

Conselho Editorial:
Francisco Maturana
Gonzalo Belloso
Hugo Tocalli
Reinaldo Rueda

Autores:
Alberto Ramírez
Carlos Thiengo
Israel Teoldo
Juan Cruz Anselmi
Laura Rojas
Marcelo Roffé
Néstor Arrua
Prospero Paoli
Rodrigo Leitao
Waldo Balaguer

Editores Executivos:
Carlos Thiengo
Clarence Acuña
Luis Fernando Ramírez
Ruben Rossi

Moderador:
Mauricio Márques

2 3
ÍNDICE NOSSO
Mensagem do presidente da

6
CONMEBOL
Mensagem do secretário geral JOGO
adjunto/Diretor de O jogo e a identidade
Desenvolvimento da CONMEBOL sul-americana
Introdução NOSSO A lógica do jogo
As dimensões do rendimento ANEXOS
TREINADOR esportivo Regulamento de Uso de
Fundos do Programa
Nosso treinador e seus Evolução
jogadores Bibliografia
Etapas da formação esportiva
O perfil do formador para
jovens
O futebol é um esporte
coletivo: o treinador e o

1
trabalho em equipe

NOSSO
CONTINENTE
Cultura do futebol
O DNA sul-americano
A paixão sul-americana

NOSSA
METODOLOGIA NOSSO
Influências metodológicas
no futebol, futsal e futebol FUTURO
sul-americano O currículo académico como horizonte
Meios e métodos utilizados para formação da identidade de
no ensino e treinamento do jogadores e jogadoras sul-americanos
futebol, futsal e futebol de no século XXI
areia Tópicos para construir o modelo de
Contribuição das ciências do cada país e cada clube
esporte no futebol “Uma folha em branco”
sul-americano

4 5
Mensagem do presiden- Mensagem do secretário geral adjun-
te da CONMEBOL to/Diretor de Desenvolvimento da
Alejandro Domínguez Wilson Smith
CONMEBOL
Gonzalo Belloso
O futebol é uma área de for- dores, e para aqueles que têm a a perseverarem na tarefa, a não
mação e crescimento das pes- sagrada missão de formar joga- se cansarem de instruir, orien-
O futebol sul-americano se ba- O compromisso assumido pela a partir da formação humana e
soas, um a formação que atinge dores de futebol e moldar valor, tar e vislumbrar metas cada vez
seia no talento, nas capacida- CONMEBOL consiste em garantir profissional dos meninos e meni-
não só a quem está em campo, coragem e técnica. mais vitoriosas para o futuro do
des físicas e nos valores huma- o treinamento integral de cada nas que desde as várzeas, as es-
mas também a nossa gente que nosso futebol. Que este MANUAL
nos de cada jogador e jogadora. jogador/a, através dos melhores colas de futebol e os bancos de
desde as arquibancadas se iden- Ao partilharmos a responsabi- ORIENTADOR seja colocado em
Portanto, o objetivo da CONME- treinadores esportivos de cada talentos dos clubes, percorrem
tificam com as conquistas dos lidade pela formação e cresci- prática a cada momento da ins-
BOL é desenvolver um processo região com materiais e insumos um caminho digno e árduo até
seus jogadores dentro e fora mento dos atletas, apostamos trução técnica, nos treinamen-
de formação de superação que que fazem parte da sua prepa- alcançar a titularidade nas Se-
dele. Partindo desta realidade na formação de treinadores, que tos, nas avaliações, e que todas
tenha um impacto positivo no ração física e da sua experiência leções de Base.
do futebol, a CONMEBOL, junto irão conduzir o treino diário, tan- as recomendações aqui apresen-
desempenho e no nível de com- prática em cada modalidade que
com a família, escola e outras to no campo esportivo como no tadas sejam debatidas e otimiza-
petitividade de nossas seleções
instâncias sociais, está orientada humano, fazendo que o caminho das, cuidando da nutrição afetiva
de base. Os atores envolvidos
seja sua responsabilidade desen- Obrigado a todos e
a gerar melhores propostas para por onde os nossos jovens vão de cada criança e jovem que son- volver. Neste panorama de quali-
nossos jovens jogadores e joga- traçar nas Seleções de futebol de ham em mostrar ao mundo suas
nesta grande tarefa, desde as dade, o treinador e a treinadora, nos vemos em campo!
famílias dos jogadores e jogado- em conjunto com a sua equipe,
seu país seja uma jornada forma- habilidades, suas malícias e a ma-
ras, o treinador e treinadora e promovem e conduzem a prática
tiva significativa em suas vidas gia dessa área que é tão nossa e
sua equipe técnica, as autorida- do futebol como esporte, como
e se traduza, posteriormente, ao mesmo tempo tão global.
des dos Clubes e das Associações escola de vida e como aquele ri-
em jogadores de futebol de
Membro, agora recebem através goroso espaço de trabalho em
alto desempenho nos cam- Os nossos jovens jogadores, suas
deste MANUAL ORIENTADOR, um que se pretende atingir - pla-
pos da região e do mundo. famílias e treinadores, merecem
guia claro sobre cada etapa da nejadamente - o mais alto ní-
o compromisso que assumimos
formação integral e profissional vel no campo de jogo.
Faço um apelo a todos os com eles no presente. Insisto a
de cada menino, menina e jovem
que estão envolvidos na levarem consigo este esforço dos
que ama o futebol. Meu especial reconhecimen-
empreitada formativa dos nossos especialistas, à prática
jovens valores do fute- quotidiana, à leitura integral e to a todos os participantes das
A CONMEBOL destaca, de for- nossas mesas de trabalho de
bol sul-americano que a adaptem às características
ma especial, a atuação dos pre- Instrutores da CONMEBOL,
regionais de cada canto do nosso
paradores esportivos, técnicos, às Associações Membro
continente. Melhorar a qualida-
professores e instrutores das e aos Amigos do Fu-
de de vida de cada cidadão que
categorias de base, que devem tebol Sul-Americano,
pratica e ama o futebol é nosso
promover e conduzir o processo verdadeiros conhe-
grande objetivo, além de ampliar
de formação e treinamento pro- cedores do futebol,
a trajetória de sucesso do futebol
postos neste documento. Para comprometidos
sul-americano.
cumprir esta tarefa, o Departa- em melhorar o fu-
mento de Desenvolvimento da tebol de hoje e o
E agora, que comece o CONMEBOL, por meio do Progra- futebol do futuro
ma Evolução CONMEBOL, desig-
jogo, o futuro já está e na para cada Associação Mem-
campo! bro, os itens para a cobertura e
desenvolvimento das seleções de
base de cada país sul-america-
no, investimento traduzido nos
meios que contribuirão para que
existam Seleções Juvenis de alto
nível humano, esportivo e com-
petitivo.

6 7
Introdução
Este Manual Orientador é o pri- No primeiro capítulo, procura-
meiro de uma série de 6 manuais mos enfatizar as características
publicados pela CONMEBOL: Go- culturais do nosso continente,
leiros, Futsal, Futebol de Areia, que marcam nosso futebol e dão
Futebol Feminino e Futebol Juve- identidade ao DNA sul-america-
nil. Em uma iniciativa pioneira, a no. Em seguida, no Capítulo 2, é
CONMEBOL iniciou um processo feita uma reflexão sobre o treina-
para registrar os conhecimentos dor e a treinadora sul-america-
específicos do futebol sul-ameri- nos, em suas formas de trabalhar
cano que expressam nossa cultu- e de se relacionar com os joga-
ra, paixão, conhecimento, vitórias, dores de futebol. O Capítulo 3
entre outras qualidades que com- abrange tópicos relacionados ao
põem nosso DNA futebolístico. jogo e como jogamos. De forma
O processo de construção des- bem didática, ensina como pode-
ses manuais foi feito a partir dos mos identificar componentes de
conteúdos desenvolvidos por um desempenho e elementos téc-
grupo de profissionais de referên- nicos, táticos, físicos e psicosso-
cia do futebol sul-americano, es- ciais como conteúdo dos treina-
pecializados em diferentes áreas mentos.
do conhecimento esportivo.
A partir disso, o Capítulo 4 ana-
O Manual Orientador é destina- lisa os métodos e ferramentas
do a treinadores e profissionais de treinamentos que historica-
que atuam e/ou querem trabal- mente influenciaram o futebol
har com jovens atletas na faixa sul-americano e como os treina-
etária de 14 a 20 anos e serve de dores e treinadoras podem fazer
base teórica e prática para os ma- uso dessas metodologias para
nuais especializados menciona- garantir a qualidade do nosso
dos anteriormente. Este manual jogo. Analisa também os diver-
contém os princípios e conheci- sos conhecimentos que as ciên-
mentos gerais para o desempe- cias do esporte podem aportar
nho de treinadores e treinado- aos treinamentos e competições,
ras, enquanto os manuais espe- sempre resguardando nossa

1
cializados englobam os aspectos identidade e o DNA sul-america-

NOSSO
específicos de cada modalidade. no como formadores de jogado-
Uma proposta comum a todos res e jogadoras de classe mun-
os manuais é que os temas abor- dial. O Capítulo 5 mostra como
dados são aplicados de forma podemos construir nossos futu-
concreta ao mundo real do fute- ros projetos de desenvolvimento
bol sul-americano, em suas dife- do futebol a partir de uma cons-

CONTINENTE
rentes realidades. É importante trução coletiva e considerando o
destacar que os conhecimentos contexto particular de cada clube
aqui contidos devem ser comple- ou seleção nacional.
mentados com cursos específi-
cos oferecidos pela CONMEBOL
e pelas Associações Membro, por Convidamos a todos
meio de seu sistema de formação
de treinadores e treinadoras.
a desfrutar dos
conhecimentos contidos
neste manual.

8 9
Cultura do futebol
O DNA sul-americano A paixão sul-americana
O futebol em seus primórdios em do sempre se destacaram por seu A primeira coisa que deve ficar plesmente “fazer algo juntos”.
nossa América Latina foi apren- extraordinário conhecimento do clara é que, embora tenhamos a O sucesso e difusão na América
dido pura e exclusivamente com jogo e por essa sabedoria avassa- “sensação” de que o futebol sem- do Sul deste “jogo” de crianças,
o único “Mestre” que existiu (e ladora, desenvolvem capacidades pre esteve aí, a verdade é que o jovens e adultos chegou a tal
existe) nessas funções: o jogo. para resolver ações futebolísticas futebol é algo recente nesse en- ponto que em 1901 já se realiza-
E a partir desse jogo infantil, a de acordo com suas característi- contro de culturas que é a Amé- ria uma partida inaugural entre
criança foi se formando, se auto cas particulares e a posição em rica do Sul. Claro, existem his- uruguaios e argentinos, que se-
moldando de acordo com a cultu- que jogam dentro de uma equipe. toriadores e antropólogos que ria um primeiro antecedente da-
ra em que estava inserida, cultura sustentam a hipótese de que quela Copa América de 1916, dis-
que lhe permitia entender e com- Não devemos nos confundir so- entre os astecas ou os incas exis- putada por chilenos, argentinos,
preender o jogo de uma forma bre isso, suas condições, suas tiam jogos semelhantes ao fute- uruguaios e brasileiros. Assim fo-
muito particular, com caracterís- qualidades, suas capacidades bol. Mas, só em 1863, com o nasci- ram formados os primeiros times
ticas próprias, usos e costumes. sempre foram futebolísticas, não mento da “Football Association of profissionais, que se transforma-
Nossos meninos e meninas nes- atléticas; destacam-se pelo ta- England” (Associação de Futebol), ram nas grandes instituições do
tas partes do mundo imaginavam lento, pela marca, pelas malícias, é que podemos falar do futebol futebol que conhecemos hoje na
e viam seu jeito de jogar através pela engenhosidade, pela enor- como o esporte que conhecemos América do Sul. Organizações de
de excepcionalidades pessoais: me ousadia e coragem para jogar hoje. Este nascimento aconteceu grande carisma e tradição que
domínio da bola, destreza para e por essa capacidade decisiva primeiro nos pátios das escolas e abrigam não só jogadores ta-
manejá-la, dribles, truques, malí- atuam ao nível máximo em todos paróquias, com crianças e jovens lentosos, mas também têm sido
cia e individualismo. Sua ideia do os grandes cenários do mundo. que gostavam de correr atrás capazes de construir pontes en-
jogo estava essencialmente vista da bola, desenvolvendo estraté- tre a “várzea de bairro” e os pro-
e sentida através da bola e de seu Por tudo isso, temos a convicção gias de pressão ou, simplesmen- cessos de formação de jogadores
sucesso pessoal com ela. de que para voltar a desenvolver te, formando equipes de bons de futebol de alto nível, gerando
e fortalecer esse DNA do Futebol companheiros. A partir daquele aquele “belo jogo” ou a “malícia”
Essa virtude sul-americana, in- Sul-Americano é preciso voltar às momento, jogar futebol passou do passe para o gol “tirado da
felizmente, não tem sido uma origens, ou seja, ao jogo pelo jogo a ser sinônimo de “ir jogar” e, as- galera”, talentos “Made in South
constante no futebol, mesmo e, a partir dele, propor todo um sim, a rua ou os fundos da casa America” que estão no DNA dos
que em alguns casos pareça que modelo pedagógico e metodoló- também se transformaram em jogadores de futebol da nossa
há um “medo” do jogo e tenha-se gico que, mais que o ensino, vise campos improvisados. Desde o América. Efetivamente, existe
considerado que este, como ele- a aprendizagem, algo que no fu- início, no futebol, crianças e jo- uma rica história institucional do
mento pedagógico, está des- tebol é de extrema importância. vens encontraram um espaço futebol sul-americano, uma his-
atualizado, obsoleto e arcaico. que transcendia a origem das au- tória importante e sobre a qual
Precisamente por este motivo se las; uma atividade saudável e di- há uma farta bibliografia; entre-
tentou decompor o jogo, dividi-lo Sem medo de mal-enten- vertida, onde podiam reunir suas tanto, há “outra história” que
em partes, fragmentá-lo e tentar didos, podemos dizer que energias vitais, ser solidários por também é substancial quando
ensiná-lo na infância de forma uma causa comum, competir se tenta entender o que é esse
parcelada, seccionada, separada, sem “jogo” nas idades in- lealmente em equipe e contribuir “muito mais” a que nos referimos
algo que se demonstrou que ca- fanto-juvenis, não há “jo- para a vitória de sua peculiar des- no primeiro parágrafo. Essa “ou-
rece de embasamento pedagógi- gadores” no futebol pro- treza. Também os adultos - que tra história” tem a ver com a bola
co e que, em alguns casos, preju- não tiveram a oportunidade de de trapos, com os dois tijolos
fissional.
dicou a formação dos jogadores. viver a infância como meninos e transformados em gol ou com a
Os jogadores deste lado do mun- meninas - aderiram ao “jogo” e “várzea” - “campinho” - “terreno
assim nasceram clubes de bairro, baldio” que viraram estádios no
de amigos ou de colegas de tra- imaginário dos mais carentes e
balho. Jogar futebol era juntar-se marginalizados. Essa “outra his-
às próprias atividades do tempo tória” está ligada ao “jogar a bola”
livre adulto, aos eventos sociais na hora do cochilo, com o “fute-
ou àquelas desculpas para sim- bolzinho depois do trabalho” ou o
10 11
clássico jogador de futebol antes acontecimentos da vida cotidia- Bem, o que se entende por
da “festa de domingo” no bairro. na. Quantos pais de família, ge- “apaixonados”? Geralmente, há
Essa “outra história” faz parte da rentes ou políticos motivam seus duas maneiras de traduzir isso
“pelada” que os jogadores jogam filhos, funcionários ou partidários para o jargão do futebol:
na concentração ou enquanto a “jogarem em equipe” quando
esperam o transporte que os le- desejam atingir um objetivo co- 1) São os que dão tudo de si em
vará para a partida de domingo. mum - um “gol”? Este não é um campo, molham a camisa ou pas-
fato fortuito da linguagem, faz sam todas as bolas; mas também
Agora, como esse “jogo” deve ser parte do DNA do mundo simbó- se entende como os que:
entendido? lico dos sul-americanos. Até aqui,
Por um lado, sem dúvida, como pode-se afirmar que tanto aquele 2) se deixam levar por suas
uma atividade divertida, lúdica e “muitos mais” como aquela “ou- emoções, permitindo a emoção
que requer certos tipos de ha- tra história” do futebol explicam prevalecer à razão ou jogando
bilidades, isto é, em geral, a ca- um jogo que ao mesmo tempo impulsivamente.
racterística do ato de brincar. No que entretém e diverte, também
caso do futebol e, principalmente desenvolve e capacita a pessoa, Certamente isso se ouve com
na América do Sul, essa definição unindo o grupo social, seja em um frequência, mas o que realmente
precisa ser mais apimentada. Não encontro no campo ou nas arqui- significa essa “paixão” no contex-
se pode evitar o fato do futebol bancadas. No entanto, seria falso to dessa “outra história” do fute-
sul-americano estar ambientado pensar que essas características bol, desse “muito mais”. A respos-
principalmente em contextos so- são inerentes à definição de “jo- ta à questão conclusiva da seção
cioeconômicos carentes, onde há gar bola”. Não, este conceito de anterior é complexa, pois, por um
um acesso limitado a alguns bens “futebol” como “jogo que alegra e lado, deve-se admitir que os con-
básicos e onde quiseram imple- forma”, além da origem do berço, ceitos provenientes do jargão do
mentar alguns determinismos de é uma construção histórica e so- futebol têm alguma relação com
berço como naturais. Esse banho cial, é a tal “outra história. a realidade e, ao mesmo tempo,
de realidade muda na América do nada têm a ver com as raízes so-
Sul a ideia de “jogo” ou, especi- cioculturais da “paixão pelo fu-
ficamente, de “jogar bola”, pois tebol” na América do Sul. Este
faz das épocas de “campinho”, último encontra seu sustento,
tempos em que o menino, a me- Um processo em que novamente, no contexto históri-
nina, o jovem ou o adulto -como a riqueza emocional e co de uma América do Sul pene-
indivíduos e como grupo- têm a afetiva de homens e trada por uma grande riqueza hu-
oportunidade certa de serem es- mana e natural versus realidades
timulados tanto em seu pensa- mulheres sul-americanos socioeconômicas empobrecidas. O futebol na América
mento como no corporal e, tam- desempenha um papel Assim, “paixão” significa tanto o do Sul é a construção
bém, em suas habilidades sociais. fundamental, quer dizer, sofrimento pela carência vivida
Essa “pelada” da tarde, recreio ou pelos pobres ou marginalizados,
sócio-histórica de um
dos protagonistas desse afirmação. Para encerrar a ideia do “muito mais” ou daquela “ou-
de saída da fábrica, contribui para como o apego veemente por deste parágrafo, cabe dizer que o tra história” do futebol, aspectos espaço de coesão e
o desenvolvimento das capacida- processo de construção algo que é importante na vida, campo de futebol, principalmen- únicos da realidade sul-america- promoção social em
des práticas e intelectuais dos histórica do futebol na por razões existenciais próprias e te na América do Sul, é aquele lu- na que transformam o “jogo” e a torno do jogo com
jogadores, que muitas vezes, in- América do Sul. que ativam o mais íntimo do ser, gar de encontro onde as paixões “paixão” em características, es-
felizmente, encontram na oficina, tanto do sujeito, como do coleti- paços ou experiências humanas
paixão no campo da
não só podem ser produzidas,
na sala de aula ou no escritório vo social. mas também vivenciadas interna e sociais de superação, tanto no vida.
apenas “inibidores ” de suas po- e publicamente. torcedor quanto no jogador pro-
tencialidades ou capacidades. Da Em linha com o que foi concluí- É importante destacar que, em fissional. Na América do Sul, o fu-
mesma forma, para o homem ou do no parágrafo anterior, parece nenhum dos dois casos, espe- Até o momento, pudemos argu- tebol originalmente permitiu que
mulher comum, o jogo - especial- interessante referir-se ao fato cialmente no segundo, deve-se mentar que o futebol na América meninos, meninas e jovens vives- mente envolvidas em uma ati-
mente o “jogar bola” ou o “fute- de que os sul-americanos, em confundir a “paixão” com o “fa- do Sul compartilha uma estru- sem a experiência corporal, emo- vidade que gera diversão e des-
bol” - faz parte de suas “teorias relação a outros contextos so- natismo” ou “obsessão”; tam- tura institucional comum com o cional e social inerente à sua in- envolvimento humano, aquela
existenciais”, forma aqueles mo- cioculturais, caracterizarem-se bém não é válido sustentar que resto do mundo, mas é original fância - juventude (no campo não “várzea” que luta com simplicida-
delos práticos ou referenciais como “apaixonados”. o passional prevalece sobre o ra- em termos de suas implicações, se precisa ser “pequenos adul- de e tenacidade contra as drogas,
que a pessoa utiliza para analisar cional; hoje, os estudos da neuro- conceituação e relevância so- tos”). Posteriormente, o futebol a marginalização e a violência.
as interações que ocorrem na so- ciência desmentem esse tipo de cioantropológica. Essa originali- sul-americano permitiu que as
ciedade, nas instituições e nos dade está no que aqui se chamou pessoas se sentissem intensa-

12 13
Nosso treinador/a e seus
jogadores e jogadoras
Neste manual definimos o técnico sul-americano como o treinador
esportivo, pois seu trabalho não se concentra apenas nos aspectos
esportivos, mas em toda a vida dos meninos, meninas e jovens que
jogam futebol.

Quando falamos em treinadores pas e procedimentos que advêm os treinadores dessas etapas a
temos que distinguir dois aspec- de um conhecimento concentra- encontrar ferramentas que pos-
tos centrais, um que trata da prá- do na academia, que se nutre das sibilitem a formação integral do
tica do jogo e tudo o que o envol- ciências humanas do desenvolvi- treinador sul-americano, respei-
ve e outro que tem a ver com a mento e da compreensão da pes- tando aquele tempo necessário
formação de um ser humano que soa do jogador, assim como, por de estar em campo transpirando
joga. exemplo, a biologia, a anatomia, futebol e agregando o conheci-
a psicologia, a sociologia e as es- mento das ciências. As licenças
O treinador esportivo, que tra- tatísticas nos alimentam de ele- são um sistema que permite cre-
balha com crianças e jovens, mentos para tornar mais metó- denciar e ajudar os treinadores
tem a necessidade de enfatizar dica e organizada no tempo e no que se dedicam e amam essas
a aquisição de habilidades e ca- espaço a nossa tarefa de facilitar categorias a terem reconheci-
pacidades de ação, ou seja, tudo a aprendizagem. mento em toda a América do Sul.
que está relacionado à técnica do Com esse sistema de licenças,
próprio esporte, aos movimentos eles também estarão habilita-
do corpo, à postura do tronco, do É nessa combinação dos a atuar em toda a América do
pé, ao domínio da bola, à com- Sul e demais associações com as
preensão do jogo, tudo o que
que o treinador quais a CONMEBOL tenha convê-
associamos à técnica e táctica sul-americano se nios. Este é um endosso impor-

2
do futebol, bem como ao desen- diferencia e encontra tante para que a tarefa de educar
volvimento dos movimentos cor- essa capacidade tão crianças e jovens tenha o recon-
porais onde também podemos hecimento e ajude os formadores
incluir o desenvolvimento físico. importante que o torna destas categorias a continuarem
um treinador de grandes com mais ímpeto, esforço, dedi-
Um segundo aspecto diz respei- talentos. cação e estas categorias não se-
to à formação da pessoa, daquele jam vistas apenas como um pas-

NOSSO TREINADOR/
ser humano que joga futebol, com so para o mundo profissional.
seus sentimentos, seus pensa- Essa é a capacidade do treina-
mentos, suas ações. Encorajamos dor sul-americano que se baseia Este sistema de licenças per-
que a ênfase seja dada da mesma nessa visão de experiências de mite um treinamento rigoroso,
maneira nestes dois aspectos. várzea somada a conhecimentos sustentado e robusto que nos

NOSSA TREINADORA
Para isso, devemos reconhecer acadêmicos que o tornam inigua- proporciona em toda a América
que o processo de aprendizagem lável e faz da América do Sul uma do Sul uma jornada metódica e
é uma atividade que realizamos das regiões do mundo que mais organizada na preparação dos
desde o nascimento, somos to- alimenta o futebol. profissionais dessas categorias.
dos grandes aprendizes, por isso O sistema de licença oferece às
aprendemos a amamentar-nos, Da CONMEBOL, incentivamos Associações Membro a possibili-
alimentar-nos, levantar e andar. o aprofundamento desses dois dade de avaliar e garantir a qua-
Há também uma aprendizagem conhecimentos e propomos um lidade da preparação dos treina-
sequenciada orientada, com eta- modelo de licenças que ajudem dores esportivos.

14 15
quais não serão todos os indiví- com o futebol, o futsal e o fute- continente e, principalmente, e
duos inseridos no futebol, futsal bol de areia, mesmo na infância, como se supera a concepção de
e futebol de areia juvenil que con- seja pela iniciação esportiva sis- que a iniciação esportiva está su-
seguirão ingressar e permanecer temática ou assistemática, tam- jeita apenas ao período de espe-
na carreira profissional. bém não ingressará no futebol cialização esportiva e este ao es-
juvenil, tampouco se tornarão porte de alto rendimento, como
Após a conclusão do treinamen- jogadores e jogadoras profissio- única finalidade do sistema de
to, os jogadores e jogadoras in- nais. Sendo assim, a promoção formação esportiva, uma vez que
gressam no esporte de alto ren- de uma iniciação esportiva capaz a riqueza da prática assistemáti-
dimento, tendo como atividade de transcender a formação para ca e amadora, bem como as con-
profissional o futebol, futsal e o os esportes de alto rendimento dições com escassos recursos no
futebol de areia, dos 15 a 20 anos, é essencial para a perpetuação futebol sul-americano permitem
onde o principal objetivo da pre- da prática no continente, visto uma diversidade de contextos de
paração esportiva é proporcio- que a grande maioria dos aman- prática que muitas vezes propor-
nar aos jogadores e jogadoras as tes dos jogos com bola nos pés cionam criatividade única aos jo-
condições para a manifestação os praticarão de forma amadora, gadores e jogadores. Além disso,
do alto rendimento esportivo com fins educacionais, culturais, este contexto permite que nas
nas principais competições das recreativos e de saúde. Além dis- etapas de especialização e alto
respetivas modalidades. Além so, os consumidores do Futebol rendimento incluamos jogado-
disso, o esporte de alto rendi- Sul-Americano do século XXI, que res e jogadoras oriundos da prá-
mento como atividade social se serão os torcedores dos clubes e tica assistemática e do futebol
apresenta como uma atividade seleções nacionais da América do nas equipes, assim como após o
econômica e, principalmente, Sul, dependerão da relação que término da carreira profissional
como um mobilizador de práti- estabelecerem com o futebol, possam usufruir das modalida-

Etapas da formação
cas, sobretudo da paixão dos in- futsal e futebol de areia infantil, des tanto como praticantes de
divíduos pelas modalidades. juvenil e de alto rendimento. futebol amador ou como consu-
midor/torcedor do futebol.
Nesse sentido, é imprescindível Por fim, o modelo exposto ilustra

esportiva
compreender que grande parte como se organiza a prática do fu-
das pessoas que se relacionam tebol, futsal e futebol de areia no

Ao longo da vida e nos diferentes espaços sociais, a prática do futebol,


futsal e futebol de areia pode assumir características de acordo com
os objetivos propostos. Pois bem, como fenômeno histórico e social,
as modalidades praticadas “com a bola nos pés” são produtos e
produtoras da cultura humana.

Diante desse cenário, observa-se nas modalidades citadas tam- indivíduos que desejam ingres-
que o futebol, o futsal e o futebol bém tem a finalidade de formar sar na etapa de especialização
de areia como modalidade prati- futuros consumidores do futebol, esportiva, ou seja, no futebol,
cada na iniciação esportiva, entre futsal e futebol de areia, sendo os futsal e futebol de areia juvenil
6 e 13 anos de idade, têm como indivíduos que serão capazes de (14 a 20 anos), voltado ao trei-
objetivo principal o treinamento se relacionar criticamente, con- namento para carreira esportiva
predominantemente de meni- sumir, construir e ressignificar profissional em esportes de alto
nos e meninas, para seu relacio- as modalidades perpetuando a rendimento. Porém, é importan-
namento com a modalidade, ou paixão dos sul-americanos pela te ressaltar que a especialização
seja, promovendo sistematica- e na maneira como jogam com a esportiva deve tratar também da
mente a abordagem da modali- bola nos pés. formação integral dos indivíduos,
dade para que possam tê-las com uma vez que as incertezas, a vo-
o objetivo de educação, cultura, Outra finalidade da iniciação latilidade e a brevidade da carrei-
lazer e saúde para a vida. Além esportiva é proporcionar um ra profissional são características
da prática, a iniciação esportiva aprendizado satisfatório para os dos esportes de rendimento, nos
16 17
Modelo de organização da formação esportiva no futebol, futsal
e futebol de areia na América do Sul O perfil do treinador para
jovens
No mundo do futebol de formação o termo “treinador” deve ser
substituído pelo de “formador esportivo”, queremos dizer que,
tanto o treinador e treinadora como os outros componentes do
Alto corpo técnico, nestas fases da aprendizagem infantil e juvenil,
rendimento devem ocupar funções de guias, conselheiros e facilitadores de
PROFISSIONAL aprendizagem.
Educação, cultura,
21 a 35/40 anos
lazer e saúde O papel do treinador e treinado- sustentar e desenvolver aque- um formador integral, aquele que
AMADOR ra nessas idades da infância e ju- las habilidades invisíveis, como acompanha a vida, é uma etapa
criança e adulto ventude deve ser realizado com o responsabilidade, dedicação, que lança as bases para o desen-
Especialização esportiva perfil de formadores e educado- esforço, respeito, que estão no volvimento do jogador de futebol
4 a 70/75 anos
JUVENIL/BASE res esportivos especializados no campo da convivência e do con- e, muitas vezes, se estende por
futebol, que saibam detalhada- texto que envolve o jovem, me- mais de quinze anos.
14 a 20 anos mente desenvolver as habilida- nino ou menina que treina fute-
des deste esporte, mas também bol. Essa responsabilidade de ser

Iniciação esportiva
assistemática Iniciação esportiva sistemática O formador esportivo da área infantil
INFANTIL INFANTIL
6 a 13 anos 6 a 13 anos (6 a 13 anos de idade):
Desde sua formação esportiva, é para o ensino, com perfil pura-
O futebol infantil nesta longa fase inicial do futebol mente formativo, capacitados e
é o período mais infantil que o formador deve en- especializados no futebol infan-
fatizar o aprendizado motor ge- til, para não cair no erro de ten-
transcendente na ral que desencadeia a aquisição tar imitar os técnicos de futebol
formação de um de uma boa técnica que deve ser profissionais. O treinador infantil
jogador de futebol, é desenvolvida preferencialmente vive, sente e raciocina no meio
a base essencial na através do jogo. O conceito de infantil. Desfruta da possibilidade
que a criança deve “APRENDER de ver o crescimento, o processo
“construção”, não só BRINCANDO” deve estar presente do menino e da menina que vão
do jogador, mas da em todos os programas de trei- se formando.
pessoa, onde o menino namento de treinadores e pro-
fessores. Os formadores devem ser “segui-
e a menina passam a
dores”, não só do processo de en-
consolidar aspectos Por isso, é necessário que as As- sino-aprendizagem, mas devem
de sua personalidade sociações Membros da CONME- compreender que, em muitos
através da socialização BOL e os clubes que as compõem casos, desempenham vários pa-
se empenhem na formação de péis, sendo as pessoas em quem
e seus três elos profissionais especializados nes- este jovem atleta deposita toda
fundamentais: família, tes estágios iniciais tão delica- a sua confiança, tornando-se a
6 a 13 anos 14 a 20 anos 21 a 35/40 anos escola e clube de futebol. dos. Referimo-nos aos treinado- sua verdadeira referência para o
res e treinadoras com vocação resto da vida, mesmo em alguns

18 19
casos, ganhando mais autoridade criatividade, pois é importante no esportivo entenda a importância
do que os próprios pais, o que os planejamento das atividades e jo- de ajudar a formar futebolistas
torna colaboradores da família na gos propor problemas e estimu- autônomos, ou seja, capazes de
tomada de decisões. É uma gran- lar soluções, através de métodos entender o jogo e suas necessi-
de responsabilidade compreen- dedutivos e evitando atividades dades e responder com a malícia
der esta fase para, então, colocar excessivamente estruturadas e característica de inventar saídas
os homens e mulheres mais qua- comportamentais. inesperadas, criar espaços onde
lificados para esta tarefa, onde não há, ver além do que se espe-
o interesse vai além do futebol. Como CONMEBOL, propomos a ra, em vez de jogadores autôma-
Nunca se deve esquecer que o “construção” de um jogador de tos, ou seja, que fazem apenas o
“artista principal” desse caminho futebol com autonomia desde que o adulto manda. Para isso, o
de aprendizagem até o futebol as etapas infantis. Nessa fase, há formador deverá entender que

Adaptação do futebol ao
profissional é o menino, a menina uma tendência a programar ativi- o protagonista do processo de
e o jovem. dades de treinamento altamen- aprendizagem no futebol infantil
te estruturadas, rígidas e pouco é o menino e a menina, por meio
O treinador esportivo e a treina-
dora esportiva devem valorizar
a iniciativa dos meninos e meni-
exploratórias lideradas pelo trei-
nador e pela treinadora, com ên-
fase no que eles fazem e falam.
da “ferramenta” pedagógica de
ensino mais atrativa, rica e com-
pleta que existe: O JOGO.
desenvolvimento da menina e do menino
nas, favorecendo e não inibindo a É imprescindível que o formador
Em seu processo de formação, da várzea e da rua, hoje esque- de competição e modelos de trei-
primeiramente o menino e a me- cido e marginalizado por proble- namento adequados para cada
nina e, depois, o jovem, devem mas sociais como a urbanização fase infantil e juvenil.
passar por duas grandes etapas e a constante insegurança, assim
O treinador esportivo e no seu caminho para o futebol como os avanços tecnológicos Na verdade, como podemos ver
a treinadora esportiva de elite: nos referimos às áreas no mundo atual que tomaram no gráfico acima, o futebol infan-
do futebol infantil e juvenil, dois espaço e tempo aos jogos do til (6 a 13 anos) deve ser tomado
devem valorizar a ini- mundos diferentes dentro do passado tão importantes para o como base sobre a qual se sedi-
ciativa dos meninos e mesmo esporte e na formação do desenvolvimento das habilidades mentam os aspectos fundamen-
meninas, favorecendo e jogador de futebol que devem es- motoras gerais e também para tais que servirão de plataforma
não inibindo a criativi- tar diretamente relacionados em a conformação da personalida- para tudo que virá no grande pe-
um projeto de formação abran- de que se constrói nos primeiros ríodo juvenil (14 a 20 anos), onde
dade, pois é importante gente. anos da infância. o aprendizado anterior ao futebol
no planejamento das profissional é consolidado e aper-
atividades e jogos pro- Devemos compreender a impor- É imprescindível, então, a for- feiçoado.
tância do futebol infantil entre 6 mação e a capacitação de do-
por problemas e esti- e 13 anos, como elo primário e es- centes esportivos com vocação Dizemos que meninos e meninas
mular soluções, através sencial de um processo esportivo genuína e especializados nesses de até 13 anos devem jogar bola
de métodos dedutivos em que se queira ter sucesso. É períodos iniciais do futebol for- com mais liberdade e, a partir dos
e evitando atividades necessário recriar de forma pro- mativo sul-americano (um dos 13 anos, começar a jogar futebol
gramada nas Associações Mem- objetivos centrais do Programa com as maiores complexidades
excessivamente estru- bro da CONMEBOL e nos clubes de Evolução da CONMEBOL), bem que este esporte apresenta na
turadas. que as compõem, o futebol-jogo como a adaptação dos formatos fase juvenil.

Modelo sugerido
FASE DE QUANTIDADE DIMENSÕES DO DIMENSÕES DA DIMENSÕES DIMENSÃO DA TEMPOS DE
MATURAÇÃO DE JOGADORES CAMPO DE JOGO ÁREA DOS GOLS BOLA JOGO

FASE INFANTIL 1 e 2 4 vs 4 35 x 22 m 10 x 7 m 4,50 x 1,60 FASE 1: N° 3 F1: 3 x 12’ x 5’


6-9 anos 5 vs 5 FASE 2: N° 4 F2: 3 X 15’ X 5’
6 vs 6
7 vs 7

FASE INFANTIL 2 e 3 7 vs 7 65 x 40 m 24 x 11 m 5,00 x 1,80 N° 4 3 x 20’ x 5’


10-12 anos 8 vs 8
9 vs 9

FASE INFANTIL 3 11 vs 11 100-90 x 65-45 m 40,32 x 16,5 m 7,32 x 2,44 N° 5 2 x 30’ x 10’
13 anos (Medidas Profissionais) (Medidas Profissionais) (Medidas Profissionais)

20 21
Adaptação do futebol ao desenvolvimento da menina e do menino O formador esportivo da área juvenil
Desde os 4 v 4 até 11 v 11 (14 a 20 anos de idade):

Na seguinte etapa, nos referimos humano. Conhecer a realidade cimento e aplicarem a tecnologia
ao futebol juvenil (14 a 20 anos), familiar e a situação escolar do como mais uma ferramenta para
onde o perfil do treinador e da adolescente é um elo essencial e auxiliar no seu treinamento, con-
treinadora deve se adaptar a um primário, antes de entrarmos no hecerem o perfil psicomotor de
FASE 1 y 2 jovem em constantes mudanças processo de formação daquele cada fase maturacional dos jo-
6-10 anos
4 vs 4 até 7 vs 7 físicas, psicológicas e sociais. jovem jogador de futebol. vens e aplicarem demandas que
35 × 22 = 770 m2
aos poucos se assemelham ao fu-
É preciso que o treinador e a trei- O treinador e a treinadora juve- tebol profissional.
nadora da área juvenil conheçam nil devem estar atualizados com
a realidade sociocultural dos jo- a realidade dos jovens além do
vens, saibam em que fase se pas- esporte, serem formadores de
sa um período complexo da vida valores éticos, possuírem conhe- O formador esportivo
de uma pessoa, como é a adoles- cimento tático, ensinarem múlti- e a formadora espor-
cência, sem nunca esquecerem plos métodos ou sistemas, pro-
que antes de um jogador de fu- moverem a formação integral do tiva devem utilizar o
tebol estamos treinando um ser jogador de futebol, terem conhe- futebol como ferra-
menta de inclusão
social, fazendo cum-
prir as regras do Fair
Dimensões para um campo Dimensões para uma Play como parte do
de futebol 11 quadra de futsal processo educacional.

O processo de formação do me- cognitivas, nos referimos ao jogo


nino, da menina e do jovem deve 11 vs. 11 em campos com medi-
realizar-se em condições ambien- das profissionais ou em forma-
tais e socioafetivas adequadas tos que pouco têm a ver com as Este modelo que
aos seus níveis maturacionais, condições naturais que meninos apresentamos visa
tanto no âmbito do treinamento e meninas apresentam nessas fa- estimular a criatividade,
como da competição, ambos fa- ses maturacionais, o que provoca
tores essenciais para o seu cres- um processo de aprendizagem autonomia e alegria de
cimento e desenvolvimento psi- distorcido do jogo e, além disso, meninos e meninas,
cofísico harmonioso. Para isso é pouco contato com a bola que além de respeitar as
importante que as condições do traz como consequência direta
raízes do futebol de
jogo de futebol sejam adaptadas um baixo desenvolvimento téc-
ao desenvolvimento e possibili- nico. rua e de várzea que
dades dos meninos e das meni- sempre diferenciaram e
nas, e não o contrário, pretenden- Devemos garantir que, dos 6 aos delinearam o futebolista
do que os meninos e as meninas 13 anos, esse esporte seja prati-
tentem se adaptar às formas do cado na América do Sul de acordo
sul-americano.
futebol profissional. com as condições de cada etapa
evolutiva e que não trate os me-
Ainda hoje, em vários lugares do ninos e as meninas como se fos-

Referencial
nosso continente sul-americano, sem mini adultos.
meninos e as meninas jogam e
competem de forma inadequada
por suas habilidades motoras e
22 23
Para um formador esportivo trabalha para que seu grupo de
sul-americano este é um ponto Um grupo de pessoas jogadores compreenda tanto
importante, pois em todas as as funções individuais quanto a
condições em que o futebol trabalhando juntas sobre estratégia comum a ser seguida.
aconteça, espera-se que o um mesmo assunto,
formador esportivo tenha a mas sem nenhuma São muitos os exemplos que
capacidade de administrar podemos citar de verdadeiras
coordenação entre
o talento e as diferentes equipes esportivas que no
características de personalidade elas, em que cada um papel não mostraram grandes
dos jogadores e das jogadoras, realiza seu trabalho talentos individuais, mas que
assim como eles também devem individualmente e sem com o esforço de cada um de
compreender o contexto em que seus integrantes conseguiram
se desenvolvem. É precisamente
ser afetado pelo trabalho conquistas muito importantes,
esta virtude que diferencia um dos demais colegas, não aquelas equipes que nos
formador e uma formadora de um forma uma equipe. emocionam e nos fazem lembrar
treinador e de uma treinadora. delas para sempre, dando-nos a
possibilidade de acreditar que o
O trabalho em equipe não NÃO basta estar juntos e correr esforço e o trabalho em equipe
é simplesmente a soma das atrás da bola, é preciso seguir alcançam coisas que para um só
contribuições individuais. uma estratégia, com tempos, seriam utópicas.
etapas e situações onde a ação
deve ser coordenada. Isso é É o a gratificação do trabalho
conseguido quando um formador em equipe.

O futebol é um esporte
coletivo
Embora as individualidades sejam importantes, construir uma
equipe é fundamental. Não basta ter um grupo de jogadores bons ou
talentosos, é preciso também que cada um cumpra seu papel com
eficácia e, ao mesmo tempo, que todos assumam a responsabilidade
de cumprir uma estratégia com eficiência.

24 25
uma atitude fundamental do Finalmente, deve-se destacar
A autoridade no futebol formador é saber ouvir. Ouvir que embora não haja um
com atenção, prontidão e boa conjunto claro de traços
não se impõe, é conquis- essenciais de personalidade que
vontade é, muitas vezes, a
tada. Essa é uma dife- melhor mensagem que passamos garantam a futura condição de
rença importante e a que aos jogadores de futebol em líder de um treinador, aqueles
define trabalhar como formação. A partir de uma boa que alcançam o sucesso
e atenta escuta poderemos ter geralmente têm as seguintes
líder de um grupo. O líder as coordenadas precisas para qualidades em comum:
é a referência, aquele que conduzir a equipe e aprender
tem autoridade porque algo pessoal sobre cada membro Estar focados nas
do grupo. O jogador valoriza pessoas, tarefas e
todos lhe dão e porque
muito o fato do treinador e da resultados
todos acreditam nele. É treinadora fazerem um esforço
aqui que, na linguagem especial para conhecer sua vida Influenciar através de
do futebol, falamos de fora do contexto da equipe. suas ações e exemplo
códigos, que nada mais Fornecer segurança ao
Claro, sempre existem estilos
são do que os valores particulares e cada um o ambiente
com que nos relaciona- fará como mais souber e
mos com nossos meni- compreender, mas estas Não se assustar com
orientações são fundamentais tomadas de decisões
nos, meninas e jovens. para se conseguir a construção
de uma equipa sólida onde todos Valorizar a todos e
participem, do massagista ao criticar para construir e
Para alcançar o verdadeiro psicólogo, do dirigente ao familiar progredir Para ser um líder formador é necessário:
sucesso nesta tarefa de liderar, que acompanha.
Ter coerência, liderar
eficientemente, manter
um bom clima interno,
delimitar os objetivos
claramente Saber escutar Ter empatia Valorizar o
outro
Comunicar-se bem,
aberta e francamente
com todos os membros,
resultaria no alcance de
complementaridade e Ser prudente Saber delegar Comunicar
coordenação corretamente

Com tudo o que foi dito,


podemos ter a certeza
de que seremos capazes Respeitar os Ser autocrítico Saber motivar
de construir um espaço processos
pessoais
de compromisso e con-
fiança, chaves para a con-
cretização dos objetivos
a longo prazo, como são
os objetivos desta fase de Inspirar aos Manter o Aproveitar a
formação. demais equilíbrio experiência
emocional de vida

26 27
Capítulo 2 Nosso/a treinador/a
sabe sabe Conhecimento: esportivo + humanitário
sobre sobre
O treinador/a

Práticas O treinador/ Formação de Que são


deve saber

do jogo treinadora jogadores seres transmitir


humanos
em
habilidades Jogador

Ferramentas - Sentem Treinador/a


feitas para: - Pensam
- Agem
Futebol
Sul-americano/a Dentro de um
Futsal Infantil: Conceito de “Aprender Jogando”
contexto
Futebol de Areia 6-13 anos presente em todo treinamento

Etapas de formación Juvenil: Constante adaptação às mudanças


deportiva Família + Escola 14-20 anos físicas, psicológicas e sociais
+ Clube de Futebol do jogador
14 — 20 Anos
Especialização
esportiva
6 —13 Anos
Educação
Cultura + = Bons
Lazer
21 — 35~40 Anos
resultados
Saúde
Atividade Indivíduos Trabalho
profissional talentosos em equipe

A autoridade Eficazes
Responsáveis
Estratégias
Tempo
Coerência
Bom clima interno
não se impõe, se ganha Disciplinados Passos Confiança
Coordenação Complementariedade
Objetivos alcançados
Boa
comunicação

28 29
Referencial

O jogo e a identidade
sul-americana
O reconhecimento de nossa identidade é o movimento essencial para
a preservação do “Jogo Sul-Americano”. Nesse sentido, ao longo de
sua trajetória, o jogo disputado no continente tem se caracterizado
pelo talento, criatividade e garra de seus jogadores e jogadoras.

Estas particularidades cons- Porém, a desejada manifestação Assim, o futebol, o futsal e o fute-
tituem-se como os princípios da identidade só se torna possí- bol de areia se constituíram como
para o desenvolvimento da nos- vel quando compreendemos o esportes nos últimos 150 anos,
sa metodologia de formação de significado profundo do jogo e de mas fazem parte de um conjunto
jogadores e jogadoras que de- uma pedagogia que guie o ensino de práticas corporais que exigem
verão conhecer a “geografia das e a formação dessas modalidades de seus praticantes um estado
quadras e campos” e aprender a em suas características de um de imersão, comprometimento
usar a “malícia estratégica” e a estado subjetivo. ou, melhor dizendo, um estado
“improvisação” para alcançar as de jogo em que o jogador se de-
conquistas, mas sem abrir mão Para tanto, antes de mais nada, dica e se concentra na resolução

3
da manifestação da paixão. é necessário compreender que, do problema do jogo, utilizando,
antes de serem modalidades es- para isso, seus principais recur-

NOSSO
Essas características que que- portivas, o futebol, o futsal e o sos (competências, qualidades,
remos que nossos jogadores e futebol de areia são jogos, que habilidades, etc.).
jogadoras expressem, seja na historicamente se constituíram a
prática do futebol, do futsal ou partir de práticas sociais estabe- Assim, como afirma Scaglia, o fu-
do futebol de areia, estão estri- lecidas pela necessidade humana tebol, o futsal e o futebol de areia

JOGO
tamente relacionadas à forma de de se expressar livremente (lú- fazem parte da família dos jogos/
sentir, de viver e, principalmente, dico) pelas habilidades motoras, esportes de bola com os pés, que
de se identificar como sul-ameri- que foram desenvolvidas de for- também é formada por outros
canos. ma íntima com as sociedades em jogos/esportes como futevôlei,
que estavam inseridas. futebol irlandês, rúgbi e futebol
30 31
A lógica do jogo
O futebol, o futsal e o futebol de dual. Nestes sistemas, as ações
areia caracterizam-se pela exis- dos jogadores e das jogadoras A partir dessa construção
tência simultânea de cooperação estão integradas numa estrutura
e oposição, o que provoca a cada que, segundo certos princípios e pode-se afirmar que as
momento uma dinâmica relacio- regras, determinam duas fases: interações no jogo se
nal coletiva que estimula os jo- defesa e ataque. traduzem em um conjunto
gadores a fazerem julgamentos e
a tomarem decisões constantes A fase defensiva, caracterizada
de tarefas que norteiam
com base em ações, reações e in- pela situação de não possuir a os comportamentos
terações que constroem a singu- bola, evidencia ações individuais tático-técnicos de todos
laridade e a diversidade do fluxo e coletivas que procuram neu- os jogadores e jogadoras
de acontecimentos que permi- tralizar a ação dos atacantes ri-
tem a realização de gols na baliza vais para conseguir uma posição
que compõem uma
adversária e o impedimento do estável, com o objetivo de recu- equipe; sendo que em
mesmo na própria baliza. perar a bola e defender o gol. A cada uma das fases do
fase ofensiva é caracterizada pela jogo existem princípios
Embora não seja possível padro- posse da bola onde as ações rea-
nizar a sequência de ações, visto lizadas pelos jogadores e jogado- norteadores e objetivos
que as possibilidades de combi- ras têm o intuito de criar, de for- interligados relativos aos
nação são inúmeras, o futebol, o ma auto-organizada, desordem aspectos defensivos e
futsal e o futebol de areia podem na defesa adversária com o ob-
ser considerados como sistemas jetivo de quebrar o equilíbrio de-
ofensivos das ações.
de confronto coletivo e indivi- fensivo adversário e fazer o gol.

americano, bem como jogos/ tam propriedades que os permi-


brincadeiras como jogar uma pe- tem ser reconhecidos como se
Como em qualquer
lada, ou delantero , ou jogar bo- fossem “irmãos” na família dos
binho, entre práticas tradicionais família em que seus jogos/esportes e dos jogos/brin-
que usam os pés para conduzir componentes mantêm cadeira de bola com os pés, pois,
uma bola e são criadas, pratica- suas particularidades, além dos pés serem utilizados
das e recriadas para meninos, predominantemente para con-
menina, jovens e adultos muito
identidade e autonomia, trolar, manipular e impulsionar a
além do continente. seus membros também bola, são considerados esportes
mantêm características coletivos de invasão, uma vez
O futebol, o futsal e o futebol e vínculos que permitem que os jogadores e jogadoras que
de areia, que hoje são os jogos/ compõem as equipes podem/de-
esportes considerados “os mem- que sejam identificados vem entrar no campo adversário
bros mais famosos” desta famí- como parentes próximos para cumprir suas objetivos.
lia, no passado também foram ou distantes, dentro de
jogos/brincadeiras. Atualmen- Além disso, o futebol, o futsal e o
uma grande árvore ge-
te, por serem os mais massivos, futebol de areia apresentam uma
são praticados em todo o mun- nealógica. organização estrutural (campo
do com as mesmas regras, o que de jogo, alvos, companheiros,
lhes permite gozar do prestígio adversários, bola e regras) e fun-
de serem considerados esportes. cional, denominada lógica semel-
Nesse caso, o futebol, o futsal e o hante, que, consequentemente,
futebol de areia, embora tenham influencia as dimensões relacio-
suas especificidades, apresen- nadas ao desempenho esportivo.

32 33
A lógica do jogo presente nestas quentes alternâncias de posse de veitar a desorganização adver-
fases manifesta-se na tentativa bola que impõem aos jogadores e sária em seu próprio benefício.
de cooperação e organização dos jogadoras uma elevada capacida-
jogadores e jogadoras com o ob- de de adaptação aos diferentes Por possuir esta característica
jetivo de superar os adversários, momentos do jogo, onde a or- e importância, acredita-se que
seja ao atacar (levando em con- ganização coletiva se torna mais quanto mais rápido for a capaci-
ta o equilíbrio defensivo) seja ao permeável e de difícil resolução. dade do jogador e da equipe de
defender (estando preparado Neste contexto, as transições se movimentar entre as fases do
para atacar). Nesse sentido, to- ataque-defesa e defesa-ataque, jogo, apropriando-se da mentali-
das as atitudes e todos os com- responsáveis por grande parte dade, dos princípios e dos com-
portamentos tático-técnicos dos das situações que desequilibram portamentos específicos de cada
jogadores são direcionados aos o resultado final do jogo, podem uma delas, mais e melhores con-
objetivos do jogo: não sofrer gols ser descritas a partir da capaci- dições serão reunidas para supe-
na própria baliza e fazer gols na dade de raciocínio e adaptabili- rar o adversário e conquistar o
baliza adversária. dade tática dos jogadores e joga- objetivo principal.
doras da equipe em questão nos
Levando em consideração as ca- primeiros momentos subsequen- Para entender um pouco mais
racterísticas próprias de ambas tes à perda ou ganho de posse as fases do jogo, é necessário
as fases, defesa e ataque, é sig- da bola. Assim, esses momentos analisar o que são e quais são os
nificativo destacar a importância (segundos) são de extrema im- princípios táticos que regem essa
dos momentos de transição en- portância, visto que as equipes dinâmica.
tre essas fases do jogo. O argu- estão desorganizadas para as no-
mento para tal consiste nas fre- vas funções e o objetivo é apro-

A equipe tem a posse da bola A equipe NÃO tem a posse da bola

Ataque Defesa
Princípios Princípios
Gerais
Operacionais
Fundamentais Transcição
Gerais
Operacionais
Fundamentais
Que são princípios táticos?
Específicos Específicos
Por serem desta natureza, os Para facilitar a transmissão dos
Os referidos princípios princípios devem ser subenten- princípios pelos treinadores e
norteadores ou prin- didos e presentes no compor- treinadoras e a compreensão dos
Progressão Manutenção Recuperação da Cobertura e tamento dos jogadores e joga- mesmos pelos jogadores, é fun-
e Finalização da posse de bola posse de bola defesa da baliza cípios táticos são con-
doras durante uma partida, uma damental compreender a organi-
Aspectos ofensivos aspectos ofensivos Aspectos defensivos Aspectos defensivos cepções sobre o jogo vez que sua aplicação propicia zação e estrutura desses princí-
que proporcionam aos o alcance de objetivos interme- pios em categorias. Na literatura
jogadores e às jogado- diários que facilitam a marcação disponível, percebe-se certa har-
Ofensivo Defensivo
de um gol ou seu impedimento. monia das ideias em torno dos
ras a possibilidade de Portanto, quanto mais ajustada construtos teóricos que rela-
alcançarem rapidamente e qualificada for a aplicação dos cionam a organização tática dos
Fases, objetivos e aspectos ofensivos e defensivos presentes nas fases do jogo de futebol.
soluções táticas para os princípios táticos durante o jogo, jogadores e jogadoras no campo
problemas decorrentes melhor será o desempenho da de jogo a partir de quatro cate-
Adaptado de Teoldo, Guilherme e Garganta (2015)
equipe ou do jogador em campo. gorias de princípios: gerais, ope-
da situação de jogo. racionais, fundamentais e espe-
cíficos.

34 35
Princípios táticos gerais Embora os princípios táticos fun-
damentais tenham sua origem no
Nesse momento, o professor deve
organizar seus conteúdos para o
meiros anos de experimentação
esportiva da fase de maior socia-
futebol, eles podem ser usados processo de ensino nas diferen- lização; isso porque as regras de
Os princípios gerais recebem esse nome pelo fato de que os compor-
no contexto do futsal e, possi- tes fases de formação dos jovens ação presentes nessas duas cate-
tamentos a eles relacionados podem ser comuns às diferentes fases do
velmente, do futebol de areia. No jogadores e jogadoras. Assim, re- gorias de princípios são responsá-
jogo e às regras de ação presentes nos diversos esportes coletivos de
que diz respeito ao futsal, apesar comenda-se que os princípios ge- veis por facilitar a compreensão
invasão, bem como às demais categorias de princípios - operacionais,
das diferenças entre as superfí- rais sejam ensinados a partir dos da lógica do jogo. Por se tratarem
fundamentais e específicos. Assim, as regras de atuação destes princí-
cies (tipo e dimensão), dinâmicas 6/7 anos de idade quando meni- de regras que utilizam operações
pios baseiam-se em três conceitos derivados das relações espaciais e
e intensidades do jogo relacio- nos e meninas em seu processo concretas, espera-se que através
numéricas entre os jogadores da equipe e os adversários nas áreas de
nadas ao futebol e ao futsal, os de maturação e desenvolvimento da disseminação e compreensão
disputa pela bola; sendo eles:
resultados de estudos recentes motor, cognitivo e social, saem da dos seus conceitos, os alunos se-
possibilitaram compreender a fase egocêntrica e passam a uma jam capazes de aprender o jogo e
Não permitir a inferioridade numérica
especificidade dos movimentos e fase de mais sociabilidade. Como de desenvolvê-lo em um contexto
Evitar a igualdade numérica posicionamento em cada moda- esses princípios se baseiam em formal e informal.
Procurar criar a superioridade numérica lidade, permitindo a comparação conceitos que precisam da pre-
dos comportamentos táticos dos sença de outros meninos e meni- Na sequência, os princípios funda-
jogadores e jogadoras em cada nas para sua operacionalização e mentais do jogo devem ser intro-
Princípios táticos operacionais dinâmica de jogo e compatíveis
dentro da modalidade
compreensão, seria improdutivo
tentar ensiná-los durante a fase
duzidos no processo de ensino do
futebol, futsal e futebol de areia.
Os princípios operacionais estão relacionados a conceitos e atitudes egocêntrica dos meninos e das
predefinidos e comuns para as duas fases do jogo, sendo: As três primeiras categorias de meninas.
princípios são conteúdos a serem Como esses princípios
Na defesa: No ataque: ensinados e treinados na etapa Combinados aos princípios gerais,
Anular as situações de Manter a bola de iniciação esportiva do futebol/ os princípios operacionais tam- requerem pensamento
finalização Construir ações ofensivas futsal/futebol de areia infantil. bém devem ser ensinados nos pri- abstrato e teste de hi-
Recuperar a bola Avançar pelo campo de jogo póteses para preencher
Impedir o avanço do adversário adversário o espaço e para o des-
Proteger o gol Criar situações de finalização locamento em campo,
Reduzir o espaço de jogo do Finalizar no gol do adversário seu aprendizado pode
adversário ser totalmente conso-
lidado aos 12/13 anos,
quando o nível de des-
Princípios táticos fundamentais envolvimento cognitivo
Os princípios fundamentais representam um conjunto de regras básicas do menino e da menina
que norteiam as ações dos jogadores e da equipe nas duas fases do já estará maduro ou em
jogo (defesa e ataque), com o objetivo de desequilibrar a organização da fase final de maturação.
equipe adversária, promovendo a organização da própria equipe e per-
mitindo que os jogadores intervenham de forma adequada nos espaços
mais críticos do campo. Os princípios fundamentais são categorizados
em cinco princípios para cada fase de jogo de acordo com seus objeti-
vos, sendo:

Princípios Ofensivos Princípios Defensivos


Mobilidade Concentração
Espaço Contenção
Cobertura ofensiva Cobertura Defensiva
Unidade ofensiva Equilíbrio
Penetração Unidade defensiva

36 37
Princípios 1. Tentar criar
superioridade numérica
gerais:
do jogo de futebol 2. Evitar a igualdade
numérica
No permitir a
3. inferioridade numérica

Fases

Ataque (com posse de bola) Defesa (sem posse de bola)


Princípios operacionais Princípios operacionais
Manter a bola Criar situações finais Deter o progresso do oponente Proteger o alvo
Construir ações ofensivas Finalizar no gol adversário Reduzir o espaço de jogo do Cancelar situações finais
Avançar pelo campo adversário Transição oponente Recuperar a bola

Princípios fundamentais Princípios fundamentais


1. Mobilidade 3. Cobertura Ofensiva 1. Concentração Cobrir qualquer linha que passe
Aumentar a proteção do objetivo Marcar jogadores em potencial para que
Criar ações para interromper a organização Apoiar o portador da bola oferecendo
Condicionar o jogo ofensivo do oponente possamos receber a bola
defensiva adversária opções para a sequência do jogo
para reduzir as áreas de risco do campo de Fazer uma recuperação defensiva no
Apresentar-se em um espaço muito Diminuir a pressão do adversário sobre o
jogo portador da bola
propício para atingir o objetivo portador da bola
Fornecer maior pressão no centro do jogo Recuperar ou afastar a bola para longe da
Criar linhas de passe profundo Criar superioridade numérica
área onde ela está
Alcançar o domínio da bola para continuar Criar desequilíbrio na organização defensi-
a ação ofensiva (passe ou finalização) va adversária
2. Contenção 5. Unidade defensiva
Garantir a manutenção da posse de bola
Diminuir o espaço da ação ofensiva do Permitir que a equipe se defenda em
2. Espaço
portador da bola unidade ou bloco
Usar e expandir o espaço efetivo de campo 4. Unidade ofensiva
Guiar o progresso do portador da bola. Garantir a estabilidade espacial e a sincro-
da equipe Facilitar o movimento da equipe no
Parar ou atrasar o ataque ou contra-ata- nização dinâmica entre as linhas longitudi-
Expandir distâncias/posições entre jogado- campo de jogo adversário
que do oponente nais e transversais da equipe nas ações
res adversários Permitir que a equipe ataque em unidade
Fornecer mais tempo para a organização ofensivas
Obstruir as ações de pontuação da equipe ou bloco
defensiva Diminuir a amplitude ofensiva da equipe
adversária Oferecer mais segurança às ações ofensi-
Restringir as chances de passar para outro adversária em largura e profundidade
Facilitar ações ofensivas da equipe vas tomadas no centro do jogo.
jogador adversário Garantir as diretrizes básicas que influen-
Mover-se para um espaço de menor Oferecer mais jogadores para posicio-
Evitar dribles que favoreçam a progressão ciam as atitudes e os comportamentos
pressão nar-se no centro do jogo.
no campo em direção ao gol tático-técnicos dos jogadores que estão
Ganhar "tempo" para tomar a decisão certa Diminuir o espaço de jogo no campo
Impedir o fim da meta posicionados fora do centro do jogo
e continuar o jogo ofensivo
Equilibrar ou exigir constantemente a
Procurar opções mais seguras, por meio de
jogadores posicionados mais defensiva- 5. Penetração 3. Cobertura defensiva distribuição das fontes da organização
Servir o portador da bola como um obstá- defensiva de acordo com as situações
mente, para continuar o jogo Desestabilizar a organização defensiva
culo novamente se ele passar pelo jogador momentâneas do jogo
oposta
de contenção Reduzir o espaço do jogo usando a regra
Atacar diretamente o gol do oponente
Transmitir segurança e confiança ao do fora de jogo
Criar situações vantajosas para o ataque
jogador de contenção para que tenha a Obstruir possíveis linhas de passe para
em termos numéricos e espaciais
iniciativa de lutar contra as ações ofensivas jogadores fora do centro do jogo
do portador da bola Permitir a participação em uma ação
defensiva subsequente
Figura 01 - Princípios Táticos do Jogo de Futebol 4. Equilíbrio Fornecer mais jogadores para se posiciona-
Adaptado de Teoldo, Guilherme e Garganta (2015) Garantir estabilidade defensiva na região rem no centro do jogo
de disputa de bola
Apoiar os colegas de equipe que realizam
ações de contenção e cobertura defensiva

38 39
NA PRÁTICA! Atividade 2
Conteúdos: Princípios de cobertura ofensiva e cobertura defensiva
Atividades para o ensino e o treinamento dos
princípios táticos fundamentais Conteúdos e objetivos
Tipo de
Princípio 1 Princípio 2 Princípio 3
Princípio
Atividade 1 Princípio Cobertura defensiva Cobertura ofensiva -
Conteúdos: Princípios de penetração e contenção
Apoiar o detentor da bola
Servir de novo obstáculo
Objetivo dando-lhe opções para a -
Conteúdos e objetivos ao detentor da bola
continuação do jogo
Tipo de
Princípio 1 Princípio 2 Princípio 3
Princípio
Princípio Penetração Contenção -
ATIVIDADE 2
Atacar diretamente o Diminuir espaço de ação ofensiva Número de jogadores:
Objetivo 14 = Goleiro/a + 4 vs. Goleiro/a + 4
adversário ou o gol do detentor da bola

Tempo (min):
18
ATIVIDADE 1
Dimensões:
Número de jogadores:
Comprimento: 40 m / Largura:
G + 4 vs. G + 4
30 m
Tempo (min):
Séries x tempo:
16
2 vs. 2 x 1 minuto por dupla
Dimensões:
Descrição:
Comprimento: 30 m / Largura:
O time sem posse de bola deve-
20 m
rá reduzir o espaço do detentor
da bola, os jogadores deverão
Séries x tempo:
Organização das interações na atividade realizar a cobertura defensiva de
1 vs. 1 x 30 segundos por dupla
forma a proteger seu gol e o com-
Parte 1 Jogadores/jogadoras com maior desempenho em panheiro em contenção, evitando
Descrição:
cobertura ofensiva e penetração x jugadores/joga- assim o avanço e a finalização do
O jogador de futebol com a bola
doras com maior desempenho em cobertura defensi- adversário.
deverá avançar com o objetivo
Organização das interações na atividade de driblar e finalizar no gol adver- va e contenção
Variação:
sário. O jogador de futebol sem a
Parte 2 Jogadores/jogadoras com menor desempenho em Troca dos gols grandes para 4 gols
Parte 1 Jogadores/jogadoras com mais desempenho em bola terá como objetivo conter a
cobertura ofensiva e penetração x jugadores/joga- pequenos (2 em cada fundo).
penetração x jogadores/jogadoras com mais des- bola, evitando assim o avanço do
empenho em contenção adversário. doras com menor desempenho em cobertura defen-
siva e contenção
Parte 2 Jogadores/jogadoras com menos desempenho
em penetração x jogadores/jogadoras com menos
desempenho em contenção

40 41
Atividade 3 Atividade 4
Conteúdos: Princípios de espaço com bola, espaço sem pelota e cobertura defensiva Conteúdos: Princípios de espaço sem bola e concentração

Conteúdos e objetivos Conteúdos e objetivos


Tipo de Tipo de
Princípio 1 Princípio 2 Princípio 3 Princípio 1 Princípio 2 Princípio 3
Princípio Princípio
Princípio Espaço sem bola Cobertura defensiva Espaço com bola Princípio Espaço sem bola Concentração -
Dar apoio ao portador da bola
Facilitar ações ofensivas Procurar espaços de Ampliar o espaço de jogo Aumentar proteção
Objetivo oferecendo-lhe opções para a Objetivo -
da equipe menos pressão efetivo da equipe ao gol
sequencia do jogo

ATIVIDADE 3 ATIVIDADE 4
Número de jogadores: Número de jogadores:
9 (por campo de jogo) 12 = G + 4 vs. G + 4

Tempo (min): Tempo (min):


30 36

Dimensões: Dimensões:
Comprimento: 20 m/ Largura: Comprimento: 40 m / Largura:
15 m 35 m

Séries x tempo: Séries x tempo:


6 x 5 min 4 vs. 4

Descrição: Descrição:
3 vs. 3 + 3 A equipe detentora da bola deve-
rá abrir espaço na frente da linha
Duas equipes jogam contra uma, da bola na área delimitada. Para
Organização das interações na atividade Organização das interações na atividade
as equipes que estiverem com a conseguir avançar e finalizar no
bola terão o objetivo de fazer o gol, pelo menos um jogador da
Parte 1 Jogadores/jogadoras com maior desempenho em Parte 1 Jogadores/jogadoras com mais desempenho em
passe vertical para os jogadores sua equipe deverá receber a bola
espaçõ sem bola x jogadores/jogadoras com maior espaço sem bola x jogadores/jogadoras com mais
da outra equipe. A equipe defen- dentro da área delimitada, geran-
desempenho em cobertura defensiva e espaço desempenho em concentração
sora, ao roubar a bola, terá como do assim o início do espaço sem
com bola.
objetivo passar pelos pequenos bola.
Parte 2 Jogadores/jogadoras com menos desempenho
gols ou conduzir a bola entre os
Parte 2 Jogadores/jogadoras com menor desempenho em em espaço sem bola x jogadores/jogadoras com
cones delimitados.
espaço sem bola x jogadores/jogadoras com me- menos desempenho em concentração
nor desempenho em cobertura defensiva e espaço
Variações:
com bola.
Inserção dos mini gols.

42 43
Atividade 5 Atividade 6
Conteúdos: Princípios de mobilidade, equilíbrio defensivo e equilíbrio de recuperação Conteúdos: Princípios de unidade ofensiva e unidade defensiva

Conteúdos e objetivos Conteúdos e objetivos


Tipo de Tipo de
Princípio 1 Princípio 2 Princípio 3 Princípio 1 Princípio 2 Princípio 3
Princípio Princípio
Princípio Mobilidade Equilíbrio defensivo Equilíbrio de recuperação Princípio Unidade defensiva Unidade ofensiva -
Desenvolver nos jogadores Realizar a recuperação
Garantir estabilidade defensiva Facilitar o deslocamento da
Objetivo ações de deslocamento para defensiva em direção ao Objetivo Reduzir espaço de jogo -
nas áreas laterais equipe para o campo adversário
cruzar a última linha centro do jogo

ATIVIDADE 5
ATIVIDADE 6
Número de jogadores: Número de jogadores:
20 15 (por campo)

Tempo (min): Tempo (min):


45 45

Dimensões: Dimensões:
Campo oficial Comprimento: 60 m / Largura:
50 m
Séries x tempo:
6 x 5 min Séries x tempo:
3 x 15 min
Descrição:
6 vs. 4 + 6 vs. 7 Descrição:
Em uma metade do campo, a 7 vs. 7 + 1C (2G)
equipe em transição ofensiva A equipe ofensiva deverá avançar
joga 6 x 7 e terá que avançar rapi- para o campo adversário com o
damente e fazer o passe em pro- Organização das interações na atividade objetivo de finalizar no gol. Para
fundidade na defesa adversária. pontuar, todos os jogadores
Após 20 segundos, os meio-cam- Parte 1 Jogadores/jogadoras com mais desempenho em terão que cruzar a primeira linha
pistas da equipe defensiva po- unidade ofensiva x jogadores/jogadoras com mais delimitada. Os zagueiros terão
Organização das interações na atividade derão ajudar a equilibrar a defesa. desempenho em unidade defensiva que evitar a finalização, defen-
dendo seu gol e mantendo to-
Parte 1 Jogadores/jogadoras com mais desempenho em Na outra metade do campo, as- Parte 2 Jogadores/jogadoras com menos desempenho em dos os seus jogadores dentro da
mobilidade x jogadores/jogadoras com mais des- sim que a defesa roubar a bola, unidade ofensiva x jogadores/jogadoras com menos mesma área.
empenho em equilíbrio defensivo e equilíbrio de jogará 6 x 4 e deverá passar para desempenho em unidade defensiva
recuperação o campo de ataque através do Defesa rouba e finaliza nos 3 mini
passe para os atacantes que gols.
Parte 2 Jogadores/jogadoras com menos desempenho terão 10 segundos para aprovei-
em mobilidade x jogadores/jogadoras com menos tar a superioridade e criar opor- Variações:
desempenho em equilíbrio defensivo e equilíbrio tunidades para finalizar na defesa Pontuar a equipe por entrar no
de recuperação adversária. setor defensivo.

Variação:
Tirar o tempo de 10 segundos.

44 45
Princípios específicos Tática de grupo
São as ações coordenadas de dois a três jogadores/jogadoras no futsal/futebol de areia ou quatro jogado-
A quarta categoria de princípios refere-se aos prin- da jogadora e da equipe em se transitar entre as res/jogadoras no futebol, a partir de uma sequência de intervenções individuais que visam dar continuidade
cípios específicos. Estes, como o próprio nome in- fases do jogo, apropriando-se da mentalidade, dos às ações de acordo com o objetivo final da equipe.
dica, decorrem de uma forma específica de jogar e princípios e dos comportamentos específicos de
conceber o jogo, estando diretamente relacionados cada uma delas, mais e melhores condições serão
com as ideias de jogo do treinador/treinadora - pro- reunidas para superar o adversário e conquistar o
fessor/professora e com o modelo e conceito de objetivo principal do jogo. 2 (+1) vs. 3+ G - 6 equipes de 3/4 jogadores(as)
jogo adotado por uma equipe. Assim, não existem
contornos definitivos que permitem organizá-los e Nesse contexto, a compreensão do jogo nos níveis Dimensões do espaço: 35 m x 40 m
classificá-los como os demais princípios presentes individual, grupal e coletivo e sua manifestação na Nº de repetições: 3
nas três primeiras categorias, sendo esses conteú- organização sistêmica da equipe passa sensivelmen- Nº de séries: 3
dos destinados à etapa de especialização esportiva te pelas táticas que coexistem no jogo (individual, Tempo de duração das repetições e pausas:
ou futebol/futsal/futebol de areia juvenil. grupal e coletiva) e pelas relações estabelecidas pe- 30 s /90 s
los canais de comunicação dentro da equipe nos ní-
Com esta característica e importância, acredita-se veis setorial, intersetorial e coletivo. Os/as atacantes tentam finalizar no gol do adver-
que quanto mais rápida é a capacidade do jogador, sário. Caso os zagueiros/zagueiras recuperem a
bola, deverão passar a bola por um dos gols. Neste
momento, a equipe que perdeu a bola terá um au-
Saída do tiro de meta- G + 5 vs. 3 mento de mais um jogador/jogadora.

Dimensões do espaço: 35 m x 68 m O gol marcado no gol principal vale dois pontos e o


A equipe com o G + 5 deverá, a partir do tiro de meta, chute dentro da área vale 1 ponto, a passagem pelos bola será oferecida pelo treinador/treinadora à equi-
passar a bola dominada por um dos seus jogadores/ gols laterais vale 1 ponto e no gol central, 2 pontos. pe adversária. Vence a equipe que marcar o maior
jogadoras através dos gols (gols laterais: 1 ponto - Se a bola sai de campo ou o tempo de posse da bola número de pontos em todas as repetições.
gol central: 2 pontos). Os três zagueiros devem de- de uma equipe dura mais de 10 segundos, a posse da
verão impedir o avanço da equipe adversária e, caso
roubem a bola, poderão finalizar no gol adversário
(gol marcado: 3 pontos). Às vezes, o treinador per-
mitirá que uma equipe de três jogadores/jogadoras Tática coletiva
ataque a equipe adversária. As equipes são trocadas
a cada três minutos. Refere-se às ações simultâneas de quatro ou mais jogadores/jogadoras no futsal/futebol de areia e cinco
ou mais jogadores/jogadoras no futebol, previamente estabelecidas na forma de conceitos (princípios), de
acordo com a estratégia determinada, respeitando as regras do jogo que permite relacionar e submeter às
possíveis respostas dos adversários as suas próprias intenções.
Tática individual G + 8 vs. 8 + G
A tática individual é a ação de um/uma jogador/jogadora a partir de sua interpretação da situação de jogo em
Dimensões do espaço: 52 m x 68 m Tempo de duração das pausas entre as repetições:
um determinado tempo e espaço, onde realiza movimentos com a finalidade de cumprir um objetivo especí-
Nº de repetições: 6 100 s
fico e pessoal dentro do jogo, ou seja, é a execução de uma técnica escolhida do repertório de movimentos
Nº de séries: 2 Tempo de duração das pausas depois da série: 300 s
do jogador e aplicada a uma situação de jogo a partir de uma decisão tomada.
Tempo de duração das repetições: 10 s
A atividade começa com uma cobrança de falta no
Perseguição com bola corredor lateral do campo. Depois da cobrança, as
equipes se confrontam por 10 segundos. Se na co-
Dimensões do espaço: 35 m x 40 m brança da falta a bola sair de campo, o treinador/
Uma bola para cada dois jogadores/jogadoras que treinadora a reporá para que a equipe defensora ini-
deverão fugir de quatro apanhadores/apanhadoras. cie sua ação ofensiva. Caso a equipe atacante con-
Os apanhadores/apanhadores só podem apanhar os siga fazer o gol, o treinador/treinadora trocará o
jogadores/jogadoras que tenham a possa da bola. corredor de cobrança. As cobranças das faltas serão
Os primeiros três minutos da atividade deverão ser feitas com a bola localizada em diferentes posições
realizados com os jogadores/jogadoras impossibili- e alternadamente nos corredores laterais. Os joga-
tados de se deslocarem correndo. dores/jogadoras que estiverem fora da atividade
realizarão exercícios com saltos e acelerações e se
revezarão ao longo da atividade.

46 47
Organização setorial e intersetorial
O nível setorial refere-se à ação gadoras de dois setores das equi-
dos jogadores/ jogadoras de um pes, como meio-campistas e ata- Além dessas notas,
setor da equipe, como os zaguei- cantes; o nível coletivo é aquele deve-se destacar a
ros, por exemplo, enquanto que que envolve os três setores em probabilidade de as-
o nível intersetorial refere-se à conjunto.
ação conjunta de jogadores/jo- sociação com as ou-
tras dimensões do
rendimento esporti-
vo (histórica, social e
cultural; psicológica;
estratégica, tática;
técnica e física), com
os aspectos do acaso
e variáveis caóticas
como contribuição
para a construção do
jogo e seu resultado.

As dimensões do
rendimento esportivo
É importante destacar que as diferentes dimensões que compõem o
rendimento esportivo estão intimamente relacionadas à preparação
e, principalmente, a todo o processo de formação de jogadores/
jogadoras de futebol, futsal e futebol de areia, em que as dimensões
estratégica, tática, técnica e física se manifestam na e a partir
Saída do tiro de meta- G + 8 vs. 6 da dimensão psicológica, que, por sua vez, constitui os aspectos
históricos, sociais e culturais nos quais as instituições e os atores
Dimensões do espaço: 52 + 68 m estão inseridos.
Organização e funcionamento como atividade ante-
rior. Porém, será realizada em uma estrutura funcio-
nal de G + 8 vs. 6. A troca das equipes é feita a cada Sendo assim, é imprescindível compreender essas dimensões,
quatro minutos.
para que seja possível entender como se desenvolve o processo
de planejamento, sistematização e organização do ensino e do
treinamento do futebol, futsal e futebol de areia no continente sul-
americano.
48 49
Dimensão histórica, social e cultural
A dimensão histórica, social e cul-
tural é aquela que abriga o capital
simbólico historicamente cons- Dimensão
truído pelos integrantes dos gru- psicológica
pos sociais que compõem as ins-
tituições esportivas, assim como
o futebol, o futsal e o futebol de
areia nos países que fazem parte Dimensão Dimensão
estratégica tática
de toda a América do Sul.

Este capital simbólico


Dimensão Dimensão
é o instrumento física técnica
de integração e
constituição dos ão
e ns cial
l
elementos fundamentais Dima, sotura
c l
óri cu
da identidade dos hist e
jogadores e jogadoras,
bem como das equipas.
Figura 02 - Dimensões componentes do rendimento esportivo - adaptado de Thiengo. Dimensão Dimensão
estratégica tática
Além disso, é sobre os aspec- zação esportiva nas modalidades tamento etc.) que apoiarão o
tos sociais e culturais que serão e estabelecidas as bases para o desenvolvimento de outras di- Por outro lado, a dimensão estra- A dimensão tática, de maneira
promovidas as condições para a desenvolvimento dos diferentes mensões associadas ao rendi- tégica é aquela que está relacio- simplificada, é a forma como os
participação dos indivíduos no aspectos éticos e morais (valo- mento esportivo. nada ao planejamento global da jogadores/jogadoras ocupam e
processo de iniciação e especiali- res, atitudes, normas, compor- atividade, ou seja, a forma como administram os espaços do cam-
a equipe é planejada para uma po com suas posições e movi-
determinada partida ou situação mentos. A dimensão tática está
a ser tratada. Ela contempla todo relacionada aos fatores espa-
o conjunto de decisões adotadas, ciais e cognitivos presentes nas
Dimensão psicológica desde o início e sucessivamente relações intra e interequipes e
no decorrer do desenvolvimento pode ser analisada em uma pers-
A dimensão psicológica é com- Pois, devido à organização es- da situação, que pode causar mo- pectiva individual, grupal ou co-
posta pelos aspectos cognitivos trutural e funcional do futebol, dificações nos acontecimentos e letiva; manifesta-se na estrutura
(capacidade de aprendizagem, to- futsal e futebol de areia, essas
Essas características até nos tipos das ações previstas, funcional do jogo que resulta das
mada de decisões, entre outros) modalidades exigem que seus exigem que a preparação tanto por parte do treinador/ ações dos jogadores/jogadoras
e emocionais (desenvolvimento jogadores/jogadoras possam e o treinamento treinadora como dos jogadores/ e equipes em torno da bola. As
e relação com os sentimentos e transmitir e analisar informações, jogadoras. táticas (individual, grupal e co-
no futebol infanto- letivas) são apresentadas como
emoções como capacidade de re- processo fortemente associado à
sistir a pressões, concentração, dimensão psicológica; e desen-
juvenil contemplem as A dimensão estratégica está produto das decisões tomadas
relacionamento, agressividade, volver respostas motoras com- diferentes dimensões do fortemente relacionada com a com base no conhecimento do
dimensão tática, sendo que a jogo e nos aspectos organiza-
entre outros) dos jogadores/das patíveis com as situações de rendimento esportivo.
jogadoras e baseiam-se na re- jogo e com o planejamento des- primeira apresenta uma maior cionais que permitem que o am-
lação com a dimensão histórica, envolvido para as partidas, que volatilidade em função das di- biente seja manipulado em meio
social e cultural como suporte requerem também os aspectos ferentes situações que ocorrem à dinâmica presente nas fases de
para o desenvolvimento com as energéticos (metabolismo) e fun- ao longo de uma temporada, en- ataque e defesa.
demais dimensões associadas ao cionais (fisiológicos) dos indiví- quanto a segunda é perene e as-
rendimento desportivo. duos. sume um caráter de identidade
de equipe.
50 51
Dimensão física Dimensão técnica
Os jogadores/jogadoras que, du- A partir disso, no futebol temos que os jogadores e as jogadoras
rante as partidas, concretizam a as técnicas sem e com a bola. atuam em cumprimento de um
estratégia e tática por meio de A dimensão técnica Nas técnicas sem a bola, estão planejamento (estratégia) e, para
ações técnicas, precisam de ener- consiste no conjunto aquelas realizadas para fins de- isso, realizam a gestão de um ob-
gia para realizar os movimentos, fensivos, como deslocamentos jetivo imposto pela organização
que ocorrem em diferentes re-
do uso do corpo para de diferentes tipos (caminhar, co- estrutural e funcional da partida
gimes de contração muscular. resolver um problema rrer, pular, etc.) em diferentes di- Da mesma forma, podemos dizer
Assim sendo, a dimensão física imposto ao jogador/ reções (para frente, para trás, la- que estratégia, tática e técnica
refere-se às capacidades físicas jogadora durante o teralmente, para cima, rotações, são como lampejos, raio e trovão,
e de coordenação, tais como: re- etc.) e em velocidades diferentes, que são manifestações indisso-
sistência, velocidade, força, flexi- ato de jogar, e isso que também estão presentes ciáveis de um mesmo fenômeno.
bilidade, ritmo, equilíbrio, orien- supõe a eficiência e a nas ações dos jogadores e joga-
tação, reação, entre outras e suas tradição como principais doras da equipe que se encontra Devido à técnica apurada e à ha-
diferentes manifestações, assim na fase ofensiva, mas não têm bilidade de resolver “problemas”
características, ou seja, posse de bola. Já as técnicas com do jogo de forma criativa, os
como nos diferentes sistemas
energéticos (aeróbio, anaeróbio o uso do movimento a bola, são ações com fins ofensi- jogadores sul-americanos e as
alático e anaeróbio lático) e as corporal está associado vos realizadas pelo jogador ou jo- jogadoras sul-americanas gan-
implicações funcionais (fisiológi- ao cumprimento de gadora que tem a posse da bola, haram notoriedade mundial. A
cas) nos sistemas orgânicos (neu- como receber, passar, dirigir, dri- beleza dos movimentos, os dri-
romuscular, cardiovascular, en-
uma tarefa, sendo blar, finalizar, defender e repor a bles que abrem espaços em qual-
tre outros) exigidos na atividade este movimento um bola pelos goleiros e goleiros em quer sistema defensivo, as fina-
competitiva e nos treinamentos. ato tradicional, que suas diversas variações. lizações que colocam a bola em
se transmite entre lugares indefensáveis para os go-
Pelo que se observou, as di- leiros/goleiros de todo o mundo.
gerações de jogadores mensões estratégica, tática e Como esquecer a elegância de Fi-
A dimensão física de diferentes formas em técnica estão intimamente rela- gueroa, as corridas de Maradona,
diferentes culturas. cionadas, sendo na ação ou no a precisão de Pelé, os dribles de
compreende uma série de ato de jogar praticamente im- Garrincha?
fatores que devem estar possível dissociá-las, uma vez
atrelados a aspectos
e hábitos nutricionais
que garantam a aptidão
para a prática esportiva,
o que alcança maior
importância no futebol
infantil e juvenil, levando
em consideração os
processos de crescimento
e desenvolvimento
humano dos meninos e
jovens.

Figueroa Maradona Pelé Garrincha

52 53
Capítulo 3 Nosso jogo
O jogo e a identidade sul-americana
Organização setorial e intersetorial
Talento
Futebol Criatividade
Futsal Garra
Atacantes Meio-campistas Zagueiros/
Futebol de Areia Zagueiras

Jogos de bola

De ~150 anos Princípios táticos


Situações do jogo
intersetorial
A lógica do jogo
Sistema de confronto
A dimensões do rendimento esportivo
coletivo e individual Conceitos
Problemas Dimensão
Soluções histórica, social
Regras e princípios e cultural

Ataque Dimensão
vs psicológica
Defesa
Dimensão Dimensão
estratégica tática
Ataque Defesa
Penetração Contenção
Tática individual Cobertura ofensiva Cobertura defensiva
Tática de grupo Mobilidade Equilíbrio Dimensão Dimensão
Tática coletiva Espaço Concentração física técnica
Unidade ofensiva Unidade Defensiva

54 55
Influências metodológicas
no futebol, futsal e futebol
de areia sul-americano
Devido à complexidade inerente à preparação esportiva, ao longo
da história muitos esforços científicos e empíricos têm sido feitos na
procura de soluções para a formação de equipas e para a formação de
jogadores e jogadoras.
A partir desses esforços, diversos ração de jogadores e jogadoras Modelos de Cargas Seletivas. Ca-
modelos de planejamento e sis- em diferentes partes do mundo, racteriza-se como um modelo
tematização dos estímulos para inclusive na América do Sul, ten- de cargas diluídas, onde em cada
a preparação foram adotados e do como principal característica mesociclo predomina o desen-
desenvolvidos para as modalida- a distribuição das cargas e a di- volvimento de um componente
des esportivas coletivas, uma vez visão do macrociclo nos períodos do rendimento esportivo.
que as diferentes dimensões do preparatórios (geral e especial),
rendimento esportivo interagem competitivos e de transição, que Porém, apesar da busca pela es-
significativamente na preparação por sua vez são compostos pelos pecificidade e pela integração
e na atividade competitiva. ciclos médio (mesociclo) e peque- das diferentes dimensões do
no (microciclo). rendimento nas atividades de
As primeiras iniciativas que per- treinamento, os modelos de pla-

4
mearam a preparação de jogado- Ainda nesta perspectiva, o Mo- nejamento e estruturação do
res e jogadoras de futebol, futsal delo de Cargas Concentradas in- treinamento apresentados não

NOSSA
e futebol de areia originam-se da fluenciou a preparação dos joga- contemplavam em suas con-
teoria e metodologia do treina- dores de futebol sul-americanos cepções a organização estrutu-
mento esportivo desenvolvidas e foi a preparação dos jogadores ral e funcional (lógica do jogo)
prioritariamente para o atendi- de futebol e futsal. Este mode- próprias das modalidades espor-
mento aos esportes individuais lo preconiza a concentração das tivas coletivas, como o futebol, o

METODOLOGIA
e foram adaptadas para a utili- cargas destinadas às capacida- futsal e o futebol de areia.
zação nas modalidades espor- des físicas e é caracterizado pela
tivas coletivas, como o Modelo organização da preparação em Outros métodos serão apresen-
Tradicional de Periodização que blocos. Especificamente para o tados ao final.
influenciou e orientou a prepa- futebol, foram desenvolvidos os
56 57
Meios e métodos utilizados
no ensino e treinamento
do futebol, futsal e
futebol de areia
A materialização do planejamento, sistematização e organização
do processo de preparação e formação de jogadores e jogadoras
ocorre por meio da utilização dos meios e métodos de ensino e
treinamento.

No caso do futebol, futsal e fu-


tebol de areia, que são ativida-
Assim, essas práticas metodo-
lógicas foram desenvolvidas, in-
supõe a separação e a fragmen-
tação das dimensões do rendi-
Método parcial (analítico)
des complexas que requerem corporadas e ressignificadas no mento esportivo com o objetivo
O método parcial é caracterizado lização de exercícios físicos para de jogo realizadas sem oposição
diferentes habilidades, nas di- continente sul-americano pela de ensiná-las e treiná-las sepa-
pela decomposição dos compo- o treinamento das capacidades de adversários.
mensões estratégicas, táticas, influência de treinadores/treina- radamente. Para isso, o método
nentes do rendimento esportivo físicas/motoras que podem ser
técnicas e físicas, são utilizados doras, professores/professoras, parcial, também conhecido como
e por seu treinamento de forma realizados de diferentes formas, Com o objetivo de promover a
diversos meios e métodos de pesquisadores/ pesquisadoras e método analítico ou série de
isolada. Na dimensão técnica, o sendo que estas podem ser agru- adequação e otimização dos es-
treinamento ao longo do proces- jogadores/jogadoras que passa- exercícios, é utilizado principal-
método parcial separa as técni- padas segundo os tipos (cons- tímulos de treinamento e as es-
so de formação dos jogadores e ram a atuar e/ou se preparar pro- mente para o desenvolvimento
cas com a bola (recepção, passe, tantes ou variáveis), caracterís- pecificidades do futebol na pre-
jogadoras que devem correspon- fissionalmente em outros países, de competências relacionadas às
finalização, entre outras) do seu ticas (contínua, com intervalos e paração de jogadores e jogadoras
der aos objetivos propostos para assim como profissionais de ou- dimensões técnica e física.
treinamento de forma isolada, mistas) e enfoque dos estímulos sul-americanos, coexistiu um con-
o ensino e treinamento. tros continentes que vieram tra-
que depois são integradas para (permanente, crescente, decres- ceito de treinamento que busca
balhar junto com o futebol, futsal
finalmente a prática do jogo cente e suas combinações). Na integrar as diferentes dimensões
Assim, no estudo dos meios e e futebol de areia na América do
formal ser incorporada. Na di- dimensão tática, o método par- do rendimento esportivo, deno-
métodos utilizados no futebol, Sul.
futsal e futebol de areia, ou seja,
Na prática! mensão física, observa-se a utili- cial está relacionado às ativida- minado método integrado.
zação do método parcial na uti- des de gerenciamento do campo
na metodologia utilizada por es- Deste modo, devido à grande di-
sas modalidades no dia a dia, versidade, não existe a ambição Meios e métodos de
observa-se a utilização de uma de classificar e apresentar todos treinamento
grande variedade metodológica os diferentes meios e métodos
na formação dos jogadores e das utilizados. No entanto, é possível Na preparação esportiva, o Método parcial
jogadoras que é usada de dife- observar três grupos de práticas exercício físico se constitui (analítico)
rentes maneiras e combinações. metodológicas utilizadas predo- como o meio principal, e a
minantemente na formação de forma como é utilizado repre- Exercícios para o treina-
É importante destacar que as di- jogadores e jogadoras sul-ame- senta o método. Por exem- mento de passes. Os joga-
ferentes práticas metodológicas ricanos. plo, um sprint é um meio, e a dores/ jogadoras realizam
apresentam objetivos e carac- forma como este é realizado, passes após os desloca-
terísticas idealizadas para aten- No primeiro grupo, temos as prá- contínua ou com intervalos, mentos.
der às necessidades específicas ticas metodológicas amparadas constitui-se como o método
de diferentes locais em diferen- pelo princípio analítico-sintético de treinamento.
tes momentos históricos e são que, com base nas premissas da
congruentes com as concepções teoria comportamental, pres-
teóricas que os embasam.
Figura 03 - Atividade utilizada no método parcial.

58 59
Método integrado
O método integrado, como Nesse sentido, a concepção de e táticos; bem como outras com-
construção coletiva e empírica treinamento integrado materia- binações de treinamento dos ele-
sul-americana, pode ser entendi- liza-se no uso de meios de trei- mentos relacionados com as dife-
do como uma iniciativa para siste- namento que utilizam a presença rentes dimensões do rendimento
matização e realização da prepa- da bola na ação dos jogadores esportivo.
ração de jogadores de futebol que e das jogadoras em atividades
emerge da tradição da prática do de treinamento, com o objetivo No segundo conjunto, desta-
futebol, futsal e futebol de areia no desenvolvimento dos aspec- cam-se os métodos sustentados
que visa preservar e desenvolve- tos relacionados a duas ou mais pelo princípio global-funcional,
ra dimensão técnica, como uma dimensões do rendimento es- que preconiza que o todo é mais
das principais características dos portivo, como nos exercícios físi- do que soma das partes. Entre os
jogadores/jogadoras sul-ame- co-técnicos que visam o treina- métodos que têm como guia o
ricanos, mas em diálogo com as mento dos aspectos relacionados princípio global-funcional, temos
propostas que visavam treinar as à dimensão física e técnica; os o método de confronto, o método
demais dimensões relacionadas exercícios técnico-táticos, que global (série de jogos) e o conceito
ao rendimento esportivo. visam treinar aspectos técnicos recreativo do jogo.

Método integrado

Exercícios pliométricos (saltos


sobre barreiras) destinados ao
treinamento da potência dos
membros inferiores (dimensão
física) com exercícios destinados
ao treinamento da cabeçada (di-
mensão técnica).

Na prática!
Figura 04 - Actividad utilizada en el método integrado.
Exemplo de atividade com
a utilização do método
parcial (analítico)
Categoria: Sub-17.

Objetivos da sessão
Dimensão técnica: Método de
Aperfeiçoar a cabeçada defen-
siva. confronto
Parte inicial O método de confronto consiste
Atividade 3 – 5 min na utilização do jogo formal, ou
Exercícios técnicos para a ca- seja, uma modalidade esportiva
beçada, chutes livres e saídas Os jogadores/jogadoras realizam exercícios de cabeçada enquanto sem adaptações.
do gol em bolas aéreas os batedores/batedoras de faltas simulam essas ações e os golei-
ros/goleiras, as saídas de gol em bolas aéreas.
Dimensões do espaço:
52 m x 68 m Para ver sessão completa consultar anexo 2 – categoria Sub-17.

60 61
Método global
O método global (série de jogos) caracteriza-se pela utilização de uma sequência de jogos aos praticantes,
onde cada jogo ou formas de jogadas visam apresentar a ideia central do jogo esportivo que se deseja en-
sinar ou treinar.

Método global

Mantenha a área livre


Duas equipes se enfrentam, com
cada jogador/jogadora com a
posse de uma bola, que deverá
ser lançada para o campo adver-
sário. Ao final do tempo estipu-
lado, vence a equipe que tenha
a menor quantidade de bolas em
Jogo utilizado no método global para ensino do futebol – adaptado de Alberti e Rothen- seu campo.
berg.

Na prática!
Exemplo de atividades com a utilização com características do método global.
Categoria: Sub-15.
Objetivos da sessão
- Procedimental:
Conceito recreativo do jogo
Dimensão técnica: treinar as
O conceito recreativo de jogo foi de uma série de jogos, com a No caso do futebol, o método or-
técnicas de passe (ruptura de
uma das primeiras alternativas utilização de pequenos e mini- ganiza diversos jogos da cultura
linhas) e recepção (domínio
metodológicas que procurou su- jogos, para ensinar e treinar os do futebol, em séries de jogos,
orientado).
perar as limitações dos métodos diferentes aspectos do jogo (tá- como jogos de chutes ao gol, jo-
baseados nos princípios analíti- ticos, técnicos, entre outros), as- gos com um gol e jogos com dois
Parte inicial
co-sintético e global-funcional. sim como uma série de exercícios gols.
Atividade 1 – 2 min
O método consiste na utilização para corrigir aspectos técnicos.
“Mamãe da rua”- 4 v 3
Sem bola.

Dimensões do espaço: Atividade 2 – 2 min Atividade 3 – 4 min


6,5 m x 40 m “Mamãe da rua”- 4 v 3 “Mamãe da rua” - 4 (+1) v 3 Concepto recreativo
Com bola. Com bola. do jogo
No espaço entre a linha da
área de meta e a área de pê- Dimensões do espaço: Dimensões do espaço: Chute ao gol
naltis, quatro jogadores/jo- 6,5 m x 40 m 6,5 m x 40 m Dois ou três jogadores/jogado-
gadoras de cada vez devem
ras se enfrentam, sendo um/uma
atravessar a “rua” sem serem Organização e funcionamento como Organização e funcionamento atacante e outro goleiro/goleira.
tocados por três jogadores/ na atividade anterior. No entanto, como na atividade anterior. No Vence o jogador/jogadora que
jogadoras vestindo coletes. quatro jogadores/jogadoras devem entanto, os quatro jogadores/ conseguir marcar mais gols após
Os jogadores/jogadoras que atravessar para a “rua” com a posse jogadoras só podem atravessar um número combinado de chu-
sejam tocados devem assumir da bola. Os apanhadores/apanha- para a “rua” depois de passa- tes.
a posição dos apanhadores/ doras só podem tocar no jogador/ rem a bola para o jogador posi-
Figura 05 - Série de jogos e exercícios utilizados no conceito recreativo do jogo para ensi-
apanhadores. jogadora que esteja com a bola. cionado do outro lado da “rua”. no do futebol – adaptada de Alberti e Rothenberg e Dietrich, Dürrwachter e Schaller

62 63
Método situacional
No método cognitivo Para isso, são utilizadas jogadas execução de técnicas específicas
básicas extraídas de situações da modalidade. O método con-
situacional, o objetivo
de jogo, que são estruturas fun- templa uma proposta para o en-
é que os praticantes cionais. São constituídas por um sino e treinamento dos aspectos
aprendam e ou mais jogadores/jogadoras técnicos e táticos do futebol e
desenvolvam habilidades que, em uma situação de jogo, futsal nas etapas do treinamento
desenvolvem tarefas de ataque tático inicial (linear), posicional e
técnicas (como fazer) e defesa e funções táticas que situacional.
e táticas (o que fazer) requerem a tomada de decisão e
simultaneamente.

Método situacional

Chute ao gol 3 vs. 4 + P


Três atacantes enfrentam dois
zagueiros/zagueiras e tentam
fazer o gol. Antes de finalizar, a
bola deve passar entre os cones
que estão posicionados sobre a
linha do pênalti. O número de to-
ques na bola feitos pelos atacan-
tes/atacantes poderá ser limita-
do, assim como a área de atuação
No terceiro grupo de práticas, temos os métodos do goleiro/goleira.
sustentado pelas teorias contemporâneas da
cognição e pelas teorias sistêmicas, que visam
compreender os fenômenos em sua complexidade Figura 06 - Jogo utilizado no método situacional para ensino e treinamento do futebol –
adaptado de Greco17.
e que procuram atender à especificidade dos jogos
coletivos em diferentes dimensões do rendimento e
suas relações.
Pedagogia do jogo
Estes métodos caracterizam-se pela utilização de Embora os métodos global, de ser envolvido e ao se envolver no dimensões históricas, social e
confronto, conceito recreativo de jogo. O estado de jogo é limitado cultural, psicológica, estratégica,
jogos tradicionais e/ou modificados que procuram jogo e situacional utilizem o jogo pelos polos da frivolidade e êxta- tática, técnica e física.
nortear o ensino a formação dos jogadores e como método, é uma pedagogia se.
jogadores através de alterações no tamanho do do jogo que se estabelece para
superar a concepção do jogo Além disso, são fundadas as ba-
campo, número de contatos com a bola, número de como estrutura e transcende ses para uma abordagem meto-
balizas e outras regras adaptadas, principalmente para compreensão do conceito dológica pautada no ambiente
aquelas relacionadas à dimensão tática. Dentre os do jogo da perspectiva de si mes- de aprendizagem e ambiente de
mo como um estado, sendo este jogo, e a definição de matrizes de
métodos pertencentes a esse grupo, destacam-se o a condição de absorção (concen- jogo é estabelecida para ensinar
método situacional e a pedagogia do jogo. tração) e entrega total na medida e treinar o futebol, o futsal e o fu-
em que o jogador se encontra ao tebol de areia com interação das

64 65
JOGO CONCEITUAL
“Bobinho”
Métodos demonstrativos visuais
Os jogadores/jogadoras que formam o círculo trocam Os meios e métodos apresenta-
passes com o objetivo de manter a posse da bola. Os dos destinam-se essencialmente Na prática!
jogadores/jogadoras que estão dentro do círculo ten- ao ensino e à formação na esfera
tam conquistar a posse da bola. procedimental (saber fazer). Po- Exemplo de atividade com a utilização
rém, no processo de formação
O número de toques na bola feitos pelos/pelas ata- dos jogadores e jogadoras con-
de métodos demonstrativos visuais
cantes poderá ser limitado, assim como o número de Categoria: Sub-17.
temporâneos, é necessário des-
passes trocados ou, no caso da bola passar entre as envolver competências também
pernas de um zagueiro/zagueira, pode condicionar Objetivos da sessão
na dimensão conceitual (saber
que os zagueiros continuem a desempenhar suas Procedimental
sobre) e no saber atitudinal (saber
funções, mesmo que retomem a posse da bola. Dimensões estratégica e tática:
ser). Nesse sentido, a utilização
Treinar a marcação da área, na bola aérea defensiva, em chutes livres
de métodos visuais demonstra-
realizados nos corredores laterais.
tivos que se caracterizam pelo
uso de imagens (vídeos, desen-
Atitudinal / Habilidades para a vida (saber ser):
JOGO CONCEITUAL EM AMBIENTE ESPECÍFICO hos, entre outros) torna-se fun-
Estimular a capacidade de comunicação dos jogadores/jogadoras.
G + 5 vs. 4 + G damental, principalmente se os
próprios jovens e adolescentes
Parte Inicial – 30 min
Duas equipes se enfrentam, sendo uma delas com- participarem da construção das
Conversa inicial – 5 min
posta por um goleiro/goleira, três atacantes e dois/ dinâmicas e tarefas, desenvol-
Apresentar os objetivos, funcionamento da sessão e as característi-
duas laterais (que atuam apenas fora do espaço deli- vendo os conceitos em conjunto
cas da bola parada ofensiva do próximo adversário (uso do vídeo no
mitado); e a outra equipe, composta por um goleiro/ com os sentimentos de pertenci-
celular). Combine as palavras-chave/expressões:
goleira e quatro zagueiros/zagueiras. mento, autonomia, cooperação
#posiciona e #Tira o espaço!
entre outros valores.
Para ver sessão completa consultar Anexo– Categoria Sub-17.
A atividade começa com a equipe de cinco jogado-
res que tentam atacar com a ajuda das laterais. Se a
Figura 07. Jogo conceitual e jogo conceitual em ambiente específico equipe defensora recuperar a bola, a mesma deverá
empregados na Pedagogia do Jogo. atacar em direção ao gol adversário.

Nessa perspectiva, o jogo é um ambiente de jogo, que tem como Os jogos conceituais são jogos
sistema complexo que possui propriedades o desafio, o des- que não respeitam a lógica dos
propriedades específicas e uma equilíbrio, a imprevisibilidade e a jogos de futebol, onde as re-
lógica própria de funcionamento representação. ferências estruturais e funcionais
que requer seu reconhecimento são manipuladas de forma a ge-
por parte dos jogadores, sendo Para a materialização desta abor- rar inúmeras ações conceituais
necessário, para isso, um conhe- dagem metodológica no proces- presentes em todos os jogos que
cimento estratégico-tático-téc- so de ensino e treinamento de compõem a família dos jogos de
nico, que se manifesta no ato de futebol, futsal e futebol de areia bola com pés; os jogos concei-
jogar como uma ação intencional com base no conceito de jogo tuais em ambientes específicos
com o praticante em estado de proposto, foram concebidas ma- são jogos que respeitam a lógi-
jogo. trizes de jogos que permitem a ca do jogo; Os jogos específicos
manipulação de regras adapta- são jogos que respeitam a lógica
Na pedagogia de jogo, a apren- das para simulação de determi- do jogo/esporte, sendo popular-
dizagem significativa acontece nados comportamentos táticos mente conhecidos como “coleti-
quando as atividades ocorrem específicos. Sendo elas: jogos vo”, ou seja, um jogo formal; e os
no cruzamento entre o ambiente conceituais, jogos conceituais jogos contextuais, por sua vez,
de aprendizagem, caracterizado em ambientes específicos, jogos são jogos que têm relação direta
pela organização e planejamento específicos e jogos contextuais. com a competição, ou seja, jogos
dos respectivos conteúdos; e o amistosos e oficiais.

66 67
Outros métodos
A Periodização Tática
metodológicos: o princípio das aos domingos - apresenta uma
propensões, o princípio da pro- estrutura para a realização dos
A Periodização gressão complexa e o princípio da jogos (domingos), dia livre (se-
Tática foi concebida alternância horizontal na especi- gunda), recuperação (segunda e
especificamente para a ficidade. sábado) e aquisição da organi-
preparação no futebol zação dos jogos pelos jogadores
O desenvolvimento da manei- e jogadores e jogadoras (quarta,
e tem como objetivo ra de jogar específica da equipe quinta e sexta-feira), onde são
principal desenvolver a ocorre no morfociclo padrão. distribuídos os princípios táti-
forma específica de jogar Este, por sua vez, consiste no ci- cos específicos, classificados em
de uma equipe baseada clo de treinamento fundamental princípios, subprincípios e os
na periodização tática, no qual subprincípios dos subprincípios,
em um modelo de jogo. os princípios metodológicos in- que são treinados em diferentes
teragem, fornecendo uma matriz regimes de contração muscular
para o processo de treinamento, (no que diz respeito à tensão, du-
Nessa concepção, a dimensão que deve ser repetida sistemati- ração e velocidade) para desen-
tática do rendimento esportivo camente. volver a forma jogar pretendida
é a orientadora e a integrado- na organização coletiva, grupal e
ra do treinamento que, por sua
vez, se baseia em três princípios
O morfociclo padrão - de jogos individual. Treinamento Estruturado
O Treinamento Estruturado foi deve ser único, específico e per- transformações caracterizam a
elaborado com o intuito de sis- sonalizado, sendo a ciclicidade mudança paradigmática na for-
tematizar o treinamento para os da proposta garantida pela utili- mação de jogadores e jogadoras
jogos esportivos coletivos, par- zação dos microciclos estrutura- de futebol, futsal e futebol de
tindo da concepção do jogador dos, que são considerados uma areia de todo o planeta, que pro-
e jogadora como esportistas hu- unidade funcional da proposta, curam adequar os princípios do
manizados, sendo que apresen- que de acordo com o momento treinamento à organização es-
tam singularidade nas estrutu- de preparação assumem caracte- trutural e funcional dessas mo-
ras bioenergéticas, condicionais, rísticas diferentes, sendo classifi- dalidades, assim como os meios e
cognitivas, socioafetivas, emo- cados em microciclo estruturado métodos de ensino e treinamen-
cional-volitivas, expressivo-cria- preparatório, microciclo estrutu- to empregados.
tivas e mentais. rado de transformação dirigida e
especial, microciclo estruturado
No treinamento estruturado, os de manutenção e microciclo es-
princípios da alternância e es- truturado de competição. Estas, Na prática!
pecificidade norteiam a organi- por sua vez, são constituídos por
zação planejada do treinamento. sessões de treinamento concebi- Os meios e métodos de trei-
das com situações de simulações namento adotados nos di-
Este deve ser construído a par- preferenciais que são sequências ferentes modelos de perio-
tir do projeto esportivo da ins- de atividades que procuram oti- dização são semelhantes.
tituição, devendo também ser mizar as estruturas dos jogado- As diferenças substanciais
considerada a modalidade, a ca- res e jogadoras. estão nos objetivos e mo-
tegoria e o nível competitivo da mentos que são utilizados,
equipe para o desenvolvimen- Com base no exposto, obser- em decorrência das pre-
to das estruturas: condicional, va-se uma busca pela especifici- missas teóricas e princípios
coordenativa, cognitiva e socio- dade em todas as dimensões do metodológicos de cada mo-
afetiva. rendimento nos modelos de pla- delo de planejamento, sis-
nejamento, sistematização e or- tematização e organização
Desta forma, o planejamento ganização do treinamento. Essas das atividades.

68 69
Contribuição das ciências do
esporte no futebol
sul-americano
O objetivo deste tópico é destacar a importância e as contribuições
de diversas áreas do conhecimento científico para a formação
de jovens jogadores e jogadoras de futebol, futsal e futebol de
areia. Analisaremos os principais conceitos científicos aplicáveis Particularidades do desenvolvimento neuromotor
ao treinamento, procurando exemplificar os conceitos para que o Se fizermos uma investigação impossível dissociá-lo dos aspec- dimensões biológicas, psicológi-
treinador/treinadora faça uso desses conhecimentos. É importante rápida nas fontes que tratam do tos psicossociais-ambientais que cas e sociais do indivíduo imer-
assunto, veremos que, na maio- nele interferem. Não podemos sas em contextos ambientais
destacar a necessidade de aprofundamento por parte dos treinadores/ ria dos casos, o conceito de des- pensar nele apenas como uma específicos. Essa ideia é muito
treinadoras nos estudos das ciências aqui abordadas. Esse envolvimento está ligado a uma ideia biológica. importante porque vamos tratar
ideia biológica sobre a transfor- do conceito de desenvolvimento
aprofundamento pode se dar por meio dos cursos de especialização mação ao longo da vida de um O desenvolvimento humano e, automotor neste material, e ele
oferecidos pela CONMEBOL e pelas licenças de treinadores/ organismo. Porém, quando pen- consequentemente, o desenvol- está totalmente ligado a aspec-
treinadoras oferecidas pelas Associações Membro. samos no desenvolvimento do vimento neuromotor, é um pro- tos de aprendizado e maturação.
organismo humano, torna-se cesso resultante da interação das

Desenvolvimento neuromotor
aplicado ao futebol A idade e os aspectos individuais do desenvolvimento
neuromotor
Desenvolvimento neuromotor
El desenvolvimento neuromotor duos se compõe em um contexto manentemente como um tecido
O movimento é uma forma de ex- é um processo muito particular e muito particular de experiências vivo. É importante destacar que
pressão e linguagem que se ob- individual. vividas, faria sentido pensar que os aspectos primários e funda-
tém ao longo da vida, controle, o desenvolvimento neuromotor mentais para a coordenação de
refinamento, ritmo, novas coor- Restrições Experiências Existem momentos ao longo da poderia ocorrer no mesmo ritmo movimentos mais elaborados
denações, combinações e alter- vida em que o desenvolvimento e com o mesmo conteúdo de re- serão apresentados ao final da
nativas funcionais. Esses ganhos será mais rápido e, em outros, pertório para indivíduos diferen- primeira infância. Toda a estru-
fazem parte de um processo onde Biologia Desafios mais lento. E embora essa velo- tes e da mesma idade? turação de movimentos que
se desenvolve uma sofisticada
Desenvolvi- cidade (mais rápida ou mais len- expressarão habilidades e com-
rede de interações neuronais e
mento ta) esteja relacionada a períodos As peculiaridades dos estímulos petências futuras será baseada
musculares, proporcionando uma
neuromotor específicos da idade, não será e experiências que recebemos e nas aquisições iniciais, nos re-
série de mudanças e possibili- Tarefas Idade necessariamente a mesma para vivemos desde o início de nossas pertórios primariamente consti-
dades. As ações musculares vão
adquirindo novos controles e no- indivíduos da mesma idade. O vidas constituem um caminho tuídos. Assim, as possibilidades
vos significados. Chamamos esse desenvolvimento neuromotor único, que confere a cada ser hu- funcionais de movimento no fu-
processo contínuo, que está rela- Possiblidades Estímulos dos indivíduos não ocorre no mano um horizonte neuromotor turo - como as habilidades para
cionado às interações entre o in- mesmo ritmo, mesmo que ten- também único. A ideia principal jogar bem o futebol, por exemplo
divíduo e o meio ambiente, entre ham o mesmo tempo de vida. Se é que o desenvolvimento neu- - serão melhores e mais amplas
tarefas e restrições, entre idade, Ambiente considerarmos que a interação romotor é um processo que se tanto quanto a qualidade e a va-
biologia humana, estímulos, ex- das potencialidades biológicas constrói ao longo da vida. E se riabilidade dos estímulos e desa-
periências e desafios de Desen- de cada indivíduo com o meio for um processo (e não um mo- fios motores apresentados desde
volvimento Neuromotor. ambiente e com os demais indiví- mento), será transformado per- o início da primeira infância.

70 71
Fases do desenvolvimento neuromotor
Fases sensíveis
Do ponto de vista da idade bio- Cada fase tem sua peculiaridade des competitivas, à pressão pelos
lógica, ao longo da vida haverá e sua importância. A fase de ini- resultados e à adaptação ao ca-
momentos com maior predispo- ciação representa o período em lendário competitivo. As ações e
sição para o desenvolvimento do que a expansão do repertório mo- movimentos aqui devem ser mol-
controle do movimento (fases tor deve ocorrer da forma mais dados, aperfeiçoados e desafia-
sensíveis). Por isso, quando pen- ampla, variada, rica e geral possí- dos em níveis competitivos mais
samos no desenvolvimento neu- vel. Isso significa que é nela que elevados.
romotor, haverá idades em que devem estar presentes diferentes
determinados estímulos poderão desafios motores (inclusive o uso
propiciar sua maximização. de outras modalidades esporti-
vas além do futebol), como jogos,
A melhor e adequada
No futebol, ao longo do proces- passatempos e atividades lúdicas seleção de estímulos em
so de formação de jogadores e em geral. cada fase possibilitará,
jogadoras, para potencializar a em longo prazo, dentro
capacidade de jogar de um jovem A fase de especialização represen-
futebolista do ponto de vista do ta o período em que existe a pre- de um processo de
desenvolvimento neuromotor, ocupação de realizar movimentos formação de jogadores
precisaremos entender o que mais específicos, de acordo com e jogadoras de futebol,
Desenvolvimento, crescimento e maturação cada idade implicará. Dentro do a modalidade esportiva pratica-
a maximização do seu
processo de treinamento no fu- da. No nosso caso, trata-se da
tebol não podemos esquecer que expansão e desenvolvimento do potencial. E como as
O desenvolvimento é um concei- Faz parte da necessidade de cons- de transformações morfológi-
to que geralmente está presente trução da melhoria do desem- cas do indivíduo (como aumento o desenvolvimento neuromotor repertório motor, agora com de- fases são sequenciais, o
em diferentes áreas do conhe- penho dos jogadores e jogado- de tamanho, da massa corporal, deve respeitar as fases específi- safios, ações e movimentos do bom desenvolvimento de
cas de aquisição: futebol.
cimento. Para nós do futebol, o ras de futebol, com o objetivo de da proporcionalidade dos segui- uma contribui para o um
conceito de desenvolvimento nos atingir o maior potencial de cada mentos).
Fase de iniciação A fase de alto rendimento repre- melhor desenvolvimento
ajudará a entender melhor o trei- indivíduo, com a compreensão de
namento e a formação de joga- que isso só será possível se en- Por outro lado, a maturação senta o período em que o desen- posterior da outra.
dores e jogadoras de futebol, que tendermos como ocorre o pro- refere-se ao conjunto de alte- Fase de especialização volvimento neuromotor estará
está relacionado à ideia de trans- cesso de transformação do ser rações biológicas (fisiológicas e totalmente conectado às realida-
formação em um eixo de tempo. humano ao longo da vida. Se o bioquímicas), principalmente de Fase de alto rendimento
Isso significa que, no conjunto de desenvolvimento humano res- natureza qualitativa, das células,
estratégias contributivas para a peita uma temporalidade e ao dos órgãos e/ou dos sistemas do
formação de jogadores e joga- mesmo tempo está condiciona- organismo humano. Ela é deter-
doras de futebol, o significado de do às possibilidades que surgem minada consideravelmente por
desenvolvimento está associado das interações do indivíduo com especificações de uma ordem ge-
a uma ideia de processo que se seu meio, é necessário saber bem nética.
constrói no decorrer de qualquer que efeito cada estímulo dado
período de tempo. (em uma sessão de treinamento, Então, embora desenvolvimen-
por exemplo) terá uma resposta to, crescimento e maturação se-
adaptativa. jam conceitos que se relacionam
No caso do desenvolvi- entre si, é importante para um
mento humano, o período O conceito de desenvolvimento melhor entendimento do treina-
é a vida, e o processo é é diferente do conceito de cres- mento e desenvolvimento dos
o conjunto de transfor- cimento ou maturação (embora jogadores e jogadoras de fute-
estejam todos interligados). Tan- bol, compreender que o desen-
mações que ocorrem no to o crescimento quanto a matu- volvimento neuromotor está as-
caminho das diferentes di- ração, ainda que também este- sociado não apenas às questões
mensões do ser (biológica, jam ligados à ideia de processo, que envolvem a maturação e o
estão mais alinhados a um cará- crescimento do indivíduo, mas
psicológica, social, etc.).
ter biológico. O crescimento, por também aos fatores ligados à
exemplo, refere-se ao conjunto aprendizagem motora.
72 73
Um menino ou menina de 8 anos, Lembremos aqui que toda estru- gógica de adaptação às diferen-
por exemplo, jogando futebol turação de movimentos que ex- tes faixas etárias dentro de um Na prática!
não é um adulto em miniatura. pressarão habilidades e compe- processo de formação de joga-
Possui particularidades relacio- tências futuras serão baseadas dores e jogadoras (o que já seria
nadas à idade, crescimento, ma- nas aquisições iniciais, nos re- um grande motivo). Também é As perguntas podem
turação e desenvolvimento que pertórios primariamente consti- decisivo para o melhor desen- ser feitas no início, ao
são decisivas para a melhoria do tuídos. Portanto, a compreensão volvimento das habilidades e das princípio ou ao final das
desempenho de longo prazo no das fases do desenvolvimento potencialidades individuais dos/ sessões, com o objetivo
futebol que precisam ser bem neuromotor não é necessária das jovens futebolistas em um de ajudar os jogadores/
compreendidas. apenas para uma questão peda- processo de formação.
jogadoras a identificar e/
ou selecionar a informação
relevante para o seu
desenvolvimento.
Fase de Fase de Fase de alto Categoria: Sub-17

iniciação especialização rendimento Procedimental


Dimensões estratégicas e tác-
Número de série: 1
ticas: treinar a marcação da
área na em bola aérea defensi-
Duração das repetições: 10 s
va, em chutes livres nos corre-
dores laterais.
Duração das pausas entre repetições: 100 s
Conceptual: discutir as referên-
Duração dos descansos depois da série: 300 s
cias (espaço, adversário e bola)
para a marcação da zona na
A atividade começa com um tiro livre no corredor lateral do campo.
bola morta defensiva.
Depois do chute, as equipes se enfrentam por 10 segundos. Se no
tiro livre a bola sair de campo, o treinador/treinadora revezará a bola
Parte final - 20 min
para que a equipe defensora inicie sua ação ofensiva. Se a equipe
Atividade 5 - 15 min
atacante conseguir marcar, o técnico irá trocar o corredor de chute.
Objetivo + 11 vs. 11 + Objetivo.
As faltas serão marcadas com a bola em diferentes posições e alter-
nadamente nos corredores laterais.
Dimensões do espaço:
52 m x 68 m
Conversa final - 5 min
Quais são as dificuldades enfrentadas para marcar uma bola morta?
Número de repetições: 6
Como podemos melhorar a organização nesta situação?

Para ver a sessão completa, consulte o Anexo - Categoria U17.

Assim, faz parte do processo de to neuromotor estão intima- Investir num processo de estímu-
aprendizagem motora, no caso mente interligados. los bem controlados e adequado
do futebol, promover estímulos às fases sensíveis, respeitando a
de desenvolvimento que ao mes- Embora relacionados à biolo- individualidade dos meninos, das
mo tempo ampliem e melhorem gia humana, o desenvolvimento meninas e dos jovens, contribui-
o repertório motor e aumentem neuromotor está, como já vimos, rá positivamente para maximizar
a afinidade dos processos decisó- amplamente vinculado às ex- o desenvolvimento neuromotor.
rios com a própria ação, nos con- periências, desafios, restrições, E no nosso caso, principalmente,
textos de demanda do jogo aos contextos e ambientes em que o para o melhor desenvolvimento
quais os jogadores e jogadoras indivíduo está inserido, portanto, das habilidades de jogar o fute-
6 a 13 anos 14 a 20 anos 20 anos em diante estão sujeitos. Os processos de às possibilidades de aprendiza- bol.
aprendizagem e desenvolvimen- gem que surgem.

74 75
Sistema músculo esquelético e exercício
O organismo humano nunca tamos fazendo exercícios físicos: Esquelético:
deixa de nos surpreender pelo o coração bate mais rápido, por- Músculos de ação voluntária que
seu grau de perfeição e comple- tanto, envia mais sangue para o são regulados pelo sistema ner-
xidade, nos permite caminhar, sistema; os pulmões transpor- voso central (S.N.C) e que por
correr, saltar, sentir frio, calor, tam mais oxigênio, os múscu- meio de unidades neurológicas,
sede, dor, observar futebol, etc. los têm uma atividade mecânica denominadas unidades de placas
Isso se deve a uma série de sis- mais extrema, o que implica em motoras, permitem a produção
temas interconectados que per- uma maior atividade metabólica. de movimentos.
mitem que o organismo receba Quando o organismo está nesta
funcionalidade. Nestes sistemas condição, torna-se relevante a Cardíaco:
surge uma parte integradora, a fisiologia do exercício, uma subu- Músculo próprio do coração, sua
fisiologia, que tem um papel fun- nidade da fisiologia geral que es- ação mecânica é involuntária e
damental para o desenvolvimen- tuda, analisa e avalia o organismo controlada pelo sistema nervoso
to do organismo. em condições de atividade física autônomo (S.N.A).
em diferentes situações climáti-
Quando estamos em repouso, cas: frio, calor, umidade, altitude. Liso:
nosso organismo continua fi- Nesta área iremos analisar os sis- Este tipo de musculatura é aque-
siologicamente ativo: o coração temas envolvidos e suas reações le que forma alguns elementos
enviando sangue ao sistema, os ao exercício físico e seus proces- do nosso organismo, como os va-
pulmões fornecendo oxigênio a sos de adaptação. sos sanguíneos, paredes do trato
cada célula, o cérebro enviando digestivo e, como como a mus-
sinais a todo o organismo. Po- O corpo humano é composto por culatura cardíaca, é controlada
rém, quando estamos em mo- três tipos de músculos que são pelo sistema nervoso autônomo
vimento, todos os sistemas são definidos como esquelético, car- (S.N.A).
ativados, ainda mais quando es- díaco e liso.

São faixas de tecido


fibroso conjuntivo

Fisiologia do exercício por meio das quais


um músculo se liga
a um osso. É um te-
aplicada ao futebol cido de transição en-
tre um músculo e um Músculo esquelético está coberto pelo
epimísio (uma bainha de tecido conectivo)
osso, pois não é um
músculo, já que não O tendão serve
No futebol de treinamento e ren-
A Fisiologia do Exercício possui fibras muscu- de fixação entre o Quando o
dimento esta ciência tem uma osso e o músculo
é uma área das ciências relevante importância no mo- lares, e também não músculo se
é um osso, porque contrai, o
médicas que se ocupa do mento de avaliar alguns parâme- tendão puxa
tros fisiológicos que permitem não tem cálcio, mas
estudo e análise de da- o osso.
aos preparadores físicos/pre- sua presença é ne-
dos do rendimento físico paradoras físicas e treinadores/ cessária para que um
das pessoas que prati- treinadoras determinar algumas determinado seg-
cam sistematicamente cargas de trabalho considerando mento do corpo se
fatores ambientais e a condição mova.
atividades desportivas física dos jogadores e jogadoras
em diferentes especiali- e, desta forma, estruturar seus
dades. respectivos treinamentos. O periósteo é a membrana
que cobre a superfície do osso.

76 77
Tipos de fibras e exercício

Fáscia muscular
Osso

Fibras
musculares

Frequência cardíaca e exercício


A frequência cardíaca (FC) é um te às cargas de trabalho subse- processo de adaptação cardíaca
parâmetro fisiológico que consis- quentes. A resposta da frequência ao exercício realizado de forma
te em uma sístole (contração) e cardíaca ao exercício difere de um intensa e sistemática passa por
Tendão
Fascículos uma diástole (relaxamento), e que sujeito treinado para outro que mudanças estruturais do coração
secundários nos permite quantificar a intensi- não o é, de tal que, ao se deparar que estão representadas no au-
dade com que um exercício físico com o mesmo estímulo, o atleta mento das cavidades cardíacas,
é realizado. Essa frequência varia tem uma frequência menor que o que leva a um maior fluxo san-
Geralmente, as fibras do tipo I atividade física de média e baixa citoplasmático, este tipo de cé- de acordo com o estado físico do uma pessoa sedentária. Existem guíneo para o sistema; essa mo-
têm uma grande capacidade de intensidade que se desenvolve lulas desenvolve sua atividade indivíduo, idade, sexo, estado de outras modificações do ponto de dificação estrutural é chamada de
resistência aeróbia. Vamos es- em torno de 120 segundos, no em situações de alta intensidade repouso ou exercício. vista estrutural e funcional, esse coração de atleta.
tabelecer que o conceito de ae- caso do futebol pode ser exem- e curta duração em um tempo
róbio significa que a reação me- plificada em uma corrida de 10 aproximado de 0 a 15 segundos, Os valores aproximados da fre-
tabólica a nível celular é gerada minutos com bola. um exemplo no futebol pode ser quência cardíaca para uma pessoa
um duelo por uma disputa de
com a presença de oxigênio em
uma organela celular chamada Por outro lado, as fibras do tipo bola, ou um sprint de 20 metros.
sedentária em repouso é de apro- Na prática!
ximadamente 80 a 85 batimentos
mitocôndria, este tipo de meta- II estão funcionalmente adapta- por minuto (bpm) e, para atletas
bolismo aeróbio é realizado como das para exercer sua ação meta- Do ponto de vista fisiológico, Categoria U-15 -
em repouso, é de aproximada-
produto dá a ingestão de carboi- bólica em condições anaeróbias, existem várias diferenças entre mente 55 a 60 (bpm). Conferência: Benefícios
dratos e gorduras. Na prática, ou seja, com déficit de oxigênio. uma e outra. do exercício aeróbico na
pode-se estabelecer que é toda Este processo é gerado a nível A frequência cardíaca vai aumen- promoção da saúde
tando à medida em que a inten-
sidade e o volume do exercício Feita pelo médico, fisiologista e Justificativa: Estimular e instru-
aumentam. Para determinar até preparador físico do clube para mentalizar a comunidade para a
Características estruturais e funcionais dos tipos de fibras onde o organismo é capaz de re- jogadores/jogadoras da cate- prática de exercícios físicos e os
sistir ao aumento da frequência, goria Sub-15, e seus convidados jovens jogadores de futebol pelo
Tipo I Tipo II que se estabelece essa variável, (aberto à comunidade). Tem prazer de treinar.
por exemplo: se um jogador/jo- como objetivo despertar o inte-
Velocidade de contração Lenta Rápida
gadora de futebol tem 20 anos, se resse das pessoas pela prática A conferência Benefícios do exer-
Capacidade aeróbia Alta Baixa for aplicada essa fórmula, o pro- de exercícios aeróbicos para pro- cício aeróbio na promoção da
duto é 200 x minuto como F.C.M.T. mover a saúde e ensinar aos pre- saúde é uma atividade curricular
Capacidade anaeróbia Baixa Alta sentes como utilizar a frequência (ver capítulo V) que pode ser pla-
Os efeitos circulatórios do exer- cardíaca para a prescrição e con- nejada com o objetivo de promo-
Tamanho do neurônio motor Pequeno Grande cício estão relacionados aos pro- trole do exercício, também utili- ver o relacionamento do clube/
cessos de adaptação, que é o zado nos treinos de futebol*. equipe com a comunidade, assim
Força da unidade motora Baixa Alta conjunto de modificações mor- como promover a formação inte-
fofuncionais de alguns órgãos ou gral dos jogadores/jogadoras.
sistemas que atuam com maior
* Consulte o planejamento da sessão de treinamento preparado para a Categoria
intensidade permanentes como U-15 - Anexo, que também tem o objetivo conceitual de ensinar a frequência cardía-
aplicação do estímulo agudo, de ca e seu uso no controle da intensidade do treinamento.
modo a responder adequadamen-

78 79
Sistema respiratório e exercício
Em nossa vida diária, poderíamos O organismo humano é consti- to por diferentes estruturas que
não beber água, comer ou dormir tuído por uma série de sistemas permitem a livre passagem de
por algumas horas. No entanto, que permitem um desenvolvi- oxigênio para o interior do nosso
seria impossível não respirar du- mento harmonioso do ponto de organismo, a saber: nariz, farin-
rante esses períodos de tempo. vista estrutural e funcional e, ge, laringe, traqueia, brônquios,
neste caso, será feita uma des- bronquíolos, alvéolos e pulmões.
Para o estudo desse sistema, e crição das características estru-
sua relação com o exercício físi- turais do sistema respiratório A organização estrutural básica
co, é necessário definir o que é para posteriormente estabelecer desse sistema consiste em uma
respiração: é a troca de gases, a sua relação com o exercício fí- rede de pequenos tubos que ter-
oxigênio (02) e dióxido de carbono sico. minam dentro do pulmão pro-
(CO2), entre um ser vivo e o meio duzindo trocas gasosas com o
ambiente. O sistema respiratório é compos- meio ambiente.

Ventilação Adaptações respira- Consumo máximo


pulmonar durante o tórias ao exercício de oxigênio (VO2
exercício A eficiência do sistema cardio- máx.)
vascular será afetada se o siste-
A ventilação pulmonar durante a ma respiratório não fornecer oxi- Conceitualmente, é definido
atividade física aumenta até in- gênio suficiente para satisfazer como a capacidade máxima de
tensidades de esforço máximo, obter oxigênio a partir do esforço
Redistribuição do fluxo sanguíneo durante o exercício que são diretamente proporcio-
as demandas metabólicas para a
realização do exercício físico. As- físico máximo. É um parâmetro fi-
nais às necessidades metabólicas sim como o sistema cardiovascu- siológico para determinar a resis-
Durante o exercício, além de um estão realizando a ação primária do fluxo gera uma restauração do organismo. Esta condição é lar, o sistema respiratório passa tência cardiorrespiratória, o VO2
aumento geral do fluxo sanguí- do exercício. O desvio do sangue gradual dos níveis de glicose e dividida em duas fases: fase nº1, por processos adaptativos espe- máximo aumenta consideravel-
neo, ocorre uma alteração na é gerado pela contração e relaxa- oxigênio no sistema e o aumen- quando o exercício começa, o cíficos ao treinamento esportivo, mente com o aumento da inten-
distribuição do sangue nos dife- mento muscular das arteríolas de to da temperatura dá sangue ao córtex motor é ativado e trans- entre os quais podemos citar: sidade do exercício. Uma pessoa
rentes órgãos do corpo. Durante alguns tecidos. Isso permite uma nível dos músculos ativos que mite impulsos ao centro respira- sedentária que treina três vezes
o exercício, o sangue é desviado homeostase (equilíbrio) no orga- flui em direção à pele para ser tório localizado no cérebro, es- Volume pulmonar: é a capacida- por semana durante seis meses a
dos rins, cérebro e sistema diges- nismo porque os níveis de glicose resfriado para estabelecer a ho- pecificamente ao nível do bulbo de dos pulmões de expelir uma 75% do seu consumo máximo de
tivo para os músculos esqueléti- (energia) e oxigênio (gás) dimi- meostase. raquidiano, o que leva ao aumen- quantidade de ar após uma ins- oxigênio, pode ver sua condição
co e cardíaco e para a pele que nuem rapidamente. O aumento to da respiração; e fase nº2, uma piração máxima. de consumo aumentada em 15%,
vez aumentada a respiração, as isto está bem abaixo dos valores
mudanças de temperatura oco- Frequência respiratória: uma de um atleta de alto rendimento
Adaptações cardiovasculares ao exercício rrem a nível arterial e, à medida
em que o exercício aumenta de
vez realizado um treinamento cujo os números variam entre 70
a 90 ml/kg/min.
sistemático, a respiração tende
Na realização de atividades fí- ao organismo satisfazer a ne- Dentro das adaptações pode- intensidade, a musculatura para- a diminuir ligeiramente no es-
sicas, uma série de alterações cessidade de fornecer oxigênio, mos elencar as seguintes: lelamente também aumenta sua tado de repouso, o que reflete Os fatores que influenciam esta
cardiovasculares são produzidas nutrientes, água, energia, etc., temperatura gerando mais calor, uma maior eficiência. condição são: idade, condição
e que, em conjunto, permitem para seu funcionamento normal. o que produz uma descarga de física do indivíduo, hereditarie-
oxigênio a nível da musculatura A ventilação pulmonar, assim dade, tipo de treinamento, raça,
Diminuição da frequência cardíaca em estado Eficiência mecânica na contratilidade que está em atividade. como a frequência respirató- sexo e condições geográficas.
de repouso ventricular ria, é ligeiramente reduzida em
uma situação de repouso.
Aumento do volume sistólico Maior quantidade de sangue venoso que
retorna ao sistema Difusão pulmonar: é a troca ao
Diminuição da pressão arterial em estado de nível alveolar. Aumenta consi-
repouso Aumento do fluxo sanguíneo deravelmente em situação de
exercício.
80 81
Anaeróbico alático (ATP-PC)
Dos sistemas energéticos este é manter os níveis de ATP é limita-
o mais simples, além do ATP exis- da e oscila entre 0 a 15 segundos;
te uma molécula chamada fos- além desses tempos os músculos
focreatina ou PC, este elemen- associados vão depender de ou-
to é altamente energético, sua tros elementos para a formação
função principal é reconstituir o de ATP como é o metabolismo
ATP com o objetivo de manter os glicolítico e aeróbio. Os exemplos
níveis normais de energia para o no futebol podem ser demons-
trabalho. trados no seguinte: um sprint de
20 metros, um duelo, uma ação
Este sistema leva seu processo motora do goleiro/goleira.
metabólico a nível do citoplasma
celular, onde a liberação de ener- EXEMPLOS:
gia permite realizar atividades de Um sprint de 20 metros a alta
alta intensidade e de curta du- intensidade.
ração e em débito de oxigênio Um duelo pela bola a alta
(02), ou seja, nossa capacidade de intensidade.

Na prática!
Exemplo de atividade com
predominância de metabo-
lismo anaeróbio alático.
Sistemas energéticos e sua relação com o exercício Categoria: Sub-17

Para a análise dos sistemas ener- sultado dessa ação, geramos ATP Objetivos da sessão
géticos e sua relação com a ati- devido a processos altamente Dimensão física:
vidade física, temos que definir o complexos denominados meta- Desenvolver capacidade de
conceito de energia, que é a capa- bolismo, que são todas as reações aceleração e potência (sistema
cidade de realizar trabalho. químicas que ocorrem em nível anaeróbio alático).
celular e que geram o movimento
Para sobreviver, todos os seres em suas diferentes formas e in- Parte inicial
vivos do planeta dependem de tensidades. Atividade 2 – 15 min
energia, e por mais mínima que Na prática!
seja esta permite que realizem Do ponto de vista energético, em Dimensões do espaço:
uma atividade celular básica. nosso organismo são produzidos O desenvolvimento dos di- 52 m x 68 m
Como seres humanos, obtemos 2 grandes processos, conhecidos ferentes sistemas de forne- Duração das pausas despois da deslocamento com mudança
energia principalmente dos nu- como metabolismo anaeróbio e cimento de energia é exem- Número de repetições: 6 série: 300 s de direção. Em seguida, os ou-
trientes. aeróbio e, com base nesses dois plificado nas sessões de Serie No1: 1 tros jogadores/jogadoras reali-
sistemas, as células geram ATP treinamento elaboradas para Onze jogadores/jogadoras rea- zam a mesma atividade.
A fisiologia do exercício concentra por meio de três métodos. as categorias Sub-15 (aeró- Duração de repetição: 10s lizarão simultaneamente quatro
seus processos energéticos em bio), Sub-17 (anaeróbio aláti- saltos consecutivos sobre as ba-
co) e Sub-20 (anaeróbio láti- Pausa no tempo de duração rreiras em uma corrida de 6,5m Para a sessão completa, ver o Anexo 2–
uma molécula chamada trifosfa- Anaeróbio Alático ATP-PC
em uma máxima velocidade de Categoria Sub-17.
to de adenosina (ATP), uma forma co). entre repetições: 100 s
de energia química armazenada Anaeróbio Lático Glicolítico
em nossas células proveniente Ver os planejamentos para as sessões
de treinamento - Anexo 2.
de nossa alimentação. Como re- Aeróbio Oxidativo

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Anaeróbico lático (glicolítico) Sistema aeróbio (oxidativo)
O outro método de produção ativado com maior intensidade dois minutos. As demandas des- Este sistema é um processo me- O sistema aeróbio é o principal
de energia consiste na quebra quando a atividade de contração te sistema são elevadas e os ní- tabólico através do qual o orga- método de produção de energia
da molécula de glicose em um muscular aumentar. Antes que a veis de ácido lático aumentados, nismo gera energia na presença durante os testes de resistência
processo denominado glicólise glicose possa gerar energia, ela portanto, o referido ácido limita de oxigênio (02), e é definido como que demandam alto volume e
anaeróbica. deve ser convertida em um com- a ação do cálcio a nível das fibras um sistema aeróbio ou oxidativo. média ou baixa intensidade. Esta
posto chamado glicose 6 fosfato. musculares, impedindo o bom Esta produção de ATP é gerada condição do organismo conside-
A glicose é praticamente 100% funcionamento da contração na organela celular denominada ra alta demanda de oxigênio (02).
dos açúcares circulantes no san- Assim como o sistema lático, muscular. mitocôndria.
gue e a que permanece no sis- esse processo se desenvolve a ní-
tema vem da decomposição dos vel citoplasmático e em débito de Os músculos precisam constan- EXEMPLOS:
carboidratos. Esta é armazena- oxigênio (02), onde a liberação de EXEMPLOS: temente de um suprimento de Corrida livre de 15 minutos em
da a nível hepático com o nome energia permite que sejam rea- Sprint com duração de 1 a 2 energia para produzir contrações baixa intensidade
de glicogênio hepático e a ní- lizadas atividades de curta du- minutos em alta intensidade. musculares por longos períodos, Corrida livre de 10 minutos
vel muscular, como glicogênio ração e alta intensidade, em um Passe de um lateral volante ao contrário dos outros dois sis- com bola em baixa intensidade
muscular. Este composto será teste de sprint que dura de um a em alta intensidade. temas em que a fonte de energia
de ATP é limitada.

Na prática! Na prática!
Exemplo de atividade com Exemplo de atividade
predomínio de Metabolis- com a predominância do
mo anaeróbico lático metabolismo aeróbio
Categoria: Sub-20 Categoria: Sub-15

Objetivos da sessão Objetivos da sessão


Dimensão física: Dimensão física:
Realizar o treinamento Realizar treinamento para des-
Promover o desenvolvimento envolver resistência específica
da potência e da capacidade (80 a 90% de FCM) para golei-
anaeróbia lática (95% a 100% ros/goleiras, alas, zagueiros/
FCM), para goleiros/goleiras, zagueiras e volantes; e resis-
zagueiros/zagueiras, volan- tência de velocidade (95% a
tes; e resistência de velocidade 100% do FCM) para atacantes e
(95% a 100% do FCM) para ata- meio-campistas.
cantes e meio-campistas
Parte inicial
Parte final Duração de repetições e descansos: 60 s/ 180 s Atividade 4 - 15 min - Saída de (gols laterais: 1 ponto - gol central: 2 pontos). Os três zagueiros de-
Atividade 4 - 15 min - 4 (+1) vs. 5 chute ao gol + 5 vs. 3 vem evitar o avanço da equipe adversária e, caso roubem a bola, po-
+ - gol - 4 equipes de 5 jogado- Os atacantes procuram finalizar no gol do adversário. Se os zaguei- dem finalizar no gol oposto (gol marcado: 3 pontos).
res/jogadoras. ros/zagueiras recuperarem a bola, devem passá-la por um dos gols. Dimensões do espaço:
Neste ponto, a equipe que perdeu com a bola terá a adição de mais 35 m x 68 m Em alguns momentos o treinador/treinadora vai permitir que uma
Dimensões do espaço jogadores. O gol marcado no gol principal vale dois pontos e o chute equipe de três jogadores/jogadoras ataque a equipe adversária. As
(35 m x 64 m) dentro da área vale 1 ponto, passando pelos gols laterais vale 1 e no A equipe com o goleiro/goleira equipes são trocadas a cada três minutos.
gol central 2 pontos. Se a bola sai de campo ou o tempo de posse de + 5 deverá, desde o gol, passar
Número de repetições: 3 uma das equipes dura mais de 20 segundos, o treinador/treinadora com a bola dominada por um Para ver a sessão completa, ir ao Anexo – Categoria
oferecerá a posse de bola à equipe adversária. Vence a equipe que de seus jogadores pelos gols
Número de série: 1 obtiver mais pontos em todas as repetições.

Para ver a sessão completa ir ao Anexo - Categoria U20

84 85
Nutrição aplicada ao futebol
Muitos são os fatores que contri- quantidade certa de energia, mento das refeições antes, du-
buem para o sucesso esportivo, com excessos e restrições, é a rante e após os treinos e jogos;
entre eles o talento, a motivação chave para se manter saudável e que forneçam o combustível
e o treinamento. Para conseguir ter um bom desempenho. Se co- adequado para um desempenho
um treinamento eficaz, necessi- mer demais, a gordura corporal ideal e que contribuam para uma
tamos de uma boa alimentação aumenta; se comer muito pouco, melhor recuperação. Como ter-
que nos forneça a energia ne- o desempenho diminui. ceira e última etapa temos a su-
cessária para um alcançar um ex- plementação, que embora possa
celente desempenho físico, que Quando se trata de nutrição ajudar em alguns casos, deve ser
nos dê o combustível necessário esportiva, alguns especialistas consumida de forma regulamen-
antes e durante o exercício, e que falam em uma pirâmide de prio- tada. Não existem suplementos
nos ajude na recuperação depois ridades. A base da pirâmide é nutricionais que cubram uma
de o praticá-lo. fazer uma alimentação balan- alimentação deficiente. De nada
ceada que forneça os nutrientes serviria realizar qualquer estra-
As necessidades de energia va- necessários para mantê-los sau- tégia de nutrição esportiva ou
riam de acordo com as necessi- dáveis e fortes. Um jogador bem de suplementação se a base da
dades específicas de cada joga- alimentado tem um desempenho pirâmide não estiver muito sólida
dor/jogadora, podendo inclusive melhor e adoece menos. Como e o jogador não estiver bem ali-
ser modificadas de acordo com segundo passo, temos estraté- mentado.
a temporada ou situação do jo- gias de nutrição esportiva, que
gador de futebol. Conseguir a consistem em um bom planeja-

Dieta equilibrada: nutrientes essenciais


Suplementos Carboidratos
As necessidades de carboidratos em que o treinamento pode ser sejam fornecidas nos dias mais
do jogador/jogadora estão re- bastante leve; e dias de jogos, intensos e evitar o ganho de peso
lacionadas ao gasto energético onde há um alto custo energéti- nos dias menos intensos.
Para estar em ótimas dos treinamentos. A carga dos co, principalmente se o jogador
Nutrição condições de saúde, evitar treinamentos varia de acordo de futebol joga os 90 minutos. A tabela a seguir fornece infor-
desportivo doenças, reduzir as lesões com os ciclos de treinamentos Por esse motivo, recomenda-se mações sobre as quantidades de
por falta de energia e e jogos, podendo até variar de ajustar as quantidades de acordo carboidratos que devemos con-
manter-nos com uma um dia para o outro. Há dias em com o treinamento, para garantir sumir para cada quilograma de
composição corporal que os treinos são intensos; dias que as reservas de combustível peso em um dia.
adequada.
Alimentando Para obter a energia
equilibrado necessária para que cada Carga de treinamento Necessidades de carboidratos
treinamento seja eficaz e (g por kg de peso corporal)
recuperar bem os esforços Leve
Treinamento de baixa intensidade / treinamen-
3 – 5 g/kg
físicos que a prática esporti- tos táticos / dias de descanso
va implica. Treinamento de moderada intensidade (ao redor
Moderado 5 – 7 g/kg
Para alcançar nosso rendi- de 1 hora diária)
mento máximo nas partidas. Treinamento de alta intensidade
Intenso (1 a 3 horas diárias de exercícios moderados a 6 – 10 g/kg
intensos ou no dia anterior ao jogo)

86 87
Proteínas
As proteínas dos alimentos são de hormônios e enzimas que re- Recomenda-se que os jogadores
constituídas por aminoácidos gulam o metabolismo, apoiam concentrem sua atenção na in-
que constituem a maioria dos ór- o sistema imunológico e outras gestão necessária de alimentos
gãos e músculos. Eles desempen- funções corporais importantes. ricos em proteínas de alta qua-
ham um papel fundamental no Por isso, são fundamentais na lidade, consumidos em horários
crescimento e reparo dos tecidos alimentação e de extrema impor- apropriados, como após os trei-
do corpo. Também fazem parte tância para o esporte. namentos, e os distribuam ao
longo do dia.

Recomendações para promover a síntese proteica ideal no período de recuperação e adaptação de


cada treinamento:

Consumir alimentos proteicos de alta qualidade dentro dos 30 minutos a 2 horas após completar
o exercício para obter uma melhor recuperação e síntese de proteínas musculares. As proteínas de
origem animal são de melhor qualidade (laticínios, carnes, ovos, etc.).

A quantidade de proteína necessária para maximizar essa resposta ao exercício é em torno de 20-25 g.

Recomenda-se o consumo de proteínas de rápida digestão, como a proteína do soro de leite, que
pode ser facilmente encontrada nos laticínios do dia a dia.

A síntese proteica muscular ainda é estimulada 24 horas após o treino, por isso é recomendável
distribuir o consumo total de proteínas ao longo do dia e não consumir em uma única refeição.

Alimentos que contêm cerca de 30 g de carboidratos É importante lembrar que se maiores quantidades de proteínas são consumidas, elas são simples-
mente queimadas como combustível, e não são utilizadas para restaurar ou gerar novos tecidos.
1 xícara de macarrão cozido 3 colheres de sopa de mel 1 e 1/2 barra de cereais
2/3 xícaras de arroz cozido ou 3 colheres de açúcar ou 3 4 colheres de chá de passas Não há muitas razões que justifiquem o uso de suplementos proteicos caros em pó ou de aminoá-
1 batata ou batata doce média colheres de sopa de doces ou 1 fatia de bolo de aveia cidos. As refeições diárias são provavelmente iguais ou mais eficazes.
2 fatias de pão de sanduíche geleia com mel (60 a 80 g
ou 1 pão tipo Baguete pequeno 30 g de doce de batata ou aproximadamente) ou
4 colheres de sopa de aveia marmelo ou doce de goiaba 2 biscoitos doces de aveia
¾ xícara de cereais 1 banana grande ou 1 maçã ou 1 1 bebida isotônica Alimentos que contêm cerca de 10 g de proteínas
pêra ou 1 xícara de uvas 300 ml de suco de laranja 50 g de peito de frango 250 a 300 g de iogurte / 150 a 150 g de leguminosas ou
natural 50 g de carne magra 200 g de iogurte grego lentilhas
50 g de peixe 2 fatias de queijo ou 50 g 200 g de feijão
Exemplos de uma dieta rica em carboidratos para um jogador/jogadora de 75 kg
2 ovos ou 3 claras 3 colheres de sopa de leite em pó 60 g de frutos secos ou
Objetivo: 8 gramas de carboidratos por kg de peso corporal (75 x 8 = 600 g de carboidratos)
300 ml de leite 400 ml de leite de soja sementes
1 xícara de café com leite + 3 fatias de pão com geleia + 1 copo de suco de laranja
Desjejum
natural
Shake com 1 xícara de leite, 2 bananas, 4 colheres de sopa de aveia instantânea e 2
Colação da manhã
colheres de sopa de mel
Uma porção de frango + ½ prato bem cheio de macarrão.
Almoço
1 copo de suco de fruta natural.
Lanche 1 xícara de iogurte com 6 colheres de sopa de granola + 1 fruta

Colação da tarde 1 caixa de leite achocolatado (200 ml) + 1 barra de cereal


½ prato de leguminosas (feijão ou lentilha) + ½ prato bem cheio com arroz branco.
Jantar
1 copo de suco de fruta natural.
Durante os
1 bebida isotônica + 1 banana
treinamentos

88 89
Vitaminas e minerais Exemplo 1:
Se a partida for jogada à tarde,
Exemplo 2:
Se a partida for jogada de manhã,
às 17h, a refeição principal pode- às 8h, a refeição principal poderá
As vitaminas e A necessidade de ingestão de vi- ma forma, algumas vitaminas e rá começar na hora do almoço, às ser o café da manhã, às 6h (2 ho-
os minerais são taminas e minerais é maior nos minerais têm função antioxidan- 13h (4 horas antes, meta de 300 g ras antes, meta de 150 g de car-
atletas. Muitos minerais são per- te, necessária para neutralizar o de carboidratos) boidratos)
essenciais para o bom didos com o suor e devem ser estresse oxidativo causado pelo
funcionamento do repostos diariamente. Da mes- esforço físico. Refeição: Refeição:
organismo e para manter 1 prato bem carregado de massa 1 xícara de iogurte normal
uma boa saúde. (4 xícaras) 1 e ½ xícaras de granola ou aveia
1 fatia grossa de pão 3 colheres de sopa de mel
1 copo de suco de laranja natural 1 banana
Para garantir que o organismo tenha as vitaminas e minerais de que necessita: 1 porção de doce (50 g) de batata 1 copo de suco de laranja natural
ou mamão goiaba
Consuma vegetais de variadas cores. 60 a 30 minutos antes
Umas horas antes: 1 bebida isotônica
Consuma pelo menos 3 porções de frutas e/o verduras por dia. 1 banana com 3 colheres de sopa
de mel
Opte por saladas coloridas e variadas para garantir o consumo de mais nutrientes. Cada cor fornece
diferentes nutrientes que completam uma dieta balanceada. 60 a 30 minutos antes
1 bebida isotônica
Fontes de:
2. Durante o treinamento ou jogo
Flavonas e Luteína (potente
flavonoides Se o treinamento for extenso ou mindo o mesmo para evitar que- Exemplo:
antioxidante), Vitamina C,
(antioxidantes, cálcio, magnésio, magnésio, ácido
Betacaroteno Vitamina C
Antioxidantes e se forem disputados 90 minutos da no rendimento. O consumo de 1 bebida isotônica
antimicrobianos e (vitamina A) e e licopeno de uma partida, recomenda-se o
ácido fólico, fólico e potássio
(antioxidante)
fitoquímicos 30 a 60 gramas de carboidratos é 1 banana
anti-inflamatórios) vitamina K e C Vitamina C
e potássio
consumo de uma pequena quan- recomendado no intervalo ou na 1 envelope de mel (30 g)
tidade de carboidratos para repor hora do início do exercício.
o combustível e seguir consu-

Folhas verdes
Pêra, (alface, espinafre, Melão, manga, Tangerina, Morango, maça, Uva, cebola roxa,
couve-flor, acelga, etc.),
batata, banana aipo, brócolis,
banana, milho, laranja, abóbora, pimentas ameixa, amora, 3. Comida posterior ao treinamento ou competição
pimentão cenoura vermelhas, berinjela
e cebola maçã verde, kiwi, amarelo tomate,
limão melancia É importante ingerir alimentos tos a 2 horas após o término do Recomenda-se ingerir 1 a 1,2 gra-
ricos em carboidratos e proteí- exercício. É importante lembrar mas de carboidratos por kg de
nas para reabastecer o organis- que o jogador/jogadora deve peso e 20 a 30 gramas de proteí-
mo do desgaste produzido pelo adaptar esse alimento conforme nas de boa qualidade.
Estratégias de nutrição esportiva: alimentação para os exercício. É conveniente aprovei- a situação, já que pode ser con-
tar a janela fisiológica e consumir sumido no vestiário, em casa ou
treinamentos e jogos alimentos dentro dos 30 minu- em algum restaurante.

1. Comida prévia Exemplo de um jogador/jogado-


ra de 75 kg Ideias de comidas pós-treinamento (para um jogador/jogadora de 75 kg)
A refeição anterior aos treina- for pela manhã, a refeição anterior
mentos e às competições deve 4 HORA S 300 G Alimentos que contêm cerca de 75 g de carboidratos + 20 g de proteínas:
importante será o café da manhã; antes de carbohidratos 500 ml de leite achocolatado + 1 barra de cereal
ter como foco o fornecimento se for no início da tarde, a refeição
1 iogurte grande + 2 bananas + 1 xícara de cereal ou de aveia ou de granola
de carboidratos, pois eles consti- será o almoço; e se for tarde/noi- 3 HORA S 225 G 1 sanduíche de presunto e queijo ou de frango ou de atum ou de ovo + 1 copo de suco de laranja natural
tuem a principal fonte de energia te, a refeição importante será um antes de carbohidratos
Shake de 300 ml de leite desnatado, 3 colheres de sopa de leite desnatado em pó, 1 banana, 4 colheres de
do organismo. lanche.
2 HORA S 150 G sopa de aveia instantânea e 3 colheres de mel
A refeição anterior ao treinamen- antes de carbohidratos
Se recomenda o consumo de 1-4
* Para quantidades precisas podem ser observadas as tabelas de alimentos com carboidratos e proteínas
to ou à competição deve ser pla- g de carboidratos, 1 a 4 horas an-
1 HORA 75 G propostas anteriormente.
nejada de acordo com o crono- tes do treinamento. antes de carbohidratos
grama de treinamento. Se o jogo

90 91
Hidratação Algumas estratégias são:
Beber 1.2 a 1.5 litros de agua por cada kg perdido para compensar e restaurar completamente as
Quando, quanto e o que beber perdas de líquido.
A hidratação é essencial para al- Hidratação prévia
As estratégias de hidratação são Para saber quanto perdeu:
cançar um ótimo rendimento es- O ideal é que o jogador/jogado-
específicas para cada jogador/jo- Verifique seu peso antes e depois dos treinamentos e/ou competições (roupas leves e secas).
portivo, uma vez que não existe ra esteja bem hidratado ao longo
gadora, alguns podem achar uma Anote o volume em litros de líquido que você ingere durante o exercício.
uma estratégia nutricional que do dia, principalmente se houver
estratégia melhor e outros, uma Perda de suor = Peso corporal antes do exercício (quilos) - peso corporal após o exercício (quilos) +
neutralize os efeitos negativos mais de um treino durante na-
diferente. Por isso, o ideal é seguir líquidos ingeridos durante o exercício (litros).
da desidratação. quele dia ou nos dias próximos
uma estratégia nos treinamentos Para converter a perda de suor por hora, faça a divisão pela duração do exercício em minutos e
da competição. No dia dá com-
e depois aplicar a mesma estraté- multiplique por 60.
Assim como planejamos treina- petição, principalmente se for
mento e a alimentação, devemos gia nas partidas. disputado à tarde, é conveniente
Se não tiver balança: beba 0,5 a 1 litro de água e/ou bebida isotônica imediatamente ao finalizar o
também planejar a hidratação. É distribuir o consumo de líquidos
Os momentos de hidratação exercício. Depois, ir bebendo mais 0,5 a 1 litro.
importante lembrar que não de- durante o dia e iniciar a hidra-
vemos esperar ter sede para be- também podem ser aproveita- tação pela manhã e não esperar
dos para tomar bebidas à base de É importante limitar a perda de peso a menos de 2% do peso corporal, ou seja, uma pessoa com 75 kg
ber, pois uma vez que sentimos até o último minuto para beber.
carboidratos, pois assim estare- não deve perder mais que 1,5 kg em seu treinamento ou partida.
sede, significa que já estamos
desidratados. mos aplicando duas estratégias Os aquecimentos podem ser
em uma: carga de carboidratos e Não beba mais do que o que perde com o suor porque o fará aumentar de peso e poderá carregar
aproveitados para a hidratação
hidratação. quilos demais durante o exercício.
antes das partidas, bebendo en-
tre 500 ml a 1 litro, que podem
Também é importante lembrar que em climas quentes a necessidade de beber líquidos aumenta, por isso é
ser reforçados com alguns goles
aconselhável fazer mais pausas para a hidratação durante os treinamentos. Durante as competições, todas
imediatamente antes de entrar
as oportunidades de beber quantidades adequadas de líquidos devem ser aproveitadas.
em campo.

Durante o treinamento ou no
meio das partidas Conhece seu estado de hidratação
Conocé tu estado de hidratación
Durante os treinamentos, o ideal De que cor é sua urina? ¿De qué color es tu orina?
é que o treinador/treinadora or-
ganize as pausas para a hidra-
tação dos jogadores/jogadoras,
principalmente em dias muito
quentes onde há aumento da
Hidratado Levemente Desidratado Muito Severamente Extremamente
perda de líquidos. desidratado desidratado desidratado desidratado

Em dias de competição, a pausa


de meio tempo pode ser apro- Bebida hidratante caseira
veitada para repor as perdas de
Ingredientes:
líquidos e entrar em campo rei-
dratado para o segundo tempo. Na prática!
Reidratação posterior ao Os momentos de hidratação
com carboidratos devem ser
exercício
cuidadosamente planejados
Es importante repor as perdas de
com as sessões, como pode
líquidos para conseguir una recu-
ser visto nos planejamentos
peração ideal.
3 colheres de 1/2 colher de 200 ml de 800 ml de de sessões de treinamento
sopa de açúcar chá de sal suco puro de água potável para Sub-15, Sub-17 e Sub-20,
A recuperação após o exercício
encont r a-
faz parte da preparação para a ou mel ou 1 colher laranja, limão
dos no final
próxima sessão de exercícios, e a de chá de ou toranja
do manual.
reidratação deve ser considerada bicarbonato espremido
como uma parte importante da de sódio
estratégia.

92 93
La alimentação fora de casa e viagens Considerações especiais para as viagens
É comum que jogadores/jogadoras viajem com frequência devido
Em muitos casos, os jogadores/jogadoras treinam longe de suas casas aos torneios fora da cidade ou países de origem. Essas viagens cos-
e passam muito tempo viajando de ônibus e comendo fora. Isso pode tumam ser curtas, mas muitas vezes são muito frequentes e po-
representar uma série de desafios que devemos levar em consideração dem representar uma série de transformações, como mudanças na
para planejar a alimentação e poder atender a demanda energética do rotina habitual, mudanças climáticas, descompensações horárias e
jogador de futebol. exposição a novos alimentos.

Situações que podem apresentar-se: Estes são alguns conselhos para comer bem nas viagens:
Viagens longas e exaustivas para chegar ao local de treinamento
Planejar com antecedência as refeições que serão feitas nas viagens:
Condições inadequadas de mobilidade (ônibus sem ar condicionado, entrar em contato com o hotel ou anfitrião para saber quais alimen-
longa espera para pegar o ônibus, necessidade de mais de um ônibus tos estão disponíveis e prepare um cardápio com antecedência.
para chegar ao local)
Prestar atenção à higiene alimentar e descobrir se é seguro beber
Horários de saídas inadequados, de madrugada. água da torneira.

Repouso inadequado devido à necessidade de acordar muito cedo. Consumir alimentos e bebidas durante a viagem para evitar chegar
ao seu destino com falta de suprimentos, cansado e desidratado.
Impossibilidade de tomar café antes de sair de casa.
Evitar provar alimentos novos e desconhecidos na refeição anterior
Hidratação insuficiente durante a viagem. à partida.

Dificuldade em transportar os alimentos. Consumir as quantidades dos alimentos que costuma comer em
casa, não exceder nas porções.
Pouca verba para comprar comida.
Pequenos detalhes, como uma ideal quantidade de refeições antes dos
Pouco acesso a alimentos nutritivos. jogos, podem fazer a diferença entre definir o último gol ou chegar ao
adversário para defender a bola.
Riscos de intoxicação pelo consumo de alimentos onde não há con-
trole das práticas de higiene.

Embora muitas dessas situações sejam inevitáveis,


Na prática!
podemos minimizá-las com algumas ideias e estratégias de
planejamento:
Categoria Sub-20 – Clínica de Culinária.
Realização por/pela nutricionista e cozinheiro/cozinheira do clube de
Destinar um tempo para planejar as refeições que precisaremos
uma Clínica Culinária para os jogadores/jogadoras da categoria Sub-
fazer fora de casa de acordo com os horários de treinamentos e jo-
20 e as pessoas que convivem com elas, para a elaboração de uma re-
gos da semana.
feição rica em carboidratos a ser feita posteriormente de uma sessão
de treinamento* que necessita de reposição deste macronutriente.
Compre no supermercado alimentos embalados que facilitem seu
transporte. Além de frutas e bebidas (sucos, isotônicos, leite acho-
Justificativa:
colatado) em embalagens transportáveis.
Muitos jogadores de futebol já vivem sozinhos ou estão perto de
fazê-lo, desta forma, torna-se imprescindível que tenham subsí-
Investir em bons recipientes para transportar a hidratação e a comida.
dios para o preparo de uma alimentação compatível com a sua
atividade profissional.
Planejar e comprar alimentos com antecedência para evitar comer
em lugares desconhecidos e minimizar os riscos de comer alimentos A Clínica Culinária é uma atividade curricular (ver
que não sejam muito nutritivos, processados com higiene precária capítulo V) que pode ser planejada com o objeti-
ou caros. vo de promover uma formação integral dos joga-
dores/jogadoras.
Se o treino for de manhã muito cedo, jante bem na noite anterior
para evitar que falte muito abastecimento na manhã. *Ver planejamento de treinamento desenvolvido para a Ca-
tegoria Sub-20 - Anexo, que necessita de uma dieta rica em
carboidratos para repor os estoques de glicogênio muscular
Preparar e embalar café da manhã e hidratação no dia anterior para e hepático.
consumir durante a viagem no ônibus a caminho do treinamento.
94 95
A psicologia do esporte aplicada ao O psicólogo/psicóloga esportivo auxilia nos aspectos das diferentes
variáveis dos jogadores de futebol e demais agentes do esporte, o
futebol que pode ser útil para melhorar o desempenho esportivo, a saber:

O psicólogo/psicóloga especiali- paradores físicos/preparadoras ga esportivo que se preze, nunca Motivação: Concentração: espera dele e o que ele espera
zado no esporte deve ter capaci- físicas e outros, não são “loucos”, deve perder de vista o aspecto A motivação é um processo dinâ- Capacidade que o jogador de fu- de si mesmo. Mas também exis-
dade para atender a demanda e a doentes ou algo parecido. No humano. O atleta, além do espor- mico que convida à ação e mo- tebol tem para manter-se aten- tem pressões externas (público,
necessidade do atleta; o material nosso campo de atuação, os at- te que pratica, é antes de tudo biliza à vontade. Quando nos re- to durante a competição. Para imprensa, treinador, família, re-
que o psicólogo/psicóloga espor- letas podem estar passando por um ser humano e seu bem-estar ferimos à motivação, falamos de melhorar a concentração, é ne- presentante, etc.). O psicólogo/
tivo utilizará para essa demanda uma queda no seu rendimento é a maior meta de todo psicólo- objetivos de curto, médio e longo cessário trabalhar aqueles pen- psicóloga esportivo fornecerá fe-
é mais vasto e abrangente que o ou querendo potenciá-lo e, por go/psicóloga esportivo que vai prazo; de objetivos e sonhos. Os samentos que aparecem e pouco rramentas para controlá-los.
do psicanalista, ou seja, abrange isso, este trabalho se torna rele- ajudá-lo a se sentir bem primeiro desafios desta variável estão no têm a ver com a atividade a ser
mais coisas, como testes psico- vante. para, depois, dar sua melhor ver- polo oposto ao estresse. desenvolvida, que produzem dis- Coesão grupal:
métricos e projetivos, além de são. trações, perdendo assim o “foco Este é um fator chave nos espor-
receber contribuições de outras Enquanto o psicanalista deve da atenção”. tes de equipe, embora nos es-
teorias psicológicas que serão promover o aparecimento do su- A psicologia esportiva parte e se Confiança: portes de prática individual tam-
muito úteis no atendimento ao jeito inconsciente (por isso fra- sustenta numa orientação POSI- Esta é uma aptidão psicológica Controle das pressões, medos bém afete pela coesão do grupo
jogador de futebol. O psicólogo/ cassa no futebol), o psicólogo/ TIVA, com o objetivo principal de determinante, e é muito mais no e ansiedade: de trabalho. A coesão é um fator
psicóloga esportivo atende pes- psicóloga especializado no es- ajudar a otimizar aptidões e com- próprio momento de competição. Estes podem ser internos e ex- dinâmico, varia aumentando ou
soas “normais” em uma situação porte cumpre uma função mais petências que tornarão mais efi- A falta de confiança traz consigo ternos. Sabe-se que existem diminuindo à medida que a com-
de tarefa e de mudança, com o ativa, tendo que conversar com cazes as funções. medos e temores que afetarão jogadores de futebol que não petição se desenvolve. Um grupo,
objetivo de que o jogador de fu- os jogadores de futebol, como notavelmente o rendimento, po- aguentam as próprias pressões, para se transformar em equipe,
tebol alcance um melhor desem- função pedagógica sobre o atle- O eixo teórico da intervenção do dendo até causar lesões devido o que, na maioria das vezes, oco- precisa inevitavelmente de um
penho que produza uma redução ta, ser agente de saúde e procu- psicólogo/psicóloga esportivo é ao mau desempenho do gesto rre devido ao alto nível de au- alto grau de coesão. Cabe ao psi-
da pressão, medos e ansiedade rar a prevenção com ferramen- cognitivo-comportamental. Ve- técnico necessário ao esporte. A toexigência, o que levará a um cólogo/psicóloga esportivo pro-
que seu esporte e a competição tas. jamos exemplos concretos no fu- partir daqui sai a flechinha da to- aumento do medo de estar erra- mover o desenvolvimento desse
provocam. tebol. mada de decisões e resposta ao do, de não ter um desempenho fator, atuando como um facilita-
A psicologia do esporte tenta erro (resiliência). bom ou suficiente para o que se dor da comunicação entre os at-
Podemos dizer que o psicólogo “humanizar” um pouco o futebol, letas, entre o treinador/treinado-
esportivo se situa no plano da entendendo que os jogadores Existem duas per- ra e os jogadores/jogadoras, além
saúde mental, isso porque os at- não são máquinas, sofrem e se guntas fundamentais de incentivá-los a falarem entre si.
letas ou atores do esporte, como angustiam como qualquer outra E para superar os conflitos inevi-
para a psicologia do
os treinadores/treinadoras, pre- pessoa; todo psicólogo/psicólo- táveis que vão acontecer na con-
esporte no futebol: vivência diária.
Motivação Coesão grupal Concentração
quem aparece nos
momentos difíceis e
sempre pede a bola O psicólogo esportivo
sem se esconder? O fornece ferramentas
que acontece com o psicológicas aos
jogador de futebol treinadores/treinadoras
Objetivos
quando ele comete e futebolistas para
um erro? Sai rápido otimizar o desempenho
ou cai? no aspecto mental, nas
variáveis descritas nesta
tabela, que são 25% do
Confiança Controle de rendimento total do
Pressões atleta.
Medo
Roffé (1999)

96 97
Referencial
Como atua um psicólogo/psicóloga esportivo em uma
comissão técnica interdisciplinar no futebol amador de
um clube (14 a 20 anos):
A psicologia esportiva torna-se vital para a correto formação e prepa-
ração esportiva, principalmente nas fases de desenvolvimento, onde
se consolidam tanto o perfil futebolístico quanto a personalidade do
jogador sul-americano. A incidência de trabalho mental neste estágio
formativo é decisiva.

Organização Configuração Institucional


Com base no exposto, o trabalho será organizado Suporte, treinamento e contenção ao jogador/
com base em três aspectos diferentes a aborda- jogadora e à equipe.
gem, mas complementares: Oficinas de fortalecimento mental.
Apoio e treinamento para a comissão técnica das
Aspectos da Medicina do Esporte: categorias de base.
Estão relacionados a preparação para a compe- Interdisciplina com o Departamento Médico.
tição no desenvolvimento de habilidades. Assessoria aos dirigentes comprometidos com o
projeto.
Aspectos preventivos: Atendimento socioafetivo de jovens da pensão
Estão relacionados com a formação integral do (casa do jogador de futebol).
futebolista. Relacionamento com a família do jogador/joga-
dora, se necessário.
Aspectos de contenção individual e social: Apoio a jovens que se aproximam do plantel pro-
Estão relacionados ao apoio psicológico individual fissional.
em situações críticas (futebol ou não).
Na prática!
Categoria Sub-17 – Encontro com os responsáveis:
Método de trabalho Cobertura semanal La profissão de futebolista.
Planejamento estratégico e operacional. 4 vezes por semana: para as categorias menores
Reuniões com o corpo técnico e médico. (7ª, 8ª e 9ª) e para as maiores (4ª, 5ª e 6ª).
Avaliação individual e em grupo dos jogadores e Atendimento nas partidas em casa.
jogadoras seguindo métodos diversos e diferen- Disponibilidade para eventualidades tanto de di- Realizada pelo treinador/treinadora e pelos profissionais das áreas de apoio à formação de jogado-
ciados com instrumentos atuais e válidos para visões de formação como da pensão (vale a pena res de futebol de alto rendimento (psicologia, pedagogia, gestão, etc.) do clube com os jogadores e
responder às necessidades de cada caso particu- esclarecer que os da pensão são os mais vulnerá- jogadores da categoria Sub-17 e seus responsáveis, tem como objetivo apresentar os características,
lar. veis no âmbito afetivo e onde os psicólogos/psi- desafios e responsabilidades dos futebolistas profissionais e de seu círculo de relacionamento, assim
Treinamento de habilidades e atitudes. cólogas devem estar mais próximos, especialmen- como estreitar e desenvolver a comunicação* pessoal e profissional.
Monitoramento individual. te na questão da migração).
Pesquisas psico-socio-esportivas. Justificativa:
Sessões de trabalho em grupo. É o momento em que os jogadores de futebol iniciam as discussões sobre o contrato profissional
Observação sistematizada da competência. que gera dificuldades de comunicação que podem afetar o desempenho esportivo.
Pesquisas.
Relatórios verbais periódicos para o corpo técnico O encontro com os responsáveis é uma atividade curricular (ver capítulo V) que pode ser planejada
e o Departamento Médico. com o objetivo de promover as relações do clube/equipe com a comunidade, bem como promover a
formação integral dos jogadores/jogadoras.
Oficinas para os pais sobre temas como planejamen-
to familiar e sexualidade, como fazer declarações na * Ver planejamento de sessão de treinamento para Categoria Sub-17 - Anexo, que também contém como objetivo atitudinal o
mídia, bullying e assédio, redes sociais, xadrez, im- desenvolvimento da capacidade de comunicação.
portância dos estudos (aposentadoria), etc.
98 99
Resenha de avaliação
Nesta seção sobre a avaliação, deixaremos comentários que
orientarão a ação avaliadora. É importante garantir critérios e
conceitos, antes de falar em instrumentos, já que hoje, com o auxílio
da tecnologia, existem vários instrumentos e muito acessíveis para
avaliar, por exemplo, desde o celular até os mais modernos sensores.

Tendo esses conceitos claros, po- A avaliação constante nos per- futebol; como exemplo podemos
derão ser capazes de encontrar mite adaptar nosso trabalho à estar avaliando a condução da
os mecanismos e sistemas tec- realidade do campo. A avaliação bola e fazemos o jovem percorrer
nológicos que nos ajudam a en- permite um equilíbrio entre o que um campo com uma bola em lin-
tendê-los e desenvolvê-los: planejo e o que realizo. Desta for- ha reta, um exercício descontex-
ma, há um feedback permanente tualizado, já que essa situação
A avaliação faz parte do processo entre realidade e planejamento provavelmente nunca será oco-
de aprendizagem, não é uma eta- graças à avaliação. rrerá assim no campo de jogo.
pa especial fora das atividades
cotidianas. Nos estágios iniciais A avaliação, portanto, não é um A avaliação não requer instru-
do futebol, a avaliação é um ele- julgamento do futebolista, mas mentos fora do futebol. A ava-
mento que nos ajuda a olhar em uma foto em cada momento do liação faz parte das atividades
duas direções: seu processo, e para o treinador/ diárias e não existe um “momen-
Para recordar Para distinguir o processo
treinadora um guia, um GPS do
seu processo, já que nos indica
to” especial para avaliar, o melhor
momento é o jogo. É esta dinâ-
dos atletas em virtude dos onde estamos. mica do jogo, onde tudo o que se
No futebol, consideramos a mente do futebolista 25% do seu desempenho. Talvez em finais e em re- nossos objetivos aprende é colocado em prática,
presentação do país (seleção nacional), a percentagem aumente, visto que cresce a pressão do entor- Pelo que foi dito, a avaliação não não só as competências técnicas,
no, que muitas vezes não pode ser controlado sem incorporar ferramentas psicológicas que podemos Para nossa tarefa, para saber pode estar fora de contexto, tem mas a pessoa como um todo, que
proporcionar como: o autodiálogo positivo que a gestão da vozinha negativa que diminui a confiança, o o que modificar no nosso pla- que ter os elementos próprios do é o cenário por excelência para a
manejo dos medos mais comuns como falhar, perder, arriscar, machucar-se e não poder dar tudo de si; nejamento, ou seja, em que que quero avaliar. Muitas vezes avaliação.
técnicas antiestresse, como respiração, relaxamento (relacionado à ioga) e visualização (técnica cogni- vamos insistir e como vamos avaliamos fora do contexto e em
tiva para ver com os olhos da mente), a observação de comportamentos em competição para melhorar fazer. situações improváveis dentro do
a tomada de decisões, a construção de resiliência que, somada à paixão, constitui uma variável funda-
mental e hoje essencial para qualquer jogador de futebol que deseja se profissionalizar.

Outro ponto importante que podemos levantar é como as inteligências jogam no futebol (são doze
tipos, mas apenas três se aplicam) de acordo com as posições e a disposição tática, pois é bom saber
que as condições táticas condicionam as psicológicas.
Avaliação
O olhar avaliativo deve incluir A avaliação nos permite distinguir cia, dos nossos erros, reforçando
Sem esquecer que, como disse Johan Cruyff: “O futebol começa na cabeça e termina nos pés”; para todos os aspectos, não apenas habilidades e fraquezas. Temos situações de medo, de tal forma
compreender, aprender e assimilar uma missão tática, faz falta uma cabeça e a cognição; para dar or- o físico-motores. Os afetivos, os que trabalhar as duas possibilida- que o jovem não tinha condições
dem ao corpo para agir, faz falta a cabeça; e para evitar cãibras, mesmo estando bem treinado fisica- valores, os princípios com que os des sem distinção ou preferência, de avançar e mostrar o seu talen-
mente, faz falta estar forte da cabeça, pois corpo e mente caminham juntos. meninos, as meninas e os jovens muitas vezes as deficiências são to.
jogam. melhoradas a partir do fortaleci-
A cabeça é mais importante do que muitos pensam e a mente é treinada, como deixamos claro, e não mento do que se sabe fazer (con- A partir da potencialização das
por causa de questões pessoais (que muitas vezes precisam ser resolvidas se entrarem em campo), mas Nesta fase infanto-juvenil, a ava- fiança) e não da insistência no suas habilidades e pontos fortes,
para otimizar o desempenho. O lema da psicologia esportiva é “ sempre se pode melhorar”. E quando liação é uma informação para a que não sai bem. temos mais chances de sair do
o técnico (25%), o tático (25%) e o físico (25%) são equiparados em uma competição, o que pende para melhoria e nunca um elemento erro. Portanto, a avaliação deve
um lado ou para o outro dentro de uma causalidade múltipla que é o resultado é: a preparação e resis- de julgamento e desqualificação Durante muitos anos, o esforço ser colocada no centro do jogo,
tência mental. E é por causa de sua cabeça e de sua personalidade (além de seus outros talentos) que o do jogador de futebol. pedagógico focou na sinalização como um olhar abrangente sobre
futebolista sul-americano emigra profissionalmente para o exterior e deixa sua marca no mundo como e lembrança, até com veemên- o jovem que pratica futebol.
vemos todos os dias.

100 101
Capítulo 4 Nossa metodologia
Modelo tradicional Desenvolvimento neuromotor aplicado ao futebol
Particularidades do desenvolvimento neuromotor
de Periodização A idade e os aspectos individuais do desenvolvimento neuromotor
Desenvolvimento, crescimento e maturação
Teoria e metodologia Contribuição para as ciências Fases do desenvolvimento neuromotor
do treinamento esportivo do esporte no futebol Exigências motoras e treinabilidade
individual sul-americano
Adaptado para a Aprendizagem motora
Técnicas de preparação América do Sul
de jogadores e jogadoras
Fisiologia do exercício aplicado ao futebol
Treinamento
Periodização Estruturado Estruturas:
Sistema cardiovascular e exercício Funções do sistema muscular
Tática Bioenergética
Sistematização do Condicional
treinamento Cognitiva Sistema muscular e exercício
Desenvolvimento de uma
forma específica de jogo de equipe Socioafetiva Sistema respiratório e exercício
Emotiva-volitiva
Expressivo-criativa Redistribuição do fluxo
A partir de um modelo Mental sanguíneo durante o exercício
de jogo Adaptações respiratórias
al ejercicio
Ventilação pulmonar
Meios e métodos utilizados no
ensino e treinamento do futebol, Frequência cardíaca e exercício
futsal e futebol de areia Ventilação pulmonar
durante o exercício

Consumo máximo de
oxigênio (VO2 Máx) Sistema energético e sua
relação com o exercício
Método parcial Método situacional
(analítico)

Carboidratos
Proteínas
Método Vitaminas e Minerais
de confronto Método Global Hidratação
Métodos demonstrativos
Nutrição aplicada Psicologia do esporte
Método integrado visuais
ao futebol aplicada ao futebol

102 103
5
NOSSO
FUTURO
O currículo acadêmico como
horizonte para a formação
da identidade de jogadores e
jogadoras sul-americanos no
século XXI
A construção do Futebol 2.0 na pratica atualmente, assim como valores e fazer com que todos
América do Sul, com uma ação os futebolistas de hoje que pra- em sua federação conheçam as
criativa realizada em equipe que ticam um futebol que não exis- raízes de nossa árvore genealó-
se caracteriza por um jogo táti- tia há uma década, pois sofreu gica no Futebol Sul-Americano ”.
co, inteligente, ordenado e com modificações nas suas regras, na
a intensidade da paixão sul-ame- dinâmica do jogo, nos métodos A formação de jogadores e joga-
ricana, capaz de emocionar, fas- de preparação, entre outros. doras de alto rendimento é um
cinar e ser admirado por nossos processo longo que dura aproxi-
torcedores, acarreta a formação Soma-se a isso o fato de que madamente 14 ou 15 anos (dos 6
de jogadores e jogadoras que mais além de uma identidade aos 20 anos), começando no fu-
irão atuar em campos, quadras e continental, a formação dos jo- tebol infantil (iniciação esportiva
praias do continente, assim como gadores e jogadoras sul-ameri- - 6 aos 13 anos) e tomando for-
em todos os locais que tenham a canos deve dar espaço também ma no futebol de base (especia-
identidade sul-americana. Esta, à preservação das características lização esportiva - 14 a 20 anos)
por sua vez, é caracterizada pelo históricas, sociais e culturais das e complexo, pois ocorre em uma
talento, criatividade e, principal- Associações Membro, bem como fase da vida humana de constan-
mente, pela paixão (FS = T + CP), dos clubes e das instituições que tes transformações físicas, psí-
que são os elementos que cons- promovem o futebol no con- quicas e sociais dos indivíduos e
tituem a nossa fórmula caracte- tinente, como afirma Reinaldo exige atenção à formação inte-
rística. Rueda, no livro “Estratégias para gral e esportiva dos jovens incor-
as Seleções de Base da CONME- porados ao futebol juvenil e que
Além da preservação de nossa BOL: pretendem chegar ao futebol de
identidade, a formação dos joga- alto rendimento.
dores e jogadoras sul-america- “Cada associação, cada clube,
nos do século XXI, deve se pre- deve ensinar o processo históri- Nesse sentido, é imprescindível
ocupar também com o fato de co de desenvolvimento em seu que as instituições responsáveis
que jovens que se encontram na país. Quando chegarem ao Sub- pelos jovens definam claramente
etapa de especialização esporti- 17, as crianças devem saber quem as diretrizes da formação, sendo
va (futebol juvenil) irão praticar construiu sua história, por que fundamental, nesse processo, a
o futebol de alto rendimento do vestem a camisa nacional, devem presença do currículo como uma
futuro, isto é, os jogadores que se sentir identificados e saber que “ferramenta” pedagógica essen-
hoje têm 14 ou 15 anos vão pra- o que vestem é a bandeira de seu cial para a formação dos jogado-
ticar, como adultos, um futebol país. Como treinadores, também res e jogadoras sul-americanos
que hoje não existe, porque o estamos comprometidos com a do século XXI.
jogo aos 24 ou 25 anos, certa- revisão histórica ao lado dos me-
mente, não será o mesmo que se ninos. Temos que resgatar esses

104 105
Conforme afirma a
UNESCO, o currículo é
um meio para promover
a aprendizagem
de qualidade. Nele
está a descrição das
justificativas, objetivos,
métodos de ensino
pelos quais os alunos,
no nosso caso os
jogadores e jogadoras,
devem aprender de
forma sistemática e
intencional, a fim de
superar definitivamente
o acaso na formação
esportiva.
Referencial
Diante disso, considerando que
o currículo tem o mesmo signifi-

Tópicos para construir o


cado que a constituição para um
país e, assumindo a formação de
jogadores e jogadoras com um
processo educacional semelhan-
te ao da escolarização, o currículo
assume uma importância capital
no desenvolvimento do Futebol
currículo de cada país e
cada clube
2.0 na América do Sul, uma vez
que um currículo apresenta um
conjunto de elementos que se
baseiam nas realidades históri-
cas, sociais, linguísticas, políticas,
econômicas, religiosas, geográfi-
cas e culturais de um país ou de
Legislação nacional e internacional
uma região, que orientam e ma-
Desta forma, para a construção internacional, de forma que joga- dos jogadores e jogadoras este-
terializam as ações de todo um
de um currículo destinado ao fu- dores e jogadoras, os formadores ja de acordo com o contexto es-
sistema educacional com a arti-
tebol de base é necessário, em e formadoras, e as instituições portivo nacional e internacional
culação das ações pedagógicas e
primeiro lugar, que o mesmo tenham seus direitos garantidos. podendo assim tirar partido das
administrativas.
esteja de acordo com a Decla- tendências e boas práticas adop-
ração dos Direitos da Criança e a Nesse mesmo sentido, o currí- tadas pelas melhores instituições
Convenção sobre os Direitos da culo deve estar alinhado às di- a nível mundial, bem como ser ca-
Criança (1989) até os 18 anos, para retrizes propostas pelos órgãos paz de promover uma formação
que os direitos das crianças e reguladores das modalidades a que possibilite a empregabilidade
adolescentes sejam garantidos. É nível mundial (FIFA), continental dos jovens no futebol, no futsal e
também imprescindível respeitar (CONMEBOL), nacional e regional no futebol de areia contemporâ-
a legislação do país, assim como (confederações e federações), de neos.
a legislação esportiva nacional e forma a garantir que a formação

106 107
Critérios de referência Recursos estruturais, financeiros e
Com base no alinhamento da le- tar preparados para participar e
humanos
gislação internacional e nacional desfrutar de competições como
Com a definição dos valores, currículo, pois estes subsidiarão
e das diretrizes propostas (estra- conteúdo de formação, assim
missão, visão e objetivos, as ins- a formação dos jogadores e joga-
tégias, formação de corpo téc- como dos critérios de referência
tituições passam à etapa de ava- doras para o alto rendimento.
nico, entre outras) pelas organi- dos objetivos, nas dimensões do
liação da definição dos recursos
zações esportivas que regulam a rendimento esportivo (histórica,
estruturais (instalações, cam- Ressalta-se que, para as Seleções
modalidade, é fundamental para social e cultural; psicológica, es-
pos, vestiários, etc.), materiais de Base das Associações Membro
a concepção do currículo desti- tratégica, tática e física) de forma
(equipamentos, uniformes, etc.), da CONMEBOL, o Capítulo 9 do
nado à formação dos jogadores que seja possível avaliar o des-
humanos (treinadores/treinado- Regulamento do Programa Evo-
e jogadoras, o conhecimento do empenho dos jogadores e joga-
ras, assistentes técnicos, coor- lução CONMEBOL fornece infor-
sistema de competições das mo- doras no processo de formação
denadores/coordenadoras, etc.) mações para a aplicação dos fun-
dalidades, para que possam es- proposto.
e financeiros (recursos destina- dos do Programa Evolução para o
dos ao pagamento de salários, desenvolvimento de infraestru-
transporte, manutenção, etc.) tura e aquisição de equipamen-
Valores destinados ao futebol de base, tos tecnológicos.
que deverão estar presentes no
Após a realização do estudo e a formação de jogadores e joga-
avaliação do ambiente externo, doras sul-americanos do século
cabe às instituições esportivas 21: comprometimento, esforço,
que promovem a formação de disciplina, responsabilidade, res-
jogadores e jogadoras de alto peito, tolerância à frustração, ter
rendimento definir seus valo- uma vida saudável, saber lidar Cargos e funções
res, seus princípios inegociáveis, com a fama, objetividade, auto-
como, por exemplo, os valores estima e espírito de equipe com Em relação aos cargos e funções, treito diálogo e trabalhem juntos
expostos pela CONMEBOL para os/as colegas, equipe técnica, di- é necessário que o currículo con- para o desenvolvimento do Fute-
rigentes, imprensa e público. temple as notas relativas à for- bol Sul-Americano do século XXI.
mação necessária, competên-
cias (conceituais: saber sobre, Assim como o Regulamento do
procedimentais: saber fazer e Programa Evolução CONMEBOL
Missão, visão e objetivos atitudinais: saber ser), respon- contempla as informações para
Neste sentido, é relevante que anos) que desejam alcançar, tais sabilidades, jornada de trabalho, a utilização dos recursos para o
as instituições esportivas es- como: o número de jogadores e remuneração, critérios de ava- desenvolvimento da infraestru-
tabeleçam nos seus currículos jogadoras que desejam introduzir liação do sistema de promoção e tura e aquisição de equipamen-
a missão (a motivação da insti- na equipe principal por ano e/ou qualificação. Essas medidas são tos tecnológicos, no Capítulo 10,
tuição), a visão de futuro (como o número de jogadores e jogado- essenciais para o recrutamento itens 10.1 e 10.2, indica-se que
a instituição quer ser reconheci- ras titulares da equipe principal e preparação dos profissionais as Seleções de Base das Asso-
da) e, principalmente, os objeti- provenientes do futebol de base, que atuarão no futebol de base, ciações Membro da CONMEBOL
vos curtos (até 1 ano), médio (até entre outros. assim como para promover en- também podem contar com as
3 anos) e longo prazo (mais de 3 tre eles o entendimento do fun- informações para a utilização de
cionamento da instituição e seu fundos para a área de Recursos
papel no processo de formação Humanos e a gestão técnica do
de jogadores e jogadoras de alto Departamento de Seleções de
Formação interdisciplinar rendimento. É imprescindível que Base.
todos os envolvidos no futebol
As instituições esportivas devem soterapia, odontologia, nutrição de base atuem como formado-
determinar as diferentes áreas , biomecânica, fisiologia, etc.), res e formadoras dentro de uma
do conhecimento (formação in- educacional (docentes de apoio), “Abordagem-Ação Interdiscipli-
terdisciplinar) que apoiam a for- psicológica, jurídica, social (assis- nar”, e entendam a necessidade
mação dos jogadores e jogadoras tência social) entre outras; bem das informações adequadas so-
e como elas se relacionam, por como a sua organização funcio- bre os processos e etapas pelos
exemplo: administrativa, finan- nal, com a apresentação do or- quais os jovens em formação irão
ceira, marketing, saúde (medici- ganograma institucional, a des- passar, e também que todos os
na esportiva, fisioterapia, mas- crição dos cargos e funções. profissionais mantenham um es-
108 109
Relacionamento com a comunidade
A aproximação com a comunida- como a colaboração no desenvol- ganização de eventos sociais, o
de também é de vital importân- vimento social da comunidade. desenvolvimento das escolas de
cia para que as instituições pro- futebol, futsal e futebol de areia
movam o relacionamento afetivo Essa aproximação pode ser cons- (iniciação esportiva sistemática)
com a coletividade na qual está truída a partir de uma comu- e promoção da prática esportiva
inserida. Este fato possibilita que nicação institucional contínua, de forma assistemática e ama-
a sociedade compreenda as prá- formal e informal, via redes so- dora, entre outras. Essas ações
ticas realizadas pelas instituições, ciais ou presenciais, assim como, devem fazer parte da grade cu-
no que se refere aos processos por exemplo, por meio de ações rricular, pois também são me-
relacionados à formação de joga- como visitas às escolas munici- canismos de relacionamento do
dores e jogadoras, favorece a con- pais pelos integrantes das equi- futebol de base com as crianças
quista de apoios para obtenção de pes e formadores, ou acolhimen- e suas famílias, que desejarão in-
recursos estruturais, materiais, to de grupos pelas instituições gressar nas equipes de base das
humanos e econômicos, bem esportivas para a visita, a or- instituições.

ALINHAMENTO COM AS DIRETRIZES PARA A FORMAÇÃO DE JOGADORES


/JOGADORAS DE FUTEBOL DE ALTO RENDIMENTO A NÍVEL MUNDIAL,
CONTINENTAL, NACIONAL E REGIONAL
Preservação dos direitos da criança e do adolescente e respeito à legislação, objetivos,
diretrizes, estratégias, formação de corpo técnico, legislação, sistema de competição e
pontos de referência para o rendimento esportivo.
Inovação, tecnologia e desenvolvimento Instituição Esportiva Formação esportiva
Embora na perspectiva de pro- institucional, de forma a estimu- Valores - Missão – Visão do futuro
mover o Futebol 2.0 na América lar as soluções dos desafios pelos Etapa - Fases - Objetivos
Objetivos a curto, médio e longo prazo. Número de jogadores/jogadoras
do Sul e considerando que o pro- próprios integrantes ou em par-
cesso de formação de jogadores ceria com outros segmentos pro-
Recursos estruturais, materiais, humanos Tempo disponível
e jogadoras é uma ação de médio motores da ciência, tecnologia e e financeiros. Perfil dos egressos
e longo prazo, em um cenário de desenvolvimento social, fomen- Áreas de conhecimento de apoio à Conteúdo:
alta competitividade e constan- tando o relacionamento com uni- formação de jogadores/jogadoras de alto Dimensões históricas, sociais, culturais,
tes mudanças, é necessário que versidades, centros de pesquisa, rendimento (administrativo, financeiro, psicológicas, estratégicas, táticas,
as instituições esportivas tam- empresas e poder público, entre marketing, saúde, educacional, jurídico, técnicas e físicas.
bém promovam deliberadamen- outros, como iniciativas funda- entre outros).
te, entre todos os integrantes da mentais para o desenvolvimento Organograma - cargos e funções Esferas conceituais, atitudinais e
instituição, o compromisso com da vanguarda no futebol de base. Apoio à inovação, à tecnologia e ao procedimentais.
a inovação e o desenvolvimento desenvolvimento.
Relacionamento com a comunidade. Métodos e meios de ensino e formação.
Atividades de exemplo.
Educação formal Sistema de competição.
Formação integral
O reconhecimento e a promoção dade), para que os jovens acom- Sistema de avaliação de rendimento
Educação formal – escolarização.
deste ambiente pelas insti- panhem as atividades escolares, esportivo e preparação esportiva.
Educação transversal - questões
tuições esportivas via currículo ajudando-os a superar eventuais
destinado ao futebol de base, lacunas que possam ter e preo-
relacionadas à profissão: doping,
possibilitarão os encaminhamen- cupando-se com a necessidade arbitragem, imprensa, planejamento
tos necessários para a formação de oferecer apoio educacional de carreira e pós-carreira, uso de mídia
integral e esportiva dos jovens complementar aos jovens em digital, transferências, etc.
jogadores e jogadoras, sendo formação, especialmente duran- Orientação para familiares e
imprescindível, para isso, que as te as competições que os deixam intermediários.
instituições estabeleçam o aces- distantes da escola em que estão
so à educação formal (escolari- matriculados. Figura 08 - Adaptado de Thiengo

110 111
Tempo disponível
treinamento, esta categoria terá
13.200 minutos ou 220 horas de
É importante destacar treinamento para desenvolver os
que a construção do conteúdos selecionados.
perfil do graduado
está relacionada aos Além disso, a dimensão do tem-
po disponível permite otimizar a
conteúdos desenvolvidos utilização do tempo disponível.
em cada momento Ainda utilizando o exemplo aci-
da formação e, para a ma mencionado, ao destinar 15%
do tempo das sessões de trei-
definição dos objetivos
namento para atividades prepa-
e conteúdos, é ratórias, ao longo da temporada
necessário dimensionar serão alocadas para este objetivo
o tempo disponível 33 horas. Caso o conteúdo utili-
zado neste momento da sessão
para o treinamento por não corresponda aos objetivos
categoria e ao longo do estabelecidos para a parte prin-
processo de formação. cipal da sessão e consequente-
mente aos objetivos determina-
dos para a categoria, a eficácia
Como por exemplo: uma catego- do currículo pode ser prejudica-
ria que possui cinco sessões de da, pois o tempo disponível para
treinamento de 60 minutos por aproximadamente de um mês de
dia, possui 300 minutos de trei- treinamentos pode estar com-
namento semanal. Consideran- prometido.
do 44 semanas disponíveis para

Educação Transversal Etapas, fases e perfil do graduado Dimensões do rendimento esportivo


Além disso, os temas que devem A partir da formação integral dos (...) um jogador ou jogadora que Com base no que foi observado, de conhecimentos empíricos,
ser contemplados pela instituição, jovens futebolistas, os orçamen- pensa rápido, joga a bola com a formação esportiva dos joga- científicos, pedagógicos e profis-
de forma sistemática, em um pro- tos para a formação esportiva criatividade, que se emociona ao dores e jogadoras inseridos no sionais reconhecidos pelas insti-
grama de educação transversal, são estabelecidos no currículo, encantar a sua equipe e sua tor- futebol, futsal e futebol de areia tuições como essenciais para a
são os temas que vão permear a primeiro no planejamento peda- cida, que é capaz de analisar de juvenil será especificada pelos formação de seus futebolistas e
atuação profissional dos jogado- gógico, que exige que as insti- forma objetiva e humilde suas conteúdos fornecidos nas dife- ser desenvolvidos pelos diferen-
res e jogadoras no futuro, como: tuições definam as etapas, fases vitórias e derrotas na coletiva de rentes dimensões do rendimento tes métodos e meios de ensino e
controle antidoping, relaciona- e objetivos, assim como o perfil imprensa. esportivo como a histórica, social treinamento que, por sua vez, se
mento com a imprensa, planeja- dos graduados, o número de jo- e cultural, psicológica, estratégi- concentram no planejamento di-
mento financeiro e familiar, plane- gadores e jogadoras e o tempo ca, tática, técnica e física. dático do processo de formação
jamento de carreira e pós-carreira disponível para o treinamento de Ele é um atleta capaz (para mais informações sobre os
e transferências, uso de tecnolo- cada categoria e do processo de Esses conteúdos devem ser se- métodos e meios de treinamen-
gias digitais, entre outros. Esses formação.
de jogar em equipe lecionados a partir do conjunto to, consulte o capítulo 4).
temas também devem ser com- e, ao mesmo tempo,
partilhados com os demais inte- Quanto ao perfil do graduado, as desenvolver seus
grantes que compõem o currículo instituições esportivas poderão talentos pessoais em
social dos jovens e são fundamen- definir as características que de-
tais no processo de formação verão ter seus jogadores e joga- campo.
para o alto rendimento, como os doras sul-americanos do século
familiares e intermediários. XXI, da seguinte forma:

112 113
Referencial
Sistema de avaliação da preparação esportiva

Além disso, o sistema de ava- seleções de base da instituição


liação do rendimento esportivo com a equipe principal, além de
adotado como prática curricular subsidiar as alterações neces- Finalmente, desejamos
também deve ser capaz de moni- sárias aos processos, com base que os currículos
torar, controlar e avaliar os con- nos conhecimentos objetivos da contribuam para a
teúdos fornecidos, bem como os realidade das instituições.
métodos e meios utilizados, de
construção do Futebol 2.0
forma a permitir uma reflexão As seleções de base das Asso- na América do Sul como
permanente sobre a eficácia e ciações Membro da CONMEBOL forma de ajudar os jovens
eficiência do modelo de formação em seu desenvolvimento curri- a se tornarem a melhor
proposto, como a promoção de cular também podem acessar o
desenvolvimento e inovação. Es- Programa Evolução para a utili-
versão de si mesmos
sas medidas são essenciais para zação de fundos para o desenvol- como jogadores e
que os formadores possam deci- vimento da interação e relaciona- jogadoras sul-americanos
dir quais jogadores participarão mento com os clubes, promoção
ou não do processo de formação,
do século 21, de forma
de competições, fomento do sis-
subsidiando os sistemas de se- tema de seleção de talentos re- madura, com autoestima
leção de talentos e a promoção lacionamento no projeto integral e capazes de colaborar
de jogadores e jogadoras entre com a seleção principal, através com a sociedade que os
as diferentes categorias, faci- do Regulamento do Programa
litando o relacionamento das
vê como seus ídolos e
Evolução CONMEBOL.
modelos.

Esferas do Sistema de Sistema de avaliação


conhecimento competições do rendimento
Nesse aspecto, independente- O currículo destinado à formação esportivo
mente da dimensão esportiva, o de jogadores e jogadoras de alto
currículo deve possibilitar que os rendimento deverá considerar Mesmo quando se trata de ava-
conteúdos sejam desenvolvidos também o sistema de compe- liar o rendimento esportivo, é
nas esferas conceitual (saber de- tições em que os jovens estarão recomendável que se limite à
finir), procedimental (saber fazer) inseridos ao longo de sua for- atividade competitiva. Desse
e atitudinal (saber ser), para que mação, estabelecendo o núme- modo, o currículo também de-
os jogadores possam desfrutar de ro, o tipo, a duração, o nível de verá explicitar o sistema de ava-
uma formação abrangente, tendo dificuldade (regional, nacional liação do rendimento esportivo
em vista que o futebol, o futsal e o e internacional) e os objetivos com os tipos, frequência, méto-
futebol de areia de alto rendimen- da atividade competitiva. Essas dos e equipamentos utilizados
to são espaços de formação em considerações são necessárias nas avaliações, de forma que seja
que o saber ser ou a esfera atitu- para que as competições sejam capaz de apresentar indicadores
dinal é preponderante para os in- apresentadas como conteúdo, individuais e coletivos, de natu-
divíduos, de forma que estes se- assim como também poderão reza quantitativa e qualitativa
jam preparados para aproveitar a ser utilizadas para a avaliação do sobre rendimento esportivo (nas
vida de forma saudável, saber lidar rendimento esportivo no futebol, suas diferentes dimensões e es-
com a fama, agir com objetivida- futsal e futebol de areia juvenil. feras) dos jogadores e jogadoras,
de, demonstrar autoestima, saber da equipe e do processo de for-
jogar em equipe (com os colegas, mação.Sistema de evaluación de
com a equipe técnica, com os di- la preparación deportiva.
rigentes, com o público e com os
meios de comunicação).

114 115
O que sugerimos agora é que cada clube ou federação
descreva cada um dos tópicos abaixo expostos com base
na sua realidade. É uma folha em branco a ser preenchida
de acordo com o contexto e vocação de cada instituição.
Mãos à obra!

“Uma folha em branco”


Um convite para as confederações,
federações, clubes e demais
instituições esportivas para a
construção de seu currículo destinado
ao futebol, futsal e futebol de areia
juvenil
116 117
Capítulo 5 Nosso futuro
Formação da identidade de jogadores Construção do modelo de
e jogadoras sul-americanos no século XXI
cada país e cada clube
Paixão
Futebol Talento Criatividade Critérios de referência
sul-americano Valores

Missão, visão e objetivos


Legislação nacional
Espaço para a preservação das características das Associações Membro e internacional

Recursos estruturais,
financeiros e humanos

Históricas Sociais Culturais

Formação Cargos e funções


multidisciplinar

6-13 Anos 14-20 Anos Educação Formal


Educação Transversal Dimensões do
Futebol infantil Futebol juvenil
desempenho esportivo
os
os
os

An
An
An

Esferas de conhecimento
20
13
6

Inovações, tecnologia Tempo disponível


Etapas, fases e perfil do formado
e desenvolvimento
Etapas da formação
esportiva
(Duração de 14 a 15 anos)
Sistema de competições
Sistema de avaliação do desempenho esportivo
Sistema de avaliação da preparação esportiva
Relacionamento com
a comunidade

118 119
CATEGORIA SUB-15
Nº de jogadores/jogadoras: 20 a 22
Tempo total da sessão: 70 min Na prática!
Os objetivos apresentados
OBJETIVOS DA SESSÃO referem-se aos conheci-
Procedimental: mentos que os jogadores/
Dimensão estratégica: preparar os jogadores/jogadoras para a saída jogadoras irão aprender ou
da bola no tiro de meta, com a equipe adversária posicionada na 1ª treinar durante a sessão nas
linha defensiva. esferas:

Dimensão tática: ensinar o princípio tático específico da criação da Procedimental ou Saber


linha de passe. Fazer, ou seja, saber execu-
tar em campo.
Dimensão técnica: treinar técnicas de passe (quebra de linhas) e re-
cepção (domínio orientado). Conceitual ou Saber Sobre,
ou seja, saber conceituar/
Dimensão física: desenvolver resistência específica (80% a 90% da explicar.
FCM).
Atitudinal ou Saber Ser, ou
Conceitual: seja, atitudes e valores ne-
Ensinar o que é Frequência Cardíaca (FC) e como monitorá-la durante a cessários para a realização
sessão. da tarefa, da prática do fute-
bol ou do que usarão no dia
Atitudinal/habilidades para a vida: a dia.
Incentivar os jogadores/jogadoras a desenvolverem autonomia e res-
ponsabilidade para as decisões.

Materiais necessários
10 bolas, 6 estacas, 16 pratos de marcação, 14 coletes (3 cores), 2 balizas pequenas e 10 cones.

PARTE INICIAL – 15 MIN


Conversa inicial – 5 min
Explique os objetivos e o funcionamento da sessão.
Combinar as palavras/expressões chave: # linha de passe e # posiciona o corpo.
Ensinar os jogadores/jogadoras a medir a FC na artéria radial do antebraço.
Estimular a autonomia e responsabilidade dos jogadores/jogadoras na organização dos grupos e na reali-
zação das atividades.

Atividade 1 – 2 min

6ANEXOS
“Mamãe da rua”– 4 vs. 3 – sem bola.

Dimensões do espaço: 6,5 m x 40 m


No espaço entre a linha da área de meta e a área
de pênaltis, quatro jogadores/jogadoras de cada
vez devem atravessar a “rua” sem serem tocados
por três jogadores/jogadoras vestindo coletes. Os
jogadores/jogadoras que sejam tocados devem
assumir a posição dos apanhadores/apanhadores.

120 121
Atividade 2 – 2 min
“Mamãe da rua”– 4 vs. 3 – com bola.
PARTE FINAL - 15 MIN
Na prática! Participação voluntária – Quem você gostaria de treinar?
Dimensões do espaço: 6,5 m x 40 m
Organização e funcionamento como na atividade Fase do jogo
anterior. No entanto, quatro jogadores/jogadoras Ofensiva
devem atravessar para a “rua” com a posse da bola.
Os apanhadores/apanhadoras só podem tocar no Local em campo
jogador/jogadora que esteja com a bola. Meio-campo defensivo (setor
defensivo e setor meio-de-
fensivo)

Atividade 3 – 4 min Nível de organização


“Mamãe da rua”– 4 (+1) vs. 3 – com bola. Tática coletiva - participação
da ação de mais de quatro jo-
Dimensões do espaço: 6,5 m x 40 m gadores/jogadoras.
Organização e funcionamento como na atividade
anterior. No entanto, os quatro jogadores/jogado- Intersetorial - participação
ras só podem atravessar para a “rua” depois de pas- de jogadores/jogadoras de Atividade 6 – 12 min
sarem a bola para o jogador posicionado do outro dois setores da equipe (defe- Jogo de precisão dos passes - G + 4 vs. G + 4
lado da “rua”. sa e meio-campista central).
Dimensões do espaço: 35 m x 68 m
As atividades visam o trei- A atividade será proposta sem a obrigatoriedade de participação. Os
namento dos jogadores/jo- participantes serão divididos em duas equipes. A cada dois minutos,
gadoras que têm a posse da dois grupos de P + 4 se confrontam. Os integrantes deverão trocar pas-
PARTE PRINCIPAL – 40 MIN bola a partir do tiro de meta. ses entre os cones até que consigam finalizar nos mini gols com o me-
nor número de toques na bola. A equipe que marcar o maior número
Porém, se for do interesse do
treinador, as atividades pro- de gols com o menor número de toques na bola será a vencedora. Os
Atividade 4 – 15 min postas também podem ter próprios jogadores são responsáveis por organizar as equipes e contro-
Saída do tiro de meta - G + 5 vs. 3 como objetivo o treinamen- lar as regras da atividade.
to da equipe na fase defensi-
Dimensões do espaço: 35 m x 68 m va e nos momentos de tran- Conversa final – 5 min
A equipe com o P + 5 deverá, a partir do tiro de meta, sições. O que foi possível aprender e treinar hoje?
passar a bola dominada por um dos seus jogadores/ Como foi nosso rendimento?
jogadoras através dos gols (gols laterais: 1 ponto - Entre cada atividade (exceto Como podemos fazer para melhorar nosso rendimento?
gol central: 2 pontos). Os três zagueiros devem de- na inicial), se solicitará aos O que você aprendeu hoje que pode levar para “fora do campo”?
verão impedir o avanço da equipe adversária e, caso jogadores/jogadoras que
roubem a bola, poderão finalizar no gol adversário meçam sua FC e terão um in-
(gol marcado: 3 pontos). Às vezes, o treinador per- tervalo de 2 minutos para hi-
mitirá que uma equipe de três jogadores/jogadoras dratação. Após o término da
ataque a equipe adversária. As equipes são trocadas aula, os jogadores/jogadoras
a cada três devem ajudar o treinador/
treinadora a guardar o mate-
rial utilizado.
Atividade 5 – 20 min
Saída do tiro de meta - G + 8 vs. 6

Dimensões do espaço: 52 m + 68 m
Organização e funcionamento como atividade ante-
rior. Porém, será realizada em uma estrutura funcio-
nal de G + 8 vs. 6. A troca das equipes é feita a cada
quatro minutos.

122 123
CATEGORIA SUB-17 Atividade 2 – 15 min

Dimensões do espaço: 52 m x 68 m
Nº de jogadores/jogadoras: 20 a 22 Nº de repetições: 6
Tempo total da sessão: 80 min Na prática! Nº de séries: 1
Os objetivos apresentados Tempo de duração das repetições: 10 s
OBJETIVOS DA SESSÃO referem-se aos conheci- Tempo de duração das pausas entre as repetições:
100 s
Procedimental mentos que os jogadores/
Dimensões estratégica y tática: treinar a marcação por zona na bola jogadoras irão aprender ou Tempo de duração das pausas depois da série: 300 s
aérea defensiva, em cobranças de faltas realizadas nos corredores la- treinar durante a sessão nas
terais. esferas: Onze jogadores/jogadoras realizarão simultanea-
mente quatro saltos consecutivos sobre as barreiras
Dimensão técnica: aperfeiçoar a cabeçada defensiva. Procedimental ou Saber em uma corrida de 6,5m em uma máxima velocida-
Fazer, ou seja, saber execu- de de deslocamento com mudança de direção. Em
Dimensão física: desenvolver a capacidade de aceleração e potência tar em campo. seguida, os outros jogadores/jogadoras realizam a
(sistema anaeróbico alático). mesma atividade.
Conceitual ou Saber Sobre,
Conceitual: ou seja, saber conceituar/
Discutir as referências (espaço, adversário e bola) para a marcação por explicar. Atividade 3 – 5 min
zona na bola parada defensiva. Exercícios técnicos para a cabeçada, chutes livres e
Aprender a importância da pausa passiva e completa para o treinamen- Atitudinal ou Saber Ser, ou saídas do gol em bolas aéreas.
to da aceleração e potência. seja, atitudes e valores ne-
cessários para a realização Dimensões do espaço: 52 m x 68 m
Atitudinal/habilidades para a vida: da tarefa, da prática do fute- Os jogadores/jogadoras realizam exercícios de ca-
Estimular a capacidade de comunicação dos jogadores/jogadoras. bol ou do que usarão no dia beçada enquanto os batedores/batedoras de faltas
a dia. simulam essas ações e os goleiros/goleiras, as saídas
de gol em bolas aéreas.

Materiais necessários
10 bolas, 11 barreiras, 30 pratos de marcação, 10 coletes e 1 aparelho de telefone celular.

PARTE INICIAL – 30 MIN PARTE PRINCIPAL – 30 MIN


Conversa inicial – 5 min
Apresentar os objetivos, funcionamento da sessão e as características da bola parada ofensiva do próxi- Atividade 4 – 30 min
mo adversário (utilização de vídeo no celular). G + 8 vs. 8 + G
Tempo de duração das repetições: 10 s
Dimensões do espaço: 52 m x 68 m Tempo de duração das pausas entre as repetições:
Combinar as palavras/expressões chave: #Posiciona e #Tira o espaço! 100 s
Nº de repetições: 6
Nº de séries: 2 Tempo de duração das pausas depois da série: 300 s
Atividade 1 – 5 min
A atividade começa com uma cobrança de falta no
Corrida contínua e exercícios de estiramentos
corredor lateral do campo. Depois da cobrança, as
dinâmicos
equipes se confrontam por 10 segundos. Se na co-
brança da falta a bola sair de campo, o treinador/
Dimensões do espaço: 52 m x 68 m
treinadora a reporá para que a equipe defensora ini-
Os jogadores/jogadoras se deslocarão livremente
cie sua ação ofensiva. Caso a equipe atacante con-
pelo espaço, através da realização de corrida con-
siga fazer o gol, o treinador/treinadora trocará o
tínua intercalada com exercícios de estiramentos
corredor de cobrança. As cobranças das faltas serão
dinâmicos.
feitas com a bola localizada em diferentes posições
e alternadamente nos corredores laterais. Os joga-
dores/jogadoras que estiverem fora da atividade
realizarão exercícios com saltos e acelerações e se
revezarão ao longo da atividade.

124 125
PARTE FINAL - 20 MIN
CATEGORIA SUB-20
Atividade 5 – 15 min Nº de jogadores/jogadoras: 20 a 22
G + 11 vs. 11 + G Tempo total da sessão: 90 min Na prática!
Os objetivos apresentados
Dimensões do espaço 52 m x 68 m
Nº de repetições: 6 OBJETIVOS DA SESSÃO referem-se aos conheci-
Procedimental mentos que os jogadores/
Nº de séries: 1
Dimensão tática: treinar os princípios táticos específicos para impe- jogadoras irão aprender ou
Tempo de duração das repetições: 10 s
dir o avanço na transição defensiva e o avanço através pelo campo na treinar durante a sessão nas
Tempo de duração das pausas entre as repetições:
transição ofensiva na organização tática de grupo e coletiva, setorial esferas:
100 s
Tempo de duração das pausas depois da série: 300 s e intersetorial, no terço ofensivo e defensivo.
Procedimental ou Saber
Dimensão técnica: aperfeiçoar a posição dos pés ao defender e os Fazer, ou seja, saber execu-
Organização e desenvolvimento como na atividade
passes na direção do gol adversário. tar em campo.
anterior, com todos os jogadores/jogadoras partici-
pando na atividade.
Dimensão física: desenvolver potência e capacidade anaeróbica lática Conceitual ou Saber Sobre,
(95% a 100% da FCM). ou seja, saber conceituar/
Na prática! explicar.
Caso o clube/equipe tenha controle da sessão por GPS, os jogadores/jogadoras que não atingirem Conceitual
seus objetivos na dimensão física poderão realizar atividades complementares. Aprender sobre sistema anaeróbico lático e suas necessidades nutri- Atitudinal ou Saber Ser, ou
cionais. seja, atitudes e valores ne-
cessários para a realização
Atitudinal/habilidades para a vida: da tarefa, da prática do fute-
Conversa final – 5 min Promover hábitos saudáveis de hidratação e alimentação para a ativi- bol ou do que usarão no dia
Quais são as dificuldades enfrentadas na marcação da bola parada? dade profissional. a dia.
Como podemos melhorar a organização nesta situação? Na prática!
Incentivar os diálogos en- Materiais necessários
tre os jogadores/jogadoras 10 bolas, 6 estacas, 10 pratos de marcação e 10 coletes.
durante os intervalos para
resolver os problemas de-
fensivos da equipe. PARTE INICIAL – 15 MIN
Conversa inicial – 5 min
Após o término da aula, os Apresentar os objetivos, funcionamento da sessão e combinar as palavras chave:
jogadores/jogadoras devem #Impede y #Pra frente.
ajudar o técnico a guardar o Comentar as possíveis sensações dos jogadores/jogadoras durante a realização dos exercícios anaeróbios
material utilizado. láticos.
Enfatizar a importância da hidratação e do repouso ativo nos intervalos entre as repetições.

Atividade 1 – 10 min
Perseguição com bola

Dimensões do espaço: 35 m x 40 m
Uma bola para cada dois jogadores/jogadoras que
deverão fugir de quatro apanhadores/apanhadoras.
Os apanhadores/apanhadores só podem apanhar os
jogadores/jogadoras que tenham a possa da bola.
Os primeiros três minutos da atividade deverão ser
realizados com os jogadores/jogadoras impossibili-
Referencial tados de se deslocarem correndo.

126 127
PARTE FINAL - 25 MIN
Atividade 4 – 15min
4 (+1) v 5 + G - 4 equipes de 5 jogadores(as)

Dimensões do espaço: 35 m x 64 m
Nº de repetições: 3
Nº de series: 1
Tempo de duração das repetições y pausas:
60 s /180 s

Organização e desenvolvimento como na ativida-


de anterior. Se a bola sair do campo ou o tempo de
posse da bola de uma equipe durar mais de 20 se-
gundos, a posse da bola será dada pelo técnico à
equipe adversária.

PARTE PRINCIPAL – 50 MIN


Na prática!
Atividade 2 – 35 min Observações: se as atividades iniciadas com inferioridade numérica são muito difíceis, podem ser
2 (+1) vs. 3 + G - 6 equipes de 3/4 jogadores(as) adaptadas para serem realizadas em igualdade numérica.

Dimensões do espaço: 35 m x 40 m
Nº de repetições: 3
Nº de series: 3 Conversa final – 10 min
Tempo de duração das repetições y pausas: Qual a dificuldade encontrada para impedir e avançar nas tran-
sições?
Na prática!
30 s /90 s
O que sentiram ao fazer as atividades? Observações: no intervalo
Os/as atacantes tentam finalizar no gol do adver- Qual é a melhor alimentação pós-treino? entre as repetições, incenti-
sário. Caso os zagueiros/zagueiras recuperem a var os jogadores/jogadoras
bola, deverão passar a bola por um dos gols. Neste a tomarem uma bebida iso-
momento, a equipe que perdeu a bola terá um au- tônica rica em carboidratos.
mento de mais um jogador/jogadora.
Fornecer, ao final do treina-
O gol marcado no gol principal vale dois pontos e o de uma equipe dura mais de 10 segundos, a posse da mento, alimentos com car-
chute dentro da área vale 1 ponto, a passagem pelos bola será oferecida pelo treinador/treinadora à equi- boidratos de fácil absorção.
gols laterais vale 1 ponto e no gol central, 2 pontos. pe adversária. Vence a equipe que marcar o maior Após o término da aula, os
Se a bola sai de campo ou o tempo de posse da bola número de pontos em todas as repetições. jogadores/jogadoras devem
ajudar o técnico a guardar o
material utilizado.
Atividade 3 – 15 min
3 (+1) vs. 4 + G - 4 equipes de 4/5 jogadores(as)

Dimensões do espaço: 35 m x 64 m
Nº de repetições: 3
Nº de series: 2
Tempo de duração das repetições y pausas:
40 s /120 s

Organização e desenvolvimento como na atividade


anterior. Se a bola sair do campo ou o tempo de pos-
se da bola de uma equipe durar mais de 20 segun-
dos, a posse da bola será dada pelo técnico à equipe
adversária.

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CONMEBOL
DEPARTAMENTO DE
DESENVOLVIMENTO - 2020
EVOLUÇÃO É CONMEBOL

Publicação Oficial do Departamento de


Desenvolvimento da Confederação Sul-
Americana de Futebol (CONMEBOL)

PRESIDENTE:
Alejandro Domínguez W-S

SECRETÁRIO GERAL:
José Astigarraga

SECRETARIA GERAL ADJUNTA/DIRETORIA


JURÍDICA:
Monserrat Jiménez

SECRETÁRIO GERAL ADJUNTO/DIRETOR


DE DESENVOLVIMENTO:
Gonzalo Belloso

EDIÇÃO:
Confederação Sul-Americana de Futebol
(CONMEBOL).
Autopista Silvio Pettirossi y
Avda. Sudamericana – Luque - Paraguay
Tel: +595-21/5172000
www.conmebol.com

REVISÃO DE CONTEÚDO:
ECOM Estrategias de Comunicación
ecomestrategias.com

FOTOGRAFIA:
CONMEBOL e Associações Membro da
CONMEBOL

DESENHO GRÁFICO E LAYOUT:


ECOM Estrategias de Comunicación
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IMPRESSÃO:
AGR S.A. Servicios Gráficos
Julho - 2021

Direitos do Autor:
Confederação Sul-Americana de Futebol
(CONMEBOL)

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