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Cap.

PREPARAÇÃO FÍSICA NAS CATEGORIAS


DE BASE E NO FUTEBOL FEMININO
TELA CHEIA SUMÁRIO

Capítulo

5
PREPARAÇÃO FÍSICA NAS CATEGORIAS
DE BASE E NO FUTEBOL FEMININO

DOUGLAS MARCIOTTO LIBONORIO


RODRIGO DOS SANTOS GUIMARÃES

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5.1 Preparação física nas categorias de base do futebol

O futebol é considerado o esporte das multidões, encantando e fascinando apai-


xonados pelo esporte. Seja nas ruas, praças, campos de pelada ou até mesmo nas
escolas de iniciação esportiva, o número de crianças e adolescentes praticantes da
modalidade vem aumentando e a cada copa do mundo da Federation International
of Football Association (FIFA), se multiplica com o surgimento de novos ídolos.
Para aqueles que sonham em ser jogador de futebol, a tarefa é árdua. São muitas
horas de treinamento, dedicação e muito empenho. No processo de formação de um
jogador de futebol a captação e seleção de jogadores talentosos têm merecido um
destaque. Os clubes de futebol estão apostando em atletas mais jovens que possuem
perfis físicos, técnicos e táticos mais desenvolvidos, para que possam traduzir no
futuro um retorno financeiro ao clube de formador (SILVA, 2016). Ao longo dos anos
os jovens jogadores de futebol passam por inúmeras transformações no aspecto físico
e maturacional. Compreender esses fatores e o seu impacto na formação esportiva
é essencial para a atuação do profissional nas categorias de base, fato que vamos
discutir ao longo do texto.
Em muitos estados do Brasil, as federações dividem as competições esportivas a
partir da categoria Sub 10 até a categoria Sub 23, apesar disso essa forma de organi-
zação etária não seja realizada em todos os estados da Federação. Esse modelo de
formação requer que os profissionais da área do futebol (treinadores, preparadores
físicos, fisiologistas, médicos, psicólogos e dirigentes) atuem de forma a compreen-
derem as constantes modificações maturacionais pelos quais passam os jogadores em
formação esportiva. Sendo assim, o que definiria o sucesso esportivo na formação
de jogadores de futebol? O que é talento e como podemos identificá-lo, treiná-lo e
obtermos resultados de longo prazo? Todos esses questionamentos são recorrentes
na vida daqueles que atuam cotidianamente na formação de jogadores de futebol e
exigem soluções complexas e que devem ser baseadas em referencias teóricos pau-
tados pela aplicabilidade prática.
Um outro fato que ainda não foi respondido e que nos traz uma infinidade de
respostas é por qual motivo jogadores extremamente talentosos nas categorias iniciais
não conseguem repetir o mesmo nível de desempenho nas categorias superiores?
Qual o impacto da tríade (pais-treinadores-jogadores) para uma efetiva formação
de jogadores de futebol? Assumindo que uma cultura esportiva e educacional mais
efetiva formaria jogadores e pessoas melhores tomamos como base um conceito de
formação esportiva ampliada, no qual não apenas o talento por si só tornaria um
promissor talento nas categorias de base, um jogador de futebol profissional.
Esse contexto cria uma exigência, em relação aos jogadores que impacta direta-
mente na formação esportiva, traduzindo em ambientes de cobranças de desempenho
esportivo, tanto de pais e treinadores. Entre as possibilidades de entrada nos clubes
de futebol, as chamadas peneiras são consideradas as mais comuns. Ser aprovado em
uma peneira é a chance que muitos meninos buscam para jogar nos grandes clubes

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de futebol no Brasil. Somado a essa constatação temos critérios subjetivos na seleção


de jogadores de futebol, sendo visto no ambiente esportivo a figura do “olheiro”, que
baseado apenas no aspecto empírico realiza as observações e “peneiras” pelo Brasil. O
aspecto subjetivo das observações traz inúmeros problemas para o desenvolvimento
de talentos no futebol, uma vez que o desempenho esportivo em um dado período
não é garantia de rendimento em idades superiores (MONTEIRO, 2011).
O processo de formação do atleta de futebol deve ser pensado em longo prazo,
considerando o desenvolvimento harmônico das capacidades físicas e as fases sen-
síveis de treinamento. Nesse sentido, temos um ambiente competitivo e com muita
exigência tático-técnicas desde as mais tenras idades (PAOLI, 2008). Apesar do gran-
de número de atletas que iniciam sua vida esportiva com o objetivo de atingirem
o alto nível esportivo, poucos conseguem alcança-lo. Em uma carreira altamente
competitiva, os jovens que buscam entrar nos clubes de futebol profissional fazem
verdadeiros sacrifícios, muitas vezes de abdicando do ensino formal (DAMO 2005;
ARONI et al., 2019).
Em função disso, como não há um critério objetivo nas avaliações de jogadores
de futebol, o aspecto físico assume uma função primordial nesse processo. Força,
velocidade e estatura são variáveis consideradas para uma possível aprovação nas
chamadas peneiras do futebol (PAOLI, 2008). Essa forma de avaliação leva em conta
atletas com maturação biológica acelerada, não considerando outros fatores funda-
mentais para a seleção de talentos (BOHME, 2000).
Por outro lado, as escolinhas de futebol se tornam uma outra via de entrada nos
clubes de futebol. As escolinhas recebem um grande número de crianças e adoles-
centes com o objetivo de se tornarem atletas profissionais de futebol. Esse fascínio
com o futebol provoca um investimento significativo de tempo visando alcançar o
tão almejado sonho (DAMO, 2005).
Nesse sentido uma das limitações na identificação de talentos na puberdade,
está no aspecto maturacional, devido à interferência do ritmo de desenvolvimento
biológico, sendo que esse fator altera a capacidade de desempenho. Sabendo dessa
variável nesse momento da puberdade, ter parâmetros como; maturação precoce,
estatura e maior quantidade de massa muscular, parece não ser o critério mais eficaz
em longo prazo, devido à transitoriedade de crescimento e maturação (CARLI, 2009).
Nos esportes coletivos, o ano de nascimento é fator chave nas competições. Atletas
nascidos nos primeiros meses do ano parecem ser beneficiados, por apresentarem
maior idade cronológica e dessa forma estarem em estágios mais avançados de ma-
turação biológica. A literatura atribui a esse fenômeno o nome de Efeito da Idade
Relativa (EIR) (RABELO et at., 2016).
Atletas nascidos no mesmo ano de nascimento podem apresentar níveis de desen-
volvimento maturacional distintos e muitas vezes em uma mesma equipe existem
atletas atrasados nesse aspecto. Tal fato pode ser identificado por muitos fatores,
como as diferenças no aspecto físico, psicológico e intelectual entre crianças e adoles-
centes mais jovens e mais velhos do grupo (CARLI et al., 2009). Os estudos realizados

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acerca do efeito da idade relativa sugerem que a vantagem dos atletas nascidos no
início do ano está relacionada com fatores maturacionais (MALINA, 2000).
O grande entrave na formação esportiva do futebol é que parte dos atletas que
chegam à categoria Sub-20 não será aproveitada pelo mercado. Nesse caso, os atletas
não aproveitados, com baixo capital cultural, encontram dificuldades para se recolo-
carem no mercado fora do esporte (SOUZA et al., 2008).
Quando analisamos a realidade dos clubes brasileiros, embora não tenhamos
exatidão quanto ao número de jogadores federados no Brasil, há uma estimativa de
que se tenha algo em torno de 10 a 15 mil postos de trabalho (SOARES, 2011).
Existe um abismo em relação ao aproveitamento desses atletas de futebol pelos
clubes. No 1º semestre temos as competições em nível estadual (27 Federações), que
absorvem um número expressivo de atletas, com o seu fim no mês de maio, temos
inúmeros jogadores desempregados à procura de um lugar ao sol, uma vez que só
teríamos 100 possíveis clubes para absorverem inúmeros atletas. Considerando a série
A, como o topo da pirâmide no cenário nacional teríamos, em um cálculo simples,
elencos formados com média de 26 atletas, o que daria algo em torno de 520 postos
de trabalho na parte mais valorizada do mercado (DAMO, 2007).

5.1.1 Desenvolvimento das características físicas de um atleta

O processo de crescimento, maturação e desenvolvimento humano estabelecem


uma interação que interferem diretamente nas relações afetivas, sociais e motoras dos
jovens, assim se considera relevante que os estímulos ambientais sejam adequados
em função desses fatores (RÉ, 2011).
No período de infância e adolescência há variação no crescimento e maturação
entre indivíduos de mesma idade cronológica em consequência da diferença no timing
(ocorrência de determinados eventos), e tempo (ritmo a que esses eventos ocorrem)
no progresso em direção ao estado biológico maduro (MALINA, 1994).
A maturação biológica, ainda pouco explorada em estudos comparativos com o
desempenho físico, ainda parece ser variável relevante nos períodos de infância e
adolescência, podendo ocasionar possíveis alterações na estabilidade dos indicadores
de desempenho em jovens atletas. Diferenças nos aspectos físicos entre sujeitos da
mesma idade cronológica, durante a puberdade, podem ser significativas e, conse-
quentemente, o emprego apenas da idade cronológica é insuficiente para definir o
estágio maturacional (MUSH, 1999).
Desta forma, indivíduos tendem a apresentar níveis distintos de força, potência,
resistência, velocidade e atributos antropométricos, como estatura e massa corporal.
Uma vez que as qualidades físicas se apresentam como um dos fatores determinan-
tes para alcançar o sucesso esportivo, os atletas maturados precocemente possuem
vantagem momentânea sobre os tardios em esportes nos quais o desempenho é
influenciado estatura, massa corporal, força, potência, massa magra, velocidade,
potência aeróbia e resistência aeróbia (DELORME, 2010).

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Para Helsen (2000), estas características estão presentes no futebol e, parte da


identificação de atletas como jovens talentos pelos treinadores, podem estar rela-
cionada à maturação precoce. Embora todas as crianças e os jovens passem pelas
mesmas etapas até atingirem o seu estado maturo, alguns alcançam o estado maturo
precocemente enquanto outros tardiamente. Os considerados precoces geralmente
evidenciam determinadas vantagens relativamente aos considerados normais ou
tardios. Esta variabilidade que ocorre num determinado intervalo etário e/ou escalão
competitivo reflete-se naturalmente no seu desempenho.

5.1.2 Maturação Biológica e Desempenho Esportivo

O desempenho esportivo na infância e adolescência se altera em função dos níveis


maturacionais. Sabe-se que no mesmo grupo de jogadores de futebol encontramos
características físicas distintas e aqueles que entraram no processo maturacional
precocemente obtém vantagem inicias sobre os demais.
Nesse sentido identificar os níveis maturacionais dos jogadores é fundamental
para que se possa compreender como esse fator pode impactar no desempenho
esportivo (TAVARES et.al., 2019). As principais avaliações maturacionais utilizadas
para conhecer o perfil dos jogadores são a avaliação sexual, esquelética e somática
(MALINA, 2000).

Avaliação

Nível
Maturacional

Desempenho

5.1.3 Efeito da Idade Relativa no Futebol (E.I.R)

As divisões nas categorias de base do futebol, obedecem a um agrupamento


estipulado pela FIFA baseada na data de nascimento, entre 1 de Janeiro e 31 de
Dezembro. Isso pode gerar vantagens aos nascidos nos primeiros meses em relação
aos nascidos ao longo do ano. Análises comparativas, entre datas de nascimento
envolvendo atletas jovens e profissionais do esporte identificaram uma distribuição
assimétrica (Basquetebol, Rugby, Futebol e Tênis), favorecendo os atletas nascidos
no início do ano. A esse fenômeno foi dado o nome de Efeito da Idade Relativa
(MUSCH; GRONDIN, 2001).

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Baseando-se no modelo educacional de seriação, o esporte se utiliza do mesmo


padrão que se baseia na idade cronológica para definir as categorias formativas. Em
todo o mundo, os atletas, antes da profissionalização, são categorizados nas com-
petições por idade cronológica, geralmente em grupos de um a dois anos, que pode
gerar uma variabilidade de 12 a 24 meses entre o mais novo da categoria e o mais
velho (WILLIAMS, 2010).
Este conceito é caracterizado pelas diferenças de idade cronológicas entre indi-
víduos agrupados dentro de uma mesma faixa etária, o que pode gerar vantagens
ou desvantagens quanto ao desenvolvimento físico, cognitivo, motor e emocional
promovendo diferenças significativas no desempenho esportivo (BARNSLEY; THOMP-
SON; BARNSLEY, 1985; BAKER et al., 2003).
A estratégia metodológica, na maioria dos estudos sobre E.I.R nos esportes, é
computar o número de atletas que atingiram o alto nível e comparar os percentuais
nascidos no 1º, 2º, 3º e 4º quartil do ano. Através dessa análise, verificou-se que há
mais atletas nascidos no início do ano e que a desistência dos nascidos no final do
ano pode ser ocasionada por falha na seleção, devido à desvantagem maturacional
(BURGESS; NAUGHTON, 2010).
A influência do EIR em atletas de elite do futebol é observada através de uma
maior frequência de jogadores nascidos no início do ano, em relação aos nascidos
no final do ano, quando analisados o mês de nascimento de jogadores de futebol
(ROGEL et al., 2007).
No entanto, esse fato acarreta um desequilíbrio entre atletas de mesma idade,
porém nascidos em meses diferentes, logo aquele que nasceu nos primeiros meses
do ano são beneficiados, na medida em que o aspecto maturacional associado ao
tempo de prática parece contribuir sobremaneira para esse 1º grupo (PENA, 2012).
Estudos comprovaram que o fenômeno do efeito da idade relativa no futebol pode
estar presente tanto em nível formativo quanto nas equipes profissionais da moda-
lidade (ROGEL et al., 2007; CARLI et al., 2009). Uma das vantagens em relação à
idade relativa, principalmente relacionada com a maturação física precoce, parece
estar ligada ao sucesso dos atletas, especialmente nas modalidades em que existe
uma preferência por indivíduos fortes, velozes e com maior tamanho corporal, e no
caso do futebol, principalmente para atletas que atuam em determinadas posições
do campo; goleiros e zagueiros (PENA et al., 2012).
Apesar das diferenças nas idades cronológicas apresentarem pouca relevância
entre indivíduos adultos, durante a infância e a adolescência essa diferença assume
importância em entre os indivíduos que apresentam rápidas taxas de crescimento
e desenvolvimento. Como resultado desse processo, eles podem ser mais bem-su-
cedidos do que seus pares mais jovens, resultando em maior motivação intrínseca,
percepção de competência e comprometimento no processo de formação esportiva,
assim como terem acesso a um ambiente de treino quantitativa e qualitativamente
superior (WERNECK, F. Z. et al., 2014).

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Diversos fatores influenciarão o progresso de um jovem atleta para as categorias


superiores até a chegada ao futebol profissional, mas, sobretudo quanto mais elevado
o nível de percepção de eficácia para a atividade esportiva, maiores serão as chances
de esse atleta seguir na vida esportiva (WERNECK, F. Z. et al., 2014).

5.2 O início do futebol feminino no Brasil

As manifestações físicas e esportivas direcionadas ao público feminino em meados


do século XX registram preocupações com a promoção e a manutenção de um corpo
“feminino” e saudável. O exercício físico, em meio a essa conjuntura de renovação
populacional pela qual passava a sociedade brasileira, tinha papel de desenvolver
a força física e a saúde como atributos para a formação de uma mãe robusta e re-
produtiva que pudesse produzir gerações mais fortes e saudáveis (MOURÃO, 2000).
Salientamos que “nos anos 30 e 40, a associação entre o autoritarismo político e as
ideias e ideais da eugenia fazia do corpo uma questão de Estado e o colocava na
ordem do dia” (FRANZINI, 2005, p. 321).
Contudo, nem todas as práticas físicas e/ou esportivas eram indicadas e adequa-
das às mulheres. Goellner (1999, 2003, 2005) assinala que somente àquelas práticas
que visam o reforço de características feminis como a delicadeza do corpo e dos
gestos, a inexistência de contato direto com o oponente e que não prejudicassem
seu desenvolvimento anatômico e fisiológico, como a dança, a ginástica e a natação,
eram indicadas.
Nesse contexto de determinações indiretas que visavam à construção de papeis
sociais por meio da manipulação das práticas esportivas e por consequência dos
corpos e das ações práticas de seus agentes, o futebol feminino apresenta-se como
um “desvio de conduta”, pois proporcionava às mulheres outras possibilidades “além
daquelas consagradas pelo estereótipo da ‘rainha do lar’, que incensava a ‘boa mãe’
e a ‘boa esposa’ (de preferência seguindo os padrões hollywoodianos de beleza),
principalmente, restrita ao espaço doméstico” (FRANZINI, 2005, p. 321).
Somando-se aos modos indiretos de limitar as práticas esportivas femininas, no
ano de 1941, foi instituído o Decreto-Lei 3.1992 que em seu artigo 54 estabelecia que:
“às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições
de sua natureza devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos (CND)
baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”. Em plena ditadura
militar no ano de 1965, tal Decreto-Lei foi implementado pelo CND, passando assim,
a proibir a prática feminina de lutas de qualquer natureza, a saber, futebol, futebol
de salão, futebol de praia, pólo aquático, pólo, rugby, halterofilismo e baseball.
Mesmo com as proibições legais, as mulheres continuavam (em número restrito) jogan-
do o futebol em diferentes regiões do nosso país, como podemos identificar no estudo de
Rigo et al. (2008) sobre o futebol feminino na cidade de Pelotas-RS no ano de 1950. Esses au-
tores afirmam que o futebol feminino passou a ser visto pelo CND como uma prática ilícita

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somente quando deu sinais de que poderia estruturar-se como uma modalidade esportiva
feminina, conquistando mais autonomia perante os homens e fazendo reivindicações que
até então eram restritas ao futebol masculino. O CND “entrou em campo” e fez com que
a lei fosse cumprida, antes que fosse tarde demais, quando aquelas experiências isoladas
passaram a representar um afronte aos costumes sociais da época que restringiam a mulher
ao espaço privado, vigiavam a vestimenta e disciplinavam o seu corpo feminino. Nesse
sentido construiu-se o discurso que a prática do futebol não era condizente com a mulher,
principalmente se jogado com chuteiras! (RIGO et. al, 2008 p. 183).
A revogação do Decreto aconteceu no final dos anos 1970. No entanto, os valores
culturais incorporados e reproduzidos sobre a perda ou a diminuição da feminilidade
das mulheres praticantes da modalidade, não foram “instantaneamente” revogados.
A permissão legal da prática do futebol feminino estava aí, mas grande parte da
criação e do gerenciamento dessas novas equipes ficava, e atualmente ainda fica,
sob o encargo dos homens.
Existem diferentes versões para o início da prática do futebol feminino no país.
Salles, Silva e Costa (1996) buscaram ressaltar este início através de fontes orais e
escritas. Analisando uma matéria do Jornal do Brasil de 29/11/76 cujas informações
sugerem que as primeiras partidas de futebol feminino na praia foram jogadas no
Leblon, no mês de dezembro de 1975, sempre tarde da noite em função das jogado-
ras serem empregadas domésticas (DARIDO, 2002). Por outro lado, a Revista Veja
(FLORES, 1996, p. 72-73) traz uma matéria afirmando que o futebol feminino teve
seu início marcado por jogos organizados por diferentes boates gays no final da
década de 70. Ainda tendo como debate o início do futebol no país, o jornal revela
que o futebol feminino esteve relacionado a peladas de rua e a jogos beneficentes
(DARIDO, 2002). Para exemplificar, citam um jogo ocorrido em 1959 por atrizes do
teatro de revista, que jogaram uma partida beneficente no Pacaembu.
O futebol feminino institucionalizado iniciou-se em meados da década de 80. Sal-
les et al. (1996) afirmam que no Rio de Janeiro constam informações que a primeira
liga de futebol feminino do Estado do Rio de Janeiro foi fundada em 1981, e que
muitos campeonatos que se seguiram eram patrocinados por diferentes empresas.
Ocorreram o I Campeonato de Praia Feminino do Rio de Janeiro-Copertone Open de
Futebol Feminino, I Torneio de Futebol Society Feminino – Casas Pernambucanas; I
Copa Regine’s Cinzano de Futebol Feminino, Copa Unibanco de Futebol Feminino,
e outros. Desta forma, não é possível separar o início do futebol feminino dos inves-
timentos realizados no esporte pela iniciativa privada.
De acordo com o jornal Estado de São Paulo (DARIDO, 2002), em rápido resumo
da história do esporte, a explosão do futebol feminino no país ocorreu na década
de 80. O time carioca Radar colecionou títulos nacionais e internacionais. Em 1982,
conquistou o Women’s Cup of Spain, derrotando seleções da Espanha, Portugal e
França. A vitória estimulou o nascimento de novos times e, em 1987, a CBF já havia
cadastrado 2 mil clubes e 40 mil jogadoras. No ano seguinte, o Rio de Janeiro orga-
nizou o Campeonato Estadual e a primeira seleção nacional conquistou o terceiro
lugar no inédito Mundial da China.

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O ano de 1988 marcou também o início da decadência do Radar e, com ele, do


futebol feminino do Brasil. Somente em janeiro de 1991, os dirigentes voltaram a pro-
curar as jogadoras para formar uma seleção para o Mundial na China. Nessa época,
o regulamento já era o mesmo do futebol masculino. Com a entrada do esporte nos
Jogos Olímpicos, o Brasil de novo correu atrás do prejuízo e alcançou o quarto lugar
na Olimpíada de Atlanta.
O futebol feminino vem evoluindo a cada ano, com os clubes voltando a atenção
para essa categoria, devido a COMEBOL oficializar que todos os clubes que disputam
campeonatos internacionais, como a libertadores, devem ter seu time feminino obri-
gatoriamente. Com isso, a CBF também aderiu a essa regra e colocou um parágrafo
dentro do regulamento que todo time que disputa o Campeonato Brasileiro terá que
ter obrigatoriamente seu time feminino, começando pela Série A.
Mas dentro do futebol feminino, temos um sério problema, que é o “GAP”, a
lacuna que temos entre as categorias. Hoje dentro dessa categoria temos poucos
campeonatos de categoria de base, e somente temos a categoria Sub-17. Enquanto
no masculino temos categorias do Sub-11 ao profissional, onde o atleta sobe a cada
ano a categoria em que sua idade se encaixa, no feminino só temos a categoria Sub-
17 e vai direto para o profissional.

Equipe feminina profissional adulta

Equipe feminina categoria de base

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5.2.1 Maturação de Atletas do Sexo Feminino

A aptidão física relacionada ao desempenho motor consiste em aprimorar os


componentes associados à força, flexibilidade, resistência muscular e capacidade
cardiorespiratória em níveis de esforços ótimos que favoreçam a obtenção dos objeti-
vos esportivos desejados no alto rendimento (CASPERSEN et al., 1985). No desporto
infantil de alto rendimento, esta ideia não se modifica, embora as diferentes faixas
etárias possam implicar em desempenho e respostas ao treinamento de maneira diver-
sificada. Neste sentido, um dos aspectos que podem repercutir sobre o desempenho
de jovens atletas diz respeito às diferenças entre as idades cronológica e biológica.
De um modo geral, a idade cronológica refere-se à idade do indivíduo em anos a
partir da sua data de nascimento e estabelece um quadro de informações normativo
a partir de uma escala numérica que varia em função do tempo após o nascimento.
Por outro lado, a idade biológica é compreendida considerando-se o crescimento,
desenvolvimento e nível de maturação em comparação com a idade cronológica.
Desta forma, o crescimento, desenvolvimento e maturação biológica nem sempre
ocorrerão de modo simultâneo à idade cronológica (MUSCH et al., 2001).
De modo diferente, Helsen et al. (2005) explicam que as diferenças da idade rela-
tiva em equipes de futebol feminino não são facilmente observáveis, provavelmente,
devido às mulheres terem a maturação mais cedo que os homens.
Para Silva et al. (2003), as adolescentes costumam apresentar seu pico de cresci-
mento em média dois anos antes dos adolescentes do sexo masculino, e os fatores
genéticos e ambientais exercem influência fundamental sobre o desenvolvimento dos
adolescentes. Sendo assim, a maturação biológica pode ser considerada elemento
chave e tem sido uma variável importante nas divisões das categorias de modalida-
des esportivas.
Alguns fatores maturacionais que ocorrem após a menarca não iriam gerar um
maior desempenho atlético a meninas atletas, negando algum dos benefícios fisio-
lógicos de se nascer nos primeiros meses do ano. Ao alcançarem a maturação mais
cedo, a menina irá ter um provável aumento da massa corporal e estatura, sem contar
o alargamento do quadril e um possível aumento também do volume de adiposi-
dade. Isso já não ocorre com indivíduos do sexo masculino que quando entram no
processo de maturação ganham mais força, mais músculos além da diminuição da
adiposidade. Com isto, o efeito da idade relativa fica reduzido entre categorias de
base com atletas do sexo feminino. O fato de nascer nos primeiros meses do ano e
ter um avanço maturacional maior que atletas nascidas em outra época do ano não
fornecem grandes vantagens no desporto como ocorre com jogadores de base do
sexo masculino. Isso se deve pela menina ter uma maturação mais cedo do que os
meninos (VINCENT; GLAMSER, 2006)

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5.2.2 Gap no Futebol Feminino

Com essa obrigatoriedade da COMEBOL e CBF, de os clubes terem futebol femi-


nino, alguns clubes fazem parcerias com projetos sociais, alguns montam só para a
categoria profissional disputar campeonatos e temos clubes que mantém um projeto
de futebol feminino. Esses clubes que mantém esses projetos tem categoria de base
e profissional.
O problema da categoria de base no futebol feminino é justamente o “GAP”, essa
lacuna que os clubes tem antes da categoria sub-17 e entre a categoria Sub-17 e pro-
fissional. Onde quando há uma captação de alguma menina, mesmo ela com idade
de 15 anos, já é integrada à categoria Sub-17, e não na categoria que corresponde a
idade dela, sendo que há uma diferença de uma menina de 15 anos para uma de 17
anos. Quando a atleta é promovida de categoria, pois expirou sua idade, ela automa-
ticamente já tem que entrar na categoria profissional, sem passar por alguma outra
categoria, como a categoria sub 20, e inicia treinamentos com jogadoras que podem
chegar a uma diferença de 7 anos de idade.
Esse é o ponto que é interessante falar, que faz diferença e que tem correlação em
vários assuntos dentro do futebol feminino, como por exemplo, coordenação motora
e capacidades físicas, como a força e a velocidade. Um exemplo, uma menina que
está com 14 anos e entra na categoria Sub-17, possui diferenças de uma que está com
17 anos e saindo dessa categoria. A que tem 14 anos precisa passar por um processo
onde melhora a capacidade coordenativa, motora e cognitiva, onde o foco principal
está em ensinar a maior gama de movimentos possíveis para essa atleta, onde seria
adequada a mesma estar inserida na categoria Sub-15, categoria que não temos no
feminino e temos no masculino, para posteriormente ela entrar na categoria Sub-17.
Entrando nessa categoria deve-se iniciar já um trabalho de força, para ter o ganho
gradativo da mesma, para que possamos fazer essa atleta gravar (fixar cada padrão
de movimento) e podermos assim iniciar alguns trabalho de força máxima, potência,
com alguma carga e para posteriormente essa atleta na hora que entrar na categoria
Sub-20, o preparador físico otimizar o ganho dessas capacidades.

5.2.3 A Preparação Física no Futebol Feminino

O futebol de campo é uma modalidade esportiva coletiva e complexa, com ações


intermitentes, caracterizada por sprints de curta duração, sendo que as diversas
posições ou funções táticas exercidas determinam grande variabilidade individual
no que diz respeito à intensidade e volume dos deslocamentos em partida e, conse-
quentemente, às respostas fisiológicas frente ao jogo (BALIKIAN et al., 2002). Para
que o atleta possa atingir o melhor de sua forma desportiva ao longo da competição
principal, Bompa (2002) ressalta que é importante a elaboração de um programa de
treinamento que atenda às características do desporto.

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Nos últimos anos, tem-se dado muita importância ao componente físico do treina-
mento em futebolistas. Segundo Reilly (1996a), isso se deve em função desse fator de
treino ser considerado alicerce para o desenvolvimento dos aspectos técnico e tático.
Dentre as capacidades mais requeridas pelo desporto, encontram-se as capacida-
des aeróbia e anaeróbia, como a força e a velocidade. Gorostiaga et al. (2004) afirmam
que o futebol caracteriza-se por ser uma atividade intermitente, na qual há cerca
de 12% do envolvimento do metabolismo anaeróbio de alta intensidade e os outros
88% do metabolismo aeróbio, Além disso, devido à recuperação entre os períodos de
alta intensidade este metabolismo torna-se primordial para a modalidade (STØLEN
et al., 2005). Segundo Weineck (2000), o desenvolvimento do sistema aeróbio pode
melhorar o desempenho físico, devido ao aumento da capacidade de recuperação,
além de favorecer a manutenção de um ritmo ótimo de deslocamento durante o jogo.
Dentro de um jogo aproximadamente cerca de 1.000 a 1.200 ações são de sprints,
ocorrendo a cada 5 e 6 segundos. Em geral, no jogo, 17% do tempo é gasto parado
e 40% caminhando. Corridas de baixa velocidade ocupam 35% do jogo, enquanto
que 8% é gasto na execução de corridas de alta intensidade (KRUSTRUP et al., 2005).
O número de sprints é menor do que 1% do jogo, ocorrendo a cada 90 segundos e
percorre menos de 15 metros, com predomínio do metabolismo anaeróbio alático,
entretanto, tem um pequeno percentual durante o jogo, sendo essencial nas ações
decisivas de ataque e defesa.

Treinamento de sprints em equipe feminina profissional adulta.

Em um jogo de futebol, atletas masculinos percorrem em média 11Km, sendo que


a distância percorrida ao longo do primeiro tempo é superior em 5% com relação
ao segundo tempo (EKBLOM, 1986; RIENZI et al., 2000). Em seu estudo, Krustrup
et al. (2005) relataram uma média de 10,3Km na distância percorrida para jogadoras
de futebol. Porém, Carzola e Farthi (1998) mostraram que, apesar das distâncias
percorridas continuarem estáveis, o mesmo não ocorre em relação às ações técnicas
intensas e repetições de sprint. Diferenças nos picos de potência anaeróbia entre
homens e mulheres podem estar ligadas ao maior percentual de fibras musculares
do tipo II nos homens, porém demonstra-se que a taxa de decréscimo dessa potência
é menor nas mulheres, evidenciando maior contribuição aeróbia para este grupo
(BILLAUT; BISHOP, 2009) .

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PREPARAÇÃO FÍSICA NO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

De maneira geral, a distância percorrida por um jogador depende da qualidade do


oponente, de considerações táticas e do grau de importância do jogo (BANGSBO et
al. 1991; REILLY, 1996b). Adicionalmente, podemos considerar outros fatores como
condições climáticas e níveis de treinamento.
Os métodos de treinamento aplicados durante o passar dos anos sempre vis-
lumbraram a melhoria do rendimento de atletas masculinos de futebol, visto que a
prática do mesmo foi proibida para mulheres por mais de uma década (1965 a 1978)
(MOREL; SALLES, 2006; GOELLNER, 2005). A partir daí, o futebol feminino começou
a ganhar força e se difundir em nosso país. Em 1996, na Olimpíada de Atlanta, o
futebol feminino brasileiro conseguiu a quarta colocação abrindo espaço para que a
mulher futebolista crescesse e as seleções nacionais passassem a evoluir a cada ano
(MONTINGELLI, 2007).
Nas últimas décadas muito se tem pesquisado sobre variáveis do desporto que
influenciam diretamente, ou são influenciadas pelo treinamento físico dos atletas
de futebol masculino. Entretanto, muitas dessas variáveis apresentam-se de forma
diferenciada para jogadores do naipe feminino, o que pode, se não avaliadas cor-
retamente, levar a aplicação de treinamento fora dos padrões específicos para esse
gênero. Além disso, a literatura científica sobre o futebol feminino carece de novas
pesquisas sobre o tema.

5.2.4 Relação Força e Lesão

Força muscular é uma variável comprovadamente importante para o desempenho


humano na prática de futebol e outros esportes (NEWMAN et al., 2004; MASUDA
et al., 2005). Os valores de força, além de ter um componente individual e genético,
são também afetados pelo sexo, idade, nível do atleta e pela modalidade esportiva
praticada (HOLM; VOLLESTAD, 2008). Poucos estudos descrevem valores de força
para diferentes articulações em atletas de elite do futebol feminino
Atualmente, a medida de força muscular tem sido utilizada para otimizar os
resultados de atletas em competições e avaliar o equilíbrio muscular tanto em atle-
tas. O equilíbrio muscular, determinado pela razão entre a musculatura agonista e
a antagonista de cada movimento, é um elemento importante para a eficiência da
movimentação articular. O conhecimento desse parâmetro tem sido utilizado em
programas de prevenção de lesões musculares, tendíneas e articulares (DEVAN et
al., 2004).
A maioria dos trabalhos desenvolvidos descreve a avaliação isocinética da flexão
e extensão dos joelhos de atletas e tenta estabelecer a relação dos índices obtidos
com lesões do LCA e lesões de joelhos por esforço repetitivo (OSTENBERG; ROOS,
2000). Isso ocorre porque o joelho é uma das principais articulações acometidas com
esse tipo de lesões (esforço repetido) e existe predominância dessas lesões no sexo
feminino (MOUNTCASTLE et al., 2007).

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PREPARAÇÃO FÍSICA NO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

Todavia, como descreve o consenso quanto à prevenção de lesões do ligamento


cruzado anterior realizado em Hunt Valley em 1999 e revisado em 2005, o joelho é
somente uma parte de uma cadeia cinética e deve-se, portanto, atentar para o fato
de outros sítios como tronco, quadris e tornozelos terem papel importante na gênese
de lesões dessa articulação. Um recente posicionamento do Comitê Olímpico Inter-
nacional sobre lesões do ligamento cruzado anterior também defende a ideia de que
alterações de variáveis como o alinhamento de quadril também são considerados
fatores risco para essa lesão (LJUNGQVIST et al., 2008 )

Avaliação isocinética em atletas profissionais adultas.

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PREPARAÇÃO FÍSICA NO FUTEBOL
TELA CHEIA SUMÁRIO

Perfil dos autores

Douglas Marciotto Libonorio, é natural de Jaú, São Paulo.


Graduado em Esporte pela Universidade Estadual de Londrina e
Pós graduando em Fisiologia do exercício pela Uninter.
Possui experiência de 9 anos atuando como Preparador Físico
de futebol. Ingressou em 2010 na area e desde entao vem
trabalhando com atletas em times de futebol, começou nas
categorias de base e como auxiliar do profissional da Júnior Team
Futebol (2010 a 2013), onde foi campeão Paranaense Sub-17 e
Vice Campeão Paranaense Sub-18, União Barbarense (sub-20, 2014), Tanabi Esporte
Clube (Sub-20 e profissional, 2015), Votuporanguense (Sub-20, 2016), VOCEM de Assis
(Profissional, 2016 e 2017), José Bonifácio Esporte Clube (Sub-20 e Profissional, 2018) e
Ferroviaria Futebol S/A (Profissional Feminino, 2019).

Rodrigo dos Santos Guimarães, natural de Goiânia. Graduado


em Educação Física pela Universidade Federal de Goiás, com
Pós-graduação em Treinamento Esportivo e Futebol.
Atualmente é o Mestrando em Ciências da Saúde pela UFG.
Possui experiência de 15 anos atuando como Professor de
Iniciação Esportiva, Preparação Física e Fisiologia no Futebol.
Docente de cursos de graduação na Faculdade Objetivo e Pós-
graduação na Faculdade Estácio de Sá e Faculdade União de Goyases.

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