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Destacamos, porém, que este não é um processo fácil, nem rápido. É necessário que o
professor/treinador esteja constantemente curioso e motivado a encontrar melhores maneiras de
ensinar o futebol, se relacionando com todo o seu contexto. Temos a convicção que a atitude
proativa dos profissionais que "fazem" o futebol em suas diferentes instâncias é fundamental
para que as transformações que desejamos sejam realmente postas em prática.
Neste módulo 5 trataremos mais diretamente das metodologias ativas de aula e treino. Discutiremos
algumas variáveis do treinamento esportivo, apresentaremos possibilidades para a organização de
jogos e brincadeiras de modo a atingirem os objetivos propostos e finalizaremos o módulo falando
sobre currículo de formação e como os jogos podem ser organizados nas diferentes faixas
etárias e níveis de habilidade.
Introdução
Ao longo de todo o curso temos falado da evolução das metodologias de ensino e treinamento no
sentido de se aproximarem das demandas específicas do jogo. Vimos, no módulo 1, por exemplo,
as diferenças entre as metodologias tecnicistas, pautadas na execução correta do gesto
técnico e as metodologias ativas, focadas nas soluções dos problemas específicos do jogo de
maneira individual e coletiva, utilizando para isto os gestos técnicos adequados.
Porém, temos reforçado durante as aulas, que a construção e utilização de jogos e brincadeiras nas
aulas não deve ser feita de maneira aleatória. É fundamental que o professor/treinador tenha
clareza dos seus objetivos e de como utilizará as atividades para atingi-los. Vimos a importância
de os jogos estarem relacionados entre si, permitindo que o aluno/jogador, adquira
conhecimentos necessários para a sua evolução.
Concluímos, então, que não basta realizar o "jogo pelo jogo". É preciso que eles estejam
organizados de modo a permitirem a evolução tática, técnica, física, psicológica e social dos
aprendizes. É a isto que daremos maior atenção durante este módulo.
Veja uma introdução a este tema feita pelo Prof. Dr. Rodrigo Leitão.
Quando treinamos uma equipe, seja qual for o seu nível, pretendemos que ela melhore em
relação ao seu estágio presente. Nossa intenção é que os alunos ou atletas entendam e joguem
melhor o jogo. Procuramos desenvolver uma progressão pedagógica do futebol em todas as dimensões,
como estudamos anteriormente. Buscamos o desenvolvimento do jogar em sua totalidade,
esperando que executem todas as ações exigidas pelo jogo, sejam físicas, técnicas, táticas,
psicológicas, sociais, e tudo com maior intensidade, qualidade e competência do que faziam no
início do processo.
Volume
Intensidade
Densidade
Variabilidade
Contudo, estas variáveis, apesar de serem a base do treinamento na era moderna, foram
pensadas originalmente para modalidades esportivas individuais. Por este motivo, tiveram que
sofrer grandes adaptações ou re-significações para que pudessem ser cada vez mais bem
adaptadas às modalidades esportivas coletivas, como é o caso do futebol.
A partir da ideia geral desses importantes conceitos do treinamento desportivo, é possível que sejamos
mais capazes de estruturar nossas aulas e treinos para que se cumpram os objetivos que deles se
espera.
Para exemplificar esta visão, vamos utilizar a analogia proposta por Mariza Gomes, em seu livro “O
desenvolvimento do jogar segundo a Periodização Tática". Ela nos dá uma visão bem interessante
sobre esta questão.
Slide 1
Volume
Em esportes como o atletismo, por exemplo, quantificar a quilometragem percorrida por cada atleta no
treino é uma tarefa bastante comum e até simples para os profissionais da área.
No futebol, também podemos mensurar a quilometragem percorrida por cada jogador, porém, isso não
nos fornece informações completas sobre as ações realizadas por ele. Este dado também não pode
garantir que um aluno ou jogador, se desenvolveu nas aulas e treinos, pois, para além de
correr, ele deve cumprir uma série de tarefas específicas para ser capaz de jogar bem futebol.
É bem possível que em termos de volume, Romário percorresse menos quilômetros que os demais
atacantes, porém ele cumpria as funções requisitadas pelo treinador para seu jogo individual, que
afetava também no jogo coletivo da equipe.
Portanto, no futebol, para além do volume "físico", precisamos ter atenção para, por exemplo, o volume
de ações técnicas (passes, domínios, finalizações etc.), táticas (quantas vezes o jogador deve
que cumprir uma determinada função), e psicológicas (quanto tempo o jogador teve que se
manter concentrado para cumprir as tarefas que dele eram esperadas)?
Intensidade
Da mesma maneira ocorre com a intensidade. Enquanto no atletismo a intensidade está relacionada
à velocidade de corrida, no futebol apenas este indicativo não basta.
Desta maneira a intensidade dos aspectos técnicos, estaria relacionada à qualidade da ação, ou
seja: onde os passes foram realizados? Como foram realizados? Para frente, em direção ao
alvo, para o lado ou para trás? A que a distância a bola foi deslocada? Qual distância do gol
foram realizadas as finalizações? Acertaram o alvo?
O mesmo ocorre com a intensidade cognitiva e psicológica. Qual o nível de concentração exigido
para resolver os problemas daquele jogo? Qual a importância do jogo? Quais os problemas a
serem resolvidos? Como a cobrança do treinador interfere na confiança dos atletas?
Veja a entrevista de Pep Guardiola após o jogo da Final do Mundial de Clubes de 2011 contra a equipe
do Santos, em que ele explica um pouco mais sobre a intensidade no seu sentido técnico, tático e
psicológico.
00:56
Densidade
E a densidade? Como podemos pensá-la quando relacionada aos aspectos técnicos no futebol?
É possível, por exemplo, analisar a densidade das ações com bola realizadas pelo
jogador avaliando-se a relação entre o número de ações e o tempo total de jogo. Seguindo este
raciocínio, durante um aula, treino ou jogo, as ações técnicas não são realizadas exatamente da mesma
forma e com a mesma frequência, ou seja, existe grande variabilidade no padrão e no número de
vezes que se realiza um determinado gesto técnico.
O mesmo raciocínio pode ser utilizados para as tarefas psicológicas, por exemplo: quando está
sem a bola? Qual a função do jogador? Quanto tempo ele deve estar concentrado em executar
aquela determinada função?
Veja o vídeo no qual o prof. Dr. Rodrigo Leitão apresenta o modelo de treino adotado pela equipe do
Barcelona e relacione com as variáveis vistas até aqui.
03:08
A partir dos conceitos explicados até o momento e da explicação do prof. Rodrigo Leitão, veja o vídeo
abaixo e tente identificar os aspectos relacionados ao volume, intensidade e densidade da atividade
apresentada*.
*A narração do vídeo está em inglês, contudo, se você não domina esta língua não se preocupe, as informações
dadas não são essenciais ao entendimento e você será capaz de identificar facilmente a organização e aplicação
da atividade
02:34
O que achou?
Perceba, que alguns destes fatores não podem ser facilmente medidos e, por isso, dependem
de um olhar atento do treinador. Neste momento, resgatamos uma frase do cientista Albert Eistein que
se adapta perfeitamente à necessidade de se considerar também os aspectos "não mensuráveis" na
análise do jogo.
Esta compreensão implica na necessidade de estarmos conscientes das diversas variáveis humanas que
envolvem o jogo, no qual, para além das capacidades físicas e biológicas, as ideias, ambições,
atitudes são fundamentais para se jogar bem o futebol. Veja mais um trecho da entrevista com o
prof. Dr. Julio Garganta, no qual ele apresenta a importância de entender estes aspectos ao se propor um
novo jeito de ensinar e treinar o futebol, diretamente relacionado à especificidade do jogo.
Conclusão da Aula
A ciência do Treinamento Esportivo desenvolveu, por muitos anos, conceitos importantes para a
preparação de atletas das mais diversas modalidades e categorias. A evolução no desempenho esportivo
nas últimas décadas foi, sem dúvida, notável.
Porém, atingindo este novo patamar, é necessário buscarmos ainda mais recursos para dar
continuidade à evolução no desempenho esportivo, para que possamos entender e evoluir o
modo como ensinamos e treinamos nossas equipes.
Não se trata em descartar tudo aquilo que já foi desenvolvido, mas em aprimorar o conhecimento e sua
aplicação nas modalidades específicas, principalmente nas modalidades coletivas, buscando o
treinamento de forma global e integrada do modo mais específico possível em relação às
demandas do futebol.
Para concluir esta aula, aproveitemos o conhecimento de João Paulo S. Medina, idealizador da
Universidade do Futebol e com vasta experiência em equipes profissionais como preparador físico,
coodenador técnico e consultor, para entender um pouco mais sobre este novo momento em que
a necessidade de integração dos conhecimentos das diferentes áreas é cada vez mais
importante.
01:27
Chegamos ao fim de mais uma aula. Na próxima discutiremos a lógica interna do jogo de futebol e
seus princípios de modo que possamos entender como criar e adaptar atividades com o objetivo de
melhorar a compreensão dos alunos e jogadores a respeito do jogo.
Até lá!
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