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Principios básicos para a intervenção psicológica na formação em futebol


[Psychological intervention in soccer: Basic principles]

Conference Paper · November 2009

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Pedro Teques
Polytechnic Institute of Maia
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PRINCIPIOS BASICOS PARA A INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA NA


FORMAÇÃO EM FUTEBOL
PEDRO TEQUES.
Associação Portuguesa de Escolas de Futebol.

O processo de intervenção psicológica no futebol de formação tem como objectivo pro-


mover e melhorar as condicionantes psicológicas necessárias ao desenvolvimento óptimo
da aprendizagem dos jovens atletas. Ou seja, a intervenção do psicólogo neste âmbito con-
siste em dotar os atletas e os elementos responsáveis pela sua formação (treinadores, pais,
dirigentes e árbitros) de um conjunto de estratégias com vista a aumentar o rendimento e o
bem-estar desses mesmos atletas durante o período de aprendizagem desportiva.
Apesar de cada situação apresentar especificidades e desafios únicos, um dos factores
cruciais para a efectividade do trabalho do psicólogo será a adaptação rápida à modalidade e
à cultura do clube, ganhando o respeito e confiança dos responsáveis desportivos. Contudo,
parece haver um conjunto de princípios que contribuem para a positividade da colaboração
do psicólogo com os demais elementos da formação desportiva. Estes incluem: a) orien-
tação da prática em especificidade à formação em futebol; b) prática integrada nas estruturas
formais e informais do clube; c) prática dirigida ao jovem atleta e aos adultos responsáveis
pela sua formação; d) prática periodizada segundo as etapas do desenvolvimento desporti-
vo; e) usar linguagem simples e ser prático. Seguidamente os princípios serão abordados,
sugerindo algumas estratégias que consigam prever determinadas barreiras para a efectivi-
dade da prática do psicólogo.

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a) O psicólogo deverá ter uma prática orientada e específica à formação em futebol:
um facto, principalmente na modalidade do futebol, tem sido a dificuldade do psicólogo
em estabilizar a sua intervenção. A estabilidade consiste precisamente na adaptação e
conhecimento do psicólogo em relação às várias vertentes da modalidade, em geral, à
cultura e linguagem e, em específico, à metodologia do treino e à planificação e periodi-
zação do processo de formação. Por conseguinte, ainda que não devemos enveredar pelo
excesso de considerar que os psicólogos do desporto deverão ser conhecedores profundos
da área do treino em futebol, o conhecimento da modalidade em questão parece favo-
recer e simplificar a intervenção do técnico de psicologia em contexto desportivo, onde
determinadas informalidades podem tomar contornos de excelência para a compreensão
do fenómeno. A observação de uma linguagem que muitas vezes não é falada, os rituais,
a execução de um mero gesto técnico ou o conhecimento gradual dos conteúdos tácticos,
bem interpretados, podem submergir em dados de enorme valor para o desenvolvimento
da intervenção.
b) A prática do psicólogo deverá estar integrada na estrutura e organização técnica
da formação do clube: um dos factores fundamentais para o sucesso da intervenção do
psicólogo está ao nível da colaboração com os responsáveis técnicos do clube. Neste
âmbito, podemos classificar a macroestrutura de organização de um departamento de
futebol juvenil pelo conjunto de técnicos que constituem a coordenação técnica e, por sua
vez, podemos classificar de microestruturas a organização das demais equipas técnicas
que constituem os vários escalões de formação do clube. Ao nível da macroestrutura, a
intervenção sob a dimensão psicológica deverá ser planificada, periodizada e aplicada
tendo em consideração a planificação do processo de formação do clube. Isto é, o coor-
denador ou director técnico é quem lidera a intervenção, estando a par dos objectivos e
actividades do trabalho que o técnico em psicologia está a realizar. Não raras vezes, o que
acontece é que os responsáveis técnicos não sabem que tipo de trabalho está o psicólogo a
efectuar, ou até mesmo o psicólogo percorre as instalações do clube sem ter as condições
necessárias para a realização do seu trabalho, devido, fundamentalmente, a problemas
de comunicação. Aconselha-se que o psicólogo, tal como qualquer técnico especializado
do clube, participe nas reuniões de coordenação técnica, sendo uma oportunidade perió-
dica para expor e rever os objectivos e actividades que serão executadas. Por sua vez,
ao nível das microestruturas, é importante que o psicólogo tenha o suporte de todos os
elementos do staff técnico, incluindo treinadores, treinadores-adjuntos, preparadores físi-
cos, enfermeiros, fisioterapeutas, massagistas e técnicos dos equipamentos. É crucial que
todos estes elementos sejam conhecedores das contribuições da psicologia do desporto,
bem como, deverão saber qual o papel de cada um para os objectivos e actividades da
intervenção. No entanto, o treinador é o líder, logo, o psicólogo apresenta-se como mais
um colaborador do líder do staff técnico do escalão etário, sendo que as actividades do
técnico em psicologia são delineadas em conjunto com o treinador. Nesta situação, de-
penderá da habilidade do psicólogo em gerir a proximidade estrutural com o treinador e a

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confiança daqueles que deverão ser o alvo da intervenção: os jogadores. Neste contexto,
será importante abordar desde o início as questões relacionadas com a confidencialidade
e as expectativas em relação à intervenção.
c) A intervenção deverá incidir sobre o «Pentágono da Formação Desportiva»: a so-
cialização é um processo através o qual os indivíduos desenvolvem ao longo da vida o seu
auto-conceito, identidade, atitudes, disposições e comportamentos. Muitos dos processos de
socialização ocorrem em sistemas sociais, tais como as famílias ou as escolas (Greendorfer,
2002). No que concerne ao contexto social da participação desportiva de crianças e jovens,
Dosil (2004) refere que este é compreendido pelo jovem atleta, o treinador, os pais, os diri-
gentes, e os árbitros. Deste modo, considera-se que se deverá perspectivar uma abordagem
sócio-cognitiva para o processo de formação desportiva, devido à constatação de que o
jovem atleta não é o único responsável pela sua prática desportiva, ou seja, para além das
próprias condicionantes psicológicas do atleta, existem factores sociais de influência que
podem determinar a positividade ou negatividade do processo de ensino e aprendizagem do
atleta durante este período. Neste sentido, considera-se que as acções de índole formativa,
educativa e psicológica na formação em futebol deverá dirigir-se, principalmente, a cinco
elementos: atletas, treinadores, pais, dirigentes e árbitros, caracterizando-se através do “pen-
tágono da formação desportiva”. Assim, a formação desportiva parece estar determinada
pelos comportamentos e relações entre os membros que a integram. O foco principal, obvia-
mente, está no atleta, sobre o qual deverá recair toda a atenção e as consequências positivas
ou negativas da prática da actividade. À sua volta, os adultos têm a responsabilidade de
fomentar uma experiência que se coadune com os princípios do desenvolvimento da apren-
dizagem, com as exigências necessárias para alcançar os objectivos pretendidos, bem como
adaptar e converter estes princípios ao quotidiano do atleta (Dosil, 2004).
d) A intervenção deverá ser periodizada segundo as etapas do processo de formação:
as características das actividades da intervenção psicológica para os principais responsáveis
pela formação desportiva (i.e., atletas, treinadores e pais) dependerão das etapas que com-
põe o processo de formação desportivo. Recentemente, o psicólogo do desporto canadiano
Jean Côté e seus colaboradores (Côté, 1999; Côté, Baker, & Abernethy, 2007; Côté & Hay,
2002) investigaram o desenvolvimento de carreira de vários atletas de elite nas modali-
dades do remo, basquetebol, ginástica, e hóquei no gelo. Estas investigações verificaram
que existe um padrão do desenvolvimento desportivo preconizado em três etapas: iniciação
(6-12 anos), especialização (13-15 anos) e investimento (16-18 anos). Em resumo, na etapa
de iniciação, os pais parecem ser a principal influência sobre a criança, já que são eles os
responsáveis por incutirem nos filhos o interesse por uma modalidade desportiva, acom-
panhando de muito perto a sua prática desportiva. As crianças aprendem os movimentos
e técnicas básicas de uma ou mais modalidades desportivas, desenvolvendo competências
motoras fundamentais, tais como, correr, saltar, lançar, entre outras. O motivo principal
para a participação desportiva recai no prazer e o divertimento. Na etapa de especialização
a prática desportiva incide em uma ou outra modalidade desportiva específica. Apesar do

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divertimento continuar a ser um motivo importante para a participação desportiva, será,
fundamentalmente, a evolução na aprendizagem de novas técnicas que levará a criança a
envolver-se numa modalidade desportiva. Existem outros pontos importantes que levam
a criança a enveredar pela prática específica de uma modalidade: experiências de sucesso
na modalidade, experiências positivas com treinadores e colegas, ou o encorajamento por
parte de um adulto significativo. Finalmente, na etapa de investimento existe um compro-
metimento por parte da criança para atingir o alto rendimento na modalidade. Os principais
pontos de interesse nesta etapa são a estratégia, a competitividade e o aumento gradual da
competência na prática da modalidade. As crianças que não conseguem entrar nesta etapa,
deixam de aspirar alcançar o desporto de elite. No entanto, devido ao elevado compro-
misso que mantiveram ao longo da formação desportiva, tendem a manter uma prática de
recreação na modalidade. Considerando as três etapas do desenvolvimento desportivo,
verifica-se que o envolvimento dos principais elementos responsáveis pela formação des-
portiva – atletas, pais, treinadores – será diferenciado, de acordo com a etapa em que estão
inseridos. O apoio e assessoria psicológica na formação em futebol deverá ser orientada
pelas necessidades específicas de cada etapa.
e) O psicólogo deverá usar uma linguagem simples e ser prático: alguns dos problemas
para a efectividade da prática do psicólogo incluem a dificuldade em providenciar termos
concretos e sugestões específicas ao contexto dos demais elementos desportivos. Tal como
foi discutido anteriormente, este facto pode decorrer da dificuldade do psicólogo em falar
uma linguagem específica à modalidade e da compreensão das principais necessidades dos
elementos nela envolvidos. Parece evidente que se um psicólogo não compreender suficien-
temente bem a natureza e cultura do futebol, não estará preparado para providenciar suges-
tões práticas aos atletas, treinadores, pais, dirigentes ou árbitros que compõe a modalidade.
Do mesmo modo, também é essencial que o psicólogo não utilize demasiados termos téc-
nicos, que só dificultam a comunicação e a implementação das estratégias. Mais importante
do que a psicologia do psicólogo é a psicologia comum.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Côté, J. (1999). The influence of the family in the development of talent in sports. The
Sports Psychologist, 13, 395-417.
Côté, J., Baker, J., & Abernethy, B. (2003). From play to practice: A developmental fra-
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Côté, J., & Hay, J. (2002). Family influences on youth sport performance and participation.
In J. Silva & D. Stevens (Eds.), Psychological foundations of sport, (pp. 503-519).
Boston, MA: Allyn and Bacon.
Dosil, J. (2004). Psicología de la actividad física y del deporte. Madrid: McGrawHill.
Greendorfer, S. (2002). Socialization processes and sport behavior. In T. Horn (Ed.), Advan-
ces in Sport Psychology (pp. 377-401). Champaign, IL: Human Kinetics.

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