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Melhorando a performance

Treinamento e programas de habilidades psicológicas

RESUMO

O Treinamento de Habilidades Psicológicas é implementado em atletas e/ou


equipes para aprimorar seu desempenho geral. Ao implementar esse treinamento,
um psicólogo esportivo pode trabalhar com um atleta que precisa aprimorar
aspectos psicológicos relacionados ao desempenho esportivo, ou se o atleta tiver
um problema clínico, ele precisará ser encaminhado a um psicólogo clínico. Neste
capítulo, o foco está na implementação de habilidades psicológicas para melhorar o
desempenho. Estabelecer metas eficazes, usar técnicas de relaxamento, praticar
imagens mentais, refletir sobre processos mentais e ter um diálogo interno positivo
são técnicas psicológicas apropriadas. Existem dois tipos de programas: o
Programa de Treinamento de Habilidades Psicológicas (PSTP), que permite aos
atletas aprender estratégias psicológicas que podem ser aplicadas em sessões de
treinamento ou competições, e o Programa de Psicologia Aplicada a Sessões de
Treinamento (APPPS), que tem como objetivo otimizar as sessões de treinamento,
de modo que o psicólogo se concentra em aprimorar essas sessões por meio de
estratégias psicológicas. Intervenção clínica, de campo ou online são três tipos de
programas que o psicólogo esportivo deve implementar, dependendo das
necessidades do atleta ou equipe.

Neste capítulo, serão descritos programas e técnicas de treinamento de habilidades


psicológicas. O capítulo começará com um breve resumo sobre o estado da
psicologia do esporte aplicada e, em seguida, três questões fundamentais serão
respondidas:

● Quais habilidades psicológicas os atletas devem ser treinados?


● Como as habilidades psicológicas devem ser treinadas?
● Onde o treinamento de habilidades psicológicas deve ocorrer?
A primeira pergunta busca aprimorar nossa compreensão das principais habilidades
psicológicas que devem ser desenvolvidas para melhorar o desempenho de um
atleta, bem como como desenvolver algumas das técnicas psicológicas mais
comumente usadas no campo da psicologia do esporte. Os psicólogos esportivos
devem ser capazes de lidar com essas habilidades psicológicas com facilidade, a
fim de usá-las em momentos específicos durante a temporada com os atletas e ser
capazes de aconselhar os treinadores em sua aplicação.

A segunda pergunta responde aos principais fatores que devem ser levados em
consideração na implementação das habilidades psicológicas nos Programas de
Avaliação e Intervenção Psicológica (PAPI) (Dosil, 2008), no Programa de
Treinamento de Habilidades Psicológicas (PSTP) e no Programa de Psicologia
Aplicada às Sessões de Treinamento (APPPS).

A terceira pergunta apresenta as diferentes maneiras pelas quais os serviços de


psicologia do esporte podem ser oferecidos, bem como as implicações de cada uma
no processo de melhoria do desempenho.

OBJETIVOS

Após a leitura deste capítulo, você será capaz de:

Compreender os modelos de intervenção usados na psicologia do esporte aplicada.


Distinguir entre as principais habilidades psicológicas que devem ser desenvolvidas
e as técnicas de intervenção que os atletas devem utilizar para aprimorar o
desempenho.
Saber como aplicar programas de treinamento de habilidades psicológicas.
Identificar quais são os tipos de intervenção psicológica que são normalmente
implementados no campo esportivo.
ESTADO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE APLICADA

O treinamento de habilidades psicológicas no cenário esportivo é baseado na


implementação de estratégias mentais que visam aprimorar o desempenho do atleta
ou equipe. Com isso em mente, o objetivo não é apenas reduzir suas "fraquezas
mentais", mas também aprimorar suas habilidades e desenvolver seu talento.

No entanto, ao longo do tempo, a psicologia geral tem sido associada a um modelo


de intervenção baseado na resolução de problemas, focando principalmente em
aspectos negativos e contribuindo para a adoção de uma compreensão pessimista
da natureza humana (Seligman, 2002).

Isso pode ser explicado por várias razões (Friedrickson, 1998): primeiro, a tendência
natural de estudar fenômenos que ameaçam o bem-estar humano levou ao foco nas
emoções que nos ajudam a lidar com uma situação perigosa ou urgente. Portanto, é
mais fácil definir a direção adaptativa desejada da mudança se alguém estiver
buscando restaurar a normalidade (Aspinwall e Staudinger, 2003) (por exemplo,
exigindo uma intervenção urgente para diminuir a ansiedade pré-competição antes
de uma partida final). Em segundo lugar, há uma tendência a negligenciar o que é
normal e prestar mais atenção ao que é anormal ao experimentar um estado de
bem-estar como dado; então, tudo o que contribui para ameaçar esse bem-estar é o
foco de interesse e estudo (por exemplo, a queda incomum no desempenho de um
atleta de elite). Em terceiro lugar, o fato de haver menos palavras para descrever
estados emocionais positivos em vez de negativos tem um tremendo impacto em
nossa percepção desses estados (ou seja, positivos), tornando-os mais difíceis de
distinguir e, por sua vez, esses estados negativos se tornam automáticos, pois
essas emoções fazem parte de nosso núcleo interno (por exemplo, isso se traduz
na dificuldade que muitos atletas têm em avaliar objetivamente seu desempenho).
Em quarto lugar, existem diferenças na expressão de emoções, pois as negativas
têm características faciais específicas que facilitam seu reconhecimento universal
(por exemplo, é fácil reconhecer um atleta com raiva; no entanto, nem sempre é fácil
reconhecer um relaxado).
De uma perspectiva holística, a estratégia de intervenção mais completa e
avançada seria aquela que integra aspectos relativos à saúde e ao bem-estar (por
exemplo, emoções coletivas que surgem após vencer uma partida) juntamente com
outros elementos usuais. Esses elementos se concentram no déficit (por exemplo,
falta de foco atencional durante momentos decisivos em uma partida) a partir do
processo de avaliação e por todas as fases da intervenção (Hervás, Sánchez e
Vásquez, 2008).
Assim como tem acontecido no campo da psicologia geral, a psicologia do esporte
também tem sido associada a um modelo de intervenção baseado na resolução de
problemas, no qual o psicólogo lida com atletas que apresentam "problemas
clínicos" (que podem ou não estar relacionados ao esporte), implementando
técnicas oriundas do campo da psicologia clínica. Essa abordagem tem gerado
controvérsias tanto no campo da psicologia quanto no cenário esportivo. No campo
da psicologia, há alguma confusão sobre se esses tratamentos podem ser inseridos
na psicologia do esporte ou na psicologia clínica. Da mesma forma, no campo
esportivo, esse é um assunto antigo que leva muitos atletas a associarem um
psicólogo esportivo a cenários de resolução de problemas. Esse fato limita bastante
o campo de intervenção.

É importante entender que, quando um atleta procura um psicólogo porque ele tem
um problema clínico (por exemplo, sentindo-se triste porque está passando por um
divórcio e acredita que isso está afetando seu desempenho atlético), o serviço
prestado pode ser bem realizado por um psicólogo clínico sem treinamento em
ciências do esporte, já que trabalhar com um atleta se torna de menor importância.
Quando há um problema diretamente relacionado ao desempenho atlético (por
exemplo, estar excessivamente ansioso antes da competição ou travar), tanto um
psicólogo clínico quanto um psicólogo esportivo podem trabalhar junto com o atleta,
embora seja recomendado um especialista em psicologia esportiva com
conhecimento e experiência no domínio específico. Por fim, quando um atleta
procura um profissional para aprimorar os aspectos psicológicos relacionados ao
desempenho esportivo, não há dúvida de que o profissional adequado é o psicólogo
especializado em esportes, pois as limitações clínicas nesses casos são óbvias.
Muitos psicólogos clínicos foram treinados em ciências do esporte, o que lhes
permite enfrentar qualquer situação e ser capazes de lidar com os problemas, além
de indicar ao atleta o potencial que o campo da psicologia tem a oferecer quando
ligado ao aprimoramento do desempenho (as virtudes da psicologia para aprimorar
o desempenho geralmente são "desconhecidas" pela maioria das pessoas no
contexto esportivo). Além disso, um psicólogo esportivo sem formação clínica terá
que encaminhar casos específicos que, devido à sua natureza, são mais adequados
ao tratamento no ambiente clínico. Profissionais na área da psicologia do esporte
(Andersen, Denson, Brewer e Van Raalte, 1994; Schack, Moncier III e Taylor, 2007)
indicaram várias considerações que devem ser levadas em conta quando um
psicólogo esportivo tem dúvidas sobre encaminhar um caso para um profissional
clínico. Embora os psicólogos esportivos não precisem ser competentes para lidar
com transtornos clínicos, eles devem ser capazes de avaliar tais transtornos e saber
quando encaminhar o cliente para um profissional clínico (Frank, Gardner e Moore,
2006).

EM QUAIS HABILIDADES PSICOLÓGICAS OS ATLETAS DEVEM SER


TREINADOS?

A diferença entre atletas com habilidades físicas, técnicas e táticas similares está no
componente psicológico. Até agora, não houve um grande influxo de psicólogos
para o cenário esportivo; portanto, há poucos atletas com treinamento psicológico. É
apreciado que a maioria dos melhores atletas tenha aprendido "técnicas" por si
mesmos para solucionar problemas em diferentes situações, o que lhes
proporcionou uma vantagem sobre seus rivais. Outros atletas têm buscado suas
próprias estratégias para melhorar seu desempenho, mas não têm tido sucesso em
sua empreitada. É nesse aspecto que a psicologia do esporte deve enfatizar como
uma ciência que fornece estratégias para que o atleta alcance um desempenho
máximo. Se todos os atletas incluíssem o treinamento de habilidades psicológicas
em sua programação para a temporada, a qualidade daqueles que teriam sucesso
em alcançar a elite seria muito maior.
O estudo das características psicológicas em atletas bem-sucedidos tem sido
abordado nos últimos anos (ver Tabela 21.1). A capacidade de lidar com problemas
tem sido considerada uma das características mais importantes, levando à
conclusão de que, para alcançar o mais alto nível de desempenho, é necessário
usar diferentes estratégias para solucionar as dificuldades que surgem ao longo da
temporada (Dosil, 2008).

Tabela 21.1 Estudos incluindo características psicológicas em atletas de sucesso

Autor(es)/Ano Características em atletas de sucesso

Van den Auweele, De Cuyper, Van - Autoconfiança elevada


Mele & Rzewinicki (1993)
- Baixos níveis de ansiedade pré e pós-
competição

- Técnicas para regular a ansiedade

- Foco atencional em tarefas e


movimentos específicos

- Capacidade de lidar com execuções


inesperadas/insatisfatórias

- Conversa interna positiva

Gould, Eklund & Jackson (1992) - Autoinstruções positivas


Gould, Dieff enbach & Moff ett (2002)
- Capacidade de focar e bloquear
distrações

- Resistência/resiliência mental

- Ter um treinamento mental mais


abrangente

- Capacidade de lidar e controlar a


ansiedade

- Confiança

- Inteligência esportiva

- Competitividade

- Ética de trabalho duro

- Capacidade de definir e atingir metas

- Orientação

- Altos níveis de esperança disposicional

- Otimismo

- Perfeccionismo adaptativo

Anshel (2003) - Assumir riscos

- Buscadores de sensações

- Competitividade

- Autoconfiança

- Estilo de atenção
- Expectativas de sucesso

- Resistência mental

- Capacidade de regular os níveis de


estresse

Orlick (2008) - Foco

- Compromisso

- Confiança

- Imagens positivas

- Disposição mental

- Controle de distração

- Aprendizagem contínua

Técnicas de intervenção no esporte psicologia

As técnicas são as "ferramentas" que o psicólogo usa para trabalhar com os atletas;
portanto, dominar habilidades psicológicas por meio do uso dessas técnicas é
essencial ao tentar avaliar ou intervir no contexto esportivo. Da mesma forma,
atletas, treinadores, árbitros e gestores também devem conhecer essas técnicas
para entender melhor como os psicólogos esportivos trabalham com os atletas e
fornecer-lhes oportunidades de praticar por conta própria.
Todos os atletas e treinadores adquiriram, ao longo de suas vidas, diferentes
estratégias para lidar com as dificuldades que surgem nos treinos e competições,
então o papel do psicólogo às vezes será simplesmente aperfeiçoar essas
estratégias; no entanto, em outras ocasiões, o psicólogo ajudará o atleta a mudá-las
(se forem inadequadas) ou ensinará ao atleta novas estratégias para modificar seu
comportamento em situações específicas.

O objetivo da modificação do comportamento em atletas é promover mudanças por


meio de técnicas de intervenção psicológica para melhorar o comportamento dos
indivíduos. Dessa forma, os indivíduos desenvolvem suas potencialidades e
oportunidades disponíveis em seu entorno, otimizam seu ambiente e adotam
atitudes, valores e comportamentos úteis para se adaptar ao que não pode ser
mudado” (Cruzado, Labrador, & Muñoz, 1993, p. 31).

As técnicas de intervenção psicológica mais adequadas para implementação


no contexto esportivo devem ser diferenciadas de acordo com o objetivo desejado.
Se o atleta tiver uma questão específica, algumas técnicas funcionarão melhor do
que outras. Da mesma forma, se alguém estiver buscando aprimorar as habilidades
psicológicas do atleta, algumas técnicas são mais adequadas, pois podem ser
aplicadas a um espectro mais amplo de situações no esporte.

Em resumo, o que se busca alcançar ao melhorar as habilidades psicológicas é o


que é chamado de "flow", que é definido como um "estado em que o indivíduo está
tão envolvido em uma atividade que nada parece importar" (Csikszentmihalyi, 1990,
p. 4). No esporte, um estado de desempenho ótimo é considerado quando um atleta
experimenta um controle máximo sobre si mesmo e a competição (Jackson, 2000;
Jackson e Csikszentmihalyi, 1999). O desempenho máximo e o flow são um dos
objetivos do uso de técnicas para melhorar as habilidades.

As habilidades que os atletas demonstram podem ser resultado de aprendizado


individual ou orientado (Dosil, 2008). Existem vários autores que apontaram as
técnicas mais apropriadas para alcançar uma condição ótima para a competição,
sob a justificativa de que essas técnicas são fundamentais para desenvolver
aspectos psicológicos no atleta. Porter (2003) indica que, para atingir um
desempenho mental máximo durante os treinos e competições, é necessário
dominar cinco técnicas:
1. Estabelecimento de metas eficazes.

2. Técnicas de relaxamento.

3. Prática de visualização ou imagética.

4. Registro de pensamentos.

5. Afirmações positivas ou auto diálogo positivo.

Em um tópico semelhante, Hardy, Jones e Gould (1996) e Vealey (2007)


propõem cinco técnicas básicas que os atletas devem aprender: estabelecimento de
metas, habilidades de relaxamento, visualização/repetição mental,
autodiálogo/pensamentos positivos e técnicas de biofeedback. Na seção seguinte,
forneceremos apenas um breve comentário sobre cada uma dessas técnicas, pois
elas serão desenvolvidas em profundidade em outros capítulos.

Além das técnicas mencionadas acima, as habilidades interpessoais também


podem ser adicionadas, o que muitas vezes é subestimado no ambiente esportivo
(LaVoie, 2007), embora tenha sido demonstrado que o treinamento de habilidades
interpessoais melhoram o desempenho (Freeman, Rees e Hardy, 2009).

Definição de metas

A literatura sobre definição de metas é extensa e tem sido aplicada em


configurações de laboratório, campo e mundo real, utilizando inúmeras tarefas
(Roberts & Kristiansen, 2012). É uma das técnicas mais amplamente utilizadas na
psicologia do esporte (Dosil, 2008) e é considerada essencial para melhorar o
desempenho (Hardy, Jones & Gould, 1996). "Definir uma meta" é identificar o que
se deseja alcançar ou realizar, o que se tentará alcançar, bem como o motivo pelo
qual se realizará um comportamento e persistirá nele. Sua utilidade no campo do
esporte e da atividade física é inquestionável, uma vez que é o principal
determinante da motivação do atleta. Burton, Naylor e Holliday (2001) revisaram os
benefícios dessa técnica em 56 artigos de psicologia do esporte e constataram que,
em 44 desses artigos, houve uma melhora no desempenho esportivo com o seu
uso. No entanto, outros pesquisadores, como Locke e Latham (1990 e 2002),
indicam que essa técnica produz efeitos maiores em contextos organizacionais do
que em contextos esportivos. De uma forma ou de outra, definir metas ao planejar a
temporada, bem como antes, durante e depois dos treinos e competições, é
considerado essencial para regular a motivação e influenciar positivamente outros
fatores relacionados ao desempenho: foco atencional, ansiedade/estresse,
autoconfiança ou coesão da equipe (Dosil, 2008). Roberts e Kristiansen (2012)
sugerem que estabelecer metas específicas e desafiadoras é um fator-chave que
diferencia o desempenho de indivíduos que não estabelecem metas ou que
simplesmente são instruídos a fazer o seu melhor.

Relaxamento

O relaxamento é uma das técnicas mais frequentemente utilizadas na psicologia


geral, assim como na psicologia esportiva, de modo que a maioria das pessoas está
ciente de seu uso e associa o relaxamento ao trabalho do psicólogo esportivo. Sua
utilidade é inquestionável, mas seu uso excessivo pode causar mais danos do que
benefícios. O psicólogo deve utilizá-la nos momentos apropriados e somente após
ter atendido às necessidades psicológicas básicas do atleta primeiro (ou quando for
considerado prioritário o uso dessa técnica para resolver um problema).

O objetivo buscado com o uso do relaxamento é facilitar o atleta ou indivíduo no


contexto esportivo com uma estratégia (também muito útil ao trabalhar com
treinadores, gestores ou árbitros). Essa estratégia permite a autorregulação dos
níveis de excitação (Dosil, 2008), o gerenciamento da energia física (Vealey, 2007)
ou, de forma semelhante, é um instrumento que pode ser usado para diminuir a
ansiedade ou os níveis de estresse. A técnica, como indicado, deve ser utilizada
com cautela, pois seu impacto pode ser positivo ou negativo (alguma ativação
facilita o desempenho, enquanto estar excessivamente relaxado pode ser
prejudicial). Da mesma forma, a prática do relaxamento é adequada para momentos
específicos durante a temporada: ela auxilia no processo de recuperação durante a
fase de sobrecarga física, ajuda a reduzir os níveis de excitação (entre as
competições) quando há muitas competições, alivia a dor quando o atleta sofre uma
lesão ou melhora os padrões de sono antes de uma competição.

Hardy, Jones e Gould (1996) sugerem que as técnicas de relaxamento são


frequentemente utilizadas no desempenho máximo, pois a habilidade de regular a
excitação é uma das características dos melhores atletas. No entanto, Moran (2004)
argumentou que essa técnica é adequada apenas para esportes específicos e para
um tipo específico de atleta.

Existem diversos procedimentos de relaxamento, como treinamento autógeno e


relaxamento progressivo, e o psicólogo deve ajudar o atleta a utilizar aquele que for
mais apropriado e que se adapte às circunstâncias (situações) em que ele possa ser
implementado.

Imagens

A visualização ou imaginação é uma das técnicas mais amplamente utilizadas no


campo esportivo e uma das mais bem documentadas na psicologia esportiva. É
considerada uma das estratégias-chave que um psicólogo deve implementar na
fase de intervenção ao trabalhar com atletas (Perry e Morris, 1995) e sua
importância tem sido estabelecida em diferentes estudos (Holmes e Collin, 2002;
Hardy, Jones e Gould, 1996; Morris, Spittle e Watt, 2005). Suas principais funções
incluem: controle motor, aumento da motivação, alteração do estado de alerta e
afeto, resolução de problemas e compreensão, confiança e autoeficácia, prevenção
e recuperação de lesões, bem como funções artísticas (Murphy, Nordin e Cumming,
2008).

Existem muitos atletas de elite que relatam o uso de visualização antes de iniciar
uma sessão de treinamento ou uma competição, com a ideia de "viver" a situação
antes que ela se torne realidade e, assim, garantir um desempenho bem-sucedido
(por exemplo, Tiger Woods, Michael Jordan, André Agassi, etc.). Alguns atletas o
utilizam de maneira não estruturada e intuitiva, enquanto outros o implementam com
estrutura e propósitos específicos. No entanto, essa técnica deve ser aplicada sob a
supervisão de um psicólogo esportivo e no momento certo, pois pode se tornar
prejudicial e até mesmo prejudicar o desempenho ideal do atleta. Além disso,
diferentes métodos devem ser implementados para avaliar a capacidade de
imaginação de um atleta, como o Questionário de Imaginação de Movimento (MIQ-
R; Hall e Martin, 1997), que se baseia em um autorrelato do indivíduo, ou o
eletroencefalograma (Cremades e Pease, 2007), que fornece mapeamento da
atividade das ondas cerebrais durante a realização da imaginação.

Auto Fala

Uma característica que os atletas bem-sucedidos apresentam é a capacidade


de controlar os pensamentos que surgem durante as sessões de treinamento e
competições. Nos últimos anos, as técnicas cognitivas encontraram uma posição
privilegiada na pesquisa e aplicação, tornando-se uma das estratégias mais
frequentemente usadas entre os psicólogos esportivos (Dosil, 2008).

A dificuldade de controlar os pensamentos durante uma atividade e a complexidade


de canalizar corretamente a autofala são um recurso. Na maioria das modalidades,
o atleta compete em condições físicas (por exemplo, frequência cardíaca elevada)
onde esse controle é mais complicado, porque os pensamentos vêm e vão em alta
velocidade (como flashes). No entanto, a maioria dos atletas não percebe o poder
do pensamento.

A autofala é a chave para alcançar o controle cognitivo (Zinsser, Bunker e Williams,


2001). Em geral, muitos atletas e indivíduos não estão cientes do diálogo interno
que ocorre ao longo do dia (possivelmente devido à velocidade com que surge e à
natureza abstrata/invisível de nossos pensamentos). Durante as sessões de
treinamento e competições, a autofala é fundamental, pois é o meio pelo qual um
atleta ou indivíduo é capaz de controlar seus pensamentos. Existem evidências
empíricas que sugerem que o uso de mensagens positivas durante uma atividade
faz com que os atletas aumentem seu desempenho, enquanto o uso de mensagens
negativas prejudica o desempenho (Van Raalte, Brewer, Rivera e Petitpas, 1994).
Biofeedback

O biofeedback pode ser definido como o uso de instrumentos para detectar e


amplificar processos fisiológicos internos, a fim de tornar essas informações
disponíveis ao atleta. Essas informações estão normalmente fora do alcance e
limitam a crença no trabalho que pode ser realizado por um psicólogo. Assim, pode-
se entender que "feedback" é informação, e "biofeedback" é informação sobre o
estado de um processo biológico. Qualquer técnica que facilite informações sobre
as atividades fisiológicas de alguém e permita o controle dessas atividades pode ser
considerada um procedimento ou processo de biofeedback. Moss e Wilson (2012)
mencionaram os principais procedimentos gerais usados para facilitar o
desempenho ótimo: eletromiografia de superfície, biofeedback eletrodérmico,
biofeedback térmico, treinamento respiratório, biofeedback da frequência cardíaca e
da variabilidade da frequência cardíaca.

Vários pesquisadores documentaram os múltiplos benefícios da implementação de


técnicas de biofeedback no campo do esporte e exercício (Ekkekakis & Petruzzello,
2002; Tenenbaum, Corbett, & Kitsantas, 2002). Entre esses benefícios, dois são
considerados mais significativos para o propósito deste capítulo: a aplicação do
biofeedback como uma ferramenta que serve para demonstrar a influência da mente
sobre o corpo e um método para treinar o componente psicológico. Por sua vez,
isso ajudará o atleta a melhorar o desempenho e a aprimorar suas habilidades de
autorregulação.

Um tipo específico de biofeedback é chamado "neurofeedback". Esse termo é usado


como um termo mais moderno para o biofeedback de eletroencefalografia (EEG),
levando em consideração que o EEG é a variável a ser trabalhada e fornecendo
uma adição às aplicações periféricas de biofeedback (Othmer & Othmer, 2012).

Hammond (2007) considera que os psicólogos do esporte descobrirão que o


neurofeedback é uma tecnologia de ponta que tem o potencial de melhorar a
concentração e a atenção, reduzir a ansiedade e o diálogo mental disruptivo, além
de ajudar na reabilitação de concussões e lesões leves na cabeça.

Habilidades de comunicação

As habilidades de comunicação são fundamentais em qualquer aspecto da vida, por


isso é uma área que requer treinamento no esporte. Além disso, os atletas utilizam
estratégias de comunicação em seu ambiente, o que contribui para a criação de
uma atmosfera adequada para focar no desempenho. O treinamento de habilidades
de comunicação têm se concentrado em treinadores (Weinberg & Gould, 2011), pais
(Gimeno, 2003), equipes (Stuntza & Garwood, 2012) ou até mesmo gestores e
árbitros (Dosil, 2008).

Primeiro, o atleta será avaliado por meio de observação e gravações em vídeo para
determinar suas interações com os outros no campo (por exemplo, treinador,
companheiros de equipe). Uma vez que o atleta tenha sido observado, ele será
então entrevistado e sua comunicação verbal e expressões emocionais (por
exemplo, tom e entonação da voz, movimento das mãos, gestos faciais) serão
avaliados. Com base em suas habilidades de comunicação, o psicólogo do esporte
trabalhará em uma técnica específica (ou técnicas específicas). Dois métodos
comuns utilizados no campo da psicologia do esporte são o treinamento de
assertividade e empatia.

COMO DEVE SER IMPLEMENTADO O TREINAMENTO DE COMPETÊNCIAS


PSICOLÓGICAS?

O tipo de treinamento de habilidades psicológicas a ser implementado com um


atleta ou equipe dependerá de vários fatores. Dentre eles, a disponibilidade de
tempo e o orçamento financeiro da equipe ou atleta são fundamentais. Dosil (2008)
identifica dois tipos de programas de treinamento de habilidades psicológicas: o
Programa de Treinamento de Habilidades Psicológicas (PSTP) e o Programa de
Psicologia Aplicada às Sessões Práticas (APPPS).
Psychological Skills Training Program (PSTP) - Programa de Treinamento de
Habilidades Psicológicas

O PSTP é um programa destinado a aprender estratégias psicológicas que podem


ser aplicadas em sessões de treinamento ou competições. Ele é implementado em
paralelo aos programas de treinamento físico, requer um alto grau de envolvimento
por parte do atleta e é frequentemente recomendado para atletas/equipes que têm
dedicação exclusiva ao esporte (por exemplo, membros de um centro de
treinamento de alto desempenho).

Para usar esse programa, o atleta deve se envolver no treinamento psicológico de


maneira semelhante ao treinamento físico. A falta de conhecimento sobre o que
pode ser realmente alcançado com esse tipo de preparação resulta no fato de que
muito poucos atletas se envolvem no treinamento de habilidades psicológicas.
Assim, considera-se um treinamento que ainda precisa ser explorado e que será um
fator diferenciador na competição do futuro.

Balaguer e Castillo (1994) identificam duas fases dentro do PSTP: geral e


específica. A primeira refere-se ao desenvolvimento de habilidades psicológicas
básicas por meio de técnicas, que são necessárias para qualquer trabalho aplicado
subsequente: relaxamento, diálogo interno positivo, autoativação, visualização e
concentração. A segunda consiste em transferir as habilidades aprendidas para
situações específicas dentro do contexto esportivo, com o objetivo de que o atleta
encontre o valor prático dessas habilidades.

Nesse tipo de programa de treinamento mental, os atletas têm dificuldade em


transferir as habilidades da primeira fase para a segunda. O papel do psicólogo é
fundamental para que o atleta atinja os níveis apropriados de motivação e
confiança. Petitpas, Giges e Danish (1999) indicam que a eficácia do PSTP tende a
depender da relação estabelecida entre o atleta e o psicólogo esportivo. A duração
estimada do PSTP é de três a seis meses, com uma sequência aplicada de três a
cinco sessões por semana, com duração de 15 a 30 minutos para aprender cada
uma das técnicas.

É apropriado começar com um plano quando não há competição, preferencialmente


na pré-temporada ou durante os períodos de descanso do treinamento físico. É
comum encontrar esse tipo de programa em centros onde tudo gira em torno do
esporte e os atletas têm a oportunidade de trabalhar com um psicólogo
semanalmente. Nesse sentido, Vernacchia (2003) indica que o treinamento de
habilidades psicológicas é a melhor maneira de garantir um estado de alto
desempenho.

Esse tipo de treinamento de habilidades psicológicas tem se mostrado eficiente em


75-80% dos casos (Vealey, 1994; Weinberg & Comar, 1994), o que confirma que
seu desenvolvimento contribui para melhorar o desempenho e o bem-estar do
atleta/equipe. No entanto, o grau de envolvimento que esse treinamento exige é
considerado um fardo, o que se reflete no número de atletas que não participam
porque acreditam que a relação custo/benefício é inadequada.

Applied Psychology Program to Practice Sessions (APPPS) - Programa de


Psicologia Aplicada às Sessões Práticas (APPS)

APPPS é um programa destinado a otimizar sessões de treinamento, portanto, o


psicólogo concentra-se em aprimorar essas sessões por meio de estratégias
psicológicas. Esse tipo de programa justifica que a psicologia deve ser integrada ao
treinamento físico, técnico e tático, que é considerado a base fundamental para o
aprimoramento do desempenho (Vealey, 2007). Ao contrário do PSTP, o psicólogo
concentra-se no que acontece durante as sessões de treinamento e determina
como colaborar para otimizá-las. O custo para o atleta é mínimo e os benefícios são
imediatos, portanto, a motivação e a confiança geralmente aumentam com o
treinamento mental. O APPPS seria o programa recomendado para implementar,
uma vez que atletas e treinadores percebem um maior envolvimento por parte do
psicólogo esportivo, sendo um especialista autêntico nessa modalidade (Dosil,
2006). O papel do psicólogo consiste em fornecer estratégias específicas para cada
situação, com o objetivo de resolver conflitos potenciais e otimizar o desempenho.
Essas estratégias são facilitadas com informações fornecidas pelos atletas e
treinadores de cada modalidade, além de observações e instrumentos de coleta de
dados (Fifer, Henschen, Gould e Ravizza, 2008).

O principal objetivo de um psicólogo que se concentra na aplicação de estratégias


psicológicas durante as sessões de treinamento é alcançar a adesão, pois essa é a
chave para melhorar os aspectos físicos, técnicos, táticos e psicológicos. Para
conseguir isso, o psicólogo deve cuidar do ambiente que envolve o atleta (Gould,
Dieffenbach e Moffett, 2002), além de estabelecer os aspectos que motivam o atleta
a permanecer no esporte e se dedicar ao máximo para alcançar o sucesso.

Uma vez que esse objetivo seja alcançado, cada modalidade e cada atleta terá
necessidades específicas que o psicólogo deve atender. Em geral, pode-se seguir
as instruções de Balague (1997), que sugerem que motivação, tolerância à fadiga,
perseverança e concentração são características que o psicólogo esportivo deve
reforçar durante as sessões de treinamento para alcançar a qualidade. A motivação
é o motor da prática; é o que faz com que o atleta se sacrifique diariamente para
alcançar um objetivo. A tolerância à fadiga é fundamental quando se pratica uma
modalidade que requer muitas horas de treinamento. A fadiga pode ser física e/ou
mental, e é aconselhável tê-la sob controle durante os períodos de treinamento
(Dosil, 2006).

Da mesma forma, a perseverança é importante, pois sem ela os grandes objetivos


se tornam inatingíveis. Atletas perseverantes tendem a ter fé em si mesmos e
trabalham muito para alcançar seus objetivos planejados. É uma característica que
pode ser vista em quase todos aqueles que alcançaram sucesso em uma
determinada modalidade (por exemplo, ficar após o treino para trabalhar em um
movimento específico que precisa de melhoria). O que faz um grande atleta é o
desejo de se destacar, de superar barreiras e de não estabelecer limites. Por fim, a
concentração é essencial durante a prática. Nesse sentido, as sessões de
treinamento devem permitir que o atleta ensaie a capacidade de se concentrar na
tarefa, bem como controlar os aspectos nos quais se deve focar: conectar-
desconectar de certos assuntos quando apropriado (por exemplo, deixar problemas
familiares "do lado de fora" do estádio).

Resumindo, com o APPPS, o psicólogo leva em consideração todas as variáveis


psicológicas que podem impactar o desempenho e o bem-estar do atleta, adaptando
estratégias de intervenção a cada modalidade e a cada atleta (por exemplo, alguns
precisarão ser motivados, outros precisarão melhorar sua capacidade de sofrimento,
outros precisarão reduzir a ansiedade antes de sessões de treinamento específicas,
etc.)

ONDE DEVE OCORRER O TREINAMENTO DE HABILIDADES PSICOLÓGICAS?

O local onde o treinamento de habilidades psicológicas deve ser


implementado varia de caso para caso. É importante partir do princípio de que o
psicólogo esportivo deve ser aquele que se adapta às necessidades do atleta ou
clube. Assim, descrevemos três tipos de intervenção que geralmente são
implementados no campo esportivo, sabendo que em alguns casos o ideal será uma
intervenção no campo e, em outros casos, trabalho no escritório ou online. Ser
capaz de compreender e implementar esses três tipos de intervenção (mesmo
simultaneamente) permite que os psicólogos esportivos otimizem os serviços
psicológicos para atletas e clubes. Dosil (2006) fornece uma descrição mais
detalhada desses tipos de intervenções.

Intervenção clínica

Esta é a opção clássica na psicologia do esporte. Ela deriva da psicologia clínica e


envolve a realização de treinamento psicológico no escritório da equipe ou clube ou
em uma prática de psicologia clínica. Embora o escritório possa ser usado para
avaliar e tratar atletas, informações contextuais importantes são facilmente perdidas.
Quaisquer mitos que cercam o trabalho da psicologia clínica devem ser dissipados,
especialmente quando muitos atletas ainda têm dificuldades com a ideia de ir a um
escritório de psicologia esportiva com a intenção de melhorar o desempenho, em
vez de resolver problemas, o que continua sendo o motivo mais frequente de suas
visitas (por exemplo, falta de motivação para treinar, falta de consistência, ser
excessivamente negativo, ficar nervoso, etc.). No escritório, embora a prioridade
deva ser dada aos problemas dos atletas, também é uma oportunidade excepcional
para informá-los sobre as possibilidades que o treinamento psicológico tem para
melhorar seu desempenho e bem-estar.

Intervenção de campo

Envolve entrar no ambiente esportivo para realizar avaliações psicológicas de


treinadores e atletas. O objetivo principal dessa forma de treinamento psicológico é
integrar os psicólogos nas equipes com as quais estão colaborando, atuando em
seu ambiente natural e fornecendo-lhes estratégias que possam ser adaptadas às
suas situações cotidianas. É aconselhável utilizar uma intervenção no campo
esportivo nos esportes onde uma avaliação clínica bem-sucedida é mais difícil. Em
algumas ocasiões, podem surgir problemas quando os psicólogos esportivos não
têm um local adequado para se encontrar com os atletas (como um escritório) e, em
certa medida, perdem a confidencialidade que esse ambiente proporcionaria. Isso
tem repercussões em relação ao treinamento de algumas estratégias, que exigem
tempo para serem aprendidas e um local adequado para trabalhar nelas
corretamente (por exemplo, relaxamento ou visualização).

Intervenção Online

É um dos métodos menos desenvolvidos na psicologia e raramente empregado na


psicologia esportiva. No entanto, vários estudos têm demonstrado que seu uso é tão
eficaz quanto, se não mais, do que as formas mais tradicionais de orientação (Zirri &
Perna, 2002). Pode se tornar uma das possibilidades profissionais do futuro, uma
vez que oferece certas vantagens em relação às abordagens mencionadas
anteriormente (por exemplo, confidencialidade, anonimato para atletas que desejam
permanecer desconhecidos, rapidez de resposta/tratamento, etc.). Essa forma de
orientação tem solicitações limitadas, mas está se tornando mais popular entre os
atletas. No entanto, em algumas ocasiões, os psicólogos precisam consultar os
atletas pessoalmente. Além disso, é extremamente eficaz orientar treinadores (por
meio de "aconselhamento psicológico"), fornecer orientações de ação simples para
alguns atletas ou trabalhar usando registros, o que a torna uma ferramenta de valor
incontestável na psicologia esportiva atual.

Conclusão

Ao longo do capítulo, foram fornecidas respostas a três questões-chave


relacionadas ao treinamento de habilidades psicológicas no contexto esportivo: o
que, como e onde o treinamento de habilidades psicológicas deve ser praticado. A
habilidade que se pratica não deve apresentar grandes mudanças, mas a forma e o
local do treinamento sim. Programas de treinamento de habilidades que foram
implementados com resultados positivos têm sido propostos nos últimos anos, mas
a área em que ocorrerão grandes mudanças é o local onde o treinamento é
realizado e como esses serviços são fornecidos. No futuro, o ciberespaço ganhará
maior destaque graças às novas tecnologias (smartphones e tablets). Essas
tecnologias vão influenciar drasticamente a aplicação de programas de treinamento
psicológico. A Internet já está permitindo intervenções virtuais e o desenvolvimento
de aplicativos para dispositivos que facilitarão a avaliação e o treinamento online
para atletas sem a necessidade da presença física do psicólogo. No entanto, é
preciso prestar atenção especial a esse fenômeno, pois ele traz vantagens e
desvantagens. A intervenção oportuna em qualquer lugar e a qualquer momento é
uma ajuda importante, mas o "relacionamento virtual" pode afetar outros aspectos
necessários na comunicação, todos eles relacionados à comunicação não verbal.

Definição de metas e desempenho esportivo


Resultados de pesquisas e aplicações práticas
RESUMO

O objetivo deste capítulo é fornecer insights sobre a definição eficaz de metas, com
o objetivo específico de fornecer diretrizes sobre como desenvolver e implementar
um programa de definição de metas com equipes esportivas e indivíduos. São
fornecidas diretrizes para facilitar a compreensão de como identificar metas, a
importância de estabelecer diferentes tipos de metas (ou seja, resultado,
desempenho, processo) e também qual tipo de metas priorizar em diferentes
situações (por exemplo, competição versus treinamento). A pesquisa atual sobre
definição de metas nos domínios do esporte e do exercício é revisada para ilustrar
por que as metas são importantes. Do ponto de vista prático, é apresentado um
estudo de caso para demonstrar os princípios necessários para a definição eficaz de
metas e como esses princípios podem ser usados no desenvolvimento e
implementação de um programa de definição de metas

Introdução

Treinadores e atletas têm usado há muito tempo a definição de metas como uma
estratégia mental para melhorar o desempenho esportivo. É considerada uma das
estratégias mais populares para aumentar a motivação, confiança e foco na tarefa
dos atletas. Especificamente, estabelecer metas pode ajudar os atletas a priorizar o
que é mais importante para eles em seu esporte e, consequentemente, orientar as
práticas diárias, sabendo no que trabalhar. As duas citações abaixo, a primeira de
um atleta e a segunda de um treinador, demonstram os papéis importantes que as
metas podem ter no impulso de um atleta para ser bem-sucedido, e também que a
definição de metas pode fornecer foco e direção.

"O treinador deve ter metas. A equipe deve ter metas. Cada jogador de tênis
individual deve ter metas - metas reais, vívidas e vivas. As metas mantêm todos no
alvo. As metas me comprometem com o trabalho, tempo, dor e qualquer outra coisa
que faça parte do preço para alcançar o sucesso" (Weinberg, 2002, p. 34).
"Meu objetivo é garantir que eu permaneça alinhado e no caminho certo. Não quero
apenas ficar patinando, quero ter algo pelo que trabalhar e em direção ao qual me
esforçar" (Weinberg, Butt, Knight & Peritt, 2001, p. 391).

OBJETIVOS
Após ler este capítulo, o leitor deverá ser capaz de:

1. Descrever os três tipos diferentes de metas.


2. Compreender como as metas influenciam o desempenho.
3. Entender os princípios da definição de metas.
4. Aplicar os princípios de definição de metas a situações esportivas
competitivas.

DEFINIÇÃO DE METAS: DA PESQUISA À PRÁTICA

É comum os atletas saberem o que desejam no esporte (por exemplo, vencer um


torneio, ser selecionado para testes), mas é mais importante que eles aprendam a
definir o tipo certo de metas e desenvolver planos e estratégias estratégicas que
possam ajudá-los a trabalhar para alcançar as metas alcançadas. Este capítulo
começa definindo os diferentes tipos de metas, seguido por uma visão geral das
evidências empíricas sobre o estabelecimento de metas específicas para esportes e
exercícios. A parte final deste capítulo inclui um estudo de caso que demonstra os
princípios do estabelecimento eficaz de metas e descreve as três fases envolvidas
na elaboração de um programa para alcançá-las.

DEFININDO METAS
Na literatura científica, uma meta é considerada de natureza objetiva e está
centrada em alcançar um nível específico de proficiência. A definição mais
amplamente aceita de meta foi apresentada por Locke, Shaw, Saari e Latham
(1981), que a definiram como alcançar um nível específico de proficiência em uma
tarefa, geralmente dentro de um limite de tempo determinado. Um nadador que
define como meta diminuir seu tempo de chegada em dois segundos está
estabelecendo uma meta objetiva e específica. Atletas também podem estabelecer
metas subjetivas, como querer se divertir mais nesta temporada do que na anterior.
Estabelecer tanto metas subjetivas quanto objetivas é considerado importante; no
entanto, metas objetivas são mais fáceis de quantificar do que metas subjetivas. Ou
seja, ao quantificar metas de maneira objetiva, podemos monitorar nosso progresso
e saber quando alcançamos. Na literatura esportiva e de exercícios, três tipos de
metas são predominantemente discutidos: metas de resultado, metas de
desempenho e metas de processo. Metas de resultado geralmente se concentram
no resultado final ou resultado de um evento ou competição, como vencer ou
perder. Exemplos de uma meta de resultado podem incluir ganhar um campeonato
de liga, vencer um oponente em pontos/pontuações, alcançar uma classificação
específica ou obter um registro de 12-6 em uma temporada. O ponto chave a
lembrar sobre o estabelecimento de metas de resultado é que nós temos controle
sobre se as alcançamos ou não. Consequentemente, alcançar uma meta de
resultado, em grande parte, depende do desempenho dos outros (ou seja, a
oposição). Atletas que se concentram exclusivamente em metas de resultado
podem ficar ansiosos e frequentemente distraídos durante as competições, pois
estão mais preocupados com o resultado final do que em se concentrar na tarefa
em questão.

Metas de desempenho, por outro lado, ajudam os atletas a se concentrarem em


melhorar seu próprio desempenho. Ou seja, quando os atletas estabelecem esses
tipos de metas, estão fazendo comparações com seus próprios desempenhos
superiores, em vez dos adversários. Exemplos de uma meta de desempenho
incluem melhorar a porcentagem de primeiros serviços no tênis de 50% para 60%,
aumentar a média de rebatidas em comparação com a temporada anterior e correr
um tempo pessoal recorde. Metas de desempenho são consideradas mais
controláveis, pois os atletas não precisam depender do desempenho dos outros
para alcançá-las. Portanto, estabelecer metas de desempenho pode aumentar a
motivação intrínseca dos atletas e seus níveis de autoconfiança.

Metas de processo concentram-se em como um atleta executa uma habilidade


específica (ou seja, as ações nas quais um jogador deve se concentrar para
executar um desempenho). Exemplos de metas de processo incluem um jogador de
vôlei aperfeiçoando seu lançamento de saque ou um chutador de rugby focando no
posicionamento do pé em relação à bola. Devido à natureza das metas de processo,
elas tendem a ser usadas principalmente em sessões de treinamento, pois é onde
os atletas praticam a perfeição de habilidades específicas. No entanto, não é
incomum que os atletas mudem para um pensamento mais orientado ao processo
durante momentos de pressão na competição, para ajudá-los a se concentrar na
execução de uma habilidade bem-feita, em vez do resultado. Estabelecer cada tipo
de meta pode melhorar o desempenho esportivo, e é recomendado que os atletas
aprendam a priorizar suas metas, pois é provável que diferentes tipos de metas
sejam mais eficazes para diferentes situações (por exemplo, competição versus
treinamento). De fato, pesquisas com atletas de elite mostram que esses três tipos
de metas em combinação estão relacionados a um melhor desempenho (Filby,
Maynard e Graydon, 1999). É importante observar que metas de desempenho e de
resultado são importantes para os atletas, mas para cada meta de resultado, devem
ser garantidas várias metas de desempenho e processo que proporcionem o
caminho passo a passo para alcançar esse resultado.

Pontos-chave

Existem três tipos diferentes de objetivos.


● Objetivos de resultado concentram-se no resultado final ou desfecho de um
evento ou competição, como vencer e perder.
● Objetivos de desempenho ajudam os atletas a focar na melhoria de seu próprio
desempenho.
● Objetivos de processo concentram-se em como um atleta executa uma habilidade
específica.
● Para cada objetivo de resultado, devem ser estabelecidos vários objetivos de
desempenho e processo que fornecem o caminho passo a passo para alcançar
esse resultado.

POR QUE AS METAS FUNCIONAM? PESQUISA EM AMBIENTES


ORGANIZACIONAIS E ESPORTIVOS

De acordo com pesquisas conduzidas por Locke e seus colegas (Locke et al., 1981;
Locke & Latham, 1990), o estabelecimento de metas é eficaz porque as metas
conscientes de um indivíduo, ao tentar realizar uma tarefa, realmente regulam o
desempenho da tarefa. As metas são formadas por meio de comparações internas e
padrões para avaliar o desempenho; portanto, acredita-se que os atletas possam
atingir um nível de desempenho mais alto se forem estabelecidas metas específicas
e difíceis. Geralmente, acredita-se que as metas direcionem a atenção e a ação e
ajudem os atletas a se concentrarem no que precisam fazer tanto a curto quanto a
longo prazo. Pesquisas apontam que estabelecer metas específicas e difíceis
produz um desempenho melhor do que metas fáceis, metas do tipo "faça o seu
melhor" ou nenhuma meta.

Pesquisas sobre o estabelecimento de metas vêm sendo conduzidas em ambientes


industriais e organizacionais há mais de 45 anos (cf. Locke & Latham, 2002). Um
princípio central da teoria inicial de estabelecimento de metas de Locke é que metas
específicas, difíceis e desafiadoras levam a níveis mais altos de desempenho do
que estabelecer metas fáceis, nenhuma meta ou metas do tipo "faça o seu melhor".
Essa parte da teoria recebeu muita atenção ao longo dos anos e foi extensivamente
testada. Por exemplo, em uma revisão em larga escala de 201 estudos conduzidos
por Locke e Latham (1990), 91% forneceram suporte para a hipótese inicial de
Locke. Os estudos revisados envolveram mais de 40.000 participantes e
abrangeram aproximadamente 90 tarefas diferentes em ambientes de laboratório e
campo, demonstrando, assim, a solidez dos resultados.

Um segundo aspecto importante da teoria de estabelecimento de metas de Locke


diz respeito à dificuldade das metas e ao desempenho. Segundo Locke, existe uma
relação linear entre o grau de dificuldade das metas e o desempenho, com exceção
quando os participantes atingem os limites de suas habilidades em níveis de
dificuldade de meta elevados, o que resulta em um desempenho estagnado. Em
geral, há amplo suporte para o fato de metas mais difíceis produzirem níveis mais
altos de desempenho da tarefa do que metas fáceis no contexto industrial.

É importante que os profissionais entendam como e por que o estabelecimento de


metas influencia o desempenho. Uma das explicações comumente apresentadas é
conhecida como perspectiva mecanicista. Especificamente, ao explicar a eficácia
das metas em aprimorar o desempenho, Locke et al. (1981) argumentam que as
metas influenciam o desempenho de quatro maneiras. Ou seja, acredita-se que as
metas influenciem o desempenho ajudando os atletas a direcionar sua atenção para
a tarefa em questão e, portanto, a se concentrarem nos estímulos relevantes
envolvidos na execução das habilidades adequadas. Além de direcionar a atenção,
as metas também podem aumentar o esforço e a persistência, porque, por meio do
monitoramento sistemático das metas, é possível obter feedback sobre o progresso.
Por fim, as metas podem influenciar o desempenho ajudando os atletas a
desenvolverem estratégias de aprendizado relevantes. Especificamente, quando os
atletas estabelecem metas, podem ser implementadas estratégias negociadas pelo
atleta e seu treinador para ajudá-los a alcançar essas metas.

O suporte para a visão mecanicista na explicação da eficácia das metas em


aprimorar o desempenho esportivo foi encontrado em estudos conduzidos por
Weinberg e seus colegas (por exemplo, Weinberg, Burton, Yukelson & Weigand,
1993; Weinberg, Stitcher & Richardson, 1994; Weinberg, Butt, Knight & Perritt,
2001). Por exemplo, em um estudo realizado com atletas universitários, relatou-se
que estabelecer metas para direcionar a atenção para a tarefa em questão era o
motivo mais importante para estabelecer metas (Weinberg et al., 1993). Para ilustrar
o papel do feedback sobre o progresso, Weinberg et al. (1994) conduziram um
estudo ao longo de uma temporada com jogadores universitários de lacrosse.
Especificamente, os resultados revelaram que os atletas que estabeleceram metas
de curto e longo prazo demonstraram consistentemente níveis mais altos de
medidas ofensivas e defensivas de desempenho ao longo da temporada em
comparação com o grupo de atletas que não estabeleceu metas.

Pontos-chave:
● Estabelecer metas específicas, difíceis e desafiadoras leva a níveis mais altos de
desempenho na tarefa do que estabelecer metas fáceis, não estabelecer metas ou
estabelecer metas de "faça o seu melhor".
● A visão mecanicista explica por que as metas influenciam o desempenho de três
maneiras:
● Ajudando os atletas a direcionar sua atenção para a tarefa em questão.
● Aumentando o esforço e a persistência.
● Auxiliando os atletas a desenvolver estratégias de aprendizagem relevantes.

Devido às evidências encontradas para os efeitos motivacionais e de melhoria de


desempenho do estabelecimento de metas no ambiente organizacional, ele foi
posteriormente adotado no esporte, embora não tenha sido pesquisado
sistematicamente no esporte e nos ambientes de exercício até a década de 1980. O
suporte empírico para o estabelecimento de metas como uma ferramenta para
melhorar o desempenho esportivo e no exercício foi ilustrado em uma meta-análise
(Kyllo & Landers, 1995), que incluiu 36 estudos. Após a realização deste primeiro
estudo em larga escala, a pesquisa sobre estabelecimento de metas continuou a
crescer, com revisões adicionais relatando um número crescente de referências à
pesquisa sobre estabelecimento de metas em ambientes esportivos e de exercícios
(cf., Burton & Weiss, 2008; Naylor & Holliday, 2001). Coletivamente, os resultados
dessa pesquisa indicaram uma relação moderada a forte entre estabelecimento de
metas e desempenho (ou seja, taxa de eficácia de 80%). Em apoio a esses
achados, atletas olímpicos perceberam o estabelecimento de metas como uma das
intervenções psicológicas mais utilizadas, e consultores líderes em psicologia
esportiva também relataram que o estabelecimento de metas é eficaz ao trabalhar
com atletas olímpicos (por exemplo, Burton, Pickering, Weinberg, Yukelson &
Weigand, 2010). É importante observar que diversos fatores, como personalidade,
grau de comprometimento, incentivos e habilidade do atleta para alcançar a meta,
influenciam o estabelecimento de metas eficaz. É levando em consideração esses
fatores mediadores que Locke (1968) argumentou contra uma relação simples de
causa e efeito entre metas e comportamento.
A próxima parte deste capítulo introduz o estabelecimento de metas eficaz e como
projetar um programa de estabelecimento de metas. Embora os princípios do
estabelecimento de metas permitam nossa prática de uma perspectiva aplicada, é
importante considerar parte da pesquisa e dos dados empíricos nos quais os
princípios se baseiam e, portanto, fundamentam alguns dos princípios apresentados
abaixo. Como mencionado anteriormente, está bem documentado que o
estabelecimento de metas tem um impacto positivo no desempenho esportivo (por
exemplo, Filby et al., 1999; Weinberg et al., 2010). Um dos princípios-chave
envolvidos em ajudar os objetivos a se relacionarem positivamente com o
desempenho é a especificidade e a dificuldade das metas. Em particular,
estabelecer metas específicas que sejam desafiadoras, mas realistas, tende a
resultar em um desempenho melhor do que estabelecer metas subjetivas ou do tipo
"faça o seu melhor" (Mento, Steel & Karren, 1987). Um estudo envolvendo
boxeadores de elite e não-elite que utilizaram o perfil de desempenho (Butler &
Hardy, 1992) para ajudar a estabelecer metas específicas em um nível adequado de
desafio apoiou esses princípios do estabelecimento de metas (por exemplo, O'Brien,
Mellalieu & Hanton, 2009). É evidente que o estabelecimento de metas específicas
pode incentivar os atletas a se concentrarem na tarefa em questão. Da mesma
forma, pesquisas revelaram que metas de curto e longo prazo são necessárias para
manter a motivação e o desempenho (por exemplo, Kane, Baltes & Moss, 2001).
Enquanto os atletas podem identificar e estabelecer facilmente metas de resultado
que tendem a ser de longo prazo, são as metas de curto prazo que os ajudam a
focar em melhorias menores, fornecendo feedback contínuo se monitoradas com
frequência. Pesquisas também apoiam a sugestão de que as metas devem ser
registradas e escritas (O'Brien et al., 2009). Apesar dos achados da pesquisa,
relatórios de pesquisas qualitativas de atletas e treinadores indicam que nem
sempre isso ocorre de maneira sistemática, o que aumentaria a eficácia das metas
(por exemplo, Weinberg et al., 2001). Por fim, estabelecer metas tanto de prática
quanto de competição é outro princípio-chave envolvido no estabelecimento de
metas (Weinberg et al., 2001). Em particular, o estabelecimento de metas de prática
recebeu suporte de achados de pesquisas envolvendo treinadores e atletas. Por
exemplo, Côté, Salmela e Russell (1995) observaram treinadores especialistas e
constataram que uma das coisas que esses treinadores faziam consistentemente
era estabelecer metas na prática para manter os atletas focados e motivados. Da
mesma forma, Orlick e Partington (1988) relataram que estabelecer metas de
prática foi um fator crítico que diferenciou atletas olímpicos bem-sucedidos e mal
sucedidos.

PRINCÍPIOS DO ESTABELECIMENTO DE METAS

Embora saibamos que o estabelecimento de metas pode melhorar o desempenho e


o crescimento pessoal em ambientes esportivos e de exercícios, é enganoso
pensar, no entanto, que todos os tipos de metas são igualmente eficazes para
alcançar esses objetivos. Por exemplo, de acordo com a teoria das metas de
realização, as orientações de meta de maestria (melhorar em relação a si mesmo) e
de resultado (comparar com os outros) levam a práticas e eficácia de
estabelecimento de metas diferentes. Da mesma forma, situações diferentes, como
estabelecer um ambiente de maestria ou de resultado, também podem provocar
diferentes níveis de eficácia do estabelecimento de metas. Em essência, é
importante enfatizar a distinção entre a "ciência" e a "arte" de estabelecer metas.
Especificamente, os pesquisadores podem fornecer aos profissionais a ciência do
estabelecimento de metas, o que leva ao desenvolvimento de certos princípios. No
entanto, as restrições situacionais e as diferenças individuais sempre desempenham
um papel; portanto, os treinadores precisam conhecer bem suas equipes e seus
atletas individuais para maximizar a eficácia do estabelecimento de metas. A
eficácia de qualquer técnica motivacional, portanto, depende da interação entre os
indivíduos e a situação em que eles se encontram. Os princípios do estabelecimento
de metas apresentados abaixo devem ser vistos dentro desse contexto.

Estabeleça metas específicas e mensuráveis


Os atletas frequentemente ouvem treinadores e professores dizerem para "sair e dar
o seu melhor". Com metas de "dar o seu melhor", no entanto, os atletas e
praticantes de exercícios nunca falham, pois eles sempre podem dizer que deram o
seu melhor. Embora essa instrução de "dar o seu melhor" possa ser motivadora,
não é tão eficaz em aumentar a motivação e o desempenho quanto encorajar os
participantes a estabelecer uma meta específica. De fato, tem sido
consistentemente demonstrado que metas específicas e mensuráveis produzem um
desempenho significativamente melhor do que metas de "dar o seu melhor". Uma
das razões pelas quais as metas precisam ser específicas é que elas também
precisam ser mensuráveis, para que os praticantes saibam que estão progredindo
em direção à sua realização. Por exemplo, dizer a uma jogadora de basquete para
melhorar sua porcentagem de lances livres não seria tão útil quanto dizer a ela que
você quer que ela melhore sua porcentagem de 70% para 80% estendendo o
cotovelo no arremesso. Isso dá à jogadora uma meta específica para alcançar e
uma maneira de medir se ela atingiu a meta.

Estabeleça metas realistas, porém desafiadoras/moderadamente difíceis

Ao estabelecer metas, um princípio consistente a ser seguido é que elas devem ser
desafiadoras e realistas. Metas muito fáceis não apresentam um desafio para os
indivíduos, o que leva à complacência e a um esforço inferior ao máximo. Por outro
lado, se as metas forem muito difíceis, os indivíduos terão tendência a perder a
motivação e possivelmente desistir quando não alcançarem suas metas. Mas como
determinar se uma meta é realista e desafiadora? É aqui que a arte do treinamento
se torna importante, pois os treinadores precisam conhecer cada atleta
individualmente para determinar o desafio apropriado para esse atleta.
Uma boa regra a ser lembrada é estabelecer metas imediatas não mais do que 5%
acima do desempenho atual nas últimas semanas. No entanto, em muitos esportes
(por exemplo, natação, esqui, atletismo), mesmo um aumento de 1% no
desempenho pode ser uma melhoria significativa e fazer a diferença entre vencer e
perder. Portanto, o segredo é encontrar um equilíbrio entre se colocar em situação
de fracasso (metas muito difíceis) e permitir um sucesso fácil (metas muito fáceis).
Nesse meio-termo residem metas desafiadoras, realistas, moderadamente difíceis e
alcançáveis.

Estabeleça metas de curto prazo e de longo prazo

Treinadores e atletas são sempre orientados a estabelecer metas tanto de curto


prazo quanto de longo prazo. Mas por que esses dois tipos de metas são
necessários? Normalmente, os treinadores estabelecem metas de longo prazo
orientadas para resultados, como vencer o campeonato da liga, e os atletas podem
estabelecer metas individuais de longo prazo, como ganhar uma medalha nas
Olimpíadas. Essas metas de longo prazo são muito importantes para o sucesso,
pois fornecem aos treinadores e atletas uma direção e um destino, e às vezes
podem ser consideradas metas de sonho. Em essência, elas mantêm o foco no
lugar para onde se deseja chegar eventualmente. Como alguns atletas diriam,
"mantenha os olhos no prêmio".

A pesquisa também revelou que tanto as metas de curto prazo quanto as de longo
prazo são necessárias para manter a motivação e o desempenho ao longo do
tempo (Weinberg et al., 2001). As metas de curto prazo são importantes porque
ajudam os indivíduos a se concentrarem em pequenas melhorias e também
fornecem um feedback contínuo sobre o progresso em relação à meta de longo
prazo. Esse feedback pode ter uma função motivacional e permitir o ajuste das
metas para cima ou para baixo, dependendo da situação. Uma meta de longo prazo
pode parecer inalcançável, mas dividi-la em metas de curto prazo gerenciáveis pode
tornar o aparentemente impossível possível. Uma boa maneira de visualizar a
interação entre metas de curto prazo e de longo prazo é pensar em uma escada
com a meta de longo prazo no topo, o nível atual de desempenho na parte inferior e
uma sequência de metas de curto prazo progressivamente conectadas ligando o
topo e a base da escada.

Estabeleça metas para treinos e competições

Muitas sociedades parecem estar focadas em vencer em competições esportivas, e,


portanto, o estabelecimento de metas geralmente se concentra apenas ou
predominantemente em metas de competição. No entanto, na maioria dos esportes,
os treinos diários exigem um compromisso de tempo muito maior do que as
competições. Isso ocorre especialmente em esportes como ginástica, natação,
patinação artística e atletismo, nos quais geralmente há apenas algumas
competições importantes; o restante do tempo é dedicado a treinos, treinos e mais
treinos. Isso não quer dizer que as metas de competição não sejam importantes
(embora devam se concentrar mais no desempenho e no processo); pelo contrário,
estabelecer uma meta de treinamento é uma boa maneira de manter um atleta
motivado e concentrado durante sessões longas, árduas e frequentemente
repetitivas de treinamento. Algumas metas de treinamento típicas podem incluir
chegar aos treinos no horário, dar apoio positivo aos colegas de equipe, demonstrar
comportamentos de liderança e alcançar determinados padrões de desempenho
para exercícios específicos. Pesquisas com treinadores do ensino médio e da
faculdade (Weinberg et al., 2001, 2002) confirmaram que eles consideram
importante estabelecer metas tanto nos treinos quanto nas competições. Mas não
devemos esquecer completamente as metas de competição. O ponto importante é
não se concentrar em vencer; em vez disso, foque mais em fazer as coisas que o
ajudarão a vencer (que geralmente são mais na forma de metas de processo). As
metas de processo nos treinos devem ajudar os atletas a aprenderem suas
habilidades tão bem que elas se tornem automáticas na competição. Esse é o
segredo para o desempenho máximo na competição.

Desenvolva planos para alcançar as metas


No trabalho seminal de Locke (1968), ele propôs que um dos mecanismos
subjacentes à eficácia das metas na melhoria do desempenho é o desenvolvimento
de estratégias de aprendizado relevantes. Infelizmente, esse aspecto do
estabelecimento de metas muitas vezes é negligenciado, pois os treinadores
frequentemente parecem acreditar que simplesmente ter metas melhorará o
desempenho. No entanto, as estratégias precisam ser específicas (como
mencionado acima) e devem envolver números definidos (por exemplo, quanto,
quantos, com que frequência). Portanto, ao estabelecer metas, sempre devemos
fazer a pergunta: "O que eu preciso fazer para alcançar minhas metas?" Por
exemplo, o que um jogador de beisebol faria para aumentar sua média de rebatidas
de .250 para .300? Uma golfista reduzindo sua pontuação média de 78 para 74? Ou
um jogador de basquete aumentando sua porcentagem de lances livres de 70%
para 80%? Estabelecer metas de processo mais específicas ajudaria a alcançar as
metas de desempenho estabelecidas. Usando o exemplo do beisebol, o jogador
pode decidir mudar sua postura e se posicionar mais para trás na caixa do
rebatedor para ter uma melhor visão da bola. Ele pode mudar sua rotina enquanto
está no círculo de espera e usar alguma imaginação antes de ir para o bastão. Ou
ele pode decidir que precisa levantar mais peso para fortalecer a parte superior do
corpo. Estabeleça metas individuais e de equipe
Os treinadores frequentemente pensam que estabelecer metas individuais minaria a
meta maior da equipe. No entanto, há um lugar para metas individuais dentro de um
esporte de equipe, desde que as metas individuais não entrem em conflito com as
metas da equipe (Weinberg et al., 2000). Se os atletas alcançarem suas metas
individuais, teoricamente isso deverá ajudar a garantir o sucesso como equipe. Na
verdade, pesquisas mostraram que as metas de equipe melhoram o desempenho
tão efetivamente quanto às metas individuais se elas promoverem o
estabelecimento de metas individuais (Locke e Latham, 1990). Por exemplo,
estabelecer uma meta de melhorar a porcentagem de arremessos convertidos de
45% para 55% deve melhorar a meta da equipe de ganhar o campeonato. No
entanto, aumentar a meta individual de média de pontos por jogo de 10 para 15
pode prejudicar a meta da equipe de ganhar um campeonato porque o jogador pode
simplesmente fazer mais arremessos para marcar os 15 pontos. Portanto, os
consultores de psicologia do esporte devem ter cautela ao atletas estabelecerem
metas individuais, garantindo que elas contribuam para as metas gerais da equipe.

Reavaliar metas

Definir metas deve ser um ponto de partida e não um ponto final. Muitos treinadores
e atletas cometem o erro de estabelecer metas e nunca mais voltar a elas para
verificar como estão progredindo em relação a essas metas. No entanto, as metas
devem ser reavaliadas periodicamente com base no desempenho atual em
comparação com a meta original estabelecida e, potencialmente, tornadas mais
fáceis ou mais difíceis. Por exemplo, se um jogador de beisebol estabeleceu a meta
de rebater 0,300 e estava rebatendo apenas 0,220 na metade da temporada, ele
provavelmente deveria ajustar sua meta para algo mais realista, como rebater 0,275
até o final da temporada.
No entanto, se ele estivesse rebatendo 0.340 na metade da temporada, ele poderia
aumentar sua meta para 0.325, pois isso pareceria agora muito realista. O ponto é
que a meta de uma pessoa pode ser alterada com base na situação atual (talvez o
jogador tenha se machucado ou simplesmente tenha começado muito devagar ou
rápido demais). Ao revisitar periodicamente (e potencialmente ajustar) a meta, ela
sempre permanece realista, mas desafiadora, como mencionado acima. Isso deve
ajudar a manter os atletas motivados de forma ideal, à medida que se esforçam
para alcançar sua meta.

Alguns problemas comuns identificados na definição de metas são:

● Convencer atletas, treinadores e praticantes de exercícios a estabelecer


metas.
● Estabelecer muitas metas de uma só vez.
● Falhar em monitorar e reavaliar regularmente as metas.
● Estabelecer apenas metas de resultado, sem definir metas de desempenho e
processo.
● Não estabelecer metas específicas e mensuráveis.
DEFINIÇÃO DE METAS: UM ESTUDO DE CASO

Muitos artigos têm sido escritos tanto dentro quanto fora do esporte detalhando os
princípios da definição de metas. Ao conversar com treinadores, muitos entendem
os princípios, mas poucos efetivamente implementam um programa completo de
definição de metas, em vez de simplesmente estabelecer algumas metas individuais
e/ou de equipe. Para tentar aliviar esse problema, é apresentado um estudo de caso
de um treinador de basquete e sua equipe, que emprega muitos dos princípios
envolvidos na definição de metas, além de destacar obstáculos na criação e
implementação de uma intervenção de definição de metas.

Fase de preparação e planejamento

O treinador Elliot Stone assumiu o programa de basquete de uma escola


universitária que havia passado por nove temporadas consecutivas de derrotas e
terminou em último lugar em sua divisão em oito dos nove anos. Ele queria mudar a
cultura de derrotas para que os jogadores tivessem atitudes mais positivas, além de
estabelecer metas específicas para o jogo ofensivo, defensivo e condicionamento
físico. Assim, uma das primeiras coisas que ele fez foi conversar com seu assistente
técnico (que estava de volta do ano anterior) e seus dois co-capitães. Com base em
suas experiências nos últimos anos, o treinador Stone os fez avaliar as
necessidades individuais e da equipe, e ele pessoalmente analisou as estatísticas
dos jogos para ajudar a complementar sua avaliação de necessidades. Os capitães
e o assistente técnico identificaram várias áreas de habilidades específicas, como
rebotes, turnovers e seleção de arremessos. Mas o treinador Stone teve o cuidado
de incluir outras necessidades além das melhorias de desempenho, como o prazer
de jogar, apoiar e incentivar os colegas de equipe, preparação mental e motivação
intrínseca.

Essas necessidades então se tornaram a base na qual metas específicas seriam


estabelecidas.
Uma vez que as necessidades foram determinadas, o treinador Stone planejou
estratégias específicas para ajudar a alcançar as metas estabelecidas para a
próxima temporada. Por exemplo, o treinador Stone descobriu que a porcentagem
da equipe nos arremessos de três pontos era lamentável, apenas 20%. Portanto, ele
dedicou 15 minutos a cada treino para trabalhar nesses arremessos, incluindo
mudanças técnicas específicas. Além disso, ele sentia que a equipe era muito
negativa no ano anterior, então ele insistiu em incentivar declarações positivas entre
os colegas de equipe.
A maior razão pela qual os outros treinadores nem sempre seguiam seus programas
de definição de metas é a percepção de falta de tempo. O treinador Stone sabia
disso (já tinha acontecido com ele antes) e estava determinado a superar esse
obstáculo. Portanto, ele instruiu seu assistente técnico e os co-capitães a se
reunirem semanalmente para discutir como o programa de definição de metas
estava progredindo e relatar a ele quaisquer mudanças que precisassem ser feitas
para garantir que os jogadores estivessem estabelecendo suas metas e se
esforçando para alcançá-las. Por fim, o treinador Stone entendeu que as metas não
podem ser estabelecidas isoladamente. Especificamente, o comprometimento
potencial dos atletas e as oportunidades de treino devem ser avaliados antes que as
metas possam ser estabelecidas. Por exemplo, não adianta estabelecer metas para
serem concluídas fora do treino (por exemplo, preparação mental) se os atletas não
estiverem comprometidos ou disciplinados o suficiente para trabalhar nessas metas
por conta própria.

Fase de educação e aquisição

Uma reunião formal e uma série de reuniões breves e menos formais foram
agendadas antes do início dos treinos e das aulas. Durante essas reuniões, o
treinador Stone apresentou aos jogadores exemplos de metas eficazes e ineficazes,
juntamente com informações básicas sobre diferentes tipos de metas (por exemplo,
resultado, desempenho e processo). Embora a maioria dos atletas já tivesse
estabelecido metas, geralmente não as haviam estabelecido de maneira que
maximizasse sua eficácia. Os princípios mencionados acima foram digitados e
entregues a todos os jogadores para que pudessem entender melhor os diferentes
tipos de metas e as maneiras mais eficazes de estabelecê-las. Em seguida, eles
foram discutidos pela equipe técnica e pelos jogadores, e exemplos específicos
foram fornecidos aos jogadores, resultando em uma melhor compreensão de como
estabelecer metas de forma eficaz.

Como os jogadores estavam recebendo muitas informações sobre definição de


metas, o treinador Stone sentiu que eles precisavam de tempo para processar
essas informações e não deveriam ser esperados para listar suas metas específicas
imediatamente. Em vez disso, os jogadores deveriam pensar em estabelecer metas
em áreas específicas, bem como estratégias de implementação. Isso lhes deu a
oportunidade de pensar em diferentes opções, em vez de ter que criar metas e
estratégias no momento. Assim, com base no feedback do assistente técnico e dos
co-capitães, o treinador Stone pediu aos jogadores que estivessem preparados para
a próxima reunião estabelecendo três metas pessoais (usando os princípios de
definição de metas) e três metas da equipe nas áreas de porcentagem de acertos,
turnovers cometidos e rebotes por jogo. Ele sabia que estabelecer muitas metas
poderia ser ineficaz, então pediu aos jogadores que se concentrassem apenas em
algumas metas específicas. Na verdade, dependendo do jogador e da experiência
anterior com definição de metas, o treinador Stone pediu a cada jogador que se
concentrasse em apenas uma meta e a alcançasse antes de passar para outra
meta. Além dessas metas de desempenho, o treinador Stone queria que cada
jogador tivesse uma estratégia (meta de processo) que delineasse como alcançar
cada meta de desempenho. Por exemplo, se a meta individual de alguém era
melhorar seus rebotes de quatro para sete por jogo, ele poderia praticar a técnica
adequada de "box out" e os treinadores poderiam avaliá-lo em uma escala de 1 a 10
em relação à eficácia de seu "box out" durante o treino.

Após a reunião inicial, o treinador Stone agendou uma segunda reunião em que as
metas da equipe foram discutidas e decididas pelo treinador e pela equipe. Para
fazer isso, as metas da equipe de cada jogador para as três áreas mencionadas
pelo treinador Stone foram colocadas no quadro-negro e discutidas. Dessa forma,
os jogadores tiveram sua contribuição na definição das metas da equipe.
As metas finais foram então estabelecidas e, assim, os jogadores estariam mais
comprometidos e investidos em trabalhar arduamente para alcançar essas metas.
Após essa discussão, foi feita uma votação em cada meta da equipe, e o treinador
Stone registrou as diferentes estratégias necessárias para alcançar cada uma
dessas metas da equipe. Por exemplo, meia hora de treino três dias por semana foi
direcionada para a técnica correta de arremesso, garantindo que os jogadores
finalizassem seus arremessos adequadamente (para melhorar a porcentagem de
acertos).

Além das reuniões da equipe, o treinador Stone e seu assistente se reuniram


individualmente com todos os jogadores para discutir, estabelecer e registrar suas
metas específicas. Isso foi feito de uma maneira em que os jogadores sentissem
que "possuíam" suas metas, mas os treinadores desempenharam um papel crítico
ao ajudar os jogadores a decidir metas realistas. Portanto, se um jogador acertou
35% dos arremessos no ano passado e estabeleceu uma meta de acertar 55%
neste ano, o treinador sugeriu que isso seria extremamente difícil de alcançar. Ele
sugeriu e incentivou o jogador a estabelecer uma meta mais realista, como
aumentar sua porcentagem de acertos para 45%. No entanto, no final, cabia ao
jogador concordar com a meta específica. Todas as metas foram então escritas e
exibidas em um local de destaque (por exemplo, fixadas nos armários ou na parede
do vestiário), para que essas metas fossem vistas por todos os companheiros de
equipe todos os dias. O treinador até fixou as metas na parede fora do ginásio para
que todos os alunos pudessem ver. Isso aumentou o comprometimento com as
metas, já que os jogadores geralmente não queriam decepcionar seus
companheiros de equipe (ou seus amigos) e se esforçavam para alcançar suas
metas. Por fim, os treinadores trabalharam com os jogadores para fornecer a eles
estratégias muito específicas para alcançar suas metas, pois muitas vezes essa era
a razão pela qual as metas não eram alcançadas.

Fase de acompanhamento e avaliação de metas

Provavelmente, a fase mais negligenciada é a fase de avaliação, pois os treinadores


ficam tão ocupados com outras coisas (como horários, papelada e relatórios) que
simplesmente não arranjam tempo para avaliar as metas estabelecidas. O Coach
Stone sabia que a maioria dos treinadores não avalia realmente a efetividade de
seus programas de estabelecimento de metas. Para eles, era o suficiente apenas
estabelecer as metas, mas avaliá-las e acompanhar os jogadores em relação a suas
metas parecia ser uma tarefa muito árdua. Coach Stone não queria cair nesse
cenário. Portanto, ele simplificou o processo de avaliação, fazendo com que os
gerentes registrassem e divulgassem estatísticas de treinos e jogos relacionadas às
metas dos jogadores, e então os treinadores forneciam feedback sobre o progresso
dos jogadores.

Além disso, Coach Stone reconhecia a importância de reavaliar as metas, pois as


condições podem mudar ao longo do ano devido a uma variedade de
circunstâncias. Por exemplo, as pressões acadêmicas na forma de provas e
trabalhos são partes críticas para ser um estudante bem-sucedido e podem interferir
no alcance de metas específicas de basquete. Especificamente, se um jogador tinha
como meta praticar arremessos de campo por uma hora extra por dia, mas tivesse
vários trabalhos e provas durante a semana, ele talvez não conseguisse alcançar
sua meta de prática. Nessa situação, os jogadores se reuniam com os treinadores a
cada duas semanas para discutir seus horários acadêmicos em relação ao tempo
dedicado às metas de basquete.

Além disso, Coach Stone ou seu assistente técnico agendavam reuniões de


avaliação de metas uma vez por mês com cada jogador. Essas reuniões eram
curtas (com duração máxima de 15 minutos) para minimizar o precioso tempo dele
ou do assistente. Nesse momento, o progresso do jogador em relação às suas
metas era avaliado e as metas poderiam ser revisadas para cima ou para baixo. Por
exemplo, se um jogador de basquete tinha como meta melhorar seus rebotes de
quatro para oito por jogo, mas na metade da temporada ele tinha uma média de três
rebotes por jogo devido a uma lesão no joelho que o prejudicou na primeira metade
da temporada, a meta seria modificada para uma média de seis rebotes por jogo. O
ponto-chave é que Coach Stone e sua equipe manteriam as metas na mente dos
jogadores e avaliariam e registrariam continuamente seu progresso em relação ao
alcance das metas. Dessa forma, cada jogador era responsabilizado por suas metas
individuais. Além disso, Coach Stone ou o assistente técnico realizavam uma
reunião rápida (com duração de 30 minutos) com a equipe a cada duas semanas
para revisar como os jogadores estavam alcançando suas metas de equipe. As
metas também poderiam ser alteradas, se necessário. Em todos os momentos,
essas metas eram registradas e, como mencionado anteriormente, mantidas em
locais onde os indivíduos e/ou a equipe pudessem vê-las diariamente.

Ajuda de aprendizado

1. Definição dos três diferentes tipos de metas:

● Metas de resultado: geralmente focam no resultado final ou no desfecho de


um evento ou competição, como ganhar ou perder.
● Metas de desempenho: concentram-se em melhorar o próprio desempenho,
em vez de superar um oponente.
● Metas de processo: concentram-se na forma como um atleta executa (ou
seja, nas ações que um jogador deve se concentrar para executar um
desempenho).

2. Discussão das desvantagens de estabelecer metas de resultado: As metas


de resultado podem ser problemáticas, pois dependem em parte do
desempenho de outras pessoas. Uma vez que os atletas não podem
controlar o que os outros fazem, as metas de resultado tendem a estar, pelo
menos em parte, fora de seu controle.

3. Resumo da abordagem mecanicista para explicar por que estabelecer metas


funciona: Acredita-se que as metas influenciam o desempenho, ajudando os
atletas a direcionar sua atenção para a tarefa em questão e, portanto, a se
concentrar nas pistas relevantes envolvidas na execução das habilidades
apropriadas. Além de direcionar a atenção, as metas também podem
aumentar o esforço e a persistência porque, por meio do monitoramento
sistemático das metas, feedback pode ser obtido sobre o progresso. Por fim,
as metas podem influenciar o desempenho, ajudando os atletas a
desenvolver estratégias de aprendizado relevantes. Especificamente, quando
os atletas definem metas, estratégias negociadas pelo atleta e seu treinador
podem ser implementadas para ajudá-los a alcançar essas metas.

4. Explicação de por que estabelecer metas do tipo "faça o seu melhor" não é
tão eficaz quanto estabelecer metas objetivas: As metas de "faça o seu
melhor" não são suficientemente específicas, uma vez que os atletas
realmente não sabem se deram o seu melhor. No entanto, definir uma meta
específica, como correr uma milha em cinco minutos, pode dar aos atletas
clareza em termos do que estão tentando alcançar.

5. Discussão sobre a relação entre metas da equipe e metas individuais: Há


espaço tanto para metas da equipe quanto para metas individuais em um
esporte coletivo, desde que as metas individuais estejam em consonância
com as metas da equipe. Em essência, se a meta de uma equipe de
basquete é conseguir mais rebotes do que seus oponentes em cada jogo,
estabelecer uma meta individual para o número de rebotes pareceria estar
em conformidade com a meta da equipe. No entanto, é preciso ter cuidado
para que ajudar a alcançar a meta de rebotes não afete negativamente a
meta de vitória. Por exemplo, um jogador pode deixar seu oponente aberto
para um arremesso externo para se posicionar para um rebote caso o
arremesso falhe. Nesse caso, o jogador pode obter mais rebotes, mas às
custas de permitir que o jogador que ele está marcando marque mais pontos.

Visualização
A visualização mental é uma das técnicas mais amplamente praticadas para
aprimorar o desempenho no esporte. Ela envolve a criação de experiências mentais
que podem afetar comportamentos, pensamentos e emoções. Várias teorias foram
desenvolvidas para explicar como a visualização mental funciona. Essas teorias
incluem a teoria psiconeuromuscular, a teoria de aprendizado simbólico, a teoria
bioinformacional e a teoria do código triplo. As medidas de visualização mental
ajudam a identificar os tipos de imagens mentais que os atletas utilizam, bem como
suas forças e fraquezas na visualização. Com base nessas informações, os
psicólogos desenvolvem treinamentos de visualização mental para atender às
necessidades individuais dos atletas. A medição da visualização mental também
fornece um meio de monitorar o progresso do uso das imagens mentais.

A compreensão de como a visualização mental funciona está sendo ampliada pelo


estudo dos processos cerebrais quando os atletas imaginam sua performance
esportiva. A visualização mental tem sido amplamente estudada em relação ao
esporte, o que ajudou a compreender os fatores que influenciam sua efetiva
operação. A visualização mental pode ser usada para diversos propósitos, incluindo
aprendizado e prática de habilidades, pré-visualização e revisão do desempenho,
resolução de problemas, desenvolvimento de variáveis psicológicas, apoio à
reabilitação de lesões e facilitação da recuperação após treinamento intenso. Vários
modelos foram desenvolvidos para orientar a entrega de treinamento de
visualização mental no esporte. Ainda há muito a ser aprendido sobre como a
visualização mental funciona, no entanto, os psicólogos já aplicam essa técnica com
grande eficácia para ajudar os atletas a alcançarem seus objetivos.

Introdução

A visualização é um processo cognitivo ubíquo. Todos visualizam experiências em


todos os aspectos da vida, desde pensar em o que cozinhar para o jantar até se
preparar para uma entrevista de emprego importante. Os atletas visualizam seu
esporte de várias maneiras, incluindo elementos específicos, como como executar
um determinado golpe ou movimento, bem como os aspectos mais amplos, como
como eles vão conquistar o ouro olímpico e ficar no topo do pódio. A visualização
muitas vezes ocorre espontaneamente, sem o controle consciente do visualizador.
Uma proporção substancial desta visualização é negativa. Pesquisadores de
psicologia esportiva descobriram que isso pode levar a redução no desempenho
(Morris, Spittle, Watt e Gaskin, 2005). Jogadores de tênis visualizam errar um
serviço em momentos críticos; e depois o fazem. Golfistas visualizam que a bola sai
da trajetória e cai na água ou nas árvores; e então isso acontece.

Psicólogos esportivos há muito tempo estão cientes do potencial da visualização


para melhorar ou prejudicar o desempenho. Eles visam ajudar os atletas a controlar
sua visualização para evitar as consequências desastrosas de imagens negativas e
maximizar os resultados positivos da visualização. Pesquisadores em psicologia
esportiva visam compreender como a visualização funciona, para que os praticantes
tenham as melhores informações para aplicar intervenções de visualização de forma
eficaz (Morris, Spittle e Watt, 2005).

OBJETIVOS
Após ler este capítulo, você deverá ser capaz de:

1. Compreender o fundamento conceitual e a definição da visualização.


2. Identificar técnicas de visualização e como elas funcionam.
3. Descrever como a visualização pode ser usada para diferentes propósitos.
4. Explicar a aplicação da visualização para ajudar os atletas a alcançar seus
objetivos.
5. Discutir a medição da visualização para monitorar o progresso do uso da
visualização.

DEFINIÇÃO E CONCEPTUALIZAÇÃO DE VISUALIZAÇÃO

Devido a ser um processo mental efêmero, a visualização tem sido definida de


várias maneiras (consulte Morris et al., 2005 para uma discussão detalhada). A
visualização também tem sido utilizada e confundida com vários outros conceitos,
incluindo prática mental, ensaio mental e imaginação. A prática mental e o ensaio
mental são ambos mais abrangentes do que a visualização em um sentido, ou seja,
que é possível praticar mentalmente pensamentos que não são imagens, como
quando se repete em mente um número de telefone ou uma letra de música. Por
outro lado, os termos prática e ensaio parecem ser mais restritos do que a
visualização, pois se referem especificamente a uma função de aprendizado,
enquanto a visualização pode ser usada para muitos propósitos que não envolvem
aprendizado. A visualização é um termo popular na literatura não científica, mas
psicólogos que estudam a visualização a criticam por causa da posição
preponderante que ela dá à modalidade sensorial visual (Munroe-Chandler & Morris,
2011). Muitos psicólogos propõem que a visualização é mais eficaz quando todas as
modalidades sensoriais estão envolvidas, como estariam na experiência real (Morris
et al., 2005).

Uma definição de visualização que resistiu ao teste do tempo foi proposta por
Richardson (1969), que descreveu a visualização como "experiências quase
perceptuais das quais estamos conscientes e que existem para nós na ausência das
condições de estímulo conhecidas por produzir seus verdadeiros contrapartes
sensoriais ou perceptuais" (p. 2–3). Assim, a visualização é uma experiência e
porque o visualizador está consciente do que imagina, a visualização é distinguível
dos sonhos. Além disso, a visualização geralmente está sob o controle volitivo do
visualizador, embora haja ocasiões em que as pessoas imaginem circunstâncias
que escolheriam não pensar. No esporte, isso inclui relatos comuns de atletas de
que eles imaginam erros de desempenho, como errar um putt, fazer um saque duplo
ou perder um chute de penalidade no gol. A definição de Richardson não parece ser
suficientemente inclusiva, pois se concentra em percepções, sem mencionar a
experiência sensorial ou emocional. Morris et al. definiram a visualização no esporte
como: a criação ou recriação de uma experiência gerada a partir de informações
memorizadas, envolvendo características quasi-sensoriais, quasi-perceptuais e
quasi-afetivas, que está sob o controle volitivo do visualizador e que pode ocorrer na
ausência dos antecedentes de estímulo real normalmente associados à experiência
real (p. 19).
Além de apresentar definições, pesquisadores propuseram modelos que visam
conceitualizar a visualização. Paivio (1985) propôs um modelo popular que se
tornou a base para uma medida única, o Questionário de Visualização Esportiva
(consulte a seção de Medidas deste capítulo), bem como muitos projetos de
pesquisa. Paivio argumentou que a visualização tem usos cognitivos e
motivacionais, e esses usos podem ser específicos ou gerais. Assim, a visualização
cognitiva específica concentra-se na execução de habilidades específicas, como um
arremesso ou um passe, enquanto a visualização cognitiva geral está relacionada à
execução de estratégias, como um movimento ensaiado no basquete ou futebol. A
visualização motivacional específica concentra-se em respostas orientadas para
objetivos, enquanto a visualização motivacional geral está relacionada a aspectos
mais amplos de motivação, como arousal e alcance de metas. Outros modelos,
descritos em Munroe-Chandler e Morris (2011), incluem o Modelo Aplicado de Uso
de Visualização no Esporte, que consiste em quatro componentes sequenciais:
aspectos da situação esportiva, tipo de visualização, habilidade de visualização e
resultado da visualização; o modelo Níveis de Visualização, que inclui três níveis:
compreensão da natureza da visualização, uso da visualização para alcançar metas
de desempenho e significado da imagem para o atleta; e o modelo PETT-LEP, que
é descrito na seção aplicada deste capítulo. A visualização é um processo mental
tão abrangente que é difícil para uma única definição ou modelo conceitual abranger
tudo o que representa, mas cada contribuição parece acrescentar conhecimento à
compreensão deste fascinante processo.

TEORIAS DE VISUALIZAÇÃO

Psicólogos têm proposto respostas para a pergunta "como a visualização funciona?"


há muitos anos. Assim, existem muitas teorias, mas nenhuma foi suficientemente
apoiada para ser considerada a explicação "correta". Aqui, apenas podemos
descrever algumas das principais teorias, especialmente aquelas que parecem ter
relevância direta para o esporte (para uma discussão mais extensa e referências,
consulte Morris et al., 2005, Capítulo 3).
Na teoria psiconeuromuscular, Jacobson (1930) propôs que, assim como a ação é
desencadeada por mensagens enviadas do cérebro ao longo das vias nervosas
efetoras para os músculos e o feedback sobre a ação muscular retorna ao cérebro
ao longo dos nervos aferentes, a visualização envia mensagens ao longo das
mesmas vias nervosas, mas o nível de inervação é muito mais fraco, de modo que a
ação não ocorre. Pesquisas que monitoraram a visualização, por exemplo, medindo
a atividade elétrica muscular (EMG) no bíceps durante a imagética de uma rosca de
bíceps, mostraram uma inervação em baixo nível, o que deu algum suporte a essa
teoria. No entanto, foi observado que isso poderia ser um subproduto da
visualização sem resultado de desempenho físico, pois não houve medição do
desempenho físico real.

Sackett (1935) apresentou a teoria do aprendizado simbólico, propondo que a


visualização não facilite o aprendizado de aspectos motores das habilidades, mas
melhore os aspectos cognitivos ou simbólicos das tarefas motoras, como a
sequência de movimentos em uma rotina de ginástica, em oposição à produção
técnica de saltos mortais, rolos e movimentos de torção. Pesquisas têm apoiado a
ideia de que a imagética melhora mais as habilidades cognitivas do que os
movimentos motores. Isso significaria que mais capacidade de atenção fica livre
para se concentrar na produção da habilidade. No entanto, um problema com a
teoria do aprendizado simbólico é que pesquisas mostram melhorias nas
habilidades motoras por meio do treino de visualização, o que é difícil de explicar
pela teoria de Sackett. Além disso, as tarefas motoras podem ser muito mais difíceis
de aprender do que sequências simples, de modo que elas podem levar mais tempo
para mostrar melhorias por meio da visualização, e a maioria dos estudos de
visualização tem uma duração relativamente curta.

Embora as proposições de Jacobson e Sackett ainda tenham peso, também foi


demonstrado apoio a alternativas mais recentes. Provavelmente, a teoria de
visualização relacionada ao esporte mais favorecida é a teoria bioinformacional de
Lang. Lang (1977, 1979) propôs que o comportamento é baseado em dois tipos de
representação mental. Proposições de estímulo representam as características do
estímulo relacionadas a uma ação, enquanto proposições de resposta representam
aspectos da resposta. Lang argumentou que a visualização de proposições de
estímulo facilita o comportamento, a visualização de proposições de resposta tem
um efeito maior, e a visualização de ambos é mais poderosa. Embora a pesquisa
seja limitada, o que existe apoia o papel das proposições, especialmente das
proposições de resposta.

Outra teoria de visualização que ganhou destaque na pesquisa e prática de


visualização esportiva é a teoria do triplo código (Ahsen, 1984). Ahsen propôs três
componentes da visualização. Primeiro, há a imagem (I) em si, que é uma
representação gerada centralmente que possui todos os atributos de uma sensação
real. Segundo, há a resposta somática (S), que reconhece que a visualização está
associada a mudanças fisiológicas no corpo. Terceiro, há o significado (M) da
imagem. O que uma imagem significa para diferentes atletas depende de suas
experiências prévias únicas. Houve pouca investigação empírica da teoria do triplo
código no esporte.

Munroe-Chandler e Morris (2011) observaram que nenhuma dessas teorias abrange


os cinco tipos de visualização desenvolvidos a partir do modelo de uso de
visualização de Paivio (1985) no Questionário de Visualização Esportiva. Mais
adiante neste capítulo, discutiremos alguns aspectos da pesquisa neurofisiológica
que está se desenvolvendo em relação ao estudo de como a visualização funciona.
Isso pode levar a uma teoria mais completa de visualização, mas está no futuro.

Medição de visualização

A visualização é um processo cognitivo, portanto, não pode ser observada


diretamente. Como discutido mais adiante neste capítulo, os avanços na
neurofisiologia poderiam levar a medidas de visualização baseadas na atividade
cerebral (eletroencefalogramas ou EEGs) no futuro. Até o momento, no entanto, a
forma como os psicólogos mediram a visualização foi pedindo às pessoas que
relatassem sua própria experiência de processos imaginativos. Dois aspectos da
visualização foram medidos: o uso da visualização e a habilidade da visualização.
Uso da visualização:

Hall, Mack, Paivio e Hausenblas (1998) desenvolveram uma medida do uso da


visualização com base no modelo de Paivio, que categorizou a visualização com
base em duas dicotomias. Como mencionado anteriormente, Paivio propôs que a
visualização poderia ser cognitiva ou motivacional e poderia ser específica ou geral,
resultando em quatro usos: visualização cognitiva específica, visualização cognitiva
geral, visualização motivacional específica e visualização motivacional geral. Hall et
al. desenvolveram o Questionário de Visualização Esportiva (SIQ) para medir esses
quatro usos da visualização. Em sua validação inicial do SIQ, a análise fatorial
exploratória revelou cinco fatores, em vez dos quatro esperados. A análise dos itens
em cada fator por Hall et al. indicou que a visualização motivacional geral se dividiu
em dois fatores, um relacionado à excitação (visualização motivacional geral -
excitação) e outro associado ao domínio (visualização motivacional geral - domínio).
Essa estrutura de 5 fatores foi replicada em validações posteriores.

Pesquisadores examinaram a relação do SIQ de 5 fatores com uma variedade de


variáveis psicológicas e têm mostrado consistentemente que um uso maior de
certos tipos de visualização está relacionado a variáveis como ansiedade,
motivação, flow (estado de flow mental), bem como ao desempenho. Isso tem
implicações para o design de intervenções de visualização, que têm se mostrado
particularmente eficazes quando as instruções ou roteiros para a visualização se
concentram nos tipos mais pertinentes de uso da visualização, com base nas
correlações entre os cinco tipos de uso da visualização e aspectos-chave da
variável alvo. Por exemplo, em contextos tão diferentes como tênis e dança, onde
correlacionamos as subescalas do SIQ com as nove dimensões do estado de flow,
descobrimos que a visualização cognitiva específica e a visualização motivacional
geral - domínio têm a influência mais forte sobre o estado de flow. Em estudos de
intervenção, onde fornecemos instruções que enfatizavam esses aspectos da
visualização, tenistas e dançarinos mostraram aumentos notáveis no estado
de flow.
Em um nível teórico, houve algum debate sobre se o que o SIQ mede é mais
precisamente denominado uso ou função da visualização (consulte Munroe-
Chandler & Morris, 2011). Na prática, parece que medir o uso da visualização no
SIQ é uma estratégia que pode ser usada tanto para combinar a visualização
ensaiada com os objetivos das intervenções de visualização quanto para garantir
que os atletas usem os processos de visualização mais eficazes.

Habilidade de Visualização

Originando-se no início do século XX, a medida autorrelatada da habilidade de


visualização tem uma história muito mais longa do que a avaliação do uso da
visualização (para uma descrição mais extensa das medidas listadas aqui, consulte
Morris et al., 2005, Capítulo 4). Morris et al. (2005) descreveram o questionário de
Betts (1909), medindo a habilidade de visualização em todas as modalidades
sensoriais, com base na vivacidade; a escala de Gordon (1949), que se concentrou
na habilidade de controlar as imagens; e o questionário de Marks (1970), que se
limitou a medir a vivacidade da visualização visual.

Mais relevantes para o relato atual são as escalas desenvolvidas para medir a
visualização para movimento ou esporte. Essas incluem o Questionário de
Visualização de Movimento (MIQ; Hall, Pongrac & Buckolz, 1995), o Questionário de
Vivacidade da Visualização de Movimento (VMIQ; Isaac, Marks & Russell, 1986), a
Medida de Habilidade de Visualização Esportiva (SIAM; Watt, Morris & Andersen,
2004) e o Questionário de Habilidade de Visualização Esportiva (SIAQ; Williams &
Cumming, 2011).

MIQ: O MIQ compreende nove movimentos básicos, como ficar em um pé só e


bater na cabeça. Os participantes realizam fisicamente cada movimento duas vezes.
Em uma ocasião, eles imaginam o movimento visualmente e, em outra ocasião, eles
imaginam como o movimento se sentiu (visualização cinestésica). Para cada
modalidade sensorial para cada movimento, os participantes avaliam cada
experiência de visualização. As pontuações visuais e cinestésicas são derivadas
somando as nove classificações para aquele tipo de visualização. Uma das forças
do MIQ é o uso de experiência física imediata como base para a realização da
visualização. Uma questão levantada é o tempo substancial necessário para realizar
e imaginar nove sequências de movimentos duas vezes. Outra preocupação é que,
embora o MIQ forneça um teste sólido de visualização para movimentos básicos,
ele tem validade ecológica questionável para esportes complexos. Hall e Martin
(1997) revisaram o MIQ, reduzindo o número de movimentos para quatro, de modo
que o MIQ-2 leva menos tempo para administrar do que o MIQ original.

VMIQ: O VMIQ inclui 12 experiências relacionadas ao movimento, que os


respondentes avaliam quanto à vivacidade da visualização visual de uma
perspectiva interna e imaginando assistir a outra pessoa, bem como a visualização
cinestésica. Novamente, os itens são significativos para o movimento, mas menos
para esportes. Além disso, argumentou-se que imaginar outra pessoa executando
tarefas não é o que se entende por visualização da perspectiva externa, que
envolve imaginar a si mesmo de uma perspectiva externa, como se estivesse
assistindo a um vídeo. Na VMIQ-R, Roberts, Callow, Hardy, Markland e Bringer
(2008) revisaram o VMIQ, alterando as instruções para a visualização da
perspectiva externa para imaginar a si mesmo executando os movimentos. A VMIQ-
R mostrou ter boa confiabilidade e validade.

SIAM: O SIAM é baseado em uma medida chamada Questionário de Visualização


Esportiva (SIQ), mas diferente da medida de uso de visualização de Hall et al.
(1998). Esse SIQ foi desenvolvido por Martens para medir a habilidade de
visualização em trabalho aplicado com atletas e popularizado em várias versões do
capítulo seminal de Vealey sobre visualização no esporte (consulte Vealey &
Greenleaf, 2006), mas nenhum dos dois validou o SIQ. Com base no formato do
SIQ de Martens, o SIAM apresenta descrições de quatro cenas genéricas do
esporte. Os entrevistados imaginam cada cena e classificam sua visualização em
seis modalidades sensoriais (visual, auditiva, cinestésica, tátil, gustativa, olfativa),
cinco dimensões da visualização (vivacidade, controlabilidade, velocidade, duração,
facilidade) e a emoção associada à visualização. As 12 classificações para cada
cena são feitas colocando uma cruz (×) em escalas analógicas visuais de 100 mm
(VAS). As forças do SIAM incluem a experiência da visualização imediatamente
antes de avaliá-la, o uso de cenas de esportes ecologicamente válidas, a amplitude
de suas 12 subescalas e a sensibilidade da escala VAS de 101 pontos (0-100). Uma
preocupação com o SIAM é o tempo necessário para administrá-lo, normalmente
20-30 minutos, o que não é popular entre atletas ocupados.

SIAQ: O SIAQ inclui quatro subescalas que medem a facilidade de visualizar


habilidades esportivas. Portanto, ele se concentra no aspecto da habilidade de
visualização relacionado à facilidade de gerar imagens. A versão original do SIAQ
incluía quatro subescalas, mas foi estendida para cinco subescalas. Elas medem a
habilidade de visualização de habilidades, estratégias, metas, afeto e domínio. A
confiabilidade e a validade do SIAQ foram estabelecidas na sequência original de
quatro estudos, incluindo validade concorrente em relação ao MIQ-3, uma nova
versão do Questionário de Visualização de Movimento. Uma observação importante
que surgiu dos estudos de validação do SIAQ foi a importância de avaliar
separadamente a habilidade de visualização para diferentes conteúdos.

A medição da visualização é importante. Em toda a pesquisa, é fundamental


garantir que os participantes tenham uma habilidade de visualização moderada a
alta, pelo menos nas modalidades-chave para o treinamento de visualização a ser
fornecido, caso contrário, uma descoberta de nenhum efeito do treinamento de
visualização pode ser atribuída tanto a uma baixa habilidade de visualização quanto
a uma intervenção ineficaz. Portanto, uma medida de visualização deve ser usada
para selecionar potenciais participantes. É interessante determinar se o treinamento
de visualização afeta a habilidade de visualização, portanto, uma medida deve ser
usada no pré-teste e pós-test. No trabalho aplicado, também é importante avaliar a
habilidade e o uso da visualização de atletas, pois seria um desperdício de tempo
ter atletas realizando muitas sessões de treinamento de visualização se eles não
conseguirem aplicar a visualização de forma eficaz devido a uma baixa habilidade
de visualização. Nesse caso, um tipo diferente de treinamento de visualização deve
ser recomendado para desenvolver a habilidade de visualização. Para maximizar o
impacto da visualização no trabalho aplicado, os roteiros ou instruções de
treinamento de visualização devem se concentrar nas forças de visualização
determinadas a partir da triagem inicial. Como mencionado em outras partes deste
capítulo, a visualização tem o potencial de produzir resultados altamente
positivos em termos de desempenho e variáveis psicológicas, desde que o
treinamento de visualização seja entregue de maneira apropriada. Um dos
passos mais importantes para garantir isso é medir a habilidade e o uso da
visualização.

Visualização e o cérebro

O estudo do cérebro é atraente para pesquisadores e praticantes interessados em


compreender como a visualização funciona para que ela possa ser aplicada de
forma eficaz no esporte. Uma razão para isso é que a visualização é um processo
mental que não é diretamente observável. Isso significa que grande parte da
pesquisa e informações anedóticas nas quais os pesquisadores baseiam suas
conclusões e os psicólogos aplicam a visualização no esporte dependem de
inferência. Se a visualização é usada de determinada maneira e o desempenho
melhora, infere-se que a técnica de visualização é responsável. A verdade é que
não sabemos ao certo, mas ao minimizar explicações alternativas, os psicólogos
aumentam sua confiança de que a visualização é responsável pela mudança no
desempenho.

Processos cognitivos estão associados a mudanças na atividade cerebral, um


processo físico observável. Assim, é proposto que, se a atividade cerebral for
consistentemente observada quando um certo tipo de processo de visualização
ocorre, isso produz evidências observáveis do funcionamento da visualização. Isso
é uma extensão para o movimento e o esporte de uma grande abordagem na
neurociência.

O termo "movimento e esporte" é usado aqui de forma criteriosa. Isso porque


problemas técnicos têm limitado o exame da atividade cerebral durante o esporte. O
monitoramento do cérebro envolve a medição de níveis mínimos de atividade
elétrica usando eletroencefalogramas (EEGs), quando processos ocorrem em
alguns dos milhões de neurônios que compõem o cérebro. Grande parte do cérebro
está ativa em algum grau na maior parte do tempo. Portanto, os níveis mínimos de
atividade elétrica de interesse, os "sinais", devem ser detectados em meio a um
contexto de várias outras atividades, chamadas de "ruído". É como tentar ouvir um
amigo falando baixo com você através de uma sala barulhenta durante uma festa,
quando música alta está tocando e as pessoas estão gritando umas com as outras.
A atividade física também gera atividade elétrica e o nível dessa atividade elétrica é
muito maior do que os sinais do cérebro. Continuando a analogia da festa, seria
como alguém aumentando o volume da música muito alto, de forma que ninguém
pudesse ouvir o que os outros estão dizendo. Por esse motivo, ao longo de muitos
anos, as pesquisas de EEG têm sido conduzidas com participantes ficando muito
quietos. Mesmo assim, pequenos movimentos oculares e atividade cardíaca criam
sinais elétricos que dominam os EEGs. Muito trabalho tem sido dedicado a
encontrar formas de filtrar ou limpar os EEGs para monitorá-los nesse ambiente
ruidoso. Com os avanços ocorridos, tem sido possível começar a examinar
pequenos movimentos.

Claro que a visualização não envolve movimento, então é possível monitorar a


atividade cerebral durante a imaginação. Isso permite estudar diferentes tipos de
visualização, mas para interpretar a visualização no contexto do movimento e do
esporte, os pesquisadores precisam monitorar EEGs durante o movimento e
compará-los com EEGs durante a visualização do mesmo movimento. Uma razão
para fazer isso é que uma proposição popular é que, no cérebro, a visualização é
funcionalmente equivalente ao movimento, ou seja, os defensores dessa proposição
afirmam que ocorre a mesma ou uma atividade cerebral semelhante durante a
visualização, como ocorre durante o movimento real, mas o sinal final para ativar o
movimento não ocorre.

Nos últimos anos, houve avanços significativos na tecnologia de monitoramento


cerebral. Alguns desses avanços estão relacionados à forma como os sinais de
EEG são filtrados e limpos. Como grande parte do ruído de fundo apresenta maior
regularidade do que o sinal, é possível reconhecer grande parte do ruído e filtrá-lo.
Além disso, os avanços rápidos no processamento de dados significam que
quantidades muito maiores de informações podem ser coletadas e processadas em
um curto período de tempo, possibilitando a identificação de sinais muito pequenos
por meio de sua recorrência múltipla. Nesse contexto, um pequeno número de
pesquisadores, com interesse particular em movimento, visualização e função
cerebral, começou a produzir pesquisas notáveis. Especificamente, pesquisadores
cujo interesse é a visualização motora, como Guillot e Collet, desenvolveram
substancialmente esse campo. Esse trabalho pode ser visto como um passo
afastado da visualização no esporte, mas Guillot e Collet (2010) propuseram um
modelo para relacionar a atividade cerebral, a imaginação motora e a imaginação no
esporte. Para um exame mais aprofundado dessa abordagem, o texto editado por
Guillot e Collet (2010) é altamente recomendado. A próxima década parece propícia
para ver pesquisas e aplicações significativas desse trabalho.

Outro desenvolvimento recente que tem potencial para aplicação no esporte é a


descoberta dos "neurônios espelho" (Pineda, 2010). Primeiramente descobertos em
macacos e depois no cérebro humano, os neurônios espelho são chamados assim
porque são ativados durante a observação e a imitação de movimentos, mas não
durante a criação de movimentos originais. Foi demonstrado que os neurônios
espelho também são ativados durante a visualização de movimentos. Devido à sua
associação com a observação e a imitação de movimentos, os neurônios espelho
parecem ter grande potencial para estudar o uso da visualização para fins de
aprendizado e desempenho no esporte.
Em uma nota mais aplicada, uma abordagem baseada no monitoramento de EEGs
já foi aplicada no esporte, chamada de neurofeedback. O princípio básico do
neurofeedback é que monitorar o cérebro durante o desempenho pode levar à
identificação de padrões de atividade cerebral que estão consistentemente
associados ao desempenho ótimo. Os atletas podem ser treinados para criar esses
padrões cerebrais, recebendo feedback que indica quando estão produzindo a
atividade cerebral desejada. Isso é simplesmente uma versão neural do
biofeedback, em que os sinais elétricos vêm do coração, dos músculos ou de outros
processos biológicos. Pesquisas conduzidas nas décadas de 1980 e 1990 em
esportes como tiro e arco e flecha, nos quais o movimento é mínimo, forneceram
suporte para a aplicação do neurofeedback no esporte (Landers, Petruzzello,
Salazar, Crews, Kubitz, Gannon et al., 1991).
Uso da visualização no esporte

Porque a visualização é um processo criativo do pensamento, alguém pode


imaginar qualquer coisa que lhe venha à mente. Portanto, o único limite para o que
os atletas podem imaginar são os próprios pensamentos dos atletas, além do
estímulo do treinador e do psicólogo esportivo. Pesquisas sugerem que a
visualização deve estar baseada na realidade para afetar o comportamento. Um
atleta de clube não ganhará uma medalha de ouro olímpica apenas imaginando
isso. Aqui, descrevemos brevemente algumas das formas pelas quais os atletas têm
usado a visualização, que foram apoiadas por pesquisas qualitativas ou
quantitativas.

Promovendo o aprendizado e o desempenho

O uso mais comum da visualização no esporte é ajudar os atletas a aprender novas


habilidades ou maximizar o desempenho de habilidades existentes. Crucial para
esse uso da visualização é um exemplo preciso da habilidade que pode ser usado
como modelo para a ivisualização, ou seja, os atletas devem imaginar a habilidade
correta para que o desempenho real seja aprimorado. Usar um vídeo de auto-
modelagem é uma maneira poderosa de fazer isso. Os atletas filmam a si mesmos
executando a habilidade da melhor forma possível e, em seguida, imaginam realizá-
la imediatamente após assistir ao vídeo. Para o desenvolvimento do desempenho,
quando os atletas ainda podem não ter o nível de habilidade para fazer isso, eles
podem assistir a outros atletas executando a habilidade. Atletas que são
semelhantes a eles, mas um pouco mais habilidosos, geralmente são modelos mais
apropriados do que aqueles que são muito mais habilidosos. Atletas altamente
habilidosos podem usar a abordagem de auto-modelagem para ajudá-los a manter e
reforçar as habilidades. Isso é útil quando eles não podem praticar fisicamente,
como quando estão viajando ou lesionados.

Visualização prévia e revisão

Para se preparar para o desempenho, os atletas frequentemente acham a


visualização útil. Isso é mais comum em habilidades fechadas, onde uma sequência
de movimento predeterminada deve ser executada, como um mergulho em prancha
ou uma rotina de exercícios de ginástica no solo. A visualização física muitas vezes
não é possível em ambientes de competição restritos, então a visualização pode
ser usada para "executar" a sequência de movimentos na mente antes de realizá-la.
Para que isso seja bem-sucedido, os atletas devem ter bom controle de sua
imaginação por meio de prática substancial longe da competição para garantir que
sua visualização reflita o melhor desempenho. Na revisão, a execução mental
acontece logo após o desempenho. Quando os atletas têm sucesso, a revisão da
visualização ajuda a consolidar seu desempenho na memória, para que possam
repeti-lo no futuro não apenas para aprimorar suas habilidades, como também para
construir confiança ao experimentar um desempenho eficaz da tarefa. Quando os
atletas têm um desempenho ruim, não é aconselhável realizar uma revisão da
visualização imediatamente, pois isso pode afetar negativamente as emoções. Em
vez disso, pode ser melhor fazê-lo 24 horas ou mais após o evento, quando as
emoções estão menos intensas e uma revisão mais objetiva pode ser feita para
identificar o que deu errado. A visualização pode então ser usada para corrigir os
erros e reforçar o melhor desempenho.

Resolução de problemas

Quando algo dá errado durante o desempenho, a fonte do problema pode não ser
imediatamente óbvia. Nesse caso, a revisão do desempenho usando a imaginação
pode ajudar os atletas a identificar onde cometeram o erro e atuar como uma
ferramenta no diagnóstico da razão para o erro. A habilidade de executar a
imaginação em "câmera lenta" pode ser útil, com a "avançar rápido" na imaginação
sendo usado para pular as partes que não são problemáticas. Assim como no uso
de vídeo, os atletas muitas vezes podem usar sua imaginação para "aproximar" um
aspecto técnico de seu desempenho que pode estar errado. Uma vez que um
problema é identificado, o foco deve mudar para a ação corretiva, que pode
envolver prática física e de imaginação da técnica correta. Se o problema for
estratégico, novamente o ensaio mental da estratégia correta pode aumentar a
probabilidade de que os atletas se apresentem como pretendem no futuro.

Modificando estados psicológicos

A pesquisa em psicologia do esporte identificou muitos exemplos de fatores


psicológicos que podem interferir no desempenho. A ansiedade tem sido a variável
psicológica mais amplamente estudada que pode prejudicar o desempenho. Em
casos extremos, isso pode levar ao "bloqueio". Outras questões psicológicas
comuns incluem problemas de atenção, baixa motivação e baixa confiança. Estados
psicológicos que afetam negativamente o desempenho podem ser abordados
usando a visualização. No conteúdo da imaginação, os atletas direcionam a gestão
do estado psicológico problemático em circunstâncias exigentes, levando a um
desempenho eficaz. Por exemplo, os atletas podem imaginar-se sentindo calmos e
no controle no clímax de uma partida crucial para lidar com problemas relacionados
à ansiedade, ou podem imaginar-se totalmente focados em seu desempenho em
contextos que frequentemente causam distração.

Facilitando a reabilitação de lesões e a recuperação de exercícios intensos

Uma série de questões relacionadas à eficaz reabilitação de lesões. Isso inclui lidar
com a dor na região do corpo lesionada, gerenciar o estresse associado à dor,
acreditar no processo de reabilitação, reduzir a frustração por não poder treinar e
competir, e realizar os comportamentos necessários para facilitar a reabilitação.
Programas de visualização podem ser elaborados para abordar cada uma dessas
questões separadamente ou em conjunto. Por exemplo, imaginar uma bola grande e
colorida representa a dor e, em seguida, diminuir o tamanho da bola e desbotar a
cor para um cinza claro pode ajudar a reduzir a dor. Imaginar-se executando com
sucesso os exercícios de reabilitação pode aumentar a confiança de que eles
podem ser feitos e motivar os atletas a seguir sua reabilitação prescrita. Também é
possível facilitar o processo de reabilitação física imaginando a área da panturrilha
onde um músculo está rompido e visualizando e sentindo o sangue quente e fresco
fluindo para reparar o dano. Um processo semelhante pode ser usado para facilitar
a recuperação após um treinamento intenso, onde se imagina que o sangue está
infundindo e limpando os músculos cansados e doloridos.

É importante enfatizar que, em todos esses exemplos de usos da visualização, uma


boa compreensão da questão é essencial para garantir que a visualização
desenvolvida seja tecnicamente correta. Assim, ao desenvolver habilidades
esportivas, o conselho de treinadores especializados garantirá que a técnica correta
seja incluída na imaginação. Da mesma forma, na criação de um programa de
visualização para construir confiança e motivação para a reabilitação, especialistas
médicos ou fisioterapeutas devem aconselhar sobre a representação precisa dos
exercícios de reabilitação necessários para aquele atleta com aquela lesão. A
entrega eficaz da imaginação depende de uma série de fatores que serão discutidos
a seguir.

APLICANDO A VISUALIZAÇÃO NO ESPORTE

Examinar os fatores que influenciam a eficácia dos programas de treinamento de


visualização é uma das áreas de pesquisa mais populares sobre imaginação no
esporte. Psicólogos do esporte têm proposto modelos para orientar a aplicação da
visualização com base nessas pesquisas. Existem tantas variáveis pessoais e
contextuais que foram mostradas como influentes na eficácia da imaginação que é
possível apenas resumir algumas das principais aqui. Antes de considerar fatores
específicos, discutimos alguns dos modelos mais populares.
Modelos de aplicação da imaginação no esporte:

Foram propostos vários modelos para a aplicação da imaginação no contexto


esportivo. Um modelo inicial foi o "VisuoMotor Behavior Rehearsal" (VMBR; Suinn,
1976). Suinn propôs que a primeira etapa do treinamento de visualização deve ser o
relaxamento progressivo dos músculos. Um modelo que tem estimulado muita
pesquisa durante a última década é o modelo "PETTLEP" de Holmes e Collins
(2001). Holmes e Collins propuseram que existem sete fatores-chave que devem
ser considerados no design de um treinamento personalizado de visualização.
Esses fatores são o físico (P), o ambiente (E), a tarefa (T), o momento (T), questões
de aprendizado (L), emoção (E) e perspectivas (P). Estudos que desenvolveram
treinamentos de imaginação baseados no modelo PETTLEP têm obtido apoio para
essa abordagem. Morris et al. (2005) propuseram um modelo mais amplo de
programa de treinamento de imaginação (ITP). Morris et al. sugeriram que seis
componentes devem ser considerados, abrangendo fatores-chave como pré-
requisitos pessoais, fatores ambientais, conteúdo, rotinas de ensaio, técnicas de
aprimoramento e avaliação. Morris et al. argumentaram que cada componente está
relacionado a aspectos da literatura que são diversos e em constante mudança à
medida que a pesquisa é desenvolvida. Portanto, os designers de programas de
visualização devem examinar a literatura mais recente relacionada a esses
componentes e aplicá-los às características relevantes ao seu contexto. Por
exemplo, em relação aos pré-requisitos pessoais, os praticantes devem considerar
as pesquisas mais recentes sobre idade, gênero, nível de habilidade, experiência,
etc. Assim, existe um aconselhamento considerável sobre como desenvolver
programas de treinamento de imaginação com base na pesquisa até o momento
(consulte Morris et al., 2005, Capítulo 8).

Fatores que influenciam a aplicação da visualização no esporte:

Entre a vasta e diversa gama de estudos sobre visualização no esporte, há


evidências da influência de muitos fatores na aplicação efetiva da visualização. No
entanto, muitas vezes, a quantidade de estudos sobre um fator específico é
insuficiente para ser considerada persuasiva de que um efeito claro foi
demonstrado. Esforços para tirar conclusões são prejudicados por resultados
contraditórios. Aqui, consideramos apenas uma seleção dos fatores que foram mais
amplamente investigados.

Talvez a questão mais óbvia a ser abordada seja se a visualização deve ser positiva
ou negativa. Munroe-Chandler e Morris (2011) relataram algumas pesquisas que
identificaram um "efeito paradoxal" da visualização negativa, ou seja, imaginar um
desempenho ruim levou a melhorias no desempenho real. No entanto, o equilíbrio
das pesquisas indica que quando os atletas imaginam um desempenho negativo,
seu desempenho real diminui, e quando imaginam um bom desempenho, seus
resultados de desempenho são aprimorados.

Um fator que tem sido examinado há algum tempo é o tipo de tarefa à qual a
visualização é aplicada. Em sua meta-análise seminal, Feltz e Landers (1983)
afirmaram que as evidências na época sugeriam que a visualização é mais efetiva
em tarefas cognitivas ou tarefas com grandes componentes cognitivos do que em
tarefas motoras. Outro aspecto das tarefas que foi examinado é a variabilidade
ambiental. Habilidades fechadas, como tiro ou mergulho, ocorrem em ambientes
estáveis, enquanto o ambiente está em constante mudança em habilidades abertas,
como futebol ou tênis. Pesquisas recentes sugerem que atletas que realizam
habilidades fechadas utilizam funções específicas de visualização com mais
frequência do que atletas que executam habilidades abertas (Munroe-Chandler e
Morris, 2011).

Uma questão que tem suscitado considerável interesse é se o nível de habilidade


está relacionado ao uso da visualização. Evidências sugerem que atletas altamente
habilidosos utilizam a visualização mais do que iniciantes, o que pode estar
relacionado à sua maior capacidade de imaginar habilidades, especialmente sua
execução correta (Munroe-Chandler e Morris, 2011). Isso está em consonância com
as descobertas de que o desempenho de atletas altamente habilidosos mostra
maior benefício com o uso da visualização. No entanto, tem sido proposto que
iniciantes podem se beneficiar de uma visualização projetada para levar em conta
sua fase de desenvolvimento.

A função da visualização, baseada no SIQ (Hall et al., 1998), é outro fator que tem
sido examinado em relação ao efeito da visualização nos resultados de
desempenho. Embora a visualização específica do componente cognitivo (CS) seja
intuitivamente útil para aprimorar habilidades esportivas, talvez mais apoio tenha
sido obtido para o benefício da visualização motivacional geral - mestria (MG-M)
nesse contexto (Munroe-Chandler e Morris, 2011). É possível que um mediador de
qualquer ligação entre a visualização MG-M e o desempenho seja a autoeficácia.
Pesquisadores têm demonstrado uma ligação entre a visualização MG-M e a
autoeficácia. Da mesma forma, há evidências substanciais de uma associação
positiva entre autoeficácia e desempenho. Imaginar a maestria da habilidade parece
aumentar a confiança e o desempenho. Uma combinação de visualização MG-M e
CS, que tem se mostrado benéfica para jogadores de tênis (Koehn et al., 2005),
poderia ser uma abordagem eficaz na qual habilidades específicas são imaginadas
junto com a maestria geral.

A perspectiva da visualização é outro fator que tem atraído a atenção dos


pesquisadores. A visualização com perspectiva interna é experienciada da
perspectiva dos próprios atletas, ou seja, é o que eles ouvem, veem e sentem
quando estão se apresentando, enquanto durante a visualização externa, os atletas
experimentam seu próprio desempenho de fora do corpo. O aspecto visual disso
pode ser de muitos ângulos: na frente, atrás, para qualquer um dos lados, ou até
mesmo acima ou abaixo. Pesquisadores ainda debatem se a visualização interna ou
externa produz maiores benefícios de desempenho. Parece provável que cada
perspectiva tenha benefícios em contextos diferentes, que ainda não foram
completamente compreendidos (Morris e Spittle, 2012). Recomenda-se que os
praticantes considerem a perspectiva da visualização, pois toda visualização deve
adotar uma perspectiva. Se os atletas usarem uma perspectiva menos adequada, o
desempenho pode sofrer. Pesquisas indicam que até mesmo atletas habilidosos
frequentemente escolhem a perspectiva com base na preferência pessoal, em vez
do que é mais provável de aprimorar o desempenho (Morris e Spittle, 2012).
Para resumir esta seção, muitas variáveis afetam os benefícios da visualização para
o desempenho. Embora a pesquisa tenha dado indícios sobre a influência de
variáveis como visualização positiva ou negativa, nível de habilidade, tipo de tarefa,
função da visualização e perspectiva da visualização, é preciso enfatizar que as
recomendações podem ser apenas indicativas, já que os resultados da pesquisa
permanecem ambíguos.

Frequência, duração e intensidade de treinamento de visualização

Embora haja uma extensa literatura de pesquisa sobre aspectos da aplicação de


visualização no esporte, pouco tem sido examinado sistematicamente em relação a
uma das questões que estudantes de pesquisa frequentemente fazem em primeiro
lugar, ou seja, quanto de visualização é suficiente? Na verdade, esta é uma
pergunta complexa de abordar. Dentro de uma sessão de visualização, haverá
várias repetições da visualização. Isso irá variar significativamente dependendo da
atividade. Por exemplo, um tiro de pistola ou tacada de golfe leva alguns segundos
para ser imaginado, embora imaginar as atividades preparatórias possa estender
isso, enquanto uma rotina de solo de ginástica pode levar cinco minutos para ser
executada uma vez. A duração de uma sessão individual de visualização pode
variar. Estudos examinaram sessões de apenas um minuto e outras que duraram
uma hora. A maioria das pesquisas e programas de visualização aplicada se
encontra em algum ponto intermediário entre esses extremos, mas há um estudo
limitado sobre essa questão. Além disso, a duração da sessão não pode ser
estudada sem levar em conta o número de repetições nela realizadas. Uma sessão
de visualização de 10 minutos com 10 repetições de uma tacada de lance livre no
basquete é bastante diferente de 10 minutos com 30 repetições. Pelo menos em
habilidades discretas, o número de repetições realizadas em um determinado
período de tempo (duração) pode ser considerado a intensidade da sessão de
visualização. Além disso, temos a frequência das sessões de treinamento de
visualização, geralmente descritas como o número de sessões por semana.
Novamente, o número de repetições por sessão e a duração de cada sessão afetam
a frequência. Por exemplo, três sessões por semana de visualização de 15 minutos
com quatro repetições por minuto de tacada de golfe (180 repetições por semana)
são muito diferentes de três sessões de 5 minutos com duas repetições por minuto
(30 repetições por semana), embora ambos os exemplos envolvam três sessões por
semana. Assim, pesquisas que examinam uma dessas variáveis sem controlar as
outras não têm muito significado. No entanto, estudos que foram realizados
geralmente encontraram pouco benefício adicional ao aumentar as sessões muito
acima de três por semana. Quanto tempo um programa de visualização deve
continuar é uma pergunta que simplesmente amplia os problemas das questões
anteriores. Estudos sobre visualização e programas de visualização aplicada têm
durado apenas uma semana ou continuado por uma temporada inteira. Na prática, a
avaliação regular do progresso dos atletas individuais é aconselhável devido ao
grande número de fatores pessoais, estruturais e contextuais que podem confundir
os resultados (Morris et al., 2005).

Fornecimento de treinamento de visualização

Uma ampla gama de questões está relacionada à oferta de treinamento de


visualização (Morris, 2010), por isso apenas aquelas consideradas mais pertinentes
são abordadas aqui. As circunstâncias frequentemente ditam o que é prático em
termos de modalidade de oferta de programas de visualização. Por exemplo,
embora a entrega usando tecnologia avançada possa ser considerada uma opção
eficaz, essa tecnologia pode não estar disponível ou ser prática. A apresentação da
visualização em vídeo, de forma a incluir a auto-modelagem de habilidades corretas
como base para o ensaio de visualização dessas habilidades, tem se mostrado
benéfica para muitos atletas. Embora os atletas possam se esforçar para visitar um
local onde possam usar um leitor de DVD e monitor durante um projeto de pesquisa,
a aderência geralmente não é mantida a longo prazo na prática. Talvez alguns
atletas possam usar um leitor de DVD e monitor em casa, enquanto outros não. Por
outro lado, CDs de áudio podem não ser tão atraentes quanto vídeos, o que
novamente leva a baixa aderência. Recentemente, examinamos o uso da tecnologia
móvel na forma de um iPod touch. Descobrimos que a aderência foi maior para o
iPod touch do que para os jogadores que precisavam usar um sistema de
computador fixo. Os usuários do iPod touch também melhoraram significativamente
o desempenho em comparação com aqueles que usavam o sistema fixo. A
tecnologia móvel tem vantagens práticas, mas atualmente é uma opção cara.

Independentemente do sistema de entrega escolhido, um elemento crítico na


entrega de programas de treinamento de visualização é o conteúdo específico do
"roteiro", ou seja, as instruções dadas aos atletas sobre como realmente realizar a
visualização e o que imaginar. Há pouca pesquisa sobre esse assunto crucial. Na
verdade, muitos estudos passam por cima dos detalhes de seus roteiros e há
informações limitadas sobre como construir um roteiro. Em vários projetos que
realizamos, o trabalho preliminar de medição das funções de visualização com o
SIQ e as principais variáveis de interesse, e a correlação das funções de
visualização com essas variáveis, forneceram informações relevantes. Por exemplo,
em estudos de flow, correlacionamos as cinco funções de visualização do SIQ com
as nove dimensões de flow da Escala de Estado de Flow-2 e identificamos
correlações entre funções cognitivas específicas e funções gerais motivacionais -
domínio e dimensões de flow, como equilíbrio entre desafio e habilidades, metas
claras, concentração total e sensação de controle. O conteúdo do roteiro foi então
escrito para o contexto esportivo específico, fazendo referência a essas
combinações de funções de visualização e dimensões de flow. Claro, isso aborda
apenas um aspecto do roteiro. Em geral, os roteiros precisam ser escritos em
linguagem que seja significativa para os atletas que os usarão. Além disso, o
modelo PETTLEP tem sido a base para roteiros usados em vários estudos em que o
uso de visualização foi bem-sucedido. Isso inclui a inclusão das proposições de
estímulo e resposta de Lang. Além disso, no momento, escrever roteiros de
visualização pode ser classificado mais no âmbito da arte do que da ciência. É outra
área que requer atenção e pesquisa e que exige uma abordagem metodológica
sistemática e sólida.
CONCLUSÃO

A visualização é amplamente utilizada no esporte, às vezes de forma não


intencional e com consequências negativas. Os psicólogos esportivos treinam os
atletas para usarem a visualização para melhorar seu desempenho, lidar com as
demandas da competição esportiva e enfrentar lesões. Eles baseiam sua aplicação
nas melhores evidências disponíveis da pesquisa, que continua a aumentar a
compreensão de como exatamente a visualização aprimora a experiência esportiva.
No entanto, ainda há muita pesquisa a ser feita sobre questões centrais
relacionadas à aplicação eficaz da visualização. Enquanto isso, os profissionais
devem estudar a literatura cuidadosamente para garantir que adotem apenas
técnicas de visualização comprovadas em seu trabalho com os atletas.

AUXÍLIO DE APRENDIZAGEM

1. Como a visualização difere da prática mental?

A prática mental refere-se a qualquer processo mental usado com o propósito de


prática. Isso pode incluir o uso de imagens, mas também pode envolver linguagem,
como quando atores aprendem suas falas ou quando pessoas lembram números de
telefone. A visualização envolve a geração de experiências que imitam aquelas
processadas pelos sentidos. A visualização pode ser gerada em relação a uma
variedade infinita de experiências, muitas delas não associadas à prática, como
reviver uma experiência emocional agradável ou gerenciar a dor.

2. Nomeie e exemplifique as quatro funções de visualização identificadas por


Paivio.

A visualização cognitiva específica é exemplificada imaginando a produção de uma


habilidade chave no esporte. A visualização cognitiva geral é exemplificada
imaginando a execução de uma estratégia planejada para o próximo jogo. A
visualização motivacional específica é exemplificada imaginando a conquista de um
objetivo chave em uma partida. E a visualização motivacional geral é exemplificada
imaginando o domínio no esporte escolhido.

3. Nomeie as modalidades sensoriais e dimensões medidas pela Medida de


Habilidade em Visualização Esportiva (SIAM).

As modalidades sensoriais medidas pela SIAM são visual, auditiva, cinestésica, tátil,
olfativa (odor) e gustativa (paladar). As dimensões são: vividez, controle, facilidade,
velocidade e duração da visualização. A SIAM também mede a emoção
experimentada durante a visualização.

4. Nomeie os sete elementos do modelo PETTLEP que devem ser


considerados ao criar programas de visualização.

PETTLEP é um acrônimo para Physical (Físico), Environment (Ambiente), Task


(Tarefa), Timing (Tempo), Learning issues (Questões de Aprendizado), Emotion
(Emoção) e Perspectives (Perspectivas). Todos esses elementos têm se mostrado
importantes a considerar ao criar programas de treinamento de visualização. As
pesquisas continuam sobre os detalhes de seu uso ótimo.

5. Como a visualização interna difere da visualização externa?

A visualização interna é a visualização a partir da perspectiva do praticante. O atleta


vivencia o que veria, ouviria, sentiria, cheiraria e provaria se estivesse realmente
executando a atividade. A visualização externa é a visualização a partir da
perspectiva de um observador. O atleta vivencia o que veria, ouviria, sentiria,
cheiraria e provaria se estivesse observando a si mesmo de fora do próprio corpo.
Há um número infinito de perspectivas externas, algumas das quais não são
possíveis na realidade.

Capítulo 24
Auto-fala

RESUMO

O propósito deste capítulo é fornecer uma compreensão do fenômeno da auto-fala e


das conexões entre o pensamento e a ação. Primeiramente, são introduzidas
definições, conceitualizações e as diferentes taxonomias da auto-fala. Questões
relacionadas à avaliação da auto-fala e descrições da auto-fala de atletas são então
apresentadas. Posteriormente, os fatores que moldam e influenciam a auto-fala dos
atletas são identificados de forma breve, e as relações entre a auto-fala e o
desempenho esportivo são reveladas. Os mecanismos que podem explicar como a
auto-fala afeta o desempenho são então discutidos. Finalmente, a importância do
desenvolvimento de estratégias de auto-fala é defendida, e diretrizes para a
implementação de intervenções eficazes de auto-fala são oferecidas.

Introdução

Qual maneira melhor de 'convencê-lo' do poder da auto-fala do que através de uma


seleção de citações; citações famosas, citações de atletas famosos ou
simplesmente citações de atletas comuns que alcançaram feitos extraordinários.

O poder do pensamento humano


O poder dos pensamentos humanos é perfeitamente demonstrado nestas citações
de dois líderes famosos:

Somos o que pensamos. (Buda)


Se você pensa que pode ou pensa que não pode, você está certo. (Henry Ford)

Totalmente preparado
Um estado de espírito perfeito antes de competir é descrito pelos pensamentos de
dois atletas que alcançaram a glória olímpica:

Meus pensamentos antes de uma grande corrida geralmente são bastante simples.
Eu digo a mim mesmo: Saia dos blocos, corra sua corrida, mantenha-se relaxado.
Se você correr sua corrida, você vencerá... canalize sua energia. Foco.
(Carl Lewis, Atletismo, Medalhista de Ouro Olímpico)

Quando estou de pé nos blocos, apenas digo a mim mesma: Ok, vou fazer um 200
borboleta, e já fiz um milhão de 200 borboletas na minha vida. Tenho treinado para
isso e sei exatamente o que preciso fazer.

(Misty Hyman, Nadadora, Medalhista de Ouro Olímpico, sobre a corrida da medalha


de ouro)

Manter uma perspectiva positiva


Um exemplo engraçado, mas excelente, de manter uma perspectiva positiva por
meio do pensamento racional é apresentado por outro medalhista de ouro olímpico:

Há água em todas as raias, então está tudo bem.


(Ian Thorpe, Nadador, Medalhista de Ouro Olímpico, sobre estar na Raia 5 para
uma final, em vez de sua raia usual, a Raia 4, onde o melhor tempo de classificação
vai)

Focando onde importa

Por fim, um cenário ideal para se concentrar onde importa é fornecido em nossa
última citação:

Eu não estava pensando no que aconteceria se eu marcasse; eu não estava


pensando no que aconteceria se eu errasse. Só pensei para onde vou enviar a bola.
(Vassilis Tsiartas, Jogador de Futebol, Campeão Europeu, momentos antes de bater
um pênalti crucial)

Existem inúmeros relatos de atletas sobre o poder da auto-fala. O mais convincente


é provavelmente o de Helena Isinbayeva, campeã mundial e olímpica e recordista
mundial em salto com vara, que passa por sua rotina de auto-fala antes de cada
salto que tenta.
A mente é a ferramenta definitiva e a auto-fala um de seus ativos mais poderosos.

OBJETIVOS

Após ler este capítulo, você deverá ser capaz de:


1. Descrever o conceito de auto-fala e suas dimensões.
2. Compreender como a auto-fala de atletas é avaliada.
3. Identificar as principais questões de pesquisa para o estudo da auto-fala.
4. Reconhecer os fatores que influenciam e moldam a auto-fala dos atletas.
5. Entender como a auto-fala dos atletas influencia seu desempenho.
6. Identificar os princípios básicos para desenvolver intervenções eficazes de auto-
fala.

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