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03/08/2022 09:35 Psicologia e ansiedade em atletas

Psicologia e ansiedade em atletas


Psicología y ansiedad en
deportistas
Psychology and anxiety in athletes

Rodrigo
Mestriner Fernandes
Universidade Feevale Prof. Dr.
Gilson Luís da Cunha  
  Novo Hamburgo, RS Profa.
Dra. Geraldine Alves dos Santos
(Brasil) Prof. Me.
Raquel Maria Rossi Wosiack  
geraldinesantos@feevale.br

 
Resumo
         
A ansiedade é um aspecto relevante na prática desportiva de
alto rendimento que pode afetar negativamente os atletas em treinos e
competições. Por isso, o
presente trabalho teve como objetivos: identificar o
nível de ansiedade de atletas praticantes de handball e de futebol de campo de
alto rendimento em uma
Instituição Universitária; analisar a importância dos
atendimentos individuais psicoterápicos na diminuição da ansiedade nestes
mesmos atletas. Método: O estudo
teve como amostra dez atletas com idades entre
dezessete e vinte e nove anos, sendo seis praticantes de handball e quatro de
futebol de campo de alto
rendimento, em uma Universidade localizada no Vale do
Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul, Brasil. Foram utilizados como instrumentos
para coleta dos dados os
testes psicológicos BAI e BRAMS, para medir a
ansiedade e especificamente a tensão e utilizado um saturômetro para medir os
batimentos cardíacos e a saturação
de oxigênio, antes e após os
atendimentos psicológicos durante três meses. Resultados: Atualmente, com
terapia, ficou evidenciada a importância da presença de
um psicólogo dentro
das entidades esportivas, já que ocorreram diferenças significativas no estado
de ansiedade e tensão dos atletas. O teste BAI mostrou que
90% dos atletas
diminuíram para o nível mínimo de ansiedade. O BRAMS identificou que o
índice de tensão caiu em 24,56% e que 90% dos atletas ficaram abaixo
da média
do nível de tensão. A aferição da freqüência cardíaca com saturômetro
monitorou a queda dos batimentos cardíacos em 50%. Portanto, conclui-se que o
acompanhamento terapêutico de atletas de alto rendimento pode ser benéfico
tanto para o próprio atleta quanto para o clube no qual ele atua.
         
Unitermos: Psicologia. Esporte. Ansiedade. Atletas.
     
Abstract
         
Anxiety is an important aspect in high sport performance that can
negatively affect the athletes in both training and competition. Due this fact,
the present
survey aim to detect the level of anxiety in ten athletes between
seventeen and twenty-nine years old, six practicing handball and four soccer
players of high
performance, in a university, located in Rio Grande do Sul,
Brazil and to demonstrate the importance of psychotherapy treatment in
decreasing anxiety in athletes.
The psychological tests, BAI and BRAMS to
measure the anxiety and tension specifically, and oximetry to measure heart rate
and breathing, were applied before and
after the psychological treatment during
three months. The context “with therapy” emphasized the importance of a
psychologist within the sports entities, as the
data presented significant
differences in the state of anxiety and tension of athletes. The test BAI showed
that 90% of the athletes changed to a minimum level of
anxiety, the BRAMS
identified that the index of tension dropped by 24.56%, and showed that 90% of
the athletes were below the average level of tension. The
oximetry monitored the
heart rate dropped by 50%. Therefore, the therapeutic follow up of
high-performance athletes may be beneficial for both the athlete and for
the
club in which he acts.
         
Keywords: Psychology. Sports. Anxiety. Athletes.
 
Recepção: 23/08/2015
- Aceitação: 02/12/2015
 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 212, Enero de 2016. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

   
Podemos observar a ansiedade no comportamento diário das pessoas envolvidas com
esporte de alto rendimento e
este fato é ocasionado pela performance,
cobranças e exigências impostas pelos treinadores, por limitações físicas e
pela ocorrência de lesões. Na mídia, freqüentemente podemos ver episódios
de descontrole por parte de atletas, que
se refletem nas atividades esportivas,
fazendo com que estes não consigam desempenhar suas habilidades técnicas e
táticas, devido a bloqueios gerados pela ansiedade.

   
Tais acontecimentos podem ser observados cada vez mais precocemente, já que os
atletas passam das categorias
de base para o profissional rapidamente, fazendo
com que seja criada uma responsabilidade que estes jovens ainda
não estão
preparados para suportar, ocasionando aumento no nível de ansiedade,
aparecimento de lesões
psicossomáticas e dificuldades em jogos e treinos do
cotidiano. Além disso, os atletas também sofrem com questões
financeiras.
Apenas poucos destes conseguem ter uma vida economicamente estável. Esta
realidade também
influencia em seu rendimento, causando sofrimento psíquico e
ansiedade.

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A partir das necessidades de enfrentamento das dificuldades relatadas, a
Psicologia do Esporte, que utiliza
ferramentas como testes psicológicos, o
trabalho com grupos e os atendimentos individuais, pode melhorar o
rendimento
profissional destes atletas. Porém, é preciso que a prática da Psicologia do
Esporte seja inserida nas
instituições esportivas de forma sistemática,
melhorando a performance e a qualidade de vida destas pessoas.

   
A ausência do psicólogo dentro do ambiente esportivo é uma lacuna. Por isso,
este trabalho visa também mostrar a
importância do profissional da psicologia
para atletas. Outro aspecto a ser considerado é que atualmente os atletas
estão em um mesmo nível de preparação física, devido ao alto grau de amparo
dos clubes e entidades esportivas. Por
isso, a análise psicológica dos
atletas, a abordagem dos mais diferentes graus de ansiedade fará a diferença
no
rendimento de atletas com um mesmo grau de preparação. Desta forma, pode
ser através de um projeto de apoio ao
atleta, que a psicologia contribuirá
para a melhora do rendimento destes atletas, inserindo com isto um novo legado
cultural e possibilitando uma visão ampla sobre o trabalho da psicologia nas
organizações esportivas.

     
Considerando os aspectos apresentados define-se como objetivos deste estudo:
identificar como a psicologia
esportiva pode contribuir na preparação
psíquica de um atleta de alto rendimento; analisar o quanto os fatores
externos
podem influenciar no desempenho destes profissionais; e identificar o nível de
ansiedade dos atletas
universitários.

Fundamentos
teóricos

     
Para o controle da ansiedade no esporte, a literatura tem apontado diversas
estratégias, como por exemplo,
relaxamento, técnicas de visualização (assim
o atleta visualiza suas ações da partida na terapia) e metas, no caso de
baixa
ansiedade. Porém, não basta para um treinador saber as estratégias de preparo
físico e técnico de seus atletas.
Ele deve possuir também capacidades de
ensinar-lhes a lidar com os fatores desencadeadores de estresse. Para que o
atleta atinja este nível de conscientização e de atuação, existem
competências psicológicas que ele deve aprender a
dominar como forma de
responder efetivamente às exigências da competição (Viana, 1989).

   
Outra maneira de controlar a ansiedade pode se dar através de jogos, pois, se o
"Ego" é a expressão do princípio
da realidade que se desenvolve a
partir do "real", o jogo seria um meio de descarregar impulsos
agressivos, pouco
aceitáveis pela sociedade. A visão psicanalítica freudiana
enfoca o jogo como uma forma de mecanismo de defesa do
Ego contra a ansiedade
frente às situações da vida cotidiana. Tal mecanismo de defesa pode vir
através de fantasias,
cujo aspecto simbólico carrega a tentativa de lidar com
a angústia associada aos aspectos racionais (Damázio, 1997).

     
No momento em que o atleta utiliza destes mecanismos psicológicos suas
reações podem ser: decréscimo da
flexibilidade mental, sentimentos de
confusão, aumento do número de pensamentos negativos, menor capacidade de
centrar-se na atuação, atenção inadequada a vivências internas,
esquecimento de detalhes, recorrência de antigos
hábitos inadequados,
tendência a precipitar-se na atuação e decréscimo da capacidade de tomar
decisões, (González,
1997). Estes mecanismos estão presentes em muitos
atletas consagrados pela mídia que, por não terem
acompanhamento profissional
adequado, não conseguiram atingir metas as quais, pelo menos fisicamente,
estariam
aptos para alcançar.

     
Para complementar, Barrera (2000) argumenta que a ansiedade exacerbada existe
nos atletas que têm crenças
muito rígidas, que afetam substancialmente sua
percepção das situações esportivas e sociais que os rodeiam.
Portanto, por
meio da identificação dos pensamentos mais comuns nessa população, pode-se
propor uma intervenção
eficaz. Ao se fazer uso de um atendimento estruturado,
com medidas padronizadas para detectar rápidos índices de
ansiedade, é
possível trabalhar o atleta, num espaço de tempo compatível com a urgência
inerente ao esporte, no
qual o tempo é crucial.

Metodologia

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Esta pesquisa tem um desenho quantitativo. A amostra foi composta por dez
atletas, quatro do sexo feminino e seis
do masculino, com idades entre dezessete
e vinte e nove anos, participantes de duas modalidades esportivas, o
futebol de
campo (quatro atletas) e o handball (seis atletas). Os atletas eram oriundos de
Instituição Universitária do
Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.

     
Foram utilizados dois instrumentos para medir a ansiedade, o teste psicológico
BAI (Inventario de Ansiedade de
Beck) e o BRAMS (Inventário de percepção de
satisfação das necessidades psicológicas básicas para praticantes de
atividades físicas e/ou esportivas). Além destes dois testes utilizados para
detectar o nível de ansiedade nos atletas do
grupo, utilizou-se também o
aparelho saturômetro para medir o índice de oxigênio e os batimentos
cardíacos.

   
O saturômetro foi utilizado para detectar a freqüência cardíaca e a
saturação transcutânea de oxigênio dos atletas
antes das competições, para
analisar alguns dados físicos, como freqüência cardíaca e índice de
oxigênio com os
dados obtidos nos testes psicológicos.

   
Após a coleta dos dados, os atletas participaram de intervenções
psicológicas na linha cognitiva comportamental.
Estes atendimentos
terapêuticos foram semanais, em sessões de uma hora de duração, num total de
três meses.
Foram doze encontros com cada participante. Nestes encontros foram
identificadas as crenças negativas dos atletas,
buscando modificá-las e
auxiliar na sua prática esportiva. Nos últimos quinze minutos antes do
término de cada
sessão, era feito um trabalho de relaxamento, com técnicas de
visualização para melhorar a percepção e concentração
dos atletas na sua
modalidade esportiva. No penúltimo encontro foram refeitos os testes
psicológicos para se obter um
comparativo e cruzamento dos dados entre a
primeira aplicação e a final. No último encontro foram apresentados os
resultados para os atletas.

   
O software utilizado para análise estatística foi o Statistical Package for
Social Sciences versão 20.0. (SPSS). O teste
estatístico utilizado para
análise de comparação de médias foi o teste t de
Student para duas médias (amostras
emparelhadas).

Resultados

     
Após a escolha do grupo de atletas adequados ao propósito deste estudo, foi
medido o nível de ansiedade dos
mesmos para se obter o índice inicial antes do
processo psicoterápico. Através do teste BAI foram identificados dois
cenários de ansiedade, sem terapia e com terapia. Assim, ao serem aplicados os
instrumentos, detectou-se o nível de
ansiedade dos atletas durante uma
temporada de três meses de competições. A ansiedade destes atletas foi gerada
por diversos fatores como: mau rendimento, lesão, pressão da torcida e
preocupações pessoais.

   
A ansiedade é um fator psicológico que interfere na performance esportiva.
Entende-se, neste estudo, a ansiedade
como uma resposta emocional determinada a
um acontecimento que pode ser agradável, frustrante, ameaçador,
entristecedor
e cuja realização ou resultado depende não apenas da própria pessoa, mas
também dos outros
(Machado, 1997).

   
No gráfico abaixo, com uma escala de 0 a 63 a ansiedade existente nos dez
atletas foi medida nos dois cenários:
Sem terapia e Com terapia, de acordo com
a tabela de Beck, entre mínimo, leve, moderado e grave.

Gráfico
1. Comparativo dos atletas na fase sem terapia e com terapia através do BAI

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Fonte:
elaborado pelos autores, 2015

   
Os atletas At3, At5 e At9 apresentaram mudanças significativas. O At3
apresentava índice de 23 pontos inicialmente
e depois com a terapia diminuiu
para 6 pontos. O At5 inicialmente marcou 20 pontos e depois, com terapia, foi
para 8
pontos. O At9 iniciou com 10 e diminui para 0. Nota-se, assim, uma
diminuição do nível de ansiedade nos atletas At.
3, At. 5 e At. 9.
Acredita-se que isto tenha ocorrido devido às sessões de Psicologia do esporte
que os atletas
freqüentaram. As sessões de Psicologia do Esporte
estruturaram-se através de critérios normativos (inevitavelmente
reducionistas), porém que possibilitaram, por exemplo, a classificação das
mais variadas formas de expressão em um
pequeno número de
"personalidades", "estados emocionais" e em modelos
pré-estabelecidos de comportamento. A
partir dos conceitos (e não do atleta
real), foram definidas "características psicológicas" e tipos de
"tratamento" a
serem dispensados ao atleta, com a intenção de
favorecer o rendimento esportivo, seguindo sugestão de Frascareli
(2008). Os
atendimentos estavam apoiados na idéia de que a mente controla o corpo (Ruiz e
Lorenzo, 2008), por isso
apoiar-se somente no preparo físico e técnico não
seria suficiente para afrontar os desafios e pressões da competição.

     
Ao serem trabalhadas questões externas ao esporte como família, namoro e
condição financeira, houve uma
melhora significativa nos rendimentos destes
atletas não só evidenciado na terapia, mas também na sua prática
esportiva,
sendo este fator relatado verbalmente por um dos desportistas atendidos. A
prática do relaxamento
também ajudou o atleta a baixar seu nível de
ansiedade, momento onde o atleta trazia uma música para escutar. Esta
mesma
música ele sempre utilizava antes das partidas. Ao realizarem estes
relaxamentos, os atletas pensavam saídas
para seus conflitos psicológicos
(ansiedade e medo de errar), e o terapeuta tentava ligar este espaço e momento
onde
o atleta estava confiante com o momento de sua prática esportiva, onde
surgia o medo de errar (jogos, ansiedade,
cobranças dos técnicos, da torcida e
familiares) e juntos visualizavam como poderiam resolver estas questões e com
isto ocorria um decréscimo da ansiedade. Em relação a estes resultados, estudiosos
da área da ansiedade informam
que a possibilidade de aumentar ou diminuir o
grau de ansiedade frente à competição, varia, indo de acordo com a
tarefa em
questão, ou seja, modalidades que aplicam em resistência e força têm maior
probabilidade de dissipar a
ansiedade (Radford e Kirby, 1975, p.136).

   
O gráfico 2 refere-se ao teste BRAMS, que demonstra, em uma escala 0 a 100,
onde a média é considerada 50, o
estado de tensão que os atletas chegaram à
primeira sessão e como eles se encontravam na última sessão. O
resultado
demonstrou a eficácia do trabalho de Psicologia Esportiva com estes atletas,
pois quase todos ficaram abaixo
da média, com exceção do At. 1 e At. 3.

Gráfico
2. Índice de BRAMS dos atletas na fase sem terapia e com terapia com
ênfase na tensão

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Fonte:
elaborado pelos autores, 2015

   
Apesar de At1 e At3 terem baixado o nível de tensão de 59 para 55 e de 72 para
55 ainda ficaram acima da média.
Interessante observar que At3 que diminuiu 17
pontos é o mesmo atleta que também apresentou um grau elevado de
diminuição
em relação à ansiedade.

   
No gráfico 3 percebe-se mais uma vez que o trabalho terapêutico além de
auxiliar a baixar o nível de ansiedade
também diminui a tensão entre atletas
de alto rendimento.

Gráfico
3. Média dos atletas do índice de BRAMS na fase sem terapia e com terapia
com ênfase na tensão

Fonte:
elaborado pelos autores, 2015

     
Assim, o resultado deste estudo aponta que os atletas sem acompanhamento
apresentaram um maior nível de
tensão (57%). Em relação aos atletas com
acompanhamento psicológico, este índice foi de 43%, sendo que a
diferença foi
bastante significativa (24,56%).

     
Becker (2000) sugere que o objetivo do treinamento psicológico é a
modificação dos processos e dos estados
psíquicos (percepção, pensamento,
motivação), ou seja, as bases psíquicas da regulação do movimento. Ao final
do
trabalho, observou-se que os atletas estavam mais unidos e constantes no seu
rendimento, tanto nas competições
como nos treinamentos.

   
Um aspecto que precisa ser aqui comentado refere-se aos níveis de tensão.
Embora com base em dados empíricos,
sabe-se que níveis de tensão elevados ou
fora dos padrões ideais podem ser úteis no rendimento esportivo, uma vez
que
tais alterações poderiam colaborar na geração de energia e compensar a
diminuição de outros recursos, tais como
a fadiga (Segato, 2009).

   
Ao aplicar-se o método de BRAMS foi identificada diminuição no nível de
tensão dos atletas principalmente nos At.
5 e At. 8. Em At. 5 a diminuição
foi de 61,33% e em At. 8 de 59,70%. Estes resultados demonstram mais uma vez a
importância e eficácia do trabalho psicológico com estes atletas.

Gráfico
4. Destaques de evolução dos atletas na fase sem terapia e com terapia
através do BRAMS

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Fonte:
elaborado pelos autores, 2015

     
Como se pode perceber no gráfico acima At. 5 e At. 8 estavam bem acima da
média e após os atendimentos
ficaram abaixo da média.

     
Ao considerarmos outro instrumento utilizado, o saturômetro, é importante
esclarecer que as medidas extraídas
através deste instrumento são mostradas
em uma escala de 0 a 100, referente ao índice de SO2 (nível de oxigênio no
sangue) e de RP (batimentos cardíacos).

     
Ao observar-se o gráfico 6, percebe-se que tanto o batimento cardíaco quanto a
saturação aumentavam
significativamente, paralelamente aumentando também o
nível de ansiedade dos atletas.

Gráfico
5. Índice dos atletas nas fases de terapia, testes e relaxamento através
do aparelho

de
saturômetro na fase de sem terapia (S.T.) e com terapia (C.T.)

Fonte:
elaborado pelos autores, 2015

   
Ao aplicarem-se os testes BAI e BRAMS, percebe-se qual era o nível de ansiedade
e tensão dos atletas antes de
terem contato com um psicólogo do esporte e de
se defrontarem com os testes psicológicos. Este estado é
semelhante ao que os
atletas vivenciavam momentos antes de partidas importantes em suas modalidades
esportivas.
Entretanto, desde o momento em que se iniciou a terapia (tratamento
psicológico) com o grupo de atletas, pode-se
perceber uma redução
significativa em seu estado de tensão, sendo que o decréscimo chegou a 33%.
Já ao ser
aplicada a técnica de relaxamento, o estado de ansiedade baixou
ainda mais do que com a terapia, chegando a 31%.

Gráfico
6. Média dos atletas do índice de Saturômetro nas fases de terapia,
testes e relaxamento

https://efdeportes.com/efd212/psicologia-e-ansiedade-em-atletas.htm 6/9
03/08/2022 09:35 Psicologia e ansiedade em atletas

Fonte:
elaborado pelos autores, 2015

     
Desta forma, observando-se o gráfico 6, percebe-se o quanto foi importante para
estes atletas a união da
psicoterapia com a técnica de relaxamento para assim
diminuir os estados de ansiedade de cada um deles.
Destacaram-se os atletas At.
3, At. 4 e At. 8.

   
De acordo com Smith (1986) a avaliação cognitiva é importante, mas também as
respostas fisiológicas resultantes
dessa avaliação, nomeadamente os elevados
níveis de ativação que tendem a ocorrer nos casos onde as situações são
percebidas como ameaçadoras. É neste sentido que o autor estabelece como uma
das áreas de intervenção com os
jovens desportistas o desenvolvimento de
estratégias de confronto para lidar com esses sentimentos negativos, dando
como
exemplo o treino de estratégias de relaxamento, que podem funcionar como uma
forma de ajudá-los a regular
as respostas fisiológicas e comportamentais
diante das exigências do rendimento desportivo.

   
O relaxamento foi a situação em que se obteve o menor índice de So2 e RP, e
conseqüentemente onde se obteve o
menor percentual do nível de tensão (31%)
sendo que a respiração dos atletas e os batimentos cardíacos
mantiveram-se
mais equilibrados. Diferentemente, nas etapas de testes houve um aumento nestes
índices sendo o
mesmo de 36%.

   
Segundo Rúbio (2003) existem algumas estratégias que podem auxiliar o atleta a
lidar com o excesso de ansiedade
e tensão, tais como aprender a reconhecer e
mudar pensamentos negativos, utilizar informações positivas, regular a
respiração, manter o senso de humor e fazer relaxamento.

Gráfico
7. Destaques de evolução dos atletas nas fases de terapia, testes e 

relaxamento através do Saturômetro nas fases


sem terapia e com terapia

Fonte:
elaborado pelos autores, 2015

   
Como se pode observar no gráfico 7 não houve mudança na fase sem terapia e
com terapia nos níveis de So2 dos
atletas At 3, At 4 e At 8. Mas na avaliação
dos RP (batimentos cardíacos), houve uma melhora significativa nos atletas
destacados tanto no relaxamento quanto na terapia demonstrando a eficácia deste
trabalho.

   
Porém é importante comentar-se que a personalidade de um indivíduo é
caracterizada pela composição individual
dos traços (necessidades, motivos,
interesses, atitudes e temperamento). Assim, de acordo com Samulski (1995), o
perfil de personalidade pode dar indicativos para a análise dos fatores que
influenciam o seu desempenho dentro de
um esporte.

     
Ainda assim, ao analisar-se o perfil dos atletas constatou-se que as diferenças
entre sexo, esporte praticado
(futebol de campo e handball) e idade não foram
relevantes para o resultado da pesquisa, pois todos os atletas
tiveram melhoras
nos seus níveis de ansiedade mesmo frente à diversidade do grupo pesquisado,
após a última
sessão de terapia e aplicação dos testes. Este fato é
apresentado a seguir no gráfico 8.

Gráfico
8. Perfis dos atletas através da idade, sexo e esporte praticado

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03/08/2022 09:35 Psicologia e ansiedade em atletas

Fonte:
elaborado pelos autores, 2015

   
O resultado apresentado no gráfico 8 comprova que não houve uma interferência
nos resultados da pesquisa em
relação ao sexo e ao esporte praticado pelos
atletas pesquisados. Pois ao observar-se o At .4 (handball, feminino e 21
anos),
este teve o mesmo rendimento na pesquisa do At. 10 (futebol, masculino e 21
anos).

     
Outros pesquisadores encontraram o mesmo resultado, entre eles Melo (1984) que
não identificou influência da
idade nos níveis de ansiedade no grupo por ele
pesquisado, e justifica tal achado mediante a variável autoestima. Para
ele, os
adultos ficam mais ansiosos por serem ameaçados pela derrota frente a
adolescentes, enquanto que, nos
adolescentes, o nível de ansiedade pode não
ser alterado, pois ser derrotado por adultos pode ser considerado um
fator
normal, desta forma deixando-os mais tranquilos.

Conclusão

   
Nesta pesquisa foi detectado que há um alto índice de ansiedade durante suas
práticas esportivas, e, justamente
por isto, a presença de um psicólogo do
esporte dentro das entidades esportivas, principalmente durante o período de
competições, é extremamente necessária e importante. Contudo, na prática,
este fator emocional é colocado de lado,
ou seja, pouco considerado, por
técnicos, dirigentes e comissão técnica destas entidades, apesar de saber-se
que a
ansiedade é um fator que interfere no rendimento de um atleta.

     
Os resultados obtidos sugerem que esta pesquisa possa ser canalizada a
dirigentes do esporte e às comissões
técnicas, ressaltando a idéia de que o
cenário externo em que o atleta se encontra está interligado a seu ambiente
interno. Por serem coligados e dependentes, estes cenários terão influência
direta no desempenho do atleta, devendo
ser igualmente trabalhados. Portanto,
conclui-se que o acompanhamento terapêutico de atletas de alto rendimento
pode
ser benéfico tanto para o próprio atleta quanto para o clube no qual ele atua,
já que seu rendimento e
performance serão afetados.

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