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© 2021 by Alessandra Machado e Mariana Fenta Elias

Gerente Editorial: Alan Kardec Pereira Editor: Waldir Pedro


Revisão Gramatical: Lucíola Medeiros Brasil
Capa e Projeto Grá co: 2ébom Design Capa: Eduardo Cardoso

Este livro foi revisado por duplo parecer, mas a editora tem a política de
reservar a privacidade.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

M129c
Cérebro e afetividade: potencializando uma aprendizagem signi cativa / Alessandra Machado,
Mariana Fenta Elias; prefácio de Gustavo Teixeira. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2021.
96p : 21cm
Inclui bibliogra a-
ISBN 978-65-86095-57-9
1. Neurociência cognitiva. 2. Psicologia da aprendizagem. 3. Aprendizagem – Aspectos
siológicos. 4. Cérebro. I. Elias, Mariana Fenta. II. Teixeira, Gustavo. III. Título.

21-71877 CDD 612.823 CDU 612.8:159.953

2021
Direitos desta edição reservados à Wak Editora
Proibida a reprodução total e parcial.
WAK EDITORA
Av. N. Sra. de Copacabana, 945 – sala 107 – Copacabana
Rio de Janeiro – CEP 22060-001 – RJ
Tels.: (21) 3208-6095, 3208-6113 e 3208-3918

wakeditora@uol.com.br www.wakeditora.com.br
Dedicamos esta obra a todas as pessoas que desejam ter
uma relação mais profunda com as questões cerebrais e
emocionais, compreendendo o quanto a afetividade é
imprescindível no processo de ensino e aprendizagem.
Sejam bem-vindos a esta incrível viagem, repleta de
informações importantes que potencializará novas
conexões neuronais.
Agradecemos a Deus pela oportunidade de estarmos realizando mais
um sonho de nossas vidas e carreiras.
Queremos agradecer a todas as pessoas que, de maneira direta ou
indireta, fazem parte da nossa história de vida, acompanhando nosso
trabalho e incentivando, de alguma forma, esse processo.
Agradecemos muito aos nossos familiares e amigos por todo apoio de
sempre.
Alguns agradecimentos muito especiais: à Wak Editora por ter
possibilitado que esse sonho se transformasse em realidade, editora pela
qual temos grande respeito e carinho, por todo trabalho de qualidade que
realiza; ao Dr. Gustavo Teixeira, que abrilhantou nosso livro com um
prefácio maravilhoso e que nos trouxe muita emoção. Temos por ele e pelo
CBI of Miami profunda admiração e respeito por todo trabalho de
qualidade que é realizado ao longo de muitos anos; gratidão e orgulho em
fazer parte desta equipe de excelência! Agradecemos a ambos (Wak
Editora e Dr. Gustavo Teixeira) pela credibilidade em nosso trabalho!
Não podemos deixar de agradecer, também, a todos os nossos
professores que zeram parte da nossa trajetória ao longo de muitos anos
de estudo e formação; a todos os nossos alunos (ex-alunos), pacientes (ex-
pacientes) e seus familiares que ajudaram a potencializar nossa vida
pro ssional! Gratidão a todos vocês!
A aprendizagem é um processo mútuo e constante, por isso:
“Quem nasceu para ensinar, nunca deve parar de aprender!”
(Paulo Freire)
Alessandra Machado e
Mariana Fenta Elias
PREFÁCIO

APRESENTAÇÃO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

Afetividade e aprendizagem: contribuições da Neurociência no


ambiente escolar

CAPÍTULO II

Uma visão da Neurociência em relação ao processo de ensinar e


aprender

CAPÍTULO III
A motivação e o cérebro da criança

CAPÍTULO IV

O Sistema Nervoso e a aprendizagem: as bases neurobiológicas do


processo de aprender

CAPÍTULO V

Circuito cerebral: importância de uma aprendizagem signi cativa

CAPÍTULO VI

Cérebro e afetividade: ferramentas indispensáveis para uma


aprendizagem transformadora

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS

AS AUTORAS
O estudo do cérebro sempre me encantou desde as aulas de Anatomia
na faculdade de Medicina, mas foi apenas no mestrado em Educação na
Framingham State University que conheci sobre a importância da
afetividade para a construção de uma aprendizagem efetiva e duradoura.
Para que nossos alunos aprendam, é necessário encantá-los, e a
afetividade é protagonista nesse processo de ensino! Partindo dessa
premissa, cinco anos atrás, criamos o CBI of Miami, uma empresa de
educação 100% on-line focada em oferecer treinamentos em saúde mental
e Educação Especial para pais, educadores e pro ssionais.
Hoje, contamos com a colaboração de mais de 200 professores
universitários, distribuindo conhecimento cientí co de alta qualidade em
mais de 40 programas diferentes de pós-graduação  lato sensu em parceria
com universidades brasileiras. 
Esse grande ecossistema de ensino em saúde mental conta com o
trabalho fantástico da psicóloga Alessandra Machado e da psicopedagoga
Mariana Fenta Elias. Essas duas excelentes pro ssionais são coordenadoras
de diversos programas de pós-graduação do CBI of Miami e apresentadoras
do projeto de consultoria pedagógica do Compartilhando Ideias
Neuroeducação. Este livro é resultado de muitos anos de estudo, trabalho e
vivência acadêmica nas áreas de Pedagogia, Psicopedagogia, Psicologia
Educacional e Neurociência da Educação.
Aprimorar os conhecimentos técnicos e cientí cos a partir do estudo
deve ser o foco e a responsabilidade de todo pro ssional da educação, e
este livro é uma excelente ferramenta nesse sentido. Cérebro e afetividade
– potencializando uma aprendizagem signi cativa é um livro muito
prático, didático, objetivo e que oferece muito conhecimento cientí co
para auxiliar no dia a dia de sala de aula.
Desejo que essa obra seja lida por todos aqueles que acreditam na
ciência como ferramenta libertadora para o conhecimento e para ajudar o
próximo. Queridos professores, encantem!
Boa leitura!
Dr. Gustavo Teixeira, M.D. M.Ed.
Cofundador e diretor executivo do Child Behavior Institute of Miami (CBI of Miami).
Mestre em Educação Especial – Framingham State University.
Professor visitante do Departament of Special Education - Bridgewater State University.
www.cbiofmiami.com
Os avanços da Neurociência e da Tecnologia, principalmente nos
últimos anos, possibilitaram o maior conhecimento da estrutura e do
funcionamento do cérebro humano, o que foi de suma importância para
uma das comprovações mais marcantes que esse conhecimento trouxe,
que é a questão de que a razão e a emoção não podem ser separadas.
Dessa maneira, ca mais fácil compreender que a afetividade é a
“mola” propulsora para que a aprendizagem aconteça. Desa ar o cérebro
dos alunos, por meio de propostas que encantem ou que sejam prazerosas
e signi cativas, contribui para um maior número de sinapses, pelos
estímulos recebidos. Por isso, é primordial que os professores conheçam as
estruturas cerebrais como ferramentas da aprendizagem na construção de
conhecimentos.
A partir desse conhecimento, o professor conseguirá criar
oportunidades e meios para despertar a vontade de aprender do aluno e a
afetividade. O afeto não só ajuda a construir a aprendizagem mas também
é fundamental para a mediação e empatia entre professor e aluno. É no
cérebro afetivo e emocional que as emoções se organizam e determinam a
concentração, a memória e o prazer em aprender.
Com a Neurociência, a motivação e a afetividade, associadas à
aprendizagem, ganharam base cientí ca e, com isso, mostraram que
propostas prazerosas e desa adoras levam ao fortalecimento e ao
estabelecimento de redes neurais com muito mais facilidade. A
afetividade provoca sensação de bem-estar, satisfação, alegria, desenvolve
inteligência, melhora a relação interpessoal e intrapessoal e a qualidade do
registro na memória.
É importante que haja uma integração entre família e escola neste
processo de ensino e aprendizagem transformador, possibilitando que o
educando tenha sua aprendizagem valorizada além do ambiente escolar,
onde “muros” de resistência de pensamentos são desconstruídos, para que
sejam construídas “pontes” de afetividade, congruência e respeito ao ser
biopsicossocial existente dentro de cada criança.
Esta obra aborda a importância da valorização das emoções dos
educandos e educadores na dinâmica da sala de aula e na construção de
uma proposta educacional mais signi cativa e afetiva. Com tal proposta
sendo fundamentada no conhecimento amplo e atual da Neurociência
ligada à Educação, será possível realizar uma intervenção pedagógica mais
e caz e criativa, centrada no aluno e nas diferentes formas de ensinar e
aprender, atingindo, assim, resultados mais e cazes e duradouros.
Somente a partir da compreensão de que o ser humano é um ser
biopsicossocial, é possível ressigni car as estratégias de ensino e
aprendizagem e melhorar a qualidade na formação e capacitação dos
professores.
Este livro foi baseado na leitura de pesquisas sobre Neurociência,
Educação, Psicologia, Neuropsicopedagogia e Neuropsicologia e, também,
em alguns artigos importantes das Revistas Mente e Cérebro e Psiqué e de
sites especializados, como o psiqweb e psiquiatria infantil.com. O estudo
alicerçou-se por meio de obras dos autores: António Damásio, Roberto
Lent, Daniel e Michel Chabot, Marta Pires Relvas, Jean Piaget, Lev
Vigotsky, Ramon Consenza, Serrano Freire, dentre outros, que serão
descritos na referência bibliográ ca.
“A prática educativa é tudo isso: afetividade, alegria,
capacidade cientí ca, domínio técnico a serviço da mudança
ou lamentavelmente, da permanência do hoje”.
(Paulo Freire)
As descobertas e os contínuos estudos da Neurociência são de grande
importância para a Educação, pois nos ajudam a compreender o
funcionamento do cérebro humano e, assim, repensar e redimensionar as
práticas pedagógicas, a partir do entendimento que as informações são
processadas, armazenadas e respondidas pelo cérebro cognitivo,
emocional, motor, afetivo e social.
As novas tendências da Educação, embasadas pelas descobertas da
Neurociência, apontam para o desenvolvimento de um cérebro que
vivencie incertezas, sabendo lidar com o inesperado e com as frustrações
do cotidiano, con ando em si mesmo, criando soluções e planejando
ações, sem perder a autoestima e a capacidade de reorganização e
adaptação. Esse conhecimento permite aos educadores planejar atividades
apropriadas para ativar áreas cerebrais que serão importantes no
desenvolvimento geral das crianças.
A estimulação de neurônios dos bebês, por exemplo, dá início a
inúmeras atividades mentais de suma importância. Os circuitos neurais
estabelecidos nessa fase irão perdurar para toda a vida e subsidiarão
outros.
Por meio da Educação, nada melhor do que o contexto de uma sala de
aula onde se podem promover vários estímulos que contribuirão para um
maior número de sinapses, que talvez não tenha em situações naturais ou
não planejadas. Assim, habilidades e competências são favorecidas, desde
a entrada da criança na escola. “Desa ar” o cérebro das crianças, de uma
forma geral, é na verdade favorecer uma aprendizagem prazerosa, real,
signi cativa, criativa e potencializada. Quem está no processo de ensino e
aprendizagem como aprendente é valorizado e respeitado em suas
dimensões cognitiva, afetiva, orgânica e social. Essa nova e importante
postura educacional desperta no aluno o desejo de realmente aprender o
que tem sentido e signi cado.
Se a sala de aula é um espaço tipicamente interativo, cabe ao
professor/educador compreender que seus alunos são formados de uma
biologia cerebral em movimento contínuo de transformação, pois as
conexões nervosas nunca param. Nesse momento, é importante que o
professor tenha um “olhar investigativo”, um olhar diferenciado, para que
consiga possibilitar novas intervenções na sala de aula e preparar
atividades de acordo com seu grupo de alunos, e não só permanecer com a
mesma aula que ultrapassa anos sem modi cações.
A cognição é in uenciada o tempo todo pelos neurotransmissores e, ao
professor, caberá o papel de mediar as hipóteses e as ideias de seus alunos.
Assim, as células motoras e sensitivas são estimuladas e produzem energia
celular, mantendo a célula ativa e em melhor condição de novas sinapses,
que irão permitir maior qualidade das informações.
É possível formular aulas agradáveis e prazerosas trazendo para sala de
aula estímulos que sejam capazes de aumentar os níveis de dopamina para
que as crianças se sintam motivadas a aprenderem. Muitas vezes, essa
criança precisa mesmo é de uma atenção especial, um olhar afetuoso, um
toque com carinho, isso faz toda diferença. Na superfície medial do
cérebro dos mamíferos, o sistema límbico é a unidade responsável pelas
emoções. É uma região constituída de neurônios, células que formam uma
massa cinzenta denominada de lobo límbico. Por meio do sistema nervoso
autônomo, ele comanda certos comportamentos necessários à
sobrevivência de todos os mamíferos, interferindo positiva ou
negativamente no funcionamento visceral e na regulamentação
metabólica de todo o organismo. Desta forma, sistema límbico e afeto
tornam-se muito importantes dentro deste estudo onde são consideradas
ferramentas principais para potencializar resultados positivos na
aprendizagem signi cativa.
“Não há educação sem amor. O amor implica e luta contra o
egoísmo. Quem não é capaz de amar os seres inacabados não
pode educar. Não há educação imposta, como não há amor
imposto.”
(Paulo Freire)
Certamente, aprende-se melhor em uma esfera de amor. Na educação,
esse amor traduz-se em afeto. O afeto, na sua de nição etimológica, tem o
caráter da neutralidade, ou seja, pode expressar sentimento de agrado ou
desagrado. Quando, contudo, ele vem da prática da educação baseada no
amor, transforma-se em estímulo para a aprendizagem, tanto para
aprender quanto para ensinar.
Yves de La Taille (1992) disse que “o afeto é uma mola propulsora das
ações, e a razão está a seu serviço”. O afeto estimula a conexão dos
neurônios, a criação e a consequente lembrança de registros, conhecidos
como memória.
Segundo o neurocientista António Damásio (2006), a função atribuída
às emoções na criação da racionalidade tem implicações em algumas das
questões com as quais a nossa sociedade defronta-se atualmente e, entre
elas, a educação.
A aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo estão sempre se
reinventando. Pela plasticidade, o cérebro se remodela para pensar e
aprender, e é a mediação afetiva que vai disparar esses processos, pois o
afeto estimula dois mecanismos fundamentais da memória: a xação
(acréscimo de informações) e a evocação (informações assimiladas
anteriormente).
Segundo a Neurociência, é no cérebro afetivo-emocional que as
emoções se organizam em regiões interconectadas e determinam a
concentração, a atenção, a memória e o prazer em aprender.
A emoção, seja ela positiva ou negativa, interfere no cognitivo e nos
pensamentos. A nal, o que existem são seres sociais e afetivos. Por meio do
afeto, as emoções negativas podem ser reeditadas, favorecendo tanto o
aprendizado quanto a relação entre professor e aluno.
Vygotsky a rma que as reações emocionais exercem in uência sobre o
comportamento no processo educativo, porque as funções complexas do
pensamento são efetivas pelas trocas sociais, tendo o afeto como papel
preponderante. Ainda segundo Vygotsky (2004), “sempre que
comunicamos alguma coisa a algum aluno, devemos procurar atingir seu
sentimento”.
A escola é um lugar essencialmente de socialização, de convivência e
de integração, onde as relações afetivas têm papel preponderante. Assim, o
ponto de partida do trabalho em sala de aula deve ser a emoção. O afeto, a
curiosidade e o estímulo atuam no início para canalizar a atenção e,
depois, para ajudar a memória no resgate das informações.
A escola deve ser um espaço que proponha atividades estimulantes e
desa adoras, que os alunos tenham condições de realizar e que despertem
neles curiosidade e vontade de vencer desa os e de buscar respostas.
Para Vygotsky, o afetivo interfere no cognitivo e vice-versa. Um
exemplo é a motivação para aprender, que está associada a uma base
afetiva. O ensino precisa ser de fato desa ador e proporcionar meios para
que o aluno dê sentido ao que está aprendendo, que saiba relacionar,
re etir e dar novos signi cados às informações.
Com a Neurociência, a motivação e a afetividade associadas à
aprendizagem ganharam base cientí ca. As descobertas da Neurociência
nos mostram que, por meio de atividades prazerosas e desa adoras,
acontece o “disparo” entre as células neurais: as sinapses se fortalecem e as
redes neurais se estabelecem mais facilmente.
Os estímulos recebidos pela criança, as di culdades que enfrentam e as
hipóteses que levantam para vencer desa os e se adaptar às muitas
questões do ambiente vão de nir os caminhos de seu desenvolvimento.
Há estudos nos Estados Unidos que comprovam que crianças bem
estimuladas na primeira infância, apresentam uma vida escolar mais bem-
sucedida e comportamentos sociais mais desenvolvidos, além de dominar
mais palavras, ter mais habilidades com conceitos matemáticos, falar
outras línguas com mais uência etc.
Chegando à adolescência, surge o interesse por temas diversos, como
Filoso a, formas de lazer, cultura, entre outros. É preciso estimular a
autonomia para que novas experiências surjam e estimulem o jovem a
aprender, por meio de atividades diversi cadas e desa adoras, que
permitam novas vivências. Educar na diversidade é, na verdade, o grande
desa o. A atenção à diversidade de capacidades, habilidades,
competências, motivações e interesses dos alunos é o objetivo dos
pro ssionais da educação.
Professor e aluno que interagem, criam e viabilizam possibilidades,
conseguem construir a aprendizagem juntos. O que vai de fato quali car
ou até mesmo provocar a mudança no aprendizado é o afeto.
A educação emocional deve fazer parte do currículo escolar,
objetivando ser mais uma habilidade para o educando, que vai ajudá-lo a
vencer desa os e superar di culdades com mais sucesso e felicidade.
A afetividade provoca sensação de alegria, bem-estar e satisfação
emocional, que provoca o feedback intelectual, desenvolve inteligência e
melhora a qualidade da memória.
“Quando a gente ensina, a gente continua a viver na pessoa
que foi ensinada!”
Rubem Alves
Os seres humanos são seres diferentes, e isso é um fato lógico. Mas,
será que a escola prepara seus currículos e sua proposta pedagógica tendo
essa visão como principal parâmetro?
Todos têm direitos, independentemente de di culdades e habilidades,
a uma aprendizagem cognitiva, motora, afetiva e social, e a escola tem o
dever de planejar suas aulas para atender às necessidades dessa
diversidade. Esse é o compromisso social da escola.
Com o conhecimento da Neurociência, sabe-se que a criança aprende
a partir das experiências, da estrutura emocional e do amadurecimento
neuro siológico das células.
É preciso que a escola faça suas respostas voltadas ao “encantamento”
dos alunos. Um aluno “deslumbrado” busca novas experiências, novos
saberes e tem atenção naquilo que está aprendendo. A atenção é
primordial para aprender, e essa função é desempenhada pela formação
reticular (encontrada no tronco encefálico), que mantém o córtex em
alerta para receber novos estímulos, interpretá-los e decodi cá-los.
Sem esse “encantamento”, vemos cada vez mais crianças e adolescentes
desestimulados ou até com di culdades de começar uma atividade ou de
concluí-la, cursando até com uma di culdade de aprendizagem.
É preciso mais do que nunca, nesses tempos de informações rápidas,
pensar nos alunos como pessoas em processo de crescimento e
desenvolvimento individuais.
A Neuroaprendizagem surge como um processo inovador na área
pedagógica, pois busca conhecer as diferentes estruturas cerebrais para
compreender o processo cognitivo de cada um, inclusive daqueles com
distúrbios ou di culdades de aprendizagem. Nesse contexto, a emoção dá
forma à cognição e à aprendizagem.
O Sistema Límbico comanda os sistemas endócrinos e é responsável
pelas emoções. De acordo com António Damásio, neurocientista, razão e
emoção estão interligadas.
Em primeiro lugar, é evidente que a emoção se desenrola sob o
controle tanto da estrutura subcortical como da neocortical.
Em segundo, e talvez mais importante, os sentimentos são tão
cognitivos como qualquer outra imagem. (DAMÁSIO, 2012,
p.151)
O Sistema Límbico recebe experiências emocionais positivas e
negativas, enviando mensagem ao córtex pré-frontal, que interpretará
essas experiências. A emoção transformará essa mensagem em sentimento,
que é racional. As experiências vividas cam armazenadas no Hipocampo
(estrutura do Sistema Límbico), responsável pela memória de longa
duração.
A razão então age diretamente na emoção. Quando se vivencia e
aprende-se, vinculam-se a emoção e a razão. Dessa forma, ca claro que os
alunos podem e querem aprender, cada um em tempos diferentes e
obedecendo a ritmos neurais diferentes, pois há um trajeto químico no
cérebro que operacionaliza cada ação dos educandos.
A Plasticidade Cerebral permite que o cérebro se remodele em função
da experiência de cada um, o que só reforça que os alunos podem
aprender a vida inteira de diferentes maneiras. A afetividade provoca
mudanças químicas e neurais que ocorrem no cérebro emocional e que
vão interferir no ato de aprender. Aprender é uma “mistura” complexa de
vários elementos: pedagógicos, emocionais, culturais, sociais e biológicos.
Plasticidade cerebral é a denominação das capacidades adaptativas do
Sistema Nervoso Central (SNC) e sua habilidade para modi car sua
organização estrutural própria e funcionamento. É a propriedade do
sistema nervoso que permite o desenvolvimento de alterações estruturais
em resposta à experiência, e como adaptação a condições mutantes e a
estímulos repetidos. (RELVAS, 2005, p.45)
São muitos os vínculos entre a cognição, a afetividade, a sensibilidade
e a motricidade. O substrato neurológico responsável por esses vínculos
são os neurônios, que produzem e conduzem impulsos elétricos, criando a
rede neural.
A transmissão desses impulsos nervosos de um neurônio para o outro
nas sinapses e dos neurônios para os músculos se dá por meio da liberação
de neurotransmissores, que são recapturadas pela membrana pré-sináptica
ou destruídas na fenda sináptica. Eles exercem efeito inibidor ou
excitatório nas membranas pós-sinápticas. As sinapses são dotadas de
plasticidade. Da Neuroplasticidade, depende o processo de aprendizagem
e reabilitação das funções motoras e sensoriais.
As principais estruturas nervosas envolvidas no aprendizado cognitivo
são o Hipocampo e o Córtex Pré-Frontal, e graças à memória declarativa,
cujos substratos neurológicos são justamente o Hipocampo e o Córtex
Frontal, as informações armazenadas podem ser evocadas.
Já as competências emocionais estão ligadas à amígdala cerebral e ao
Córtex Pré-Frontal. Contudo, sabe-se que todas as competências
in uenciam-se mutuamente. Um exemplo disso é o fracasso diante de
uma prova escolar devido ao estresse.
O ser humano é totalmente afetivo. A amígdala emite projeções
neurais para a maioria das partes do cérebro, incluindo as responsáveis
pelas funções cognitivas.
A Plasticidade Cerebral é responsável pelas capacidades
adaptativas do Sistema Nervoso Central (SNC). A cada nova
experiência de vida de uma pessoa, rede de neurônios sofre um
rearranjo e outras sinapses são reforçadas e outras
possibilidades de respostas ao ambiente são possíveis.
Os sistemas cerebrais destinados à emoção estão intrinsecamente
ligados aos “sistemas da razão”. Os sentimentos parecem depender de um
sistema de componentes ligados à regulação biológica e à razão;
dependem de sistemas cerebrais especí cos, sendo que alguns processam
sentimentos, o que clari ca que pode existir uma interligação (em termos
de anatomia funcional) entre razão, sentimento e reações do corpo. O ser
humano pensa, sente e age, e o aprendizado escolar requer prontidões
neurobiológicas, cognitivas e emocionais.
A criança nasce, cresce e aprende imersa em um meio social que
in uenciará na qualidade de seu aprendizado grandiosamente. Somos
seres biopsicossociais, sujeitos cerebrais únicos que merecem ser vistos de
acordo com suas singularidades, dentro de uma pluralidade que é a sala
de aula.
Um outro conceito que unido aos conhecimentos da Neurociência e
que nos ajuda nesse entendimento sobre a importância do processo de
aprendizagem signi cativa é o DUA (Desenho Universal da
Aprendizagem). O  Desenho Universal  para a Aprendizagem  visa
proporcionar uma maior variedade de opções para o ensino de todos,
considerando a diversidade da  sala de aula, valorizando como eles
expressam seus conhecimentos e como estão envolvidos e motivados para
aprender mais.
Princípios básicos do DUA (baseado em National Center On Universal Design for Leaming, 2014.
Consultado em 17 de maio de 2015, em
http://www.udlcenter.org/aboutudl/udlguidelines_theorypractice
“Se queres construir um barco, não peças aos homens que
procurem madeira, nem lhes dês ordens, nem divida o
trabalho. Em vez disso, ensina-lhes a desejar o eterno e belo
mar!”
Antoine de saint-Exupéry
Motivação no sentido etimológico signi ca o ato de motivar (motivo +
ação), isto é, um motivo que leve o indivíduo à ação, algo que o faça agir.
A motivação é a mola propulsora da aprendizagem, ou seja, o impulso que
nos move para agir. Há dois tipos de motivação: a motivação intrínseca e a
motivação extrínseca.
A motivação intrínseca refere-se à escolha e realização de certa
atividade por causa própria, por ser interessante, atraente ou geradora de
satisfação. É uma propensão inata dos seres humanos. A motivação
extrínseca refere-se à motivação para trabalhar em resposta a algo externo
à atividade, como para obtenção de recompensas materiais ou sociais.
A motivação do ponto de vista psicopedagógico e da Neuroeducação é
estimular os aprendentes a realizarem atividades signi cativas,
desa adoras e envolventes.
O aluno motivado é aquele que apresenta alta concentração e emoções
positivas. Os educadores devem explorar essa poderosa força motivacional
advinda da motivação intrínseca, destacando e valorizando o esforço
pessoal de seus alunos. Para isso, os próprios educadores precisam estar
motivados, pois não se produz entusiasmo quando não se é capaz de
entusiasmar-se.
O prazer de aprender e vencer obstáculos e desa os são fundamentais
para a criança e vai acompanhá-la durante toda a vida, pois é o que
permanece de forma mais consistente em sua memória. É a curiosidade e
a motivação que levam a criança a querer explorar tudo à sua volta e são as
experiências que “modelam” o cérebro.
Cada ato mental carrega a complexidade de uma história que é
individual e única, iniciada antes mesmo da concepção, cujos alicerces
serão construídos nos cinco primeiros anos de vida, formando um
fascinante processo de desenvolvimento que é cerebral, subjetivo,
cognitivo e social.
Do ponto de vista cerebral e subjetivo, os seres humanos chegam
incompletos ao mundo e precisam de estímulos e de motivação para
ocorrer o desenvolvimento. O cérebro altamente plástico vai moldando-se
às diversas experiências.
O desenvolvimento cerebral que ocorre até as primeiras duas décadas
de vida tem no período fetal, na infância e na adolescência suas etapas
mais signi cativas. Assim que a criança nasce, seu sistema nervoso já
possui a maior parte dos neurônios que ela usará ao longo da vida. Mas,
ainda, é preciso desenvolver boa parte das funções cerebrais e organizar a
rede especializada de processamento de informações. Para potencializar o
desenvolvimento funcional do cérebro, a estimulação global e os desa os a
que os bebês são submetidos nos três primeiros anos de vida são
fundamentais.
A criança tem a capacidade bem precoce de perceber e memorizar
estímulos; a partir da primeira metade de vida intrauterina, o ser humano
já é capaz de assimilar estímulos sonoros e gustativos.
A capacidade de aprendizagem já se inicia desde o período fetal, e a
memória, uma das funções primordiais para o aprendizado, está presente
desde a fase pré-natal, desenvolvendo-se de forma quantitativa e
qualitativa de acordo com a maturação cerebral.
O desenvolvimento da criança não é um processo contínuo e
homogêneo, mas depende da interação entre o crescimento das áreas
cerebrais, o grau de mielinização de suas estruturas e da capacidade do
cérebro, mesmo ainda imaturo, de reorganizar seus padrões de respostas e
conexões mediante as experiências.
A criança busca compreender o mundo e “experimentá-lo”, testando-o
e explorando-o. Assim, cada interação com pessoas ou objetos vai
construindo e reconstruindo suas experiências e se desenvolvendo. Essa
interação se dá por meio dos vínculos afetivos, primeiro com os pais e
posteriormente com os professores.
Então, os primeiros anos de vida são os mais incríveis para o
desenvolvimento infantil: quanto mais estímulos o cérebro da criança
recebe, mais caminhos neurais são formados, e com as experiências, esses
caminhos tornam-se mais fortes, ou seja, o ambiente com estímulos e afeto
pode maximizar o desenvolvimento do cérebro da criança.
No cérebro, existe um sistema dedicado à motivação e à recompensa.
Quando a criança ou o sujeito já adulto é motivado positivamente por
algo, a região responsável pelos centros de prazer produz a dopamina. A
ativação dessa área gera bem-estar, que mobiliza a atenção e reforça o
interesse do sujeito por aquilo que o afetou.
O circuito cerebral da motivação é uma estrutura complexa
envolvendo múltiplas áreas do cérebro, como o córtex pré-frontal, o
tálamo, o hipocampo, a amígdala cerebral etc., que vão amadurecendo à
medida que a criança vai crescendo. A amígdala emite projeções neurais
para a maioria das partes do cérebro, incluindo as responsabilidades pelas
funções cognitivas e emoções.
A motivação para aprender é uma das maiores ferramentas para o ser
humano desenvolver-se. Ela o ajudará a superar desa os, ser persistente e
ter estímulo para tentar de novo quando experimentar o “fracasso”. Assim,
é fundamental que o ambiente de aprendizado mobilize emoções
positivas, como entusiasmo, motivação, envolvimento, desa os prazerosos
etc., e afaste as negativas, como ansiedade, medo, frustração e apatia.
Segundo a neurologista Suzana Herculano-Houzel, em seu livro “Fique
de bem com seu cérebro” (2007), tarefas muito difíceis desmotivam e deixam
o cérebro frustrado, sem obter prazer do sistema de recompensa. Por isso,
são abandonadas. Isso ocorre também com tarefas muito fáceis. A relação
entre a obtenção desse prazer e a antecipação desse prazer é um elemento-
chave para a motivação. Há múltiplas conexões entre o “centro do prazer e
da recompensa” (o sistema límbico e o córtex pré-frontal).
Esse “cérebro emocional” é impulsivo e reage espontaneamente, tanto
às motivações positivas quanto às contrariedades. Emoções positivas
podem melhorar a aprendizagem cognitiva. Uma pessoa motivada tem
interesse, engajamento, perseverança e curiosidade. O ser humano é
fundamentalmente afetivo.
Para Relvas (2011), toda informação inovadora, antes de ser aprendida,
deve passar por três importantes ltros em nosso cérebro, estes ltros
favorecem a discriminação e a atenção do cérebro ao que realmente lhe
interessa absorver como aprendizagem. Os ltros estão presentes no
sistema de aprendizagem RAD: o sistema reticular de ativação (RAS), o
ltro positivo da amígdala e a intervenção de dopamina. Cada um deles se
determina pelas emoções. Se são positivas, o acesso da novidade ao cérebro
se realizará com maior e caz. Se o cérebro detecta estresse, pode combater
e bloquear a informação.
Isto signi ca que, quanto melhor for o ambiente para aprender, melhor
será a aprendizagem. Cada vez mais, as crianças são mais velozes em seu
pensamento, por isso é necessário e muito importante melhorar as
ferramentas para capturar sua atenção.
Segundo Damásio (2000), aprender, então, implica o desenvolvimento
de conexões neurais. Comunicação e aquisição de novas formas de ver o
mundo e a si mesmo, em vários níveis, tornando possível a mudança de
comportamento e a descoberta de outras formas de se relacionar com os
objetos, os sentimentos, as pessoas, as escolhas, as situações e os desejos.
Graças à contribuição da Neurociência, é possível que salas de aula
deixem de ser cansativas e desgastantes, e a aprendizagem comece a se
tornar uma atividade prazerosa, afetiva, signi cativa e inesquecível.

Fonte: Universidade de Duke, Whashington University School e Universidade de Michigan.


Nos tempos atuais, o educador encontra na sala de aula um novo
aluno, com interesses e comportamentos bem diferentes que nos anos
anteriores. As redes sociais, os avanços tecnológicos, que trouxeram
informações cada vez mais rápidas, e as mudanças nos padrões de
consumo alteraram o modo de as pessoas se relacionarem. Contudo, o
acúmulo de informações não signi ca o real conhecimento, e o modo
como ela é interpretada e compartilhada tem in uenciado nos
relacionamentos interpessoais estabelecidos atualmente.
Nesse cenário, estão a escola e o professor, com a responsabilidade de
ensinar e com o desa o de “encantar” os alunos e revitalizar as práticas
pedagógicas. A contribuição da Neurociência faz-se cada vez mais
necessária, pois traz uma visão cientí ca do processo de ensinar e
aprender, permitindo ao educador conhecer o aluno como um ser
biopsicossocial, por meio dos estudos da anatomia e siologia do Sistema
Nervoso Central e dos mecanismos neuronais que sustentam os atos
perceptivos, cognitivos, motores, afetivos e emocionais, ajudando-o na
orientação da sua prática em sala de aula.
Assim, o professor se conscientiza que seus alunos têm uma biologia
cerebral, com sentidos biológicos estimulados e um movimento de
conexões nervosas contínuas, e que a aprendizagem perpassa pelas
sinapses, pelo ritmo neural de cada um e interação social.
Os alunos atuais são plurais, aqueles que questionam, criam hipóteses,
argumentam, criticam e têm autonomia para aprender. São “cérebros
pensantes”, com emoções e afetos que precisam ser respeitados em sua
individualidade, em seu ritmo para aprender, em suas competências e
habilidades.
Os educadores atualmente precisam conhecer esse incrível mundo
chamado cérebro humano, para poder elaborar, de nir e organizar melhor
os conceitos sobre aprendizagem, identi cando, por meio do sistema
nervoso central, seus processos e como produzem modi cações mais ou
menos permanentes, que se traduzem por modi cação funcional ou
comportamental, permitindo a melhor adaptação do indivíduo ao meio
como resposta a uma solicitação interna do organismo.
Dito de outra forma, quando um estímulo já é conhecido do
sistema nervoso central, desencadeia uma lembrança; quando o
estímulo é novo, desencadeia uma mudança. Essa é a maneira
de se entender a aprendizagem do ponto de vista
neurocientí co. (RELVAS, 2012, pp. 20-21)
Não se pode esperar que os alunos concentrem sua atenção nas
atividades, se estas não forem estimulantes. A afetividade é uma função
psicológica regulada biologicamente pelo sistema límbico-hipotalâmico.
Refere-se especi camente ao que se ama, ao que se tem cuidado, e está
relacionada à função de registro permanente e evocação da memória, bem
como aos valores e à consciência ética. A afetividade implica a relação
com o outro e as a nidades, atua biologicamente no ser e resulta na
integração córtico-diencenfálica. Tem duração no tempo e gera
inteligência relacional que expressa por meio de sentimentos, como amor,
amizade, empatia, solidariedade, altruísmo e ternura. As áreas
relacionadas aos processos emocionais ocupam territórios do cérebro,
destacando-se o hipotálamo, a área pré-frontal e o sistema límbico, e estão
presentes nas habilidades cinestésicas, verbal, intrapessoal e interpessoal,
lógico-matemática, visual, auditiva, musical, espacial e social.
Sendo assim, estimular e desa ar esse cérebro pensante e que está em
constante atividade e permitir o diálogo entre movimento, afeto e emoção
parece ser o melhor caminho para que a sala de aula que mais atrativa
para os alunos e para os professores.
Desta forma, mais do que nunca, a escola precisa ser formada por
pro ssionais que necessitam se compreender como agentes estimuladores
para formar novas conexões neurais e, por consequência, novas
aprendizagens, mas, para isso, precisa entender como se dá todo
funcionamento do Sistema Nervoso Central a m de poder atuar com
qualidade e assertividade.
A Neurociência Cognitiva, ao atuar nos estudos do pensamento, da
aprendizagem, da memória e do uso da linguagem, contribui na formação
e na prática de educadores, pessoas fundamentais na organização do
sistema nervoso do aprendiz. É preciso que cada vez mais o educador
conheça o funcionamento cerebral e se quali que para que haja uma
mudança em sua prática pedagógica. A partir dessa constatação, cou
clara a necessidade de estabelecer um diálogo contínuo entre a
Neurociência e a Educação.
O cérebro é a parte mais importante do nosso sistema nervoso, pois é
por meio dele que temos consciência das informações que chegam pelos
órgãos dos sentidos e processamos essas informações, associando-as às
vivências e aos nossos conhecimentos já adquiridos.
Os processos mentais, como o pensamento e a atenção, acontecem por
meio do funcionamento cerebral e por meio de circuitos nervosos,
constituídos por dezenas de bilhões de células, chamadas de neurônios.
Por meio dos neurônios, pode-se perceber uma potencialidade de suma
importância denominada sinapses, que são os impulsos elétricos que
perpassa pelos neurônios.
Neurônios são células especializadas, elas são feitas para receber
certas conexões especí cas, executar funções apropriadas a
passar suas decisões a um evento particular a outros neurônios
que estão relacionados com aqueles eventos.
(RELVAS, 2007, p. 22)
Um neurônio pode disparar impulsos diversas vezes por segundo, mas a
informação para ser transmitida para outra célula depende do axônio, que
é uma estrutura que ocorre geralmente nas porções nas do
prolongamento neural. Os locais onde ocorre a passagem da informação
entre as células são chamados de sinapses, e a comunicação é feita pelo
neurotransmissor, por meio da liberação de substância química. Existem
dezenas de neurotransmissores atuando no cérebro.
A percepção do mundo e de certos aspectos do meio orgânico interno
depende do trabalho dos sistemas sensoriais, que alimentam o Sistema
Nervoso Central com uma grande variedade de informações. Os
receptores sensoriais vão fazer a ligação entre o Sistema Nervoso e o Meio
Ambiente. Cada sistema sensorial tem suas especi cidades.
Na metade posterior do córtex cerebral, há regiões que recebem as
informações sensoriais, e elas vão sendo processadas de forma cada vez
mais complexas, até que se tornem funções mais so sticadas.
Os órgãos dos sentidos enviam as informações relevantes até o cérebro
por meio de circuitos neuronais. Se um estímulo importante é captado,
principalmente se tiver valor emocional, mobilizará a atenção e atingirá
áreas corticais especí cas. As informações são direcionadas à amígdala
cerebral, envolvendo a emoção e a motivação.
Corpo e mente trabalham juntos o tempo todo. Quando a pessoa
percebe, o pensamento se abre e ela faz associações que a levam à
aprendizagem. O estímulo sensorial dá o disparo para os neurônios
funcionarem. Os estímulos sensoriais são traduzidos em sinais elétricos e
ativam um circuito na amígdala cerebral relacionada à memória.
As vias sensoriais chegam ao cérebro por meio das cadeias neuronais,
que levam a informação até uma região do córtex, que é especí ca para o
processamento daquela modalidade sensorial.
O córtex cerebral é dividido em grandes regiões chamadas lobos, sendo
denominados lobos: frontal, parietal, temporal e occipital, com áreas
especializadas na recepção de algumas das muitas informações sensoriais.
É por intermédio do córtex cerebral que há a percepção de certa sensação.
Assim, há uma estimulação, e a informação é levada por meio da cadeia
neuronal, que mobiliza neurônios no córtex cerebral, levando a um
processamento que ativa a consciência.
O cérebro recebe, também, informações que vêm do interior do corpo,
como as sensações viscerais. Contudo, boa parte dessas sensações chega ao
córtex cerebral, não se tornando consciente.
O córtex cerebral é organizado em unidades funcionais com regiões
primárias, secundárias e terciárias, que permitem a interação com o
ambiente e o processamento das funções nervosas superiores. Todas as
funções do sistema nervoso dependem do funcionamento de suas células e
de seus neurônios, que se organizam em cadeias ou circuitos e se
interagem para organizar todas as funções nervosas, inclusive as que dão
suporte aos processos mentais humanos.
A maior parte do sistema nervoso humano é constituída ainda no
período embrionário e fetal, e essa formação é fundamental para o
estabelecimento das funções que as diversas estruturas vão desempenhar.
Erros nessa fase, por questões genéticas ou ambientais, poderão gerar
distúrbios ou incapacidades para a vida inteira. Crianças com prejuízos
nessa fase (como os causados por exposição às drogas, por medicamentos e
má nutrição) poderão precisar de estratégias e posturas pedagógicas
especiais e inclusivas.
Acreditava-se que novos neurônios não se formavam após o
nascimento e que havia perda progressiva à medida que a idade chegava.
Atualmente, sabe-se que algumas regiões do cérebro mantêm a capacidade
de produzir novas células durante a vida. A formação de novas ligações
sinápticas entre as células no sistema nervoso vai permitir o aparecimento
de novas capacidades funcionais.
O sistema nervoso modi ca-se durante a vida, mas tem dois momentos
importantes ao longo do seu desenvolvimento. O primeiro é o período em
torno da época do nascimento quando ocorre o ajuste do número de
neurônios que serão usados nos circuitos necessários à execução das
diversas funções neurais. O segundo período da época é na adolescência
quando ocorre um grande arranjo, havendo um acelerado processo de
eliminação das sinapses, em diferentes regiões do córtex cerebral. Também
há um aumento de mielinização das bras nervosas em circuitos cerebrais,
tornando-se mais e cientes.
A permanente plasticidade é um traço marcante do sistema nervoso e
permite fazer e desfazer ligações entre os neurônios como consequência
das interações com o ambiente externo e interno do corpo.
A aprendizagem leva à criação de novas sinapses e facilita o uxo da
informação dentro de um circuito nervoso. Essa plasticidade em fazer e
desfazer associações é a base da aprendizagem. Pela plasticidade, há uma
modi cação na estrutura cerebral de acordo com novas experiências do
indivíduo. É a capacidade de adaptação dos neurônios aos estímulos
ambientais, aos hormônios ou às lesões, tratando-se de uma adaptação e
reorganização da dinâmica do sistema nervoso diante das experiências
vividas.
Durante o desenvolvimento e a vida adulta, a neuroplasticidade pode
manifestar-se paralelamente de três maneiras distintas: morfológica
(mediante alterações nos axônios, nos dendritos e nas sinapses,
detectáveis principalmente em animais experimentais, por meio de
técnicas de microscopia); funcional (mediante alterações na siologia
neuronal e sináptica, detectáveis também em situações experimentais, por
meio de técnicas eletro siológicas); e comportamental (mediante
alterações relacionadas com os fenômenos de aprendizagem e memória).
O treino e a aprendizagem podem levar à criação de novas sinapses e à
facilitação do uxo da informação dentro do circuito nervoso.
Por meio das conexões entre os neurônios (sinapses), os impulsos
nervosos viajam de uma célula para a outra, servindo para o
desenvolvimento de competências e apoiando a capacidade de
aprendizagem. A aprendizagem é consequência da passagem de
informações das sinapses. A aprendizagem, do ponto de vista
neurobiológico, se traduz pela formação e consolidação das ligações entre
células nervosas, sendo fruto de modi cações químicas e estruturais do
sistema nervoso, sendo um processo individual, que obedece à história de
cada um.
A informação chega ao cérebro por meio das cadeias neuronais, o
sistema nervoso faz a seleção dessas informações, por vários mecanismos,
como a atenção, por exemplo. Por meio da atenção, somos capazes de dar
foco a determinado aspecto do ambiente, fazendo o descarte do que não é
necessário.
Os sistemas no encéfalo responsáveis pelas sensações, percepções,
movimentos voluntários, aprendizado, fala e conhecimentos estão
convergidos no córtex cerebral. O córtex cerebral é a parte do cérebro que
sofreu a maior expansão na evolução recente e que está relacionada a
aspectos mais elevados do comportamento.
As funções cognitivas podem ser localizadas dentro do córtex cerebral,
que é dividido em dois hemisférios e subdividido em lobos, onde cada
lobo tem sua função. O lobo frontal está relacionado ao planejamento e
movimento, o parietal com a sensação somática, o occipital com a visão e
o temporal com a audição, bem como a aprendizagem, a memória e as
emoções.
Segundo Lent (2001), a Neurociência Cognitiva, por exemplo, pode
ser de nida como a combinação de métodos que permitem entender os
mecanismos neurais do comportamento. Seu principal objetivo é o estudo
das representações internas dos fenômenos mentais e analisar os processos
que intervêm entre o estímulo e o comportamento.
A superfície do córtex é convoluta e está “dobrada” em cristas que são
os giros. Os giros estão separados por sulcos (ranhuras rasas) ou ssuras
(ranhuras mais profundas). Do córtex cerebral, saem os impulsos nervosos
que iniciam e comandam os movimentos voluntários e chegam aos
impulsos provenientes das vias da sensibilidade, fazendo dele uma das
partes mais importantes do Sistema Nervoso. Essa estrutura permite ao ser
humano a elaboração do pensamento abstrato e as representações
simbólicas. O córtex está no telencéfalo, estrutura do encéfalo, uma das
divisões do Sistema Nervoso Central.
O Sistema Nervoso Central é dividido em duas grandes porções: o
encéfalo e a medula espinhal. O encéfalo é o conjunto de tecidos nervosos
dentro da caixa craniana e é dividido em três grandes estruturas: o
cérebro (formado pelo telencéfalo e pelo diencéfalo), o cerebelo (parte
posterior do encéfalo) e o tronco encefálico (formado por mesencéfalo,
ponte e bulbo). Essas divisões correspondem às porções do tubo neural de
onde elas se originam no desenvolvimento do Sistema Nervoso. O Sistema
Nervoso Central processa e coordena todas as informações recebidas pelos
sentidos e todos os comandos motores enviados aos órgãos, sendo a sede
das funções cerebrais mais complexas (como a memória, a inteligência, o
aprendizado e as emoções).
O encéfalo e a medula espinhal se relacionam com os órgãos enviando
comando para eles em forma de impulsos elétricos que são transmitidos
por nervos e têm a participação de neurônios. O encéfalo e a medula são
formados por células da glia, por corpos celulares de neurônios e por feixes
de dendritos e axônios. A camada mais externa do encéfalo tem cor
cinzenta e é formada principalmente por corpos celulares de neurônios. Já
a região encefálica mais interna tem a cor branca e é constituída
principalmente por bras nervosas (dendritos e axônios). A cor branca se
deve à bainha de mielina que reveste as bras.
Na medula espinhal, a disposição das substâncias cinzentas e branca se
inverte em relação ao encéfalo; a camada cinzenta é interna e a branca é
externa. É a parte mais caudal do Sistema Nervoso Central e recebe
informações da pele, das articulações e dos músculos do tronco e dos
membros e envia comandos motores para movimentos, sejam eles re exos
ou voluntários. Recebe e emite sinais ao Sistema Nervoso Central; realiza
conexão central com a periferia; é subdividida em porções cervical,
torácica, lombar, sacral, coccígea; realiza re exos autonômicos.
Tanto o encéfalo como a medula espinhal são protegidos por três
camadas de tecido conjuntivo (as meninges). A meninge externa, mais
espessa, é a dura-máter; a meninge mediana é a aracnoide; e a mais
interna é a pia-máter, rmemente aderido ao encéfalo e à medula. A pia-
máter contém vasos sanguíneos responsáveis pela nutrição e oxigenação
das células do Sistema Nervoso Central.
O cérebro contém os centros nervosos relacionados com os sentidos, a
memória, o pensamento e a inteligência. O cérebro é o centro de controle
do movimento, do sono, da fome, da sede e de quase todas as atividades
vitais necessárias à sobrevivência. Todas as emoções também são
controladas pelo cérebro, ele está encarregado ainda de receber e
interpretar os inúmeros sinais enviados pelo organismo e pelo exterior.
A aprendizagem se dá, dessa forma, por um processo que ocorre por
meio da integração de diversas funções do Sistema Nervoso, e a
compreensão de como o encéfalo está organizado faz-se necessária para o
entendimento sobre como ocorre o processo de aprendizagem.
“(...) Não há necessidade de sublinhar que a característica
essencial da aprendizagem é que dá lugar à área do
desenvolvimento potencial, isto é, faz nascer, estimula e ativa
na criança, processos internos de desenvolvimento no quadro
das interrelações com os outros que, em seguida, são absorvidas
no curso de desenvolvimento interno, tornando-se aquisições
próprias da criança...”.
Vygotsky
Aprendizagem e comportamento começam no cérebro e são mediados
por processos neuroquímicos. Os circuitos neurais incorporam
experiências aprendidas, que se transformam em conhecimentos em nossa
memória, formando novos repertórios comportamentais.
Os órgãos dos sentidos vão enviar informações até o cérebro, via
circuito neuronal, e se um estímulo importante é captado, principalmente
se tiver valor emocional positivo, vai mobilizar a atenção, que atingirá
áreas especí cas do córtex que levarão informações direcionadas a
amígdala cerebral (Sistema Límbico), envolvendo a emoção e a motivação.
Esse mecanismo é então emocional, além de físico. Por isso, o professor, ao
planejar sua aula, precisa pensar na emoção que vai produzir e despertar
com aquela aula.
Neuro siologicamente, o aprendiz está com os sentidos biológicos
estimulados, em um movimento de conexões nervosas que não cessam. As
informações chegam ao cérebro, perpassam por bras nervosas e são
levadas ao tálamo e distribuídas aos locais responsáveis por cada
processamento. O Sistema de Recompensa é acionado, assim como as
áreas do hipocampo, responsável pela memória.
Quando essas informações e esse estímulo são conhecidos do Sistema
Nervoso Central, desencadeia uma lembrança; quando é novo,
desencadeia uma mudança, e a aprendizagem acontece. Para que a
aprendizagem aconteça, é preciso “desa ar” o cérebro de maneira positiva
e agradável. “O aprendente atual é o sujeito cerebral” (RELVAS, 2012, p.
54). A aprendizagem acontece no ritmo de cada um, pois as sinapses
neurais perpassam pelo interesse do cérebro de recompensa e pelo desejo
do sistema límbico e cognitivo.
O aprender é então biológico, mas a relação e o estímulo para a
aprendizagem é afetiva, ocorre via interesse, desejo e motivação. O
primeiro estímulo é sensorial, assimilado rápido pelo cérebro e usa a
memória de curta duração. Depois, há associação de fatos e ideias e se
aprende; há sentido no que está sendo apresentado. Nessa fase, usa-se a
memória de longo prazo.
Todas as áreas cerebrais são envolvidas no processo de aprendizagem,
inclusive a emoção. Os mecanismos cerebrais responsáveis pela
aprendizagem são o hipotálamo, o sistema límbico e o córtex.
A emoção dá sentido à cognição e à aprendizagem. O sistema límbico
comanda os sistemas endócrinos e os responsáveis pela vida vegetativa,
sendo também responsável pelas emoções. As emoções quando não
racionalizadas enfraquecem o corpo. A parte do sistema límbico
relacionada às emoções e a seus estereótipos comportamentais é o
Circuito de Papez.
Segundo Damásio (2000), os sujeitos são constituídos das suas
emoções, um processo que nasce da interpretação entre corpo e o cérebro,
ou, na verdade, de uma sequência de dois processos: ter uma emoção e
depois sentir uma emoção.
Quando se aprende, vinculam-se emoção e razão, sistemas
biologicamente interligados. Aprende-se quando há o envolvimento ativo
no processo de aprendizagem por meio da mobilização de atividades e na
interação com o outro. Aprender é um ritmo neuro siológico da célula
cerebral, diante dos estímulos desa adores.
A amígdala cerebral é uma espécie de conector do cérebro; ela se
comunica com o tálamo e com todos os sistemas sensoriais do córtex, por
meio de suas conexões. Os estímulos desa adores (sensoriais) são
traduzidos em sinais elétricos e ativam um circuito entre amígdala e o
tálamo. As conexões entre amígdala e o hipotálamo permitem que as
emoções in uenciem a aprendizagem.
A memória armazena e preserva a informação, sendo fundamental para
a aprendizagem. Quando há motivação, a xação na memória é muito
mais rápida e e ciente. O hipocampo é o local do cérebro especializado
em xar a memória. A aprendizagem e a memória são o suporte para todo
o nosso conhecimento e nossas habilidades.
Aprender faz parte de um desejo; envolve sonhos, perspectivas, lógicas
e sentimentos; é a experiência singular; gera autonomia de ação; e dá
movimento às tantas operações mentais e funções executivas do cérebro.
Na interação entre emoção e razão, o sistema límbico está
presente, personagem importante para o cérebro. Elemento
responsável pelo prazer e pelo aprendizado situa-se nesta
região. (...) Aprender é um ato desejante e sua negação é o não
aprender. (...) A emoção está para o prazer assim como o prazer
está para o aprendizado, e a autoestima é a ferramenta que
movimenta os estímulos para gerar bons resultados. (RELVAS,
2005, pp. 51/52)
O processo de aprendizagem é um estado permanente de con rmação
das tantas atividades cerebrais dentro e fora dos padrões. E isso demanda
e depende do uxo sensorial, logo, das emoções que transpassam o
encéfalo. Os educadores são pro ssionais das possibilidades, das
potencialidades e dos desa os cognitivos e emocionais. Logo, estar
presente na sala de aula é um privilégio e, por isso, essa posição precisa ser
valorizada e ressigni cada, para que resultados surpreendentes comecem a
acontecer.
“Se não morre aquele que escreve um livro ou planta uma
árvore, com mais razão, não morre o educador que semeia vida
e escreve na alma.”
Jean Piaget
Ao longo dos capítulos anteriores, vimos o quanto o afeto é importante
no desenvolvimento cerebral e como os estímulos qualitativos que são
recebidos do meio externo são imprescindíveis para esse amadurecimento
maturacional. O grupo familiar é o primeiro grupo social onde a criança
está inserida, recebendo de seus cuidadores e do meio em que vive os
estímulos necessários para sua formação e desenvolvimento. Logo em
seguida, temos o grupo escolar onde novas experiências e informações são
compartilhadas e vivenciadas.
Toda essa “bagagem” de experiências que são adquiridas ao longo do
tempo forma esse ser biopsicossocial, capaz de interagir e modi car
situações e contextos futuramente. Essas relações interpessoais quando
desenvolvidas com afetividade, comprometimento e emoção têm o poder
de transformar vidas e futuras gerações. Assim também ocorre quando
pensamos na relação especí ca entre educador e educando. Quando o
professor tem um olhar mais humanizado, diferenciado, acolhedor e sem
julgamentos, consegue promover uma aprendizagem mais signi cativa e
amorosa. Com isso, esse processo se torna mais prazeroso para ambas as
partes e acarreta também uma aprendizagem com mais sentido não só
para o período da vida acadêmica mas também e consequentemente pós-
acadêmica.
Você se recorda de maneira afetuosa daquele educador que o
emocionou de forma positiva? Ou então, do educador que soube ouvir
suas demandas de forma afetuosa? Ou ainda, que lhe trouxe alguma
inspiração? Com certeza, esses educadores caram em sua memória afetiva
de maneira agradável e jamais serão esquecidos. Houve uma relação não
só de aprendizagem mas também de afetividade, e isso fez a diferença no
seu cérebro. Vejam como é sublime o papel do educador! Imagine, então,
quando o educador consegue perceber mais ainda a importância em
conhecer quem são seus alunos como sujeitos cerebrais únicos que estão
em uma pluralidade que é a sala de aula e, mais do que isso, quando
consegue entender a importância de associar seus conhecimentos
pedagógicos aos conhecimentos da Neurociência? Incrível, não é mesmo?
Entender que temos um papel fundamental na vida das outras pessoas
e que podemos deixar “marcas” positivas por onde passamos, faz com que
cada um de nós venhamos buscar conhecimentos atualizados e de
qualidade para tornarmos capazes de reestruturar nossa vida pro ssional e
pessoal. Como pro ssionais da área da Educação e até mesmo da Saúde,
precisamos ter a consciência de que tudo que é feito com amor e
dedicação traz melhores resultados. E não só isso: tudo que é realizado
com dedicação e conhecimento desperta no outro também a vontade de
aprender. Aprender sugere um movimento que abrange tanto a utilização
dos recursos cognitivos como a interação com as experiências
socioemocionais. Assim, a aprendizagem vai acontecendo à medida que o
aprendente vai fortalecendo uma série de signi cados que são decorrentes
das interações que ocorrem de maneira contínua e ininterrupta.
Os estudos contínuos da Neurociência aplicados à Educação oferecem
grandes possibilidades de desvendar as particularidades do cérebro
humano e compreender, inicialmente, a natureza de como esse cérebro
aprende, de que forma aprende, a maneira que pode ser estimulado com
qualidade para aprender e seu funcionamento de modo geral. Essas são as
principais perguntas que todo educador pode se fazer antes de preparar
uma atividade, por exemplo: O que desejo atingir em meus alunos com
essa proposta de atividade? Como vou realizar essa atividade de maneira
que eles possam interagir? Por que estou apresentando essa atividade?
(Qual o principal objetivo?)?
Pensando desta maneira, automaticamente o educador dará
importância de como esse cérebro aprende, por que precisa aprender tal
conteúdo naquele momento e de que maneira a informação pode ser
transmitida a m de atingir os diferentes estilos de aprendizagem: visual,
cinestésico e auditivo. Este já seria um importante caminho para começar
a fazer uma interseção entre a Neurociência e os conhecimentos
pedagógicos e a partir daí fazer uma avaliação contínua de como foi cada
atividade. É claro que isso requer um “exercício” constante e,
principalmente, a credibilidade de que é possível ter bons resultados a
partir do momento em que se potencializa as diferentes habilidades de
cada sujeito cerebral.
Para isso, é necessário estimular a capacidade de raciocínio e tomada
de decisão, desenvolver as competências do pensar e do
autoconhecimento. A Neurociência tem o compromisso com a busca da
qualidade cognitiva no processo de aprendizagem, mas também associada
com relação emocional e afetiva. Unir cérebro e afetividade no contexto
da aprendizagem precisa ser nosso grande propósito.
Educar a mão signi ca educar/desenvolver o hipotálamo
através do aprender a fazer; educar a mente/ espírito signi ca
educar/desenvolver o nosso córtex, através do aprender a
conhecer; e educar o coração signi ca educar/desenvolver o
sistema límbico, através do aprender a conviver e do aprender a
ser. Percebe-se que, geralmente, quando o conhecimento é
apresentado de modo signi cativo ao educando, tende a ser
assimilado mais facilmente por ele, por gerar um interesse
maior pelo assunto. (SANTOS, 2013, p. 2)
Nosso cérebro é, sem dúvida, uma grande potência. Por isso, saber um
pouco mais sobre o funcionamento cerebral se torna necessário também
para os educadores, pois, tendo esses conhecimentos “em mãos”, a tarefa
de elaborar, de nir e organizar os conteúdos que precisam ser
compartilhados durante o processo de ensino e aprendizagem se torna
mais confortável e agradável para todos que fazem parte desta relação.
Sendo assim, a seleção de experiências interessantes e estimulantes, a
identi cação de perguntas re exivas, a variação de estímulos de
qualidade, a elaboração dos exercícios de xação, o relacionamento
interpessoal que se mantém com os alunos, a adequação de sua
comunicação, dentre outros aspectos, também serão aprimorados
gradativamente. Isso ocorre porque estamos em constante evolução,
aprendendo e reaprendendo todos os dias, e isso faz parte do processo de
desenvolvimento humano.
É importante ressaltar que, quando falamos de circuito cerebral no
capítulo anterior, vimos que os circuitos neurais incorporam as
experiências aprendidas e essas experiências se transformam em
conhecimentos que cam em nossa memória. Imagine se de cada situação
acadêmica só houvesse experiências ruins, como seria esse aprendizado? E
como estaria essa memória? Neuro siologicamente, como estaria este
aprendente? Entender o quanto a emoção dá sentido à cognição e o
quanto o processo de aprender é biológico, mas também sofre
interferências afetivas e faz com que venhamos a compreender a
importância de as aulas precisarem ser prazerosas, atraentes e “com sabor”,
elaboradas e com estratégias para atender aos movimentos neuroquímicos
e neuroelétricos do aprendente, estimulados por novas situações e novos
desa os, que despertem a curiosidade, o interesse do cérebro e o desejo do
sistema límbico. O professor, ao ter conhecimento de como a
aprendizagem acontece, deve estimulá-la e propor ferramentas para o
aluno “aprender a aprender” e a pensar sobre o que aprendeu. Para isso,
precisa oferecer diferentes estratégias e estimular os diferentes sentidos.
Algumas dicas importantes ajudam-nos a melhorar a prática
pedagógica em muitos aspectos.
O professor, ao observar as emoções dos alunos, pode ter sinais de
como o meio escolar os afeta: se o está estimulando e desa ando
emocionalmente ou se o está levando à apatia e ao desinteresse, por ser
desestimulante.
A a nidade provoca reações químicas e neurais que ocorrem no
cérebro emocional e irão interferir de forma inigualável na aprendizagem.
Somente a partir da compreensão do aprendente como ser biopsicossocial,
tornar-se-á possível uma intervenção pedagógica mais e caz, focada no
aluno, pois aprender é um ato emocional. A a nidade nos conecta com o
outro e traz importantes histórias para nossa vida e nossa memória.
O aluno deve ser visto como um sujeito ativo, capaz de aprender, que
percebe o ambiente que está inserido e age sobre ele. A mediação do
professor nessas experiências, fornecendo estímulos diversi cados e
signi cativos, vai otimizar a aprendizagem e o desenvolvimento pleno, por
meio da ampliação das experiências e do aprimoramento das
competências e habilidades dos alunos. Por meio dessa observação e da
mediação com o aluno, o professor consegue criar um panorama favorável
à aprendizagem e, até mesmo, reverter um quadro desfavorável.
Cabe ao professor/educador propor, orientar e oferecer condições para
que o aluno exerça suas potencialidades. Um dos papéis do professor
emocionalmente inteligente consiste em estimular as competências
emocionais dos alunos. Para isso, o educador precisa também buscar ajuda
e apoio sempre que necessário e compreender que o trabalho em equipe
fortalece o pro ssionalismo. É importante, também, investir em si mesmo
e buscar estar sempre atualizado, com informações de qualidade e
transformadoras. Ser um professor que faz a diferença de maneira positiva
na vida de seus alunos é, sem dúvida alguma, um grande presente!
Os alunos apresentam centros de interesse diversos, e cada um
aprende de uma forma. Uns são mais visuais, outros mais auditivos, alguns
mais cenestésicos, uns mais espaciais. Além disso, cada um vai apresentar
um ritmo neural próprio para aprender. Por isso, experiências pedagógicas
ricas em diversos tipos de estímulos são fundamentais para o
desenvolvimento de interesses e capacidades de todos os alunos e suas
formas de aprender.
O olhar atento e os registros de observações dos professores os
ajudarão a conhecer e a identi car as áreas de competência e de interesse
dos alunos, assim como avaliá-las, pois, assim como a aprendizagem é um
processo contínuo, a avaliação também é.
Quando a avaliação está inserida no ambiente de aprendizagem, ela
permite aos professores observar o desempenho dos alunos em várias
situações, assim como a variação de seus interesses e domínios,
possibilitando aumentá-los e diversi cá-los, evitando a limitação de
experiências.
A experiência de ser bem-sucedida dá à criança a con ança para entrar
em novos desa os e a motivação para aprender novas habilidades e
persistir em desa os quando o considerarem interessantes e signi cativos.
O sentimento de competência tem um vínculo direto com o fator
emocional. Esses estímulos provocam transformações em circuitos neurais
levando ao desenvolvimento e à reorganização da estrutura cerebral,
resultando em aprendizado.
Quando os alunos chegam a uma conclusão ou descobrem algo
signi cativo, entra em ação o sistema de recompensa. Ativar esse sistema
signi ca aumentar o funcionamento de dois componentes cerebrais
importantes: a área Tegmental Ventral (acionada quando recebe um sinal
de que algo positivo tem chance ou acaba de acontecer, no córtex pré-
frontal) e o núcleo acumbente (quando esse momento acontece ou está
preste a ocorrer, os neurônios da área Tegmental despejam dopamina
sobre o núcleo). Quanto maior for a quantidade de dopamina recebida,
maiores serão a motivação e a sensação de bem-estar. Dessa forma, temos a
tendência de repetir estímulos que possam ativar nosso sistema de
recompensa.
Nesse contexto, o professor é o mediador entre o objeto do saber e o
aluno, para que esse seja o autor do seu próprio conhecimento. Conhecer
as conexões neurais do aluno é fundamental para que sejam elaboradas
atividades que envolvam e desenvolvam suas funções motoras, sensitivas e
cognitivas. Assim, é de vital importância que os educadores compreendam
que a forma de aprender e o comportamento dos alunos são frutos de uma
atividade cerebral e dinâmica.
O professor/educador é, sem dúvida, um grande agente do processo de
ensinar e aprender. Por mais que se invista em laboratórios, quadras e
recursos tecnológicos, sabendo que estes também são importantes, é a
motivação do professor que “encanta” e revigora os alunos. Essa relação é
profunda e traz memórias emocionais importantes para toda vida!
A maneira como o professor se comporta com seus alunos, por meio da
motivação, dos desejos e valores, afeta todo o contexto da sua sala de aula
e perpassa os muros escolares. Assim, torna-se muito importante valorizar
esse vínculo afetivo entre professor e aluno, para que a aprendizagem se
torne cada vez mais e caz, favorecendo a autoestima, o diálogo e a
socialização. A partir desse pressuposto, o professor constrói com o aluno e
se preocupa com o processo e não com o resultado. O professor nesse
momento se compromete consigo mesmo em sempre buscar novos e
diferentes caminhos para ensinar, porque entende que os alunos têm
diferentes formas para aprender.
Encontrar a melhor metodologia e a melhor prática de trabalho exige
do professor pesquisa, empenho, e um olhar investigativo, um olhar
diferenciado, um olhar atento para avaliar e acompanhar o processo de
desenvolvimento de seus alunos.
Aprende-se melhor quando há integração do sensorial, do emocional,
do racional, do ético, do pessoal e do social. Quando há interação com os
outros e com o mundo e quando há motivação e interesse em conhecer
algo. Aprende-se melhor quando há vivência, experiência, conexão com o
real e com afeto. A busca de novos conhecimentos e a esfera da motivação
favorece ao professor o acompanhamento do processo de aprendizagem de
seus alunos e a compreensão em que ele acontece.
A afetividade é um componente básico no processo ensino-
aprendizagem, porque dinamiza as interações, facilita a comunicação,
promove a união e multiplica as potencialidades. O afeto é um
instrumento pedagógico primordial, que transforma o educar em formar e
informar em forma de amor.
Para concluir, fazemos nossas as palavras de Relvas (2010) que diz que
“aprendemos com a cognição, mas, sem dúvida alguma, aprendemos pela
emoção, o desa o é unir conteúdos coerentes, desejos, curiosidades e
afetos para uma prazerosa aprendizagem”.
A Neurociência se estabelece como uma grande aliada do docente para
poder coligar o indivíduo como ser pensante, in uente, que aprende em
consonância com sua subjetividade. Descobrindo os mistérios que abrange
o cérebro na hora da aprendizagem, a Neurociência disponibiliza ao atual
professor/educador importantes e adequados conhecimentos acerca de
como se processam a memória, a linguagem, o esquecimento, o humor, o
sono, o temor, como os conhecimentos se agrupam, como se dá o
desenvolvimento infantil, o desenvolvimento cerebral e a importância das
emoções.
Logo, é imprescindível pensar na conexão de áreas do conhecimento
para apresentar oportunidades diferenciadas de aprendizagem para os
alunos com di culdades. O trabalho diversi cado ainda con gura-se como
alternativa para que o docente tenha condições de dar maior atenção aos
grupos de alunos com di culdades. Por isso, recomenda-se que o docente
re ita a cerca de sua prática pedagógica, de maneira especial sobre as
atividades recorrentes e sobre as experiências que são apresentadas, que
nem sempre tendem a respeitar a subjetividade dos alunos.
É necessário promover o respeito à diversidade e preocupar-se em
indicar aprendizagens expressivas para todos os alunos, com o objetivo de
que eles possam adquirir o gosto pela aprendizagem e aprendam a
aprender. Somando a isso, é necessário que a escola seja diligente voltada
para a aprendizagem funcional, que tenha emprego prático no cotidiano,
tornando a aprendizagem mais signi cativa. O ambiente escolar deve ser
planejado para facilitar as emoções positivas.
A Neurociência aplicada à Educação implica um novo olhar do
educador e da escola sobre a aprendizagem humana e propõe trazer mais
clareza acerca dos mecanismos neuronais que sustentam a percepção e os
atos cognitivos e motores necessários à aprendizagem.
A aprendizagem tem uma estrutura afetiva, estimulada pela
linguagem, pelas sensações, pela atividade lúdica, pelas artes e pela
interação social, que impulsionarão o desenvolvimento cognitivo e o
próprio processo de aprendizagem. O ser humano pensa, sente e age, e o
aprendizado escolar requer prontidões neurobiológicas, cognitivas e
emocionais.
É fundamental nos dias atuais o estabelecimento de um diálogo entre
a Educação e a Neurociência, levando o educador a conhecer os
fundamentos neurocientí cos do processo ensino-aprendizagem, que
contribuirão para o sucesso de suas práticas, a melhoria do seu
desempenho e a consequente evolução do aluno.
A proposta da escola no cenário atual deverá apoiar-se na integralidade
do aprendente e do professor (razão/emoção), compreendendo que as
informações são processadas, armazenadas e respondidas pelo cérebro
cognitivo, emocional, motor, afetivo e social.
Hoje é possível transformar as salas de aula em lugares acolhedores e
prazerosos, com uma aprendizagem mais signi cativa e mais emotiva, que
despertem saudades ao nal do dia. Só depende do empenho do professor
em buscar essas novas “ferramentas” e se apropriar delas de maneira
adequada, entendendo que isso tudo faz parte de um processo de
construção que será positivo para ambos os lados. É preciso sair da zona de
conforto, pois lá pode parecer cômodo, mas nada de novo acontece, e os
pensamentos, as ideias e as vontades cam sempre atro adas.
Quem não experimenta ações afetivas em suas vidas pode apresentar
falta de interesse pelos demais e “cair” na não adaptação social,
apresentando con itos e ter uma autoestima inadequada. Portanto, a
afetividade desempenha um papel fundamental não só na vida, mas
principalmente na trajetória escolar.
“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma
continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo
pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais...”
Rubem Alves
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escolar na perspectiva da educação inclusiva. Disponível em:
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AS AUTORAS

Alessandra Machado

Psicóloga Clínica e Institucional. (UGF)


Pedagoga. (UGF)
Especialista em Neurociência aplicada à Educação. (AVM)
Pós-Graduada em Psicossomática Contemporânea. (UGF)
Especialista em Neuropsicologia e Reabilitação. (UCL)
Pós-Graduada em Educação Especial e Inclusiva. (AVM)
Graduada em Psicologia pela Universidade Gama Filho (UGF). 
Bacharel e Licenciatura Plena em Psicologia pela Universidade Gama Filho (UGF).
Professora e coordenadora de cursos do CBI of Miami.
Capacitação profissional: Neurociência Cognitiva e TCC; Psicologia Positiva; Dificuldades e
Transtornos de Aprendizagem; Psicopatologias; Processos Cognitivos/Funções Executivas e
Desenvolvimento Humano; Educação Inclusiva e Mediação Escolar; Alfabetização e
Letramento.
Experiência em atendimentos clínicos com famílias, crianças e adolescentes. 
Experiência como professora da Educação Básica da Rede Particular de Ensino: Educação
Infantil, Alfabetização e Ensino Fundamental I. 
Cofundadora do Projeto Compartilhando Ideias Neuroeducação.
Palestrante e professora convidada por escolas e demais instituições (Área da Saúde e
Educacional). 
Professora especialista convidada para ministrar aulas nos cursos de Pós-Graduação em
Neurociência e Psicopedagogia nas Universidades: Castelo Branco, Unissuam e AVM
Educacional.
Atuação com Consultoria Personalizada e atendimentos clínicos.
Redes Sociais
Instagram – @alessandramachadoneuropsi e @comp.ideias
Facebook – Alessandra Machado
Fanpage – Compartilhando Ideias

Mariana Fenta Elias

Professora e coordenadora de cursos do CBI of Miami –


Portugal.
Mestre em Educação Especial na Universidade Lusófona de
Humanidades e Tecnologias – Portugal.
Técnica superior na Associação Vila com Vida – Portugal.
 Pós-graduada em Psicopedagogia – CEPERJ – Brasil.
Graduada em Pedagogia – Universidade do Estado do Rio de
Janeiro.
Curso de extensão em Terapia Cognitivo Comportamental – Brasil.
Intervenção Precoce nos primeiros anos de vida – Fundação Maria Ulrich – Portugal.
Introduction to Non-directive Play Therapy – Portugal.
Curso de Aprimoramento em ABA – Brasil.
Introdução do Modelo Denver UC DAVIS Mind Institute.
Certificação na aplicação e treinamento profissional PRT (Pivotal Response Treatment) –
Nível 1 Kenneth Larsen, pesquisador e supervisor – Oslo University Hospital – Noruega.
Cofundadora do Projeto Compartilhando Ideias Neuroeducação.
Fundadora do projeto espaço de Partilha e Envolvimento (Portugal).
Atuação com Consultoria Personalizada e atendimentos clínicos.
Redes Sociais
Instagram – @mari_fenta_elias e @comp.ideias
Facebook – Mariana Fenta Elias
Fanpage – Compartilhando Ideias

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