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Autor
Dr. Clifton Davis da Cruz Conceição
Revisores
Adriana França Pedrinho Ignácio da Silva
Anna Paula Balesdent Barreira
Alair Paixão Sampaio
Izabele Vieira Duque
O Sanar Note Odontologia é um caderno
de bolso com instruções e ferramentas
valiosas para o dia a dia do dentista! Com
ele, o profissional otimizará seu tempo,
qualificando o atendimento aos seus pa-
cientes, tornando-se, assim, um método
poderoso na clínica médica e cirúrgica.
CDD 617.6
CDU 616.31
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846
Autoras
Ranna Sales
Graduanda em Odontologia pela Faculdade
Cathedral,nascida em Boa Vista-Roraima,
participa atualmente do GRUPEO (Grupo de
Pesquisas Odontológicas) e é estagiária do
Sesc-RR onde desenvolve diversas atividades
sociais.
O QUE VOCÊ VAI ENCONTRAR
AQUI
CAPÍTULO 1
FARMACOCINÉTICA
CAPÍTULO 2
FARMACODINÂMICA
CAPÍTULO 3
FORMAS FARMACÊUTICAS
CAPÍTULO 4
PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA
CAPÍTULO 5
PREVENÇÃO E CONTROLE DA DOR:
ANALGÉSICOS
CAPÍTULO 6
ANTIMICROBIANOS
CAPÍTULO 7
ANESTÉSICOS LOCAIS
05
Prevenção e controle
da dor: analgésicos
1. DOR
A associação internacional para o estudo
da dor propôs uma conceituação “a dor é uma
experiência sensorial e emocional desagra-
dável, relacionada com lesão tecidual real ou
potencial, ou descrita em termos deste tipo de
dano”. Neste conceito, observa-se dois com-
ponentes: a sensação dolorosa ou nocicepção,
e a reação emocional à dor.
A nocicepção refere-se à atividade do
sistema nervoso aferente, induzida por estí-
mulos nocivos que podem ser exógenos ou
endógenos. Em nível perfiférico, a percepção
destes estímulos acontece pelos nocicepto-
res situados nas terminações nervosas livres.
Em tecidos normais, esses não respondem a
estímulos leves, porém são sensibilizados na
presença de inflamação (hiperalgesia pri-
mária) por prostaglandinas e dopamina, que
possuem como mediadores AMP cíclico e
Cálcio. Isto os torna mais receptivos à ação
da bradicinina, citocinas e histamina, que
são substâncias endógenas provenientes de
processos inflamatórios e que causam dor1.
A caracterização da dor é importante para
a seleção da conduta analgésica a ser adota-
da. Assim, a dor pode ser classificada, segun-
do critérios temporais, em aguda ou crônica;
segundo critérios topográficos, em localizada
ou generalizada, visceral e tegumentar; se-
gundo critérios fisiopatológicos, em orgâni-
ca e psicogênica; segundo a intensidade, em
leve, moderada e intensa; e, por fim, segundo
a periodicidade, em contínua, intermitente e
esporádica1. Como a dor em odontologia é de
origem inflamatória, iremos trabalhar neste
documento com o critério da temporalidade.
Desta forma, a dor pode ser classificada em
aguda, quando é de curta duração ou crônica,
quando é prolongada.
Toda intervenção odontológica provoca
destruição tecidual, gerando respostas infla-
matórias agudas. Essas reações se caracteri-
zam pela presença de dor, que pode ser ou
não acompanhada por edema e limitação da
função.
A dor pode ser prevenida e tratada. A pre-
venção pode ser realizada por analgésicos
não opioides (AINES). Já a anestesia, significa
a perda da sensação dolorosa e de outras sen-
sações associada ou não à perda de consciên-
cia. Analgésicos e anestésicos atuam em di-
ferentes locais, desde o nociceptor periférico
até o córtex cerebral, passando por estruturas
de condução nervosa de dor. Por exemplo, os
anestésicos gerais agem no córtex cerebral
enquanto os anestésicos locais agem na fibra
nervosa periférica. Os analgésicos opioides
agem na hipófise, no núcleo arqueado hipo-
talâmico e na substância cinzenta periaque-
dutal, por outro lado, os analgésicos não opioi-
des agem nos nociceptores1. Veremos agora
como agem e quando estão indicados os anal-
gésicos opioides e não opioides.
2. ANALGÉSICOS OPIOIDES2
Também são chamados de analgésicos de
ação central, devido ao mecanismo de ação
ser ao nível do sistema nervoso central. Provo-
cam dependência física e tolerância, e atuam
sobre o sistema nervoso central e perfiférico.
3. MECANISMO DA DOR
INFLAMATÓRIA
As Prostaglandinas e os Leucotrienos (pro-
dutos do metabolismo do ácido Araquidônico)
dentre outros tornam os nociceptores mais
permeáveis à entrada de cálcio, o que desen-
cadeia o estímulo doloroso. Assim, vamos re-
lembrar como se dá o mecanismo inflamató-
rio para que possamos classificar e entender
os analgésicos não opioides.
As lesões teciduais desencadeiam a ativa-
ção da enzina Fosfolipase A2, que irá atuar nos
fosfolipídios de membrana das células envol-
vidas no processo inflamatório e liberar, atra-
vés da hidrólise da ligação éster, o fosfolipídio
ácido Araquidônico no citosol. Este, então, so-
fre a ação de dois sistemas enzimáticos (Ci-
cloxigenase e Lipoxigenase). A via das Cicloxi-
genases gera prostaglandinas, prostaciclinas
e tromboxanas. Quando o ácido graxo araqui-
dônico sofre ação do sistema de enzimas da
lipoxigenase, são produzidos os leucotrienos2.
A dor decorrente de procedimentos odon-
tológicos cirúrgicos eletivos dura por um pe-
ríodo de 24 horas de maneira geral, com pico
de intensidade entre 6 a 8 horas após o pro-
cedimento3. E o edema inflamatório atinge o
ápice após 36 horas da realização do proce-
dimento.
4. CLASSIFICAÇÃO DOS
ANALGÉSICOS NÃO OPIOIDES
Utilizaremos o critério de classificação ba-
seado no mecanismo de ação farmacológica,
que parece ser o mais importante.3
Intervalo de
Nome
Dose entre as doses
genérico
de manutenção
Cetorolaco 10mg 8h
Diclofenaco
50mg 8-12h
potássico
Ibuprofeno 400-600mg 8-12h
Nimesulida 100mg 12h
Cetoprofeno 150mg 24h
Piroxicam 20mg 24h
Tenoxicam 20mg 24h
Meloxicam 15mg 24h
Celecoxib 200mg 12-24h
Eterocoxib 60-90mg 24h
DERIVADOS DO PARA-AMINOFENOL
Neste grupo, enquadram-se o paraceta-
mol (acetaminofeno) e a fenacetina. Apesar
de quase não apresentar atividade anti-infla-
matória, pois possuem baixa inibição das ci-
cloxigenases, também são considerados como
AINE. Embora acredite-se que o Paracetamol
tenha ação sobre a COX-3, sabe-se que esta
isoforma não possui papel relevante na dor e
febre mediada por prostaglandinas em huma-
nos. Discute-se que o efeito do paracetamol
seja pela ação sobre vias serotoninérgicas no
SNC1. Apresenta feitos adversos importantes
tais como hepatotoxicidade e metaglobinemia
DERIVADOS PIRAZOLÔNICOS
Neste grupo enquadram-se a dipirona e a
fenilbutazona. A dipirona possui um mecanis-
mo de ação independente da COX. Bloqueia
diretamente os nociceptores, mas apresenta
agranulocitose, aplasia de medula e anemia
hemolítica como efeito adverso2. Entretanto, a
dipirona realiza um controle da dor mais efi-
caz que o paracetamol após 24 a 48h da lesão
tecidual14. Observe na tabela abaixo a posolo-
gia dos fármacos mais empregados na clínica
odontológica.
Ácido Araquidônico
Ciclooxigenase 5-Lipoxigenase
Inibidores da
AINES 5-Lipoxigenase
Endoperóxidos 5-HPETE
Cíclicos
LTA4
Inibidores de
TXA2 sintose
LTC4 LTB4
TXA2 LTD4
(trombótico, antagonistas
PGI2 vasoconstritor) de TXA2
(vasoconstritor,
hiperalgésico, LTE4
inibidor de
agregação
plaquetária)
DIPIRONA
Uso adulto e adolescentes acima de 15
anos:
• Comprimido (500 mg): administrar 1 com-
primido de 8 em 8 horas por até 3 dias ou
1 comprimido de 6 em 6 horas durante 24
horas.
• Solução oral gotas (500 mg/ml): adminis-
trar 20 a 40 gotas (máx. 40 gotas) de 6
em 6 horas por até 3 dias. (obs: 20 gotas
equivalem a 500 mg)
Uso pediátrico:
• Solução oral gotas (500mg/ml): adminis-
trar 1 gota a cada 2kg de 4 em 4 horas por
no máximo 24 horas. (máx.20 gotas).
Observações:
• Este medicamento é contraindicado para
pacientes alérgicos a esta substância;
• Evitar prescrever para pacientes com leu-
copenia ou histórico de anemia (risco de
agranulocitose) ou pacientes asmáticos;
• Este medicamento não deve ser admi-
nistrado para grávidas ou lactantes sem
orientação médica.
PARACETAMOL
Uso adulto e crianças acima de 12 anos:
• Comprimido (750 mg): administrar 1 com-
primido de 6 em 6 horas por até 3 dias.
Não exceder cinco doses diárias.
• Solução oral gotas (200 mg/ml): adminis-
trar de 33 à 55 gotas de 6 em 6 horas du-
rante 24 horas.
Uso Pediátrico:
• Solução oral gotas (200 mg/ml): adminis-
trar 1 gota por kg de 6 em 6 horas por 24
horas. (máx. 35 gotas)
Observações:
• É um medicamento considerado de esco-
lha para gestantes, porém avaliar riscos
e benefícios e pedir orientação médica; o
mesmo vale para lactantes;
• Este medicamento não é indicado para
pessoas com alterações hepáticas, pois é
hepatotóxico;
• Não associar este medicamento com Ni-
mesulida (também hepatotóxico) nem AAS
(nefrotóxico), antibiótico eritromicina ou
barbitúricos;
• Atenção ao prescrever este medicamento
para pacientes que usam Varfarina.
TORAGESIC
(TROMETAMOL CETOROLACO)
Uso adulto:
• Comprimido (10mg) uso sublingual: admi-
nistrar 1 comprimido de 8 em 8 horas por
até 3 dias
Observações:
• Não exceder 5 dias de tratamento e não
exceder 60 mg;
• Este medicamento não deve ser admi-
nistrado para grávidas ou lactantes sem
orientação médica;
• Este medicamento contém lactose e é con-
traindicado para pacientes com úlceras
gástricas, insuficiência cardíaca ou insufi-
ciência renal grave;
• Este medicamento é contra indicado para
profilaxias cirúrgicas.
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO
ESTEREOIDAIS (AINES)
Indicados para controle da dor de forma
preventiva ou decorrente de processos infla-
matórios agudos com intensidade moderada
a severa. Atenção à prescrição desses medica-
mentos com Varfarina e Clopidrogrel (intera-
ção medicamentosa).
IBUPROFENO
Uso adulto:
• Comprimido (600mg): administrar 1 com-
primido de 8 em 8 horas por 3 dias;
• Solução oral gotas (100mg/ml): adminis-
trar de 20 à 40 gotas de 8 em 8 horas por
3 dias. (Não ultrapassar 320 gotas e tempo
de até 4 doses diárias; importante avaliar
o peso do paciente)