Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DE SISTEMAS DE
TELECOMUNICAÇÕES
3 Sinais e Espectro............................................................................. 65
3.1 Transformando a Informação em Sinal Elétrico.................................................65
3.2 Classificação do Sinal Elétrico ...........................................................................67
3.2.1 Sinal Contínuo e Sinal Discreto . ...................................................................68
3.2.2 Sinal Analógico .............................................................................................68
3.2.3 Sinal Digital....................................................................................................69
3.2.4 Bit/Byte.........................................................................................................70
3.2.5 Sinal Periódico...............................................................................................71
3
3.2.6 Sinal Aperiódico............................................................................................73
3.3 Formas de Onda................................................................................................. 73
3.4 Representando o Sinal Periódico Senoidal em função do tempo e da freqüência..75
3.5 Conceito de Domínio da Freqüência..................................................................76
3.5.1 Espectro de um sinal periódico.....................................................................78
3.5.2 Espectro de um sinal aperiódico...................................................................81
3.5.3 Espectro de um sinal digital..........................................................................83
3.6 Sinais de banda básica....................................................................................... 84
Referências.............................................................................................................86
4
5.3.3 Multiplexação CDM.....................................................................................129
5.3.4 Multiplexação WDM...................................................................................130
5.4 Qualidade da Transmissão...............................................................................132
5.4.1 O Decibel como Unidade de Medida .........................................................133
5.4.2 Atenuação...................................................................................................133
5.4.3 Distorção.....................................................................................................134
5.4.4 Interferência e Diafonia...............................................................................135
5.4.4 Ruído ..........................................................................................................138
5.4.6 Relação Sinal-Ruído ....................................................................................141
5.4.7 Taxa de erro de bit e capacidade do canal..................................................142
Referencias............................................................................................................ 144
5
7.3 A Central Telefônica......................................................................................... 178
7.4 Classificação das Centrais Telefônicas [2]........................................................180
7.5 Rede Interurbana Nacional..............................................................................186
7.6 Telefonia internacional....................................................................................187
7.7 Tráfego Telefônico............................................................................................ 189
7.7.1 Caracterização do Tráfego Telefônico .........................................................189
7.7.2 Dimensionamento de Troncos....................................................................192
7.8 Sinalização....................................................................................................... 194
7.8.1 Sinalização do Assinante.............................................................................194
7.8.2 Sinalização Intercentrais..............................................................................195
7.8.2.1 Sinalização de Canal Associado (CAS)......................................................196
7.8.2.2 Sinalização por Canal Comum Número 7-................................................197
7.9 Plano de Numeração.......................................................................................199
7.10 Estrutura da Rede Telefônica.........................................................................204
7.10.1 Rede de Acesso, [4]...................................................................................205
7.10.2 Rede de Transporte ..................................................................................208
7.10.3 Conexões Nacionais e Internacionais à Longa Distância...........................211
Referências............................................................................................................ 212
6
9.7.2 Sistemas não-geoestacionários...................................................................263
9.8 Lançamento e permanência dos satélites........................................................269
9.9 Técnicas de Múltiplo Acesso............................................................................270
9.9.1 Múltiplo Acesso por Divisão de Freqüência................................................271
9.9.2 Múltiplo Acesso por Divisão de Tempo.......................................................272
9.9.3 Múltiplo Acesso por Divisão de Código.......................................................272
9.10 Redes VSAT.................................................................................................... 273
9.11 Sistemas de Comunicação por Satélite em operação no Brasil.....................275
9.11.1 Sistema Brasileiro de Transmissão Por Satélite.........................................275
9.11.2 Satélites geoestacionários estrangeiros ...................................................277
9.11.3 Satélites não-geoestacionários estrangeiros ............................................277
Referências............................................................................................................ 278
7
10.8.4 CWDM x DWDM . .....................................................................................313
10.9 Aplicações ..................................................................................................... 314
Referencias............................................................................................................ 315
8
12.5 Sinal de Vídeo Composto...............................................................................366
12.6 Sistema de Transmissão e Recepção de TV....................................................367
12.6.1 Características do Sinal de TV para de transmissão..................................370
12.6.2 O processo de transmissão de TV.............................................................370
12.7 Os Serviços de TV........................................................................................... 373
12.8 Sistema de Televisão Digital...........................................................................374
12.9 Características da TV Digital...........................................................................375
12.9.1 Resolução da Imagem ..............................................................................377
12.9.2 Necessidade de compressão ....................................................................379
12.10 O modelo de TV digital................................................................................382
12.10.1 A Camada de Compressão .....................................................................384
12.10.2 A Camada de Transmissão......................................................................386
12.10.3 A camada de Middleware.......................................................................388
12.11 Padrões de TV digital...................................................................................390
12.11.1 Padrão ATSC............................................................................................392
12.11.2 Padrão DVB.............................................................................................393
12.11.3 Padrão ISDB.............................................................................................395
12.12 Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD)...........................................398
12.13 Transição Analógico-Digital..........................................................................406
9
1
INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE
COMUNICAÇÃO
11
1.1 Elementos básicos dos Sistemas de comunicação
12
aí estabelecido os princípios do modo de transmissão bidirecional. Em
contrapartida ao modo de transmissão bidirecional, tem-se o modo
de transmissão unidirecional como, por exemplo, a radiodifusão, a
televisão, entre outros. Para que a conversa seja inteligível, é necessá-
rio que enquanto um fala o outro escute. Isso quer dizer que, embora
a transmissão seja bidirecional, ela se efetua alternadamente, em um
sentido de cada vez. A partir daí, é possível identificar três modos de
transmissão: simplex, semi-duplex e full-duplex.
Um sistema simplex permite que sinais sejam transmitidos em
um único sentido. A radiodifusão sonora e a radiodifusão de sons e
imagens (TV) são exemplos de sistemas simplex. Nesses sistemas, a
informação flui somente da estação de rádio ou de TV para o receptor
do ouvinte ou do telespectador.
Um sistema half-duplex permite a comunicação nos dois sentidos,
contudo somente em um sentido de cada vez (não simultaneamente).
Tipicamente, uma vez que um lado começa recebendo sinal, ele deve
esperar que o transmissor do outro lado pare de transmitir, antes de
responder. Um exemplo de sistema half-duplex é o radio bidirecional
conhecido como walkie-talkie, como qual se usa palavra “câmbio”, ou
outro comando escolhido previamente, para indicar o final da trans-
missão e, assim, garantir que somente um lado transmite de cada vez.
Isso é necessário porque ambos os lados transmitem na mesma fre-
qüência.
Um sistema full-duplex (ou simplesmente duplex) permite a co-
municação nos dois sentidos, mas, diferentemente do half-duplex,
permite que isso aconteça simultaneamente. As redes telefônicas são
exemplos de sistemas full-duplex, uma vez que elas permitem que am-
bos os locutores falem e sejam escutados ao mesmo tempo.
A Fig.1.2 ilustra uma analogia entre os três modos de transmissão
e o tráfego de veículos em uma rodovia.
13
Fig. 1.2 Ilustração dos modos de transmissão da informação.
14
Nessa mesma linha de raciocínio, considere a conversa entre
duas pessoas que vão se distanciando gradativamente. Verifica-se que,
mesmo para um ambiente extremamente silencioso, quanto maior a
distância mais difícil fica a compreensão da mensagem, pois a inten-
sidade do sinal sonoro vai ficando cada vez menor. Isso significa que
a capacidade de recuperar a informação é inversamente proporcio-
nal à distância. Quanto maior a distância, mais atenuado é o sinal.
O pior dessa experiência é que com algumas dezenas de metros os
sinais sonoros se tornam inaudíveis. O que se pode concluir é que o
meio atenua drasticamente as ondas sonoras. Então o meio é um fator
preponderante nas comunicações, principalmente nas comunicações
à longa distância.
Dessas experiências conclui-se que a qualidade de recepção de
um sinal pode ser deteriorada por dois fatores:
• interferência de outros sinais, que deformam o sinal original
tornando-o incompreensível;
• atenuação proveniente da distância percorrida, o que faz a in-
formação inaudível.
Para transmitir a informação à longa distância, vários sistemas fo-
ram desenvolvidos. A idéia básica era tornar, de alguma maneira, a
informação imune a esses fatores, ruído e atenuação. Dois sistemas
extremamente eficientes eram os que utilizavam sons de tambores e
de sinais de fumaça. O canal de transmissão agora era composto de:
transmissor, o tambor ou a fogueira; meio de transmissão, o ar; e re-
ceptor, o ouvido ou o olho humano.
O princípio era simples, tinha-se que colocar, por algum meca-
nismo, a informação a ser transmitida no batuque do tambor ou na
fumaça da fogueira, que eram os transportadores da informação. Eles
seriam as portadoras da informação. Tinha-se na realidade dois pro-
blemas. O primeiro era traduzir a informação em símbolos (codifica-
ção). O segundo problema era que esse código teria de ser acordado
entre remetente e destinatário.
15
Estabelecida a codificação a ser utilizada, pode-se descrever o sis-
tema da seguinte maneira. O transmissor (a fogueira, o tambor) é o
gerador de energia; algum dispositivo (o modulador) faz variar uma
característica da energia (a fumaça, a onda sonora) de acordo com os
símbolos preestabelecidos; do outro lado, esses símbolos são recebi-
dos e identificados pelo olho ou ouvido humano. Quando a fumaça ou
a onda sonora (a portadora da informação) contém uma mensagem,
trata-se de uma portadora modulada., Fig.1.3. Em síntese, o sistema
funciona da seguinte maneira:
• o transmissor gera uma portadora;
• a informação que se deseja transmitir é transformada em símbo-
los (codificada);
• por intermédio de um modulador, essa informação codificada é
colocada na portadora;
• a portadora modulada viaja através de um meio de transmissão
adequado até o receptor;
• no receptor, recupera-se os símbolos da portadora por intermé-
dio de um demodulador;
• finalmente, os símbolos são interpretados, recompondo a infor-
mação.
Para transmitir o sinal a grandes distâncias, eram instaladas repeti-
doras, por exemplo, um batedor de tambor que interpretava a mensa-
gem recebida e a transmitia para outro ponto. A distância entre dois ba-
tedores é denominada enlace. Alguns problemas começaram a surgir:
• os enlaces eram relativamente curtos, remetente e destinatário
devem se ver ou se ouvir;
• a existência de outras comunidades usando o mesmo sistema, o
que complicava demasiadamente a transmissão, ou seja, esse sis-
tema não permitia o compartilhamento do meio de transmissão;
• a troca de mensagem era extremamente lenta, inviabilizando a
transmissão de grandes quantidades de informação.
16
O que fica claro é que, para se estabelecer um sistema de comu-
nicação à distância, é necessário que uma quantidade apropriada de
energia modulada consiga chegar ao receptor. Historicamente utiliza-
ram-se as energias sonoras e luminosas já que elas podem ser captadas
diretamente pelos nossos sentidos. Essas duas formas de energia ser-
viram como ponto de partida para as telecomunicações de massa. No
decorrer da história, essas formas de comunicação à longa distância
foram superadas pela comunicação por sinais elétricos.
O diagrama de blocos de um sistema de comunicação baseado
em sinais elétricos é mostrado na Fig.1.4. Na maioria dos sistemas,
a transmissão de informação é estreitamente relacionada com a mo-
dulação, isto é, com a variação no tempo de um determinado sinal
denominado portadora.
17
A grande vantagem de se trabalhar com a informação na for-
ma de sinal elétrico é poder dar o mesmo tratamento a voz, dados e
imagens. Na realidade as comunicações baseadas em sinais elétricos
permitem padronizar, quantificar, transportar, agrupar, e distribuir a
informação de maneira rápida e eficiente. Essas características são des-
critas na Tabela I.
19
Por volta de 1820, já se tinha noção de tensão, uma força que fa-
zia as cargas elétricas se deslocarem, bem como de corrente elétrica,
que representava o fluxo de eletricidade. Coube ao cientista alemão
George Ohm (1789-1845) relacionar essas duas grandezas. Em suas
experiências, Ohm verificou que a corrente em um condutor era sem-
pre proporcional à tensão entre suas extremidades. Esse número era
relacionado com as dimensões do fio e com o tipo de material utiliza-
do. Na realidade ele constatava que os condutores, embora transpor-
tassem as cargas elétricas, apresentavam algum empecilho para a cor-
rente elétrica, assim como o atrito. Ohm chamou essa dificuldade de
resistência elétrica. A formulação de sua descoberta, conhecida como
lei de Ohm, é responsável pela utilização prática da eletricidade. As
unidades de tensão, corrente e resistência receberam o nome de volt,
ampère e ohm, respectivamente. Mais ainda, atribuiu-se o nome de
Coulomb à unidade de medida de carga elétrica.
Nessa mesma época destacou-se outro pesquisador, Michel Fara-
day (1791-1867), físico inglês que, por volta de 1831, descobriu a indu-
ção magnética. Faraday realizou durante muito tempo experimentos
de magnetismo que não apresentavam nenhum resultado expressivo.
Uma de suas experiências consistia em enrolar duas bobinas isoladas
em um anel de ferro. Uma bobina era conectada a uma bateria e a
outra, a um galvanômetro. Após ligar a bateria, Faraday verificou que
o galvanômetro permanecia estático, porém, quando desligou a bate-
ria, ele percebeu variação no galvanômetro. Para ter certeza de que o
galvanômetro havia mexido ao desligar a bateria, Faraday a religou e
observou que o galvanômetro mexeu, porém na direção oposta. Após
repetir a experiência, concluiu que a variação da corrente elétrica pas-
sando por um fio enrolado sobre um cilindro fazia o campo magné-
tico variar e essa variação de campo magnético produzia correntes
induzidas na segunda bobina. Ele elaborou o conceito de que uma
corrente induzida sempre é resultado de uma variação de linhas de
força magnética.
As descobertas de Faraday podem ser interpretadas da seguinte
maneira: corrente elétrica passando em uma bobina produz um cam-
po magnético; a variação do campo magnético produz uma corrente.
20
A variação do campo magnético pode ocorrer devido à variação da
corrente que o produziu ou movimentando um imã no interior da
bobina e produzir nela uma corrente elétrica. Isso significa que uma
corrente passando por um fio enrolado (bobina) faz com que a bobina
se comporte como um imã natural.
A partir dos experimentos de Faraday, o pesquisador escocês Ja-
mes Clerk Maxwell (1831-1879) convenceu-se que os dois fenômenos
eletricidade e magnetismo eram interligados. Em 1873, ele publicou
o famoso tratado, Eletricidade e Magnetismo, unificando todos os co-
nhecimentos de eletricidade e magnetismo em quatro equações, co-
nhecidas como Equações de Maxwell. Ele previu o movimento on-
dulatório eletromagnético, calculou a velocidade da luz e explicou a
propagação da luz como fenômeno ondulatório eletromagnético.
Naquela época não se conhecia ondas de rádio, mas Maxwell as
previu por meio de suas equações e ainda as descreveu como ondas
eletromagnéticas se propagando no vácuo à velocidade da luz. Ele
também demonstrou que essas ondas podem se propagar em outros
meios, porém com velocidades menores. Esta nova teoria era muito
revolucionária, mas, na realidade, não passava de teoria. Não havia
nada que comprovasse que a energia elétrica pudesse se propagar na
forma de onda eletromagnética, como o faz a luz. Foram necessários
15 anos para que Hertz demonstrasse conclusivamente as previsões de
Maxwell.
Heinrich Rudolf Hertz (1857-1894) foi um físico alemão que revo-
lucionou o conceito de meio de transmissão. Hertz era um pesquisa-
dor que, em certa altura de sua vida, estava preocupado na produção
de faíscas a partir de dois eletrodos ligados a um gerador de alta ten-
são. Quando as pontas dos eletrodos eram aproximadas, saltava uma
faísca entre elas. No laboratório de Hertz, além da bancada principal,
existia uma outra, que lhe servia de suporte. Nessa outra bancada, por
acaso, encontrava-se um arco metálico com um pequeno espaçamento
entre suas extremidades. Hertz, ao colocar os equipamentos para fun-
cionar, aproximou os dois eletrodos para produzir faísca, constatando
que, ao mesmo tempo em que saltava uma faísca entre os eletrodos,
21
saltava uma outra pequena faísca no intervalo do arco. A partir dessa
constatação, Hertz efetuou inúmeros experimentos, concluindo que
as faíscas no arco variavam com a distância e com a orientação em
relação aos eletrodos. Hertz concluiu que alguma energia era emitida
pelas faíscas dos eletrodos, transmitida através do espaço e captada
pelo arco. A transmissão dessa energia ocorria através de ondas eletro-
magnéticas, o que comprovava as previsões de Maxwell.
A Fig.1.5 traça uma linha de tempo ressaltando os principais mar-
cos relacionados com a compreensão dos fenômenos eletromagnéticos.
Charles Coulomb
1785 apresenta a lei que rege as forças de
atração e repulsão entre dois corpos
isolados eletrizados
Alexandre Volta
1801 inventa a pilha elétrica, que tem seu
nome
Michael Faraday
1831 demonstra a possibilidade de produção de
corrente elétrica a partir da indução
magnética
22
afastando cada vez mais os eletrodos que eram ligados a geradores de
tensão cada vez mais elevada. Com essas faíscas, os arcos receptores
podiam ficar a distâncias maiores.
Rapidamente se chegou ao limite de tensão disponível. Em 1907,
começaram a aparecer os triodos, que permitiram a construção de
geradores de tensão alternada de altíssimas freqüências, da ordem de
quilohertz. O próximo passo foi experimentar esses geradores na pro-
dução de faíscas. Observou-se que, mesmo sem a produção de faís-
cas nos eletrodos, os arcos faiscavam. Depois de várias experiências,
chegou-se ao seguinte quadro. De um lado se colocava o gerador de
corrente alternada, agora denominado oscilador, ligado a dois eletro-
dos que, após inúmeras experiências, tomaram a forma de duas barras
verticais. Do outro lado, um par de eletrodos semelhante e na mesma
disposição era conectado a um medidor de corrente, Fig. 1.6.
23
Quando o gerador era ligado, do outro lado o medidor acusava
passagem de corrente. Essa experiência conseguia de uma só vez co-
locar várias questões sem respostas.
• Como explicar o aparecimento de corrente em um circuito
aberto?
• Para onde foi a eletricidade do gerador?
As respostas vieram aos poucos e de forma a comprovar de ma-
neira irrefutável as previsões de Maxwell. Era simples, o circuito se
fechava pelo ar. A eletricidade gerada, pelo oscilador, caminhava pelo
eletrodo e era transmitida pelo espaço até ao outro par de eletrodos
que fazia a recepção da energia. O gerador produzia a energia na for-
ma de uma oscilação, que percorria uma determinada distância. Era
a energia se propagando em forma de uma onda eletromagnética. O
oscilador fornecia uma corrente elétrica, que oscilava rapidamente,
fazendo seu campo magnético associado variar, como constatado por
Faraday. A variação do campo magnético induzia um campo elétrico
variável que, por sua vez, criava o campo elétrico. Isso tudo se pro-
pagando, viajando de um ponto a outro a velocidade da luz. A Fig.1.7
ilustra o processo de propagação de ondas eletromagnéticas.
24
Fig. 1.7 Propagação de ondas eletromagnéticas.
25
Fig.1.8 Espectro Eletromagnético
26
Tabela II - Principais Serviços de Radiofrequência
Móvel
Móvel Marítimo Radiodifusão
Móvel Aeronáutico Radioamador
Móvel Terrestre Radioastronomia
Operação espacial
Pesquisa Espacial
Fixo Frequência Espacial
Fixo aeronáutico Pesquisa Espacial
Frequência padrão/sinais horários
Entre satélites
Radionavegação
Exploração da terra por satélite
Radionavegação Marítima
Radiodeterminação por satélite
Radionavegação aeronáutica
Auxílio à Meteorologia
Meteorologia por satélite
Radiolocalização
27
Fig.1.9 Mapa da ITU
28
Congresso Nacional, do Código Brasileiro de Telecomunicações (CBT).
Essa lei, que foi o primeiro grande marco na história das telecomunica-
ções no Brasil, tinha os seguintes pontos principais, [2].
• criação do Sistema Nacional de Telecomunicações, visando asse-
gurar a prestação, de forma integrada, de todos os serviços de tele-
comunicações;
• instituição do CONTEL — Conselho Nacional de Telecomunica-
ções, tendo o DENTEL — Departamento Nacional de Telecomuni-
cações como sua secretaria-executiva;
• atribuição ao CONTEL de poder para aprovar as especificações
das redes telefônicas, bem como o de estabelecer critérios para a
fixação de tarifas em todo o território nacional;
• atribuição à União da competência para explorar diretamente os
troncos integrantes do Sistema Nacional de Telecomunicações;
• definição do relacionamento entre poder concedente e concessio-
nário no campo da radiodifusão.
Um das principais ações do CBT, no sentido de efetivar-se a estru-
turação de um sistema nacional de telecomunicações foi a criação, em
1965 da Empresa Brasileira de Telecomunicações – Embratel, com a
finalidade de implementar o sistema de comunicações a longa distância,
ligando, entre si, as capitais e as principais cidades do País.
Posteriormente, com a reorganização da administração federal em
1967, foi criado o Ministério das Comunicações, ao qual, desde logo,
foram vinculados o CONTEL, o DENTEL e a EMBRATEL. O Minis-
tério das Comunicações assumiu então as competências do CONTEL,
passando a ser o encarregado da elaboração e do cumprimento das po-
líticas públicas do setor de comunicações.
Já no início dos anos 70, em função dos os investimentos efetuados e
da dinâmica imposta pela Embratel, era possível constatar a qualidade e
a expressiva expansão do serviço de telefonia de longa distância em con-
traste com a telefonia urbana que continuava a apresentar baixos níveis
de qualidade e de densidade populacional. Como solução, em 1972, foi
29
autorizada a criação da Telecomunicações Brasileiras S/A - TELEBRÁS,
vinculada ao Ministério das Comunicações, com atribuições de planejar,
implantar e operar o SNT. Neste sentido a TELEBRÁS instituiu em cada
estado uma empresa-polo e promoveu a incorporação das companhias
telefônicas existentes, mediante aquisição de seus acervos ou de seus
controles acionários. A TELEBRÁS era responsável pela formulação de
diretrizes gerais e de políticas de aquisição de equipamentos, bem como
a normalização técnica e a definição da política tarifária e da divisão de
receitas entre as operadoras regionais e a Embratel, [3].
O Sistema TELEBRÁS era composto por uma empresa “holding”,
a TELEBRÁS; por uma empresa “carrier” de longa distância de âmbito
nacional e internacional, (a EMBRATEL); e por 27 empresas de âmbito
estadual ou local — e por quatro empresas independentes, sendo três
estatais (a CRT, controlada pelo Governo do Estado do Rio Grande do
Sul; a SERCOMTEL, pela Prefeitura de Londrina; e a CETERP, pela
Prefeitura de Ribeirão Preto) e uma privada (a Cia. de Telecomunica-
ções do Brasil Central, sediada em Uberlândia e que atua no Triângulo
Mineiro, no nordeste de S. Paulo, no sul de Goiás e no sudeste do Mato
Grosso do Sul).
Ao longo de sua existência, a TELEBRÁS desenvolveu um trabalho
notável, criando uma rede de telecomunicações que integrou o País de
norte a sul e de leste a oeste.
O Sistema Telebrás, apesar de ter cumprido seu papel, já na dé-
cada de 90 começava a mostrar sinais de ineficiência para atender as
necessidades de modernização e expansão do setor. Para viabilizar o
crescimento e prover infra-estrutura tecnologicamente moderna, com
qualidade, padrão internacional e diversificação dos serviços, acesso
universal aos serviços básicos, foi formulada uma nova proposta para o
setor, que culmina com a Lei Geral de Telecomunicações (LGT), de 1997
e com a criação e implementação do órgão regulador, Agência Nacional
de Telecomunicações – Anatel, dando assim os primeiros passos para a
abertura do setor à iniciativa privada. Um ano depois, no dia 29 de julho
de 1998, o Sistema Telebrás era privatizado em leilão realizado na Bolsa
de Valores do Rio de Janeiro.
30
A Fig.1.10 sumariza a trajetória do setor de telecomunicações no
Brasil:
Referências
[1] Fundamentos de Comunicação – Editado por Humberto Abdalla,
Ed FT, UnB, 2009
[2] História da UIT, http://www.itu.int/net/about/history.aspx, aces-
sado em 14/11/20
[3] As Telecomunicações no Brasil: Do Segundo Império Até O Re-
gime Militar, Diamantino Fernandes Trindade, Laís dos Santos Pinto
Trindade, http://www2.eptic.com.br/sgw/data/bib/artigos, acessado
em 15/11/2009
[4] Evolução Do Setor De Telecomunicações No Brasil, Vera Batista
Filippi Ferreira, II Encontro Científico da Campanha Nacional das
Escolas da Comunidade (II EC-CNEC), Varginha, 9-10 de julho de
2004, www.oswaldocruz.br/download/artigos/social10.pdf, acessado,
15/11/2009
[5] “Três Momentos da História das Telecomunicações no Brasil”.
Ethevaldo Siqueira,. São Paulo: Dezembro Editorial, 2000.
[6] O Setor de Telecomunicações:História e Políticas Públicas no Bra-
sil, dissertação de mestrado, Jamerson Rogério do Nascimento, IB-
MEC, novembro de 2008
31
2
REGULAÇÃO E PADRONIZAÇÃO EM
TELECOMUNICAÇÕES
33
A representação brasileira nos foros internacionais de telecomuni-
cações é feita pela Anatel. Para que a participação brasileira aconteça
de modo organizado e eficiente, foram criadas as Comissões Brasilei-
ras de Comunicações (CBC), [3].
É importante mencionar as organizações para padrões industriais,
comerciais e profissionais que tem suas atividades de padronização
dirigidas para áreas de interesse de seus membros, mas, geralmente
exercem forte influência na área de regulamentação das telecomuni-
cações.
• TIA – Telecommunication Industries Association (Associação
das indústrias de telecomunicações);
• IEEE – Institute of Electrical and Electronic Engineers (Instituto
de engenheiros elétricos e eletrônicos);
• ETSI- European Telecommunications Standards Institute ( Insti-
tuto Europeu de Normas de Telecomunicações)
• ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
34
2.1.1 A História da UIT
A ITU é uma das mais antigas organizações internacionais em
funcionamento. A sua origem está associada a origem dos sistemas de
comunicações, quando Samuel Morse, em 1844,enviou sua primeira
mensagem pública através de uma linha telegráfica entre Washington
e Baltimore,[1].
Quase dez anos depois, a telegrafia estava disponível como um
serviço ao público. Naqueles dias, porém, as linhas telegráficas não
ultrapassam as fronteiras nacionais. Como cada país usava um sistema
diferente, as mensagens tinham de ser transcritas, traduzidas e entre-
gues nas fronteiras, em seguida, re-transmitidas através da rede tele-
gráfica do país vizinho, [1].
Para tornar o serviço de telégrafo mais eficiente a nível interna-
cional, era necessário estabelecer regras comuns para padronizar códi-
gos, equipamentos e facilitar a interconexão internacional. Assim, em
1865, 20 Países se reuniram em Paris para a elaboração do primeiro
conjunto de regulamentos de funcionamento do telégrafo - a Conven-
ção Internacional do Telégrafo e criar International Telegraph Union
(ITU) que tinha como finalidade consolidar a regulamentação e pro-
por caso necessário, futuras alterações.
Após a concessão de patentes do telefone em 1876 e a subseqüen-
te expansão da telefonia, a União Internacional do Telégrafo come-
çou, em 1885, elaborar uma legislação internacional para telefonia.
No início dos anos 1920, surgem os serviços de telecomunicações via
rádio, dando origem ao desafio de utilizar, o espectro de radiofreqüên-
cias com diferentes tecnologias e para os mais diversos serviços sem
interferência entre estações.
Para acompanhar o progresso tecnológico e a contínua expansão
das telecomunicações, a ITU se organiza em três comitês, O Comitê
Consultivo Internacional de Telefonia (CCIF, criado em 1924), o
Comitê Consultivo Internacional do Telégrafo (CCIT, criada em
1925), e o Comitê Consultivo Internacional de Rádio (CCIR criado
em 1927). Esses comitês ficaram responsáveis pela coordenação dos
35
estudos técnicos, testes e medições realizadas nos diversos domínios
das telecomunicações, e da elaboração de normas internacionais.
A partir dessa estrutura a União Internacional de Telegrafia torna-
se capaz de cobrir todas as formas de comunicação, com e sem fio, o
que leva a mudança do nome em 1934, para União Internacional de
Telecomunicações.
Após a Segunda Guerra Mundial, em 1947, a UIT torna-se uma
agência especializada da recém criada Nações Unidas, ONU. Ao mes-
mo tempo, é criado o International Frequency Registration Board
(IFRB) para coordenar a tarefa cada vez mais complexa de gerenciar
o espectro de rádio-freqüência.
Em 1956, a CCIT e o CCIF foram fundidas no Comitê Consulti-
vo Internacional de Telefonia e Telegrafo (CCITT), a fim de respon-
der de maneira mais eficiente as demandas desses dois segmentos das
comunicações.
O ano de 1957 é marcado pelo lançamento do primeiro satélite
artificial, o Sputnik-1, é o início da era espacial. Em 1963, o primeiro
satélite de comunicações geoestacionário foi colocado em órbita. Mais
uma vez a UIT, cumprindo sua missão regulamenta a utilização, pelos
satélites, do espectro de radiofreqüências e das posições orbitais asso-
ciadas.
Nas últimas décadas do século XX, as telecomunicações foram
submetidas a grandes transformações associadas ao desenvolvimento
tecnológico, a crescente globalização da economia e a tendência mun-
dial de privatização dos mercados de telecomunicações. Esse novo
cenário exigiu da UIT uma estrutura de funcionamento que lhe con-
ferisse uma maior rapidez e flexibilidade na promoção do desenvolvi-
mento e a exploração dos meios de telecomunicação.
Do processo de reorganização, surgiu uma UTI com uma estru-
tura mais ágil e eficiente, combinando as atividades de seus órgãos
anteriores em três setores, relacionados às suas três principais áreas de
atividade: Normalização das Telecomunicações (UIT-T), Radiocomu-
nicações (UIT-R) e Desenvolvimento das Telecomunicações (UIT-D).
36
2.1.2 Composição da UIT
Para realizar a sua missão a UIT conta com uma estrutura com-
posta de uma Conferência de Plenipotenciários, órgão supremo da
União, um Conselho que atua como mandatário da Conferência de
Plenipotenciários, uma Secretaria Geral e três segmentos representan-
do, o Setor das Radiocomunicações (UIT-R), o Setor de Normalização
das Telecomunicações (UIT-T) e o Setor de Desenvolvimento das Te-
lecomunicações (UIT-D). Além disso, promove anualmente uma con-
ferencia mundial sobre as telecomunicações internacionais, Fig.2.1.
37
Fig.2.1 Estrutura da UIT
38
Conferência de Plenipotenciários
A Conferência de Plenipotenciários, órgão máximo da UIT, é
composta pelas delegações dos Estados-Membros. O termo Pleni-
potenciário, que vem do latim plenipotens (aquele que tem todos os
poderes) é utilizado para qualificar uma delegação com plenos po-
deres para representar seu país na missão para o qual foi designada,
podendo assinar acordos ou realizar negócios em nome do país que a
enviou. A Conferência de Plenipotenciários, realizada a cada quatro
anos, define as políticas gerais para o cumprimento dos objetivos da
União e elege os diretores do Conselho e dos três setores.
O Conselho da UIT
O Conselho da UIT (anteriormente chamado de Conselho de Ad-
ministração) é constituído por um máximo de 25% do número total
de Estados-Membros. Os membros do Conselho são eleitos pela Con-
ferência de Plenipotenciários por meio de processo que permite que
todos os continentes estejam representados. (Américas, Europa Oci-
dental, Europa Oriental, África, Ásia e Oceânia). O Conselho atual
compreende 46 Estados-Membros.
O papel do Conselho é conduzir os trabalhos entre as Conferên-
cias de Plenipotenciários, no sentido de assegurar o cumprimento
pleno das atividades da União, em conformidade com as diretrizes
estabelecidas pela Conferência de Plenipotenciários.
O Conselho também é responsável pela coordenação dos traba-
lhos da UIT com outras organizações das Nações Unidas.
39
O funcionamento do Sector das Radiocomunicações, Fig. 2.2, é asse-
gurado por:
• Conferências Mundiais e Regionais de Radiocomunicação;
• Assembléias de Radiocomunicação
• Junta do Regulamento de Radiocomunicação;
• Grupos de Estudos e Grupo Consultivo de Radiocomunicação;
• Reuniões Preparatórias da Conferência (CPM)
• Departamento de Radiocomunicação
40
Conferências Mundiais e Regionais de Radiocomunicação
As Conferências Mundiais de Radiocomunicação (WRC) são nor-
malmente convocadas com intervalos de dois ou três anos, para ana-
lisar todas as questões de radiocomunicação de caráter mundial e, se
necessário, rever a regulamentação de radiocomunicações e planos de
atribuição de freqüências e posições orbitais.
As Conferências Mundiais de Radiocomunicações são abertas a
todos os países membros da UIT, as organizações intergovernamen-
tais e regionais de telecomunicações e as instituições que operam os
sistemas de satélite. Além disso, os operadores de telecomunicações
autorizados pelo seu país para participar nos trabalhos do Setor de Ra-
diocomunicação são admitidos para as conferências.
Além das conferências mundiais de radiocomunicações, uma re-
gião de ITU ou um grupo de países pode realizar uma conferência
regional de radiocomunicações, com um mandato para desenvolver
acordos relativos a um serviço de radiocomunicações em particular ou
banda de freqüência.
No entanto, essas conferências não podem modificar regulamen-
tação de radiocomunicações, a não ser se aprovados por um WRC, e
decisões da conferência só são obrigatórias para os países que fazem
parte do acordo.
Assembléias de Radiocomunicações
As assembléias de radiocomunicações são igualmente convocadas
com intervalos de dois ou três anos e poderão ser associadas ao local
ou datas das conferências mundiais de radiocomunicações, de modo a
melhorar a eficácia e a produtividade do setor das radiocomunicações.
As assembléias de radiocomunicações estabelecem as bases técnicas
necessárias aos trabalhos das conferências mundiais de radiocomunica-
ções e dão andamento a todas as solicitações das referidas conferências.
As assembléias são responsáveis pela formação de grupos de estu-
do constituídos de peritos para analisar questões específicas no sentido
41
de fornecer subsídios técnicos para os trabalhos das conferências. É de
competência das assembléias garantir as condições necessárias para a
execução dos programas de trabalho propostos determinando a priori-
dade, a urgência e o prazo para conclusão dos estudos. Além disso, elas
identificam tópicos adequados para a agenda futura da WRC.
42
Os grupos de Estudo, propostos pelas assembléias de radiocomu-
nicações (RA) e supervisionados pelo Grupo Consultivo de Radioco-
municações (RAG), são formados por mais de 1 500 especialistas de
administrações e organizações de telecomunicações de todo o mundo.
Eles trabalham no sentido de:
• elaborar propostas técnicas para as Conferências de Radiocomu-
nicações,
• esboçar projetos de Recomendações,
• elaborar manuais de aplicação das recomendações.
Atualmente existem 7 grupos de estudos dedicados aos seguintes
assuntos:
Grupo de Estudo 1 (SG 1) - Gestão do espectro
Grupo de Estudo 3 (SG 3) - propagação de onda de rádio
Grupo de Estudo 4 (SG 4) - serviços via Satellite
Grupo de Estudo 5 (SG 5) - serviços terrestres
Grupo de Estudo 6 (SG 6) - serviço de Radiodifusão
Grupo de Estudo 7 (SG 7) - serviços Científicos
43
Departamento das Radiocomunicações (BR)
O Departamento de Radiocomunicações, ou BR, é o braço exe-
cutivo do Sector das Radiocomunicações, e é dirigido por um diretor
eleito. O diretor da BR atua como Secretário Executivo do Regula-
mento das Radiocomunicações, e é responsável pela coordenação dos
trabalhos do setor. A BR oferece apoio técnico e administrativo às as-
sembléias e congressos de radiocomunicações e aos grupos de estudo.
O Departamento de Radiocomunicações presta assessoria aos Es-
tados membros sobre o uso justo e eficaz do espectro de radiofreqüên-
cias e órbitas de satélites, e auxilia na resolução de casos de interferên-
cias prejudiciais
44
Assembléia Mundial de Normalização das Telecomunicações
As Assembléias Mundiais de Normalização das Telecomunicações
- World Telecommunication Standardization Assembly - (WTSA) são
realizadas a cada quatro anos para aprovar, modificar ou rejeitar os
projetos de normas, “Recomendações”.
Compete as Assembléias aprovar o programa de trabalho da UIT-
T e determinar as prioridades, a urgência e prazo para conclusão dos
trabalhos relativos à elaboração de normas.
Além disso, as assembléias decidem sobre a estrutura dos grupos
de estudo e sobre as questões a serem estudados por cada grupo de es-
tudo. Essas questões se concentram na padronização dos serviços de te-
lecomunicações, operação e desempenho de equipamentos, sistemas,
redes, serviços, tarifas e métodos contabilísticos.
46
telecomunicações nos países em desenvolvimento e estabelecer pro-
gramas de desenvolvimento das TIC.
A prioridade é atribuída à expansão e modernização das redes, e a
mobilização de recursos necessários para impulsionar a penetração e o
acesso às telecomunicações nos países em desenvolvimento.
O CMDT promove reuniões preparatórias regionais (RPMs) que
estabelecem prioridades regionais na África, Américas, Estados Ára-
bes, Europa e Ásia, bem como um roteiro para alcançar as metas defi-
nidas regionalmente.
As resoluções, decisões, recomendações e relatórios das conferên-
cias são submetidos ao plenipotenciário.
47
A Secretaria de Desenvolvimento das Telecomunicações
Este órgão é o braço administrativo do Setor de Desenvolvimen-
to. Seus deveres e responsabilidades abrangem uma variedade de fun-
ções, incluindo a supervisão do programa, pareceres técnicos, coleta,
processamento e publicação de informações relevantes para o desen-
volvimento das telecomunicações. O departamento é dirigido por um
diretor eleito, que organiza e gerencia o trabalho do Setor.
Secretaria-Geral
A Secretaria-Geral tem como função gerir os aspectos administra-
tivos e financeiros da UIT, incluindo funções corporativas (comuni-
cações, assistência jurídica, financeira, de pessoal e serviços comuns ).
Alem disso a Secretaria-Geral fornece apoio as conferências e reu-
niões da UIT e mantém ligações com os Estados-Membros, a ONU,
e outras organizações internacionais. Também é responsável pelo pro-
grama de publicações da UIT.
48
2.2 Regulação e Padronização na America Latina
49
A CITAL tem 35 países membros e 200 organizações associadas,
com voz mas sem voto. Mais recentemente, Citel, abriu suas portas
para os operadores privados, industriais e instituições internacionais
de financiamento, e os representantes científicos. Segundo os seus es-
tatutos, a CITEL tem autonomia técnica para a consecução dos seus
objetivos, dentro dos limites estabelecidos pela Carta da OEA.
A estrutura da CITEL inclui: a Comissão Executiva Permanen-
te (COM / CITEL), um comitê de coordenação, duas Comissões
de Consulta Permanentes (CCP I: Serviços públicos de Telecomuni-
cações, CCP II: comunicações de rádio, incluindo a radiodifusão) e
uma secretaria executiva. Além disso existem uma Coordenação de
Capacitação de Recursos Humanos e Grupos de Trabalhos relaciona-
dos a Plano Estratégico da CITEL, Assuntos Legais e Procedimentos,
Estrutura e Funcionamento da CITEL e, finalmente, um Grupo de Tra-
balho Provisório para ajudar os Países membros a preparar-se para as
reuniões do Conselho da União Internacional de Telecomunicações.
50
O COM/CITEL é o Comitê Executivo Permanente da CITEL
com representantes de treze Estados Membros eleitos pela Assem-
bléia da CITEL e tem como funções principais:
• Implementar as decisões da Assembléia da CITEL.
• Propor à Assembléia da CITEL quaisquer emendas ao Estatuto
e ao Regulamento consideradas necessárias,
• Estabelecer um programa de trabalho para a Secretaria Exe-
cutiva.
• Estabelecer comitês técnicos e grupos de trabalho, determinan-
do seus programas de trabalho.
O Comitê Consultivo Permanente, CPP1, trata das seguintes ma-
térias associados aos serviços públicos de telecomunicações:
• Coordenação de normas para redes e serviços de telecomuni-
cações.
• Regulação e assuntos tarifários
• Introdução de tecnologias e serviços, certificação de equipa-
mentos e exploração dos serviços públicos de telecomunicações
nos Estados Membros.
As atividades do Comitê Consultivo Permanente CPP2 que trata
de radiocomunicação e radiodifusão estão relacionadas com:
• Coordenação de normas, planejamento, uso eficiente do espec-
tro radioelétrico e órbitas satelitais.
• Operação dos serviços de radiocomunicações, incluindo os re-
lativos a radiodifusão.
• Coordenação da preparação para as Conferências Mundiais e
Regionais de Radiocomunicações da UIT.
51
2.2.2 Foro Latino-Americano de Entes Reguladores de Telecomunica-
ções ( REGULATEL).
O Foro Latino-Americano de Entes Reguladores de Telecomuni-
cações (REGULATEL) foi criado para propiciar a troca de informa-
ção e experiência entre reguladores visando o desenvolvimento das
telecomunicações na America Latina.
O REGULATEL é uma sociedade que compreende 19 países
latino-americanos e agências reguladoras da Europa Central, América
do Sul e México. A organização foi criada em 1997, numa reunião em
Cancun, México, na presença dos respectivos chefes das autoridades
reguladoras. Sua estrutura inclui plenário, Presidente, Secretário-Ge-
ral e uma Comissão de Gestão.
Os principais objetivos deste grupo estão associados ao intercâm-
bio de informações sobre o quadro regulamentar de cada adminis-
tração e com a harmonização de regras e atividades das autoridades
reguladoras, a fim de contribuir para uma maior identificação e defesa
dos interesses regionais e a adoção de posições comuns a nível inter-
nacional, [4].
O Regulatel apresenta-se como um espaço comum de discussão,
informação e troca de experiências entre as autoridades sul-america-
nas responsáveis pela regulação das comunicações. Trata-se, portanto,
de uma organização que visa fomentar a cooperação e coordenação
das atividades no campo das telecomunicações, promovendo, assim,
o desenvolvimento do setor na América Latina.
52
por satélite, INTELSAT, e para fornecer. serviços de comunicação
marítima e segurança pública via satélite. em todo o mundo, INMAR-
SAT. Hoje a INTELSAT e a INMARSAT são duas companhias pri-
vadas supervisionadas por duas organizações intergovernamentais, a
Organização Internacional de Telecomunicações por Satélite (ITSO)
e a Organização Internacional de Comunicações Móveis via Satélite
(IMSO).
53
públicos de telecomunicações, no segmento espacial, de elevada qua-
lidade e capacidade, incluindo telefonia, dados, vídeo e conectividade
com a Internet, para países e territórios, independentemente de sua
localização, dimensão ou nível de desenvolvimento, [4].
A atual estrutura da ITSO é constituída por 149 países membros,
que se reúnem em Assembléia Geral, de dois em dois anos. A Assem-
bléia elege um Diretor Geral, que assume as funções executivas, e um
Comitê Consultivo composto por representantes de 23 países mem-
bros que assessora o Diretor-Geral sobre todos os assuntos solicitados.
54
A reestruturação ocorreu, em 1999, com a divisão da organização
em duas entidades distintas. Deste modo procedeu-se à transferência
da componente operacional da INMARSAT para uma empresa pri-
vada de responsabilidade limitada - INMARSAT Ltd. - que assumiu
a responsabilidade dos princípios de base, que envolvem, nomeada-
mente, o cumprimento das obrigações de serviço público, de cober-
tura mundial, com especial enfoque para as zonas remotas, e a gestão
do Sistema Global de Socorro e Segurança Marítimos (GMDSS). As
soluções de Inmarsat estão orientadas às áreas fora de cobertura de
sistemas de comunicação tradicional e entre seus usuários destacam-
se agências governamentais, organismos internacionais, empresas de
petróleo e gás, transporte marítimo, entre outros. Inmarsat não atende
clientes diretos senão a traves de sua rede mundial de distribuidores.
Além disso, manteve-se a organização intergovernamental, com
a nova designação IMSO (Organização Internacional de Comunica-
ções Móveis via Satélite), a qual tem funções circunscritas à supervisão
do cumprimento, pela nova empresa, dos princípios básicos.
A Organização tem uma forma de contrato de parceria público-
privada com a Inmarsat Ltd através de um Acordo de Serviços Pú-
blicos, que estabelece as obrigações da Inmarsat Ltd, em relação aos
serviços públicos relevantes, bem como define o mecanismo de fisca-
lização que existe entre a Inmarsat e IMSO, [5].
A IMSO também detém uma participação “especial” em Inmar-
sat Ltd, que fornece um mecanismo para assegurar que as decisões
comerciais tomadas não são prejudiciais para os serviços públicos.
A atual estrutura da IMSO, constituída por 93 países membros,
é composta por uma Assembléia Geral, que se reúne de dois em dois
anos, por um órgão executivo dirigido por Diretor Geral, e por um
Comitê Consultivo, composto por um número de Países-membros,
designados pela Assembléia, e que se reúne regularmente.
55
2.4 O Mercado Comum do Sul (MERCOSUL)
57
Fig.2.5 Comissões temáticas da subcomissão de telecomunicações
58
2.5 As Comissões Brasileiras de Comunicações (CBCs)
59
• preparar as “Propostas de Contribuições / Posições Brasileiras”
que objetivem orientar o posicionamento da administração brasi-
leira junto aos foros internacionais de telecomunicações;
• elaborar relatórios anuais sobre o andamento dos trabalhos;
• colaborar com os trabalhos desenvolvidos no âmbito das co-
ordenações da Comissão Interamericana de Telecomunicações
(Citel) e do Mercosul;
• propor a realização de seminários, reuniões e debates e fomen-
tar a participação de novos especialistas, dentre outras.
A participação nas Comissões Brasileiras de Comunicações
(CBCs) é aberta aos segmentos públicos e privados da sociedade bra-
sileira com interesse direto no setor de telecomunicações, assim como
a especialistas que possam prestar colaboração nesta área, ou seja:
• empresas prestadoras de serviços de telecomunicações;
• organizações científicas e industriais;
• empresas de consultoria e de prestação de serviços especializa-
dos;
• instituições de ensino, pesquisa e desenvolvimento;
• agências ou órgãos governamentais com interesse na área de
telecomunicações;
• entidades e associações de classe do setor;
• profissionais que atuam isoladamente ou no âmbito de organi-
zações em áreas ligadas às telecomunicações, como consultores,
professores ou pesquisadores.
60
Comissão Interamericana de Telecomunicações (Citel), no Mercosul
e nos fóruns relacionados aos acordos internacionais de comércio em
serviços de telecomunicações ou à Governança de Internet.
61
Fig.2.7 Áreas de atuação de cada CBC no ITU, CITEL e MERCOSUL
62
2.6 Organizações para padrões industriais, comerciais e profissio-
nais
63
As atividades IEEE compreendem ainda a edição e publicação
revistas científicas e jornais de divulgação e a organização conferências.
64
Algumas de suas normas são consideradas padrões universais, tais
como,
• TIA/EIA-568-B: conjunto de três padrões que especifica o pla-
nejamento e a instalação do sistema de cabeamento em edifícios
comerciais para produtos e serviços de telecomunicações.
• TIA J-STD-607: padrão que facilita a concepção e instalação de
aterramento de sistemas de telecomunicações
• TIA/EIA-598- padrão identificação das fibras ópticas por códi-
go de cores
65
Para elabora as Normas Brasileiras a ABNT possui 55 Comitês
Brasileiros especializados. Os Comitês relacionados com telecomuni-
cações e informática são:
ABNT/CB-03 – Eletricidade
Ambito de Atuação: Normalização no campo da eletricidade
compreendendo geração/transmissão e distribuição de energia; equi-
pamentos industriais em atmosferas explosivas; eletrônica; disposi-
tivos e acessórios elétricos; instrumentação; bens de consumo; con-
dutores elétricos; instalações elétricas; iluminação; compatibilidade
eletromagnética e telecomunicações no que concerne a terminologia,
requisitos, métodos de ensaio e generalidades
ABNT/CB-21 – Computadores e Processamento de Dados
Âmbito de Atuação: Normalização no campo de computado-
res e processamento de dados compreendendo automação bancária,
comercial e industrial, geração, transmissão e distribuição de dados;
segurança em instalações de informática; técnicas criptográficas; pro-
tocolo de serviços e cabos e conectores para redes locais, no que con-
cerne a terminologia, requisitos, métodos de ensaio e generalidades.
66
Referências
[1] História da UIT, http://www.itu.int/net/about/history.aspx, acessado
em 14/11/2009
[2] Monica Gutestam “ITU - 125 anos: na vanguarda das telecomunicações”,
http://findarticles.com/p/articles/mi_m1309/is_n3_v27/ai_8915056. Aces-
sado em 09 de novembro de 2009.
[3] The International Telecommunication Union (ITU) – Structure, http://
www.nationsencyclopedia.com/United-Nations-Related-Agencies/The-
International-Telecommunication-Union-ITU-STRUCTURE, acessado
11/11/2009
[4] As Quatro Estrelas de Um Mercado Comum
http://www.sindaspcg.com.br/servicos/Mercosul, Acessado em 22/11/2009
[5] International Telecommunications Satellite Organization, http://www.
itso.int. Acessado em 15/11/2009
[6] What is IMSO, http://www.imso.org/whatisimso_UK.asp. Acessado
em 15/11/2009
[7] Criação das Comissões Brasileiras de Comunicações – CBCs, Reso-
lução da Anatel Nº 502 de 18/04/2008, publicada no Diário Oficial de
22/04/2008, disponível no Site da Anatel: http://www.anatel.gov
[8] O Desenvolvimento das Recomendações Internacionais de Rádio e Te-
levisão e as Comissões Brasileiras de Comunicações, Pedro Humberto de
Andrade Lobo, Revista da SET, pp36-38, março 2009
[9] About IEEE, http://www.ieee.org/portal/site, acessado em 16/11/2009.
[10] About ETSI, http://www.etsi.org/WebSite/AboutETSI/AboutEtsi.
aspx, acessado em 16/11/2009
[11] Associação das Indústrias de Telecomunicações, Wikipédia, a enciclo-
pédia livre. Acessado em 16/11/2009
[12] Sobre as Normas Técnicas, Loreno Menezes da Silveira, Diretor de
Tecnologia da KNBS, 15/11/04, http://www.teleco.com.br/emdebate/lore-
no01.asp, acessado em 20/11/2009
67
3
SINAIS E ESPECTRO
69
Os transdutores mais conhecidos são: os microfones, os alto falantes,
as câmeras e telas de vídeos e os computadores que transformam qual-
quer tipo de informação, ou seja, som, imagem e dados, em um sinal
elétrico. Por exemplo, nos sinais de áudio, que é uma palavra vinda
do latim e significa “eu ouço”, o microfone converte as ondas sono-
ras em correspondentes variações elétricas do sinal de áudio. O alto
falante recebe este sinal de áudio em seus terminais e os converte em
ondas sonoras reproduzindo os sons originais. Já as imagens, podem
ser estáticas ou dinâmicas. Dois exemplos típicos de transformação
de imagens em sinais elétricos são o fax e os sinais de vídeo. O termo
vídeo é relacionado à luz e significa “eu vejo”, em latim. Nos sistemas
de vídeo, o tubo da câmera converte a luz incidente em variações elé-
tricas. O tubo da câmera está para o vídeo, assim como o microfone
está para o áudio. No outro extremo, o tubo de imagem converte o
sinal de vídeo em luz. A informação de vídeo é reproduzida na tela
do tubo de imagem, sendo uma réplica da cena captada pela câmera.
Na transmissão de dados, codifica-se a informação num conjunto de
valores binários (bits), ou seja, em uma seqüência de 0 e 1, que são
representados por dois níveis distintos do sinal elétrico.
70
Fig. 3.2. Transformação de sons, imagens e dados em sinais
elétricos.
71
3.2.1 Sinal Contínuo e Sinal Discreto
Um sinal é dito contínuo quando a sua intensidade varia sem
nenhuma interrupção. Em outras palavras, a intensidade do sinal é
especificada para todos os valores de tempo “t”, sem nenhuma quebra
ou descontinuidade. Por outro lado classificamos o sinal de discreto,
quando o sinal é especificado somente para valores distintos de tempo
“t”, Fig. 3.3.
72
Fig. 3.4 Sinal Analógico
73
Fig. 3.5 Código Morse representado por uma seqüência de pulsos
elétricos
3.2.4 Bit/Byte
Em Telecomunicações ou em redes de computadores o volume de
tráfego, taxa de transmissão, é descrito em termos de bits por segun-
do (bps). Por exemplo, um modem de 56 kbps é capaz de transferir
56.000 bits (dados) em um único segundo. Já a capacidade de armaze-
namento é expressa em bytes.
Um byte, frequentemente confundido com bit, é um conjunto de
8 bits e é habitulmente usado para especificar o tamanho ou quantida-
de da memória ou da capacidade de armazenamento de um computa-
dor, independentemente do tipo de dados armazenados.
Note que quando nos referimos a bytes, o B da sigla é maiúsculo
(como em GB). Quando a medição é feita em bits, o B da sigla fica em
minúsculo (como em Gbps).
74
Fig. 3.6 Representação de um byte de comprimento de 8 bits
75
Em termos de sinal, diz-se que um sinal f(t) é periódico se e so-
mente se
f (t + T ) = f (t )
-∞ < t < ∞ (1.1)
onde a constante T é o período do sinal.
76
3.2.6 Sinal Aperiódico
Sinais periódicos como sabemos são sinais que se repetem todo o
tempo. Isto é, são sinais que tem sempre a mesma forma. Infelizmen-
te os sinais que contem informação não têm essa característica. Para
que um sinal com alguma informação seja periódico, essa informação
deve ser repetida infinitamente, no mesmo tom, na mesma intensi-
dade e nos mesmos intervalos de tempo, o que no mundo real é im-
possível. A Fig. 3.9 ilustra a dificuldade de um sinal com informação
ser periódico. A principal característica de um Sinal aperiódico é não
apresentar um padrão repetitivo sobre o tempo, isto é, um sinal para
o qual não há periodicidade na repetição.
77
Fig. 3.10. Onda senoidal e onda quadrada.
78
3.4 Representando o Sinal Periódico Senoidal em função do tempo
e da freqüência.
g ( t ) = A sen ( 2π f 1 t )
(2.2)
g ( f ) = A sen ( 2π f 1 t )
79
Fig. 3.11 Representação gráfica de uma função senoidal em função
do tempo e da freqüência.
80
Fig. 3.12 Representação de ondas senoidal e quadrada em função a)
tempo, b) freqüência.
81
Fig.3.13 Composição da forma de onda de um sinal composto
periódico.
82
as únicas ondas senoidais necessárias são as ondas cujas freqüências
são múltiplas inteiras da freqüência da onda que se deseja aproximar.
O conjunto desses sinais é denominado série de Fourier.
As representações gráficas das amplitudes (A) e das fases ( ) das
senoides versus freqüência são denominadas, respectivamente, espec-
tro de amplitude e espectro de fase do sinal. Esses espectros consti-
tuem uma representação completa do sinal no domínio da freqüência.
Eles especificam a composição espectral do sinal, isto é, especificam
a amplitude e a fase das senóides que compõem a forma de onda do
sinal.
A Fig.3.14 e a Fig.3.15 ilustram a relação que existe entre o domí-
nio do tempo e o domínio da freqüência. No caso, o espectro mostra-
do nessas figuras é o espectro de amplitude (A versus freqüência) de
uma onda quadrada . Algumas constatações importantes podem ser
feitas.
• Todas as freqüências que compõem o sinal, a partir da segunda,
são inteiras múltiplas da primeira freqüência, conhecida como fre-
qüência fundamental. As freqüências múltiplas da fundamental
são conhecidas como harmônicos.
• O período do sinal total é igual ao período da freqüência fun-
damental.
• A representação do sinal no domínio da freqüência é discreta.
Neste exemplo, a onda quadrada de freqüência (fundamental)
é representada por 7 harmônicos. Cada harmônico é separado do
próximo por uma quantidade igual ou múltipla da freqüência funda-
mental. A diferença entre a maior freqüência e a menor freqüência
presentes no sinal, é definida como banda passante absoluta do sinal.
Muitos sinais tal como a onda quadrada é composta de um número
infinito de freqüências e, por conseguinte tem uma banda passante
infinita. Entretanto a maioria da energia do sinal está contida em uma
relativamente estreita banda de freqüências. Esta banda é referida
como banda passante efetiva ou simplesmente banda passante. Para
um onda quadrada de freqüência , levando-se em consideração os
83
7 primeiros harmônicos, a banda passante é o espectro se estende de
fo até 7 , Fig. 3.15. Observe que os harmônicos pares são nulos, pois
eles não contribuem para a formação da onda quadrada.
84
Fig. 3.15. Composição espectral de uma onda quadrada
85
O Sinal aperiódico pode ser interpretado como um sinal pe-
riódico, cujo período tende para infinito. Quando o período do sinal
cresce, a freqüência fundamental diminui e os harmônicos tendem a
aproximarem uns dos outros, fazendo com que o número de freqüên-
cias que contribui para a formação do sinal cresça. No caso limite,
quando o sinal deixa de ser periódico, isto é não se repete de tempos
em tempos, o intervalo entre as freqüências que compõem o sinal é
tão pequeno que as freqüências ficam coladas umas nas outras, trans-
formando o espectro de freqüência discreto em contínuo. A Fig. 3.16
ilustra a composição de freqüência para uma função periódica e não
periódica.
86
3.5.3 Espectro de um sinal digital
Para compreender o espectro do sinal digital é necessário falar em
taxa de transmissão. Como nós sabemos, a taxa de transmissão signi-
fica quantos bits é possível transmitir em um segundo. Quanto maior
for a taxa de transmissão mais estreitos serão os bits. Considere o es-
pectro de freqüências de um pulso de largura “d”. Sabe-se conforme
mostrado na Fig. 3.17 que seu espectro é contínuo. A Fig. 3.18 ilustra a
relação existente entre a duração do pulso e o seu espectro de freqüên-
cias. Quanto mais estreito é o bit maior é a sua composição espectral.
No caso limite, quando o pulso tende para um impulso, o espectro de
freqüência será composto de todas as freqüências.
87
Fig.3.18 Composição Espectral para diferentes taxas de transmissão
89
A Tabela 3.1 mostra alguns tipos de sinais e suas bandas básicas.
Referências
[1] Fundamentos de Comunicação – Editado por Humberto Abdalla,
Ed FT, UnB, 2009
90
4
SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO
ANALÓGICO E DIGITAL E OS MEIOS DE
TRANSMISSÃO
91
não são normalmente corrigidos, nem ao menos detectados. O caso di-
gital é bastante diferente: o sinal emitido pela fonte passa por um longo
caminho de processamento antes de ser transmitido; esse caminho tem
o objetivo de preparar o sinal para que este possa ser transmitido de
forma obter, várias vantagens em relação aos sinais analógicos:
• o sinal fica mais imune a ruídos e interferências externas;
• os diferentes tipos de sinais digitais, proveniente de diferentes
formas de informação podem se tratadas da mesma maneira na
transmissão – “um bit é um bit”;
• o sinal pode ser criptografado fornecendo uma maior segurança
na transmissão da informação.
Devido a esssa vantagens existe forte migração dos sistemas analó-
gicos para os sistemas digitais. Das três grandes famílias de informação
–dados, voz e vídeo - a área de dados sempre foi digital, os serviços
de voz vêm se digitalizando desde os anos 60, e mais recentemente a
digitalização alcançou a área de vídeo, fundamentalmente em relação a
transmissão de TV.
O desempenho de um sistema de transmissão é aferido em função
da qualidade do sinal recebido. O sinal recebido deve ser uma cópia do
sinal transmitido. Quanto mais parecidos forem os sinais transmitido e
recebido, maior é a eficiência do sistema.
Os sistemas analógicos transmitem sinais contínuos que tem dife-
rentes formas. O receptor a priori não tem idéia da forma do sinal a
ser recebido. O receptor não tem condições de saber se o sinal que
está recebendo sofreu deformações relevantes. É impossível o receptor
tentar reconstruir o sinal transmitido por pura falta de informação sobre
sua forma.
Nos sistemas digitais, os sinais transmitidos têm a forma binária,
que pode ser representada, por exemplo, como tensão e não tensão.
O receptor além de saber a forma do sinal a receber, tem apenas o
encargo de detectar a presença de tensão ou não tensão em um certo
intervalo de tempo. A partir dessa deteção é possível reformatar o sinal,
tornando-o idêntico ao sinal transmitido, Fig. 4.1.
92
Fig. 4.1 Transmissão Analógica e Digital
93
4.2.1 Amostragem do Sinal
Considere um sinal f(t), que se deseja converter à forma digital.
Com este objetivo amostra-se o sinal periodicamente, com freqüência
de fc amostras por segundo. A caracterização conceitual deste proces-
so de amostragem, através de uma chave, é mostrada na Fig. 4.3.
A amostragem é efetuada com a finalidade de colocar o sinal em
forma digital e, posteriormente processá-lo, transmiti-lo e, reconstituí-
lo na sua forma contínua. Intuitivamente poderia se ter o sentimento
de que alguma informação valiosa foi irremediavelmente perdida no
processo de amostragem, inviabilizando a sua reconstituição.
Admita que f(t) tem uma banda limitada de B Hz. Isto significa
que seu espectro de freqüências não tem nenhuma componente além
de f = B Hz.
Para o sinal f(t) com a banda limitada, pode-se mostrar que a
amostragem não destrói qualquer conteúdo de informação, desde que
a freqüência de amostragem fc seja igual ou maior que 2B. A freqüên-
cia mínima de amostragem, 2B, é denominada de “freqüência de Ny-
quist” e o intervalo de amostragem 1/2B de intervalo de Nyquist. Estas
designações são em homenagem ao engenheiro americano Harry Ny-
quist, que entre 1920 e 1930 trabalhou na Bell System desenvolvendo
pesquisa na área de transmissão de sinais.
Por exemplo, um sinal contínuo de voz, tem faixa de 0-4 Ghz.
Portanto a freqüência máxima que este sinal contém é 4kHz. Logo ele
deve ser amostrado com 8 kHz, isto é 8.000 vezes por segundo para
ser integralmente recuperado. A Fig. 4.4 ilustra o processo de discreti-
zação de um sinal de voz.
94
Fig. 4.4 Amostragem do sinal de voz
4.2.2 Quantização
A amostragem, conforme a Fig. 4.4, pode ser considerada como
uma série de pulsos cuja amplitude é igual ao sinal contínuo no ins-
tante da amostragem. Como a amplitude do sinal contínuo pode assu-
mir um número infinito de valores, significa que a amplitude do sinal
amostrado também pode assumir um número infinito de valores. Ora
isto quer dizer que o sinal amostrado é tão vulnerável a ação do meio
de transmissão, ruído e atenuação, quanto o sinal contínuo. Quando a
amplitude do sinal é modificada pela ação do ruído ou atenuação, na
recepção é impossível saber, pois qualquer valor é admissível.
Uma maneira de se tentar minimizar o problema é estabelecer
um número finito de valores possíveis para a amplitude do sinal amos-
trado. Isto significa que os infinitos valores que a amplitude do sinal
contínuo pode assumir serão, na amostragem, representados por uma
quantidade finita de valores. Os valores das amplitudes das amostras
serão aproximados para valores previamente estabelecidos, denomi-
nados níveis de quantização. Cada vez que o sinal é amostrado, a am-
plitude da amostra será aproximada para o nível de quantização mais
próximo, como mostrado na Fig.4.5. As linhas pontilhadas correspon-
dem aos níveis de quantização permitidos neste exemplo.
Esta aproximação é denominada quantização e os níveis 1, 2,
3... são denominados níveis de quantização.
95
Fig. 4.5 Processo de quantização do sinal amostrado
4.2.3 Codificação
Como o bit só pode assumir “0”ou “1”, a quantidade de bits usa-
dos num código determinará a quantidade de níveis codificáveis, con-
forme a fórmula,
• (4.1)
onde n = número de bits usados e C = número de combinações
possíveis.
Por exemplo, considere que um sinal contínuo de banda limitada
quantificado em 8 níveis. Cada um destes níveis é identificado por
um código binário de 3 bits (8 = 23). Assim cada pulso é substituído
por três pulsos binários, isto é, três bits. Este processo é ilustrado na
Fig.4.6.
96
Fig. 4.6 Processo de Codiicação de um sinal contínuo de banda
limitada.
97
A seguinte correspondência pode ser feita.
99
em forma de ondas eletromagnéticas, através de uma antena. As ondas
eletromagnéticas se propagam no espaço e são captadas pelo receptor
também através de uma antena (acoplamento espaço-receptor).
O sistema de transmissão via rádio pode ser classificado como: Di-
recional & Omnidirecional. O sistema direcional privilegia um desti-
natário (localidade) em detrimento dos outros, enquanto o sistema om-
nidirecinal tem como filosofia distribuir o sinal pelo maior número de
usuários. Uma analogia com a irrigação de um jardim é feita na Fig. 4.9.
(a)
(b)
100
4.3.1 Par Trançado
O par trançado é feito de dois fios de cobre isolados e arranjados
num padrão espiral regular, Fig. 4.10. O propósito de translaçar os
fios é diminuir a interferência elétrica. Na prática os pares são com-
binados em um cabo que pode conter dois, quatro ou centenas de
pares trançados. O par trançado é omeio mais utilizado nas redes te-
lefônicas. Mesmo tendo sido projetado para suportar o tráfego de voz
utilizando transmissão analógica, é possível transmitir dados digitais a
taxas moderadas, através da utilização de modens. O termo modem
é a abreviatura para modulador/demodulador. O modem representa
os 1s e 0s do sinal binário em dois sinais senoidais com freqüências
ligeiramente diferentes.
Para aplicações a longa distancia o par trançado é usado a taxas
típicas de 4 Mbps. Embora tenha custos baratos o par trançado é bas-
tante susceptível a interferência e ruído por ser pouco imune a interfe-
rência eletromagnética. A sua aplicação é limitada em termos de taxa
de transmissão e distancia.
101
elétrico, também protege o condutor interno contra interferências
externas (campos eletromagnéticos estranhos).
102
As vantagens da transmissão por fibra óptica relativamente aos
cabos metálicos são várias, tais como:
- Grande largura de banda na ordem de terahertz. É possí-
vel taxas de transmissão de até 16 tbps (terabits por segundo,
ou 16 trilhões de bits por segundo), operando à freqüências
de até 800 terahertz.
- Atenuação baixa e constante através de uma grande faixa
de freqüências, permitindo o aumento da distância entre re-
generadores de sinal, com a sua consequente diminuição ou
eliminação.
- Pequeno diâmetro e baixo peso, propiciando economia
de espaço (nesse aspecto a fibra óptica facilita o processo de
instalação). Um cabo de um centímetro de diâmetro pode
comportar 144 fibras, possibilitando até oito mil conversa-
ções simultâneas em ambos os sentidos de transmissão.
- Imunidade a interferências electromagnéticas e de rádio-
frequências, não necessitando de blindagem eléctrica.
103
A faixa ótima de freqüências de operação é entre
1 GHz e 10 GHz. As principais aplicações são televisão, comunica-
ções telefônicas de longa distancia e redes comerciais privadas.
104
Fig. 4.14 Sistemas de Radiodifusão de Imagem e Som com linha de
visada.
105
de contribuição máxima é conhecido como frequencia de corte. A
banda passante do canal é caracterizada pelas suas freqüências de cor-
te. Se o canal deixa passar apenas as baixas freqüências ele tem apenas
uma freqüência de corte. Se o canal deixa passar freqüências inter-
mediarias, ele possue duas freqüências de corte, uma inferior e outra
superior em relação à freqüência central. Nesse caso a banda passante
é a diferença entre as freqüências de corte superior e inferior, Fig. 4.14.
A conclusão é que um sinal para ser transmitido sem distorção
deve ter uma banda passante menor do que a banda passante do meio
de transmissão.
106
Referências
[1] Fundamentos de Comunicação – Editado por Humberto Ab-
dalla, Ed FT, UnB, 2009
[2] Sistemas de comunicação, ,B. P. Lathi - Guanabara Dois, Rio
de Janeiro, 1983
[3] Sinais e Sistemas, Simon Haykin, Barry Van Vêem, 1.ed,
Bookman, Porto Alegre, 2001
107
5
TÉCNICAS DE TRANSMISSÃO E
PARÂMETROS DE QUALIDADE DE UM
SISTEMA DE COMUNICAÇÃO
109
Fig.5.1 Duas formas de transmitir sinais sobre canais de
comunicação de banda limitada.
110
A transmissão em banda base é frequentemente utilizada para a
transmissão digital de dados. Da mesma maneira que o sinal analógi-
co, a medida que o sinal viaja ao longo do meio ele sofre redução na
sua amplitude e torna-se distorcido. Outro problema grave é o efeito
do ruído no canal. Em comunicações digitais, esses dois fatores conju-
gados, provocam erros de interpretação pelo receptor (trocas de zeros
por uns, e vice-versa).
Então quando se transmite em banda básica geralmente o sinal é
submetido a um processo que modifica suas características tornando-
o mais apropriado ao meio de transmissão Este processo conhecido
como Codificação. A codificação transforma um certo conjunto de
dados que representa a mensagem original, noutro conjunto de dados
que representa , a mensagem codificada. A Codificação é realizada
com vista à obtenção de:
• Compressão - representação efciente da informação, o que
aumenta a capacidade de transmissão do sistema.
• Segurança – possibilita proteção e privacidade da informação
• Robustez – habilita a deteção e correção de erros diminuindo os
problemas de transmissão
A Fig. 5.2 ilustra a utilização do codificador em uma transmissão
digital em Banda Básica.
111
5.2 Transmissão com modulação
112
O sinal de banda básica — denominado, nesse contexto, sinal mo-
dulante ou sinal modulador — é usado para modificar um ou mais
parâmetros de um sinal senoidal de alta freqüência, denominado onda
portadora ou, simplesmente, portadora. O sinal resultante é denomi-
nado sinal modulado e tem um espectro que está localizado nas vizi-
nhanças da freqüência da portadora — que está denotada por fc. A mo-
dulação é realizada no transmissor. No extremo receptor do sistema
de comunicação, normalmente é requerido que o sinal de banda bási-
ca original seja restaurado a partir do sinal modulado recebido. Isso é
conseguido por meio de um processo denominado demodulação, que
é o oposto do processo de modulação. Na Fig.5.4 mostra uma onda
senoidal portadora sem e com modulação. Facilmente perceber-se a
influencia da modulação sobre a um dos parâmetros da onda porta-
dora (amplitude).
113
As principais razões pelas quais se utiliza a modulação são apre-
sentadas a seguir.
Radiação eficiente: Para se conseguir radiação eficiente de on-
das eletromagnéticas, as dimensões das antenas radiantes crescem
com o inverso da freqüência. Assim, para radiar sinais de banda bá-
sica seriam necessárias antenas de dimensões impraticáveis (dezenas
e até centenas de quilômetros). Se o sinal de banda básica modula
uma portadora senoidal de alta freqüência, o sinal modulado resultan-
te ocupará uma faixa de freqüências tão altas quanto a freqüência da
portadora e, conseqüentemente, o tamanho das antenas será reduzido.
Transmissão simultânea de vários sinais: A modulação per-
mite a transmissão simultânea de vários sinais de banda básica por
um único canal, que tenha uma banda passante maior que a soma de
todas as larguras de banda dos sinais de banda básica que se deseja
transmitir.
Transmissão mais robusta: Algumas das técnicas de modulação
são menos sensíveis aos efeitos do ruído, de interferências e de ou-
tras deteriorações causadas pelo canal. Contudo, essa maior robustez
é conseguida geralmente à custa de uma maior largura de faixa de
transmissão.
Como nós sabemos a informação pode estar na forma analógica
ou digital, porém a portadora em sistemas de telecomunicações é for-
çosamente analógica senoidal de alta freqüência já que somente nesta
forma ela pode ser irradiada como de onda eletromagnética
Quando a informação a ser transmitida é analógica, como, por
exemplo, voz e vídeo, as técnicas básicas de modulação recebem as
seguintes denominações:
• modulação de amplitude (em inglês, amplitude modulation –
AM), na qual a amplitude da portadora é variada proporcional-
mente ao sinal modulante m(t);
• modulação de freqüência (em inglês, frequency modulation –
FM), na qual a freqüência da portadora é variada proporcional-
mente ao sinal modulante m(t);
114
• modulação de fase (em inglês, phase modulation – PM), na qual
a fase da portadora é variada proporcionalmente ao sinal modu-
lante m(t).
Quando a informação a ser transmitida é formada por dados digi-
tais, os esquemas básicos de modulação continuam sendo a de ampli-
tude, a de freqüência e a de fase. Contudo, outros nomes são utilizados
para designar esses esquemas básicos; são eles:
• modulação por chaveamento de amplitude (em inglês, amplitu-
de shift keying – ASK), na qual a informação digital é represen-
tada (ou codificada) na amplitude da portadora senoidal, que é
alterada de acordo com os dados a serem transmitidos;
• modulação por chaveamento de freqüência (em inglês, fre-
quency shift keying – FSK), na qual a informação digital é co-
dificada na freqüência da portadora senoidal, que é alterada de
acordo com os dados a serem transmitidos;
• modulação por chaveamento de fase (em inglês, phase shift
keying – PSK), na qual a informação digital é codificada na fase
da portadora senoidal, que é alterada de acordo com os dados a
serem transmitidos.
A Fig.5.5 apresenta os principais tipos de modulação existentes
em Telecomunicações, enquanto a Tabela 1 traduz o significado de
cada uma das siglas utilizadas.
115
Tabela 5.1 Significado das Siglas de Modulação
Parâmetro
alterado na Modulação Analógica Modulação Digital
Portadora
Modulação AM Nomenclatura
116
AM comercial / DSB+C
Historicamente, o primeiro tipo de modulação desenvolvida foi a
modulação de amplitude convencional, a familiar AM da radiodifusão
comercial. Ela é definida como um processo no qual a amplitude da
onda portadora é variada linearmente com o sinal de banda básica
m(t). Este processo é conhecido como DSB+C, que significa que ele
transmite duas bandas laterais mais a portadora. A Fig. 5.6 ilustra o
processo de modulação DSB+ C.
117
DSB-SC
Na modulação AM-DSB+C a transmissão da portadora serve úni-
ca e exclusivamente para que o processo de demodulação seja facili-
tado. A. Potência da portadora não está relacionada a qualidade da
mensagem recebida. Par evitar esse disperdício de Potencia surgiu a
modulação DSB-SC (Double Sideband with Supressed Carrier; Ban-
da Lateral Dupla e Portadora Suprimida), onde a informação sobre a
portadora não é transmitida, Fig. 5.7.
118
AM /SSB
A necessidade de se encontrar um sistema que ocupasse a menor
faixa possível do espectro e com um melhor aproveitamento possível
da potência de transmissão contribuíram para a criação do sistema
AM/SSB (Amplitude Modulated Single Side Band). O sistema nasceu
do AM/DSB-SC que transmite duas faixas laterais que “levam” a mes-
ma informação. Portanto, se eliminarmos uma das faixas, ainda assim
a informação seria transmitida pela outra. Este sistema destina-se a
comunicações ponto-a-ponto e não à radiodifusão.
A partir do sistema AM/DSB-SC, podemos, então, retirar a ban-
da lateral inferior, gerando o AM/SSB-USB (Upper Side Band), ou
retiramos a banda lateral superior, gerando o AM/SSB-LSB (Lower
Side Band), Fig. 5.8 Para eliminar uma das faixas laterais, usa-se um
filtro conforme ilustrado na Fig. 5.9.
119
Fig. 5.9 Diagrama de Geração da Modulação SSB
AM /VSB
Alguns sinais típicos, tais como os de vídeo e radiodifusão de TV,
além de ocuparem uma extensa faixa de freqüência apresentam com-
ponentes significativas de baixas freqüências. A utilização da modu-
lação AM-SSB em sinais com essas características exige filtros com
respostas extremamente abruptas e de grande precisão, o que eleva
muito o custo de fabricação. A utilização da modulação AM- DSB
mostra-se também inviável devido a utilização de grande quantidade
de espectro. Uma solução para se transmitir sinais ricos em baixas
freqüências com bandas passantes elevadas é a.modulação com banda
lateral vestigial, que é um compromisso entre as modulações DSB-SC
e SSB.
Nessa técnica, uma das bandas laterais é preservada quase intacta
enquanto que da outra banda lateral é deixado apenas um resíduo, ou
vestígio, Fig.5.10. O vestígio transmitido da banda lateral indesejada
permite a construção de filtros com respostas de freqüências menos
rígidas. A modulação VSB é utilizada na transmissão da porção de
vídeo do sistema público de televisão. O diagrama de blocos de um
transmissor VSB é mostrado na Fig. 5.11.
120
Fig. 5.10 Modulação VSB
121
Tabela 5.3. Espectro e largura espectral de sinais modulados em
amplitude
M(f )
Sinal modulante de Bm
banda básica
0 Bm f →
M(f )
Portadora
AM
(amplitude Banda Banda
modulation) lateral lateral 2 Bm
modulação de 0 Bm f →
inferior superior
amplitude
Bm f →
f c − Bm fc f c Bm f → c
122
Por volta de 1920, a fim de contornar os problemas causados pela
degradação da amplitude do sinal modulado, resolveu-se estudar a
modulação da frequência (FM - frequency modulation) de uma onda
cossenoidal com variação proporcional ao sinal modulador, mantendo
a amplitude da onda constante. O processo FM tornou-se popular so-
mente quando Carson propôs uma fórmula empírica para o cálculo da
largura de faixa ocupada, a qual é maior que aquela do processo AM.
Verificou-se ainda, como era de se esperar, que o sinal demodulado
apresentava-se muito mais imune às influências do ruído térmico e da
distorção não-linear em comparação ao sinal proveniente da demodu-
lação em amplitude. Assim sendo, o processo FM tornou-se o tipo de
modulação preferido em comunicações que requerem alta qualidade do
sinal demodulado. (www.eletrica.ufpr.br/.../apostila/cap3/pg05.html)
Como a modulação em fase e a modulação em freqüência são mui-
to similares e representam o mesmo tipo de modulação, modulação
angular, focaremos apenas a modulação FM por ser de grande popula-
ridade, sendo atualmente utilizada em radiodifusão sonora na faixa de
VHF (rádio FM) e no sistema de áudio da TV em Aberto.
A Fig. 5.12 ilustra como a freqüência processo de modulação FM.
Na Fig.5.13 é possível visualizar como a freqüência da portadora varia
com a informação enquanto a amplitude permanece constante.
Fig.5.12 Modulação FM
123
Fig. 5.13 Variação da freqüência da portadora com a informação
124
Fig. 5.14 Modulação ASK
125
PSK - Modulação por Chaveamento de Fase
Na modulação PSK os símbolos zeros e uns são associados a mu-
danças na fase da portadora, e a freqüência permanece constante. A
Fig.5.16 ilustra uma modulação PSK onde uma inversão de 1800 ocor-
re a cada mudança de símbolo. A amplitude e freqüência permane-
cem constantes.
126
Fig.5.17 Sinais resultantes das modulações ASK, FSK e PSK
5.3.Multiplexação
127
• Multiplexação por divisão em comprimentos de onda (WDM),
usada em transmissão por fibras ópticas em que a cada sinal é
atribuído um comprimento de onda óptico.
A multiplexação FDM, por lidar essencialmente com sinais ana-
lógicos e portadoras senoidais, ficou também conhecida como multi-
plexação analógica. A TDM, por sua vez, é associada à multiplexação
digital.
128
Fig. 5.19. Conceito de multiplexação FDM.
129
bloco demultiplexador, que contém um filtro para cada canal, e vários
demoduladores AM que restabelecem o sinal modulador do respecti-
vo canal, Fig.5.21.
As características do FDM são mostradas na Fig.5.22. Observa-se
que os sinais estão presentes todo o tempo, mas podem assumir freqüên-
cias somente na janela de freqüências correspondente. A fim de evitar
interferências entre canais adjacentes, as janelas são separadas por ban-
das de guarda. O conjunto completo das janelas em freqüência corres-
pondentes aos diversos canais e respectivas bandas de guarda é deno-
minado banda básica e caracteriza a estrutura do sinal composto FDM.
130
5.3.2 Multiplexação TDM
Como outras técnicas digitais, a multiplexação TDM é baseada
na teoria da amostragem. Para um sinal ser recuperado integralmente,
as amostras devem estar espaçadas de um determinado tempo. Quan-
do esse sinal é transmitido, o canal fica ocupado apenas em instan-
tes específicos correspondentes a amostras enviadas. O princípio da
multiplexação TDM é compartilhar o intervalo de tempo entre duas
amostras de determinado sinal com outros sinais, respeitando a teoria
da amostragem. A Fig.5.23 mostra uma analogia com uma avenida
onde as amostras do sinal são representadas por pequenas viaturas de
mesma cor espaçadas por determinado intervalo de tempo. É possível
ocupar a avenida com outras viaturas (amostras) pertencentes a outros
sinais e espaçadas da mesma quantidade de tempo entre si.
Portanto, no TDM, os sinais de entrada são amostrados um após
o outro e somente uma amostra de cada sinal ocupa o canal dentro de
determinado intervalo de tempo. Denomina-se janela o intervalo de
tempo no qual o meio fica disponível para o sinal. O conjunto de ja-
nelas entre duas amostras consecutivas de um mesmo sinal é definido
como quadro. Cada sinal multiplexado pode ocupar toda a faixa de
freqüências do meio de transmissão, mas as amostras do sinal original
só podem estar presentes nos tempos das janelas correspondentes ao
canal. Vale ressaltar que, após o processo de amostragem, o sinal é
quantizado e digitalizado antes de ser transmitido. A Fig.5.24 ilustra
um processo de multiplexação de seis canais de voz, em que cada
amostra é codificada em 8 bits. Como no FDM, as janelas de tempo
são separadas por um tempo de guarda.
131
Fig. 5.23. Princípio da multiplexação por divisão no tempo.
132
5.3.3 Multiplexação CDM
Na multiplexação CDM, diferentemente das multiplexações
FDM e TDM, cada sinal a ser transmitido ocupa simultaneamente
toda a banda passante do canal de transmissão durante todo o tem-
po. O princípio utilizado é expandir significativamente as larguras de
banda dos sinais de informação e, em seguida, utilizando o processo
clássico de modulação, transmiti-los simultaneamente em uma mesma
freqüência, Fig.5.25.
A expansão da largura de banda de cada sinal é efetuada por um
código exclusivo traduzido na forma de um trem de pulsos. Utilizan-
do o mesmo código é possível reconstruir o sinal original. Então os
canais são identificados por um código exclusivo, não pela freqüência
em que transmitem, pois todos transmitem na mesma freqüência e ao
mesmo tempo. Se existissem emissoras de rádio e de TV transmitindo
com técnica CDM, os rádios e televisores não teriam mais dial nem
seletores de canais. Para selecionar uma emissora, bastaria teclar o
código dela. A Fig.5.26 ilustra o princípio de transmissão e recepção
de um sistema CDMA.
133
Fig. 5.26. Sistema de transmissão e recepção CDMA.
134
WDM (Multiplexação Domínio do Comprimento de Onda) permite
que vários comprimentos de onda distintos sejam transmitidos simul-
taneamente na mesma fibra, Fig.5.27.
135
5.4 Qualidade da Transmissão
136
5.4.1 O Decibel como Unidade de Medida
Em telecomunicações, trabalha-se com números extremamente
grandes ou pequenos. O uso de logaritmos torna estes números pe-
quenos e fáceis de manipular, e transforma produtos em somas e di-
visões em subtrações. Neste sentido, em 1923, adotou-se a unidade de
transmissão denominada de Bell, em homenagem ao inventor do tele-
fone que permite representar relações entre duas grandezas de mesmo
tipo, como relações de potências, tensões, correntes ou qualquer outra
relação adimensional. Portanto, permite definir ganhos e atenuações,
relação sinal/ruído, dinâmica, etc.
O bel (símbolo B) é uma escala relativa, sem dimensão (como a
percentagem), que compara a intensidade de um sinal a uma referên-
cia. não é uma unidade como o “metro”, o “segundo”, pois um valor
em dB deve sempre ser medido tendo um valor arbitrário como refe-
rência, isto é, um número dividido por outro. Como o bel é uma medi-
da muito grande para uso diário, o decibel (dB), que corresponde a um
décimo de bel (B), acabou se tornando a medida de uso mais comum.
5.4.2 Atenuação
Atenuação é o decréscimo da amplitude do sinal, ou seja, é a
perda que o sinal sofre durante a transmissão num dado meio físico,
Fig.5.29. Geralmente a atenuação é definida por (dB/km).
P (5.1)
A 10 log 1 dB km
P2
137
Fig.5.29 Atenuação em um Sistema de Comunicação
5.4.3 Distorção
A distorção consiste numa alteração da forma do sinal durante a
sua propagação desde o emissor até ao receptor. É uma deformação
introduzida no sinal, pelo próprio sistema de comunicação, A distor-
ção desaparece quando o sinal da fonte desaparece enquanto, o ruído
e a interferência não. Os principais mecanismos de distorção são:
• Limitação de faixa -o sistema possui uma banda passante (BWsiste-
ma), e o sinal (informação) necessita uma determinada faixa (BWsi-
nal). Se BWsistema for menor do que BWsinal o sinal será distorcido;
• Modificação de componentes- os fenômenos de envelhecimento,
umidade, sobrecarga, oxidação, etc, são capazes de mudar o valor
original dos componentes e acarretar grandes mudanças no sinal.
138
5.4.4 Interferência e Diafonia
A Interferência Eletromagnética é o processo por qual a energia
eletromagnética perturbadora é transmitida de um dispositivo, equi-
pamento ou sistema para um outro, via caminhos Irradiados e/ou
Conduzidos. A interferência significa a alteração de alguma das carac-
terísticas do sinal transmitido devido a um sinal exterior ao sistema de
transmissão. A interferência pode ser representada como a adição de
um sinal exterior ao sinal transmitido.
Os dois tipos mais freqüentes de interferência são: interferência
de radiofreqüência (RF), e interferência elétrica. A interferência de RF
é causada por transmissores de rádio e TV, equipamentos de comu-
nicação, sistemas de televisão a cabo e outros tipos de equipamentos
que geram energia de radiofreqüência como parte de sua operação. A
interferência elétrica é causada por geração de RF, através de cente-
lhamento elétrico ou descarga. Qualquer cabo ligado à fonte da cente-
lha conduz RF e atua como uma antena de transmissão.
Interferência Elétrica
A interferência elétrica não beneficia ninguém e quase nunca
é intencional. Com poucas exceções, os equipamentos que causam
problemas de interferência elétrica não foram concebidos para serem
fonte de energia de RF. Freqüentemente, a interferência resulta de um
defeito, uma falha ou um problema de manutenção.
139
A interferência elétrica é causada por computadores e equipa-
mentos digitais, equipamentos elétricos pesados, sistemas de ilumi-
nação, dispositivos elétricos defeituosos, etc. são fontes de interferên-
cia elétrica. Em muitos casos, como máquinas elétricas e sistemas de
iluminação, a interferência é resultado de fagulhas, arcos voltaicos e
descargas elétricas. A Fig.5.30 ilustra a interferência elétrica causada
por um motor
Diafonia
A diafonia (cross-talk) é um fenômeno que ocorre quando dois ou
mais sinais que deveriam estar separados se interferem mutuamente.
Isso pode ocorrer entre sinais multiplexados em freqüências que pos-
suem uma banda de guarda insuficiente, ou quando dois ou mais si-
nais são carregados em fios muito próximos dentro de um cabo. Neste
140
segundo caso, cada fio atua como radiador e receptor, como se fosse
uma antena, de modo que a energia de um sinal é transferida para o
outro e vice-versa. Este fenômeno é conhecido em telefonia como li-
nha cruzada. Conforme ilustrado na Fig.3.31, a diafonia pode ser clas-
sificada nos dois tipos a seguir.
• NEXT (near-end crosstalk): causada pelo acoplamento eletro-
magnético na situação em que interferente e interferido estão transmi-
tindo em direções diferentes.
• FEXT (far-end crosstalk): causada pelo acoplamento eletromag-
nético na situação em que interferente e interferido estão transmitindo
na mesma direção.
141
5.4.4 Ruído
O ruído é um sinal aleatório e imprevisível que não transporta
informação, e que está presente em todos os sistemas. As perturbações
provocadas pelo ruído sobre o sinal limitam a habilidade de identifi-
car corretamente o sinal enviado, limitando, assim, a transmissão da
informação. Os efeitos do ruído são percebidos tanto nas transmissões
analógicas com digitais. Nos sistemas de transmissão analógica, a qua-
lidade do sinal recebido é avaliada por meio da relação entre a potên-
cia do sinal e a potência do ruído – relação sinal-ruído (SNR – signal
to noise ratio). Nos sistemas de transmissão digital, o desempenho é
avaliado por meio da probabilidade de ocorrerem erros, freqüente-
mente erros de bit, ou probabilidade de erro de bit (BER – bit error
rate). Os dois tipos de ruído que analisaremos são: Ruído Branco e
Ruído Impulsivo.
Ruído Branco
O ruído branco, também denominado ruído térmico é provocado
pela agitação térmica dos elétrons no condutor. Ele não pode ser eli-
minado, e está presente em todos os componentes eletrônicos e meios
de transmissão, sendo função da temperatura. Este ruído recebeu o
nome de ruído branco por estar distribuído uniformemente em todo
o espectro de freqüências, à semelhança da luz branca, que contém
todas as freqüências (cores). Na prática, é o chiado de fundo que pode
ser ouvido em qualquer sistema de comunicação. É mais danoso à co-
municação de voz que à comunicação de dados. A forma de onda e o
espectro de freqüência de um ruído branco são mostrados na Fig.5.32.
O ruído branco se incorpora ao sinal a ser transmitido de forma aditi-
va, conforme ilustra a Fig.5.33.
142
(a) (b)
Fig. 5.32. Ruído branco, (a) domínio do tempo, (b) domínio da
freqüência.
Ruído Impulsivo
O ruído impulsivo é um ruído não-contínuo, consistindo de pul-
sos irregulares, relativamente curtos, com amplitudes que suplantam
as do sinal de informação. A sua principal característica é que não é
previsível, variando consideravelmente em amplitude, freqüência e
periodicidade de ocorrência. Dessa forma, dificilmente pode-se tratar
o ruído impulsivo.
O ruído impulsivo possui fontes naturais e artificiais. Entre as fon-
tes naturais, incluem-se as descargas atmosféricas, explosões solares,
raios etc. As fontes artificiais são provocadas pelo homem, em situa-
ções como operação de relés, ignição automotivas, impulsos de comu-
tação, discagens nas centrais telefônicas etc.
143
A Fig.5.34 mostra uma distribuição típica de um ruído impulsi-
vo. O ruído impulsivo em geral é pouco danoso em uma transmissão
analógica. Em transmissão de voz, por exemplo, pequenos intervalos
onde o sinal é corrompido não chegam a prejudicar a inteligibilidade
da comunicação. No entanto, em comunicações digitais, o ruído im-
pulsivo é uma fonte importante de erros. Por exemplo, um pico de
energia de 0,01 segundo de duração poderá não perturbar um canal
de voz, porém eliminará a informação de aproximadamente 50 bits
de uma transmissão que esteja sendo efetuada a 4.800 bps. A Fig.5.35
ilustra o efeito do ruído impulsivo sobre uma transmissão digital.
144
5.4.6 Relação Sinal-Ruído
Um sinal que está em presença de ruído deve ter amplitude bem
maior que a desse ruído para ser bem distinguido. O quanto um sinal
deve ser maior que o ruído para ser bem recebido pelo destinatário é
metrizada pela razão sinal-ruído, SNR, que é a razão de potência do
sinal e a potência contida no ruído presente em um ponto particular
da transmissão. Normalmente, essa razão é medida no receptor e, por
conveniência, é expressa em dB como
potência do sinal
SNR dB 10 log (5.2)
potência do ruído
145
Fig.5.37 Relação Sinal/Ruído na freqüência.
146
canal de voz sendo utilizado para transmitir dados digitais. Assumindo
que a banda-passante é aproximadamente 3.100 Hz e que a (SNR)
típica é 30 dB, ou a razão 1.000/1, tem-se,
C 3.100 log 2 ( 1 1.000 ) 30.894 bps (5.5)
147
Referencias
[1] Fundamentos de Comunicação – Editado por Humberto Abdalla,
Ed FT, UnB, 2009
[2] Sistemas de comunicação, ,B. P. Lathi - Guanabara Dois, Rio de
Janeiro, 1983
[3] Sinais e Sistemas, Simon Haykin, Barry Van Vêem, 1.ed, Book-
man, Porto Alegre, 2001
[4] Ovídio Barradas, “Você e as Telecomunicações”, Editora Interciên-
cia Ltda, 1995 Rio de Janeiro, Brasil
[5] William Stallings, “Data and Computer Communications”, fifth
edition, Prentice Hall, 1997, New Jersey, U.S.A.
[6] Mischa Schartz, “Transmissão, Modulação e Ruído”, segunda edi-
ção, Editora Guanabara, Dois, 1979, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
[7] Juarez do Nascimento, “Telecomunicações”, Makron Books do
Brasil Editora, 1992, São Paulo, SP,
[8] Leon W. Couch II, “Modern Communication Systems, Principles
and Application
[9] Tópicos avançados sobre sistemas sem fio
http://www.audio-technica.com/cms/. Acessado em 9/12/2009
[10] EMI – Interferência Eletromagnética, César Cassiolato,Gerente
de Produtos - Smar Equipamentos Industriais Ltda,
148
6
ANTENAS E PROPAGAÇÃO
149
6.1 Características da Onda Eletromagnética
150
Fig. 6.2. Ondas mecânicas
151
Fig.6.3 - A onda eletromagnética.
Como se pode ver na Fig.6.3, a onda eletromagnética apresenta
um padrão que se repete enquanto se propaga. O comprimento desse
padrão de repetição no espaço designa-se por comprimento de onda,
e é medido em metros (m). Ao trajeto percorrido para realizar um
comprimento de onda chamamos de CICLO. O numero de ciclos
completados no tempo de um segundo chamamos de freqüência e é
medida em Hertz (Hz) O comprimento de onda e a freqüência estão
interligados entre si, através da velocidade de propagação da luz, con-
forme ilustrado na Fig.6.4, [1]. È fácil verificar que quanto mais eleva-
da for a freqüência menor será o comprimento de onda.
cλ f
c : velocidade da luz , λ : compriment o de onda , f : frequência da onda (6.1)
152
Figura 6.4 – Relação entre comprimento de onda e freqüência.
153
e comprimentos de onda muito curtos. Entre estes extremos de fre-
qüências, encontram-se as ondas de rádio, as microondas, a radiação
infravermelha, a luz visível e a radiação ultravioleta.
154
Tabela 6.1. Designação das faixas de freqüência do espectro ele-
tromagnético.
30 - 300 MHz Very High Frequency televisão VHF, rádio FM, comunicação
(VHF) aérea em AM, auxílio à navegação aérea
155
• Ondas Celestes ou Ionosféricas – são as ondas que penetram
na ionosfera e devido a refração retornam a terra.
• Ondas Terrestres – as ondas se propagam entre a superfície da
terra e a ionosfera, podendo a transmissão ser direta, por reflexão
ou por refração. Para certas faixas de freqüência a onda acompa-
nha a curvatura da terra e é conhecida como onda de superfície
• Ondas em espaço livre - as ondas atravessam a ionosfera e se
propagam em espaço livre.
156
O modo dominante de propagação para freqüências inferiores a 2
MHz é o de ondas de superfície, Fig.6.7. A onda eletromagnética nesta
faixa de freqüência tende a seguir o contorno da terra. Um exemplo
de utilização das características de propagação das ondas de superfície
é o serviço de radiodifusão AM, onde a cobertura local segue o con-
torno da terra e o sinal se propaga além do horizonte visual. A onda
de superfície é atenuada com a distância devido à absorção de sua
energia pela terra.
A propagação via ondas refletidas na ionosfera é ilustrada na
Fig.6.8. Ela é o modo dominante na faixa de freqüências entre 2 MHz
e 30 MHz, portanto é o modo dominante de propagação das ondas
curtas. A cobertura de longas distâncias é conseguida pela reflexão da
onda na ionosfera e na superfície terrestre.
157
6.3.2 Propagação acima de 30 MHz
A propagação acima de 30 MHz pode ser dividida em três faixas:
VHF, UHF e Microondas. Nessas faixas de freqüências, o modo de
propagação dominante é em visada direta, o que significa que a antena
transmissora tem que enxergar a antena receptora. Em outras pala-
vras, as ondas não mais acompanham a curvatura da terra nem são
refletidas pela ionosfera.
• Nas faixas de VHF e UHF, os serviços mais conhecidos estão
relacionados com radiodifusão sonora, FM e televisão. As emis-
sões de TV são feitas acima de 5x107 Hz (50 MHz).
As ondas de rádio FM de TV não são refletidas pela ionosfera, de
modo que para estas ondas serem captadas a distâncias superiores a 75
km é necessário o uso de estações repetidoras, Fig.6.9.
As freqüências de microondas são utilizadas nas transmissões por
satélite porque atravessam facilmente a atmosfera terrestre, com me-
nos interferência do que ondas de menor frequencia, Fig.6.10. O Ra-
dar usa radiação em microondas para detectar a distância, velocidade
e outras características de objetos distantes. Redes Locais sem-fio, tais
como Bluetooth, WIFI, WiMAX e. alguns serviços de acesso à Inter-
net, bem como, certas redes de telefonia celular móvel, também usam
microondas.
158
Fig. 6.10. Propagação em microondas.
159
ressonante. Neste caso, existe uma freqüência principal para a qual a
antena irradiará maior energia, se for transmissora ou receberá maior
energia, se for receptora. A Fig. 6.12 mostra uma antena básica, forma-
da por dois condutores, cada um com 1/4 do comprimento de onda da
freqüência a ser emitida ou recebida.
160
Para entender melhor o conceito de diagrama de radiação consi-
dere a Fig.6.13 que mostra uma lanterna iluminando uma região total-
mente escura. Assuma que um medidor sensível à luz, do tipo usado
em fotografia, é utilizado com uma escala graduada em unidades de 0
a 10. Coloca-se o medidor diretamente em frente à lanterna e ajusta-se
a sua distância para que a leitura seja igual a 10, exatamente o fundo
de escala. Então, sempre mantendo a mesma distância do medidor
para a lanterna, move-se o medidor de luz em torno da lanterna como
indicado pela seta e anota-se a leitura para as 16 posições diferentes.
A seguir, plota-se esses valores em um gráfico polar, como na Fig.6.14.
Os valores lidos no medidor são plotados para as posições angulares
nas quais as medidas foram feitas.
161
Fig. 6.14. Diagrama de radiação da lanterna da Fig.4.7.
162
Fig.6.15 Plano de representação do diagrama de radiação de uma
antena
Diagrama Isotrópico
A radiação de uma antena nunca tem, na prática, a mesma inten-
sidade em todas as direções. A intensidade pode ser zero em alguma
direção da antena e, em outras, ela pode ser maior do que a esperada
de uma antena que radiasse igualmente em todas as direções. Uma
Antena isotrópica é aquela que irradia igualmente em todas as dire-
ções. Mas para que isso aconteça, ela deve ser um ponto Os diagramas
de irradiação vertical e horizontal são em forma de circunferência,
pois o diagrama no espaço seria equivalente a uma esfera Essa antena
pode ser comparada a uma lâmpada que ilumina igualmente em todas
as direções.
163
ideal), e sua finalidade é servir como padrão de referência na medição
de outras antenas
Diagrama omnidirecional
A antena omnidirecional irradia igualmente em todas as direções em
um plano sendo muito útil para cobrir, por exemplo, um salão de gran-
des dimensões, onde os usuários estariam distribuídos por toda a área.
Neste caso a antena omnidirecional seria colocada no centro do salão.
165
6.4.2 Diretividade e Ganho
Estes dois parâmetros característicos das antenas são muito im-
portantes para o projeto da melhor antena para um determinado sis-
tema. Uma antena de grande diretividade concentra em um ângulo
pequeno toda a sua potência radiada. Por exemplo, a antena omnidi-
recional tem diretividade igual à unidade, pois irradia igualmente em
todas as direções.
A diretividade e o ganho têm definições que se baseiam em aspec-
tos diferentes, mas dão uma informação semelhante sobre a antena.
A diferença entre estes dois parâmetros é relacionada ao conceito de
rendimento e, portanto das perdas.
Diretividade
Todas as antenas, mesmo as mais simples, exibem efeitos dire-
tivos, ou seja, a intensidade de radiação não é a mesma em todas as
direções da antena. Esta propriedade de radiar mais intensamente
para uma direção do que para outras é denominada Diretividade da
antena. Mede-se a Diretividade comparando-se a intensidade da ra-
diação na direção de máximo em relação a intensidade de radiação
produzida por uma antena isotrópica. A Fig. 6.19 apresenta o conceito
de Diretividade comparando o diagrama da antena diretiva com o da
antena isotrópica. Note que, enquanto a potência radiada da antena
diretiva é maior em uma determinada direção, comparada à isotrópi-
ca, para outras direções o valor pode ser até menor que aquele irradia-
do pela antena isotrópica. Note o aparecimento do chamados lóbulos
secundários , que são representações de irradiações fora da direção de
máximo.
166
Fig.6.19. Conceito de Diretividade
Ganho
O ganho de uma antena está relacionado com a sua diretividade.
A diretividade é baseada somente no aspecto do diagrama diretivo,
portanto, não leva em consideração qualquer perda de potência que
possa ocorrer na antena real. Para determinar o ganho, as perdas de-
vem ser subtraídas da potência fornecida para a antena, Fig.6.20. A
perda é normalmente uma porcentagem constante da potência de en-
trada, tal que o ganho G da antena é
G ηD (6.2)
167
Fig.6.20 Eficiência de uma antena
6.4.3 Polarização
A polarização de uma antena é definida pela orientação do campo
elétrico da onda recebida ou transmitida em relação ao plano de terra,
na direção do máximo da radiação, Fig. 6.21. As polarizações mais
comuns são denominadas de Vertical e Horizontal, Fig.6.22.
168
Fig. 6.22. Polarização Horizontal e Vertical
169
qual a antena vai trabalhar define o tipo de antena a ser utilizada, pois
o tamanho da antena depende do comprimento de onda da freqüên-
cia de operação. Por exemplo, em radiodifusão AM (540-1600 KHz),
o comprimento de onda é da ordem de 300 metros( calculado a 1000
KHz), donde se conclui que nenhuma antena será eletricamente gran-
de (tamanho de vários comprimentos de onda). Então as antenas para
Ondas Médias (antenas eletricamente curtas) não podem ser muito
diretivas. De maneira inversa quando se trabalha na faixa de micro-
ondas, por exemplo, em 10 GHz o comprimento de onda é de 3 cm,
donde construir uma antena eletricamente grande é muito mais fácil,
e por conseguinte as antenas são mais diretivas: De acordo com seu
desempenho com relação à freqüência de operação, as antenas podem
ser divididas em três tipos básicos: Antenas eletricamente curtas, An-
tenas ressonantes, e Antenas de abertura.
170
Fig. 6.23. Antenas transmissoras de rádio AM.
171
Fig.6.24 Dipolo Horizontal utilizado em HF
172
similar ao de um cone, resultando em um padrão de transmissão simi-
lar ao do diagrama da Fig.6.28 (b).
(a)
(b)
(c)
Fig. 6.25 Antena Yagi
173
Fig. 6.26 Antena Log-periódica
174
Isso é fundamental para a recepção de sinais de satélites, uma vez que
as limitações logísticas dos satélites impedem a transmissão com altas
potências.
(a) (b)
Fig.6.32 Antenas parabólicas (a) TV por assinatura, (b) TV aberta
175
Referencias
[1] ABC das Ondas Eletromagnéticas, Carla Oliveira, Carlos Fernan-
des, Gonçalo Carpinteiro, Luís Correia,Instituto de Telecomunicações
/ Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa
[2] Antenas e Acessórios, Omar Carvalho Branquinho, www.puc-
camp.br, acessado em 17/12/2009
[3] Curso de Antenas : Teoria e Aplicações, Aranha,H;Fleming,W.J.;
INPE, São Jose dos Campos, SP, Set/2004.
[4] Tipos de Antenas, http://wapedia.mobi/pt/Tipos_de_antenas,
acessado 20/12/2009
176
7
SERVIÇO TELEFÔNICO FIXO COMUTADO
177
III - O serviço de longa distância internacional destina-se à
comunicação entre um ponto fixo situado no território nacio-
nal e um outro ponto no exterior.
178
7.2 Rede Telefônica
179
Fica claro que um sistema operando desta forma se tornaria invi-
ável. Imagina um assinante para poder falar diretamente com 9.999
outros usuários, teria ligados ao local 9.999 pares de fios, sendo que
entre todos os 10.000 assinantes teriam-se 49.995.0000 linhas telefôni-
cas (pares de fios).
A fim de solucionar este problema, todos os interlocutores, cha-
mados assinantes, estão ligados a um centro telefônico, onde é exe-
cutada a interligação entre os assinantes que se desejam comunicar,
operação esta chamada de comunicação telefônica (Fig. 7.3).
180
possibilitando trabalhar com dados em velocidades de até 33Kbps. A
grande maioria dos sistemas telefônicos, pelo menos no ambiente resi-
dencial, emprega esta configuração. A rede de acesso é limitada para
comunicações de dados sendo necessário agregar novas tecnologias
para transmissão de maiores velocidades. È por esta razão que circui-
tos que exigem maiores velocidades são mais caros.
A central a que estão conectados os assinantes de uma rede telefô-
nica é chamada de Central Local. Para permitir que assinantes ligados
a uma Central Local falem com os assinantes ligados a outra Central
Local são estabelecidas conexões entre as duas centrais, conhecidas
circuitos troncos, ou entroncamentos.
A rede de transmissão é o backbone por onde as conexões tele-
fônicas passam. Esta rede é totalmente digital (utiliza cabos óticos)
e emprega alta tecnologia que possibilitam transportar milhares de
ligações instantâneas.
181
7.3- A Central Telefônica
182
de comutação totalmente eletrônicas, na qual as funções lógicas de
comando, controle e conexão são executadas por dispositivos eletrô-
nicos. Essas centrais utilizam computadores e são conhecidas como
Centrais de Programa Armazenado (CPA’s), Fig. 7.6.
183
As CPA-T são centrais de comutação totalmente digitais. Os enla-
ces que chegam ou saem da matriz de comutação são enlaces digitais,
em geral multiplexados pela técnica denominada multiplexação por
código de pulsos, MCP, ou PCM (Pulse Code Multiplexing), em inglês.
A evolução para central totalmente digital trouxe à central flexi-
bilidade, confiabilidade, diminuição de tamanho, economia no consu-
mo de potência e facilidade na incorporação de novos serviços.
184
Fig. 7.8 - Representação de uma Central Local
185
Figura 7.9 - Representação de ligações diretas entre Centrais Locais
186
Nos grandes centros são utilizadas várias centrais Tandem ligadas
entre si por cabos troncos. Quando houver a necessidade imprescin-
dível de interligar duas ou mais centrais locais diretamente entre si,
como em bairros de uma cidade que tenham centrais locais com vo-
lume de tráfego entre elas muito intenso, poderá ser efetuada uma
conexão especial que será denominada de “Linha de Junção”, Fig.7.11.
187
Fig. 7.12. Rotas diretas e alternativas
188
Fig.7.13 Centrais de transito interligando três áreas locais diferentes.
189
Fig. 7.14 Estrutura das Centrais de Trânsito
190
Fig. 7.15 Rede Interurbana nacional
192
7.7 Tráfego Telefônico
193
• Congestionamento em uma das Centrais. As Centrais são di-
mensionadas para suportar um número máximo de tentativas de
chamadas em um determinado período de tempo. O parâmetro
normalmente utilizado número de tentativas de chamadas na
Hora de Maior Movimento (HMM).
• Congestionamento nos troncos que ligam uma central a outra.
O tronco padrão no Brasil é um circuito de 2 Mbit/s (E1) com
capacidade de 30 canais telefônicos (conversações).
194
Fig.7.19 Ocupação dos Canais em 1 hora de observação.
195
Tempo de ocupação - é o intervalo de tempo em que uma cha-
mada está cupando um circuito.
Volume de tráfego (V) - é a soma dos tempos de ocupação dos
circuitos de um sistema.
A intensidade de tráfego é definida como o somatório dos tempos
das chamadas telefônicas (ocupação dos canais telefônicos) em um
determinado período de tempo, normalmente de uma hora.
196
A dificuldade em realizar os cálculos com estas fórmulas levou a
elaboração de tabelas onde, dado o Bloqueio e o número de canais, se
obtém o tráfego suportado. Estas tabelas, conhecidas como Tabelas de
Erlang, vêm sendo substituídas por programas em calculadoras. Com
fins apenas didáticos apresentamos, na Fig 7.20 uma Tabela de Erlang
resumida.
197
Vale à pena ressaltar que o Plano Geral de Metas de Qualidade
(PGMQ) aplicável as operadoras de telefonia fixa no Brasil, estabelece
que o número de chamadas não completadas por congestionamento
na rede seja menor que 5%.
7.8 Sinalização
198
Fig. 7.22 Sinalização de Assinante
199
Fig. 7.23 Diferenças entre Sinalização por Canal Associado e
Sinalização por Canal Comum
200
• Iniciar os procedimentos de ocupação e liberação de um juntor;
• Informar colocação e retirada do fone do gancho do assinante;
201
com o objetivo de extrair maiores vantagens desse tipo de tecnologia.
Pode-se dizer quer o Sistema de Sinalização Número 7 é essencial-
mente uma rede de pacotes. A informação de sinalização é carregada
em pacotes de dados entre as centrais telefônicas de maneira seme-
lhante àquela usada em redes de comutação de pacotes. Essa rede de
comutação de pacotes, a rede SS7, agrega-se à rede telefônica (Rede
de Telecomunicações) existente, adicionando novas funcionalidades e
serviços de comunicação.
O sistema de sinalização em canal comum é um sistema otimi-
zado para transferência de informação entre os processadores das
centrais de comutação digital. Comparado com os sistemas anteriores
apresenta as seguintes vantagens:
1. Permite um maior volume de sinalização;
2. Reduz os tempos necessários para estabelecer as ligações;
3. Permite uma melhor utilização dos troncos;
4. Reduz a possibilidade de fraudes;
5. Permite a introdução de serviços baseados em bases de dados. .
6. Modificações podem ser feitas por software.
7. Pode atender tipos diferentes de serviços.
O SS7 foi projetado usando conceitos de comutação de pacotes e
estruturado em diferentes níveis conforme o modelo OSI para ser usa-
do em ligações nacionais e internacionais. O SS7 define três entidades
funcionais (Fig.7.25):
• Ponto de Sinalização ou SP (“Signalling Point”) – Nó terminal da
rede onde os pacotes são criados ou recebidos;
• Ponto de Transferência de Sinalização ou STP (“Signalling Trans-
fer Point”) – São comutadores de pacotes responsáveis pelo encami-
nhamento das mensagens de sinalização entre os vários SP’s;
• Vias de Sinalização ou SL (“Signalling Link”) – São ligações de
dados capazes de suportar uma taxa de 64kbps.
202
Fig.7.25 Estrutura e elementos de rede SS7
203
Fig. 7.26 Formato de numeração de uma chamada telefônica.
204
O Prefixo Internacional (PI) é a combinação 00 (ZERO-ZERO)
que deverá ser digitado antes de Número Internacional ao se efetuar
uma chamada telefônica para outro país. O Prefixo para Chamada
Automática a Cobrar (PAC) é a combinação de algarismos que deverá
ser digitado antes do Número Nacional, ao se efetuar uma chamada
automática a cobrar no destino. O PAC é constituído pelos algarismos
90 (NOVE-ZERO). O Prefixo para Chamada Automática Internacio-
nal a Cobrar (PIC) é constituído por 099 (ZERO-NOVE-NOVE ),
Fig.7.28.
Código Tipo Descrição
0 Prefixo Nacional Identifica chamada de longa
distancia Nacional
00 Prefixo Internacional Identifica chamada de longa
distancia internacional
90 Prefixo de chamada a cobrar Caracteriza uma chamada a
cobrar no destino
099 Prefixo de Chamada Internacional a Cobrar Caracteriza uma chamada
Internacional a cobrar no destino
205
telefônicas de mesmo prefixo, porém em localidades diferentes. Este
código é denominado DDD por permitir a “discagem direta a distân-
cia”, ou seja, sem intervenção da telefonista.
206
Fig.7.30 Composição numérica de uma chamada interurbana.
207
7.10 Estrutura da Rede Telefônica
208
7.10.1 Rede de Acesso, [4]
Em um sistema telefônico convencional é denominado Rede de
Acesso ou Rede de Assinantes o conjunto de cabos de assinantes e de-
mais dispositivos complementares (linhas de duto, ferragens, postes,
blocos terminais, etc) que atendem a uma determinada localidade ou
área.
A rede de acesso composta é composta de [8];
fio-dropp: é a fiação que vai da tomada onde está conectado o telefo-
ne até a caixa de distribuição (CD), que une um feixe de fios.
rede secundária: é o trecho entre a caixa de distribuição e o armário
de distribuição (AD), que por sua vez une vários feixes que partem
das CD.
rede primária: é o trecho entre o AD e o distribuidor geral (DG),
que une vários feixes de cabos vindos dos AD e distribui pela central.
Parte da rede que integra os AD já utiliza tecnologia de fibras ópticas.
Quanto à rede, ela pode ser classificada como:
rede interna: conjunto de cabos, acessórios e ferragens que instala-
dos dentro de edificações, permitem as ligações de telecomunicações.
rede externa: segmento de rede que vai da parte externa das casas ou
prédios até a central telefônica, podendo ser caracterizada por cabea-
mento aéreo ou subterrâneo.
Para um melhor entendimento, a Fig. 7.33 mostra o diagrama das
redes de acesso das redes telefônicas.
209
Fig. 7.33 Diagrama de acesso das redes telefônicas
210
Da casa do assinante, o par de fios (fio “drop”) sai e junta-se com
os pares de outras casas no poste mais próximo, onde há uma caixa
de distribuição. Esta caixa permite acesso aos fios dos cabos aéreos
reunindo muitos pares de fios, seguindo pelos postes até um armário
de distribuição. A partir deste armário, cabos mais grossos reúnem os
cabos de muitos postes e seguem por dutos subterrâneos até o distri-
buidor geral (DG) do prédio da central telefônica. No “DG” os milha-
res de fios que vem das ruas são conectados aos fios que vão à central
telefônica.
O cabo subterrâneo que interliga o DG e o armário de distribui-
ção é conhecido por “cabo primário”. O cabo aéreo que interliga o
armário de distribuição e as caixas de distribuição é conhecido por
“cabo secundário” ou “lateral”. Cada “lateral” pode ter dezenas de
caixas de distribuição distribuídas ao longo de seu percurso, de forma
a atender a centenas de usuários. Para o caso de grandes empresas,
onde a concentração de linhas telefônicas é intensa, é comum o uso de
um lateral destinado exclusivamente à empresa.
Costuma-se chamar a planta externa de “investimento enterra-
do”. Uma vez construída, não é possível modificá-la; o máximo que
se pode fazer é ampliá-la, construindo mais dutos para mais cabos. O
projeto dessas redes deve prever, com razoável precisão, quem são
e onde estão os usuários potenciais, como a região onde vivem vai
desenvolver-se economicamente, onde se construirão condomínios
residenciais ou de escritórios, etc. Médias mundiais dizem que a rede
deve ser planejada para atender à demanda dos cinco anos seguintes.
Um erro de avaliação e os cabos serão enterrados no lugar errado, ou
seja, ficarão inúteis.
As redes primária e secundária, juntas, consomem cerca de 50%
de todo o dinheiro gasto em um sistema telefônico.
211
7.10.2 Rede de Transporte
Sistemas de telecomunicações compreendem o conjunto dos
meios técnicos apropriados para transportar e encaminhar o mais fiel-
mente possível uma informação a uma determinada distância através
de várias ligações interligadas. Pode-se conceituar meio de transmissão
como todo suporte que transporta as informações entre os terminais
telefônicos, desde a origem (central telefônica na origem da chamada)
até o destino (central telefônica no destino da chamada). Os meios de
transmissão utilizados são classificados como, via cabo ou via radio
Transmissão Via Cabo: As linhas físicas são caracterizadas por con-
dutores elétricos ou opticos, que interligam duas centrais telefônicas
quaisquer. As mais utilizadas são as de pares de condutores elétricos e
cabos coaxiais e fibras ópticas.
Pares de Condutores Elétricos: O par trançado liga fisicamente o
assinante individual de telefonia à central de comutação, sendo cons-
tituído por um par de fios metálicos. Os pares procedentes de diver-
sos assinantes de uma mesma área são, por sua vez, trançados em
conjunto, até formar cabos de até 100 pares (grupos), os quais, depois
de isolados, são acondicionados em tubulações de chumbo. Os cabos
de maior capacidade podem conter mais de 2.400 pares, e são nor-
malmente formados por grupos de até 100 pares, que são igualmente
isolados Os cabos de pares são conhecidos como cabos telefônicos.
Cabos Coaxiais:A transmissão de grande número de canais de tele-
fonia a longas distâncias através de cabos de pares apresenta grande
dificuldade de ordem prática. Assim, foram introduzidos, nas comu-
nicações entre centrais, os cabos coaxiais. Nos cabos coaxiais, devido
a sua banda passante, podem trafegar vários canais de voz ao mesmo
tempo. Para isto, quando se interconectam centrais telefônicas através
de cabos coaxiais, utiliza-se a multiplexação. . Os equipamentos uti-
lizados são O equipamento utilizado na multiplexação é o multiplex
(MUX), que necessita de dois cabos coaxiais, um para transmissão e
outro para a recepção, que trabalham indistintamente, enquanto um
transmite o outro pode receber.
212
Fibras Óticas estão sendo cada vez mais utilizadas nos sistemas de
comunicações devido à sua grande capacidade de transmissão e ao
seu custo ter diminuído enormemente na última década do milênio
passado. Muitos especialistas de comuicações acham que não está
muito distante o dia em que no primeiro mundo todas as casas estarão
conectadas por pelo menos uma fibra.. De forma geral, a fibra está
substituindo os antigos enlaces de cabo coaxial nas comunicações en-
tre centrais. Nas ligações via cabos ópticos além do MUX é necessário
um conversor eletro-óptico chamado de ELO.
213
Fig. 7.36 - Fibra óptica e cabo telefônico com a mesma capacidade
de transmissão.
215
Referências
216
8
SISTEMA MÓVEL CELULAR
Prof. Leonardo R.A.X. de Menezes.
217
fio. Por conseguinte, um sistema de comunicações móveis tem que uti-
lizar o espectro eletromagnético em geral na faixa de radiofreqüência.
É possível utilizar outras faixas, mas a cobertura fica bastante limitada.
O acesso de múltiplos usuários ao sistema implica em técnicas
adequadas de múltiplo acesso. Estas podem ser bastante variadas, mas
geralmente podem ser caracterizadas como em freqüência (múltiplo
acesso por divisão de freqüência - FDMA), temporais (múltiplo acesso
por divisão de tempo - TDMA), espaciais (múltiplo acesso por divi-
são de espaço - SDMA), por detecção de portadora (múltiplo acesso
por detecção de portadora - CSMA) e codificadas (múltiplo acesso
por divisão de código - CDMA). Em geral, todas as demais técnicas
utilizam algum grau de múltiplo acesso por divisão de freqüência, já
que a transmissão e recepção são realizadas em faixas de freqüência
distintas. Também existem combinações de diferentes técnicas para
determinados sistemas.
Os parâmetros de mobilidade e acesso de múltiplos usuários defi-
nem diversas características únicas aos sistemas de comunicações mó-
veis. Normalmente, os sistemas utilizam reúso de canais para aumen-
tar a capacidade de comunicação, o que implica na divisão da área a
ser coberta em regiões menores, ou seja, em células. Naturalmente,
para que a mobilidade seja mantida, os terminais de usuários têm de
possuir a capacidade de alterar os canais no caso de locomoção entre
células. Este ponto, por si só, já cria uma diferenciação entre alguns
sistemas de comunicação móvel, pois diversas redes sem fio oferecem
mobilidade apenas dentro de células (mas é possível projetar redes
sem fio com possibilidade de troca de canais).
Além dessas diferenciações, os sistemas de comunicação móvel
podem ter dois tipos de topologia dominante: ad-hoc e estruturada.
Os sistemas ad-hoc são criados a partir dos terminais em si. Isso per-
mite flexibilidade e robustez na comunicação. Mas, ao mesmo tempo
todos os terminais devem poder retransmitir as mensagens - o que
implica em um consumo de energia mais acentuado. Ao contrário da
topologia ad-hoc, a estruturada é projetada com base na utilização de
pontos de acesso ao sistema. Portanto, a topologia estruturada é mais
concentradora e, por vezes, mais eficiente que a ad-hoc.
218
Com esses pontos, é possível estudar os sistemas de comunicação
sem fio em maiores detalhes. As próximas seções são dedicadas ao es-
clarecimento das características singulares que surgem da mobilidade
e do acesso de múltiplos usuários.
219
diferente dependendo do tipo de modulação, do tipo de esquema de
múltiplo acesso e da região coberta. No entanto, nenhum desses fato-
res altera o ponto que o sistema celular é limitado por interferência.
Por essa razão é que mesmo uma explicação simples do reúso permite
a visualização dos ganhos que o mesmo permite.
A Fig.8.1 ilustra a situação de uma região geográfica com um nú-
mero finito de canais, como, por exemplo, 70 canais. Isso significa
que, naquela região, no máximo 70 usuários poderiam usar o serviço
simultaneamente. Dividindo a região em sete células, existem algumas
possibilidades de como dividir este número de canais. Se cada célula
recebesse 10 canais, o número máximo de usuários que pode utilizar o
serviço continua inalterado. No entanto, ao se distribuir mais que dez
canais por célula, o número máximo aumenta. Caso sejam distribuí-
dos 70 canais por célula, o sistema suportará 490 usuários simultâneos.
Naturalmente, surge a questão da interferência de canais por cé-
lulas adjacentes. Essa interferência pode ser minimizada utilizando
técnicas apropriadas. No caso de sistemas analógicos, isso implica em
distribuir os canais pelas células de modo a diminuir esse efeito. Em
alguns sistemas digitais, a própria robustez do sistema permite reali-
zar a distribuição do modo descrito anteriormente. No entanto, nem
sempre isso é possível. Nestes casos, a distribuição de canais segue um
padrão determinado, inicialmente, por um número chamado fator de
reuso, que indica o número de células mínimo para que os canais vol-
tem a se repetir. Como exemplo, para um sistema com 70 canais, um
fator de reúso igual a sete implica em uma distribuição de 10 canais
por célula. Após completar-se um aglomerado com sete células, torna-
se a reutilizar os canais. Este procedimento é necessário em diversos
tipos de sistemas, tendo-se como resultado conjuntos de aglomerados.
Em todos os casos, o efeito prático é o aumento no número de
usuários que utilizam o sistema simultaneamente, o que significa um
aumento na eficiência no uso do espectro eletromagnético.
220
Fig. 8.1. Reúso de canais no sistema celular.
221
uma central de controle própria do sistema. As tarefas normalmen-
te incluem reserva de recursos, verificação de canais disponíveis e a
troca propriamente dita. Um aspecto das redes de telefonia celular é
que, dependendo da carga de chamadas do sistema, é possível que a
ligação seja perdida nesse processo. A forma em que a troca é efetuada
depende do tipo de sistema em utilização, bem como da técnica de
múltiplo acesso.
Portanto, fica claro que o reúso permite um uso bastante eficiente
do espectro eletromagnético. No entanto, a forma como o acesso de
múltiplos usuários é realizado também pode ser utilizado para maxi-
mizar a eficiência do sistema.
222
terminais podem utilizar os canais de comunicação. Em alguns siste-
mas, os canais de controle se misturam com os canais de comunica-
ção quando o sistema está transmitindo informação. Esta abordagem é
mais interessante devido ao fato de parte do canal de comunicação não
ser utilizada durante o processo (seja esta ineficiência no tempo ou na
freqüência). A escolha do FDMA para os sistemas analógicos é bastan-
te natural visto que tais sistemas são essencialmente transceptores FM
de banda programável. Ainda que esse esquema de múltiplo acesso te-
nha se restringido aos sistemas analógicos, diversas razões tecnológicas
forçam os demais sistemas a utilizarem o FDMA, mesmo que em parte.
223
Fig. 8.3. Múltiplo acesso por divisão do tempo, no caso do sistema
IS-136.
224
Fig.8.5. Naturalmente, o número de sinais que pode ser transmitido
em uma banda de freqüência irá ser limitado pelo nível desse ruído.
Da mesma forma que o TDMA, o CDMA é usado somente para sinais
digitais. O preço da eficiência deste sistema é a maior complexidade
tecnológica envolvida na transmissão de sinais.
225
Fig. 8.6. Múltiplo acesso por divisão do espaço.
226
célula. Como exemplo, um sistema analógico utilizando modulação
por freqüência com fator de reúso igual a sete poderia ser realizado
com modulação por amplitude com fator de reúso 74. O efeito prático
seria um número muito grande de canais necessário para implementar
o sistema. Um sistema analógico de 740 canais permite 10 canais por
célula utilizando modulação AM. O mesmo sistema permite 21 canais
por célula com modulação FM.
Ainda considerando o caso analógico, as redes de telefonia celu-
lar analógicas foram originalmente projetadas para uso de fatores de
reúso de 3 ou 7. Mas é perfeitamente possível realizar uma rede aon-
de o fator de reúso fosse 1. Neste caso, ao se utilizar a modulação de
freqüência, seria necessário um índice de modulação de 121 (ao invés
de 5 ou 10 utilizado em sistemas implementados). O problema é que
esse índice de modulação diminui em 12 vezes o número de canais
disponíveis na banda de espectro alocada.
Nos sistemas digitais, a modulação de fase ainda é a escolha
preferencial. Mesmo no caso analógico, o FSK foi escolhido para a
transmissão de dados no canal de controle. As modulações utilizadas
podem ser por fase (PSK e suas variações: QPSK e DQPSK), por
freqüência (FSK), por fase contínua (COM – continuous phase modu-
lation e suas variações: MSK e GMSK), as de espectro espalhado (sal-
tos em freqüência e seqüência direta) e OFDM (orthogonal frequency
division modulation).
As modulações do tipo QPSK e GMSK em geral despertam
maior interesse devido ao seu desempenho em sistemas limitados em
potência (como terminais móveis). O sistema TDMA-AMPS (QPSK)
e o GSM (GMSK) se valem dessas modulações. O QPSK é ainda
utilizado no UMTS (Universal Mobile Telecommunications System).
Em redes de comunicações móveis de requisitos de potência menos
restritivos, o OFDM tem bastante utilização.
227
8.3 Sistemas em utilização
228
a) faixa de 850 MHz e 900 MHz
229
O uso da tecnologia digital na segunda geração de sistemas mó-
veis foi motivado essencialmente pelo crescimento acelerado da de-
manda desse serviço nos Estados Unidos e no Japão. Em razão de
esse crescimento estar focado em grandes centros urbanos, melho-
rar a capacidade de tráfego tornou-se parâmetro fundamental para o
funcionamento do sistema. Além disso, a Europa necessitava de um
sistema único que substituísse os diversos sistemas analógicos existen-
tes - TACS (Total Access Communications System) no Reino Unido,
NMTS (Nordic Mobile Telecommunications System) na Escandinávia
e o Sistema C na Alemanha. Dada a vantagem tecnológica dos siste-
mas digitais sobre os analógicos, a escolha de um sistema digital único
permitiria que a Europa se integrasse de modo único. Esse aspecto é
bastante importante ao lembrar-se que os diversos sistemas analógicos
europeus eram incompatíveis entre si.
Os principais sistemas de segunda geração são o GSM (TDMA),
iDEN (TDMA), IS-136 (TDMA – conhecido também como D-AMPS),
IS-95 (CDMA – conhecido também como CDMA One). Os sistemas
IS-95 e IS-136 sucederam o AMPS no Brasil. As operadoras em ques-
tão continuaram utilizando as bandas A e B originais. O sistema iDEN
é exclusivo da operadora NEXTEL e possui regulamentação específi-
ca dentro do Serviço Móvel Especializado (SME). O GSM entrou no
Brasil com a abertura das novas bandas de operação (D e E).
O sistema IS-136 usa o TDMA como meio de múltiplo acesso
e modulação baseada em QPSK (DQPSK). Devido à tecnologia de
codificação de voz, nesse sistema, em um canal AMPS original (uma
ligação) pode trafegar até três ligações simultâneas. Segundo o plane-
jamento inicial, o sistema poderia suportar até seis ligações por canal
original, mas esta capacidade nunca chegou a ser implementada. No
IS-136, o canal de controle passou a ser digital e, com isso, o sistema
melhorou bastante a capacidade. A primeira operadora a utilizar essa
tecnologia foi a Americel (que depois alterou o nome para Claro).
O sistema IS-95 usa o CDMA como meio de múltiplo acesso e
modulação baseada em QPSK. A capacidade desse sistema é variá-
vel dependendo de diversos fatores, mas tanto o terminal do usuário
230
quanto a estação base (ponto de acesso) necessitam de capacidade de
processamento superior ao IS-136. Em termos práticos, isso significa
complexidade e custo adicionais. Mesmo assim, o CDMA pode utili-
zar um fator de reúso igual a um. Um ponto interessante é que tanto
o IS-136 quanto o IS-95 tem compatibilidade reversa com o AMPS.
Isso originalmente era uma vantagem, pois o terminal sempre podia
operar no modo analógico, mesmo que não existissem operadoras na
área em questão. No entanto, com o passar do tempo, a vantagem
se transformou em problema. A razão é que, no modo analógico, o
telefone celular pode ser clonado com relativa facilidade. Assim, um
dos pontos fortes do IS-95, a sua segurança, se tornou um dos pontos
fracos do sistema.
O GSM foi criado com o objetivo de definir um padrão comum
de telefones móveis para a Europa, oferecendo, além de telefonia e
fax, uma ampla variedade de novos serviços, como transferência de
dados, identificação do usuário (SIM – Subscriber Identity Module),
serviços de mensagens etc. Por esses motivos, ele é de longe o sistema
com maior sucesso no mundo, sendo utilizado por cerca de 85% dos
usuários de telefonia celular. O GSM usa o TDMA como meio de
múltiplo acesso e modulação baseada em GMSK. Devido ao seu mo-
delo de segurança e por não ter compatibilidade reversa com nenhum
sistema, a dificuldade de clonagem é substancialmente maior que dos
sistemas anteriores. O sistema é bastante maduro e pode utilizar fator
de reúso igual a 4. A estrutura de canais é bem diferente do sistema
AMPS, tendo sido originalmente projetado para faixa de 900 MHz.
No entanto, o GSM também opera nas bandas D e E com uma estru-
tura de 15+15 MHz. Devido à sua base de usuários, os custos do siste-
ma GSM são substancialmente menores que do IS-95 e do IS-136. A
maioria das operadoras do Brasil trabalha com GSM.
Pode-se dividir a evolução do padrão GSM em 3 fases: GSM
Fase 1, GSM Fase 2 e GSM Fase 2+. A especificação do GSM Fase
1 ou GSM 900 foi concluída em 1991 e a primeira rede comercial
entrou em serviço em 1992. Nesta primeira fase, estavam disponíveis
os serviços de voz, fac-símile grupo 3, transmissão de dados de bai-
xa velocidade e serviço de mensagens curtas (SMS – Short Messages
231
Service). A Fase 2, compatível com a Fase 1, teve suas especificações
completadas em 1995. Este padrão inclui as seguintes características
principais: padronização conjunta dos sistemas GSM 900 e GSM
1800 (DCS 1800); padronização de serviços auxiliares suplementares;
padronização dos codificadores de meia taxa (HR – Half Rate) e de
taxa completa aprimorada (EFR – Enhanced Full Rate); melhoria nos
serviços de mensagens curtas e de identificação do usuário. A Fase 2+
introduziu os circuitos comutados de alta velocidade (HSCSD – High
Speed Circuit Switched Data) com taxas de até 57,6 kbps e o serviço
de transmissão de pacotes de alta velocidade (GPRS – General Packet
Radio Service). O GPRS permite total mobilidade e cobertura de uma
ampla área com taxas de dados de até 115,2 kbps (teóricas), suportan-
do tanto o IP (Internet Protocol) como o X.25.
Além da Fase 2+ do GSM, o ETSI (European Telecommunica-
tions Standard Institute) decidiu desenvolver o EDGE (Enhanced
Data rates for Global Evolution) utilizando a mesma atribuição atual
do espectro. Os pontos comuns entre o EDGE e o GPRS em termos
da largura de faixa de RF (200 kHz), taxa de símbolos (270,8 kbps) e
formato do quadro (8 janelas TDMA/4,6 ms de quadro) facilitaram o
projeto de terminais multimodo. O EDGE se encontra em operação
em diversas cidades brasileiras.
232
o futuro. Curiosamente, em paralelo com esse tipo de avanço, tem-se
que as redes sem fio também possuem potencial para crescimento.
Ao contrário dos sistemas que exigem conectividade com mobilidade
a qualquer instante, as redes sem fio têm um caráter de mobilidade
diferente. Normalmente, esta característica é dita nomádica. A razão é
que os terminais não se encontram em mobilidade constante, apenas
em uma forma mais restrita de mobilidade.
Tendo em vista o oferecimento de novos tipos de serviços e o au-
mento da capacidade de transmissão, não se pode evitar o questiona-
mento de quanto isso ainda poderá crescer. Já existem padrões iniciais
para a quarta geração e muitos se encontram em teste. Nestes, tem-se a
possibilidade de rádios cognitivos (RDS), acesso de múltiplas entradas
e múltiplas saídas (MIMO) e outras tecnologias mais recentes.
Esta pergunta já foi realizada em 2003 por Phil Edholm (CTO da
Nortel, Canadá). A sua constatação é que assim como a Lei de Moore
rege o desempenho dos semicondutores, existe uma lei similar para
os dispositivos sem fio. A lei, que leva o seu nome, afirma que a taxa
de transmissão para terminais móveis dobra a cada 18 meses, Fig.8.8.
Assim, em 2000 tinha-se o GPRS a 14,4 kbps, portanto, para 2006,
tem-se algo como 230 kbps como comum ao sistema existente. Nota-
se que, enquanto os sistemas em existência podiam fornecer esse tipo
de taxa, as operadoras ainda não os ofereciam em massa para seus
usuários. Uma outra curiosidade é que ao extrapolar-se a lei para anos
futuros verifica-se que, em 2015, existirá em torno de 14 Mbps comum
ao sistema e, em 2030, esse valor será de 15 Gpbs.
233
Fig. 8.8. Lei de Edholm: a taxa de transmissão dobra a cada 18
meses.
234
terceira geração. Em resumo, o tempo de uso dos terminais era redu-
zido devido às necessidades para transmissão de informação, ou seja,
a carga das baterias acabava rapidamente.
Existem ainda questões de ordem comercial. A adoção da tec-
nologia 3G está no início e suas aplicações se encontram com pouca
penetração. Existe a possibilidade de maior uso com a vídeo-chamada
e a possibilidade de ver televisão nos terminais móveis. No entanto,
dentro das aplicações de entrega de vídeo para terminais móveis, exis-
te uma disputa silenciosa de padrões. Esse tipo de serviço não está
padronizado e talvez demore um período relativamente razoável para
que esteja presente nos terminais de todos os usuários.
No caso do Brasil, a introdução da terceira geração traz um com-
ponente importante para o mercado de telecomunicações. Devido a
uma série de motivos, a banda larga para assinantes de telefonia nunca
foi inteiramente oferecida para a maioria dos assinantes. A existência
de sistemas móveis que possibilitam comunicação de até 2 Mbps, atu-
almente, chegando a 7,2 Mbps em poucos anos, cria um novo mer-
cado para a introdução da banda larga no país. Nesse mercado, as
empresas de comunicações móveis têm o potencial para assumir o
papel de liderança que antes era das empresas de telefonia fixa. Talvez
por esses motivos exista o potencial para a mudança no cenário das
telecomunicações (o provimento de Internet barata para assinantes)
que foi relegado inicialmente.
235
9
COMUNICAÇÃO VIA SATÉLITE
237
Os anos 60 foram de inestimável progresso para as telecomunica-
ções via satélite. Em 1960, foi lançado pela NASA o ECHO-1, que foi
o primeiro satélite de comunicações. Consistia em um refletor passivo,
ou melhor, um grande balão metálico, que a 1.600 km de altitude em
relação ao solo, recebia um sinal de 2,5 GHz enviado da Terra e re-
transmitido por reflexão, em outro local da Terra. Ainda em 1960, foi
lançado o Courier-1B (USA), que foi o primeiro satélite de comunica-
ções a utilizar um amplificador embarcado para 2 GHz, minimizando
o efeito da distância entre o satélite e a Terra.
Em 1962, a AT&T (USA) envia ao espaço o TELSTAR-1, que era
um satélite em órbita inclinada de 45 sobre o equador. Sua trajetória
era excêntrica com perigeu em 953 km e apogeu em 5.632 km de
altitude. Nesse mesmo ano, a NASA envia o RELAY-1, a 1.000 km
de altitude. Esses satélites foram os primeiros a utilizar as técnicas de
diferentes freqüências para a subida (ida ao satélite) e para a descida
(volta a Terra).
As distâncias começaram a ser vencidas quando, em 1962, foram
realizadas as primeiras transmissões transatlânticas via satélite, porém
ainda não em larga escala. Em 1963, a NASA lançou o SYMCOM-2
constituindo o primeiro satélite geoestacionário de comunicações.
Este satélite tinha a capacidade de 300 canais de telefonia ou 1 de TV.
Em 1965, foi lançado o INTELSAT-1, primeiro satélite geoestacioná-
rio de comunicações para uso comercial, tendo como capacidade 240
canais de telefonia ou 1 de TV.
Ainda movida pela Guerra Fria, a URSS envia em 1965 o satélite
Molnya-1. Este satélite era em órbita elíptica de 12 horas transpolar,
para formar uma rede de comunicação e TV cobrindo todo o territó-
rio da então URSS. A órbita do Molnya-1 era excêntrica com perigeu
em 550 km e apogeu em 40.000 km, inclinada de 63º. Como o satélite
sobrevoava o território da URSS por apenas 11 horas, era necessário
pelo menos 3 satélites para cobertura contínua.
Em 1965, o INTELSAT-1 foi usado para assumir serviço de um
cabo submarino em reparo. Esta prática se tornou rotina e marcou
a importância dos sistemas via satélite. A partir deste momento, a
238
tecnologia evoluiu rapidamente e diversos sistemas foram implanta-
dos. Em 1967, foi lançado o primeiro satélite da série INTELSAT-2,
com capacidade de 240 canais de telefonia ou 1 de TV, e utilizando
também as técnicas de múltiplo acesso. Em 1968/70, a INTELSAT
lança o primeiro satélite da série INTELSAT-3. A capacidade estava
em plena expansão e o INTELSAT-3 já contava com 1.500 canais de
telefonia ou 4 de TV ou ainda combinações destes. Em 1971, foi a vez
dos satélites da série INTELSAT-4, com capacidade de 4.000 canais
de telefonia mais 2 de TV.
Em 1974, o Brasil entra no mundo das comunicações via satélite.
Nesse ano, foi criado o SBTS (Sistema Brasileiro de Telecomunicações
por Satélite). Inicialmente, o Brasil utilizou transponders alugados ao
INTELSAT. Nessa época, foram construídas 4 estações terrenas.
Em 1975, foi lançado o primeiro satélite da série INTELSAT-4A,
com 20 transponders, mais de 6.000 canais de telefonia mais 2 de
TV, com reúso de freqüência por separação de feixe. Mais uma vez
tinha-se a tecnologia em plena evolução aumentando sobremaneira a
capacidade dos sistemas de telecomunicações via satélite.
Somente em 1975 a URSS desenvolveu com sucesso o foguete
PROTON, que permitiu a URSS acessar a órbita geoestacionária, em
um ponto de lançamento não muito próximo do equador.
Em 1980, o INTELSAT-5 foi lançado, com capacidade de 12000
canais de telefonia, com banda múltipla 6/4 GHz e 14/11 GHz e com
reúso de freqüências por separação de feixe e por diversidade de po-
larização. Era assim o pleno uso da banda alocada para transmissão
via satélite.
Em 1985, o BRASILSAT série A foi lançado, constituindo o
primeiro satélite doméstico brasileiro. Do outro lado do mundo, em
1990, foi lançado o INTELSAT-6, com capacidade de 120.000 canais
de telefonia. Em 1994, o Brasil lançou o BRASILSAT-B, com 28 trans-
ponders em banda C (6/4 GHz) e um transponder em banda X (8/7
GHz), para aplicações militares.
239
Atualmente, existem mais de 200 satélites geoestacionários a
36.000 km de altitude e na mesma velocidade da Terra (revolução de
um dia). Porém, ao mesmo tempo em que os satélites geoestacionários
se desenvolviam, outros tipos de sistemas eram experimentados. En-
tre estes sistemas, aqueles chamados de sistemas de constelação tive-
ram um grande interesse.
Em 1964, foi lançado o sistema de navegação TRANSIT, que foi
o primeiro esboço de constelação de satélites, Fig.9.1. Nesse sistema,
os satélites são colocados sobre órbitas polares e em planos diferentes,
tentando obter uma cobertura global. Porém, nessa época, foi impossí-
vel o controle dos satélites e o perfeito sincronismo entre eles.
240
dados independentemente da posição onde o usuário estiver, quer seja
nos centros urbanos, no campo, no escritório ou em casa, de férias ou
em trabalho e até mesmo se o usuário estiver em trânsito entre cida-
des, países e continentes. Esses sistemas trabalham em complemento
aos sistemas móveis de telefonia locais de cada país.
Para os anos 2000, são esperadas futuras gerações, tais como a
Teledesic e SkyBridge para aplicações multimídia a banda larga por
satélite, para navegação etc.
241
9.2 Mercado de sistemas via satélite
A evolução dos sistemas via satélite pode ser dividida em duas eras:
a era analógica e a era digital. Na era analógica, os sistemas via satélite
se tornaram o principal meio de transmissão de telefonia e TV a longa
distância. A transmissão era tipicamente analógica com modulação FM.
Na era digital, formas sofisticadas de transmissão via satélite foram intro-
duzidas, como o sistema TDMA/PSK. Essa tecnologia foi impulsionada
por novos desafios, que surgiram a partir da década de 80 com a evolu-
ção das técnicas digitais, o desenvolvimento da fibra óptica, que apre-
senta enorme capacidade de transmissão com qualidade excepcional.
No presente e no futuro, os satélites terão um papel fundamental
na consolidação das auto-estradas da informação. Eles participarão da
ligação das redes integradas de computadores e de televisores inteli-
gentes, através da difusão direta, dos serviços de telefonia sem fio e do
acesso mundial da rede Internet. Os satélites trabalharão em conjunto
com as tecnologias a cabo (fibra óptica), oferecendo uma capacidade
superior de transmissão a um custo minimizado e de implementação
mais rápida.
242
Os satélites vêm contribuindo e contribuirão ao desenvolvimento
das telecomunicações nas zonas onde é muito caro ou muito difícil
de instalar uma infra-estrutura a cabo, nas zonas subdesenvolvidas ou
pouco povoadas. Os satélites irão contribuir ao fornecimento de servi-
ços telefonia sem fio e de televisão de qualidade a comunidades isola-
das nos meios rurais, nas ilhas e montanhas. Progressos em matéria de
tratamento embarcado, de compressão numérica e de miniaturização
de circuitos estão sendo aplicados aos satélites.
O maior trunfo dos sistemas via satélite é a flexibilidade, como em
qualquer sistema via rádio, porém ainda com menor infra-estrutura
requerida, principalmente em relação aos sistemas terrestres. O maior
e principal problema desses sistemas é o atraso. Devido às longas dis-
tâncias percorridas, o tempo entre uma transmissão da Terra e uma
recepção na Terra é da ordem de 250 ms, quando se utiliza apenas um
satélite geoestacionário entre os pontos de transmissão e de recepção.
Para tornar os sistemas via satélite mais competitivos, novas solu-
ções vêm sendo apresentadas a cada dia. Entre essas novidades, pode-
se destacar: novas tecnologias e aplicações, como os sistemas VSAT
(Very Small Aperture Terminal), satélites mais eficientes com mais
potência e controle de cobertura, processamento a bordo e satélite
de baixa órbita para comunicações móveis, no qual o atraso é bem
menor que para os sistemas geoestacionários.
O modelo de exploração dos sistemas de comunicação por satéli-
te assume duas formas:
• os serviços de satélite são disponibilizados aos utilizadores fi-
nais diretamente pelos operadores dos próprios satélites, nomea-
damente nos casos de redes privativas, difusão direta de TV por
satélite e comunicações móveis;
• os serviços de satélite são disponibilizados a operadores genéri-
cos de serviços de telecomunicações, os quais alugam capacidade
em satélites aos operadores dos satélites - é o caso da utilização de
satélites no transporte da rede fixa ou em aplicações de difusão de
televisão.
243
9.3 Aplicações dos Satélites
Satélites de Comunicações
Comunicações fixas (FSS, Fixed Satellite Service)
Difusão (BSS, Broadcasting Satellite Service)
Comunicaçoes móveis (MSS, Mobile Satellite Service)
Satélites de Navegação
Posicionamento (GPS, Global Positioning System)
244
Satélites de observação da Terra (Satélites científicos)
Coletas de dados da Terra
Exploração do Universo
Meteorologia
245
Estes satélites são voltados principalmente para os Estados Uni-
dos que respondem por aproximadamente 40% do mercado mundial
de satélite, [4]. A Fig. 9.5 mostra a utilização de satélite por pais, onde
pode-se observar a posição do Brasil com 2%.
246
O primeiro problema em sistemas de comunicação por satélite
é a própria espaçonave, que deve ser remotamente controlada. Esta
espaçonave fica em uma região de alto vácuo, passando por severos
ciclos de temperatura (-100 ºC a +100 ºC) e sendo bombardeada por
radiações, partículas subatômicas e micro meteoritos. Nesse sistema, o
satélite tem que gerar sua própria energia por meio de painéis solares,
cujo rendimento é da ordem de 15% sob uma radiação solar de 1,39
kW/m2. O sistema deve operar sem manutenção por 5 a 10 anos, o
que define sua vida útil.
Para os momentos de eclipse, quando o satélite passa pela sombra
da Terra (ocorrendo nos equinócios), as baterias devem suprir as ne-
cessidades de energia..
As órbitas dos satélites são regidas pela 2.a Lei de Kepler, que de-
fine que a linha que une o centro da Terra ao satélite varre áreas iguais
em tempos iguais. Deste princípio da dinâmica das órbitas, conclui-se
que o satélite se move mais rápido no perigeu, que é o ponto mais
próximo à Terra, e mais lento no apogeu, que é o ponto mais afastado,
Fig.9.6. Os satélites da família Molnya da extinta URSS utilizaram
esse princípio, definindo um sistema cujo apogeu está a 39.362 km e o
perigeu está a 1.006 km da superfície da Terra. Nesse sistema, o satélite
passa 11 horas no hemisfério norte e apenas 1 hora no hemisfério sul.
247
Uma das principais características dos sistemas via satélite é a fle-
xibilidade. Isto quer dizer que a comunicação entre dois ou mais pon-
tos é realizada sem nenhuma infra-estrutura intermediária e, basica-
mente, independente da distância. Por outro lado, sistemas via satélite
requerem a utilização de estações terrenas de alto desempenho. Nestes
sistemas, são utilizadas antenas de alto ganho e de grande resistência
ao ruído. Os receptores devem ser de alta sensibilidade e de baixíssi-
mo ruído, apesar da utilização de transmissores de alta potência.
Como o sistema é do tipo espaço livre, sua capacidade, em nú-
mero de canais de informação, depende, por um lado, da banda de
freqüência alocada, mas também de técnicas capazes de incrementar
a capacidade sem aumentar a banda utilizada. Por isso, os sistemas via
satélite utilizam as técnicas de múltiplo acesso FDMA, TDMA e, mais
recentemente, CDMA, na qual cada estação pode falar com todas as
outras estações na mesma área de cobertura, utilizando apenas um
único satélite. Outra qualidade desses sistemas é sua grande capacida-
de de distribuição, inerente à própria geometria do enlace. Por isso, os
sistemas via satélite são por natureza sistema de radiodifusão.
É comum se dividir as comunicações via satélite em dois
segmentos:o segmento espacial, que é o satélite propriamente dito e, o
segmento terrestre, que são as estações terrenas.
248
Fig. 9.7. Partes constituintes de um satélite.
249
Ainda na parte estrutural, pode ser encontrado o motor de apo-
geu. Tipicamente o foguete lançador coloca o satélite em uma órbita
de transferência. O motor de apogeu se encarrega de levar o satélite
desta órbita para a órbita geoestacionária.
Subsistema de Energia: é uma das partes mais importantes, dele
depende a vida útil do satélite. Esse sistema deve ser de alta confiabili-
dade e alta durabilidade. Ele é constituído de uma fonte primária, que
é formada por um conjunto de células solares, e de uma fonte secun-
dária, onde baterias servem de backup durante os eclipses. Durante
um eclipse, o satélite fica no cone de sombra da Terra, ocorrendo 21
dias antes e depois de cada equinócio (21 de março e 22 de setembro).
A duração máxima é de 72 minutos no equinócio e ocorre à meia noi-
te (tempo referido à longitude do satélite).
Subsistema de Controle Térmico: mantém os equipamentos
do satélite dentro dos níveis aceitáveis de temperatura de operação
dos mesmos. Em órbita um satélite está sujeito a variações extremas
de temperatura, desde bastante elevadas devido a exposição direta ao
Sol, até as bem baixas no momento em que o satélite se encontra na
sombra da Terra.
Subsistema de Telemetria-Telecomando: monitora as funções
do satélite, por meio da transmissão de sinais de comando. Para essas
funções, podem ser usados antenas e circuitos de comunicação do sa-
télite ou antenas e circuitos especializados em faixa de freqüência não
utilizada para comunicação.
Subsistema de Controle de Atitude e de Orbita: permite o po-
sicionamento do satélite em relação a um eixo de referência. O objetivo
é manter o apontamento correto. A precisão de apontamento está na
faixa de 0,05% a 0,15% da posição correta. Para que o satélite possa ser
utilizado como um repetidor, ele deve ser altamente estabilizado.
No satélite é necessário também um controle de órbita, pois a
órbita de um satélite sofre variações ao longo do dia, tanto no plano
da órbita quanto no sentido norte-sul. A correção da órbita é realizada
através de pequenos propulsores.
250
Fig.9.8 Subsistemas do Sistema Satélite
251
Fig.9.9 Canais de um Transponder
252
O sinal convertido em freqüência passa então por um processo
de demultiplexação, ou separação de faixa. O demultiplexador possui
uma entrada e 12 saídas, para o caso deste exemplo. Cada saída do
demultiplexador é injetada em um sistema de amplificação dedicada
em freqüência. Nesse ponto começa o processo de transmissão do si-
nal para a Terra. Os sinais amplificados são novamente combinados e
enviados ao sistema transmissor, ou propriamente à antena de trans-
missão, Fig. 9.10.
253
Tabela 9.1. Faixas de freqüências utilizadas em sistemas via satélite.
254
denominadas “banda C”. A maior parte das antenas empregadas é
constituída por um refletor parabólico e alimentadores, que são dis-
postos de modo a se obter a cobertura desejada, Fig. 9.12.
255
Fig. 9. 13 - Área de cobertura de acordo com a distância da terra
256
Fig.9.15 - Foot- print do Setélite Star-One.
257
a) HUB ou MASTER: estação central coletora e/ou distribuidora
de informações de uma determinada rede de estações remotas
b) REMOTA: estação terminal de usuário, classificada em:TVRO:
para recepções exclusivamente de TV e VSAT (Very Small Appertu-
re): estação transmissora e/ou receptora para telefonia, dados e TV,
equipada com antena de pequena abertura.
258
A Fig.9.17 ilustra o segmento terrestre em forma de diagrama de
blocos. As antenas utilizadas apresentam alta eficiência em ganho e
em ruído. Os sistemas de antenas são geralmente equipados por sis-
temas de rastreio do satélite. O sistema de transmissão é equipado de
amplificador de alta potência, HPA - High Power Amplifier, enquanto
o sistema de recepção conta com amplificador de baixíssimo ruído,
LNA- Low Noise Amplifier.
259
basicamente em três regiões celestes possíveis, conforme a Figura 9.18.
A Figura também mostra a latência do sinal bem como a quantidade de
satélites necessários para se cobrir toda a superfície terrestre,[4].
260
(b) Orbitas Elípticas
Fig.9.19 Principais orbitas existentes
262
Fig.9.22 - Percentual de Satélites por tipo de órbita
263
Fig. 9.23 - Satélite Geoestacionário
264
INMARSAT (lntemational Mobile Satellite Organization). É uma
organizaçao internacional com mais de 60 países membros, cujo ob-
jetivo é a prestação de serviços de comunicação móvel (aeronáutico,
marítimo e terrestre) por satélite. Para tal, sao utilizados 6 satélites em
4 regiões de operação: AOR-E -Atlantic Ocean Region - East; AOR-
W - Atlantic Ocean Region - West; IOR - lndian Ocean Region; POR
- Pacific Ocean Region.
PANAMSAT. É a primeira rede de satélite privada, dedicada às
comunicações internacionais. Atualmente o PANAMSAT dispõe de
um único satélite (PAS-I) sobre o Atlântico, cobrindo as Américas e a
Europa, porém sua segunda geração, composta por tres satélites. pro-
verá cobertura mundial.
ORION. É um sistema privado, dedicado a comunicação interna-
cional por satélite entre a América do Norte e a Europa, em operação.
A Fig. 9.24 ilustra a situação das posições orbitais geoestacionária.
265
266
Fig.9.24 - Posições orbitais geoestacionárias
9.7.2 Sistemas não-geoestacionários
Estes sistemas podem ser de órbita LEO, MEO e HEO. Classifi-
cam-se, entre os LEOS, aqueles de uso geral (voz, dados etc) e aqueles
de mensagens, batizados de Litle LEOS.
Nos sistemas LEOS, os satélites são de órbita baixa não-geoesta-
cionários na faixa de 700 km a 2.000 km de altitude. As órbitas são
circulares e usualmente no plano equatorial inclinado. A cobertura do
satélite sobre uma região do globo terrestre é periódica e não contí-
nua. As vantagens desse sistema são, por um lado, a baixa atenuação
do enlace, permitindo o uso de terminais realmente portáteis e, por
outro lado, um menor retardo que é da ordem de 20 ms, o que permi-
te uma comunicação em tempo real. Nesses sistemas, é possível cobrir
os pólos através de órbitas inclinadas. De forma geral, o custo de lan-
çamento é reduzido, em comparação do dos sistemas GEOS. Porém,
esses sistemas exigem um grande número de satélite para cobertura
global e contínua da Terra, formando as constelações de satélite.
Os sistemas MEOS são satélites de órbita intermediária não-geo-
estacionários na faixa de 10.000 km de altitude. Esses sistemas são um
bom compromisso entre os GEOS e LEOS. Por outro lado, os siste-
mas MEOS são satélites que descrevem uma órbita elíptica variando
de 1.000 a 39.000 km, com cobertura periódica.
As órbitas circulares não podem ser quaisquer. Ao redor da Ter-
ra encontram-se os denominados cinturões de Van Allen onde existe
uma grande concentração de partículas que impedem o bom funcio-
namento dos satélites. Por isso, as órbitas baixas estão entre 1.000 km
e 2.000 km e as órbitas média em torno de 10.000 km. A Tabela 9.2
resume as principais características entre os sistemas apresentados.
267
Tabela 9.2. Comparação entre GEO, LEO e MEO.
268
do minuto a preços inacessíveis a maioria dos usuários. Conseqüente-
mente o lançamento da rede de comunicações Iridium foi um fracas-
so, pois não tinha um número mínimo de usuários que fosse capaz de
manter os custos fixos da rede. Nove meses depois de sua abertura,
teve que abrir concordata. A rede foi adquirida por um grupo privado
de investidores, que retornou ao mercado como Iridium Satellite ofe-
recendo diferentes serviços de comunicação. Os negócios com a rede
parecem estar se desenvolvendo aparentemente bem.
270
O fracasso comercial da Iridium e Globalstar e de outros sistemas,
juntamente com a projeção de falência do empreendimento, foram
fatores primordiais para que o projeto fosse interrompido em de ou-
tubro de 2002, [3].
271
• O GPS (Global Positioning System) é um sistema de em 24 sa-
télites MEO em 6 orbitas circulares, Fig. 9.28, que foi iniciado em
1979 e disponibilizado globalmente em 2004. Estes satélites estão
colocados de tal modo que em qualquer altura e ponto do nos-
so globo 6 deles estão sempre visíveis. A função de um receptor
GPS é localizar 4 ou mais desses satélites, determinar a distância
para cada um e utilizar esta informação para deduzir sua própria
posição
• O GLONASS (Global’naya Navigatsionnaya Sputnikovaya Sis-
tema) sistema da antiga União Soviética, agora pertencente a Rus-
sia. O sistema opera com 24 satélites MEO. Por falta de reparo,
tem apenas disponibilidade parcial. Está em processo de reestru-
turação para oferecer cobertura mundial já em 2010.
• O Galileo: é o sistema europeu que opera com 30 satélites
MEO Esta agendado para começar a operar em 2012.
• O Compass: é o sistema chinês será contituido de 30 satélites
MEO e 5 GEO.
272
9.8 Lançamento e permanência dos satélites
273
Fig. 9.29 Veículos lançadores de satélite.
274
9.9.1 Múltiplo Acesso por Divisão de Freqüência
No FDMA, a faixa total de um transponder é dividida e a cada
estação é designada uma parcela da faixa. Cada estação terrena trans-
mite uma portadora nesta faixa com mensagem para várias outras
estações. Cada estação demodula as portadoras de um conjunto de
outras estações para retirar as mensagens endereçadas a ela, Fig.9.30.
A grande vantagem do FDMA é a simplicidade do sistema, porém
maiores são os problemas relacionados à intermodulação.
275
9.9.2 Múltiplo Acesso por Divisão de Tempo
No sistema TDMA, todas as estações operam com a mesma fre-
qüência, em tempos diferentes de modo que cada usuário possa em-
pregar toda faixa de freqüência e toda potência disponível no instan-
te em que transmite. Em cada instante apenas 1 usuário emprega o
Transponder. Para cada estação terrena é designado um intervalo de
tempo dentro do frame (trama). Cada estação terrena transmite sua
portadora nesse intervalo com mensagem para várias outras estações.
Todas as estações demodulam seqüencialmente as diferentes portado-
ras e retiram as mensagens endereçadas a cada uma delas, Fig.9.31.
276
9.10 Redes VSAT
277
Redes VSAT vêm sendo utilizadas em comunicações privadas,
permitindo uma maior confiabilidade, mas também com facilidades
de expansão. Existem redes VSAT interativas em topologia estrela
com um grande número de terminais VSAT e um HUB, normalmen-
te ligado a um sistema de computação hospedeiro (host).
Nas redes VSAT, a estação HUB é a estação central do sistema,
sendo geralmente de maior porte. Essa estação é situada na sede prin-
cipal da corporação, nas redes exclusivas, ou em posição favorável,
para possibilitar a conexão via redes públicas terrestres ou não, no
caso de redes compartilhadas. A estação HUB é composta por uma
unidade de RF e por uma unidade interna. A unidade de RF tem a
função de transmitir e receber os sinais destinados/originados na uni-
dade interna. A unidade interna é conectada a um computador (redes
exclusivas) ou a um conjunto de linhas privadas ou a uma rede pública
(redes compartilhadas). A função principal da estação HUB é a moni-
toração de toda a rede VSAT.
278
9.11 Sistemas de Comunicação por Satélite em operação no Brasil
279
Tabela 9.3 Satélites geoestacionários brasileiros em operação
280
9.11.2 Satélites geoestacionários estrangeiros
Foram registradas na Anatel, em 2008, várias solicitações de fai-
xas de frequências adicionais por parte de exploradoras de satélites es-
trangeiros, fato sinalizador do interesse dessas empresas em expandir
cada vez mais sua atuação no Brasil que agora somam 35, ampliando
a capacidade espacial disponível para utilização por prestadoras de
serviços de telecomunicações no território brasileiro, [7]. A Fig.9.34
mostra o cenário de ocupação do arco orbital por satélites estrangei-
ros, autorizados a prover capacidade para as prestadoras de serviços
de telecomunicações no território brasileiro.
281
Referências
[1] Qualidade de Serviço em Comunicação sem Fio: Uma Aborda-
gem Algorítmica e de Otimização, Geraldo Robson Mateus, Univer-
sidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Ciência da Com-
putação, 1999, http://homepages.dcc.ufmg.br/~mateus, acessado em
10/01/2010.
[2] Comunicação Via Satélite (Parte I), http://www.eletrica.info/co-
municacao-via-satelite-primeira-parte/, acessado 11/01/2010
[3] “Satélites Impulsionando o Desenvolvimento do País”, palestra
Jarbas José Valente, ANATEL, Rio de Janeiro, março 2009.
[4] Evolução do Sistema Via Satélite, Prof.: Pedro de Alcântara Neto,
Telecomunicações News,Volume 3, 08/97
[5] Rede de Satélites, Dionathan Nakamura Universidade Estadual de
São Paulo, Dezembro, 2008
[6] Novas Aplicações e Visão de Mercado para Comunicações via
Satélite no Brasil, J.R.Cristovam, UNISAT Engenharia de Telecomu-
nicações, www.unisat.com.br, acessado em 26/01/2010
[7] Relatório Anual 2008 ANATEL, http://www.anatel.gov.br/hotsi-
tes/relatorio_anual_2008, acessado em 25/01/2010
282
10
SISTEMA DE COMUNICAÇÃO ÓPTICA
10.1 Introdução
283
Em 1966, Kao e Hockman, na Inglaterra, apresentaram um tra-
balho que indicava a possibilidade de utilização de fibras ópticas em
sistemas de longa distância. Eles mostraram que a grande atenuação
da luz nas fibras de vidro, até então observadas, não era intrínseca
ao material, mas principalmente devido à presença de impurezas.
Concluía-se que, por meio da purificação do material básico da fibra,
podia-se obter atenuação inferior a 20 dB/km, limite que viabilizava,
na época, a sua utilização em sistemas de comunicação.
A partir de então, esforços foram realizados com o objetivo de
melhorar a velocidade de resposta dos LEDs, Lasers e fotodetetores.
Ao mesmo tempo, procurava-se melhorar as fibras ópticas, diminuin-
do sua atenuação e dispersão. Hoje, consegue-se fabricar fibras com
atenuação de 0,2 dB/km. Graças a isso, a utilização de sistemas óp-
ticos é cada vez mais freqüente, principalmente nas transmissões de
longa distância que demandem grande fluxo de informação.
284
é o que impulsiona o desenvolvimento das tecnologias de comunica-
ção ópticas.
285
A segunda geração de sistemas ópticos começou a ser desenvolvi-
da no início dos anos 1980 e permitiu que o espaçamento entre repe-
tidores aumentasse para cerca de 20 km. A taxa de bits dos sistemas
de primeira geração estava limitada a 100 Mbps, devido à dispersão
modal nas fibras multimodos. Esta limitação foi superada com o uso
de fibras monomodo. Em 1987, um sistema de segunda geração ope-
rando em 1,3 µm, numa taxa de 1,7 Gbps e com um espaçamento
entre repetidores de 50 km, estava disponível comercialmente.
O sistema WDM (Wavelength Division Multiplexing) é uma evo-
lução do sistema óptico ponto-a-ponto tradicional. O seu princípio de
funcionamento é essencialmente o mesmo da multiplexação pela divi-
são em freqüência (FDM), na qual vários sinais são transmitidos atra-
vés do mesmo meio com o uso de diferentes portadoras. A tecnologia
WDM possibilita a transmissão de várias portadoras ópticas em uma
mesma fibra, cada uma delas carregando determinado fluxo de dados.
A técnica WDM utiliza a banda espectral na região de 1.300 nm e
1.500 nm, que são as duas janelas de comprimento de onda nos quais
as fibras ópticas possuem perda de sinal muito baixa. Inicialmente,
cada janela era usada para transmitir apenas um único sinal. O de-
senvolvimento dos componentes ópticos, com melhor desempenho,
permitiu a utilização de cada janela para a transmissão de vários sinais
ópticos, cada um ocupando uma pequena fração da janela total dispo-
nível.
Os sistemas WDM evoluíram para as tecnologias DWDM e
CWDM. O DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing) re-
fere-se a sistemas que utilizam um espaçamento menor que 200 GHz
entre os comprimentos de onda. O CWDM (Coarse Wavelength Divi-
sion Multiplexing) refere-se a sistemas mais baratos que utilizam maio-
res espaçamentos entre os comprimentos de onda.
286
Fig. 10.2. Aumento do produto taxa de bits vezes distância entre
1850 e 2000.
287
Fig. 10.3. Evolução dos Sistemas de Comunicação Ópticos e seus
principais componentes.
288
Fig. 10.4. Geometria de uma fibra óptica.
289
• Como a única portadora na fibra é a luz, não existe a possibi-
lidade de surgimento de arcos elétricos quando uma fibra rom-
pe. Mesmo nas condições de ambientes inflamáveis não existe
a possibilidade de incêndio, e nenhum perigo de ocorrência de
choque elétrico nos técnicos que fazem manutenção em uma fibra
rompida.
• Quando colocados em ambientes externos, os cabos de fibra
óptica não são afetados pelas condições atmosféricas. Eles tam-
bém podem ser diretamente amarrados em cabos elétricos já exis-
tentes, sem problemas de indução de sinais estranhos.
• O cabo de fibra óptica, mesmo o que contém várias fibras, tem
normalmente menor seção transversal e peso muito inferior ao de
um cabo de fios ou de um cabo coaxial que transportam a mesma
quantidade de informação. Ele é então mais fácil de manusear e
instalar e usa menos espaço em dutos (pode freqüentemente ser
instalado sem dutos).
• O cabo de fibra óptica é ideal para sistemas que exigem se-
gurança da informação, porque é muito fácil a sua monitoração,
tornando difícil a retirada de luz sem que se perceba. Além do que
não existe nenhuma radiação pela fibra.
290
10.4.1 Janelas de Transmissão
Como nenhum material é perfeitamente transparente, sempre
ocorre uma absorção parcial de luz quando esta é forçada a atraves-
sar um meio (absorção intrínseca). Numa fibra, além da absorção do
material que compõe seu núcleo, pode haver variações de densidade,
imperfeições na fabricação (absorção por defeitos estruturais), impu-
rezas (absorção extrínseca) e outros fatores que aumentam ainda mais
as perdas por absorção.
Diversas impurezas podem contaminar uma fibra. A principal é
a contaminação por íons hidroxila (OH -), causada por água dissolvi-
da no vidro (também chamada de atenuação por pico de água, Wa-
ter Peak Atenuation, WPA), que, por sua relevância nas tecnologias
pioneiras de fibra óptica, definiram intervalos de freqüências onde
essa atenuação era mínima, as chamadas janelas ópticas ou janelas de
transmissão. As janelas ópticas são as regiões onde não há picos de
atenuação devido ao íon OH.
Existem 3 janelas ópticas, ao redor de 850nm, 1300nm e 1550nm,
Fig.10.5. A primeira é utilizada para sistemas a curta distância, de bai-
xo custo e utilizando fontes e detectores simples. A segunda, por sua
vez, permite enormes capacidades de transmissão, sendo utilizada ge-
ralmente pelas fibras comerciais. Finalmente, a terceira é utilizada por
fibras de sílica, por constituir uma região de atenuação mínima para
esse material. Nessa janela se fabricam fibras de atenuações da ordem
de 0,2dB/km, o que já é praticamente o limite teórico para tal com-
primento de onda. As janelas ópticas podem ser classificadas como:
291
O avanço da tecnologia de fabricação das fibras eliminou a conta-
minação por íons de hidroxila, permitindo a utilização de uma maior
região espectral, conforme ilustrado na Fig.10.5.
292
10.4.2 Dispersão
Quando os enlacem envolvem longas distâncias e altas taxas de
bits, o fenômeno da dispersão torna-se um fator limitante importante.
Dispersão refere-se ao fenômeno em que diferentes componentes de
freqüência do sinal caminham com diferentes velocidades no meio de
transmissão, o que ocasiona a chegada delas à outra extremidade es-
palhadas em relação ao tempo. A dispersão é a principal responsável
pela limitação da largura de banda do sinal transmitido. A dispersão
causa em sinais digitais, um alargamento temporal do sinal óptico, o
que resulta na superposição de diversos pulsos do sinal, Fig.10.6.
293
Fig.10.7 mostra a interface entre dois meios com índices de refração n1
e n2. Um raio de luz do meio 1 incide na interface entre os meios 1 e 2.
O ângulo de incidência θ1 é o ângulo entre o raio incidente e a normal
à interface entre os dois meios. Parte da energia é refletida para o meio
1, como raio refletido, e a energia restante (desprezando-se absorção)
passa para o meio 2, como raio transmitido. Existe um ângulo de inci-
dência que a reflexão é total, não havendo luz transmiida
Então, do ponto de vista da óptica geométrica, a luz se propaga na
fibra devido a uma série de reflexões internas totais que ocorrem na
interface núcleo-casca, Fig.10.8(a). Como diferentes raios percorrem
diferentes distâncias ao longo da fibra, a energia contida em um pulso
estreito (no tempo), no início da fibra, será espalhada sobre um inter-
valo de tempo maior, no final da fibra. Esse espalhamento no tempo,
que é chamado de dispersão modal, é obtido tomando-se a diferença
no tempo entre os raios que percorrem a maior e a menor distância. A
dispersão modal pode ser significativamente reduzida usando-se fibras
de índice gradual, Fig.10.8(b). Na fibra de índice gradual o núcleo não
possui índice de refração constante, mas este aumenta progressiva-
mente do eixo central até as bordas. Dessa forma, ocorre uma refração
gradual à medida que os raios se aproximam das bordas. Essa fibra
foi projetada para adequar-se às aplicações em sistemas de telecomu-
nicações. O raio do núcleo é menor do que nas fibras multimodo de
índice degrau o que diminui a quantidade de modos possíveis Possui
complexidade média de fabricação, mas que ainda mantém uma certa
facilidade de conexão e tem uma capacidade de transmissão adequada
às aplicações que se propõe, mas ainda não pode ser usada em longas
distâncias.
294
Fig. 10.7 Reflexão e refração da luz na interface entre dois meios.
295
Fig. 10.9 Efeito da dispersão nas fibras multímodo e monomodo
296
10.5 Transmissor óptico
297
As fontes de luz podem ser entendidas com transdutores que a
partir de elétrons produzem fótons. Os elétrons são responsáveis por
correntes elétricas enquanto os fotons produzem luz. Segundo Eins-
tein, um feixe de luz monocromático de freqüência f é formado por
um enxame de fótons, que andam juntos na mesma direção e ordena-
damente. Quando isto acontece a luz é chamada de coerente. Quando
os fótons têm freqüências diferentes e não caminham na mesma dire-
ção a luz é não coerente. A Fig.10.13 ilustra o conceito de Luz coerente
e não coerente.
298
banda típica de 3dB de um LED de 820 nm é de 40 nm, aproximada-
mente, Fig.10.14. A potência de luz de um LED é, aproximadamen-
te, proporcional à injeção de corrente. Os LED’s são mais simples,
baratos e confiáveis, mas possuem espectro mais largo de luz gerada
com uma emissão incoerente, pior eficiência de acoplamento de luz
na fibra e limitações na velocidade de modulação.
Por isso, os LED’s são usados principalmente em sistemas de me-
nor capacidade de transmissão, geralmente na primeira e segunda ja-
nelas ópticas.
299
Existem dois tipos de Diodos Laser, multímodo e o monomodo,
Fig. 10.15. O Laser de Fabry-Perot (Laser multimodal), o espectro de
emissão é constituído por vários modos de oscilação longitudinais. Os
valores típicos da largura espectral a meia potência são 2 nm - 5 nm.
O Laser monomodal, laser DFB (distributed feedback).tem um prin-
cipio de funcionamento semelhante ao laser de FP, mas possui um
mecanismo conhecido por grelha de Bragg que filtra todos os modos
longitudinais excetuando o central.
300
A largura espectral pode ser definida com largura de banda, em com-
primento de onda, para a qual o valor da potência decresce para me-
tade do seu valor máximo. A Fig. 10.16 compara a largura espectral de
um LED e um LASER ambos centrados em 820nm.
301
Fig.10.17 Potência óptica: LED VS LASER
302
Tabela 10.1 - Comparação entre as principais características do LED
e LASER.
10.7.1 Regeneradores
Uma grande preocupação em comunicações ópticas sempre foi
a questão da atenuação dos sinais ao longo de uma fibra óptica.. A
primeira solução para esse problema veio com a utilização dos regene-
radores elétricos. O sinal óptico, ao chegar nesses regeneradores, era
convertido em sinal elétrico, redigitalizado, e convertido, novamente,
em sinal óptico para ser transmitido.
Os regeneradores são receptores que reconstroem, temporizam,
e amplificam determinado fluxo de bits para transmissão, Fig.10.20.
Com isso, é removida qualquer dispersão e ruído do sinal. Por exe-
cutar os processamentos de reamplificação, reconstrução e retempo-
rização, os são denominados dispositivos 3Rs.. Os regeneradores são
projetados especificamente para o comprimento de onda, o protoco-
lo, e a velocidade de sinal transmitido. Para transmitir os diferentes
comprimentos de onda em uma mesma fibra com regeneradores, os
comprimentos de onda precisam ser separados em cada repetidor, re-
petidos separadamente e, finalmente, multiplexados. Esse processo é
mecanicamente complexo e requer um repetidor separado para cada
comprimento de onda.
305
Em enlaces atendidos por fibras com grande extensão, o uso de
amplificadores e regeneradores garante a manutenção da integridade
dos sinais ópticos. O amplificador óptico é um dispositivo que amplifi-
ca diretamente o sinal de luz, sem a necessidade de conversão óptico-
elétrico-óptico (OEO), o que diminui a probabilidade de ocorrência
de erro.
Os amplificadores ópticos surgiram na década de 90. O uso des-
tes amplificadores permitiu uma grande revolução nas comunicações
ópticas. O principal tipo de amplificador óptico atualmente usado é o
amplificador com fibra dopada com érbio. Este tipo de amplificador
atua na região de 1530nm a 1560nm.
Os amplificadores ópticos a fibra dopada de érbio (AFDE) funcio-
nam da seguinte maneira. Através de um laser externo, denominado
Laser de bombeio, um sinal óptico em um determinado comprimento
de onda é inserido na fibra. O érbio tem a propriedade de quando
excitado em determinados comprimentos de onda absorver a energia
inserida. A energia inserida é novamente liberada em forma de luz no
comprimento de onda de 1550nm. Este mecanismo permite a trans-
ferência de potência óptica para o comprimento de onda do enlace
reforçando o sinal óptico em transmissão, Fig. 10.21.
306
faz-se necessário a utilização de regeneradores.
Pode-se usar o Amplificador em diferentes situação. A Fig.10.22
mostra vários amplificadores ópticos colocados em cascata, como am-
plificadores de linha, para compensar a atenuação da fibra óptica em
sistemas limitados pela atenuação, permitindo aumentar a distância
entre regeneradores. É também freqüente utilizar o Amplificador Óp-
tico como, (Fig.10.23):
Pré-amplificador - usado para amplificar um sinal fraco antes da
fotodetecção, permitindo mitigar o efeito do ruído de origem térmica
originado no receptor e melhorar a relação sinal-ruído.
Amplificador de potência (Pós-amplificador) - é colocado logo
a seguir à fonte óptica de modo a aumentar a potência transmitida,
e deste modo aumentar a distância de transmissão. Conjugando um
amplificador de potência com um pré-amplificador é possível atingir
distâncias entre 200 e 250 km em sistemas limitados pela atenuação.
Amplificador de compensação - usado para compensar as per-
das devidas à derivação de potência.
307
Fig10.23 Aplicações do Amplificador óptico
10.7.3. Acopladores
Em diversas situações em um sistema de comunicações é necessá-
ria a conexão de muitos terminais. Por exemplo, no caso de uma rede
local em anel, em cada ponto em que um dispositivo é conectado à
rede, o sinal precisa ser dividido em uma parte que é entregue ao dis-
positivo e outra que deve continuar ao longo da rede. Uma outra apli-
cação dos acopladores é como separadores ou combinadores em um
sistema WDM (multiplexação por divisão de comprimento de onda).
Pode-se através de uma acoplador combinar sinais gerados em diferen-
tes comprimentos de onda e transmiti-los em um mesmo canal (fibra).
Os acopladores sensíveis ao comprimento de onda são chamados
de acopladores WDM, enquanto os acopladores destinados apenas a
divisão de potência em um mesmo comprimento de onda recebem o
nome de splitter, Fig10.24.
308
Fig. 10.24 Acopladores ópticos
309
10.8 Sistemas WDM
310
No começo dos anos 90 surgiu uma nova geração algumas vezes
chamada de WDM banda estreita (narrowband WDM) com até 8 ca-
nais espaçados de 400GHz (3.2nm), somente usando a 3ª janela. Em
meados dos anos 90 surgiu a denominação DWDM (Dense WDM),
que utilizava espaçamento entre canais de 100 ou 200GHz. e conse-
qüentemente maior número de canais, de 16 a 40, ainda na mesma
banda. Atualmente é possível trabalhar com espaçamento entre canais
de 50 GHz o que permite 80 canais por fibra.
Essa tecnologia centrada na terceira janela foi a preferida para apli-
cações de longa distância (long haul), devido a existências de fibras de
baixa atenuação, e a disponibilidade dos então novos EFDAs operan-
do nessa banda. O DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing
- multiplexação densa por comprimento de onda) é uma tecnologia
WDM. A evolução da tecnologia DWDM é mostrada na Fig. 10.26.
311
Segundo a ITU (International Telecommunications Union), os sis-
temas DWDM podem combinar até 64 canais em uma única fibra. Se
considerarmos a hipótese de que é possível transmitir até 40Gbps por
comprimento de onda, teríamos um sistema com uma capacidade de
transmissão de 2560Gbps, Fig.10.27. Um sistema DWDM capaz de
multiplexar 40 comprimentos de onda a 10 Gb/s por canal, possui
uma banda total de 400 Gb/s, o que é suficiente para transportar em
uma única fibra o conteúdo equivalente a mais que 1100 volumes de
uma enciclopédia em 1s.
312
Para um melhor aproveitamento, da região do espectro com
baixos coeficientes de atenuação, foi acrescentada uma 4ª Janela de
1565nm a 1625nm, chamada de Banda L
Para essas regiões do espectro a ITU-T G.694.1 definiu várias gra-
des de comprimento de onda com espaçamento de canal de 50 GHz,
100 GHz, 200GHz respectivamente, Fig. . A taxa de transmissão usu-
almente utilizada em redes de transporte DWDM é de 10 Gbps em
um canal de espaçamento de 50 GHz. Redes de transmissão com ta-
xas maiores como, por exemplo, 40 Gbps exigem um espaçamento de
canais de 100 GHz.
313
O surgimento das fibras Low Water Peak (LWP - G.652D ITU-T):
onde os processos industriais de produção levaram a eliminação dos
picos de atenuação, permitiu que a faixa de 1400 nm (banda E) fosse
utilizada para tráfego de sistemas ópticos. Como conseqüência tive-
mos a ampliação dos Sistemas WDM não só em número de canais e
Taxa de Transmissão, mas também no numero de Bandas, Fig.10.29.
A ITU por meio da recomendação ITU-T G.694.2 estabeleceu uma
tabela de comprimentos de onda.com espaçamento de 20 nm entre
os canais, que divide todo o espectro fotônico em 18 canais, Fig.10.30.
Essa padronização é propícia para os Sistemas CWDM.
314
10.8.2 Sistemas DWDM
O DWDM é a chave tecnológica para integração das redes de
dados, voz e imagem de altíssima capacidade. Além de ampliar ex-
ponencialmente a capacidade disponível na fibra, o DWDM possui
a vantagem de não necessitar de equipamentos finais para ser imple-
mentado.
Os sinais a serem transmitidos nos diferentes comprimentos de
onda podem possuir formatos e taxas de bit diferentes, o que promove
uma maior transparência aos sistemas de transporte. Cada sinal pode
ser formado por fontes de dados (texto, voz, vídeo, etc.) diferentes e
é transmitido dentro de seu próprio comprimento de onda. Assim, o
DWDM carrega os sinais de maneira independente uns dos outros,
significando que cada canal possui sua própria banda dedicada.
315
fibra cada uma transportando 2,5 Gbps, com regeneradores colocados
a cada 40 kms perfazendo um total de 64 regeneradores. Em contra
partida, é possível para transmitir a mesma quantidade de informação
em um sistema DWDM em uma única fibra com 8 canais com apenas
4 amplificadores posicionados a cada 120 kms, Fig.10.32.
316
10.8.4 CWDM x DWDM
O CWDM e o DWDM, por serem tecnologias WDM, ambos
apresentam o mesmo princípio de funcionamento de combinar vários
comprimentos de onda em uma única fibra, de forma a aumentar sua
capacidade.
O DWDM surgiu bem antes do CWDM, que só apareceu depois
que o mercado das telecomunicações em expansão colocou os preços
dos componentes em níveis razoáveis.
O CWDM tem como principal característica a utilização de ca-
nais com grande espaçamento entre eles. Já o DWDM encaixa mais
de 40 canais na mesma faixa de freqüência utilizada para dois canais
de CWDM, Fig. 10.33.
317
Tabela 10.4 Diferenças básicas entre CWDM e DWDM
Características CWDM DWDM
Número de comprimentos de onda que 18 64
podem ser combinados em uma única fibra
Faixa de comprimento de onda 1270 nm a 1610 nm 1492.25 nm a
1611.79 nm
Espaçamento entre canais 20 nm 100 GHz (0.8 nm)
Bandas ópticas utilizadas O, E e C S, C e L
Áreas de aplicações Redes Metropolitanas Aplicações ponto-a-
ponto
Densidade, devido ao espaçamento entre Baixa Alta
os canais
10.9 Aplicações
318
Referencias
[1] Sistemas DWDM: Visão Sistêmica Atual, Jair Lisboa dos Santos,
http://www.teleco.com.br, acessado em 03/02/2010
[2] Sistemas de Comunicações Ópticas, Prof. Dr. Carmelo J. A. Bastos
Filho Escola Politécnica de Pernambuco - UPE
[3 ] Fibras ópticas e WDM , Rafael José Gonçalves Pereira , http://www.
gta.ufrj.br/grad/08_1/wdm1/index.html, acessado em 02/02/2010
319
11
RADIODIFUSÃO SONORA
Prof. Lúcio Martins da Silva
11.1 Introdução
321
extrai, então, o sinal de banda básica (nesse caso, o áudio) do sinal
elétrico de RF recebido — esse processo de extração é denominado
demodulação. Por último, um alto-falante converte o sinal elétrico de
banda básica numa onda acústica (som).
A frequência da portadora de RF identifica a emissora de rádio e,
por isso, numa mesma região, cada emissora de rádio utiliza uma por-
tadora de frequência diferente. Assim, quando se diz que a emissora A
transmite na frequência de 96,1 MHz, essa é a frequência da portadora
que ela utiliza. A portadora, após ser convertida em onda eletromag-
nética, transporta a informação (nesse caso, o som) através do meio de
transmissão (atmosfera) até os receptores. O processo de transferência
da informação para a portadora é denominado modulação e existem
várias técnicas de modulação. A radiodifusão sonora analógica utiliza
a modulação de amplitude (em inglês, amplitude modulation – AM)
ou a modulação de frequência (em inglês, frequency modulation –
FM). Uma ilustração dessas modulações é mostrada na Figura 1.2.
Na primeira, o sinal modulante (sinal elétrico que representa o som)
modifica a amplitude da portadora e, na segunda, sua frequência que
é modificada — veja a Figura 11.2. Pode-se considerar que a modula-
ção translada espectralmente a informação (o som) para uma faixa
de frequência em torno da frequência da portadora — veja ilustração
mostrada na Figura 11.3. Dessa forma, escolhendo adequadamente as
frequências das portadoras, os sinais de várias emissoras podem ser
transmitidos simultaneamente em faixas de frequência diferentes, sem
se interferir mutuamente.
Alguns países já estão utilizando a radiodifusão sonora digital, o
que deverá ocorrer em breve também com o Brasil. Um sistema de
radiodifusão pode ser dividido em três partes: estúdio, transmissor e
receptores. Nos sistemas analógicos, o som é mantido na forma analó-
gica em todas as três partes. Os atuais sistemas de radiodifusão sonora
são, na realidade, híbridos, uma vez que seus estúdios são, geralmen-
te, digitais — veja Figura 11.4. Isto é, atualmente no estúdio de uma
emissora de rádio, os sons a serem transmitidos estão gravados em
formato digital em um compact disk (CD) ou no disco rígido de um
322
computador. Contudo, como o transmissor e os receptores são analó-
gicos, esses sons precisam ser convertidos para o formato analógico
para serem transmitidos e posteriormente recebidos. Em um sistema
de radiodifusão sonora digital, todas as três partes são digitais — veja
Figura 1.4. Nesse caso, os sons são transmitidos no formato digital e
somente no receptor haverá a conversão para o formato analógico —
essa conversão é necessária porque esse é formato que gera o som que
o ser humano escuta e compreende. Uma das principais vantagens do
sistema digital é a melhor qualidade do som tocado pelo receptor.
Sinal modulado
(sinal elétrico de RF)
Onda
eletromagnética
Onda acústica
(áudio) Sinal elétrico de banda básica
Transmissor
(modulador/
amplificador)
Microfone Antena
(transdutor) Portadora de RF transmissora
(transdutor)
Oscilador
Onda
(a)) eletromagnética
Onda acústica
(áudio) Sinal elétrico de banda básica
Sinal elétrico de RF
Receptor
(demodulador/
amplificador)
Alto-falante
(transdutor) Antena
receptora
(transdutor)
(b))
323
Sinal modulante Sinal
(sinal de informação) modulado
Modulador
Portadora
Sinal modulante
(informação)
Portadora
Sinal AM
Sinal FM
Tempo
FM
AM
AM
AM
Modulaç
Modulação
324
11.2 Uma breve história do rádio
325
Contudo, Nikola Tesla é atualmente creditado como sendo a pri-
meira pessoa a patentear nos EUA a tecnologia do rádio. A Suprema
Corte dos EUA determinou em 1943 a prevalência da patente de Tesla
sobre a de Marconi. Tesla iniciou sua pesquisa em rádio em 1891. Em
1893, em St. Louis, Missouri, Tesla deu uma demonstração pública da
radiocomunicação.
Entre 1893 e 1894, Roberto Landell de Moura, um padre e cientis-
ta brasileiro, também realizou experimentos com transmissões sem fio
por meio de ondas eletromagnéticas. Contudo, ele somente publicou
suas descobertas em 1900, quando ele fez uma demonstração pública de
uma transmissão sem fio de voz na cidade de São Paulo, em 3 de junho.
A radiofonia, transmissão de sons por meio de ondas eletromag-
néticas, se tornou realmente viável a partir de 1906, quando o ame-
ricano Lee DeForest inventou a válvula triodo. Com esse dispositivo
pode-se amplificar os sinais de rádio recebidos pela antena e, assim,
sinais muito mais fracos puderam ser recebidos. A válvula triodo tam-
bém foi usada para gerar as ondas de rádio e dessa forma se tornou
o principal componente dos transmissores e receptores de rádio. De-
Forest foi quem primeiro usou a palavra “rádio”. Um dos resultados
de seu trabalho foi a invenção da modulação de amplitude e, conse-
quentemente, do rádio AM, que permitiu que vários estações de rádio
pudessem transmitir em faixas de frequência diferentes sem se inter-
ferirem mutuamente. Os primeiros transmissores não permitiam isso.
As primeiras estações de radiodifusão sonora comerciais surgiram
em 1920, embora transmissões experimentais e amadoras tenham
ocorrido antes. No Brasil, as primeiras transmissões radiofônicas ocor-
reram em 1923.
Em 1933, Edwin H. Armstrong patenteou o esquema de transmis-
são utilizando modulação de frequência (em inglês, frequency modu-
lation – FM). A radiocomunicação FM minimiza, comparativamente
com a radiocomunicação AM, a estática e a interferência de ruídos em
geral na recepção do sinal de rádio. A primeira estação de rádio FM
surgiu em 1937. A partir de 1945 as estações FM entraram em opera-
ção. Em 1961, a radiodifusão FM estereofônica se iniciou nos EUA.
326
Na década de 1950 surgiram os primeiros rádios a transistor, mais
compactos e com menor consumo de energia, o que permitiu o surgi-
mento dos rádios portáteis.
A radiodifusão sonora está passando agora por uma grande evo-
lução com o uso das tecnologias digitais. Os sistemas de radio digital
começaram a ser desenvolvidos na década de 1980. Contudo, somen-
te em 1998 foi iniciado o uso comercial do primeiro sistema de rádio
digital, o sistema europeu DAB (Digital Áudio Broadcasting). Desde
então, vários outros sistemas de rádio digital foram desenvolvidos, os
principais são o sistema americano HD Radio (2001 e 2002), o sistema
europeu DRM (Digital Radio Mondiale) e o sistema japonês ISDB-TSB
(Integrated Services Digital Broadcasting – Terrestrial Sound). Atual-
mente, vários países têm estações de rádio digital, mas Inglaterra e
EUA são os dois países onde o uso da nova tecnologia mais cresceu.
A Inglaterra utiliza o sistema DAB e os EUA, o sistema HD Radio.
O Brasil provavelmente definirá no primeiro semestre de 2010 qual
sistema adotará, sendo que a escolha será entre os sistemas DRM e
HD Radio.
327
Subdivisão Designação Modulação
Faixa de freqüência Banda
métrica popular utilizada
525 a 1.705 kHz MF Onda hectométrica Onda média (OM) AM
2.300 a 2.495 kHz MF Onda hectométrica Onda tropical (OT) AM
3.200 a 3.400 kHz
4.750 a 4.995 kHz HF Onda decamétrica Onda tropical (OT) AM
5.005 a 5.060 kHz
5.950 a 6.200 kHz
9.500 a 9.775 kHz
11.700 a 11.975 kHz
15.100 a 15.450 kHz HF Onda decamétrica Onda curta (OC) AM
17.700 a 17.900 kHz
21.450 a 21.750 kHz
25.600 a 26.100 kHz
87,4 a 108 MHz VHF Onda métrica FM
MF: medium frequency (frequência média)
HF: high frequency (frequência alta)
VHF: very high frequency (frquência muito alta)
328
porque são utilizadas por estações de rádio que se situam dentro da
faixa tropical do globo terrestre (entre os trópicos de Capricórnio e de
Câncer).
A Tabela 11.2 contém a quantidade de estações de rádio licencia-
das em cada uma das bandas de frequência. O número de estações
FM mostrado é das emissoras comerciais e educativas, não inclui as
estações das rádios comunitárias.
Tabela 11.2 – Quantidade de estações de rádio licenciadas em cada
banda de frequência.
Quantidade de
Banda Modulação
estações licenciadas
OM AM 1.575
OT AM 72
OC AM 66
88 a 108 MHz FM 1.560
Total 3.273
Fonte: www.anatel.gov.br — consultado em 16.02.2010
329
Esse modo de propagação possibilita que a onda atinja distâncias mui-
to grandes: distâncias transnacionais e transcontinentais. A região en-
tre o limite do alcance da onda de superfície e a área de recepção da
onda ionosférica é denominada zona de silêncio, pois não existe sinal
útil nessa região. O ângulo de reflexão e a perda de sinal na reflexão
ionosférica dependem da freqüência, da hora do dia, da estação do
ano e do nível da atividade solar.
Na faixa de ondas hectométricas (OM e OT de 120 m), a radio-
difusão no período diurno depende inteiramente da propagação por
onda de superfície. Durante o dia, as ondas ionosféricas nessa faixa
de freqüência são absorvidas pela camada D da ionosfera. À noite,
a camada D desaparece e as ondas ionosféricas hectométricas conse-
guem chegar a regiões distantes do transmissor, não alcançadas pela
onda de superfície. Assim, em OM, a recepção fixa é razoavelmente
estável durante o dia, embora a recepção móvel sofra deteriorações
significativas quando se passa, por exemplo, por túneis, sob viadutos
e sob linhas de transmissão de energia elétrica. À noite, o nível de
interferência pode tornar-se bastante alto devido às ondas ionosféricas
de emissoras distantes que utilizam o mesmo canal ou canal adjacente
ao da emissora que se deseja receber.
Na faixa de ondas decamétricas (OT de 90 ou 60 m e OC), onda
de superfície, é fortemente atenuada pela terra e tem alcance muito
pequeno. Nessa faixa, o modo principal de propagação é o das ondas
ionosféricas que, nesse caso, existem de dia e de noite. Por meio desse
tipo de onda, as emissoras de OC têm área de cobertura muito gran-
de, que pode conter vários países, e seu alcance pode ser transconti-
nental. Em função disso, a coordenação do uso dos canais de ondas
decamétricas é feita no plano mundial.
A propagação em linha de visada direta (LVD), ou onda espacial,
é o modo dominante para freqüências acima de 30 MHz e, portanto, é
o modo dominante na radiodifusão sonora FM, que opera na faixa de
87,4 a 108 MHz. Para essas freqüências, não é mais possível o uso da
reflexão ionosférica, porque a refração não curva a onda o suficiente
para que ela retorne à terra. Quanto à onda de superfície, ela é forte-
mente atenuada pela terra e tem alcance muito pequeno.
330
A propagação LVD requer que a antena receptora “veja” a antena
transmissora, ou seja, que não haja obstrução na trajetória retilínea en-
tre as antenas. Morros, prédios, árvores e a própria curvatura da terra
podem ser obstáculos para esse tipo de propagação. Por isso, procura-
se colocar as antenas transmissoras das emissoras FM em torres altas
e essas, por sua vez, sobre morros. Se possível, a antena receptora
deve ser colocada em uma torre também. Contudo, a recepção pode
se dar mesmo quando a trajetória LVD entre as antenas transmissora
e receptora está obstruída. Isso se deve à difração ou reflexão da onda
eletromagnética nos obstáculos (morros, prédios, árvores, etc.) que,
em princípio, impediriam a recepção da onda — veja ilustração mos-
trada na Figura 11.6. A difração causa o desvio da onda, fazendo com
que parte dela contorne o obstáculo, enquanto que a reflexão muda a
direção de propagação da onda.
Ionosfera
Onda
ionosférica
Antena
Onda de transmissora Onda de
superfície superfície
Terra
Antena Onda
transmissora eletromagnética
Onda
difratada
Onda
refletida
331
11.5 Radiodifusão em onda média e onda tropical de 120 m
332
transmitir áudio com largura espectral de até 10 kHz, aproximada-
mente. O item 6.3.1.1 do Regulamento Técnico [4] especifica3 que as
estações AM devem ser capazes de transmitir áudio com largura es-
pectral de pelo menos 7,5 kHz, aproximadamente. Contudo, a maio-
ria dos receptores AM usados no Brasil não são capazes de tocar para
o ouvinte um áudio com essa largura espectral. Geralmente, o áudio
tocado por esses receptores têm largura espectral menor que 5 kHz.
Nesse caso, se a emissora está transmitindo um áudio com largura
espectral maior, ele será truncado espectralmente (e, portanto, dete-
riorado) pelo receptor.
1.625 kHz
1.705 kHz
535 kHz
525 kHz
Radiodifusão
Onda Tropical (OT)
Radionavegação aeronáutica
Sub-faixa atribuída exclusivamente Radionavegação aeronáutica
ao serviço de radiodifusão sonora: (em caráter secundário)
19 canais, com separação de 10 kHz Radiolocalização
entre portadoras, a partir de 2.310 kHz (em caráter secundário)
333
da portadora sem modulação (dBc)
Nível máximo em relação ao nível
0
10,2 kHz
- 20
- 40
- 60
- 80
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Afastamento em relação à freqüência da portadora (kHz)
334
11.5.3. Classes de emissoras AM
As emissoras AM são classificadas em três classes (A, B e C), em
função de suas características técnicas, conforme mostra a Tabela 11.3.
As emissoras de OT na faixa de 120 m podem ser somente da Classe
C. Apenas as emissoras da classe A podem a área de serviço primária
protegida.
Note que a potência de transmissão máxima noturna da classe A é
menor que a diurna. É comum que uma emissora AM tenha que redu-
zir sua potência de transmissão à noite e isso pode ser exigido também
de emissoras das classes B e C. O motivo para esse procedimento é
que de dia não existem ondas ionosféricas e à noite sim — veja Seção
11.4. Como as ondas ionosféricas têm alcance muito grande, a redução
da potência de transmissão pode ser necessária para que o sinal de
uma emissora não interfira na recepção do sinal de outras emissoras
distantes.
Tabela 11.3 – Classificação das emissoras de OM e OT.
335
grandes: são torres com altura de dezenas e até centenas de metros.
Assim, uma estação transmissora AM ocupa uma área relativamente
grande.
TX
TX
(a) (b)
336
do primeiro canal da faixa de 3 MHz será 3205 kHz; da faixa de 10
MHz será 9505 kHz, etc.) e a portadora associada ao último canal de
cada faixa estará, sempre, 5 kHz abaixo do final desta faixa (e.g., a
portadora do último canal da faixa de 6 MHz será 6195 kHz). Apenas
a canalização das faixas de 60 m de OT não obedece completamente
a essa regra. A fim de proteger a freqüência padrão de 5.000 kHz, as
portadoras do último canal da faixa de 4.750 kHz a 4.995 kHz e do
primeiro canal da faixa de 5.005 kHz a 5.060 kHz têm frequências de
4.985 kHz e 5.015 kHz, respectivamente.
Conforme já foi mencionado na Seção 11.4 , o modo principal
de propagação das ondas decamétricas é o das ondas ionosféricas. Por
isso, as emissoras de onda curta têm área de cobertura muito grande,
que podem conter vários países, e seu alcance pode ser transcontinen-
tal. Em função disso, a coordenação dos canais de onda decamétricas
é feita a nível mundial.
No Brasil, a radiodifusão em ondas curtas é usada principal-
mente para a cobertura do próprio território nacional, sendo exceção
o serviço internacional em ondas curtas da Empresa Brasil de Comu-
nicação (EBC). Contudo, em muitos países a radiodifusão em ondas
curtas é voltada principalmente para a cobertura internacional e é ge-
ralmente um serviço estatal ou de entidades religiosas.
Tabela 11.4 – Faixas de ondas decamétricas atribuídas, no Brasil, à
radiodifusão sonora.
337
11.7 Radiodifusão sonora em frequência modulada
338
Tabela 11.5 - Modalidades de radiodifusão FM.
11.7.2. Canalização FM
A faixa de 87,4 MHz a 108 MHz, destinada à radiodifusão FM, con-
tém 103 canais — veja Figura 11.10. Cada canal é caracterizado pela fre-
qüência de sua portadora e tem um identificador numérico, com núme-
ros de 198 a 300. A primeira freqüência de portadora é de 88,5 MHz e a
última de 107,9 MHz. A separação entre portadoras de canais adjacentes
é de 200 kHz. Os canais 198, 199 e 200 são destinados, quando possível,
para uso exclusivo por estações do Serviço de Radiodifusão Comunitária
(RadCom). Esses três canais FM ocupam a parte superior do canal 6 de
TV (82 a 88 MHz) e, por isso, não podem ser utilizados nas localidades
em que existe transmissão de TV no canal 6. A faixa de 88 MHz a 108
MHz (canais de 201 a 300) é atribuída exclusivamente à radiodifusão
sonora.
Os regulamentos técnicos não especificam, de forma explicita e dire-
ta, a largura de um canal de radiodifusão FM. Contudo, são especificados
limites máximos para o nível das emissões contidas nas faixas de freqüên-
cias abaixo de (fc – 120) kHz e acima de (fc + 120) kHz, sendo fc a freqüên-
cia central do canal (ou a freqüência da portadora). A Figura 11.11 mostra
esses limites na forma de uma máscara espectral: o espectro de potência
do sinal emitido por uma estação FM deve estar contido nessa máscara.
É importante notar que dois canais adjacentes (e.g., canais 261 e 262)
não podem ser ocupados por estações próximas geograficamente. Isso
porque o espaçamento entre as portadoras desses canais é de 200 kHz e os
sinais transmitidos (considerando a modalidade 256KF8EHF) têm largura
espectral de 256 kHz. Consequentemente, sinais em canais adjacentes se
339
interfeririam mutuamente. Atualmente, nem mesmo canais com portado-
ras separadas de 400 kHz (e.g., canais 261 e 263) são ocupados por esta-
ções próximas geograficamente. Essa regra é aplicada por causa da baixa
seletividade dos rádios receptores. Contudo, duas estações podem ocupar
canais adjacentes ou o mesmo canal, se estão distantes uma da outra o
suficiente para seus sinais não se interferirem mutuamente.
108,000 MHz
117,975 MHz
76,000 MHz
87,400 MHz
88,000 MHz
Radionavegação
TV canais 5 e 6 Radiodifusão FM
aeronáutica
8
9
0
4
5
6
7
8
9
0
8
9
1
2
3
4
20
20
20
20
20
20
20
25
25
26
29
29
29
29
29
29
30
19
19
26
26
26
26
... ...
,5
,7
,9
,1
,3
,5
,7
,9
,1
,5
,7
,9
10 ,1
10 ,3
10 ,5
0,7
10 ,5
10 ,9
10 ,5
10 ,7
7,9
10 ,1
10 ,3
87
87
87
88
88
88
88
88
90
99
99
99
0
0
0
6
6
7
7
7
7
10
10
0
120 kHz
- 20
- 40 240 kHz
- 60
- 80
-600 -500 -400 -300 -200 -100 0 100 200 300 400 500 600
Afastamento em relação à freqüência da portadora (kHz)
340
11.7.3. Áreas de serviço e contornos de uma emissora FM
Para uma emissora FM, três áreas de serviço são definidas; são
elas:
• Área de Serviço Primária: limitada pelo contorno de 74 dBµ
(contorno 1)4;
• Área de Serviço Urbana: limitada pelo contorno de 66 dBµ
(contorno 2);
• Área de Serviço Rural: compreendida entre o contorno e o con-
torno de 54 dBµ (contorno 3).
A Figura 11.12 mostra uma ilustração dos contornos acima men-
cionados. Toda emissora FM tem o seu sinal protegido, contra interfe-
rências prejudiciais, dentro de sua área de serviço urbana, delimitada
pelo contorno 2.
Contorno 3
54 dBμ (0,5 mV m)
Contorno 2 Antena
(Contorno protegido)
66 dBμ (2 mV m)
Contorno 1
74 dBμ (5 mV m)
341
11.7.4 Classes de emissoras FM
As emissoras FM são divididas em quatro categorias: especial (E),
A, B e C. Essas categorias são subdivididas em dez classes: E1, E2, E3,
A1, A2, A3, A4, B1, B2 e C. A Tabela 1.6 apresenta as especificações
que caracterizam cada uma dessas classes.
A classe de uma emissora é identificada pela maior distância ao
contorno protegido (66 dBµ). Uma vez definida a classe de uma emis-
sora, a distância máxima ao contorno de 66 dBµ, indicada na Tabela
3, não poderá ser excedida em nenhuma das radiais. Por outro lado, a
média aritmética das distâncias a esse contorno não poderá ser menor
que a distância máxima ao contorno da classe imediatamente inferior.
Tabela 1.6 - Classificação das emissoras FM.
342
O canal 200 (87,9 MHz) foi designado para ser o canal nacional
para o serviço de RadCom. Para àquelas localidades em que não fosse
possível o uso desse canal, foi estabelecido que seria usado um dos
seguintes canais opcionais: 285 (104,9 MHz), 290 (105,9 MHz), 292
(106,3 MHz) e 300 (107,9 MHz). Contudo, em alguns municípios, não
foi possível a utilização de qualquer desses canais, tendo sido desig-
nado, nesses casos, um outro canal. Ainda, na cidade de São Paulo
e em alguns municípios integrantes da sua região metropolitana, ini-
cialmente não foi possível viabilizar um canal, qualquer que fosse ele,
para uso pela RadCom. Em março de 2004, a Anatel destinou, então,
a faixa de radiofreqüências de 87,4 MHz a 87,8 MHz (canais 198 e
199) para o Serviço de RadCom, em caráter secundário (Resolução no
356 da Anatel), o que possibilitou viabilizar um canal para RadCom
naqueles municípios.
343
• O transmissor usado por uma RadCom deve ter certificação da
Anatel, ser pré-sintonizado na freqüência de operação consignada
e ter sua potência de saída inibida à potência de operação cons-
tante da licença para funcionamento.
344
11.8 Radiodifusão sonora digital
345
e onda curta podem oferecer áudio com qualidade equivalente à
qualidade propiciada atualmente pela radiodifusão FM e, portan-
to, muito melhor que a qualidade propiciada pela radiodifusão
AM. Os sistemas digitais que usam canais mais largos em VHF
e em UHF podem oferecer áudio com qualidade equivalente à
qualidade propiciada pelos CDs.
Informações relacionadas com o serviço de áudio. Além do áu-
dio, um sistema de radiodifusão digital pode transmitir informações
na forma de texto relativas ao áudio, tais como nome da música, autor,
cantor, ano de gravação, disponibilidade do disco no mercado.
Serviços de dados. Sistemas de radiodifusão digital são independen-
tes do tipo de conteúdo, podendo ser um sistema multiserviço. Assim,
juntamente com o serviço de áudio, é possível oferecer serviços de
dados com informações na forma de texto, gráficos e até mesmo ima-
gens, que são mostradas em um visor do receptor. As informações
transmitidas podem ser sobre trânsito, clima, bolsas de valores, espor-
tes, etc.
Economia de potência na transmissão. Para ter a mesma área de
cobertura de uma transmissão analógica, a transmissão digital requer
potência de RF bem menor. Isso significa que os sistemas digitais pro-
piciam economia expressiva de energia.
Flexibilidade na configuração dos parâmetros de transmissão.
Em um sistema de radiodifusão digital, os parâmetros relativos à quali-
dade do áudio e à robustez podem ser ajustados de forma mais flexível
em função do tipo de cobertura desejada e das condições do canal.
Uso mais eficiente do espectro radioelétrico. Combinando técni-
cas de compressão de áudio e esquemas de modulação de alta eficiên-
cia espectral, a tecnologia digital pode propiciar um uso mais eficiente
do espectro radioelétrico.
Convergência. A digitalização permitirá a integração do rádio a pla-
taformas convergentes, o que poderá prover ao rádio uma maior inte-
ratividade e também uma maior competitividade.
346
Quanto às desvantagens da digitalização da radiodifusão sonora,
a principal é o custo relativamente alto da sua implantação. O usuário
terá que comprar um novo receptor, que inicialmente terá provavel-
mente um custo elevado, como acontece geralmente com produtos
que utilizam novas tecnologias. Quanto ao radiodifusor, dependendo
do tipo de seu transmissor, ele terá que substituí-lo ou, em alguns ca-
sos, terá que comprar pelo menos um novo modulador (ou excitador).
Contudo, o investimento feito pelo radiodifusor provavelmente será
compensado ao longo do tempo pela economia de energia elétrica e
pelo fato de que passará a ter um produto mais atrativo e que, portan-
to, deverá lhe propiciar maior faturamento.
347
O sistema DAB pode, do ponto de vista técnico, ser usado em
qualquer freqüência entre 30 MHz e 3 GHz. Contudo, por usar um
canal com largura de aproximadamente 1,5 MHz, ele não é compa-
tível com a canalização atualmente adotada para a radiodifusão em
freqüência modulada (FM), realizada em VHF. Por isso, para se utili-
zar esse sistema é necessária uma nova faixa de freqüência, isto é, uma
faixa destinada exclusivamente a ele. Em cada faixa espectral de 1,5
MHz, pode-se transmitir, tipicamente, 6 programas distintos, que são
difundidos por um único sistema radiante, usando, geralmente, uma
rede de freqüência única (RFU).
O sistema ISDB-TSB apresenta alguma similaridade com o sistema
DAB. A maioria dos parâmetros OFDM dos modos de transmissão
dos dois sistemas têm valores muito próximos. Contudo, o sistema
ISDB-TSB pode utilizar canais de aproximadamente 429 kHz ou 1,3
MHz. Quando utiliza canal de 1,3 MHz, o sistema ISDB-TSB suporta,
assim como o DAB, vários programas independentes que, após mul-
tiplexados, são difundidos por um único sistema radiante, geralmente
uma rede de freqüência única. Contudo, o sistema ISDB-TSB é mais
flexível do que o sistema DAB. Porém, assim como o sistema DAB, o
sistema ISDB-TSB requer a alocação de uma faixa de freqüência exclu-
siva para a sua utilização.
348
AM em OM ou FM em VHF. Portanto, sinais HD-Radio podem con-
viver nessas faixas de freqüência com os sinais analógicos AM ou FM
existentes. Ou seja, para usar esse sistema não é necessário alocar uma
faixa de freqüência exclusiva, como exigem os sistemas DAB e o ISBD-
TSB. O termo on channel significa que o mesmo canal AM ou FM usa-
do para transmitir o sinal analógico de uma emissora existente pode
ser usado para transmitir adicionalmente o sinal digital do HD-Radio.
Isto é, por um único canal é possível transmitir simultaneamente um
sinal analógico e um sinal digital, conforme ilustração mostrada na
Figura 11.14. Esse esquema de transmissão é denominado modo hí-
brido de transmissão ou, simplesmente, simulcast. Ele permite que a
emissora transmita simultaneamente o sinal analógico e o sinal digital
durante um período de transição e, com isso, que a mudança da tecno-
logia analógica para a digital seja suave. Posteriormente, a transmissão
analógica pode ser desativada e o sinal digital ajustado para ocupar
sozinho o canal.
349
menor que a potência da portadora AM não modulada. A capacidade
de transmissão desse sistema é de 36 kbps, no modo híbrido, e de 40
kbps, no modo todo digital. Essa capacidade é suficiente para permitir
a transmissão de um sinal de áudio com qualidade pelo menos equiva-
lente àquela oferecida atualmente pelas emissoras FM.
Figura 11.15 - Espectro do sinal HD Radio para VHF: (a) híbrido; (b)
todo digital.
350
Figura 11.16 - Espectro do sinal HD Radio para OM: (a) híbrido; (b)
todo digital.
351
DRM foi ampliado com uma nova configuração que pode ser usada
na faixa entre 30 MHz e 174 MHz. Essa configuração é denominada
DRM+ e pode substituir os sistemas analógicos FM.
Assim como o sistema AM HD-Radio, o sistema DRM gera sinais
de RF que têm largura de banda compatível com canalização adotada
atualmente para a radiodifusão sonora analógica AM e FM. Portanto,
o sistema DRM também não requer que seja alocada uma faixa de
freqüência exclusiva.
Uma das principais vantagens do sistema DRM é a sua flexibili-
dade. A sua versão denominada DRM30, para frequências inferiores
a 30 MHz, pode usar canais com largura de 4,5, 5, 9, 10, 18 e 20
kHz. Ela oferece quatro modos OFDM — veja Tabela 11.8 — que po-
dem ser combinados com diferentes níveis de proteção, determinados
pela taxa da codificação FEC (forward error correction), pela ordem
da constelação (4-QAM, 16-QAM ou 64-QAM) e pelo uso ou não
da modulação hierárquica. A capacidade de transmissão do sistema
DRM depende da configuração adotada, podendo ser um valor entre
4,8 kbps e 72 kbps. Em ondas médias e com canais de 10 kHz, a taxa
de dados típica é de 20 a 24 kbps. Para uma dada largura de canal,
as várias configurações possíveis oferecem diferentes compromissos
entre a capacidade de transmissão e a robustez em relação ao ruído,
aos efeitos dos múltiplos percursos e outras formas de deterioração.
A versão denominada DRM+, para frequências de 30 MHz a 174
MHz, utiliza uma banda de transmissão de 96 kHz, o que lhe confere
perfeita compatibilidade com a atual canalização FM. O DRM+ está
implementado no padrão como modo de robustez E — veja Tabela
11.8.
Tabela 11.8 – Modos de transmissão do sistema DRM.
352
Em qualquer das suas duas versões, o sistema DRM permite, em
cada canal de RF, a radiodifusão de até 4 serviços similares ou diferen-
tes: isto é, streams de áudio, dados ou serviços de vídeo.
O sistema DRM pode também operar no modo simulcast. A Fi-
gura 1.17 mostra uma ilustração de duas possíveis configurações DRM
simulcast.
Atualmente, o sistema DRM é o único sistema que oferece con-
figurações que possibilitam a radiodifusão em onda curta (OC), com
propagação por onda ionosférica, com um ou mais saltos. A radio-
difusão em OC é utilizada, na maioria dos casos, para atingir outros
países que não aquele em que está localizado o transmissor. Ou seja, a
radiodifusão em OC é geralmente internacional. Assim sendo, é dese-
jável que o sistema usado para executá-la seja um padrão mundial. O
sistema DRM, pelo seu bom desempenho nesse tipo de radiodifusão
e por ser o único capaz de propiciá-la até o momento, provavelmente
se tornará esse padrão mundial.
353
Referências
[1] “Invention of radio”, disponível em http://en.wikipedia.org/wiki/
Invention_Of_Radio, consultado em 3 de fevereiro de 2010.
[2] “History of radio”, disponível em http://en.wikipedia.org/wiki/
History_of_radio, consultado em 3 de fevereiro de 2010.
[3] Norma Técnica para Emissoras de Radiodifusão em Ondas Deca-
métricas (Norma no 02/83), aprovada pela Portaria MC no 025, de
fevereiro 1983.
[4] Regulamento Técnico para Emissoras de Radiodifusão Sonora em
Onda Média e em Onda Tropical – 120m, aprovado pela Resolução
no 116 da Anatel, de março de 1999.
[5] Regulamento Técnico para Emissoras de Radiodifusão Sonora em
Freqüência Modulada, aprovado pela Resolução no 67 da Anatel, de
novembro de 1998.
[6] Regulamento do Serviço de Radiodifusão Comunitária, aprovado
pelo Decreto no 2.615, de junho de 1998.
[7] Norma Complementar do Serviço de Radiodifusão Comunitária
(Norma no 2/98), aprovada pela Portaria MC no 191, de agosto 1998.
[8] ETSI EN 300 401: “Radio Broadcasting Systems: Digital Audio Bro-
adcasting (DAB) to mobile, portable and fixed receivers”, v1.3.3, 2001.
[9] ARIB, “Narrow Band ISDB-T for digital terrestrial sound broad-
casting — specification of channel coding, framing structure and modu-
lation”, novembro de 1999.
[10] S. Johnson, “The structure and generation of robust wavefor-
ms for AM in-band on-channel digital broadcasting”, disponível em
http://www.ibiquity.com/technology/papers.htm, acessado em janei-
ro de 2004.
[11] P. J. Peyla, “The structure and generation of robust waveforms for
FM in-band on-channel digital broadcasting”, disponível em http://
www.ibiquity.com/technology/papers.htm, acessado em janeiro de
2004.
354
[12] ETSI ES 201 980: “Digital Radio Mondiale (DRM); System Spe-
cification”, v1.2.2, 2003.
[13] Broadcasters’ User Manual, Publicação DRMTM, 1a ed., 2004.
Disponível em http://www.drm.org/.
[14] Sítio da Anatel: http://www.anatel.gov.br.
[15] http://www.abta.org.br/site/content/panorama/tecnologia.php
355
12
SISTEMAS DE TELEVISÃO
12.1 Introdução
357
TV Tupi de São Paulo. Os poucos telespectadores usavam televisores
importados para assistir programas de auditório, jornais e peças tea-
trais televisionadas da pioneira Tupi. A primeira fábrica brasileira de
receptores começou a funcionar em 1951, sob a marca Invictus.
A transmissão de TV a cores desenvolveu-se a partir de sistemas
que tinham padrões incompatíveis com os monocromáticos e uma lar-
gura de faixa maior que a utilizada nas transmissões monocromáticas
(6 MHz). Visando a compatibilidade das transmissões a cores e mo-
nocromáticas, a Federal Communication Comission (FCC), em 1954,
adotou nos Estados Unidos um sistema de cores revisado, prepara-
do por um comitê especial da Associação das Indústrias Eletrônicas
(EIA), o National Television Systems Committee (NTSC). Sua carac-
terística básica é o emprego de uma subportadora de crominância em
3,58 MHz multiplexada com a portadora de vídeo. O sistema NTSC
é usado nos Estados Unidos, Japão e em muitos outros países do con-
tinente americano.
Logo após os primeiros anos de transmissão comercial de TV a
cores nos Estados Unidos, novos sistemas passaram a ser implementa-
dos em diversos países. Em 1967, a Alemanha desenvolveu o sistema
PAL (phase alternating line), adotado nesse país e, sucessivamente, em
muitos outros que iniciaram transmissão de TV a cores. O SECAM
(sequential à memoire), originário na França, foi adotado também
pela antiga União Soviética e alguns outros países da Europa Oriental.
Em 1962, a transmissão de TV para todo o mundo tornou-se pos-
sível pela primeira vez pelo uso do satélite posicionado em órbita geo-
estacionária sobre a Terra.
No Brasil, as transmissões a cores somente ganhariam espaço no
final da década de 1960. O padrão adotado no Brasil foi o PAL-M, o
que significa o sistema alemão compatível com a tecnologia mono-
cromática adotada anteriormente no país. Em 31 de março de 1972,
os raros televisores em cores no país puderam mostrar as primeiras
imagens coloridas da Festa da Uva de Caxias do Sul (RS).
358
Uma década depois, anos 80, o mundo começou a pensar em TV
digital Nos anos 90 aconteceu o lançamento dos primeiros padrões:
o ATSC nos EUA e o DVD na Europa, porém o Japão foi o primeiro
país a iniciar pesquisas de um padrão para a televisão de alta defini-
ção, o qual foi lançadoem 2003, conhecido como ISDB.
Nos anos 2000 quando o Brasil resolveu adotar um padrão
para a TV digital, os avanços tecnológicos e a evolução do conceito de
TV digital levaram o Brasil a definir um novo padrão de transmissão,
o Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre, ou SBTVD, um padrão
baseado no padrão japonês com inovações brasileiras, incluindo cria-
ções e aperfeiçoamento de equipamentos e de softwares.
Em 2 de dezembro de 2007, na cidade de São Paulo ocorreu pri-
meira transmissão oficial de sinal de TV digital no Brasil.
359
A imagem na televisão é formada pela exibição seqüencial de qua-
dros estáticos, a uma velocidade tal que o espectador tem a impressão
de movimento contínuo. Esse fenômeno de permanência da imagem
no cérebro, após sua retirada da retina, é conhecido como persistência
da visão humana e o tempo de permanência é de 50 milisegundos.
No cinema, são exibidos 24 quadros por segundo, enquanto que, na
televisão, esse número é de 30 quadros por segundo. Cada quadro é
subdividido em linhas, que são constituídas por pontos cuja intensida-
de luminosa depende da informação a ser mostrada.
No caso do sinal de vídeo, a luminosidade da cena é convertida
em sinal elétrico, uma área de cada vez. Logo, o sinal de vídeo, pro-
duzido pela câmera, consiste em variações seqüenciais no tempo, para
diferentes áreas. Por isso, um procedimento de varredura é necessário
para cobrir totalmente a cena, ponto a ponto, da esquerda para a di-
reita, linha a linha, de cima para baixo. A varredura é muito rápida,
o tempo para se varrer uma linha horizontal é de apenas 63,5 ms (mi-
crossegundos). Devido a essa rapidez de variações, o sinal de vídeo
contém freqüências de até aproximadamente 4 MHz. O mecanismo
de varredura exige que pulsos de sincronismo sejam utilizados com o
sinal de vídeo, a fim de tornar simultâneas a varredura na câmara e a
varredura no tubo de imagem. Neste, as pequenas áreas de maior ou
menor luminosidade e de diferentes cores são remontadas na posição
correta para recriar a imagem completa.
A faixa de freqüências das variações dos sinais de vídeo ou áudio
é chamada banda-base. Essas freqüências correspondem às informa-
ções desejadas, visuais ou auditivas, sem incluir outras complicações
como codificação ou modulação para funções especiais. Em sistemas
de áudio, as freqüências em banda-base vão de 20 Hz a 20 kHz. Em
sistemas de vídeo, as freqüências em banda-base variam de 0 Hz a 4
MHz. O sinal de áudio em banda-base pode ser injetado diretamente
em um alto-falante para reproduzir o som desejado. Também o sinal
de vídeo em banda-base pode alimentar o tubo de imagem para re-
produção da cena.
360
Na transmissão de sinais de radiofreqüência, o sinal de áudio em
banda-base modula uma onda portadora de radiofreqüência (RF). A
modulação torna-se necessária uma vez que freqüências de áudio são
excessivamente baixas para uma radiação eficiente. Além disso, di-
ferentes freqüências de onda portadora são utilizadas para diferentes
estações. O receptor pode ser sintonizado para cada freqüência de
onda portadora. No receptor, o sinal RF modulado é detectado para a
recuperação da informação de som original.
Os mesmos princípios aplicados na transmissão de rádio são uti-
lizados na de televisão. O sinal de vídeo em banda-base modula uma
onda portadora de alta freqüência para permitir a transmissão sem fios.
No receptor, o detector de vídeo recupera o sinal de vídeo original. As
transmissões de sinais de rádio e de televisão são bastante similares,
exceto pelo fato de a modulação de vídeo ser usada para a formação de
uma imagem. Associado ao vídeo existe um sinal de som, que é trans-
mitido em uma portadora separada. Todos estes sistemas requerem on-
das eletromagnéticas para transmissão. Na transmissão de televisão, a
modulação em amplitude (AM) é utilizada para o sinal de imagem e a
modulação em freqüência (FM), para o sinal de som associado.
361
da próxima linha. Durante o tempo de retorno, chamado de retraço,
nenhuma informação visual é obtida, já que ocorre o apagamento do
tubo de imagem. Quando o feixe de elétrons atinge o lado esquerdo,
sua posição vertical está um pouco mais baixa, de forma que possa
repetir o processo para a próxima linha e não o refaça na anterior.
Isso é feito pelo movimento de varredura vertical do feixe, que ocorre
simultaneamente ao horizontal. A varredura vertical acaba tornando
as linhas horizontais levemente inclinadas para baixo. Ao chegar ao
final da tela, o retraço vertical retorna o feixe para o início, e uma nova
seqüência de varredura começa.
O número de linhas na imagem foi fixado em 525 para um qua-
dro, no sistema de TV preto e branco adotado nos Estados Unidos
e na maioria dos países da América Latina, inclusive no Brasil. Esse
é o número ideal para a largura de faixa de 6 MHz do canal de ra-
diodifusão de televisão. O tempo para a varredura completa de um
quadro composto de 525 linhas é 1/30 s. Logo, as imagens se formam
em uma seqüência de 30 quadros por segundo. Para se ter a sensação
de movimento, um número suficiente de imagens completas precisa
ser exibido a cada segundo. Esse efeito é obtido tendo-se uma taxa de
repetição maior que 16 imagens a cada segundo. No cinema, utiliza-
se a taxa de 24 quadros por segundo, que é suficiente para produzir a
impressão de movimento na tela.
362
Fig. 12.1 - Varredura linear horizontal para a formação da imagem
de TV.
363
de televisão possui efetivamente 480 linhas, pois 45 são perdidas du-
rante retraço vertical. Por outro lado, verificou-se que o telespectador
percebia uma relação inferior a real. Nesse sentido, foi acrescido um
fator de correção, conhecido como fator Kell, que evidenciou esse
fenômeno na década de 40. O fator Kell é a relação entre a resolução
efetiva e a resolução teórica. Para TV analógica, esse fator está em
torno de 0,65, o que fornece 0,65×480 = 312 linhas. Então, o número
efetivo de pixels na vertical é 312.
Como a relação de aspecto de uma tela de TV é de 4/3, ou seja,
quatro unidades de comprimento no sentido horizontal por três no
sentido vertical, a resolução horizontal (EH), obtida a partir da re-
solução vertical, fica EH = 312×4/3 = 416. Portanto, uma imagem
analógica tem toda a sua capacidade de resolução horizontal em um
conjunto de 416 barras verticais, ou 416 pixels. Finalmente, pode-se
concluir que a resolução da televisão é 312×416 = 129.792 pixels, ou
seja, é praticamente idêntica à resolução do antigo cinema de 16 mm.
364
utiliza-se a exposição de 30 quadros por segundo para causar a sen-
sação de movimento. A sensação de cintilação também estaria pre-
sente nas variações de luminosidade, caso fossem exibidos apenas 30
quadros por segundo. Solução análoga à do cinema é empregada na
televisão: cada quadro é dividido em duas partes, de forma que são
apresentadas 60 vistas por segundo. Como não existe, na televisão,
um oclusor, como no cinema, pode-se obter o mesmo efeito entrela-
çando as linhas horizontais em dois grupos, um deles com as linhas
pares e outro com as ímpares. Cada um desses grupos é chamado de
campo, Fig.12.3.
366
12.3.3 Sincronismo e apagamento
Pulsos de sincronismo são transmitidos como parte do sinal da
imagem, mas ocorrem durante o retraço, quando não há informação
visual sendo transmitida. Parte do sincronismo acontece ao fim de
cada linha e marca o início do retraço horizontal. O sincronismo acon-
tece no início do retraço ou no final do traço, e não no início do traço.
O sincronismo vertical acontece no final de cada campo e marca o
início do retraço vertical. Nesse momento, o feixe de elétrons deve es-
tar embaixo da imagem. Ocorrendo a perda do sincronismo vertical,
a imagem reproduzida “rola” para cima ou para baixo. Se não houver
sincronismo nas linhas de varredura, a imagem “escorrega” para di-
reita ou esquerda e acaba fragmentando-se em segmentos diagonais.
O tempo necessário para efetivar o apagamento é aproximada-
mente 16% do tempo de varredura de cada linha horizontal, ou seja,
63,5 ms × 0,16 = 10,2 ms. Para o apagamento vertical, o tempo necessá-
rio é 8% do tempo de um campo: 1/60 × 0,08 = 0,0013 s.
12.4 TV a cores
367
em preto e branco. O sinal de crominância, chamado de C, contém
as informações de cor. Em TV monocromática, o sinal Y reproduz a
imagem em preto e branco. O sinal C é simplesmente desprezado.
368
Fig. 12.5. Espectro de freqüência do sinal de TV monocromático.
369
12.5 Sinal de Vídeo Composto
370
e Y serão acoplados ao circuito somador, ou multiplexador de cor
(colorplexer), formando o sinal de vídeo completo que será entregue
ao transmissor, que procederá a modulação em amplitude da onda
portadora de imagem do canal designado de 6 MHz da estação. A
modulação é um sinal composto de vídeo a cores, incluindo o sincro-
nismo de deflexão e os pulsos de apagamento. A Fig.12.8 exemplifica
a formação do sinal de vídeo composto.
371
utilizado no Brasil, a cada estação de TV é reservada uma faixa de 6
MHz de largura e uma freqüência portadora especificada pela ITU-R.
A largura de 6 MHz é necessária principalmente por causa do sinal de
vídeo que contém freqüências até 4,2 MHz. As freqüências mais altas
do sinal de vídeo, de 2-4 MHz, correspondem aos pequenos detalhes
horizontais da cena.
No início da transmissão de televisão, o canal 1 ocupava a faixa de
44-50 MHz, mas hoje esta faixa está destinada a outros serviços. Entre
os canais 4 e 5, as freqüências de 72-76 MHz são utilizadas em serviços
de rádio, como navegação aérea. A faixa de radiodifusão sonora em
FM (88-108 MHz) situa-se logo acima do canal 6, embora tal serviço
não se relacione com a difusão de TV. Um canal é dito adjacente a
outro quando lhe está próximo em freqüência, e não apenas no núme-
ro do canal. Assim, por exemplo, os canais 4 e 5 não são adjacentes,
porque existe um salto de 4 MHz entre 72-76 MHz. Os canais 2, 3 e
4, por outro lado, são realmente adjacentes. Os canais 7 a 13, da faixa
superior de VHF, também são adjacentes, assim como os canais de
UHF, devido às bandas contínuas de 6 MHz, Fig.12.10.
Nas faixas de VHF e UHF, os sinais propagam-se por transmissão
em linha de visada entre as antenas transmissora e receptora. Os sinais
radiados pouco seguem a curvatura da Terra. A transmissão em visada
direta torna a altura da antena importante para obter-se uma boa re-
cepção dos sinais de TV.
As entidades governamentais alocam os canais de televisão, que
devem manter-se dentro de normas técnicas bastante estritas. Cada
estação deve adequar-se a essas especialidades e servir às necessidades
da comunidade.
Enlaces em microondas e cabos de banda larga são utilizados para
a distribuição de programas de televisão através de redes nacionais.
É comum ter-se o estúdio, local onde os sinais são gerados e grava-
dos em fitas, localizado em áreas centrais das cidades, convenientes
às pessoas que produzem os programas. Um programa também pode
ser originado fora do estúdio, em viaturas de reportagem. O trans-
missor deve estar em alguma localização distante, normalmente no
372
ponto mais alto da cidade. Os sinais de banda-base chegam ao trans-
missor por microondas ou cabos de banda larga. Em muitos casos, o
transmissor possui sua própria ligação em microondas, o STL (studio
transmitter link), dispondo-se de antenas no estúdio e no transmissor.
O STL opera em bandas alocadas para essa finalidade, situadas entre
2 GHz e 12 GHz.
373
12.6.1 Características do Sinal de TV para de transmissão
Para uma boa comunicação entre o transmissor e receptor de TV,
devem ser considerados as seguintes recomendações.
• Por norma, a varredura deve ser efetuada com velocidade uni-
forme nas linhas horizontais, progredindo, de cima para baixo,
quando a cena é vista da posição da câmera.
• O número de linhas por quadro é 525.
• A taxa de exibição dos quadros é aproximadamente 30 Hz, ou
exatamente 29,97 Hz.
• A subportadora de cor para o sinal NTSC tem a freqüência de
3,579545 MHz e, para o PAL-M, 3,575611 MHz.
• A relação de aspecto é de 4:3, isto é, 4 unidades horizontais para
3 verticais, ou 1,33.
• A largura do canal alocado a uma estação de TV é de 6 MHz,
aplicável aos canais em VHF, UHF, CATV e MMDS, monocro-
máticos ou em cores.
• A portadora de vídeo é modulada em amplitude pelo sinal de
vídeo e pelo sinal de sincronismo. Ambos têm diferentes amplitu-
des no sinal AM transmitido.
• O som associado é transmitido em FM. O máximo de desvio
de freqüência é ±25 kHz para 100% de modulação. A freqüência
interportadoras de vídeo e áudio deve ser de 4,5 MHz, isto é, a
portadora de som deve ser posicionada no espectro do canal de 6
MHz a 4,5 MHz acima da portadora de vídeo.
374
Fig. 12.11. Portadora de imagem transmitida, modulada em
amplitude pelo sinal composto de vídeo.
375
Na Fig.12.13 é ilustrado como os sinais de imagem e de som ficam
alojados no canal de 6 MHz. A freqüência da portadora de imagem
não está situada no centro do canal, devido à transmissão por banda
lateral vestigial. Observe os seguintes espaçamentos para as freqüên-
cias das portadoras.
• A portadora da imagem P está a 1,25 MHz acima do extremo
inferior do canal.
• A portadora de som S encontra-se 4,5 MHz acima da portadora
de imagem, ou 0,25 MHz abaixo do extremo superior do canal.
• A subportadora de cor C está 3,58 MHz acima da portadora
de imagem, sob a forma de modulação de vídeo na banda lateral
superior.
376
Fig. 12.14. Utilização do canal 3 de radiodifusão em TV.
12.7 Os Serviços de TV
377
Tabela 12.2. Classificação das estações de TV e RTV.
distância máxima ao
classe canal máxima potência ERP
contorno protegido (km)
2-6 100 kW (20 dBk) 63
Especial (só TV) 7-13 316 kW (25 dBk) 66
UHF 1.600 kW (32 dBk) 53
2-6 10 kW (10 dBk) 42
A 7-13 31,6 kW (15 dBk) 46
UHF 160 kW (22 dBk) 40
2-6 1 kW (0 dBk) 25
B 7-13 3,16 kW (5 dBk) 28
UHF 16 kW (12 dBk) 26
2-6 0,1 kW (−10 dBk) 14
C 7-13 0,316 kW (−5 dBk) 16
UHF 1,6 kW (2,04 dBk) 14
378
na Inglaterra. Em 1995, o Advanced Television System Commitee
(ATSC) recomenda ao FCC a adoção do sistema da Grande Aliança
como o padrão para a DTV norte-americana.
Em 1997, os japoneses decidiram desenvolver um padrão total-
mente digital. O sistema, denominado Integrated Services Digital
Broadcasting (ISDB), assemelha-se ao europeu e entrou em operação
com transmissão via satélite em 2000.
A China também resolveu adotar um padrão próprio de TV di-
gital. Atualmente, estão em teste dois padrões de transmissão digital
terrestre, desenvolvidos por universidades chinesas em parceria com
empresas dos Estados Unidos. A Tsinghua University de Beijing, asso-
ciada à Legend Silicon, é responsável pelo desenvolvimento do Digital
Multimedia Television Broadcasting-Terrestrial (DMB-T). A Jiao Tong
University, de Shangai, em conjunto com a Linx Electronics, propôs o
Advanced Digital Television Broadcasting (ADTB-T). Em princípio, o
governo chinês escolherá entre esses dois sistemas a opção para o país.
Em resumo, a televisão digital, no mundo, se divide basicamente
em quatro grandes grupos: o americano, com o sistema ATSC; o eu-
ropeu, que adota o padrão DVB-T; o japonês, chamado ISDB-T; e o
chinês, com o DMB-T ou ADTB-T. Além dessas quatro tecnologias é
possível se falar no ISDTV ou SBTVD, que denomina a tropicaliza-
ção feita no Brasil a partir do sistema japonês.
379
quatro características − formato de tela 16:9, alta definição, interati-
vidade e mobilidade/portabilidade − são freqüentemente associadas
à plataforma de TV digital, pois sua implementação é facilitada ao
utilizar a tecnologia digital. No entanto, essas características não são
exclusivas dessa plataforma.
O formato 16:9 diz respeito à proporção entre as dimensões de
largura e altura com que as imagens são apresentadas na tela. Esse for-
mato, também designado como tela ampla ou widescreen, é o mesmo
exibido nas telas de cinema. A transmissão em alta definição implica
em imagem com qualidade muito superior à proporcionada pela TV
analógica. É usual que uma imagem, nesse padrão, seja produzida e
transmitida no formato 16:9. A definição padrão, por sua vez, dispo-
nibiliza ao usuário imagens com qualidade similar à percebida com o
uso do DVD em um aparelho analógico. Normalmente, esse padrão
é apresentado no formato tradicional (4:3), embora possa ser também
apresentado em widescreen.
A interatividade permite ao usuário manifestar suas preferências
e reações quanto ao conteúdo. Os níveis de interatividade variam se-
gundo a existência do canal de retorno. A mobilidade diz respeito à
recepção por terminais móveis (automóveis, trens etc.), enquanto a
portabilidade se refere aos dispositivos portáteis (celulares, notebooks
etc.). A Tabela 12.3 resume as principais vantagens da TV digital em
relação à TV analógica.
Tabela 12.3. Principais vantagens da TV digital em relação à TV analógica.
380
12.9.1 Resolução da Imagem
A maioria das TVs nos Estados Unidos e no Brasil é desenvolvida
para mostrar 480 linhas. A forma de como as estações de TV trans-
mitem seus sinais é normalmente chamado de definição padrão (stan-
dard definition - SD). A SDTV possui definição similar à da televisão
analógica e, apesar de comumente empregar o formato 4:3, pode-se
utilizar o formato 16:9.
O padrão de TV de alta definição (HDTV) utiliza o formato 16:9
e trabalha com 720 linhas ou 1.080 linhas. Os padrões de 1.080 linhas
trabalham com varreduras entrelaçada e progressiva, 1.080i e 1.080p.
O padrão de 720 linhas admite somente a varredura progressiva, 720p,
porque, na varredura entrelaçada, o quadro inteiro nunca é visto. Na
realidade, é visto as linhas ímpares de um quadro e as linhas pares de
um outro, o que reduz a resolução vertical do vídeo entrelaçado pela
metade, pois sempre é visto a metade do quadro anterior e a metade
do próximo. Isso explica porque os padrões 1.080i e 720p são conside-
rados de igual qualidade e classificados como HDTV, Fig.12.15.
381
Portanto, tem-se definição padrão (480i) e alta definição (720p,
1.080i e 1.080p). Entre a definição padrão e a alta definição surgiu o
padrão conhecido como definição aprimorada (enhanced definition
– ED) que trabalha também com apenas 480 linhas de resolução. A
definição padrão é feita de linhas entrelaçadas (480i), enquanto que a
definição aprimorada usa 480 linhas progressivas (480p). A qualidade
da imagem utilizando varredura entrelaçada e varredura progressiva
pode ser observada na Fig.12.16. Existe ainda um padrão de baixa de-
finição (low definition television – LDTV), que utiliza 240 linhas com
varredura progressiva e razão de aspecto 4:3. Este padrão refere-se
a uma qualidade de resolução inferior e é utilizado para transmissão
com portabilidade. A Fig.12.17 mostra o grau de qualidade percebida
pelo usuário em relação aos diversos padrões de definição.
382
A Tabela 12.4 resume os padrões de definição existentes para TV
digital. A Fig.12.18 mostra as resoluções adotadas para TV digital e
também compara o tamanho de ocupado por cada uma, bem como o
seu formato de tela (razão de aspecto).
Tabela 12.4. Padrões de definição para TV digital.
qualidade linhas linhas formato quadros por segundo
horizontais verticais de tela e tipo de varredura
HDTV 1.080 1920 16:9 24p, 30i, 30p
HDTV 720 1280 16:9 24p, 30p
EDTV 480 853 16:9 24p, 30p
SDTV 480 853 16:9 30i
SDTV 480 640 4:3 30i
LDTV 240 320 30i
383
quadro (129.792 �������������������������������������������������������
������������������������������������������������������
24 bits = 3.115.008 bits). A Fig.12.19 ilustra o pro-
cesso de digitalização de uma imagem de TV.
384
Fig. 12.20. Banda passante necessária para transmitir um sinal de
HDTV sem compressão.
385
Fig. 12.21. Diagrama de blocos de um emissor de sinais da televisão
digital.
386
• Camada de transporte. Efetua a multiplexação e a demultiple-
xação dos programas de TV.
• Camada de transmissão. É responsável pela sintonia, modula-
ção e demodulação, codificação e decodificação do sinal.
387
Fig. 12.22. Arquitetura em camadas da TV digital.
388
partes: MPEG-vídeo, MPEG-áudio e MPEG-sistemas, que trata da
sincronização de áudios e vídeos e define uma estrutura multiplexada
para combinar fluxos elementares (áudio, vídeo e serviço).
Atualmente existe uma série de padrões propostos pelo grupo
MPEG, entre eles, o MPEG-1, o MPEG-2 e o MPEG-4. Disponibili-
zado no início dos anos 90, o padrão MPEG-1 foi o primeiro membro
dessa família, sendo voltado para aplicações de vídeo e CD-ROM. O
MPEG-2, uma evolução do MPEG-1, teve sua primeira versão em
1994. Inicialmente esse padrão foi concebido para atender às necessi-
dades da TV digital com definição padrão (SDTV). As aplicações para
televisão de alta-definição (HDTV) seriam atendidas pelo MPEG-3.
No desenvolvimento do MPEG-2, ficou claro que as técnicas empre-
gadas também atendiam às necessidades do padrão HDTV, assim, o
MPG-3 foi descartado. O padrão MPEG-2 visa aplicações em TV di-
gital, DVD e TV por satélite. Os padrões MPEG-1 e MPEG-2, seme-
lhantes em conceitos básicos, abordam a representação da informação
áudio-visual considerando apenas informações originárias de fontes
naturais de áudio e vídeo. Ambos estão fundamentados em técnicas
baseadas em codificação por meio de transformadas.
Para que a convergência com outras aplicações e serviços se tor-
nasse viável, principalmente com as redes móveis, surgiu o MPEG-4,
que trabalha com taxas de codificação e transmissão bem menores.
Enquanto o MPEG-2 trabalha com a codificação orientada ao pixel,
tendo atingido praticamente os limites da saturação em termos de
compressão de taxas,���������������������������������������������
o MPEG-4 trabalha ��������������������������
com a codificação do obje-
to. Essa característica possibilita que vídeos e outros conteúdos sejam
codificados com uma qualidade aceitável e distribuídos em taxas de
transmissão apropriadas tanto para banda passante de celular de ter-
ceira geração (3G) como para HDTV, isto é, de 40 kbps a 10 Mbps.
A Fig.12.23 mostra as principais diferenças e aplicações dos padrões
MPEG-1, 2 e 4.
389
Fig. 12.23. Principais características dos padrões MPEG.
390
Fig. 12.24. Modulações utilizadas pelos padrões de TV digital.
391
Fig. 12.25. Efeito Doppler.
392
Fig. 12.26. Interação entre os integrantes do sistema e o middleware.
393
12.11 Padrões de TV digital
394
Fig. 12.27. Diagrama de blocos da TV digital terrestre.
395
12.11.1 Padrão ATSC
O padrão ATSC, criado nos Estados Unidos por um grupo de em-
presas, foi adotado pela FCC (Federal Communications Commission)
na década de 90. Atualmente, cerca de 64% dos telespectadores ame-
ricanos utilizam a TV digital com o padrão ATSC-T. O ATSC também
é utilizado no México, Argentina, Taiwan, Coréia do Sul e Canadá.
O padrão é organizado em quatro camadas interligadas, Fig.12.29.
Na camada superior é formada a imagem, com os formatos especí-
ficos. Na segunda camada, a de vídeo, é feita a compressão do sinal
de vídeo através do sistema MPEG-2. Estas duas primeiras camadas
também trabalham com o sistema Dolby AC-3 para o sinal de áudio
e juntas podem ser chamadas de camada de aplicação, pois definem
aplicações específicas com HDTV ou SDTV. Na terceira camada, de
transporte dos pacotes, são organizados os pacotes de forma separada,
que podem ser vídeo, áudio e dados. Esses pacotes são unidos para se
transformar em um feixe de aproximadamente 19,39 Mbps. A quarta
camada ou camada inferior é responsável pela transmissão, na qual a
modulação 8-VSB trabalha. Além da transmissão terrestre (radiodifu-
são) é possível utilizar o padrão ATSC via cabo, que utiliza a modula-
ção 64 QAM, e via satélite, que emprega a modulação QPSK.
Como o sistema americano visava inicialmente à veiculação da
HDTV, embora permitisse também a transmissão de SDTV e de ca-
nais de dados para a implementação da interatividade, a possibilidade
de convergência com a telefonia celular de terceira geração visando
a TV móvel não foi considerada. Outro problema é relacionado à
modulação 8-VSB que apresenta baixa robustez ao multipercurso, ge-
rando dificuldades de recepção em aparelhos fixos, localizados em
áreas sujeitas a interferências, e em aparelhos portáteis com apenas
antena interna. Recentemente, a ATSC apresentou uma nova ge-
ração de receptores que aparentemente elimina os problemas de
recepção quando se utiliza apenas antena interna. No entanto, a
transmissão para aparelhos móveis continua sendo problemática.
396
Fig. 12.29. Plataforma digital no padrão ATSC-T.
397
como 2K (que utiliza 1.705 portadoras) e 8K (6.817 portadoras). Uma
das vantagens dessa divisão do sinal em um elevado número de por-
tadoras é a maior imunidade a ruído e uma grande robustez do siste-
ma em canais com multipercursos, permitindo assim a recepção de
boa qualidade em áreas sujeitas a interferências. Conforme o modo
de operação e dos parâmetros utilizados na codificação e modulação
do sinal, o sistema DVT-T apresenta diferentes relações capacidade/
robustez, que pode ser traduzida como uma configuração hierárquica.
Na prática, isso significa que o telespectador pode assistir a um mes-
mo programa em dois diferentes níveis de resolução, mais baixa para
recepção móvel (480 linhas em médias) e mais alta (1.028 linhas) para
recepção fixa; ou dois programas completos diferentes.
398
Embora o DVB-T tenha características técnicas que permitissem a
recepção móvel, este tipo de aplicação mostrou-se inviável em função
do alto consumo de energia e a necessidade de duas antenas, con-
dições incompatíveis com os receptores portáteis. Para corrigir essas
falhas, surgiu o padrão DVB-H (Digital Video Broadcast – Handheld).
Esse padrão possibilita baixos consumos de energia e acrescenta algu-
mas funções otimizadas para mobilidade. Em contrapartida, a necessi-
dade de boa recepção com uma pequena antena exigiu uma topologia
de rede mais densa, com mais transmissores, que para a recepção com
grandes antenas exteriores. Contudo, tanto a altura das antenas quan-
to a energia de transmissão necessárias serão menores.
Dos pontos de vista técnico e financeiro, é exeqüível desenvolver
redes DVB-H com cobertura semelhante a das redes de telefonia mó-
vel, o que permitiria integrar a recepção de DVB-H em equipamentos
móveis, daí resultando o benefício do acesso simultâneo a telecomu-
nicações e a TV móvel.
400
Fig. 12.32. Principais serviços do ISDB-T.
401
O ISDB utiliza MPEG-2 para a codificação de vídeo, e MPEG-
2:AAC para o áudio. Assim como os padrões anteriores, o transporte
é feito via MPEG-2 TS. Para a transmissão terrestre, é aplicada a mo-
dulação BST-OFDM. Na transmissão via satélite, cabo e terrestre, o
processamento é igual, havendo diferenças somente na correção de
erro e na modulação final antes da transmissão propriamente dita, de
acordo com o meio (satélite, cabo ou terrestre). A Fig.12.35 mostra o
diagrama de blocos do padrão ISDB.
402
Fig. 12.36. Número de assinantes de TV aberta e TV por assinatura.
403
O padrão DVB-T trabalha com múltiplas portadoras - COFDM
-, admitindo assim uma modulação hierárquica. Essa flexibilidade
permite que a robustez seja diferenciada por serviços, tal que a par-
cela de dados correspondentes a informações menos críticas pode ser
codificada de modo menos robusto ou com esquemas de modulação
para maiores taxas. Dependendo do modo de configuração, o DVB-
T pode transmitir alta definição ou multiprogramação, mas, embora
apresente vários recursos interativos, não é eficiente para aplicações
visando portabilidade. A portabilidade é feita a partir das operadoras
de telefonia que compram os programas das emissoras e revendem
em pacotes para os assinantes. Os lucros de propaganda ficam para
as operadoras de telefonia. Isso traria mudanças no modelo de negó-
cios de televisão, no qual as redes de TV permitiriam a entrada das
empresas de telefonia no mercado de distribuição e produção de con-
teúdo audiovisual para a radiodifusão. Um dos sistemas desse padrão,
o DVB-S, desenvolvido para transmissões via satélite, já virou padrão
em todo o mundo, inclusive no Brasil.
O padrão ISDB-T, que também trabalha com multiportadoras,
foi desenvolvido a partir de um aperfeiçoamento do padrão europeu.
O diferencial do padrão ISDB-T é a segmentação da banda passante
em 13 segmentos que podem ser agrupados para a transmissão de até
3 informações distintas. O ISDB-T apresentou o melhor desempenho
na recepção interna com antenas pequenas, na recepção móvel em
carros, ônibus e trens e na recepção portátil em celulares e laptops.
Mostrou-se flexível para a integração com os outros padrões por meio
de sistema híbrido. O modelo de negócios não é alterado. A difu-
são de conteúdo audiovisual continua com as emissoras de TV. As
operadoras de telefonia, eventualmente, ficariam com a exploração
comercial do canal de interatividade, fazendo a transmissão de dados
entre o telespectador e a emissora de TV, no caso dos programas com
aplicações interativas.
Um terceiro componente importante é o middleware, um siste-
ma operacional que dá suporte para o desenvolvimento de diferentes
aplicativos dentro da TV digital. Esse sistema é colocado em um chip
404
que irá no set-top box ou dentro do televisor. Na TV interativa, o pa-
drão de middleware definirá os tipos de serviço que se deseja oferecer.
Cada um dos padrões tem seu próprio middleware, que é protegido
pela legislação de patentes e funciona como uma espécie de caixa-
preta da TV digital.
A Fig.12.37 sintetiza as tecnologias utilizadas pelos três consór-
cios. Verifica-se que a grande diferença entre os três padrões ocorre
no nível de transmissão e de middleware. Os três consórcios usam
para compressão e transporte o formato MPEG-2. Embora o padrão
MPEG-2 para compressão seja o mais utilizado comercialmente, sen-
do adotado por quase todos os provedores de televisão via satélite,
por exemplo, SKY, DISH, DirecTV, e por várias TVs a cabo digitais
no mundo, atualmente já existem outros padrões que proporcionam
maior eficiência nas taxas de compressão. A adoção de um padrão de
compressão mais eficiente permitiria uma melhor utilização do espec-
tro e, por conseguinte, uma maior quantidade informação e serviços
veiculados.
405
de volta para o emissor. Por exemplo, durante um jogo de futebol o
espectador tem a opção de ver as estatísticas da partida, que são en-
viadas para o receptor, sem solicitação do usuário, mas ele vê apenas
aquilo que seleciona. Outro exemplo são as filmagens com várias câ-
meras, permitindo ao espectador selecionar o ângulo que deseja ver
a cena. Neste caso, os padrões se equivalem bastante, pois todos são
capazes de transmitir textos e imagens no espaço de dados alocado
para uma faixa de 6 MHz.
A interatividade intermitente (one-way) é quando o espectador
envia algo para o emissor, mas sem receber resposta, como nas vota-
ções e enquetes. É a comunicação de mão única. Em vez de o espec-
tador telefonar, acessar um site ou mandar um torpedo, ele pressiona
um botão em seu controle remoto para dar seu voto. O sistema tem
um canal de comunicação com a emissora (geralmente por linha tele-
fônica), com o qual uma ação do usuário gera uma conexão.
Quando a interatividade é plena, o usuário deve possuir um canal
de retorno sempre disponível, como em serviços ADSL ou cabo. O me-
canismo do canal de retorno não impacta na rede de transmissão de TV
digital, pois é feito por outro canal, ou seja, uma outra rede de dados.
Em qualquer das interatividades, as soluções existentes estão
aquém do desejado. Fica claro que o Brasil vai ter que solucionar a
questão da interatividade resolvendo um problema maior, que é a uni-
versalização e facilitação de acesso à rede de dados IP.
Considerando a análise feita nos três padrões existentes e as ne-
cessidades do padrão brasileiro, conclui-se que o padrão japonês po-
deria servir de base para o padrão brasileiro de TV digital. A razão
da escolha baseia-se em premissas tecnológicas indiscutíveis, seja pelos
resultados dos testes de robustez do sinal emitido, pela flexibilidade do
sistema de modulação, seja por sua mobilidade. A modulação, que uti-
liza a tecnologia BST-OFDM, permite o uso do modelo one segment
caracterizado pela transmissão de sinal a partir da banda de freqüência
usada para o alcance voltado para terminais fixos. Dessa forma, é pos-
sível a sua captação por terminais portáteis e móveis, sem a utilização
de outras redes de conexão e sem custos adicionais para o consumidor.
406
Para adequar o padrão japonês às necessidades brasileiras e evitar
o envelhecimento tecnológico precoce do SBTVD, introduziu-se ino-
vações nas camadas de compressão e de middleware.
Como resultado das modificações feitas no ISBD-T para atender o
SBTVD, surgiu o padrão ISDTV-T (International Standard for Digital
Television – Terrestrial), que se harmoniza com o padrão oriental e
compõe um modelo enriquecido por uma nova tecnologia de com-
pressão e por um novo middleware, Fig.12.38. O nome ISDTV foi
adotado objetivando a exportação dessa tecnologia híbrida, desenvol-
vida a partir da incorporação de alguns elementos do padrão japonês,
para outros países, principalmente da América Latina.
407
As inovações do H.264/AVC propiciaram um comportamento me-
lhor que os demais padrões em diversas situações. Com aproximada-
mente a metade da taxa de bits utilizada no MPEG2 é possível obter
a mesma qualidade de imagem, Fig.12.39.
408
Fig. 12.40. Ocupação da banda passante para diferentes alternativas
de codificação.
409
Em resumo, o padrão ISBD-T reúne as melhores características
de cada um dos padrões existentes, introduz inovações tecnológicas,
propicia a inclusão digital e leva em consideração as especificidades
econômicas e culturais do país.
410
Na faixa de freqüências dos canais de VHF baixo (2 a 6), ocorrem
sinais interferentes (ruídos impulsivos) que degradam significativa-
mente a qualidade da transmissão digital. Por isso, esses canais tende-
rão a ser descontinuados com a migração de todas as emissoras ana-
lógicas para digital. O PBTVD viabiliza 1.893 canais e contempla o
universo de 296 localidades brasileiras, alcançando aproximadamente
110 milhões de pessoas. A Fig.12.41 mostra os números de canais por
estado, enquanto a Fig.12.42 apresenta o PBTVD para cidade de São
Paulo.
411
Fig. 12.42 Plano básico de canalização de São Paulo.
412
Fig. 12.44. Cronograma de implantação da TV digital.
413
13
TV POR ASSINATURA
415
Fig.13.1 - Tipos de TV por Assinatura
13.1 Histórico
416
conhecemos por TV por assinatura. Na verdade, o que eles haviam
inventado era o princípio tecnológico da transmissão via cabo como
alternativa de distribuição de sinais de televisão por meio físico, [1]
Os primeiros sistemas a cabo eram, de fato, antenas instaladas
em locais estratégicos, com cabos muito longos conectando-as aos te-
levisores de seus assinantes. Pelo fato de o sinal da antena se tornar
mais fraco à medida que viaja ao longo do cabo, os fornecedores de
cabo tiveram que embutir amplificadores em espaços regulares para
aumentar a força do sinal e torná-lo aceitável para os espectadores.
Até a década de 1970 as empresas prestadoras de TV a cabo limi-
tavam-se a distribuir a mesma programação transmitida gratuitamente
por “broadcast”. Só em 1971 as empresas Teleprompter e Manhattan
Cable iniciaram em Nova York a transmissão de programação que
adicionava ao conteúdo do “broadcast” um conjunto de serviços gera-
dos pelos operadores, [1]
Essa mesma década presenciou um fato que marcaria definitiva-
mente a história da TV por assinatura. Em 1975 a Home Box Office
– HBO disponibilizou seu sinal via satélite para as operadoras de TV
a cabo nos Estados Unidos. O uso das transmissões via satélite per-
mitiu a distribuição de programação à distância para operadoras em
diferentes cidades. Por sua vez, as operadoras puderam retransmitir,
simultaneamente, via cabo, essa programação para seus assinantes, [1]
Com o intuito de promover a competição com os sistemas de TV a
cabo, o órgão regulador das telecomunicações americano (FCC) cria,
em meados dos anos 1970, o serviço MMDS (multichannel multipoint
distribution service) a partir da faixa institucional (ITFS) reservada a
organizações educacionais, religiosas e hospitais.
No início dos anos 80, surgem os sistemas de transmissão direta
de TV por satélite (DTH). O DTH, originalmente analógico, é trans-
mitido em banda C (3,5-4,2 GHz). O elevado custo do aluguel do
transponder estimulou a digitalização do sistema e migração para ban-
da Ku (13-15 GHz).
417
É também na década de 80 que nasce a CBN, primeiro canal
especializado em notícia, inaugurando a programação segmentada na
televisão. O sucesso desse modelo de pequenas redes independentes
e segmentadas alastrou-se pelo país. Foi então que surgiram os canais
ESPN, Discovery e Cartoon. Esse tipo de programação segmentada
modificou sensivelmente os hábitos dos telespectadores americanos
Para se ter uma idéia de 1979 a 1990 a audiência das três redes de
TV aberta– CBS, ABC e NBC – despencou de 91% para menos de
60%%, [1]. Em 1999 pela primeira vez os domicílios somaram mais
tempo assistindo a televisão por assinatura do que televisão aberta.
Hoje, o sistema TV por assinatura nos EUA oferece mais de 500
canais e internet de alta velocidade para aproximadamente 60 mi-
lhões de residências.
418
redes de TV (Globo, Bandeirantes, Rede TV, SBT, Record, TV Brasil)
presente na maioria das cidades através de transmissores próprios ou
mantidos pelas prefeituras. Essa abundância de opções de sinais de TV
sem custo fez com que o desenvolvimento da TV por Assinatura no
Brasil fosse retardado, só se iniciando no final de 1991. A primeira ini-
ciativa de TV por Assinatura no país surgiu em São José dos Campos,
interior do estado de São Paulo, em 1976, através da transmissão de
sete canais convencionais de VHF. Como nos EUA, a transmissão ini-
cial funcionou como um serviço de antena coletiva para a comunidade.
Dez anos depois surgiu o Canal + de TV por Assinatura lançado pelo
Grupo Machline (Sharp) em São Paulo e transmitido através de um
sistema de microondas. Em 1991 o grupo Abril se associou ao Grupo
Machline lançando a TVA e expandindo o sistema para outras capitais
como Rio de Janeiro e Curitiba. Também em 1991, as Organizações
Globo passaram a atuar em TV por Assinatura com o lançamento da
Globosat, que produzia e distribuía, via satélite, quatro canais.
O Sistema MMDS surge, no Brasil, em 1992 com atribuição de 3
canais. Em 1994, é editada a norma do MMDS pelo Ministério das Co-
municações, destinando a faixa de 2.500-2.686 MHz para este serviço.
Mesmo assim, a TV por Assinatura no Brasil ainda era incipiente.
O custo da mensalidade era elevado e a oferta dos serviços atingia nú-
mero reduzido de cidades. O novo tipo de TV podia ser considerado
um privilégio.
A TV por assinatura começou realmente a se desenvolver com a
promulgação da Lei da TV a Cabo em 1995. Além de regulamentar
o serviço de TV por assinatura transmitida via cabo, essa lei marcou
o início da exploração de serviços de telecomunicações por empresas
privadas e a abertura do setor para participação de capital estrangeiro,
até um limite de 49% por empresa, mesmo antes de concluída a priva-
tização do Sistema Telebrás, em 1998, [3].
As demais modalidades de TV por assinatura, exploradas no Bra-
sil – o DTH (Direct To Home), por satélite, e o MMDS (Multichannel
Multipoint Distribution Service), por microondas – não foram regula-
mentadas por lei ordinária no Congresso Nacional, como aconteceu
419
com a TV a cabo. As duas modalidades foram enquadradas, dois anos
depois da Lei do Cabo, como Serviço Especial de Telecomunicações.
Ainda existe o Serviço Especial de Televisão por Assinatura (TVA)
que distribui sinais de TV codificados, mediante a utilização de canais
de UHF.
O mercado de TV por Assinatura é representada por 176 empre-
sas distribuidoras de sinais de TV por Assinatura, Tabela 13.1, que
detêm 349 outorgas em operação e 34 em instalação, Fig. 13. 2, [4].
Tabela 13.1 Prestadoras de Serviços de TV por Assinatura
420
A TV por assinatura está presente em quase totalidade dos mu-
nicípios brasileiros, 5.084 são atendidos por meio de DTH.enquanto
as tecnologias Cabo e MMDS atendem 479 municípios, Tabela 13.2
Tabela 13.2 – Número de municípios atendidos por TV por Assinatura
Tecnologia Municípios
DTH 5.084
MMDS e CABO 479
421
Fig.13.4 - Penetração da TV por assinatura por classes de renda
422
Embora o número atual de assinantes represente pouco mais de
7% dos domicílios brasileiros, o número de assinantes nos últimos
anos, impulsionado pela convergência de serviços, grade de programa-
ção segmentada, e a portabilidade vem crescendo consideravelmente.
Basta verificar que o setor teve um crescimento de 7 % no terceiro tri-
mestre de 2009, comparando-se com o trimestre anterior, totalizando
6,91 milhões de assinantes. Se comparado com o mesmo período, em
2008, o aumento no número de assinantes é de 14%, Fig.13.5, [4].
423
13.4 Sistema de TV a Cabo
424
de transmissão. As redes de cabo típicas possuem bandas de 350, 550
ou 750 MHz, ou seja, os sinais provenientes dos moduladores são up-
convertidos para canais dentro da banda de transmissão das redes de
cabo. A seguir, os canais passam por um combinador que os agrupa
em um único cabo de saída, para posterior amplificação e inserção na
rede de distribuição. A rede de distribuição é híbrida, sendo a trans-
missão realizada em fibra óptica e o acesso ao usuário através de cabo
coaxial.
425
Fig. 13.9. Plano de freqüências da TV a cabo.
426
A conexão de assinante é feita diretamente na rede externa por
meio de um derivador, conhecido como TAP, Fig.13.11 (a). Em edifí-
cios, para se atender a todos os aptos, faz-se um projeto de distribuição
interna dos sinais, Fig. 13.11 (b).
Na casa do assinante é instalado um set-top box (receptor/decodi-
ficador) permite ao usuário selecionar um canal em particular e con-
trolar que canais estão disponíveis. Um receptor básico é composto
de um downconverter que translada um canal do espectro disponível
para o canal 3 ou 4 da TV. Ele incorpora ainda funções de decodifica-
ção do sinal para o caso de acesso condicional. As redes de cabo mais
antigas não possuíam sistemas de acesso condicional, que permitem
controlar o acesso de pessoas não autorizadas aos canais transmitidos.
Entretanto, em virtude da pirataria e do interesse de prover pacotes
diferenciados de programação a seus assinantes, os operadores viram-
se obrigados a codificar os sinais transmitidos em suas redes.
(a)
427
(b)
Fig.13.11 Conexão de assinantes, (a) Instalação em casas, (b)
Instalação em edifícios.
428
Fig. 13.12 - MMDS no espectro radioelétrico
429
Fig. 13.13. Sistema MMDS.
430
Fig. 13.14 - Diagrama do sistema de MMDS
431
Antes da transmissão, o sinal de vídeo, por determinação da regu-
lamentação aplicável, deve ser codificado. Esta codificação visa preve-
nir que pessoas não autorizadas recebam o sinal da estação, além de
diferenciar o sistema de MMDS das TVs convencionais. A codificação
atua diretamente no sinal de vídeo, podendo ser analógica ou digital.
Em um canal de MMDS analógico, a modulação de vídeo é AM
vestigial (AM-VSB) e a modulação de áudio, FM. Utiliza-se, geralmen-
te, um transmissor para cada canal. .
432
13.5.3 Estações Reforçadoras de Sinal
A recepção do MMDS necessita de linha de visada, ou seja, não
deve haver obstáculos (montanhas, edifícios, árvores etc.) entre as
antenas transmissora e receptora. Na propagação por microondas, o
sinal de RF sofre fortes atenuações em obstáculos. As operações de
MMDS geralmente apresentam, dentro de sua área de prestação de
serviço, regiões de sombra, onde os sinais têm baixos níveis, a ponto
de inviabilizar sua captação com boa qualidade. A Fig.13.17 ilustra
uma situação típica de uma obstrução por relevo causando área de
sombra. Nesses casos, a solução adotada é a utilização de reforçadoras
de sinal, como mostrado na Fig.13.18.
433
13.6 O sistema Direct to Home – DTH
434
de cada satélite. Como em outras tecnologias de TV por assinatura,
o Sistema DTH pode ser decomposto em: headend, plataforma de
transmissão e recepção do assinante, Fig. 13.20.
435
Fig. 13.21 – Headend Digital - DTH
436
filmes, noticiários...) maior a compressão que se pode conseguir, em
virtude do grau de redundância presente na imagem. Tipicamente,
para ter-se um vídeo de boa qualidade é necessário um bitstream de
1,5 a 6 Mbps. Como comparação, um vídeo analógico digitalizado e
sem compressão tem uma taxa de 270 Mbps, ou seja, a compressão
típica conseguida é de 50:1.
O multiplexador é o equipamento que combina um conjunto de
bistreams proveniente dos encoders, em um bitstream único, que será
a seguir modulado. O multiplexador faz também interface entre o bits-
tream e o sistema de acesso condicional (CAS - Conditional Access
System) . Esse último é um software responsável por gerar a informa-
ção que permitirá ao decodificador (STB - set top box) do assinante do
identificar os serviços aos quais tem acesso.
O CAS comunica-se com outro software, o sistema de gerenciamen-
to de assinantes (SMS - Subcriber management system), que controla e
armazena todas as informações relativas à base de assinantes, tais como
pacotes de canais autorizados, eventos de VOD (Video on Demand) ou
NVOD (Near Video on Demand) solicitados, pagamentos e etc.
O modulador digital, transforma o bistream serial do multiplexa-
dor em símbolos e esses em correspondentes variações em uma porta-
dora de freqüência intermediária.
O combinador de canais combina as portadora dos moduladores
digitais e faz a upconversão do sinal até a freqüência de subida do sa-
télite, e por fim, para a sua transmissão, o sinal é amplificado por um
Amplificador de alta Potência -HPA (high power amplifier e enviado
a uma antena parabólica .
437
satélite. O sinal é transladado para uma freqüência específica para o
qual o transponder do satélite foi previamente programado. O satélite
retransmite o sinal de volta à Terra, mas em uma faixa de freqüência
diferente de modo a evitar interferência com o sinal de uplink).
Existem dois tipos de satélites usados para a transmissão de
televisão, o chamado Direct Broadcast Satellite (DBS) e o Fixed Servi-
ce Satellite (FSS). Nos satélite DBS o sinal é transmitido de maneira a
poder ser recebido por qualquer utilizador (broadcasting), desde que
este possua uma antena receptora e tenha subscrito o serviço requeri-
do (no caso de canais pagos). Para isso a potência utilizada neste tipo
de satélites é maior em relação ao FSS, deste modo permite que as
antenas de recepção sejam de menor dimensão, facilitando assim a
sua comercialização e aceitação por parte dos utilizadores finais. Os
satélites DBS operam banda Ku. Os satélites FSS operam na banda
C e na parte inferior da banda Ku. Os satélites FSS podem também
ser usados para serviços direct-to-home, no entanto, devido à potência
emitida neste tipo de satélites (inferior à potência utilizado por satélites
DBS) as antenas de recepção tem de ser de maior dimensão. Outro
aspecto concernente a faixa de freqüência reside nas características
próprias de cada banda. Por exemplo, um sistema que opere na banda
C está fortemente sujeito a interferências por links terrestres. A banda
Ku por sua vez está isenta deste tipo de interferência, entretanto esta
sujeita ao esvaecimento por chuva (rain fade), que pode levar à inope-
rância do sistema. As freqüências de uplink e downlink utilizadas são
mostradas na Tab. 13.4.
Tab. 13.4. Frequências de Downlink (recepção) em DTH
438
O sinal proveniente do satélite, captado pelo assinante, é imedia-
tamente conduzido para um Bloco Conversor de Baixo Ruído –LNB
(Low Noise Block converter). O LNB amplifica e translada o sinal para
freqüências mais baixas e encaminha o sinal para o receptor que realiza
a demodulação e a conversão do sinal digital para o formato analógico
de forma que possam ser vistos em uma TV convencional. Às vezes,
o receptor inclui a capacidade de desembaralhar ou descriptografar; O
receptor é então chamado um Integrated receptor / decodificador ou
IRD. A Fig. 13.22 ilustra o esquema de recepção do DTH.
439
Fig. 13.23 Gerações, transmissão e recepção do sinal no Sistema DTH
440
Em sua essência, o conceito triple play não é algo totalmente
novo. Do ponto de vista da prestação de serviços, há alguns anos, em
países desenvolvidos, operadoras de TV por assinatura já comerciali-
zam um mix de serviços de TV, telefonia e acesso à Internet.
Embora esse serviço possa ser prestado por operadoras tradicio-
nais de telefonia fixa, móvel e de TV por assinatura, fixaremos nossa
análise nas operadoras de TV a cabo, em função de sua plataforma
híbrida de distribuição fibra óptica/cabo coaxial.
A fibra óptica é reconhecidamente o melhor meio para suportar
em uma única conexão todo o tráfego gerado pela convergência dos
serviços de TV, internet e telefonia. Isto é devido a sua alta capacida-
de de banda, baixas perdas e confiabilidade. Como as operadoras de
TV a cabo já contavam com uma de rede de distribuição baseada em
fibras ópticas foi possível a rapida implementação do serviços o triple
- play . A Fig. 13. 25 ilustra um tipo de arquitetura triple - play tendo
como base uma rede de TV a Cabo.
441
Referencias
442