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SÉRIE
TURMA:
AS ORIGENS DE BRASÍLIA
Paulo Tovar
O Centro de Invenção é
responsável pela criação de uma nova
tradição em Brasília, é a casinha onde
habitam as fantásticas figuras do Mito do
Calango Voador, escrito por Tico
Magalhães. Oferece uma fonte de pesquisa
e vivência para o aprofundamento na
construção diária de nossa identidade
local.
O Centro Tradicional de Invenção
Cultural se coloca à disposição como um
espaço de RECRIAÇÃO, divulgando os Os povos indígenas são os mais
antigos habitantes do território que hoje
saberes populares, por meio de mestres e
chamamos de Brasil. São centenas de grupos
mestras e brincantes das inúmeras diferentes entre si, e cada etnia indígena tem
manifestações artísticas do país, sua própria forma de ver o mundo, a política, a
celebrando a riqueza da cultura nacional e vida, a cultura e também a arte. Em 1500,
reelaborando a cultura brasileira. antes dos europeus, especialmente os
Buscando, assim, novos valores, novas portugueses, chegarem ao Brasil, já havia
maneiras de construir saberes, cerca de quatro milhões de pessoas no que se
proporcionando ao indivíduo um outro transformaria no atual território brasileiro.
modo de pensar as relações da sociedade Hoje a população indígena
contemporânea. contabilizada é de cerca de 890 mil pessoas,
................................. representantes de cerca de 305 etnias
indígenas diferentes. Ou seja, temos pelo
menos 305 definições e visões diferentes de
Como podemos observar em mundo.
Brasília, a cultura em que estamos Para a maioria dos povos indígenas a
inseridos e inventando e reinventando é criação artística está em toda parte e em tudo o
uma mistura de muitas expressões que eles se propõem a fazer: desde as pinturas
artísticas de várias partes do mundo e do corporais até a construção de casas, também
Brasil. Contudo é importante notar a objetos, músicas, contos, rituais religiosos e
fundamental influência de duas grandes e muito mais. Para eles, não existe separação
maravilhosas expressões que está presente entre arte e o resto da vida. A arte está em
em toda a parte, revelada ou não, e que nos todos os lugares!
influência a todos o tempo todo. As técnicas artísticas são divididas
entre os homens e mulheres da sociedade e
cada membro da sociedade pode se tornar um
especialista na sua realização. Porém, sempre
1- A cultura dos povos indígenas
há os que se sobressaem, estes são homens aprendem cantos ligados a sua esfera
específica de produtividade.
O pássaro japim é o grande modelo de
artista para os humanos entre os Kaxinawa,
pois além das capacidades de tecelão e cantor,
o japim compartilha com os humanos o hábito
e o conhecimento de viverem em comunidade,
um conhecimento considerado condição para
qualquer outra habilidade.
considerados ‘mestres’.
Assim, entre os Kaxinawa, por
exemplo a mestre na arte da tecelagem é
chamada de ainbu keneya ,‘mulher com
desenho’ ou ainda de txana ibu ainbu, ‘dona
dos japins’, ou seja, liderança ritual feminina
da aldeia, responsável pela organização do
trabalho coletivo do preparo do algodão.
Este mesmo título, ‘dona dos japins’, é
dado às mulheres que lideram o canto
feminino durante a performance ritual. O
japim é um pássaro que tece elaborados ninhos
alongados, pendurados nos galhos das árvores.
Em cantos rituais seu ninho é chamado de
txana disi, ‘rede do japiim' e assim o pássaro
serve de metáfora para indicar a excelência na Para os povos Krahô a arte também
tecelagem. O líder de canto masculino é estará muito ligada a tudo que pensam e fazem
igualmente chamado de txanaibu, ‘dono dos em sua vida cotidiana. E uma coisa que é
japins’. muito importante para o povo Krahô é que
todos estejam em harmonia, equilíbrio e em
busca da felicidade. Assim, eles terão muitas
festas para aprender, confraternizar e
comemorar.
Existe entre os Krahô uma figura
muito importante e sagrada, o Hotxuá. O
Hotxuá é uma espécie de palhaço sagrado. Isso
porque se o riso é sagrado para o povo Krahô,
aquele que é responsável por provocar o riso,
também é sagrado.
O Hotxuá é responsável pelo bem-
estar e equilíbrio de toda a aldeia, por isso,
durante o dia ele faz várias cenas e brinca com
todos da aldeia. Se algum conflito acontece ele
é chamado para ajudar e fazer a tensão da
O japim, além de ser um pássaro situação se dissolver a partir de seus
tecelão, é também aquele que imita o maior ensinamentos.
número de cantos de outros pássaros e Embora tenhamos muitas pessoas
animais. Assim, as mulheres aprendem cantos indígenas que vivem com seus povos em
que as ajudam a aprender a tecer com desenho, aldeias e áreas indígenas demarcadas, muitas
e também a desenvolver outras atividades populações indígenas viveram o processo de
produtivas da vida em comunidade, enquanto desterritorialização, quer dizer, foram
afastados de algum modo de suas práticas
telúricas originais, e foram obrigadas a sair de
suas terras e procurar formas de sobreviver na
cidade. Essas são as pessoas indígenas em
meio urbano, porém que não perdem contato
com sua tradição, e também não deixam de ser
indígenas.
Atualmente muitos representantes dos
povos indígenas entraram em centros de
formação, universidades e ocupam cargos
políticos, governamentais e muitos também
são artistas como Juão Nyn, ator e escritor da
etnia Potyguara, Jaider Esbell, pintor e
desenhista Macuxi.
Grace Passô