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Introdução
A tecnologia de produção de aços surgiu em meados do século 19, na Inglater-
ra e França, com a concepção dos processos Bessemer e Siemens-Martin. Os
aços têm amplas na sociedade moderna: construção civil, ferrovias, indústrias
bélica, naval e automobilística; petrolífera, petroquímica; máquinas pesadas,
redes elétricas, eletrodomésticos, ferramentas diversas, protetores de autopis-
tas, cabos para usos diversos, embalagens e recipientes; esculturas; entre ou-
tros, Figura 1.
Em uma usina siderúrgica integrada, o gusa líquido dos altos-fornos e/ou o fer-
ro esponja dos processos de redução direta são matérias-primas essenciais dos
processos de aciaria a oxigênio ou elétrica, Figura 2. A função da operação de
refino primário do aço consiste em reduzir as concentrações destes solutos,
especialmente a do carbono.
A aciaria a oxigênio e/ou elétrica, Figura 11, preparam o aço líquido para as
etapas de refino secundário, particularmente, pelo ajuste e estreitamento das
composições em busca da especificação do produto final almejado estabelecida
pelos clientes ou usuários.
Após a etapa de refino primário do aço líquido, este é transferido para estação
de refino secundário, onde a composição e temperatura são ajustadas adequa-
Entre 1949 e 1950, sopro de oxigênio sobre a superfície do banho metálico por
meio de lança de topo.
Outra tentativa de utilização do oxigênio gasoso pode ser retratada pelo pro-
cesso Kaldo, de origem sueca. A Figura 16 é uma representação esquemática
do convertedor ou reator Kaldo, o qual apresenta as seguintes diferenças em
relação do processo LD:
gás natural é borbulhado pelo fundo e pelo topo pode soprar argônio, nitrogê-
nio ou oxigênio.
netos, oxigênio e gás inerte são co-insuflados pelo fundo do reator. Já no pro-
cesso KMS, o oxigênio é soprado por meio de lança de topo; enquanto que,
pelo fundo do reator, procede-se a co-injeção de oxigênio (ou ar comprimido),
gás inerte, gases oxidantes, e finos de coque (ou carvão vegetal) e hidrocar-
bonetos.
Nos convertedores com borbulhamento de oxigênio pelo fundo, Figura 28, utili-
za-se uma série de ventaneiras concêntricas, onde o oxigênio é borbulhado de
4.0 a 4.5Nm3/min, o que melhora a dissolução da cal e com isto a formação de
escória. As ventaneiras são tubos anulares concêntricos com injeção de oxigê-
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nio no tubo anular interno e gás natural (metano) ou propano através do tubo
anular externo,o qual é empregado como agente refrigerante do banho metáli-
co.
A Figura 35 mostra que no ano 2000, o processo SM foi responsável pela pro-
dução mundial de 40 milhões de toneladas de aço primário. E que a produção
de aço bruto e no convertedor do tipo LD continuam crescentes, mas com pre-
dominância de deste último.
Durante a etapa de adição dos fundentes cal calcítica e cal dolomítica para
formação de escória, fluorita para fluidificação de escórias grossas, minério de
ferro e briquete de lama do sistema de despoeiramento para resfriamento,
carbeto de silício para compensar balanço térmico negativo, dunito para com-
pensar baixo teor de silício do gusa com balanço térmico positivo e calcário do-
lomítico para resfriamento após o sopro e ajuste de escória para “slag coating”
ou “slag splashing”, Figura 45. É de interesse cinético e termodinâmico que
adição dos fundentes seja encetada logo após o início do sopro de oxigênio,
condição em que escória SiO2-FeO começa a formar-se. As partículas destes
componentes da carga podem ser arrastadas pelo fluxo gasoso e colidirem
contra o revestimento refratário do cone e da boca do convertedor. Os fenô-
menos de projeções de aço e escória líquidos, em conjunção com a projeção de
partículas finas dos fundentes, são responsáveis pela formação e crescimento
de cascões na porção superior do reator metalúrgico. A diminuição da taxa de
arraste das partículas dos fundentes pelo fluxo gasoso ascendente pode ser
alcançada com adição gradual destes agentes ao longo do período de sopro de
oxigênio.
O2(g) = 2[O]
(FeO) = Fe + [O]
(Fe2O3) = 2(FeO) + [O]
[Si] + O2 SiO2
[C] + ½ O2 CO
[C] + O2 CO2
2[P] + 5/2O2(g) (P2O5)
2[Mn] + O2 2MnO
2 [Fe] + O2 2FeO
2[Fe] + 3/2O2(g) = (Fe2O3)
2(FeO) + CO2(g) = (Fe2O3) + CO(g)
CaO(s) (CaO)
MgO(s) (MgO)
As taxas das reações de oxidação dos solutos do aço – silício, fósforo, carbono,
manganês – estão diretamente associadas à concentração de FeO na escória,
Figura 51 e à fração de oxigênio na emulsão metal-escória-gás. Nos instantes
iniciais do sopro de oxigênio, devido a maior distância da lança á superfície do
banho metálico, a taxa de geração de FeO é alta. Por outro lado, quando a dis-
tância lança- banho é baixa, as taxas de oxidação das impurezas pelo FeO na
escória são limitadas(diminuição do FeO na emulsão), enquanto que a de for-
mação de monóxido de carbono é alta. No entanto, quando da menor concen-
tração de carbono no aço, estágio final de descarburação, ocorre a oxidação
preferencial do FeO.
BAKER et alli. (1998) reportam que a prática de injeção de gás inerte pelo fun-
do do convertedor melhora as condições de misturamento. Tipicamente, a pro-
porção de gás inerte injetado varia de 40 a 20%; enquanto que a de sopro de
oxigênio varia de 60% a 80% do gás soprado. A rápida evolução de Co, nos
instantes iniciais do sopro de oxigênio previne a dissolução de nitrogênio. Al-
gumas vantagens da prática de borbulhamento de gás inerte – nitrogênio ou
argônio são:
Diminuição do teor de FeO na escória e com isto redução das perdas me-
tálicas e diminuição do desgaste do revestimento refratário na linha de
escória;
Diminuição do teor de oxigênio no banho metálico e, portanto, diminui-
ção do consumo de alumínio como desoxidante na panela de refino se-
cundário;
Aumento do teor de manganês no banho metálico, o que resulta na re-
dução do consumo de ferros-ligas;
Melhoria da eficiência de dessulfuração devido ao aumento da densidade
de energia de agitação do aço líquido;
No caso da desfosforação, embora a agitação causa melhoria nos proces-
sos de transferência de massa, o decréscimo do teor de oxigênio no ba-
nho metálico ou de FeO na escória decresce a partíção de fósforo entre a
escória e o aço líquido.
dade de escória é mínima, as gotas projetadas pelo fluxo gasoso são majorita-
riamente de aço líquido. Contudo, à medida que as reações de oxidação ocor-
rem, o volume de escória é aumentado, de modo que a proporção de gotas de
escória projetadas aumenta-se.
SZEKELY (1995) reporta que, durante o ferino primário do aço líquido no con-
vertedor, são desprendidas e ejetadas do banho metálico em altas temperatu-
ras, num ambiente fortemente oxidante. Estes particulados são arrastados pa-
ra o sistema de exaustão de gases onde formam os pós e lamas de aciaria
provenientes dos sistemas de despoeiramento dos convertedores, Tabela 5. A
geração deste resíduo pode variar entre 4 kg e 31 kg por tonelada de aço pro-
duzido, com média aproximada de 18 kg por tonelada de aço. MACIEL et al
(2006), reportam que a lama fina de aciaria é composta predominantemente
por ferro, 74,03%. Deste percentual, 60,37% corresponde aos óxidos de ferro
nas fases com estruturas cristalinas de wustita e magnetita. O restante está
associado ao ferro metálico. O CaO presente no resíduo é proveniente do cal-
cário calcítico adicionado nos convertedores do ferro gusa em aço. O pequeno
teor de MgO está associado ao agente dessulfurante também utilizado no pro-
cesso siderúrgico, o qual também contribui com CaO. Já o teor de SiO 2 pode
ser proveniente da oxidação do silício presente no ferro gusa ou da escória
composta basicamente de silicatos de cálcio. Por sua vez, o teor de ZnO está
associado à utilização de sucata galvanizada nas cargas das panelas de con-
versão.
A habilidade desoxidante de metais puros, tais como: alumínio, silício, são di-
tadas pela sua afinidade pelo oxigênio á temperatura e pressão de trabalho. A
Figura 68 mostra as estabilidades relativas entre óxidos em função da tempe-
ratura e da pressão parcial de oxigênio, indicando potenciais agentes desoxi-
dantes do aço líquido.
Fe + Al → Fe + A2O3.
FeO + Fe-Si → Fe + SiO2.
FeO + Fe-Mn → Fe + MnO.
No convertedor com sopro de oxigênio por meio de lança de topo, o fluxo ga-
soso exibe um comportamento supersônico, isto, valores de Mach >1, com is-
to, o jato de oxigênio consegue perfurar a camada de escória e impingir sobre
a superfície do aço líquido e garantir a ocorrência das reações de refino do aço.
Atualmente, a maioria dos convertedores operam com lança de sopro dotadas
de cinco furos, inclinados de 12º em relação ao eixo da lança e vazões de oxi-
gênio de 540 a 900Nm3/min, no caso de convertedores com 230 a 300 tonela-
das de aço. A Figura 78 ilustra características geométricas e estruturais e tam-
bém o comportamento do fluxo de oxigênio na ponta da lança de sopro em
termos do adimensional de Mach.
-
Figura 83 - Comportamento do sopro de oxigênio em função do adimensional
de Mach (KORIA, 1988)
L O 0,54d1reator
,04
5
n d2o p O
FO 1,414x10 m3 / min
TO
4
Figura 85 - Profundidade da cavidade gerada pelo impingimento do jato de o-
xigênio sobre a superfície do aço líquido em ausência de escória (DEO & BO-
OM,
Considerando-se o tamanho médio das gotas de aço, dgota de aço , estes autores
reportam que a velocidade média de decantação das gotas de aço é expressa
como:
dois fluxos gasosos – fundo e topo – forma plumas de argônio e zonas de im-
pactos dos jatos de oxigênio, que causam a dispersão da escória e do aço lí-
quido, alem de induzir a oscilação errática da interface metal-escória. Este mo-
vimento de oscilação da interface metal-escória torna os processos de espu-
mação e emulsificação metalurgicamente mais eficientes. Com isto, os proces-
sos de transferência de massa e de calor, incentivando as reações de refino do
aço líquido na interface metal-escória, escória-gás e metal-gás.
DOGAN et alli. (2008) mostram que a tensão superficial do aço líquido e o nú-
mero de sopro alteram ao longo do tratamento de refino primário do aço líqui-
do no convertedor, Figura 100. Mudanças na tensão modificam o comporta-
mento físico e termoquímico da emulsão, logo sobre a eficiência metalúrgica
do processo de refino primário do aço líquido.
A Figura 102 mostra que o adimensional de sopro varia com o tempo de sopro
e com a variação da tensão superficial. No entanto, as curvas de variação do
adimensional de sopro com o tempo de sopro para tensão superficial constante
ou variável apresentam o mesmo formato e pouco distanciadas uma da outra.
DOGAN et alli.(2008) reportam que a tensão superficial decresce com o au-
mento da concentração de oxigênio e aumento da temperatura do aço líquido.
Da mesma forma, a diminuição da tensão superficial do aço redunda em au-
mento da taxa de geração de gotas na emulsão metal-escória-gás. Mas estes
autores reportam que a taxa de emulsificação depende majoritariamente das
condições de sopro de oxigênio e, não das propriedades físicas
Figura 119 - Esquema do processo ZSP (Zero slag process), usina de Fukuya-
ma da NKK, Japão
As taxas das diversas reações de refino neste tipo de reator metalúrgico são
ditadas pelos potenciais de oxigênio nas interfaces ou sítios de reação. E, por-
tanto, funções da intensidade de emulsificação metal-escória-gás; distribuição
de tamanhos das gotas de escória, aço e bolhas; nível de agitação no aço lí-
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A região no entorno do corpo da lança de sopro, Figura 122, tende a ser ocu-
pada por um canal ou camisa de gases – CO, CO2-O2 - sob condições de altas
temperaturas. A depender da altura da emulsão metal-escória-gás, a estatura
desta camisa de gases pode ser alterada e, por, pode-se inferir sobre a possi-
bilidade de ocorrência de um gradiente de concentração destes gases e de po-
tencial químico dos mesmos.
(FeO) = Fe + [O]
Fe (% Fe 2 ] O3 (%O 2 ]
3 3
a 3Fe2 aO3 2 3
2 2
K1
a 2FeO 1 a 2FeO 1
2 2
A absorção química de oxigênio pela escória pode ser expressa pela reação:
1/2O2(g) = (O2-) - 2e
2(Fe2+) = 2(Fe3+) + 2e
Fe 3
mento da basicidade da escória decresce a relação . Mesmo efeito é obti-
Fe 2
do como aumento das concentrações de SiO2, Al2O3, TiO2 na escória.
½ O2(g) = [O]
aFeO = [%O]/[%O]sat
a SiO2
K
h Si p O2
ou
γ SiO2 (%SiO 2 )
[%Si]
f Si K p O2
Reação na interface metal-escória: gotas de escória e metal na emulsão, no
fundo do reator:
[Si] + 2 (FeO) = (SiO2) + 2 Fe
e a constante de equilíbrio é:
a SiO2
K
h Si a 2FeO
Ou
γ SiO2 (%SiO 2 )
[%Si]
f Si K γ 2FeO (%FeO)2
A CaO da escória propicia a estabilização do SiO2 na escória, conforme a rea-
ção química:
[Si] + (FeO) + 3(CaO) = (3CaO.SiO2) + Fe
ΔGO ?? ??? T
Para esta reação, a constante de equilíbrio vale
a 2FeO hSi
K
a SiO2
Estas reações de redução da sílica da escória ocorrem com absorção de calor,
sendo, portanto, favorecidas por condições de altas temperaturas. A atividade
da sílica na escória pode ser estimada por meio de diagramas ternários ou
pseudoternários como mostrado na Figura 134.
Figura 135 - Refino de aço com alto teor de silício com dupla escória (WANG et
alli. 2010)
Figura 136 – Trajetória de dessiliciação do aço líquido com alto teor de silício
no convertedor a oxigênio WANG et alli. 2010)
O2(g) 2[O]
De acordo com KOMAROV & YAKOLEV (1984), a presença de gotas do aço lí-
quido na emulsão contribui substancialmente no processo de descarburação,
Figura 139, particularmente em virtude do aumento exacerbado da área da
interface de reação gota de aço-escória e gota de aço-gás. A eficiência de des-
carburação do aço líquido é ditada pelas contribuições das reações de descar-
buração na interface das gotas do aço líquido dispersas na emulsão metal-
escória-gás e nos sítios de reação na interface refratário-aço líquido, bolha-aço
líquido, aço líquido-inclusões não-metálicas.
Figura 141 – Taxas de geração de CO; absorção de oxigênio pelo aço líquido;
redução do FeO; concentrações médias de carbono, oxigênio, pressão de CO e
raio crítico médio das bolhas.(SUN, 2011)
A Figura 143 mostra que o tamanho crítico e a barreira de energia para nucle-
ação de bolhas de Co, durante a etapa de descarburação, são menores quando
a intervenção de substratos ou interfaces (nucleação heterogênea) comparati-
vamente com aqueles relativos à germinação das bolhas no seio do aço líqui-
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Onde
p CO 2 p CO 2 8718
K 4,762
hC PCO fC [%C] p CO T
ΔGO ?? ??? T
De modo que a constante de equilíbrio da reação é:
p CO 2
K
h C h O2
O aumento das atividades do carbono e especialmente a do oxigênio no aço
incorre em aumento da taxa de descarburação.
hC p O2
No terceiro estágio
d[%C]
dt
k 3 [%C] [%C]eq
A segunda etapa de descarburação do aço líquido é a mais importante entre os
três estágios daquela. A Figura 151 mostra que a curva de suprimento de oxi-
gênio acompanha a curva da taxa de descarburação, o que torna esta última
factível de ocorrência devido ao aumento da concentração de oxigênio dissolvi-
do no banho metálico.
A Figura 155 mostra que o aumento da vazão do gás inerte pelo fundo do con-
vertedor de sopro combinado causa aumento da taxa de descarburação por
causa do aumento dos coeficientes de transferência de massa de carbono e
oxigênio até as interfaces ou sítios de reação. Contudo, este efeito não se a-
presenta pronunciável. Logo, torna-se importante otimizar a vazão de borbu-
lhamento de gás inerte com o intuito de acelerar a reação de descarburação
mas também minimizar os consumo de gás inerte.
Figura 155 - Efeito do aumento da vazão de gás inerte sobre a taxa de descar-
buração do aço no convertedor de sopro combinado (EK, 2012)
ção do aço for maior for superior aquela para o controle do perfil de tempera-
tura no reator, então adições de agentes refrigerantes tornam-se necessárias
para o abaixamento da temperatura. O aumento da altura da lança de sopro,
juntamente com a adição de refrigerante, também contribui para a diminuição
da temperatura, o que favorece o prosseguimento do processo de descarbura-
ção, nos instantes finais de refino.
Figura 166 – Influência da vazão de gás inerte sobre o teor do ferro na escória
do convertedor LD-KGC da Kawasaki (KISHIMOTO,1990).
2[O] O2(g)
G 28000 0,69T RT ln Q
Figura 168 - Efeito da pós agitação sobre o teor oxigênio no aço líquido (CAR-
DOSO FILHO et alli. 2010)
Figura 169 - Efeito da pós agitação sobre o teor oxigênio no aço líquido (CAR-
DOSO FILHO et alli. 2010)
As Figuras 170 e 171 mostram que, mesmo para baixas vazões de argônio i-
gual a 0,06Nm3/min.tonelada de aço, o aumento do tempo de pós-agitação do
aço líquido no convertedor a oxigênio decresce o nível de oxigênio no banho
metálico. Como benefício metalúrgico desta prática de pós-borbulhamento de
gás inerte pode ser destacada diminuição do consumo específico de desoxidan-
te. Contudo, FENG et alli.(2010) reportam que a a eficiência de desoxidação do
aço, durante o pós-agitação, no estágio anterior é maior do que no estágio
posterior, onde a duração da etapa de pós-agitação do banho deve ser maior.
Desde que o manganês e o ferro líquido formem solução ideal, pode-se escre-
ver que o coeficiente de atividade do manganês f Mn 1 , com isto, a constante
de equilíbrio K10, resume-se a:
a MnO
K
[%Mn] a FeO
Ou
a MnO
[%Mn]
K a FeO
A equação precedente aponta que a concentração de manganês dissolvido no
banho metálico é dependente da temperatura e das atividades do MnO e FeO
na escória. Ao final da operação de refino, a concentração de Mn no aço é dita-
da pelo FeO na escória, a qual estabelece o potencial de oxigênio no banho
metálico, Figura 174. Maiores concentrações de FeO na escória implicam em
maiores atividades do oxigênio no aço, e por isso, maiores concentrações de
MnO na escória ou em menores concentrações de Mn no aço.
h Mn p CO 13.182
K 0,574
h C a MnO T
onde
[%Mn] f C [%C] MnO
K
[% MnO ] f Mn p CO
Esta equação mostra que a partição de manganês entre o aço líquido e a escó-
ria, a uma dada temperatura, é proporcional à concentração de carbono no a-
ço. No período final de sopro, com a redução do teor de carbono e conseqüen-
temente da velocidade de descarburação, Figura 183, o potencial de oxigênio
no banho e na escória elevam-se causando significativa oxidação do manganês
pelo FeO da escória.
a 2P2/O5 5 a 2P2/O5 5
K
h 4/5
P p O2 f P4/5 [%P]4/5 p O2
O coeficiente de atividade do fósforo no aço líquido pode ser expresso como:
n
logf P e i
i
P [%i]
aP2/5
2O5
aP2/5
2O5
K
hP4/5 h2O fP4/5 fO2 [%P]4/5 [%O]2
Onde X PO3- e X O2- são as frações do ânion fosfato e de oxigênio na escória, res-
4
O CaO da escória atua como agente de fixação de íons fosfato na escória, im-
pedindo a reversão do fósforo ao banho ao término da etapa de sopro de oxi-
gênio. De modo que a reação de formação do fosfato tricálcico sé expressa
como:
Figura 186 – Sopro conjunto de CaO + oxigênio gasoso via lança de topo no
convertedor combinado, usina de Kashima Steel, Japão,
A Figura 188 mostra que para o ajuste da concentração final do fósforo depen-
de do teor residual de silício no aço líquido, no convertedor, o que pode envol-
ver a formação de uma ou duas escórias.
a (FeO) x (P2O5 )y
K
a xFeO a yP2O5
O FeS incorporado à escória pode reagir com CaO da escória, segundo reação:
aCaS hO
K
hS aCaO
(%S)
1,42B 0,13(%FeO) 0,89
[%S]
KULDRIN (1985), BODSWORTH & BELL (1962) ressaltam que o ambiente oxi-
dante característico do convertedor LD dificulta que baixos valores da atividade
(%S)
do FeO na escória sejam alcançados, de modo que 10 , Figura 198(a).
[%S]
Da mesma forma, a evolução do processo de dessiliciação e/ou desfosforação
causa diminuição na capacidade sulfídica temporal da escória envolvida, Figura
198(b). O efeito do aumento de (%SiO2) + 0,84(%P2O5) decresce a partição
de enxofre entre o aço líquido e a escória tanto no convertedor LD convencio-
nal como no Q-BOP. Nota-se que a capacidade sulfídica é menor para o pro-
cesso LD convencional em comparação com o processo Q-BOP. O aumento rá-
pido do potencial de oxigênio no aço líquido, ao final da operação de refino,
produz a reversão do enxofre da escória para o banho metálico. Esta reversão
do enxofre pode ser evitada com a remoção da escória, de modo a manter bai-
xo potencial de oxigênio no banho metálico.
Assim na prática industrial, estas condições podem ser alcançadas com a adi-
ção de partículas de CaO ou de CaCO3 e retirada da escória gerada em trata-
mento anterior. Contudo, a melhor maneira de reduzir o enxofre no converte-
dor seria utilizar carga metálica no início do sopro com menores teores de en-
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p CO2
α p CO2
p CO PCO2
Figura 204 – Método de combinado para projeção de escória com vista no re-
cobrimento da superfície interna do revestimento refratário do convertedor a
oxigênio (http://www.bsiet.com/en/business_032.html)
A Figura 206 quer mostrar que parte da escória projetada permanece aderida à
superfície do revestimento refratário e parte retorna à fase de escória no fundo
do reator. A aderência das gotas de escória sobre a parede do revestimento
refratário depende da viscosidade e tensão superficial da escória, velocidade e
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