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O Milênio Apocalíptico

Autor: José Ildo Swartele de Mello

Introdução
Veremos agora uma interpretação de Apocalipse 20 de acordo com as regras da hermenêutica e à
luz do conceito geral das Escrituras a respeito do tema.

Primeiramente devemos levar em conta o estilo literário, pois a literatura apocalíptica é repleta de
figuras de linguagem que servem como representações simbólicas daquilo que se quer ensinar. Não
é sábio ignorar a natureza do livro e passar a interpretar tudo de maneira literal. Uma interpretação
literal de Apocalipse levou o fundador das Testemunhas de Jeová a conclusão de que apenas
144.000 pessoas seriam salvas e iriam para o céu.

A pergunta chave para a hermenêutica do Apocalipse não é: "O que é?", mas, sim, "O que
significa?". Por exemplo: O que significam as dezenas de referências numéricas, tais como, 7, 24,
666, 144.000 e 1.000? Nem mesmo os mais literalistas pré-milenistas interpretam literalmente
coisas como o número da Besta, A Besta do Mar com sete cabeças e dez chifres (Ap 13), Os
Gafanhotos do Abismo (Ap 9) e cavalos (Ap 9).

Outra regra hermenêutica é que as Escrituras interpretam as próprias Escrituras. Um texto claro
lança luz sobre um texto mais obscuro. No caso em questão, por se tratar do tema do Reino de Deus,
temos uma vasta gama de textos bíblicos que discorrem a respeito do assunto. Aliás, Jesus falou
mais sobre o Reino de Deus do que sobre qualquer outro assunto. E é interessante notar também que
Jesus jamais tenha feito menção a um reinado milenar na Terra após Sua Segunda Vinda. O mais
plausível é que a visão registrada no Capítulo 20 de Apocalipse seja um retrato do ensino claro de
Cristo registrado em todos os Evangelhos e não algo contraditório.

É muito importante também levar em consideração o contexto em que o Livro foi escrito. Tudo
indica que o Livro de Apocalipse tenha sido escrito por volta do ano 95, época em que a Igreja
padecia uma horrenda perseguição por parte do Imperador Domiciano. O número de mártires se
multiplicava a cada dia. O livro foi escrito em um momento de muita dor e sofrimento para
confortar e animar o coração dos crentes. Há várias menções aos mártires, que são vistos como
estando ao lado de Cristo, sendo consolados por Ele, cantando um cântico de vitória, recebendo
coroas e reinando com Cristo. Eles não são uns mortos e derrotados. "Em todas estas coisas eles são
mais do que vencedores!" Eles vivem e reinam com Cristo!

Precisamos também notar que o Livro de Apocalipse não é uma narrativa cronológica dos fatos.
Antes, trata-se de uma série de visões entrelaçadas ou justapostas, como retratos de uma mesma
história tirados de diversos ângulos diferentes de maneira a enriquecer a visão como um todo.

O livro está dividido em sete seções paralelas e progressivas. O Apóstolo João, autor do Apocalipse,
também escreveu o Evangelho de João e lá também fez uso do número sete para destacar certas
verdades, no caso, para defender a divindade de Jesus, pois o Evangelho registra sete milagres de
Cristo e também sete vezes a expressão "Eu Sou". Então, Apocalipse, segue esta mesma linha,
possuindo sete seções. Sendo que cada seção compreende o período que vai da primeira à segunda
vinda. Cada nova seção é mais clara em seu retrato do fim até chegarmos ao clímax! Primeira
Seção (1-3) - Os sete candeeiros; Segunda Seção (4-7) - Os sete selos; Terceira Seção (8-11) - As
sete trombetas; Quarta Seção (12-14) - A trindade maligna; Quinta Seção (15-16) -As sete taças;
Sexta Seção (17-19) - A derrota dos agentes do Dragão; e a Sétima Seção (20-22), que mostra o
Reinado de Cristo com as almas do santos no céu e não em um milênio na terra depois da segunda
vinda.

Embora o capítulo 19 descreva a Segunda Vinda de Cristo, ele termina com uma descrição viva do
juízo final. Os eventos descritos no Capítulo 20 não seguem os do capítulo 19 em ordem
cronológica, assim como também a descrição do nascimento de Jesus que encontramos no capítulo
12, de maneira alguma segue cronologicamente os eventos do juízo registrados no capítulo 11.

Portanto, assim como o capítulo 11 termina com uma descrição do Juízo Final e o capítulo 12
recomeça contando a história a partir do nascimento de Cristo, assim também, acontece com os
capítulos 19 e 20. Pois, o capítulo 20 começa descrevendo os eventos que marcaram a primeira
vinda. Porque foi por ocasião da Primeira Vinda de Cristo que aconteceu o aprisionamento de
Satanás (Mt 12.27-29; Jo 1.5; Mt 16.18; Mt 28.18) e seu lançamento no abismo (Lc 10.18; 2Pe 2.4 e
Jd 6).

Jesus já iniciou o seu reinado ainda que isto não esteja visível para todos conforme bem expressa o
autor de Hebreus quando diz: "o coroaste de glória e de honra; tudo sujeitaste debaixo dos seus pés.
Ao lhe sujeitar todas as coisas, nada deixou que não lhe estivesse sujeito. Agora, porém, ainda não
vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas." São duas afirmações paradoxais, pois
primeiramente afirma de maneira categórica que todas as coisas estão sob o domínio de Cristo e, a
seguir, confessa que não é possível ainda ver isto em termos concretos. Mas, uma coisa não nega a
outra, pois o reinado de Cristo é espiritual e também está em processo de expansão. Ainda que o
autor de Hebreus não consiga enxergar todas as coisas sob o domínio de Cristo, ele não nega o fato
de que Cristo já reina na era presente como o fazem os pré-milenistas. Isto tem a ver com o
caráter híbrido do Reino de Deus na era presente que é descrito por Jesus em termos de trigo
misturado com joio (Mt 13). E também tem a ver com o caráter progressivo e paulatino da expansão
deste Reino como bem descrito na Parábola do Grão de Mostarda (Mt 13) e na revelação do Reino
de Cristo registrada em Daniel 2.35.

A Primeira Vinda de Cristo amarrou Satanás


Começaremos, portanto, analisando os primeiros três versículos, que contam que o Dragão, Satanás,
foi preso em correntes e lançado no abismo com o propósito de não mais enganar as nações. Jesus
mesmo já havia dito que o ato de expulsar demônios pelo Espírito de Deus era um sinal claro de que
já era chegado o Reino dos Céus, pois o “valente”, uma clara referência a Satanás, havia sido
primeiramente amarrado, no sentido de não poder mais impedir que sua casa fosse saqueada (Mt
12.22-29).

É interessante notar que o mesmo termo utilizado em Mateus 12 para descrever o aprisionamento do
homem valente é utilizado também em Apocalipse 20 para descrever o aprisionamento de Satanás,
o termo grego dhshi. Este aprisionamento de Satanás deve ser entendido em termos da restrição de
seu poder, no sentido de não poder continuar enganando as nações como vinha fazendo até a
primeira vinda de Cristo (Ap 20.3). Agora, uma vez amarrado, não pode impedir o avançar de
Cristo e de sua Igreja, de modo, que as portas do inferno não prevaleceram contra a Igreja (Mt
16.18; 24.14; 28.18s; Mc 13.10, At 1.8). Sabemos que Jesus veio ao Mundo para desfazer as obras do
diabo (1Jo 3.8).
Jesus deixou claro que sua tarefa messiânica incluía mais do que evangelização, por envolver
também a libertação dos cativos e oprimidos, com restauração da saúde e da justiça: “O Espírito do
Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar
libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e
apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.18-19).

A Igreja, que é o Corpo de Cristo, segue na mesma missão sem poder ser definitivamente impedida
pelas forças do inferno, pois sabemos que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt
16.18b) e João disse: “a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela” (Jo 1.5).
Pois Jesus é o Rei e, como tal, tem todo poder no Céu e na Terra (Mt 28.18).

Existe um outro texto que, a semelhança de Mateus 12.28s, também está num contexto de expulsão
de demônios, trata-se de Lucas 10.17-24, que descreve a alegria que os discípulos estavam
experimentando por serem capazes de exercer autoridade sobre os demônios. E é interessante notar
que aqui também Jesus menciona algo sobre a derrota e a perda de poder de Satanás, mas só que,
em vez de dizer que Satanás está preso ou amarrado, ele o descreve como que caindo do céu, um
sinal evidente de que seu poderio havia sido tremendamente abalado. E, para confirmar esta idéia,
no v. 22, Jesus declara que tudo lhe foi entregue pelo Pai.

João 12.31, 32 é outro texto que mostra como a queda e o aprisionamento de Satanás estão
diretamente associados à atividade missionária de Jesus e seus discípulos, pois a expulsão de
Satanás está associada com o fato de que não somente judeus, mas também gentios de todas as
nações estarem sendo atraídos a Cristo. O texto diz: "Chegou a hora de ser julgado este mundo;
agora será expulso o príncipe deste mundo. Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a
mim"! Jesus não disse que tal expulsão de Satanás se daria após a sua Segunda Vinda, pelo
contrário, ele é enfático no uso do adverbio "agora", ou seja, por ocasião da sua primeira vinda.

A Bíblia diz que Satanás recebeu um golpe mortal com a primeira vinda de Cristo (Gn 3.15 e Cl
215). A igreja cumpre sua missão na autoridade daquele que tem todo o poder no céu e na terra (Mt
28.18)! Por esta razão é que as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18). A igreja
será bem sucedida no cumprimento de sua missão de testemunhar do Evangelho a todas as nações
antes do fim (Mc 13), pois nos céus haverá uma multidão incontável de salvos de todos os povos,
línguas e nações (Ap 6 e 7), de modo que "a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as
águas cobrem o mar"(Is 11.9).

Para reforçar ainda mais esta interpretação, temos textos como 2 Pedro 2.4, que falam dos demônios
como já tendo sido lançados no abismo: “Ora, se Deus não poupou anjos quando pecaram, antes,
precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo” e Judas 6 fala
dos demônios como já tendo sido presos e algemados sob trevas: “e a anjos, os que não guardaram o
seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele tem guardado sob trevas, em
algemas eternas, para o juízo do grande Dia”. Repare que é a mesma linguagem de Apocalipse 20 e
trata da questão como algo passado e não futuro.

Notar também que o próprio livro do Apocalipse fala deste abismo em outros capítulos: “Ela abriu o
poço do abismo, e subiu fumaça do poço como fumaça de grande fornalha, e, com a fumaceira saída
do poço, escureceu-se o sol e o ar” (Ap 9:2)... “e tinham sobre eles, como seu rei, o anjo do abismo,
cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom” (Ap 9:11)... “Quando tiverem, então,
concluído o testemunho que devem dar, a besta que surge do abismo pelejará contra elas, e as
vencerá, e matará” (Ap 11:7)... “A besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e
caminha para a destruição. E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no
Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas
aparecerá” (Ap 17.8). Note que é dito que a Besta surge do Abismo para pelejar contra os santos, o
que concorda com Ap 20.3 que diz que é necessário que seja solto do Abismo por pouco tempo
(Compare com Ap 12.12, que fala da última investida de Satanás, tendo consciência de que pouco
tempo lhe resta). E os próprios pré-milenistas reconhecem que a manifestação da Besta se dará na
era presente, ou seja, antes da Segunda Vinda de Cristo.

Portanto, o ensino do Novo Testamento é que Jesus amarrou a Satanás e inaugurou o seu reino em
sua primeira vinda. Agora, como disse Paulo: "é necessário que ele reine até que todos os seus
inimigos sejam postos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte" (1Co
15.25,26). Sendo assim, este período de reinado de Cristo mencionado por Paulo só pode ser na era
presente, pois sabemos que é por ocasião da Segunda Vinda de Cristo que a morte será destruída,
como Paulo complementa no versículo 54 deste mesmo capítulo: "Quando, porém, o que é
corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a
palavra que está escrita: "A morte foi destruída pela vitória"! Se a morte é destruída na Segunda
Vinda de Cristo, como dizem os pré-milenistas que haverá morte no milênio que segundo eles
acontecerá após a Segunda Vinda de Cristo?

A Natureza do Reino de Deus


Já, quanto aos "mil anos", o número é simbólico, como tantos outros no Apocalipse, (“7”, “24”,
“666”, 144.000”, etc), e significa um longo, suficiente, e completo período de tempo em que se dará
o Reino terrestre de Cristo, que entendemos se tratar do período que vai de sua primeira vinda até a
sua Segunda Vinda.

Pois, além de tudo que foi dito anteriormente, temos também a maravilhosa revelação de Daniel
2.44 que indica claramente que o reinado messiânico e eterno do Messias teria início na época do
Império Romano. A interpretação do sonho indica quatro grandes reinos, a saber: 1) a cabeça de
outro = império babilônico, 2) o peito e o braço = império medo-persa, 3) o ventre e os quadris = o
império grego e 4) as pernas e os pés = império Romano. O texto diz: "Na época desses reis, o Deus
dos céus estabelecerá um reino que jamais será destruído e que nunca será dominado por nenhum
outro povo. Destruirá todos os reinos daqueles reis e os exterminará, mas esse reino durará para
sempre"(Dn 2.44). Observe também a descrição da "Pedra": "Enquanto estavas observando, uma
pedra soltou-se, sem auxílio de mãos, atingiu a estátua nos pés de ferro e de barro e os
esmigalhou. Então o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro foram despedaçados, viraram pó,
como o pó da debulha do trigo na eira durante o verão. O vento os levou sem deixar vestígio. Mas a
pedra que atingiu a estátua tornou-se uma montanha e encheu a terra toda" (Dn 2.34-35). O
surgimento da pedra tem uma origem miraculosa como o nascimento de Cristo e, apesar de um
começo modesto, a pedra cresce e se transforma em uma grande montanha. Isto não nos faz lembrar
da Igreja? "Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela!"(Mt 16.18) e a comparação com a Parábola do Reino como um Grão de Mostarda é inevitável!
(Mt 13). Jesus disse que o Reino havia chegado (Mt 12.28) e garantiu que alguns dos seus discípulos
imediatos não morreriam antes de verem o Reino de deus vindo com poder! (Mc 9.1). "Pois ele nos
resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do Filho Amado"(Cl 1.13). Por esta
razão é que o Livro de Apocalipse começa declarando que Jesus Cristo "nos constituiu reis e
sacerdotes para servir a seu Deus e Pai"(Ap 1.6).

A Igreja é o corpo de Cristo e reina com ele, vivendo a serviço do Rei. É preciso que se reconheça
a natureza deste Reino de Cristo, pois se de um lado sabemos que Jesus já é o Senhor e que o seu
reinado já foi inaugurado, por outro, ainda não vemos todas as coisas debaixo dos pés de Cristo,
conforme lemos em Hebreus 2:8: “todas as coisas sujeitaste debaixo dos seus pés. Ora, desde que
lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou fora do seu domínio. Agora, porém, ainda não vemos todas
as coisas a ele sujeitas” (ver também Hb 10.13). É preciso observar que, na parábola do Joio e do
Trigo (Mt 13), que é uma das parábolas do Reino de Deus, paralelamente ao crescimento do trigo,
observasse também o crescimento do joio. Portanto, realismo bíblico ajuda a evitar os extremos
perigosos do ufanismo de um lado e, de outro, a acomodação daqueles que postergam a inauguração
do Reino para depois da Segunda Vinda de Cristo.

A expressão "até que" de 1 Co 15.25 não indica um desenvolvimento paulatino do Reino em que os
inimigos vão sendo gradativamente postos debaixo dos pés de Cristo e não abruptamente como
ensinam os pré-milenistas? Como a interpretação pré-milenista se harmoniza com as Parábolas do
Reino (Mt 13) que ensinam que o Reino de Deus se estabelece de maneira gradativa como o
desenvolvimento da plantação de um grão de mostarda e também híbrida com a presença do joio no
meio do trigo, onde temos também a presença do maligno representado pelo inimigo que planta o
joio e pelos pássaros?

Jesus falou de seu reino em termos espirituais e em ação já na presente era: "...não vem o reino de
Deus com visível aparência... porque o reino de Deus está dentro em vós"(Lc.17:20,21).

Para saber mais a respeito da Natureza do Reino de Deus, clique em Milênio: A Natureza do Reino de
Deus.

As Almas dos Decapitados


Os versículos de 4 a 6 falam daqueles que estão assentados em tronos, com autoridade para julgar e
reinar juntamente com Cristo, destacando a figura dos mártires, pois o livro de Apocalipse foi
escrito para encorajar os crentes que estavam sendo tremendamente atribulados naquele período,
que, hoje, é conhecido como a Era dos Mártires. Eles perderam parentes e irmãos em Cristo e estão
correndo o risco de perderem suas próprias vidas por causa do Evangelho.

Da perspectiva terrestre, o quadro não parece nada favorável, pois milhares de cristãos estão sendo
martirizados. No entanto, o Livro de Apocalipse vê os mártires da perspectiva celestial e não são
poucas as passagens que falam deles como vencedores, que agora estão servindo ao Senhor de dia e
de noite e sendo consolados por ele, e que também estão cantando o cântico de Moisés e do
Cordeiro e que se encontram em posição privilegiada vivendo e reinando com Cristo. Isto parece
concordar com o que diz o autor de Hebreus no início do capítulo 12, quando menciona a nuvem tão
grande de testemunhas, referindo-se aos heróis da fé, a maioria deles, mártires do Antigo
Testamento que haviam sido citados no final do capítulo 11.

Em Apocalipse 20, o termo “decapitados” é usado para descrever todos os mártires, mas, se alguém
insiste em interpretar este capítulo de forma literal terá, então, que concluir que estariam excluídos
os mártires que não foram decapitados, o que soaria estranho, gerando uma série de outros
questionamentos.

Os mártires estão em foco pela razão já exposta, mas pode ser que este grupo seja mais inclusivo,
englobando a todos os filhos de Deus, mesmo aqueles que não morreram como mártires. Pois um
cristão ainda que não morra como mártir, deve viver como mártir. “Como está escrito: Por amor de
ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro”
(Romanos 8:36). Interessante notar também que o termo “testemunhas” da expressão “Ser-me-eis
testemunhas” (At 1.8) é da mesma raiz da palavra mártir. “Ser-me-eis mártires” seria uma tradução
possível.

E, além disto, temos outros textos que afirmam que os crentes que ainda vivem neste mundo
também estão reinando com Cristo. Pois Paulo declara que os crentes em Cristo, que vivem neste
mundo, já foram ressuscitados e estão assentados com Cristo nas regiões celestiais, onde está o
trono de Deus: “e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em
Cristo Jesus” (Ef 2:6). Paulo diz que isto já aconteceu. Não é futuro, é uma realidade presente. Paulo
ensina que os crentes em Cristo já ressuscitaram e já estão reinando com Cristo acima de todo o
principado e potestade. Tal ressurreição e reinado se dão em termos espirituais. Jesus afirmou que o
reino dele não era deste mundo (Jo 18.36). Jesus diz coisas aos seus discípulos que mostram em que
sentido os cristãos estariam reinando aqui na terra: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na
terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus” (Mt
18.18). “Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do
inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano” (Lucas 10:19). A Igreja age como sal da terra e
luz do mundo (Mt 5.13-16).

A menção "as almas dos decapitados" em Apocalipse 20 é muito semelhante a visão dos mártires na
glória registrada no capítulo 6. São textos paralelos, de modo que um ajuda a entender melhor o
outro. Vejamos o que diz: "Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles
que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho que deram. Eles clamavam
em alta voz: 'Até quando, ó Soberano santo e verdadeiro, esperarás para julgar os habitantes da terra
e vingar o nosso sangue?' Então cada um deles recebeu uma veste branca, e foi-lhes dito que
esperassem um pouco mais, até que se completasse o número dos seus conservos e irmãos, que
deveriam ser mortos como eles" (Ap 6.9-11). É impressionante a similaridade das duas descrições.
Compare: “as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho
que deram” (Ap 6.9) com: “as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e
pela palavra de Deus” (Ap 20.4).

Os mártires estão conscientes do que se passa aqui na terra no periodo ainda da Grande Tribulação.
Eles clamam por justiça e recebem vestiduras brancas e lhes é dito que aguardem um pouco mais,
pois a Segunda Vinda de Cristo e a consequente ressurreição e o juízo final ainda estão por vir! O
que é visto em Apocalipse 6 é visto também em Apocalipse 20, pois as almas dos decapitados
aguardam a ressurreição do corpo cuja descrição se dá no final do capítulo 20, mais precisamente,
no versículo 13.

Portanto, a ressurreição do corpo e o julgamento final estão registrados no fim do capitulo 20, após
a descrição do reinado de mil anos. Que esta ressurreição é geral, incluindo tanto incrédulos como
crentes, se deduz da frase conclusiva que diz: “E aquele que não foi achado escrito no livro da vida
foi lançado no lago de fogo” (v.15). Isto indica a existência de dois grupos distintos, os que não
estão inscritos no livro da vida e os que estão, o que concorda perfeitamente com a descrição do
juízo final feita pelo Senhor Jesus: "Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os
anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial. Todas as nações serão reunidas diante dele, e
ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua
direita e os bodes à sua esquerda... E estes irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida
eterna" (Mt 25.31-33 e 46); exatamente o mesmo que profetizou Daniel: "Multidões que dormem no
pó da terra acordarão: uns para a vida eterna, outros para a vergonha, para o desprezo eterno" (Dn
12.2. Veja também: 2 Co 5.10; Rm 14.10-12).
As Duas Ressurreições
Quanto as duas ressurreições de Ap 20, primeira (v. 5) é de caráter espiritual, sendo uma referência
ao novo nascimento e a condição de salvo, inscritos no Livro da Vida, como se pode ver no texto
paralelo que se encontra no v.15. Pois quem nasceu de novo não sofre o dano da segunda morte ou
condenação do inferno. O v. 14 diz que a Segunda Morte é o Lago de Fogo. “Nenhuma condenação
há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a
minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da
morte para a vida” (João 5:24).

Portanto, quem tem o seu nome inscrito no Livro da Vida, ou seja, quem já participou da Primeira
Ressurreição, não sofrerá o dano da Segunda Morte. Tanto a Primeira Ressurreição como a Segunda
Morte são de caráter espiritual. Não seria coerente dizer que um Ressurreição física livra o homem
de uma condenação espiritual.

O Novo Testamento usa com freqüência o termo ressurreição, ressuscitados e ressurrectos para
descrever a condição do crente em Cristo: “tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo,
no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os
mortos” (Cl 2:12)... “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do
alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus” (Cl 3:1)... Fomos, pois, sepultados com ele na
morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai,
assim também andemos nós em novidade de vida” (Rm 6:4)... “Nós sabemos que já passamos da
morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte” (1 Jo 3:14).
Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, de modo que os mártires cristãos estão vivos em Deus e
reinam com Cristo.

Vemos, no capítulo 5 do Evangelho de João, o emprego do termo ressurreição tanto no sentido


espiritual como no físico e isto num mesmo contexto (Jo 5.25-29). Portanto, não seria de se
estranhar que o mesmo acontecesse neste outro escrito de João.

A primeira ressurreição mencionada em Apocalipse 20 é espiritual, apresentada aqui


principalmente para indicar a vitória dos mártires que vivem e reinam com Cristo, pois o estado
intermediário dos crentes, entre a morte e a ressurreição, é um período de vida (Lc 20.38) e
consciência (Ap 6.9-11), que segundo Paulo é incomparavelmente melhor do que a dos crentes antes
da morte (Fp 1.23), que o faz até preferir deixar o corpo para habitar com o Senhor (2 Co 5.8), pois
eles desfrutam da presença do Senhor numa dimensão superior, por se acharem diante do trono de
Deus, servindo a Deus de dia e de noite no seu santuário, já não tem mais fome, nem sede, e já não
sofrem mais a intempéries da vida, pois são apascentados e consolados por Jesus (Ap 7.15-17), e,
aqui, em Ap 20, vemos que eles também partilham de alguma maneira do privilégio de reinar
juntamente com Cristo. Já, a segunda ressurreição é descrita nos versos de 11 a 13 como algo
distinto da primeira, sendo uma clara referência a ressurreição do corpo que se dará por ocasião da
Segunda Vinda de Cristo.

A Primeira Vinda de Cristo nos trouxe a primeira ressurreição, que é o novo nascimento e a
Segunda Vinda nos trará a segunda ressurreição que será a do corpo. A segunda morte é uma
referência ao castigo eterno, o que implica em que a primeira ressurreição, mencionada por João,
não seja uma ressurreição física. Pois se os crentes já tivessem aqui (em Ap 20.6) ressuscitado
fisicamente, em corpo glorificado, eles já estariam desfrutando do gozo pleno e total da vida
vindoura e não seria necessário dizer que sobre eles a segunda morte não tem poder. Sendo assim,
teríamos aqui o uso de um recurso estilístico comum naquela época, conhecido por chiasmo, que
disporia os quatro elementos (primeira e segunda ressurreição e primeira e segunda morte) de modo
a estabelecer um contraste diagonal em “X”, como ilustrado no diagrama abaixo, onde “a)” estaria
se contrapondo a “b)”, espiritual com espiritual e físico com físico. Notar que este contraste, pelo
menos em sua dimensão espiritual, entre a primeira ressurreição e a segunda morte, pode ser visto
também no versículo 15, que diz: “E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi
lançado para dentro do lago de fogo”. A expressão “foi achado inscrito no Livro da Vida” indica a
condição do salvo, daquele que nasceu de novo, que já foi ressuscitado espiritualmente com Cristo e
que já passou da morte para a vida, enquanto que, no versículo 14, é dito que o lago de fogo é a
segunda morte.

Assim, este texto estabelece o mesmo contraste encontrado no versículo 6, que diz “Bem-
aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não
tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil
anos”. O que fortalece o argumento em defesa da interpretação da primeira ressurreição como de
natureza espiritual, não apenas pelo contraste estabelecido, mas também pelo paralelo que se vê
entre os versículos 6 e 15, onde a expressão do v. 6 “aquele que tem parte na primeira ressurreição”
tem a sua expressão paralela no v. 15 em termos que não deixam dúvida quanto ao caráter espiritual
da mesma: “foi achado inscrito no Livro da Vida”. Ou seja, “aquele que tem parte na primeira
ressurreição” é o mesmo que dizer: aquele que “foi achado inscrito no Livro da Vida”. Veja o
diagrama:

Tabela – Diagrama Demonstrativo Ap 20.6


a) “Primeira ressurreição” - espiritual a) “segunda ressurreição” (“reviveram” v.5)
= símbolo da vida eterna = ressurreição geral e física (v. 13)
= “foi achado inscrito no Livro da Vida”
(Comparar v.6 com v.15)

b) “Primeira morte” (subentendida) b) “Segunda morte” – espiritual – (v.6)


= morte física = símbolo da morte eterna
= “A Segunda Morte é o Lago de Fogo” (v.14)

Para os que fazem questão de que os dois usos do termo ezesan em Apocalipse 20 sejam referências
a ressurreições físicas, existe ainda uma outra interpretação possível, plausível e em perfeita
harmonia com os Evangelhos e as Epístolas, onde ezesan significaria a transição da morte física dos
mártires para a vida com Cristo no Céu durante o período intermediário entre a morte e a
ressurreição.

E também podemos afirmar com propriedade que a Primeira Ressurreição foi a de Jesus, o
"Primogênito dentre os mortos" (Co 1.18)! De modo que os que estão em Cristo, estão, de fato,
identificados com sua morte e ressurreição, tendo já passados da morte para a vida (Jo 5.24), e,
como bem frisou o Apóstolo Paulo, dizendo que os cristãos já foram: "Sepultados com ele no
batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos"
(Co 2:12). "Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo
está assentado à destra de Deus" (Co 3:1). "Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao
pecado por instrumentos de iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os
vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça" (Rm 6:13).

Mesmo no estágio intermediário, entre a morte e a ressurreição, as almas dos crentes estão bem
vivas e ativas no céu (Ap 6 e 7), diferente do que acontece com os restantes dos mortos que não
crêem em Deus. Pois Deus não é Deus de mortos, mas sim, é Deus de vivos (Mc 12.27). O estado
intermediário dos salvos já é infinitamente superior a nossa existência terrena, de modo a levar
Paulo a exclamar: "desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor" (Fp 1:23); e ainda:
"Temos, pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor" (2 Co 5:8).
Tanto é verdade, que o autor de Hebreus, após elencar uma série de mártires e heróis da fé, inicia o
capítulo 12 mencionando que nós os vivos na terra estamos cercados de uma nuvem tão grande de
testemunhas vivas nos céus (Hb 12.1). "As almas dos decapitados" vivem e reinam dos altos céus!
(Ap 20). Obviamente, este texto de Apocalipse não pode ser interpretado literalmente, pois, se não,
seríamos forçados a concluir que apenas as almas dos decapitados é que ressuscitariam para reinar,
o que excluiria os crentes que foram mortos de outra forma; algo que nem mesmo o mais ferrenho
literalista seria capaz de afirmar. É óbvio, portanto, que a referência aos decapitados é muito mais
inclusiva e abrangente, envolvendo todos os que estão em Cristo.

Paulo ensinou que nossa posição em Cristo é muito elevada. Como ressurrectos dentre os mortos, já
estamos assentados com Cristo, em seu trono, muito acima de todos os principados e potestades e
sobre todo o reino e domínio que existe sobre a terra (Ef 2.6). Os crentes em Cristo exercem
autoridade sobre os demônios (Lc 10.16s), o maligno não lhes toca (1 Jo 5.18).

Paulo não era pré-milenista, pois ensinou que a Ressurreição do corpo acontece no final do
milênio e não no início:

"É necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus
pés. O último inimigo a ser destruído é a morte... Quando, porém, o que é corruptível se
revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a
palavra que está escrita: 'A morte foi destruída pela vitória'" (1Co 15.25,26, 54).

Questões para os pré-milenistas?

1. Se o milênio ensinado por Paulo se processa até a destruição do último inimigo que é a
morte, como dizem os pré-milenistas que este reinado começará após a Segunda Vinda,
quando bem sabemos que é exatamente por ocasião da Segunda Vinda que a morte será
destruída?
2. Se Paulo ensina que a Ressurreição física dos mortos em Cristo marca a destruição do
último inimigo que é a morte e também ensina que "é necessário que ele (Jesus) reine até
que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés", então, como podem os pré-
milenistas ensinarem que a ressurreição física dos mortos precede o reinado milenar de
Cristo quando Paulo aponta exatamente para o contrário disto?
3. Se o Apóstolo Paulo claramente ensina que o último inimigo que é a morte será destruído
por ocasião da Segunda Vinda de Cristo (v. 54), como dizem os pré-milenistas que haverá
morte no milênio que segundo eles acontecerá após a Segunda Vinda de Cristo?
4. Como poderemos exclamar "destruída foi a morte pela vitória" por ocasião da Segunda
Vinda de Cristo se a morte continuará fazendo vítimas no milênio pré-milenista?
5. Quem estaria com a razão, Paulo, quando afirma que a morte será destruída na Segunda
Vinda de Cristo, ou os pré-milenistas que ensinam que isto acontecerá apenas depois do
milênio?

Segunda Vinda, Ressurreição geral e Juízo Final


Só existe uma ressurreição física e geral de todos, quer sejam eles crentes ou incrédulos (Dn 12.2,
At 24.14,15), vindo após isto, o Juízo Final e o estado eterno, “porque importa que todos nós
compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que
tiver feito por meio do corpo” (2 Co 5:10). Os que não tiverem os seus nomes escritos no livro da
vida serão condenados (Ap 20.11-13).

Jesus ensinou claramente que a ressurreição seria geral, para todos, crentes e não crentes, uns para
vida e outros para a condenação: “Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os
que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a
ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo” (João 5.28,29).

E, em Mateus 25.31-46, lemos que, com a Segunda Vinda de Cristo se dará o juízo final com a
separação dos cabritos das ovelhas e que, os primeiros irão para o castigo e eterno, enquanto os
demais para a vida eterna.

O Novo Testamento sempre diz que o Juízo Final se seguirá a Segunda Vinda de Cristo (2 Ts 1.7-10;
Mt 16.27; 25.31-32; Jd 14-15 e Ap 22.12. E o Credo Apostólico também estabelece esta mesma
relação ao dizer: “de onde há de vir pra julgar os vivos e os mortos”. Note que não diz “de onde há
de vir para inaugurar seu reino milenar”). Seguindo este raciocínio, o Milênio só poderia acontecer
antes da Segunda Vinda de Cristo, pois é o juízo final que se seguirá a sua segunda Vinda.

Portanto, é bem razoável concluir que o texto de Apocalipse 20 não está ensinando nada de novo,
como duas ressurreições físicas separadas por um período de mil anos, mas, sim, estaria falando de
modo simbólico, como é característico da literatura apocalíptica, do tema da ressurreição de modo a
concordar com todos os vários outros textos bíblicos do Antigo e do Novo Testamento, que são
unânimes no ensino de uma única ressurreição geral, tanto de crentes como de incrédulos, seguida
do Juízo Final. Veremos a seguir um estudo mais acurado sobre a natureza do Reino de Deus em sua
íntima relação com a natureza e a missão de Jesus e do Espírito Santo.

Os eventos registrados nos capítulos 19 e 20 não estão em ordem cronológica como querem os pré-
milenistas. Pois o capítulo 19 não termina com uma descrição da Segunda Vinda, mas, sim, com
uma clara descrição do juízo final, culminando com a destruição de todos os inimigos de Deus. Se o
capítulo 19 conclui com a morte de todos os habitantes da terra cujos nomes não estavam escritos
no livro da vida, quem restou das nações para um reinado milenar na terra? Além disso, o milênio
descrito em Apocalipse 20 não descreve Jesus reinando de Jerusalém, mas do céu. Não faz também
sentido algum supor um motim generalizado contra Jesus no final dos mil anos. É absurda a idéia de
exércitos marchando sobre a terra para atacar com armas a Jesus e os salvos com corpos
glorificados e indestrutíveis.

Soa no mínimo estanho que Jesus careça de um fogo vindo do céu para destruir seus inimigos,
quando bem sabemos que é Jesus mesmo quem desce do céu no meio de labaredas de fogo para
destruir seus inimigos. Temos aqui uma alusão a Segunda-Vinda de Cristo em socorro a sua igreja
que sofre perseguição no período da Grande Tribulação. Paulo ensinou que Jesus Cristo retornaria
em meio a chamas flamejantes para julgar a humanidade (1 Ts 1.6-10) e o mesmo disse Isaías:
"Vejam, O Senhor virá num fogo, e seus carros são como um turbilhão! Transformará em fúria a sua
ira, e em labaredas de fogo, a sua repreensão. Pois com fogo e com a espada o Senhor executará
julgamento sobre todos os homens" (Is 66.15-16). Jesus não é ajudado por labaredas de fogo, Ele
retorna a terra em labaredas de fogo!
Diante da Segunda Vinda de Cristo, os pecadores não tem esperança de um reino milenar, mas sim,
uma terrível expectativa do juízo final. Jesus claramente ensinou que a Segunda Vinda precipitaria
imediatamente o Juízo Final: "Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anos,
assentar-se-á em seu trono na glória celestial. Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele
separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes... Então dirá aos que estiverem
à sua esquerda: 'Malditos, apartem-se de mim para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus
anjos'... E estes irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna" (Mt 25.31-46). A
Parábola das Dez Virgens ensina que não há esperança de vida e nem de salvação para os perdidos
após a Segunda Vinda de Jesus. Ficando, assim, descartada a idéia de uma segunda oportunidade de
vida e salvação para os não salvos após o Arrebatamento da Igreja.

Porque que razão Jesus, após sua vinda gloriosa, deveria ainda ter de governar sobre seus inimigos
com vara de ferro, e ainda ter de esmagar uma absurda rebelião no fim do milênio? Por que, então,
haveria espaço para mais uma rebelião e mais uma guerra após a destruição do último inimigo (1Co
15) por ocasião da Segunda Vinda de Cristo?

Portanto, Apocalipse 20, não está ensinando nada novo e nem diferente do ensino de Jesus e de seus
Apóstolos que deixaram claro que a Primeira Vinda de Cristo inaugurou o Reino de Deus e que
Jesus reina do seu trono celestial colocando um a um de seus inimigos debaixo de seus pés, cujo
último inimigo, a morte, será destruído por ocasião da sua Segunda Vinda, que é única, pessoal,
visível, portentosa, em meio a labaredas de fogos, promovendo uma ressurreição geral de todos para
o Juízo Final, quando o joio será separado do trigo e os bodes do meio das ovelhas. Os mortos em
Cristo ressuscitarão e receberão corpos espirituais e indestrutíveis capacitados para viver a
eternidade na Jerusalém Celestial. Não pertencemos a Jerusalém terrena, nossa cidadania é celeste!
Aguardamos novos céus e nova terra, nossa morada celestial que Jesus foi preparar!

Conheça o blog de Escatologia: www.escatologiacrista.blogspot.com


36 Questões para os pré-milenistas
Por José Ildo Swartele de Mello

Paulo não era pré-milenista, pois ensinou que a Ressurreição do corpo


acontecerá no final do milênio e não no início:

"É necessário que ele reine até que todos os seus inimigos
sejam postos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser
destruído é a morte... Quando, porém, o que é corruptível se
revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de
imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: 'A
morte foi destruída pela vitória'" (1Co 15.25,26, 54).

• Se o Apóstolo Paulo claramente ensina que o último inimigo que é a morte será
destruído por ocasião da Segunda Vinda de Cristo (1Co 15.25,26, 54), como dizem os
pré-milenistas que haverá morte no milênio que segundo eles acontecerá após a
Segunda Vinda de Cristo?

• Como poderemos exclamar "destruída foi a morte pela vitória" por ocasião da
Segunda Vinda de Cristo se a morte continuará fazendo vítimas no milênio pré-
milenista?

• Quem estaria com a razão, Paulo, quando afirma que a morte será destruída na
Segunda Vinda de Cristo, ou os pré-milenistas que ensinam que isto acontecerá apenas
depois do milênio?

• A expressão "até que" de 1 Coríntios 15.25 não indica um desenvolvimento paulatino


do Reino em que os inimigos vão sendo gradativamente postos debaixo dos pés de
Cristo e não abruptamente como ensinam os pré-milenistas?

• Como a interpretação pré-milenista se harmoniza com as Parábolas do Reino (Mt 13)


que ensinam que o Reino de Deus se estabelece de maneira gradativa como o
desenvolvimento da plantação de um grão de mostarda e também híbrida com a
presença do joio no meio do trigo, onde temos também a presença do maligno
representado pelo inimigo que planta o joio e pelos pássaros?

• Se o reinado de Cristo se processa até a destruição do último inimigo que é a


morte, como dizem os pré-milenistas que este reinado começará após a Segunda Vinda,
quando bem sabemos que é exatamente por ocasião da Segunda Vinda que a morte
será destruída?

• Se Paulo ensina que a Ressurreição física dos mortos em Cristo marca a destruição do
último inimigo que é a morte, e se também ensina que "é necessário que ele (Jesus)
reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés", então, como
podem os pré-milenistas ensinarem que a ressurreição física dos mortos precede o
reinado milenar de Cristo quando Paulo aponta exatamente para o contrário disto?

• Se o último inimigo que é a morte será destruído na Segunda Vinda, por que ainda
haveria espaço para o surgimento de novos inimigos e de mais uma rebelião e guerra
no final do milênio conforme afirmam os pré-milenistas?

• Por que que razão Jesus, após sua vinda gloriosa, deveria ainda ter de governar sobre
seus inimigos com vara de ferro, e ainda ter de esmagar uma absurda rebelião no fim
do milênio?

• Por que razão Jesus, após a sua sua gloriosa Segunda Vinda, teria de passar por nova
humilhação representada por uma rebelião mundial contra o seu justo governo de mil
anos?

• Como explicar que no final do milênio, Satanás será solto e num período curto de
tempo conseguirá promover uma rebelião sem precedentes contra Jesus arrebanhando
uma multidão incontável de todas as nações?

• Que argumentos usaria Satanás para enganar as nações no final de um milênio


presidido física e pessoalmente pelo Todo Poderoso, Justo e Amoroso Cristo?

• Não é absurda a idéia de que uma multidão de rebeldes alimente qualquer espécie de
esperança de vitória contra o Todo Poderoso Cristo e seus santos com corpos
glorificados e imortais?

• Quem serão as pessoas e os povos sobre os quais Cristo e os remidos com corpos
imortais reinarão? Não me diga que serão exatamente aqueles vivos por ocasião da
Segunda Vinda de Cristo que não se acharam entre o grupo de salvos, ou seja, os
seguidores da Besta?

• Se for este o caso, como justificar, que uma multidão de seguidores do anticristo,
possuidores da marca da besta, possam ter o privilégio de desfrutar o Reino Milenar de
Cristo em vez de se depararem com o Juízo Final?

• E como conciliar um milênio para os perdidos das nações sobreviventes da Grande


Tribulação com o seguinte clamor dos mártires cristãos por justiça?

“E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e


santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que
habitam sobre a terra?” (Ap 6.10)

• E, a resposta do anjo ao clamor de justiça dos mártires indicaria um período milenar


de espera até o dia do Juízo ou aponta diretamente para o momento subseqüente
aquele em que se completará “o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam
de ser mortos como eles foram”? (Ap 6.11). Em outras palavras, se o juízo ainda não
veio porque o número total de mártires da Grande Tribulação não está completo, não
fica estabelecida aí uma relação estreita entre a era presente e o juízo final? Caso,
contrário, não seria apenas uma questão de se esperar a plenitude dos mártires, mas,
muito mais que isto, se faria necessário aguardar mil anos mais com o dissabor de ter
de contemplar seu algozes perseguidores no desfrute do reino milenar.

• Quantas eras existem?

Jesus ensinou a existência de duas eras: a era presente e a


vindoura, e jamais sequer sugeriu algo como uma terceira era
intermediária com duração de mil anos. De acordo com Cristo, o
que a era vindoura nos reserva é a ressurreição dos mortos para a
vida eterna numa condição angelical onde não haverá mais lugar
para casamentos e outras tantas coisas peculiares apenas a era
presente.

“E Jesus, respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguém


há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe,
ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho,
que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e
irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições;
e no século futuro a vida eterna” (Mc 10.29,30);

“Que não haja de receber muito mais neste mundo, e na idade


vindoura a vida eterna”. (Lc 18:30);

“E, respondendo Jesus, disse-lhes: Os filhos deste mundo casam-


se, e dão-se em casamento; Mas os que forem havidos por dignos
de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos,
nem hão de casar, nem ser dados em casamento” (Lc 20.34,35).

• Jesus ensinou mais sobre o Reino de Deus do que qualquer outro assunto, então, por
que será que ele nunca mencionou nada a respeito de um reino milenar na terra após a
sua Segunda Vinda?

• Por que os mortos em Cristo que já estavam desfrutando da glória celeste no estado
intermediário ressuscitariam para voltar a um terra onde o pecado e a morte ainda
existem? Não seria isto um retrocesso?

• A existência de corpos ressurrectos e celestiais não reivindica uma vida em uma Nova
Jerusalém celestial onde não há mais lugar para o pecado e a morte?

• Por que adiar o juízo final sobre o mal e por que também adiar o desfrute do destino
eterno dos salvos que já estariam prontos para o lar celestial por já estarem de posse de
seus corpos glorificados?

• Como encaixar o milênio entre a Segunda Vinda de Cristo e o Juízo Final, quando
Jesus e seus Apóstolos categoricamente ensinaram que o Juízo Final acontecerá
imediatamente após a Segunda Vinda?

“E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos


anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas
as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos
outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as
ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda” (Mt 25.31.33);

“Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá
como o ladrão de noite; Pois que, quando disserem: Há paz e
segurança, então lhes sobre-virá repentina destruição, como as
dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum
escaparão” (1 Ts 5.2,3);

“Se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos


que vos atribulam, e a vós, que sois atribulados, descanso
conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu
com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando
vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem
ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; Os quais, por castigo,
padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do
seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos,
e para se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem” (2
Ts 1.6-10).

• Como dizem os pré-milenistas que o Livro de Apocalipse narra os fatos futuros em


ordem cronológica se o nascimento de Jesus registrado no capítulo 12 é descrito logo
após a uma narrativa do juízo final registrada no capítulo 11?

• Como aceitar também que o milênio descrito no capítulo 20 seja um acontecimento


imediatamente posterior a Segunda Vinda de Cristo descrita no Capítulo 19, quando o
próprio capítulo 19 encerra-se com uma descrição do juízo final que resulta na
destruição de todos os inimigos de Deus? Quem restaria das nações para o milênio?

• O Juízo final não está também sendo narrado no capítulo 14? Se o Apocalipse fosse um
livro contendo narrativas seqüências dos eventos últimos, quantos "juízos finais"
aconteceriam? E quando é que “a seara da terra” estará madura para “o grande lagar
da ira de Deus” no final do milênio pré-milenista ou na Segunda Vinda de Cristo? E a
descrição do Filho do Homem assentado sobre uma nuvem branca não é uma clara
imagem da Segunda Vinda de Cristo? (Ap 14.16; ver também: Mc 13.26; 14.62; Mt
24.30; 26.64; Lc 21.27; 1 Ts 4.17; Ap 1.7 e Dn 7.13);

“Dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-lhe


glória; porque é vinda a hora do seu juízo… Se alguém
adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua
testa, ou na sua mão, Também este beberá do vinho da
ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da
sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre
diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. E a
fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não
têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a
besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu
nome... E olhei, e eis uma nuvem branca, e assentado
sobre a nuvem um semelhante ao Filho do homem, que
tinha sobre a sua cabeça uma coroa de ouro, e na sua
mão uma foice aguda... Lança a tua foice, e sega; a
hora de segar te é vinda, porque já a seara da terra está
madura... E o anjo lançou a sua foice à terra e vindimou as
uvas da vinha da terra, e atirou-as no grande lagar da
ira de Deus. E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu
sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de
mil e seiscentos estádios” (Ap 14.7-20).

• Por que não encontramos o ensino de duas ressurreições separadas por mil anos nas
Escrituras do Antigo Testamento, nem nos Evangelhos e nem nas Epístolas, antes, pelo
contrário, o que vemos é o claro ensino de que haverá uma ressurreição geral para o
juízo final?

“Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a


hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão
a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão
para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para
serem condenados” (Jo 5:28-29);

“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão,


uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo
eterno” (Daniel 12:2)

“Tendo esperança em Deus, como estes mesmos também


esperam, de que há de haver ressurreição tanto dos justos
como dos injustos” (Atos 24:15)

• Por que os discípulos deveriam almejar um reinado milenar na terra quando o que
Jesus lhes prometeu foi um lar celestial? O que Jesus prometeu foi voltar para levá-los
para si ou voltar para ficar com eles, constituindo um reino aqui na terra?

“E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e


vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver
estejais vós também” (Jo 14:3).

“Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também


esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3:20).

• Onde é que Pedro disse que se cumpriria a promessa de justiça na velha terra ou nos
novos céus e terra?

Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos


céus e nova terra, em que habita a justiça (2 Pe 3:13)

• Se Jesus declarou que seu reino não era deste mundo, por que ele teria de voltar para
reinar na terra?

“Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o


meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos,
para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o
meu reino não é daqui” (Jo 18:36);

“E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois


deste mundo, eu não sou deste mundo” (Jo 8:23)

• Qual seria a duração do Reino de Cristo de acordo com as profecias do Antigo e Novo
Testamentos?

Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um


reino que não será jamais destruído; e este reino não
passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses
reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre (Dn 2:44);

“O seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio de


geração em geração” (Dn 4:3);

“E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que


todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu
domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu
reino tal, que não será destruído. (Dn 7:14);

“E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo


de todo o céu serão dados ao povo dos santos do
Altíssimo; o seu reino será um reino eterno, e todos os
domínios o servirão, e lhe obedecerão” (Dn 7:27);

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o


principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu
nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz.

Do aumento deste principado e da paz não haverá fim,


sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o
fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para
sempre; o zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto” (Is
9.6,7);

“O teu reino é um reino eterno; o teu domínio dura em todas as


gerações” (Sl 145:13);

“O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu


reino é um cetro de eqüidade” (Sl 45:6);

“Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o


Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará
eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim”
(Lc 1:32,33);
“Porque assim vos será amplamente concedida a entrada
no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2
Pe 1:11);

• Onde está o trono do Rei Jesus na terra ou no céu?

“E logo fui arrebatado no Espírito, e eis que um trono


estava posto no céu, e um assentado sobre o trono” (Ap
4:2);

“Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim
como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono” (Ap
3.21) ;

“Porque o Cordeiro que está no meio do trono os


apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das
águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a
lágrima” (Ap 7.17)

“E vi um grande trono branco, e o que estava assentado


sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se
achou lugar para eles (Ap 20:11);

“E ouvi toda a criatura que está no céu, e na terra, e


debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas
que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e
ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e
glória, e poder para todo o sempre” (Ap 5.13);

“O SENHOR tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu


reino domina sobre tudo” (Sl 103:19).

“E, o que jurar pelo céu, jura pelo trono de Deus e por
aquele que está assentado nele” (Mt 23:22)

“Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem


pelo céu, porque é o trono de Deus” (Mt 5:34)

“O céu é o meu trono, E a terra o estrado dos meus pés.


Que casa me edificareis? diz o Senhor, Ou qual é o lugar do
meu repouso?” (At 7.49).

“Mas quando este sacerdote acabou de oferecer, para


sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à
direita de Deus. Daí em diante, ele está esperando até que
os seus inimigos sejam colocados como estrado dos seus
pés” (Hb 10.12-13);

• Por que nem mesmo Apocalipse 20 descreve Jesus fisicamente reinando em um trono
na cidade de Jerusalém e por que o Apocalipse diz que Jesus precisou ser arrebatado
da terra para chegar ao seu trono celeste para reger as nações com vara de ferro?

“E deu à luz um filho homem que há de reger todas as


nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para
Deus e para o seu trono” (Ap 12:5)

• Quantas vezes Satanás será amarrado e solto? Como interpretar os seguintes textos
que falam de Satanás como já tendo sido amarrado e perdido poder por ocasião da
Primeira Vinda de Cristo?

“Ou, como pode alguém entrar na casa do valente, e


roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente?”(Mt
12.29)

"Eu vi Satanás caindo do céu como relâmpago. Eis que vos


dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força
do inimigo, e nada vos fará dano algum.” (Lc 10:18,19).

• Por que não reconhecer a afirmação de Cristo que declarou que o Reino de Deus já
havia chegado em seus dias tendo como um dos sinais a expulsão de demônios pelo
Espírito Santo de Deus?

“Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios,


então chegou a vocês o Reino de Deus” (Mt 12:28)

“Todo poder me é dado no céu e na terra” (Mt 28.18);

“'Tudo sujeitaste debaixo dos seus pés'. Ao lhe sujeitar


todas as coisas, nada deixou que não lhe estivesse sujeito.
Agora, porém, ainda não vemos que todas as coisas lhe
estejam sujeitas. Vemos, todavia, aquele que por um
pouco foi feito menor do que os anjos, Jesus, coroado de
honra e glória por ter sofrido a morte, para que, pela graça
de Deus, em favor de todos, experimentasse a morte”(Hb
2.8-9; ver também 1 Co 15.25 e Mt 16.18).

• Após a Segunda Vinda gloriosa de Cristo, haverá realmente um retorno aos


“rudimentos fracos e pobres”, tais como o templo em Jerusalém, os sacrifícios, a
exaltação judaica e coisas desta natureza?

“Mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo por ele


conhecidos, como é que estão voltando àqueles mesmos
princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser
escravizados por eles outra vez?” (Gl 4.9)

“Dessa forma, o Espírito Santo estava mostrando que


ainda não havia sido manifestado o caminho para o Santo
dos Santos enquanto ainda permanecia o primeiro
tabernáculo. Isso é uma ilustração para os nossos dias,
indicando que as ofertas e os sacrifícios oferecidos não
podiam dar ao adorador uma consciência perfeitamente
limpa. Eram apenas prescrições que tratavam de comida e
bebida e de várias cerimônias de purificação com água;
essas ordenanças exteriores foram impostas até o tempo
da nova ordem. Quando Cristo veio como sumo sacerdote
dos benefícios agora presentes, ele adentrou o maior e
mais perfeito tabernáculo, não feito pelo homem, isto é,
não pertencente a esta criação. Não por meio de sangue
de bodes e novilhos, mas pelo seu próprio sangue, ele
entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, e obteve
eterna redenção.”(Hb 9.8-12)

“A Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão de


vir, e não a realidade dos mesmos. Por isso ela nunca
consegue, mediante os mesmos sacrifícios repetidos ano
após ano, aperfeiçoar os que se aproximam para adorar. Se
pudesse fazê-lo, não deixariam de ser oferecidos? ... Por
isso, quando Cristo veio ao mundo, disse: "Sacrifício e
oferta não quiseste, mas um corpo me preparaste; de
holocaustos e ofertas pelo pecado não te agradaste"... Mas
quando este sacerdote acabou de oferecer, para sempre,
um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à direita de
Deus. Daí em diante, ele está esperando até que os seus
inimigos sejam colocados como estrado dos seus pés;
porque, por meio de um único sacrifício, ele aperfeiçoou
para sempre os que estão sendo santificados”(Hb 10.1-14)

Bispo José Ildo Mello

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