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16/08/2022
Número: 0600506-54.2022.6.07.0000
Classe: REGISTRO DE CANDIDATURA
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral
Órgão julgador: Relatoria Desembargador RENATO GUSTAVO COELHO
Última distribuição : 02/08/2022
Processo referência: 06005056920226070000
Assuntos: Registro de Candidatura - RRC - Candidato, Cargo - Senador
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
PEDRO IVO DE SOUZA BATISTA (REQUERENTE) INGRID BORGES DE AZEVEDO (ADVOGADO)
THAIS RABELO SOUTO (ADVOGADO)
PRISCILLA SODRE PEREIRA (ADVOGADO)
BRUNA DE FREITAS DO AMARAL (ADVOGADO)
Federação PSOL REDE (PSOL/REDE) (REQUERENTE)
UNIAO BRASIL ORGAO REGIONAL DO DISTRITO FEDERAL KACCIA BEATRIZ GONTIJO (ADVOGADO)
(IMPUGNANTE) ALEX DUARTE SANTANA BARROS (ADVOGADO)
PEDRO IVO DE SOUZA BATISTA (IMPUGNADO) INGRID BORGES DE AZEVEDO (ADVOGADO)
THAIS RABELO SOUTO (ADVOGADO)
PRISCILLA SODRE PEREIRA (ADVOGADO)
BRUNA DE FREITAS DO AMARAL (ADVOGADO)
Ministério Público Eleitoral DF (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
25098 16/08/2022 16:43 Decisão Decisão
325
PODER JUDICIÁRIO
Advogados do(a) REQUERENTE: INGRID BORGES DE AZEVEDO - DF69650, THAIS RABELO SOUTO -
DF60608, PRISCILLA SODRE PEREIRA - DF53809, BRUNA DE FREITAS DO AMARAL - SP339012
Advogados do(a) IMPUGNANTE: KACCIA BEATRIZ GONTIJO - DF47139, ALEX DUARTE SANTANA
BARROS - DF-031583
DECISÃO
Ressalta que o Senhor “Pedro Ivo” teria prioridade na escolha do nome, em virtude de ter
utilizado esse nome nas eleições de 2014 e 2018, nos termos do art. 12, caput da Lei 9.504-97.
Argumentou que os nomes “PEDRO IVO MANDATO COLETIVO” e “PEDRO IVO” não são
idênticos, além de que concorreriam a mandatos diversos, uma vez que ele seria candidato a Senador,
enquanto o Requerente seria candidato a Deputado Distrital, inexistindo, por esses motivos, a ocorrência de
homonímia.
Assinado eletronicamente por: RENATO GUSTAVO ALVES COELHO - 16/08/2022 16:43:49 Num. 25098325 - Pág. 1
https://pje.tre-df.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22081616434878900000025092766
Número do documento: 22081616434878900000025092766
Na sequência, o Requerente apresentou pedido de Tutela Provisória de Urgência, em caráter
incidental, para, com fundamento no art. 12, § 1º, inciso II, da Lei das Eleições, impedir o Sr. PEDRO BATISTA
de fazer qualquer tipo de propaganda eleitoral utilizando o nome “PEDRO IVO”, ou que o contenha sob
qualquer forma, até decisão final neste RCand (ID 25092316).
Com vistas, o d. Ministério Público se manifestou (ID 25097356), pela rejeição da preliminar,
apresentada na contestação, e no mérito, pela improcedência da impugnação ao pedido de registro proposta
pelo UNIÃO/DF, julgando-se prejudicado seu pedido de tutela provisória e deferindo-se o pedido de registro de
candidatura de Pedro Ivo de Souza Batista.
É o breve relatório.
O Requerido suscitou a extinção do processo, sem resolução do mérito, por carência da ação,
em virtude da ausência do interesse de agir, ante o fato de que, em consulta ao sistema divulgacandcontas,
ainda não constava o processamento da solicitação do registro de candidatura do Requerente Pedro Ivo
Santana Borges de Lima para o cargo de Deputado Distrital.
“2.1. Inicialmente, em preliminar, não ocorre a ausência de interesse processual, uma vez que o
UNIÃO/DF formalizou o registro de candidatura de Pedro Ivo Santana Borges de Lima, tombada
sob o nº 0600648-58.2022.6.07.0000, estando evidenciada, ademais, que a parte impugnante e
seu candidato não lograram compor com a parte impugnada solução para a alegada homonímia.
De modo que, pela teoria da asserção, resta demonstrada a necessidade da tutela jurisdicional e
o interesse em obtê-la”.
Passo ao mérito.
A Lei nº 9.504/97, em seu artigo 12, caput, estabelece que, nas eleições proporcionais, o
candidato deverá informar as variações nominais com que deseja ser registrado, estabelecendo que poderão
ser utilizados o prenome, sobrenome, cognome, nome abreviado, apelido ou nome pelo qual é mais conhecido,
desde que não se estabeleça dúvida quanto à sua identidade, não atente contra o pudor e não seja ridículo ou
irreverente.
“3. Isto é: ao ouvir o nome, o eleitor precisa saber imediatamente de quem se trata, para que se
garanta a plena liberdade do voto e que não haja qualquer tipo de induzimento do eleitor a erro.
Afinal, um pressuposto do voto livre e democrático é o voto informado e consciente.
4. Essa previsão (de que é vedado ao candidato escolher nome que gere dúvida quanto à sua
identidade) está inserta no art. 12, caput, da Lei das Eleições, bem como no art. 25, caput, da
Res.-TSE nº 23.609/2019.
5. Como restou exaustivamente demonstrado nos autos, a homonímia, no caso concreto, gera,
sim, dúvida quanto à identidade dos candidatos. O fato de serem de partidos diversos, e
candidatos a cargos diversos, apenas aumenta a confusão no eleitor, que, ao ouvir o nome
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“PEDRO IVO”, precisará de maiores explicações para saber de quem se trata e não confundir o
posicionamento político de ambos.
7. Assim, vê-se que o impugnado optou por adotar o nome “PEDRO IVO MANDATO
COLETIVO” mesmo sabendo, de antemão, que tal nome geraria dúvidas entre o eleitorado. Ou
seja, o impugnado escolheu dolosamente um nome que viola o caput do art. 25 da Res.-TSE nº
23.609/19 e o art. 12, caput, da Lei das Eleições.
8. Dessa maneira, o nome pleiteado pelo impugnado deve ser indeferido porque ele não atende
a um requisito essencial imposto pela legislação, isto é, que seu nome de urna não gere dúvidas
quanto à sua identidade.
9. E, como se viu, o Sr. PEDRO IVO, do Partido impugnante, possui pleno direito de utilizá-lo,
sendo lhe prioritário o uso de tal nome para a urna”.
Por sua vez, o Requerido aduziu que não houve a ocorrência de homonímia, uma vez que que
os nomes “PEDRO IVO MANDATO COLETIVO” e “PEDRO IVO” não são idênticos, e ressaltou que as
candidaturas não ocasionariam confusão no eleitorado, visto que correspondem a cargos diversos, Senador e
Deputado Distrital, textualmente:
O candidato impugnado apresenta nome de urna: PEDRO IVO MANDATO COLETIVO. Já o pré-
candidato que acredita estar sendo prejudicado possui nome de urna: PEDRO IVO, apenas.
Incabível, portanto, a sustentação de identidade, sendo que “PEDRO IVO” corresponde apenas
ao prenome que é idêntico a ambos os postulantes, o que impede seu afastamento no registro
eleitoral de cada um deles.
Sobretudo, deve-se frisar que os candidatos não concorrem ao mesmo cargo. Enquanto o
PEDRO IVO concorre ao cargo de Deputado Distrital, o PEDRO IVO MANDATO COLETIVO
concorre ao cargo de Senador, em um mandato coletivo.
A jurisprudência da Justiça Eleitoral é pacífica ao afirmar que não há que se falar em homonímia
quando se trata de candidatura a dois cargos distintos, como é o caso sub judice. Cita-se:
(...)
Conforme frisa o entendimento retro reproduzido, por se tratar de postulação a cargos distintos,
o número de urna é diferente para cada um. Para concorrer a Deputado Distrital são inscritos 5
(cinco) números e para Senador são 3 (três) números. Dessa forma, o voto da urna que é
direcionado para um dos candidatos não se confunde com o voto dirigido ao outro, o que
inviabiliza qualquer alegação de confusão aos eleitores.
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qual o candidato que é cabeça de chapa identifica-se individualmente. Veja-se: (...)
Nesse sentido, como o Sr. Pedro Ivo de Souza Batista postula concorrer ao cargo em
companhia de grupo social que o apoia, o que vem sendo denominado “Mandato Coletivo”, a
utilização do nome de urna “Pedro Ivo Batista Mandato Coletivo” ultrapassaria os 30 caracteres,
impossibilitando a adoção do referido nome. Descabido, portanto, o pedido do impugnante, já
que o acréscimo de sobrenome seria tecnicamente impossível, sendo indispensável a utilização
do prenome “Pedro Ivo” para sua identificação, já que este corresponde ao nome que o
candidato é popularmente conhecido”.
Na mesma esteira, foi o parecer (ID 25097356) do d. Ministério Público, ipsis litteris:
“2.2. Pertinente ao mérito, o UNIÃO/DF pretende que apenas seu candidato ao cargo de
deputado distrital seja deferida a utilização da composição nominal "Pedro Ivo", obstando seu
uso pelo réu, candidato ao cargo de senador pela Federação Rede PSOL.
De notar-se que apenas se dá o conflito nominal, para os fins do art. 12 da Lei n. 9.504/97 e do
art. 39 da Res. TSE n. 23.609/2019, entre postulantes nas eleições proporcionais para o mesmo
cargo e pelo mesmo partido político.
Além disso, pelo disposto no §3º do art. 12 da LE, a variação nominal é solvida em favor de
candidato à eleição majoritária, ressalvando a utilização do concomitante do mesmo nome de
urna pelo candidato na eleição proporcional "que esteja exercendo mandato eletivo ou o tenha
exercido nos últimos quatro anos, ou que, nesse mesmo prazo, tenha concorrido em eleição
com o nome coincidente".
In casu, apesar da pequena variação consistente na inclusão do nome "Mandato Coletivo", deve
ser autorizado que Pedro Ivo de Souza Batista (Federação REDE PSOL) e Pedro Ivo Santana
Borges de Lima (UNIÃO/DF) utilizem o mesmo nome de urna ("Pedro Ivo"), já que demonstrado
o enquadramento da situação fática no disposto no § 3º do art. 12 da LE e porquanto a
homonímia ou coincidência nominal é irrelevante quando de se tratar de postulantes a cargos
político-eletivos diversos por partidos ou alianças políticas distintas, conforme vetusta e
remansosa jurisprudência do c. TSE e desse eg. TRE/DF, in verbis:
(...)
Pois bem, a escolha dos representantes políticos da população Brasileira é concretizada a cada
legislatura, por meio das eleições gerais abertas, que são regidas pelos princípios da isonomia material e da
publicidade.
Durante esse processo, é imperioso que se garanta a livre escolha dos candidatos de forma
transparente, pelos cidadãos, conforme a sua convicção pessoal e predileção, só assim, daremos efetividade
aos princípios democrático e republicano estampados na nossa carta magna.
Assinado eletronicamente por: RENATO GUSTAVO ALVES COELHO - 16/08/2022 16:43:49 Num. 25098325 - Pág. 4
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quanto a posicionamentos políticos divulgados e ao próprio cargo diverso ao qual concorre o Requerido (ID
25086043).
Destaca-se que foi colacionado aos autos imagem de mensagem enviada pelo próprio
Requerido, em que relata a confusão ocasionada nos eleitores, em virtude da homonímia entre os candidatos
(ID 25086043 – pág. 10), textualmente
“Fala Pedro! Tô te mandando uma mensagem para te informar que serei candidato ao Senado.
A curiosidade é que muita gente pensa que eu sou você e envia foto de adesivos seus que
ainda estão por aí.
Espero que você seja candidato este ano porque deixou uma boa semente.
Abraços”
Nesse diapasão, fica evidente que a igualdade dos nomes está gerando dúvida quanto a
identidade dos candidatos, atentando assim contra um dos requisitos para o registro do nome eleitoral,
estabelecido no art. 12 caput da Lei 9504/97.
Isto posto, aplica-se ao caso a ordem de preferência estabelecida no art. 12, §1º, inciso II da Lei
9504/97, in verbis:
I - havendo dúvida, poderá exigir do candidato prova de que é conhecido por dada opção de
nome, indicada no pedido de registro;
II - ao candidato que, na data máxima prevista para o registro, esteja exercendo mandato eletivo
ou o tenha exercido nos últimos quatro anos, ou que nesse mesmo prazo se tenha candidatado
com um dos nomes que indicou, será deferido o seu uso no registro, ficando outros candidatos
impedidos de fazer propaganda com esse mesmo nome;
III - ao candidato que, pela sua vida política, social ou profissional, seja identificado por um dado
nome que tenha indicado, será deferido o registro com esse nome, observado o disposto na
parte final do inciso anterior;
IV - tratando-se de candidatos cuja homonímia não se resolva pelas regras dos dois incisos
anteriores, a Justiça Eleitoral deverá notificá-los para que, em dois dias, cheguem a acordo
sobre os respectivos nomes a serem usados;
V - não havendo acordo no caso do inciso anterior, a Justiça Eleitoral registrará cada candidato
com o nome e sobrenome constantes do pedido de registro, observada a ordem de preferência
ali definida.
Assim, é garantido, pela Lei das Eleições, o direito de preferência do registro do nome eleitoral
ao candidato PEDRO IVO SANTANA BORGES DE LIMA, uma vez que foi candidato a mandato eletivo nas
eleições de 2014 e 2018.
Nesse sentido colaciono jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral e deste Eg. Tribunal
Regional Eleitoral, os quais transcrevo abaixo:
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Número do documento: 22081616434878900000025092766
UTILIZAÇÃO. VARIAÇÃO NOMINAL. SEMELHANÇA. POSSIBILIDADE. DÚVIDA.
ELEITORADO. DESPROVIMENTO.
I - Ao candidato que, na data máxima prevista para o registro, ou esteja exercendo mandato
eletivo, ou o tenha exercido nos últimos quatro anos, ou que, nesse mesmo prazo, se tenha
candidatado com um dos nomes que indicou, será
deferido o seu uso no registro, ficando os outros candidatos impedidos de fazer propaganda com
esse mesmo nome (art. 12, § 1º, II, da Lei nº 9.504/97).
(Recurso Especial Eleitoral nº 21889, Acórdão de , Relator(a) Min. Francisco Peçanha Martins,
Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 24/08/2004)
Na variação nominal deve-se evitar confusão de nomes, de forma a garantir a lisura do processo
eleitoral e a segurança de que os votos refletirão a verdadeira vontade popular.
Ao candidato que nos últimos quatro anos tenha se candidatado com o nome que indicou, será
deferido o seu uso no registro, ficando os outros candidatos impedidos de fazer propaganda com
esse nome - artigo 12, § 1º, inciso II, da Lei
nº 9.504/1997.
(PETIÇÃO CÍVEL nº 267316, Resolução de , Relator(a) Des. JOSÉ CARLOS SOUZA E ÁVILA,
Publicação: DJE - Diário de Justiça Eletrônico do TRE-DF, Volume 10, Tomo 189, Data
15/09/2010, Página 02/03)
Ante o exposto, concedo a liminar em tutela de urgência, com base no art. 12, §1º, II da Lei
9504/97 c/c o art. 300 Código de Processo Civil, a fim de impedir o senhor PEDRO IVO DE SOUZA BATISTA
de fazer qualquer tipo de propaganda eleitoral utilizando o nome “PEDRO IVO” ou alguma variação contendo
os dois nomes, até a decisão final deste registro de candidatura.
Intime-se o candidato PEDRO IVO DE SOUZA BATISTA para que informe, no prazo de 02
(dois) dias, o novo nome de urna, observando as diretrizes do artigo 25 da Resolução n.º 23.609/2019.
Publique-se. Intimem-se.
Relator
Assinado eletronicamente por: RENATO GUSTAVO ALVES COELHO - 16/08/2022 16:43:49 Num. 25098325 - Pág. 6
https://pje.tre-df.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22081616434878900000025092766
Número do documento: 22081616434878900000025092766
Assinado eletronicamente por: RENATO GUSTAVO ALVES COELHO - 16/08/2022 16:43:49 Num. 25098325 - Pág. 7
https://pje.tre-df.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22081616434878900000025092766
Número do documento: 22081616434878900000025092766