Você está na página 1de 9

Globalizando a Historiografia das Classes

Trabalhadoras e dos Movimentos Operários:


Alguns pensamentos Preliminares

Marcel van der Linden


Internarionaal lnstituur voor Sociale Geschiedenis - IlSG

Tradução:
Norberto O. Ferreras

RESUMO
O artigo introduz o conceiro de "história global do trabalho", como insrrurnenro teórico
para compreender as diferenças de formação e organização das classes trabalhadoras, em
uma perspectiva comparativa internacional. Procura-se criticar determinadas posturas
"nacionalistas" na pesquisa sobre o operariado e, por fim, fazer um balanço das recentes
publicações que se aproximam desta maneira de investigação.
PALAVRAS-CHAVE
Hiscoriografia - história global do trabalho - merodologia

ABSTRACT
This arricle discusses the concept of "global labour history", as a cheoretical insrrument to
understand the working classes diferences of formation and organization, in a internacional
cornparative way. Ir seeks ro criticize some "narionalists" approaches and, at the cnd, make
a review of recent publicarions in this área.
KEYWORDS
l Iisroriography - global labour hisrory - methodology

Por muito tempo, os historiadores do trabalho têm pesquisado


partindo da hipótese de que as classes trabalhadoras e o movimento operário
são entidades nacionais. A Historiografia lida com desenvolvimentos em
diferentes países, como a Bélgica ou o Brasil. Esses historiadores obviamente
reconhecem que os movimentos de trabalhadores podem trabalhar juntos

Trajetos. Revista de História UFC. Fortaleza, vol. I, nO 2, 2002.

9
(ou não) em "Internacionais". Às vezes, eles acham isto útil para contrastar sejam, por meio de uma comparação com outros processos em qualquer
tendências nacionais diferentes, mas isto nunca contradiz o seu "nacionalismo lugar, estudando o processo de inreração, ou a combinação dos dois.
rnerodológico".' (III) O estudo das relações de trabalho abrange o trabalho livre e o
Aos poucos, isto está mudando. Desde a década de 1960, a cativo, pago e sem remuneração. O movimento social dos trabalhadores é
colaboração dos historiadores do trabalho, para além das fronteiras, composto pelas organizações formais e pelas atividades informais. O estudo das
intensificou-se significativamente. Desde a década de 1980, multiplicaram- relações do trabalho e do movimento social requer que seja dada atenção séria e
se as oportunidades para que os historiadores do trabalho pudessem, juntos, equânime ao "outro lado" (os empregados, as autoridades públicas, etc).
desenvolver projetos de pesquisa comparativos e internacionais. Quase ao (IV) O estudo das relações de trabalho não é do interesse exclusivo
mesmo tempo, produziu-se uma expansão dos estudos históricos das dota) trabalhadoría) individual, mas também da sua família.
migrações, explorando os processos transnacionais de formação da classe (V) A história global do trabalho está fundamentalmente interessada
trabalhadora. E, finalmente, a década de 1990 testemunhou um no estudo das relações do trabalho e nos movimentos sociais dos trabalhadores,
impressionante crescimento dos estudos do trabalho na África, na Ásia e na que têm evoluído, desde o século XIV, com o crescimento do mercado
América Latina, o que pôs fim ao quase-monopólio dos historiadores mundial. Para os fins da comparação, como foi indicado, não estão excluídos
"metropolitanos" do trabalho. Estas várias tendências favoreceram uma aqueles estudos que retrocedem profundamente no tempo.
inevitável reconceptualizacão. Por muito tempo, trabalhamos
predominantemente com ênfase no Atlântico-Norte, O que precisamos neste UNIDADES E NÍVEIS DA ANÁLISE
momento é de uma transcontinentalização ou globalização metodológica.
Nos últimos dez ou quinze anos, o Instituto Internacional de História Até o momento, são escassos os apartes metodológicos desenvolvidos
Social (ITHS) de Amsterdã pesquisou a tal globalização, cujos resultados podem pelos estudos globais do trabalho. Nos anos vindouros, uma das tarefas mais
ser encontrados na sua página na Internet (www.iisg.nl). As linhas seguintes importantes será a de modificar esta situação. Este é o ponto. No momento,
devem ser entendidas como impressão da re-orientação em marcha. devem ser suficientes uns poucos comentários sobre dois aspectos centrais,
chamados de unidades e níveis.
UMA DEFINIÇÃO PROVISÓRIA DA HISTÓRIA GLOBAL DO TRABALHO Em termos gerais, os historiadores do trabalho cresceram com a
idéia de que o Estado-Nação é a unidade lógica da análise. Muitos de nós
O nosso desejo é construir uma "história global do trabalho". O têm se especializado na história da classe operária de um país em especial,
que isto significa? Sugiro uma definição provisória de cinco pontos. como dos EUA, da Argentina, dos Países Baixos ou de outro qualquer. Ainda
(T) A história global do trabalho não é uma teoria à qual todos os aqueles que estão envolvidos em estudos comparativos permanecem
pesquisadores devem aderir, é mais um campo de interesse. Sabemos e aceitamos usualmente dentro dessas fronteiras. Há numerosos estudos comparando os
o fato de que as nossas concepções e pesquisas possam diferir. O pluralismo não movimentos operários ou aspectos particulares de dois ou três países. Não
só é inevitável, pode ser também estimulante - provavelmente, porque estamos há nada de errado neste enfoque, desde que o historiador envolvido esteja
sempre prestes a entrar em sérias discussões sobre os nossos diferentes pontos i nte de que o Estado-Nação é, em si próprio, um produto histórico que
de vista; mas, muito embora tenhamos diversos pontos de partida, também deve ser explicado e colocado em perspectiva. A dificuldade não está em que
devemos esforçar-nos em trabalhar no mesmo campo de pesquisa. sejamos ensinados a ver desde este pOntO de vista, e sim de que o mundo
(II) A história global do trabalho significa a transnacionalização, e 'Sl:í constituído de comunidades nacionais que interagem. Como Immanuel
1111 luviv .1 11.111$ ruincncalização, dos estudos das relações de trabalho e dos Wallerstein apontou corretamente, esta é wna ficção do Século XIX: "isto
11111\ IIIH'IIIO\ \Ol i;li~ dos trabalhadores, no mais extenso sentido da palavra. I .ifica e, portanto, cristaliza os fenômenos sociais cujos significados não
1'111 "11.l11\11,1! 11111,11" entendemos situar a análise no contexto amplo de todos ti 'S ansam na sua solidez, mas, justamente, na sua fluidez e maleabilidade". 2
I1 1111111 11 111\101 ic ox, n,jo importando quão geograficamente pequeno Do ponto de vista da história global do trabalho, parece mais lógico atuar

10 11
processo pode ter causado mudanças similares em casos diferentes. A
desde a premissa de que todas as pessoas influenciam a vida social, umas às
suposição que pretendemos examinar é a seguinte: por que o anarquismo
outras, e que pertencem à mesma sociedade. "Sociedade", por isso, deve ser
foi influente no movimento operário, tanto na América do Sul, quanto na
vista como uma entidade global na qual, por causa das migrações, fluxo das
Europa do Sul, no início do Século XX? Poderíamos examiná-Io somente se
mercadorias, guerras etc, as pessoas de diferentes regiões entram em contato
soubéssemos da existência do processo de difusão histórica da Europa do
umas com as outras (e ainda há pessoas em diferentes regiões que estão em
Sul em direção à Argentina, Brasil etc, o que poderia explicar parcialmente
contato umas com as outras mas não pertencem à sociedade global porque a
- embora, obviamente, não completamente - o anarquismo sul-americano.
sua própria sociedade está isolada desta). No interior dessa sociedade global,
Teríamos o erro da contaminação se desconhecêssemos esse processo de
as nações procuram incorporar os habitantes dos seus próprios territórios
difusão, e víssemos a América do Sul e a Europa do Sul como unidades
dentro dos seus sistemas particulares.
independentes. Como Stanley Lieberson observou corretamente
Antes de continuar avançando, tentarei esclarecer dois mal-
entendidos, não muito conhecidos. Em primeiro lugar, se eu digo que a
(... ) não podemos continuar pensando como num experimento de laboratório
sociedade transnacional é uma espécie de estrutura para os nossos estudos, onde os animais são injetados com alguns vírus que ocasionam enfermidades,
não estou dizendo, certamente, que, daqui em diante, todos os historiadores e que são comparados com animais colocados o suficientemente próximos
do trabalho deveriam interessar-se em sujeitos transcontinentais. Quase que para que peguem a enfermidade por comagio. Este ponto é precisamente o
poderia dizer: pelo contrário! Para enfrentar este desafio, é preciso que problema de muitas das pesquisas de questões sociais.'
vinculemos micro e macro história. O autor de uma monografia sobre uma
aldeia mineira na Bolívia ou na Polônia pode trazer uma contribuição Se o problema da contaminação não é reconhecido, isso resultará
inovadora para a história global do trabalho fazendo uma ou duas coisas. Ele em "casos forçados" [N.T.: "case-stretching", no original], ou seja, mais
(ou ela) pode mostrar que a movimentação nessa aldeia tinha múltiplos vínculos casos serão apresentados como resultado de um certo fenômeno, mais do
com o mundo exterior, seja por intermédio dos seus migrantes que se dirigem que na verdade acontece.
a lugares próximos ou distantes, seja porque esta mina de carvão local está Quatro tipos de análise podem ser distinguidos contra este efeito,
incorporada ao processo econômico de uma cadeia rransnacional, ou ainda, sem considerar de que forma é definida a unidade de análise."
seja por meio da religião da maioria dos mineiros e das suas famílias e a sua (1) As comparações contrastantes revelam similaridades e diferenças
relação com a hierarquia transnacional da igreja Católica. Isto para mencionar .ntre duas ou mais instâncias. Os pesquisadores permanecem no nível da
um par de possibilidades. O historiadorfa) ainda pode comparar aspectos observação, mas na base de que isto não pode atrapalhar de forma alguma a
das movimentações em alguma das aldeias e desta forma determinar o que possibilidade de delinear uma classificação, uma tipologia ou uma taxinomia
têm em comum e o que têm de específico em cada movimento individual. dos casos.? e estabelecem hipóteses avançadas para explicar possíveis relações
Para prevenir um segundo mal-entendido, direi que a aceitação do «.iusais. A maioria dos historiadores do trabalho que pesquisam de forma
conceito de sociedade global não implica que os historiadores do trabalho ornparativa está envolvida na realização de comparações contrastantes. Segundo
não possam continuar a legitimar a comparação do desenvolvimento nacional. l.unes ]asper, poderíamos descrever este tipo de esforço como "comparações
O método comparativo continua a ser extremamente útil, principalmente 1(1 ográficas"." Alguns acreditam que é aqui onde se encontram as mais
nos estudos das semelhanças e diferenças entre nações. Mas só com a seguinte Importantes funções da comparação. Hugh Stretton, por exemplo, escreveu
condição: os pesquisadores devem estar totalmente conscientes de que o <llI' "a comparação é mais forte como escolha e como provocação, e não como
fato da comparação deste tipo carrega consigo a hipótese implícita de que os 11111 artifício probatório: é um sistema para interpelar, não para responder"."

processos nacionais formados em separado são causalmente independentes. (lI) Testar as comparações nos leva a testar hipóteses, tipologias,
Esta hipótese é, obviamente, errada, e, se isto for apropriadamente ct : "elas controlam (verificando ou falseando) se a generalização atravessa
compreendido, pode, ainda, favorecer o aparecimento do assim chamado os asos aos quais são aplicadas"."
"erro de contaminação". Falamos em contaminação quando um mesmo (Hl) Estudar a interação pode, ainda, ser chamado de estudos da

13
12
contaminação, apontando as formas como são descobertas e como as mesmas a sua monumental Arbeitslohn und Arbeitszeit in Europa und Amerika, 1870-
influências ocultas são operativas em uma ou mais instâncias. 1909. Desde esse momento, extensas bases de dados têm sido criadas, a
(IV) As pesquisas de integração combinam os resultados dos estudos maior parte das quais estão restritas à América do Norte e Europa Ocidental.
que testam a comparação com aqueles que analisam a interação numa narrativa Mas a atenção está se voltando gradualmente para o Terceiro Mundo, como
causal, o que pretende expor as relações do desenvolvimento entre diferentes é exemplificado pela mais recente edição das Intemational Historical Statistics,
países ou regiões. Eles têm uma semelhança próxima àquilo que Marc Bloch de B.R. Mitchell, a qual traz uma cobertura da América Latina, Africa e
denominou de "comparação histórica": "isto é, realizar estudos paralelos de Ásia. Outro exemplo é a base de dados do Fernand Braudel Center em
sociedades que são vizinhas e contemporâneas, exercendo uma mútua e Binghamton, que contém informação de aproximadamente 80.000 caso de
constante influência, exposta ao longo dos seus desenvolvimentos pela ampla agitações trabalhistas em todo o mundo. Porém esta situação permanece
ação das mesmas causas, justamente por causa da sua proximidade e como um esforço unilateral. A análise de dados quantitativos, por exemplo,
contemporaneidade, e dada a sua existência e, em parte, à origem comum"." continua a estar mais fortemente focalizada nos países do capitalismo avançado
Tal reconstrução tem a dupla vantagem de "lidar diretamente com os do que no resto do mundo. O historiador suíço-belga Paul Bairoch, pioneiro
encadeamentos, na separação ostensiva das experiências, e provê um forte das aproximações não-eurocêntricas, continua a ser uma figura solitária."
incentivo à análise de motivos explicitados em contextos históricos estruturais Os outros níveis definidos por Katznelson (os modos de vida baseados
e nos processos neles incluídos" .10 A teoria subjacente não está muito na classe, a disposição de classe e a ação coletiva) - os níveis que geralmente
desenvolvida 11 e poucas experiências tentaram colocar a teoria em prática. são classificados, em sentido estreito, como história do trabalho 13 - são
aqueles que percebemos que têm um futuro altamente promissor. Este não é
o QUE FOI FEITO ATÉ O MOMENTO?
o lugar para uma análise extensiva, mas podemos asseverar que a historiografia
das classes trabalhadoras na Ásia, África e na América Latina tem dado
Até o momento, tem sido realizado um número considerável de passos seguros nos últimos vinte anos. A respeito disso, é significativo o
estudos preliminares sobre a história global do trabalho. Mui tos desses artigo recente de John French sobre o "boom dos estudos do trabalho na
estudos, porém, tendem a ser eurocêntricos, principalmente por razões América Latina" .14 E ainda, se dermos uma olhada para a história do trabalho
políticas e culturais, mas também porque a massa de dados disponíveis não na África e na Ásia, veremos que têm aparecido contribuições notáveis desde
é igual para todas as regiões do mundo. Para aqueles historiadores que a década de 1970 (mas é certo que alguns países têm recebido atenção maior
desejam utilizar fontes secundarias, é importante, obviamente, que tais fontes do que outros).
existam. Se a história de uma classe trabalhadora ou de um movimento O trabalho, em todos os níveis de análise, permanece sem focalizar
operário em particular foi escassamente estudada, é muito provável que esse .IS interações transnacionais e sem realizar comparações de teste. Enquanto
.1 pesquisa continue a lidar com dois ou mais países, o que usualmente
caso fique fora da amostragem. Na prática, isto resulta, freqüenrernente, na
exclusão daqueles países que foram comunistas ou dos países do Terceiro acontece, teremos o contraste ou a adição: em um país uma coisa, em outro
Mundo. Mas, por sorte, recentes trabalhos vêm apontando em uma outra país outra. As mais penetrantes análises e a construção de teorias estão
direção. cngarinhando ainda, quando pensamos em começos muito interessantes como
Podemos começar a olhar para aquilo que Ira Katznelson tem os realizados por Charles Bergquist, Frederick Cooper eSteve Srnith, entre
outros.'?
chamado de primeiro nível da análise da classe, a saber, as estruturas da
classe, os amplos padrões estruturais do desenvolvimento econômico capitalista
) QUE DEVEMOS f<AZERA SEGUIR?
(a estrutura dos negócios, os padrões familiares e dernogrãficos, a organização
do Estado e suas políticas, as tradições culturais). Existe um importante
corpo de material quantitativo, mesmo quando a sua confiabilidade é a. Novos conceitos
freqüentemente questionada. Já em 1913, Robert René Kuczynski publicou A maior parte das categorias centrais da história do trabalho são de

14 15
finais do século XIX e, em conseqüência, deveriam ser reconsideradas. Por exemplo, como podemos classificar aos trabalhadores nos complexos
açucareiros rurais cubanos ou os mineiros das serras peruanas que entram e
Tomemos, por exemplo, o conceito de "classe trabalhadora". Noutros lugares,
saem da agriculrura tradicional? É então quando esta dicoromia conceprual
já tenho feito sérias tentativas de mostrar que este conceito é o resultado do artificial para a história dos trabalhadores no mundo subdesenvolvido, é
complexo processo de exclusão social. Um grupo de assalariados com um posta de lado e uma nova categoria de análise é colocada no seu lugar que a
status relativamente alto é distanciado de outros grupos, como os trabalhadores história do trabalho na América Latina revela-se tal qual é.18
por conta própria, os chamados lurnpernproletãrios, e os trabalhadores
cativos. 16 O movimento militante de trabalhadores que ocupa as terras no
A nova história do trabalho que começa a germinar nos países Brasil demonstra isto tão claramente como as lutas em Gujarat e nas Filipinas.
semiperiféricos pareceria conter três importantes lições que são Ao lado do setor agrário, os serviços compreendem outro importante
essencialmente significativas para a história do trabalho metropolitana. Em elemento: as trabalhadoras domésticas constituem hoje o mais numeroso
primeiro lugar, o novo proletariado do Terceiro Mundo é constituído apenas exército de imigrantes, cuja história apenas tem sido abordada.
em parte por assalariados livres, tal como Marx os considerava, "livres no Podemos concluir que a classe trabalhadora "autêntica" é
duplo sentido de ser livres como indivíduos para dispor da sua força de inteiramente uma ficção. O proletariado "clássico" esta rodeado por, e
trabalho como sua mercadoria, e que, por outro lado, não tem uma outra misturado com, variado grupo de "semiproletários" - de ambulantes, rneeiros,
mercadoria para vender" .17 Na semiperiferia, a maior parte dos assalariados trabalhadores em domicílio, prostitutas, trabalhadores por conta própria,
não dispõem livremente da própria força de trabalho (por exemplo, por ladrões e catadores de lixo. As fronteiras entre os diferentes setores sociais
causa de estarem presos por dívidas) ou por não ter relações contratuais são fluidas, e mesmo isto encontra expressões em suas formas de organização.
formais com seus empregadores. Na Índia e na África do Sul, as mulheres que trabalham no setor informal (as
Os assalariados "puros" são uma abstração criada pelo "movimento "sobreviventes" - N.T.: "survivalists", no original) criaram seus próprios
trabalhista marxista" clássico. A semiperiferia deixa isto claro, em segunda sindicatos, procurando alcançar o nível de vida dos trabalhadores "reais". A
consideração, a causa de que o trabalho assalariado está completamente integrado grande Confederação Operária da Bolívia, COB, não abarca unicamente os
em unidades domésticas e em famílias. Estas sobrevivem, permanecendo mineiros (que tradicionalmente escolhem o Secretário-Geral), mas também
parcialmente dependentes do trabalho de subsistência (encarnado os vendedores ambulantes, estudantes, camponeses e pequenos produtores.
principalmente, embora não exclusivamente, por mulheres), na produção A dinâmica das lutas sociais, na semiperiferia, permanecerá
independente de mercadorias para o mercado e outras do gênero. Em muitos incompreensível se não prestarmos atenção a tais formas estruturais híbridas.
casos, os papéis dos vários membros da família não são flXOS, o que significa A história social do "Terceiro Mundo" demanda que pensemos novamente,
relações sociais transitórias que podem ser trocadas rapidamente por outra c rigorosamente, o conceito de "classe trabalhadora". Uma vez que façamos
fonte de rendimentos. Os indivíduos não são o melhor ponto de partida para ISSO, pode ser possível a renovação da história do trabalho metropolitana.

as análises sociohistóricas, e sim as unidades domésticas e as famílias.


Em terceiro lugar, o novo proletariado não existe exclusivamente, b. Novas questões de pesquisa
ou ainda principalmente, no setor industrial. A esfera da agricultura é A aproximação transnacional nos convida a colocar novas questões
proporcionalmente mais importante devido a que, nesta esfera, o rápido de pesquisa. A sua elaboração posterior é uma das mais importantes tarefas
avanço da proletarização criou um grande estrato de trabalhadores e de <1"<': aguardamos para os próximos anos. Nos últimos vinte anos, têm sido
parceiros. Charles Bergquist está correto na sua crítica aos estudos que dado alguns passos iniciais. Tenho algumas poucas sugestões para adiantar,
postulam "um conjunto separado de suposições e de comportamento previsível sem dúvidas existem outras que serão formuladas.
para os trabalhadores rurais (correntemente vistos como camponeses (I) Os estudos transnacionais de grupos ocupacionais, como o projeto,
tradicionais) e os trabalhadores industriais (o proletariado moderno)". Na sua coordenado por Lex Heerma van Voss e outros, relacionado com a história
visão, esta "grosseira" dicotornia não se aplica à América Latina. . omparada dos estivadores. Os resultados foram publicados recentemente

16 17
na forma de enorme volume." Mais projetos globais deste tipo podem ser grande envergadura, organizados pelo IISH, sobre a formação dos movi~ent?s
delineados, já que não tratam unicamente de "trabalhadores" nos termos da trabalhistas, e as publicações sobre a história do sindicalismo revolucionário
história do trabalho clássica (por exemplo, os trabalhadores nas indústrias e as associações de socorros mútuos. 2~ As ' .
cnticas po d em ser aponta d as
metalúrgicas e têxteis, ou na construção), mas o conceito é estendido à nestes estudos iniciais, principalmente porque têm uma disposição para
totalidade dos diferentes grupos ocupacionais, como os vendedores dirizirern-se a uma historiografia aditiva, simplesmente situando diversas
ambulantes, serviço doméstico, prostitutas, e assim por diante. trajetórias nacionais lado a lado e falhando no seu estudo como manifestações
(Il) Os estudos transnacionais das relações entre modos de controle dos amplos processos sociais, culturais e políticos. Outro exemplo: uma
do trabalho. Pelo que conheço, isto ainda não tem sido tentado. O que me interessante tentativa de fazer uma história global dos conflitos do trabalho
interessa aqui são as pesquisas sobre as "cadeias de produtos", conceito que tem sido desenvolvida pelos pesquisadores do Centro Fernand Braudel, em
apareceu em várias formas desde os anos 1960 (a aproximação francesa Binghamton, Nova Iorque. No início dos anos oitenta, estabeleceram as
filiere), que ganhou reconhecimento internacional nos anos noventa pelos "distintas ondas de milirância trabalhista" que existiram por todo o mundo,
trabalhos de Gary Gereffi e Miguel Korzeniewicz." Christopher Chase-Dunn como aconteceu no fim das duas guerras mundiais e por volta de 1970. De
definiu as cadeias de produtos como "uma seqüência ramificada de processos maneira a analisar os padrões globais de militância trabalhista desde a década
de produção e intercâmbios pelos quais o produto para o consumo final é de 1870, estabelecemos quatro passos: (1) uma análise do conteúdo dos
produzido. Esses vínculos entre matérias primas, trabalho, a manutenção do periódicos e anuários para obter informação sobre greves em todas partes
trabalho, os processos intermediários, o processamento final, o transporte, do mundo; (2) a compilação de índices baseados nesta informação (em nível
e o consumo final conectam materialmente mais pessoas dentro do sistema mundial e regional - periferia, semiperiferia, núcleo); (3) comparação destes
mundial contemporâneo" .21 A idéia central é muito simples, seguindo a índices com outros derivados das coleções de dados estatísticos nacionais;
construção teórica baseada na "indústria em colunas", da teoria econômica (4) explicação dos padrões mundiais com ênfase especial nos períodos e nos
inicial: cada produto é elaborado através da "combinação" da força de trabalho .picenrros do descontentamento e do grau de politização."
e meio de produção, no interior do processo produtivo. Os meios de produção
são, eles mesmos, o produto da combinação de força de trabalho e meios de c. Novos instrumentos: Base de dados transnacional
produção. Os portadores da força de trabalho consomem produtos, como f evidente que a história global do trabalho está necessitando de
roupas e alimentos, que por sua vez também são produzidos pela combinação novas bases de dados. Vejo aqui duas tarefas profundamente interconectadas.
de força de trabalho e meios de produção. Brevemente, o processo final de Por um lado, a coleta de amplas quantidades de dados quantitativos e
produção, pelo qual o produto final aparece, é simplesmente o último elo na qualitativos em temas tais como as estruturas da força d.e trabalho m~~dial,
série de processos da cadeia de produção. Até aqui, esta conceituaçâo serviu s.iltirios reais, desenvolvimento demográfico e do movimento operarlo; e,
como fonte de inspiração, em particular, para os economistas contemporâneos, por outro lado, o desenvolvimento de técnicas que tornem possível a
que, entre outras coisas, têm pesquisado o turismo, o setor de serviços, cornparaçâo dos dados levantados em contextos difrrerentes, 26

frutas e vegetais frescos, cocaína, sapatos, elerrónicos, automóveis e


semicondutores. Até o momento, poucos casos históricos têm sido estudados. d. Novas formas organizacionais
Eu conheço apenas dois exemplos, os quais (sobre construção de barcos e A história global do trabalho é um objeto difícil, que requer tanto
farinha, 1590-1790) têm marcada orientação econômica." A construção 11111 conhecimento de diferentes situações e quanto uma habilidade analítica
teórica está também fortemente concentrada em aspectos econômicos, e I onsiderável. Em casos excepcionais, o indivíduo pode ter êxito em conseguir
especificamente centrada na atual globalização.23 Poderíamos dizer que aqui () conhecimento aprofundado de vários casos e uma convincente interpretação
temos um enorme desafio para os historiadores do trabalho. desse conhecimento. Mas este tipo de indivíduos - com Max Weber como
(lII) Os estudos transnacionais das formas coletivas de ação. Entre protótipo - é uma raridade, e, como o corpo do conhecimento cresce, o
os exemplos que vêm à minha mente neste contexto, estão os projetos de número deles decresce mais rapidamente.

18 19
Nos últimos dez a quinze anos, tem sido explorado um certo número 1. Foi dito que a formação do Brasil, como Estado-Nação, é um
de novas aproximações para organizar a história global do trabalho. Parece- projeto inacabado, e que querer ir além do Estado-Nação neste país é,
me que essas aproximações são de dois tipos. O primeiro tipo é o modelo portanto, problemático. Trata-se de um pontO de vista legitimo, obviamente,
coletivo, através do qual especialistas de algwnas nacionalidades colaboraram mas pessoalmente não vejo grandes obstáculos para não aplicar aqui uma
em um projeto de pesquisa. Até onde eu sei, este método foi poSto inicialmente história global do trabalho. global do trabalho
O desenvolvimento da história
em prática pelas associações australiana e canadense de história do trabalho, não requer a existência prévia de uma história do trabalho nacional. Esta
que formaram equipes de pesquisadores para investigar aspectOs particulares aproximação pode ser desenvolvida por meio da boa história regional do
da história do trabalho de ambos os países e para co-escrever um relatório. 27 trabalho, simultaneamente com a construção de uma historiografia nacional.
A mesma aproximação, mas em escala ainda maior, foi adotada em recente 2. Existe um certo temor de que a história global do trabalho seja
conferência em Paris (1995), chamada ['invention du syndicalisme, envolvendo possível unicamente para os pesquisadores dos países ricos, que podem
pequenos grupos de pesquisadores de três ou mais especialistas nacionais, financiar a organização de grupos de pesquisa multinacionais. Neste caso,
que trabalharam lado a lado e produziram um relatório comum.i" Este modelo os historiadores brasileiros correriam o risco de perder a sua autonomia e
foi aprovado como muito útil, mas se deu certo foi unicamente porque os de transformarem-se em "cool ies intelectuais", porque seriam explorados
membros do grupo utilizaram um arcabouço teórico comum. pelos seus ricos colegas do hemisfério norte. Este é um ponto delicado, já
A segunda aproximação é o projeto modelo envolvendo a comparação que alguns tipos de projetos de pesquisa transnacionais realmente custam
de relatórios nacionais, cada um dos quais realizado por um membro de um muito dinheiro. Neste caso, a colaboração intelectual unicamente será possível
grupo de especialistas. Para cada comparação a ser realizada, os especialistas mediante uma abordagem de princípios democráticos, o que implica um
deviam ater-se estritamente a uma lista de pontos anteriormente acordados. tratamento igualitário para todos os pesquisadores. Mas não podemos
A comparação em si pode ser realizada pelos especialistas em um tuorleshop; l"squecer que há outras formas de pesquisas transnacionais que requerem
outra alternativa, seguindo as bases da divisão do trabalho, pode ser deixada menos financiamento e que, portanto, podem ser realizadas inteiramente
nas mãos de um ou mais "cornparativistas especializados". Alguns exemplos pela Internet.
dessa aproximação comparativa incluem um projeto de história comparada
das sociedades de socorros múruos organizado em Amsterdã, o congresso NOTAS
"O marinheiro Europeu, 1570-1870", e o projeto "Mulher e Social
Democracia Européia nos anos de entre guerra".29 , A esse respeito ver: VAN DER LINDEN, Marcel e VAN VOSS, Lex Heerma.
Ambas as formas de organização deveriam ser mais bem desenvolvidas "Introducrion." In: VAN DER LTNDEN, Marcel e VAN VOSS, Lex Heerma. (eds) Class
.tI/ri Otber Identities. Gender, Religion and Ethnicity in the Writing of European Labour
para tentar superar o estagio de comparação por contraste - um estagio no
l iistory Oxford and New York: Berghahn, 2002, p.1-39; VAN DER LINDEN, Marcel,
qual se requer uma disciplina intelecrual menor que na comparação por
"{r.msnationalizing American Labor History." [ournal ofAmerican History, 86 (1999),
testemunha. A cada evento, fica evidente que os grupos de trabalho estão
1'.1078-92.
cada vez mais aptOs a contribuir para o progresso da história comparativa WALLERSTEIN, lmmanuel. "Societal Developmenr, or Developrnenr of the World-
do trabalho - embora sempre existam excelentes pesquisadores que podem vyxrem?" Internatianal Sociology, I (1986), p.3-17. Veja-se também AXTMANN, Roland.
trabalhar totalmente sozinhos. ..Sociery, Globalization and rhe Cornparacive Method." History of the Human Sciences, 6,
) (1993), p.53-74.
I IIFI~ERSON, Stanley. Making!t Count. The Improuement ofSocial Research and Tbeory
POS-ESCRITO
li.·, kcley: Universiry of California Press, 1985, p.57.
I lcvcnvolvo este tema mais amplamente no meu livro, de próxima aparição, Transnational
Quando apresentei algumas destas idéias, no congresso da ANPUH 1."l/Il1r History: Explornrions. Aldershor: Ashgate, 2003.
de Niterói, em 2001, duas questões foram levantadas na discussão com 11,11.1dis ussâo fundamental das diferenças entre estes conceitos pode ser encontrada em
alguns membros da audiência. i\1i\lmi\DI, Alberto. "Classification, Typology, Taxonomy." Quafity and Quantity. 24
(I ')1)0), p.l29-57.

20 21
6 JASPER, James M. "Two or Twenry Countries: Conrrasting Sryles of Compararive •.. International Reuieio ofSocial History, nAS, 2000, p.279-308.
Research." Comparatiue Social Researcb, 10 (1987), p.205-29. Jasper diz que a aproximação I~ BERGQUIST, Charles. Labor in Latin America. Comparatiue Essays on Chile, Argentina,
nomotética ("empirista") e a ideográfica "param em momentos diferentes no processo venezueln, nnd Colombia. Sranford: Sranford Universiry Press, 1986; COOPER, Prederick,
contínuo de refinar as variáveis: a aproximação ernpirista onde as mesmas variáveis de cada Decolonizationand African Society The Labor QlIestiOI1in Frenchand British Africa. Cambridge:
país podem ser isoladas ou mensuradas, a aproximação ideográfica onde as diferenças nas Cambridge Universiry Press, 1996; SMITH, Steve A. "Workers and Supervisors: Se.
variáveis têm sido descobertas." (p.210-11). Petersburg 1906-1917 and Shanghai 1895-1927." Past and Present, n.139, May 1993,
7 STRETTON, IIugh. The Political Sciences: General Principies of Selection in Social Science p.131-77, "Class and Gender: Women's Strikes in Se. Petersburg 1895-1917 and Shanghai
and Hist01J' London: Roudedge & Kegan Paul, 1969, p.247. 1895-1927." Social History, n.19, 1994, p.141-68 e "Workers, the Intelligentsia and
M SARTORl, Giovanni. "Comparing and Miscomparing." [ournal of Theoretical Policies, 3 Marxist Parties, Se. Petersburg 1895-1917 and Shanghai, 1921-27." International Review
(1991), 243-57, p.244. o/Social History, n.41, 1996, p.I-56.
9 BLOCH, Marc. "A Contriburion Towards a Cornpararive I Iistory of European Socieries." ", VAN DER L1NDEN, Marcel. "EI fin der eurocentrismo y eI futuro de Ia história dei
In: Land and W0rk in Mediaeval Europe: Selected Papers. Trad. J.E. Anderson. New York: trabajo: o por quê debemos y podemos reconceptualizar Ia classe obrera." In: PANlAGUA,
Harper & Row, 1969, pA7-8. javier, PTQUERAS, José A. e SA Z, Vicent (eds) Cultura social y política en el mundo dei
10 TILLY, Charles. Big Structures, Large Processes,Huge Comparisons. New York: Russell Sage rrabajo. Valencia: UNED, 1999, p.301-22. Ver também: "Working Classes, Hisrory of."
Foundarion, 1984, p.147. I n: SMELSER, Neil J. e BA.LTES, Paul B. (eds) International Encyclopedia ofthe Social and
11 A primeira renrariva foi a de MCMTCTlAEL, Philip. "Tncorporaring Comparison Wilhin Bebauorial Sciences. Oxford: Elsevier Science, 200 I, vol. 24, p.16579-83, AMTN, Shahid
a World-Hisrorical Perspective: An Alrernacive Comparative Merhod." American c VA DER UNDEN, Marcel (eds) "Peripberal" Labour? Studies tn tbe History ofPartial
Sociological Reuieio, 55, 1990, p.385-97. Proletarianization. Casnbridge: Cambridge Universiry Press, 1996.
12 KATZNELSON, Ira. "Working-Class Formation: Consrrucring Cases and Comparisons." I MARX, Karl. Capital. Vol. I, trad. Ben Fowkes. Harmondsworth: Penguin, 1976, p.272.
ln: KATZNELSON, Tra e ZOLBERG, \Xíorking-Class Formation:
Aristide R. (eds) 1K BERGQUIST, Charles. Labor in Latin America. op. cit, p.8. Bergquist acrescenta: "O
Ninctecnth-Century Patterns in W'esternEurope aud the United States. Princeron: Princeron objeto primário da história do trabalho na América Latina do início do século XX seriam
University Press, 1986, p.3-41, p.14-15. KUCZYNSKI, Robert R. Arbeitslohn und os rrabalhadores na produção de exportação."
Arbeitszeit in Europa und Amerika, 1870-1909. Berlin: Springer, 1913. Para uma ulterior ,., DA VTES, Sam et ai. (eds), Dock Wórkers. Intemational Explorations in Comparatiue Labour
elaboração deste tema, veja-se ainda TYSZKA, Carl von. Lo/7I1e und Lebenskosten in l hstory; /790-1970. 2 vol. Aldershor: Ashgare, 2000. Veja-se BROEZE, Frank. "Militancy
Westeuropa im 19. [ahrbundert (Prankreich, England, Spanien, Belgien). Munich: Duncker .111<1 Pragmatism. An I nternational Perspective on Maritirne Labour, 1870-1914."
& TTumblot, 1914. Por exemplo, rLORA, Perer et nl. State, Economy nnd Society in Western tutcrnntional Review of Social History, n.36, 1991, p.1 65-200.
Europe 1815-1975. Frankfurt am Main and New York: Campus, 1983,2 vols. MITCHELL, "Arues disto, nos 1980, Terence K. Hopkins e Immanuel Wallerstein integraram o conceito
B.R. International Hisrorical Statistics. VoU: Europe, 1750-1988. 3 ed. Basingsroke: 11.1 teoria do sistema do terceiro mundo. Veja-se "Cornmodiry Chains in the World
Macmillan, 1992; Vol.l!: The Americas 1750-1988.2 ed. Basingsroke: Macmillan, 1993; I: onornv Prior to 1800." Reuieto, vol.lO, n.l , 1986, p.157-170. Gereffi e Korzeniewicz
Vol.JlT, Africa nnd Asia. Rasingsroke: Macmillan, 1982. MTTCHELL, R.R. International n-xraramsubseqüentemenre o conceiro nos estudos contemporâneos: "Cornrnodiry Chains
Historical Statistics. VoU: Europe, 1750-1988. 3 ed. Basingstoke: Macmillan, 1992; VoI.IJ: ,lIul Foorwear Expores in che Semiperiphery." Jn: MARTIN, William G. (ed.) Semiperipheral
The Americas 1750-1988. 2 ed. Basingsroke: Macmillan, 1993; VoU]], Afiica nnd Asia. Sllm's in the Wórld Economy. Westporr: Greenwood Press, 1990. A irrupção veio com o
Basingsroke: Macmillan, 1982. STLVER, Beverly J., ARRTGHT, Giovanni e DUBOrSKY, olume de ensaios editado por Gereftr and Korzeniewicz, Commodiry Chains and Global
Melvyn. (eds) "Labor Unresr in rhe World Econorny, 1870-1990." Review, n.18, 1995, (:I/,Ir,llism. Wesrporr: Greenwood Press, 1994. Por suposto, os estudos empíricos da
p.I-206. Um exemplo típico é o impressionante estudo em 40 panes de Jürgen Kuczynski, , «leia de produtos existe desde anos antes que o conceito fosse alcunhado Veja-se, por
Die Geschichte der Lage der Arbeiter unter dem Kapitalismus (Berlin: Akademie-Verlag, Icmplo, o detalhado estudo sobre cadeia de produtos de algodão em OPPEL, A. Die
1960-72). Vinte volumes referem-se à Alemanha, cinco à Inglaterra, três aos Estados JI./11l1lvol/enacb Gescbichte, Anbau, Verarbeitllng und Handel, sowie nach ibrer Stellung im
Unidos e três à França. Alguns volumes separados abarcam Shangai, os domínios britânicos I íl/~'''eben und in der Staatsioirtsctiafi. Leipzig: Duncker & Hurnblot, 1902, 745 p.
(Austrália, Nova Zelândia, Canada, África do Sul) e as colônias britânicas. BAIROCH, P. I (III\SE-DUNN, Christopher. Global Formation: Structures ofthe WórIdEcono172)'.Oxford
e L1MBOR, J.-M. "Changes in rhe Industrial Disrribution of the World Labour Force, by uul Cambridge: Basil Blackwell, 1989, p.346.
Region, 1880-1960." Internationnl Labour Reuieio, n.98, 1968, p.3 11-336; BAlROCII, ( l/VEREN, Y. Eyüp. "Shipbuilding, 1590-1790." Reuieur, n.23, 2000, p.15-86;
Paul. "Srrucrure de Ia population acrive mondiale de 1700 à 1970." Annales E.5. c., n.26, 1'11 IZZON, Sheila. "Grain Hour, 1590-1790." Reoieio, n.23, 2000, p.87-195.
1971, p.960-976. 11.11.1 11111 panorama, ver RAIKES, Philip, ]ENSEN, Michael Friis e PONTE, Stefano.
13 KATZN ELSON, I [a. "Working-Class Formation: Constructing Cases and Com parisons." . ( :Iohal C:ommodiry Chain Analysis and lhe French fi/iere Approach: Comparison and
op.cit., p.16-20. ( li' ique." Economy and Society, n.29, 2000, p.390-417.

22 23
2' VAN DER LINDEN, Marcel e RO)AHN, )ürgen. (eds) The Formation o/ Labour
Movements, 1870-1914: An Internatianal Perspectiue. 2 vol. Leiden: Brill, 1990; VAN DER
LINDEN, Mareei e THORPE, Wayne. (eds) Reuolutionary Syndicalism: An lnternational
Perspectiue. Aldershor: Scolar Press, 1990; VAN DER LlNDEN, Marcel. (ed.) Social
Security Mutualism: The Comparatiue History o/ 'Mutual Benefit Societies. Berne: Peter Lang
Academic, 1996.
2S SILVER, Beverly [., ARRIGHI, Giovanni e DUBOF5KY, Melvyn. (eds) "Labor Unrest

in me World Economy, 1870-1990." op.cir.Ver também Research Working Group on


World Labor, "Global Patterns of Labor Movemenrs in Hisrorical Perspecrive." Review,
n.IO, 1986, p.137-155, e as valorações em 50, Alvin Y. Social Change and Development:
Modernization, Dependency, and World-System Theories. Newbury Park: Sage, 1990, p.212-
218, e em VAN DER LlNDEN, Marcel. "Global Labor History and 'me Modern World
Sysrern'. Thoughts ar che Twenry-Fitth Anniversary of the Fernand Braudel Cenrer."
International Review o/Social History, n.46, 2001, p.423-59.
26 No I1SH, ]an Luiren van Zanden atualmente está preparando um website com dados
históricos sobre salários e preços de rodos os países (ver <www.iisg.nl/hpw». Marco van
Leeuwen, junto com Ineke Maas, Andrew Miles e ourros, está trabalhando num Código
Histórico de Padronização das Ocupações. Recentemente publicaram: HISCO: Historical
Standard Coding of Occupations. Leuven: Leuven Universiry Press, 2002.
27 Os resultados foram publicados em número especial e unitário de dois periódicos o

canadense Labour/Le Trauail, n.38, Fali 1996, e o periódico australiano Labour History,
n.71, Novernber 1996. O projeto foi apresenrado em: KEALEY, Gregory S. e PATMORE,
Greg. (eds) Canadian and Australian Labour History: Towards a Comparatiue Perspective.
Sydney: Ausrralian Sociery for the Srudy of Labour Hisrory, and Se. john 's: Comrnirtee
on Canadian Labour Hisrory, 1990.
'" ROBERT, [ean-Louis, BOLL, Friedhelm e PROST, Anroine. (eds) L'inuention des
syndicalismcs. Le syndicaltsme en Europe occidentale à Ia fin du XIXe siêcle. Paris: Sorbonne,
1997.
29 O projero sobre sociedades de socorros mútuos resulrou na conferencia Un pass« riche
d'auenir (Paris, 1-3 December 1992) e no livro Social Security Mutualism. "The European
Sailors, 1570-1870. "The Hague / Arnsrerdam, 19-22 Ocrober 1994. Ver VA.'l ROYEN,
Paul C. BRUI] ,]aap R. e LUCASSEN, ]an. (eds) "Those Emblems o/ Hei!"? European
Sailors and the Maritime Labour Mareei, 1570-1870. " Research in Maritime History, vol. 13,
SL ]ohn: Memorial Universiry of Newfoundland, 1997. Os resultados do projeto sobre
"Mulher e Social Deernocracia" foram publicados em: GRUBER, Helrnut e GRAVES,
Pamela. (eds) W0men and Socialism, Socialism and W0men. New York: Berghahn, 1998.

24

Você também pode gostar