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Mestre em História pela UFPE, graduada em História pela UPE. Atualmente
professora de História na rede municipal de Garanhuns.
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Mestre em Economia pela UFAL, graduada em Ciências Econômicas pela Faculdade
do Vale do Ipojuca (FAVIP). Atualmente professora do curso de Administração da
UFAL.
Revista Diálogos – N.° 18 – Set. / Out. – 2017 75
História Econômica: uma breve ... – Cavalcante & Cavalcante
Introdução
A construção do conhecimento histórico em todas as suas
dimensões, exige do pesquisador um olhar atento que consiga bem
aproveitar os conceitos e categorias que são produtores de sentidos e
que nos permitem melhor analisar os contextos sociais. Tal exercício
exige sempre uma aproximação com outras esferas do conhecimento.
Há algumas décadas que a interdisciplinaridade, em perspectiva
epistemológica ou pedagógica, é palavra comum no vocabulário
acadêmico, ressaltando-se sempre a sua importância para dar conta da
complexidade dos fenômenos sociais. Nesse sentido, falaremos sobre a
aproximação da História com outros campos da produção do
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Conferir a obra de José D’Assunção de Barros. Teoria da História v1. Nela o leitor
poderá compreender de maneira clara, alguns aspectos do percurso da História
enquanto campo de conhecimento.
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Conf. REIS, José Carlos. A Escola dos Annales.
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Pierre Vilar, historiador francês esclarece que a palavra escola não seria apropriada
para se referir aos Annales, pois expressa que há uma doutrina ensinada e imposta por
mestres. Pontua que não foi isso que aconteceu e que a revista apenas pediu que se
ocupassem das sociedades. Ver a obra D’ALESSIO, Marcia Mansor. Reflexões sobre
o saber histórico: entrevistas com Pierre Vilar, Michel Volvelle, Madeleine Reberioux.
SP. Unespe, 1998.
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Conferir a obra História em Migalhas, na qual o autor realiza uma interessante
discussão sobre a trajetória dos Annales, assim como a relação desta corrente com
marxismo.
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Há também críticas às produções que parte da Ciência econômica, a qual muitas
vezes também deixou de lado a historicidade da economia.
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Artigo publicado na obra Domínios da História de Ciro Flamarion Cardoso e
Ronaldo Vainfas em 1997.
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pontua que havia uma crítica aos métodos e técnicas que havia
colaborado para aquele pessimismo. Tais críticas eram, portanto,
direcionadas à produção historiográfica e não a que partia da ciência
econômica. Sendo assim, a partir das colocações desse autor possível
pensarmos que no momento em que houve essa retração dos estudos
econômicos no campo da História, no da ciência econômica as
produções continuaram, assumindo modelos explicativos, teorias e
enfoques diferenciados, contudo não isentos de críticas, uma vez que
em tal campo, muitas vezes a ausência ou marginalidade da História em
relação a Economia, pode produzir alguns anacronismos ou até mesmo
uma exclusão elementos que não são necessariamente quantificáveis,
mas dignos de outros tipos de análises.
Nogueróf (2002) possui uma análise diferente e otimista em
comparação a de Fragoso. Nos diz que no Brasil os anos 70 e 80 além
de terem sido as décadas da História econômica, foi o período em que
os historiadores mais se aproximaram dos economistas havendo o
compartilhamento de paradigmas. De acordo com esse autor apenas a
partir dos anos 90 é que começaria a existir um abismo entre os dois
campos em questão.
Hobsbawn em conferência realizada em 1980 e que agora
compõe uma coletânea de textos na obra Sobre História, traz uma
análise interessante para compreendermos um pouco mais essa
discussão. Ele diz que:
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passado. Mesmo que dos anos 90 até aqui tenhamos visto novas
perspectivas na forma como a história econômica é tratada, ainda é
preciso uma atenção, sobretudo por parte dos economistas em reintegrar
a História, no sentido de uma maior aproximação com essa área. E isso
não pode ser feito “mediante sua simples transformação em
econometria retrospectiva” (Ibid, p. 139).
Observamos então que essa é uma reflexão e crítica forte
quanto as possibilidades de abordagens em História econômica. Sendo
este um espaço complexo que requer atenção e cuidados específicos,
sobretudo no que se refere aos usos conceituais, procedimentos de
pesquisa que são possíveis e todas as dimensões teóricas nas quais os
pesquisadores podem engajar-se, resta refletir sobre a necessidade de
concentração para com as questões ligadas a sua historicidade, seja para
melhor compreensão sobre o campo no qual se pretende adentrar, seja
para acompanhar os avanços referentes a esse espaço de pesquisa que,
se por um lado pode trazer riquezas de conhecimento incomensuráveis
no sentido do conhecimento das realidades econômicas, por outro pode
trazer inúmeros desconfortos decorrentes de estranhamentos e
afastamentos provocados pela deficiência ou total ausência de diálogos
entre a História e a Economia.
Referências