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Biologia do Desenvolvimento e Evolução

Mestrado Integrado em Psicologia


Ano Letivo 2016/17

Adrenalina
Docente

Professora Doutora Ana Martins Pereira

Discentes

24875 - Marta Nascimento


24877 - Diana Cerqueira
24907 - Inês Madureira
24910 - Ana Rita Levezinho

Turma 1
Introdução

As hormonas são mensageiros químicos transportados na corrente sanguínea que


aumentam ou diminuem a velocidade das reações e funções biológicas. (Schottelius &
Schottelius, 1978 referido em Canali & Kruel, 2001). Quando uma hormona atua sobre
uma célula esta é designada por célula alvo (reconhecimento das proteínas receptoras
existentes nessa mesma célula) podendo-se afirmar que, cada hormona tem um receptor
como se de um mecanismo “chave fechadura” se tratasse. (Permuy, 2011)
Em concreto, iremos debruçar-nos sobre a hormona adrenalina, também designada
epinefrina.

Hormona Adrenalina

A designação "adrenalina" foi criada pelo bioquímico japonês, Jokichi Takamine que se
baseou no local de produção da hormona adrenalina: ad - prefixo que indica
proximidade, renalis - relativo aos rins e o sufixo ina - referente à classe a que pertence,
as aminas. A adrenalina é categorizada como hormona química derivada de
aminoácidos, o aminoácido de que deriva é a tirosina; e é na parte interna das glândulas
supra-renais - na medula adrenal, que é produzida a adrenalina (também designada
epinefrina) juntamente com uma pequena parte de noradrenalina (ou norepinefrina) que
conjuntamente, se designam por catecolaminas. (Valenzuela, 2016)
A adrenalina é uma hormona lipossolúvel que não necessita de emissores nem de
recetores para atravessar a membrana celular.

Reações biológicas à produção de adrenalina

A adrenalina liga-se a recetores α e β (recetores adrenérgicos), recetores que causam


vasoconstrição e vasodilatação respectivamente, e como tal, altos níveis de adrenalina
causam vasoconstrição enquanto que baixa circulação estimula os recetores β,
produzindo uma total vasodilatação. (Areas & Cardoso & Pinto, 2005)

A produção de adrenalina é potenciada em situações de stress e os efeitos provocados


são variados: há uma elevada libertação de glicose para a corrente sanguínea facilitando
a glicogenólise no fígado e no músculo que está em exercício - disponibilizando energia
suficiente para; a vasoconstrição em vísceras e na pele que permite, em caso de
ferimentos, um menor sangramento e também deixar livre uma maior quantidade de
sangue, facilitando um melhor funcionamento dos órgãos internos; pelo contrário a
vasodilatação em vasos dos músculos em exercício, ocasiona maior destreza muscular,
permitindo-nos lutar ou fugir; (Berne & Levy, 1996; Guyton & Hall, 1997; McArdle,
Katch & Katch, 1988 referido em Canali, E.S., Kruel, L.F.M., 2001) (Troncoso, 2012);
Aceleração do ritmo cardíaco e da frequência respiratória; dilatação das pupilas: para
permitir uma melhor destreza visual em momentos cruciais (pode aumentar as nossas
possibilidades de sobrevivência); e por fim, a dilatação dos brônquios aumenta, para
permitir uma maior absorção de oxigénio pelos pulmões e consequentemente, uma
maior oxigenação das células. (Permuy, 2012)

Reação “luta ou fuga”

Esta reação ficou conhecida pelo fisiologista Walter Cannon na década de 1920. Este
percebeu que, um conjunto de reações no interior do organismo mobilizavam
mecanismos de defesa para lidar com situações ameaçadoras, dando uma resposta
rápida à situação de perigo.
Este mecanismo é uma reação fisiológica que ocorre quando o organismo sente a
presença de uma ameaça. Tanto o medo como a ameaça podem não ser reais. Contudo,
este mecanismo manifesta-se em ambos os casos, reais ou não. A ocorrência deste
mecanismo é feita através da ativação do sistema nervoso que, estimula as glândulas
supra-renais, ocorrendo assim uma libertação de adrenalina e noradrenalina. O processo
altera aspetos funcionais do corpo, como: aceleramento da frequência cardíaca e
respiratória e um aumento da pressão arterial. Após o motivo “ameaçador” desaparecer,
este processo termina levando cerca de 20 a 60 minutos para o corpo voltar a sua
normalidade.
O nosso corpo está capacitado com reações físicas que nos permitem estar aptos a
sobreviver a uma situação de perigo. Estas reações vão preparar o nosso corpo para
enfrentar o perigo (luta) ou fugir do mesmo (fuga). Originando assim o termo “Fight or
Flight”. (Gade, 2004)

O stress

Segundo França & Rodrigues (1997 citado em Araldi & Armiliato & Kalinine), o stress
deve ser entendido como a relação que cada pessoa estabelece com o seu ambiente, as
circunstâncias em que se encontra e a forma como avalia esses estímulos – se os vê
como ameaça ou como algo que poderá colocá-la numa situação de perigo.
Em 1965, Selye estudou a Síndrome da Adaptação Geral (SAG) e considerou que este
tinha três fases: reação de alarme, resistência e exaustão. É na segunda fase que a ação
das glândulas adrenérgicas das medulas supra-renais ocorre, ou seja, dá-se a produção
de adrenalina e de noradrenalina que vão atuar no sistema nervoso.
Conforme Samulski, Chagas & Nitsch (1996, citado em Araldi & Armiliato &
Kalinine), os recetores dos sentidos fazem atuar o sistema nervoso (que abrange
diversas áreas do cérebro) que se ligam entre si através de mecanismos de feedback e
terminam junto aos efetores do corpo. Por outro lado, o sistema endócrino, influência
pela corrente sanguínea, através das hormonas - que são reguladas e estimuladas por
áreas essenciais do cérebro, o que demonstra a dependência existente entre os dois
sistemas.
Efeitos psicológicos do stress
O stress tem também efeitos psicológicos que, segundo Fontana (1994, citado em Araldi
& Armiliato & Kalinine) vão dividir-se em efeitos cognitivos, que se ligam ao
pensamento e ao conhecimento, efeitos emocionais, relacionados às emoções e à
personalidade e, por fim, efeitos comportamentais gerais, ligados à cognição e à
afetividade.
O maior ou menor grau com que cada indivíduo é afetado dependerá das suas
características particulares e dos fatores ambientais. A avaliação de um estímulo como
stressante, implica uma atividade que engloba uma parte racional e uma emocional –
cabe a cada um avaliar, segundo a sua própria experiência o que é assustador ou
aceitável, e consequentemente o que implica uma fuga ou um enfrentamento.

Conclusão
A adrenalina é considerada uma hormona e um neurotransmissor, a relação entre o
sistema nervoso e o sistema endócrino é essencial para a produção e ação desta
substância. A adrenalina é produzida em quantidades elevadas quando o indivíduo se
depara com uma situação de stress, onde tem a opção de fuga ou de confronto; a reação
do individuo é variável, sendo que cada um avalia a situação de maneira diferente, logo
o grau de perigo é relativo, mas todos os indivíduos quando se sentem em perigo se
preparam para uma reação de “luta ou fuga”.


Bibliografia

Araldi-Favassa, C. T., Armiliato, N., Kalinine, I. (2004). Aspectos Fisiológicos e


Psicológicos do Estresse. Revista de Psicologia da UnC. 2, 2, 84-92

Areas, M. A., Cardoso, S. M., Pinto, W.J. 2005 Fisiologia dos Adrenoreceptores
Cardíacos. 2005

Canali, E.S., Kruel, L.F.M. 2001. Respostas Hormonais ao Exercício. Rev. paul.
Educ. Fís. 15,141-53.

Gade, G. (2004) Flight or fight – the need for adipokinetic hormones. Univesity
of Cape Town. 1275, 134-140

Permuy, M. S. L. (2012). Manual de bases biológicas del comportamiento


humano. Universidad de la República, 2011

Troncoso, A.C. (2012). Estresse: seus aspectos positivos e negativos para a


aprendizagem. Revista Tavola Online

Valenzuela, M.P. (2016). Desarrollo de sensores electroquímicos de afinidad


preparados por electrodepósito para la detección de neurotransmissores. Univesidad
de Alicante

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