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ANSIEDADE: COMPREENDENDO O SEU FUNCIONAMENTO

MARLON VINICIUS PINHEIRO PUPO


PROFESSORA MARCIALINA LEAL

Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais

RESUMO: Considerando o cenário pós-pandêmico, o presente trabalho traz uma


análise sobre a nova epidemia que, apesar de silenciosa, se tornou muito frequente
acometendo pessoas de várias idades, classes sociais e etc. É comum relatos de pessoas
com sintomas como taquicardia, falta de ar ou até mesmo crises de pânico relacionados
ao referido transtorno. Desse modo, o presente resumo aborda a relação com hábitos
que podem agravar ou prevenir o aparecimento do transtorno de ansiedade generalizada,
bem como outras doenças relacionadas à mesma.

ABSTRACT: Considering the post-pandemic scenario, the present work brings an


analysis of the new epidemic that, despite being silent, has become very frequent,
affecting people of various ages, social classes, etc. It is common reports of people with
symptoms such as tachycardia, shortness of breath or even panic attacks related to the
aforementioned disorder. Thus, this summary addresses the relationship with habits that
can aggravate or prevent the onset of generalized anxiety disorder, as well as other
diseases related to it.

PALAVRAS-CHAVE: comportamento, ansiedade, estresse, hábitos

INTRODUÇÃO

Coração acelerado, sensação de falta de ar, frio na barriga, vontade de “sumir” e


sensação de que algo muit o ruim estão prestes à acontecer. Todos esses sintomas
podem ser relatados tanto por uma pessoa que foi feita refém e teve uma arma apontada
para o rosto por um tempo razoável, como por um indivíduo que experimentou tais
sintomas, na segurança de sua casa, enquanto assistia TV. Esses sintomas caracterizam
a ansiedade, uma série de processos bioquímicos que ocorrem em uma situação que um
conjunto de estímulos sensoriais são interpretados como perigo e, desse modo, nosso
corpo se prepara para enfrentar, fugir ou, na pior das hipóteses, colocar o corpo em
estado profundo de relaxamento para que não se sinta dor. Esse estado é cientificamente
chamado de estado de luta, fuga e/ou congelamento. (TIEPPO, 2019)
Antes de abordar a ansiedade de forma direta, se faz necessário conhecer alguns
“atores” importantes nesse processo cuja a ordem não será de importância mas
meramente didática. O primeiro é o córtex, ou regiões corticais que é exatamente aquilo
que vemos em uma imagem de um cérebro, que são as regiões mais externas. Essas
regiões, especialmente a região do córtex pré-frontal, são responsáveis principalmente
por nossas ações cognitivas. O segundo é o tálamo. Essa região funciona como a central
de processamento sensorial e de informações. 24 horas por dia, 7 dias por semana, essa
região trabalha interpretando o que ocorre em nossa volta e regula diversos processos
que ocorrem em nosso corpo como um todo. Por fim, não menos importante, encontra-
se a amígdala. Localizada próximo à região do hipocampo, a amígdala é responsável
por nossa sobrevivência diante do perigo. É exatamente ela que desencadeia todos os
sintomas mencionados no primeiro parágrafo. É incrível como um órgão tão pequeno
(como o próprio nome em grego diz, possui o tamanho de uma amêndoa) tem tanto
poder ao ponto de assumir o controle do corpo todo.
Além das regiões cerebrais, é importante ressaltar o “combustível” de todo o
processo tema deste trabalho, que são os neurotransmissores ou hormônios. Na verdade,
para nossa abordagem, é necessário conhecer 2: a noradrenalina e o cortisol. O aumento
na produção deles em determinadas regiões de nosso cérebro significam uma série de
mudanças em nosso organismo como redução do fluxo sanguíneo em determinada
região do corpo e o aumento em outras, paralização ou redução drástica de produção de
certos hormônios, atividade cerebral maior em uma área do que em outra. Tudo isso
com um único objetivo: adaptação. (TIEPPO,2019)
Conhecendo um pouco sobre as regiões do cérebro que serão relevantes em
nosso estudo, vamos entender como é a ação conjunta dessas regiões que disparam os
processos entendidos como ansiedade. Existem duas formas disso acontecer. A primeira
se dá de forma mais racional e é desencadeada por uma ação persistente do córtex.
Imagine a seguinte cena: Você se atrasa para um compromisso importante e descobre
que a camisa/blusinha que usaria esta amassada. Você passa a roupa rapidamente, toma
seu café e sai correndo para o compromisso. Após 100, 200 metros vem um pensamento
de “ será que eu desliguei o ferro de passar?”. A insistência nesse pensamento fará com
que um grupo de neurônios criem uma sinapse que estimulará a amigdala e com isso,
por interpretar tal pensamento como uma situação de perigo real e com isso uma série
processo bioquímicos importantes começam a ocorrer. Há um aumento na produção de
noradrenalina e cortisol que fazem o corpo se preparar para enfrentar o perigo reduzindo
a circulação sanguínea no sistema digestivo (lembra do “frio na barriga”?), redução na
produção de hormônios de relaxamento e bem-estar, dilatação da pupila, aumento na
atividade cardiorrespiratória com o objetivo de levar mais sangue e oxigênio para
membros superiores e inferiores. (BEAR,2017)
A segunda forma da ansiedade ocorrer é a forma mais antiga que ocorre de
forma instintiva. A todo tempo o tálamo esta interpretando e processando o mundo à
nossa volta. Quando ele faz isso, tais informações são encaminhadas ao córtex pré-
frontal que racionalizará tais informações. Entretanto, existem estímulos que ao longo
de toda evolução foram padronizados como perigo e, portanto, ao invés de tais
informações passarem pelo córtex, são enviadas diretamente à amigdala para
desencadear todo o processo do estado de luta, fuga ou congelamento. Aqui imagine a
seguinte situação: Você está dirigindo um carro, levando seu filho, filha ou irmão ou
irmã pequenos no banco de trás. Enquanto dirige você avista uma bola rolando no meio
da rua e logo aparece uma criança na frente do carro. Certamente você terá uma reação
automática de pisar no freio. Todos os sintomas lá da primeira linha vão aparecer aqui e,
só após algum tempo você lembrará de verificar se a criança no banco de trás estava de
cinto, se ela está bem e etc, ou seja, a região do cérebro responsável pela função
cognitiva só entrará em cena mais tarde. (BEAR,2017)
Essas duas formas, são a demonstração de que a ansiedade é um processo natural
de defesa e de sobrevivência. O grande problema é quando ela se torna disfuncional e
frequente, descreve o DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais-5):

Os transtornos de ansiedade se diferenciam do medo ou da


ansiedade adaptativos por serem excessivos ou persistirem além de
períodos apropriados ao nível de desenvolvimento. Eles diferem do
medo ou da ansiedade provisórios, com frequência induzidos por
estresse, por serem persistentes (DSM-5,p189).

Com o passar do tempo, seja decorrente de traumas ou alguns comportamentos,


a ansiedade pode se tornar um problema que causa muito sofrimento e limitação à
pessoa com o transtorno. É de relevante importância mencionar que existem diversos
estudos que indicam que há grande relação entre o agravamento de sintomas do
transtorno com alguns hábitos como sedentarismo, má alimentação e baixa qualidade de
sono. Ainda existem outros fatores como genéticos e epigenéticos que podem
influenciar, entretanto as primeiras são as principais e mais frequentes. (KRUSE.2003)
Desse modo não é exagero dizer que os hábitos da vida moderna tem parte de
culpa na piora no que se refere a frequência de diagnósticos de TAG (transtorno de
ansiedade generalizada) uma vez que a facilidade ao acesso à alimentos
industrializados, inovações tecnológicas que oferecem entretenimento ou de alguma
forma favorecem o sedentarismo e impactam na qualidade do sono, são fatores que
impactam diretamente no agravamento dos sintomas do transtorno.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apesar de fatores importantes como traumas ou genética, o comportamento e a
tecnologia são fatores com uma influência de grande relevância que contribuem para o
agravamento e frequência de transtornos relacionados à ansiedade. Tal agravamento se
dá devido fato de alguns comportamentos se tornarem fontes contínuas de estresse
estimulando uma produção elevada de noradrenalina e cortisol, hormônios responsáveis
por desencadear a ansiedade. À cada vez que nosso organismo necessita de água ou
nutrientes e demoramos ou, mais comum ainda, não criamos uma rotina que produza
previsibilidade, temos um fator estressor que produz um aumento significativo dos
referidos neurotransmissores. Outro fator, tão importante quanto o primeiro, é o sono. O
sono é responsável, além da regeneração de tecidos e consolidação das memórias, fazer
a higiene de toxinas de nosso organismo, entre elas o cortisol que se torna tóxico
quando presente em demasia.

CONCLUSÃO

Ainda que a ciência tenha evoluído muito nos últimos anos no que se refere à
oferecer diagnósticos cada vez mais precisos, medicamentos e tratamentos (sem entrar
no mérito da eficácia de alguns), a prevenção ainda é a opção mais barata e eficiente.
Portanto, embora a preocupação da maioria das pessoas ao adotar um habito saudável
como alimentação e atividade física seja a aparência, é pacificado pela literatura e
especialistas que a adoção de hábitos mais saudáveis são a melhor forma de prevenção e
manutenção da saúde mental.

REFERÊNCIAS:

BEAR, Mark F. Neurociências: desvendando o sistema nervoso – 4. ed. – Porto Alegre :


Artmed, 2017.

CARNETHON M, Knider L, Fair J, Stafford R, et al. Symptoms of depression as a risk


factor for incident diabetes: findings from the National Health and Nutrition
Examination Epidemiologic Follow-up Study, 1971-1992. Am J Epidemiol 2003;

CONTO, Carolina Lazzarin Associação entre comportamento sedentário, sintomas


de ansiedade e depressão e disfunção sexual feminina - dissertação (mestrado) –
Universidade Federal de Santa Catarina, 84p, 2021

KRUSE, Schmitz N, Thefeld W. On the association between diabetes and mental


disorders in a community sample. Diabetes Care 2003

MANUAL diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico] : DSM-


5 / [American Psychiatric Association ; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento ... et
al.] ; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli ... [et al.]. – 5. ed. – Dados
eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2014.

TIEPPO, Carla Uma viagem pelo cérebro : a via rápida para entender a neurocência /
Carla Tieppo. -– São Paulo, SP : Conectomus, 2019.

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