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1ª Edição
Karina Musso
Direitos autorais do texto original
Copyright © Karina Musso, 2015
Todos os direitos reservados
Índice
Introdução – Vamos falar sobre a ansiedade?
A ansiedade não deve ser ignorada
Capítulo 1 – A ansiedade é um mal contemporâneo
A ansiedade não é um bicho de sete cabeças
Entendendo a ansiedade
O ansioso enfrenta leões todos os dias
Capítulo 2 – Vivemos sob a cultura da pressa
A pressa é inimiga da perfeição
A importância de equilibrar o uso do tempo
Não se apegue à ansiedade
Capítulo 3 – Aprenda a identificar a ansiedade
Sensação de contínuo débito pessoal com o tempo
Dificuldade para organizar o excesso de informações e de tarefas
Fluxo acelerado de pensamentos
Esgotamento mental e sensação de improdutividade
Valorização da falta de tempo
Capítulo 4 – As principais síndromes ansiosas
Transtorno de pânico
Transtorno de ansiedade generalizada
Fobia social
Fobias específicas
Transtorno de estresse pós-traumático
Transtorno obsessivo-compulsivo
Capitulo 5 – Os hábitos mentais cultivados por ansiosos
Primeiro hábito – Orgulho de ser ansioso
Segundo hábito – Ser exigente demais consigo mesmo e com os outros
Terceiro hábito – Confundir controle com disciplina
Quarto hábito – Transformar a rotina em uma maratona de problemas
Quinto hábito – Cultivar uma atitude hiperativa-dispersa
Capítulo 6 – Aprenda a negociar seu tempo e controle a ansiedade
Exercícios de respiração e relaxamento muscular
Exercício 1: Controle da frequência respiratória
Exercício 2: Relaxamento dos músculos do corpo
A arte de transformar o tempo em um aliado
Os resultados da atenção consciente (mindfulness)
A importância de cuidar da alimentação, praticar exercícios físicos e descansar
Aprender a delegar tarefas
Melhorar a qualidade de seu diálogo mental
Aceitar que na vida acontecerão coisas boas e ruins e que o futuro é imprevisível
Capítulo 7 - Guia rápido do ansioso - 20 dicas para administrar bem o seu tempo e controlar a ansiedade
Conclusão
A autora
Introdução – Vamos falar sobre a ansiedade?
A ansiedade virou tema de domínio público. É discutida em programas de TV,
nas rodas de amigos, e nos mais diversos ambientes, desde a mesa do jantar, até
os contextos escolares e profissionais. É muito provável que você já tenha
participado de conversas em que colegas ou familiares se queixam de sentir
inquietação, angústia, tensão, taquicardia, falta de atenção, pensamento
acelerado, dificuldades de concentração, cansaço crônico ou irritabilidade.
Talvez, até mesmo você já tenha experimentado algumas dessas sensações em
momentos de pressão ou estresse.
Pois saiba que todos esses sintomas são comuns em pessoas ansiosas.
Nos casos mais graves, em que se perde o controle sobre a ansiedade, as pessoas
podem enfrentar sérias consequências sociais e materiais por não conseguirem
desempenhar suas atividades diárias, precisando muitas vezes recorrer a
medicamentos ou a tratamento psicoterápico, para controlar os efeitos físicos e
mentais da doença.
Nessas circunstâncias, o problema deixa de ser comportamental, tornando-se um
distúrbio fisiológico, em que o corpo não consegue diferenciar situações
estressantes de momentos tranquilos. Quando o organismo chega a esse ponto,
torna-se quase impossível levar a vida normalmente, uma vez que as mínimas
tarefas ficam seriamente comprometidas.
Até certo ponto a ansiedade deve ser considerada uma ocorrência normal, já que
se trata de uma reação biológica e psicológica dirigida a eventos desconhecidos
ou potencialmente ameaçadores. Em muitas ocasiões, inclusive, é crucial para
que possamos enfrentar perigos, permitindo que nosso corpo, em estado de
alerta, reaja com rapidez e eficiência para defender-se.
O medo é uma ferramenta importante à preservação da vida, pois garante que
diante de uma ameaça o organismo reaja imediatamente, secretando substâncias
químicas como a adrenalina e a noradrenalina, que desencadearão uma reação de
luta ou fuga , necessária à defesa da integridade do organismo.
Entretanto, quando perdemos o controle sobre nossas reações e a ansiedade se
torna um problema, percebemos que o estímulo ameaçador não é mais o gatilho.
Isso ocorre porque o cérebro perde a capacidade de discernir entre perigos reais
e situações perfeitamente controláveis. E, uma vez que esse quadro
psicofisiológico encontra-se instalado no organismo, torna-se difícil revertê-lo
sem recorrer a um especialista.
Em 2012 a Organização Mundial da Saúde já alertava que no Brasil, cerca de 10
milhões de pessoas sofriam de ansiedade e que o número de casos aumentaria
drasticamente na década seguinte. Dados recentes, publicados por órgãos de
saúde de diversos países, como os EUA e o Reino Unido, apontam que os casos
de ansiedade entre a população mundial deverão superar, em breve, os de
depressão – doença considerada, até então, o “mal do século”.
A vida moderna, baseada quase que exclusivamente nas necessidades
produtivas, gera uma série de hábitos que estão associados ao desenvolvimento
de distúrbios psicológicos e, por essa razão, nem sempre é fácil identificar
quando a ansiedade foge ao controle.
Infelizmente, muitos chegam ao ponto de considerar os sintomas como uma
ocorrência normal ou condição necessária à eficiência no trabalho e na vida
pessoal. Alguns sentem-se até mesmo orgulhosos e valorizados quando se
declararam ansiosos, ou quando usam adjetivos socialmente aceitos, tais como
dinâmicos, inquietos ou hiperativos.
Não são poucos os que caem nessa armadilha e acabam por comprometer
relacionamentos ou ter sua carreira profissional abalada, por serem classificados
como emocionalmente instáveis. Em certos casos, as pessoas que sofrem do
problema são alvo de preconceito, sendo tachadas de incompetentes ou
desequilibradas, quando não passam na verdade, de vítimas de um quadro
psicológico perfeitamente tratável e reversível.
O ansioso é “traído” por seu próprio corpo, que tende a se comportar como um
veículo desgovernado – um carro que perde os freios no alto de uma ladeira,
deixando seu condutor à mercê dos seus movimentos erráticos. O
constrangimento por não reagir de maneira adequada a situações cotidianas
acaba gerando medo e culpa, em um ciclo que se torna difícil de reverter.
Geralmente, quando a pessoa decide procurar ajuda, o problema já está fora de
controle, uma vez que os sintomas mais graves e incapacitantes da doença
aparecem de forma repentina. O que a grande maioria ignora é que o limiar que
separa os níveis saudáveis de ansiedade, de situações que requerem intervenção
médica ou psicológica imediata, é tênue.
Para que você possa entender a gravidade da situação, tentarei diferenciar uma
reação ansiosa aceitável de uma reação disfuncional, utilizando um exemplo
simples e meramente ilustrativo.
Imagine-se caminhando tranquilamente em um parque arborizado, aproveitando
uma linda manhã de sol com sua família, ou com seu animal de estimação. Tudo
ao seu redor parece calmo e relaxante - o descanso merecido após uma longa
semana de trabalho.
De repente, a cerca de 30 metros de distância, surge um enorme leão, que avança
em sua direção em posição de ataque. Antes mesmo de pensar no absurdo de se
deparar com um animal selvagem no meio da cidade, ou de sentir-se aborrecido
com o irresponsável que perdeu o felino, seu corpo reagirá de maneira
automática, liberando substâncias, como a adrenalina, que lhe permitirão agir
instintivamente defendendo-se do perigo iminente. Você provavelmente irá
gritar, correr ou buscar algum objeto que possa usar em sua defesa e tudo isso
ocorrerá em uma fração de segundos, muito antes de seu cérebro racionalizar
todas as circunstâncias que envolvem a ameaça.
Agora, imagine se essa mesma atitude automática, que aumentaria
consideravelmente suas chances de sobrevivência no exemplo proposto, fosse
acionada em momento inoportuno. Suponhamos que o animal mencionado em
nossa história não fosse um leão, mas sim, um inofensivo gatinho. A resposta
biológica que permitiria sua fuga na primeira situação seria absolutamente
desproporcional no segundo caso e você se sentiria desconcertado por reagir de
forma tão intensa a um animal comum, com o qual você já se deparou centenas
de vezes.
Pois bem, os ansiosos enfrentam “leões” várias vezes ao dia.
Isso significa que a partir do momento em que a ansiedade se torna uma
disfunção fisiológica, o cérebro perde o foco e a capacidade de reagir
adequadamente a situações que oferecem distintos graus de desafio ou ameaça.
Por analogia, poderíamos pensar que, para uma pessoa ansiosa, um leão ou um
gato mereceriam a mesma “atitude mental”, gerando uma infinidade de
comportamentos descontextualizados e, em decorrência disso, imenso
sofrimento.
Para o ansioso, o grande desafio é reeducar seus hábitos mentais e reaprender a
administrar o próprio corpo, quando este passa a reagir de forma inadequada a
situações que não oferecem riscos reais.
Apesar de cada caso possuir suas especificidades, pude perceber que
determinados comportamentos e circunstâncias tornam as pessoas mais
propensas a desenvolver os sintomas característicos da doença.
Como nossos hábitos mentais costumam ser resistentes e, portanto, difíceis de
mudar, os comportamentos que geram a ansiedade requerem atenção especial.
Afinal de contas, apesar de se tratar de um distúrbio fisiológico, o quadro
emocional surge a partir da interpretação desfavorável do entorno, cultivada
pelos pensamentos diários.
O corpo acostuma-se a reagir de forma negativa e indiscriminada, deixando o
ansioso à mercê de descargas involuntárias de adrenalina e noradrenalina que,
nos casos mais graves, podem ocorrer até mesmo durante o sono.
Até aqui, você já deve ter concluído que a ansiedade pode ser uma grande aliada,
ou um obstáculo considerável, caso ocorra no momento errado. É de suma
importância que o ansioso aprenda a identificar o peso emocional das
circunstâncias que vivencia em sua rotina pessoal e profissional, superando a
desconfortável sensação de enfrentar “leões” todos os dias.
A ansiedade não deve ser ignorada
Atualmente, os sintomas de ansiedade vêm se tornando cada vez mais comuns,
acometendo pessoas de várias idades, ocupações e níveis sociais. O problema
atinge funcionários públicos, executivos de grandes empresas, profissionais
liberais, trabalhadores da saúde, professores, universitários, donas de casa e até
mesmo crianças ou pessoas aposentadas, que supostamente não estariam tão
pressionadas pelo estresse diário gerado pelas demandas produtivas.
Apesar de o assunto ser amplamente debatido na mídia e entre profissionais da
área da saúde, com frequência as informações divulgadas são de pouca ajuda
para aqueles que lutam diariamente para superar o problema.
Com o intuito de contribuir e ampliar o debate sobre o tema, buscarei transmitir
um pouco da experiência obtida no tratamento de pessoas acometidas por
síndromes ansiosas, elencando as principais características e dificuldades
enfrentadas por quem sofre do problema.
A despeito dos dados e análises aqui expostos serem fruto de minha pesquisa de
doutorado e do meu trabalho como psicóloga clínica, busquei trabalhar as
informações de forma direta e acessível, evitando termos técnicos e jargões
acadêmicos que pudessem dificultar a apreensão das informações por quem não
é especialista.
Assim sendo, a proposta deste livro é fornecer informações e ferramentas claras
que possam ser utilizadas por qualquer pessoa que queira aprender a controlar a
ansiedade e ampliar sua qualidade de vida. Juntos, analisaremos os hábitos mais
comuns adotados por pessoas ansiosas, que acabam por gerar uma verdadeira
armadilha comportamental.
Além disso, através de exemplos e de sugestões simples, pretendo levar o leitor a
repensar sua rotina, atuando na raiz do problema.
Pode ser que você ainda tenha dúvidas se este guia irá lhe ajudar e para
responder a essa questão, peço que leve em consideração os seguintes pontos:
Se você realiza diversas tarefas ao mesmo tempo, apresenta comportamento
irrequieto e tem dificuldades de concentração ao realizar uma mesma
atividade por longos períodos, é bom ficar atento.
Se você é daqueles que não finaliza o que começa, sentindo-se frustrado
cada vez que abandona projetos, deve repensar seus hábitos.
Se você não tem problemas para concluir tarefas, mas raramente consegue
aprofundar-se em uma única atividade, sentindo-se constantemente cansado
e com a sensação de que o tempo passa rápido demais ou não é suficiente
para tudo o que precisa fazer, você também deve analisar sua rotina.
Se, além disso, você experimenta a sensação de que seu corpo e seus
pensamentos estão acelerados, dificultando seu raciocínio e sua
produtividade, é bem possível que você esteja apresentando sintomas
relacionados às síndromes ansiosas mais comuns.
Caso esteja enfrentando situações parecidas, seja por experiência pessoal ou por
estar vivenciando a angústia de familiares ou amigos, já dever ter percebido que
ignorar o problema não é a solução mais adequada.
Dessa forma, a partir das informações levantadas no tratamento de inúmeros
pacientes e dos resultados que obtive através de medidas simples porém eficazes,
gostaria de dividir este livro com você.
Neste guia você aprenderá a:
“Um homem vivia com seu único filho em uma fazenda e eles possuíam apenas
um cavalo, que era usado na maioria das atividades. Um belo dia, o cavalo fugiu.
Os vizinhos, com pena do fazendeiro, vieram consolá-lo:
− Você é um homem de azar, possuía só um cavalo e agora perdeu tudo.
E o fazendeiro respondeu:
− Não sei se foi sorte ou azar... Pode ser que sim pode ser que não....
Após alguns dias, o cavalo retornou, acompanhado de vários cavalos selvagens.
Os vizinhos impressionados, então disseram:
− Você é um homem de sorte, pois agora possui muitos cavalos.
Ao que o fazendeiro respondeu:
− Não sei se foi sorte ou azar... Pode ser que sim pode ser que não....
Certo dia, seu filho caiu de um dos cavalos selvagens que tentava domar e
quebrou a perna. Os vizinhos novamente comentaram:
− Você é um homem de azar. Só possui um filho e ele não pode te ajudar.
E o fazendeiro mais uma vez respondeu:
− Não sei se foi sorte ou azar... Pode ser que sim pode ser que não...
Pouco tempo depois, todos os rapazes da aldeia foram convocados para guerra
menos o filho do fazendeiro, que estava com a perna quebrada. E mais uma vez
os vizinhos voltaram:
− Você é um homem de sorte.
E o homem, tranquilamente, respondeu:
− Não sei se foi sorte ou azar... Pode ser que sim pode ser que não...”
Moral da história, nunca sabemos as surpresas que a vida irá nos reservar e, por
consequência, o presente é o nosso principal tempo. O ansioso, dotado de uma
preocupação excessiva com o futuro, sofre por antecipação, tentando adivinhar
os possíveis desfechos dos problemas.
Se pensar bem, verá que na maioria das vezes as coisas não acontecem como
prevemos, mesmo que a gente se comporte como videntes tentando controlar o
futuro.
Prevenir-se é ótimo e cuidar do futuro melhor ainda, mas antecipar problemas e
forçar soluções antes da hora, não passa de um mau hábito que traz mais
sofrimentos do que vantagens.
Aprenda com o sábio fazendeiro da nossa história e se preocupe na hora certa.
Capítulo 7 - Guia rápido do ansioso - 20 dicas para administrar bem o
seu tempo e controlar a ansiedade
Estamos chegando ao final de nossa jornada e eu gostaria de oferecer um
pequeno guia para auxiliá-lo no tratamento da ansiedade. Apesar de a maioria
dos pontos já terem sido abordados, considero importante resumir algumas
informações que podem ser valiosas ao leitor.
Listei 20 dicas a serem observadas por aqueles que desejam livrar-se da
ansiedade de uma vez por todas. Pratique essas orientações e torne sua vida mais
leve e saudável.
A autora
Sou escritora, professora de psicologia e recentemente concluí o doutorado em
Psicologia pela Universidade Federal Fluminense. Além disso, atuo como
psicóloga clínica há dez anos e tenho me dedicado ao estudo e tratamento de
questões de natureza psicológica, oferecendo às pessoas meios de avaliar e
superar seus problemas, a fim de tornar sua vida mais saudável.
Table of Contents
Introdução – Vamos falar sobre a ansiedade?
A ansiedade não deve ser ignorada
Capítulo 1 – A ansiedade é um mal contemporâneo
A ansiedade não é um bicho de sete cabeças
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Capítulo 2 – Vivemos sob a cultura da pressa
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Capítulo 3 – Aprenda a identificar a ansiedade
Sensação de contínuo débito pessoal com o tempo
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Capítulo 4 – As principais síndromes ansiosas
Transtorno de pânico
Transtorno de ansiedade generalizada
Fobia social
Fobias específicas
Transtorno de estresse pós-traumático
Transtorno obsessivo-compulsivo
Capitulo 5 – Os hábitos mentais cultivados por ansiosos
Primeiro hábito – Orgulho de ser ansioso
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Terceiro hábito – Confundir controle com disciplina
Quarto hábito – Transformar a rotina em uma maratona de problemas
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Capítulo 6 – Aprenda a negociar seu tempo e controle a ansiedade
Exercícios de respiração e relaxamento muscular
Exercício 1: Controle da frequência respiratória
Exercício 2: Relaxamento dos músculos do corpo
A arte de transformar o tempo em um aliado
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A importância de cuidar da alimentação, praticar exercícios físicos e descansar
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Capítulo 7 - Guia rápido do ansioso - 20 dicas para administrar bem o seu tempo
e controlar a ansiedade
Conclusão
A autora