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A primeira é que a ansiedade poderia ter uma origem genética, ou seja, a pessoa herda
de seus ancestrais uma pré-disposição para ter estes sintomas. Nestes casos, as
manifestações podem ser bastante precoces, sendo a pessoa desde cedo uma criança
agitada, às vezes hiperativa, que chora com facilidade e às vezes até com dificuldade de
dormir. A ansiedade precoce também pode se manifestar através da avidez de mamar e
numa postura mais teimosa e possessiva ainda como criança. A segunda é uma infância
carente e problemática, na qual as dificuldades dos pais, mas principalmente da mãe, de
passar afeto e suprir as carências afetivas da criança fazem com que ela se sinta insegura
e exposta e agrave e condicione um sentimento de que coisas ruins e sensações
negativas podem acontecer a qualquer momento. A terceira é a dificuldade de
incorporar fatos e intercorrências novas ou desconhecidas. O velho ou conhecido
sempre traz a sensação de segurança e controle. O novo, por sua vez, tem a capacidade
de potencializar a sensação de medo no sentido de que algo ruim ou perigoso pode vir a
acontecer. É mais ou menos assim: “Tudo que vem de mim é seguro e tudo que vem de
fora e não está sob controle é perigoso”. É a clássica postura do pessimista, como aquele
personagem dos desenhos antigos de TV, a hiena Hardy, amiga do leão Lippy, que
sempre dizia “Oh céus, oh vida, oh azar, não vai dar certo!”
Primeiro é preciso entender que a ansiedade é um fato normal quando não é exagerada.
A excitação do sistema nervoso central vinha como uma forma de estimular o nosso
corpo para a luta ou para a fuga.O que interpretamos como perigo hoje transcende, e
muito, o perigo de vida biológico. Perda de status, de conforto, de poder econômico, de
afetos, amizades, de privilégios, vantagens, de possibilidade de concretizar interesses,
de vaidade, são fatores mais do que suficientes em muitos casos para disparar o estado
ansioso. Em estados de desequilíbrio emocional o simples contato com o novo, com
situações inesperadas e desconhecidas são o suficiente para disparar estados ansiosos.
Este movimento mental, na maioria das vezes, acaba causando uma certa confusão, uma
ineficiência da ação, um aumento da sensação de perigo e de incapacidade de se livrar
dele, o que configura um círculo vicioso, pois esta sensação só faz aumentar ainda mais
o estado ansioso. “Mente acelerada é mente desequilibrada”. Este movimento impulsivo
de a mente se acelerar, de precisar ter tudo sob controle, para poder usufruir da sensação
de repouso e conforto faz com que ela se excite, e se o problema não tiver uma solução
mental imediata, como o que acontece na maioria dos casos, teremos a chamada
ansiedade patológica, que tende a se cronificar e piorar com os anos.
Essa glândula, localizada bem embaixo do cérebro, produz hormônios que praticamente
controlam todas as funções do organismo.
Como o hipotálamo é uma espécie de antena captadora das emoções e sentimentos mais
intensos, essas emoções acabam alterando o funcionamento do hipotálamo e sua relação
com a hipófise. O resultado é quase sempre catastrófico: doenças respiratórias, de pele,
circulatórias e gastrointestinais causadas ou agravadas pela tensão nervosa.
Cefaléia
Gastrites e Úlceras
Asma e Bronquite
É difícil acreditar mas a caspa e a acne estão também relacionadas com a tensão
nervosa. Tanto uma como a outra são manifestações que fazem as glândulas da pele
produzirem secreção oleosa em excesso. Os eczemas que provocam vermelhidão e
descamação da pele, pioram muito quando a pessoa está angustiada ou ansiosa. Muitos
médicos acreditam que o estresse seja uma das principais causas do eczema.
Para muitos estudiosos estes problemas estão ligados a fatores psicossexuais, além é
claro, das alterações hormonais.
Hipertensão Arterial
Esta pode ser a doença que mais sujeita as alterações por interferência de fatores
emocionais. A hipertensão pode ter causas desconhecidas ou origina-se de doenças dos
rins ou do coração. Este é um mal que atinge mais de 15% da população brasileira. O
perigo é o não reconhecimento do mal pois seus sintomas podem ser confundidos com
os de outras doenças.
São geralmente a dor de cabeça, tontura, zumbidos nos ouvidos, cansaço e fraqueza. Se
você se encaixa neste perfil, vive mais que intensamente as emoções, e abala por muito
pouco – procure a orientação de um médico.
Desse modo, cada vez que uma pessoa não consegue suportar no plano psíquico uma
situação, ela acaba produzindo ou agravando sintomas e doenças que se manifestam no
corpo. Palpitações, gastrite e dores de cabeça estão entre os sintomas mais comuns, mas
a somatização pode deixar o organismo com menos defesas para doenças sérias, como
câncer, além de prejudicar a recuperação de uma cirurgia, por exemplo.
"O stress e a ansiedade são os principais fatores que acabam por influenciar no
aparecimento, na manutenção ou repetição de uma doença física, porque eles alteram o
funcionamento de vários sistemas do nosso organismo", explica o psiquiatra Carlos
Andrade, diretor-científico do Comitê de Medicina Psicossomática da Associação
Paulista de Medicina.
No entanto, é possível controlar e até mesmo evitar que isso aconteça. Mas a receita,
que não é fácil e muito menos rápida, inclui o autoconhecimento, a descoberta de
válvulas de escape e uma mudança na maneira de encarar os problemas e reagir a eles,
de preferência com acompanhamento de um psicoterapeuta.
SINAIS CEREBRAIS
Quando a pessoa fica durante muito tempo submetida a uma situação diferente, ela
desencadeia mudanças no sistema nervoso autônomo, responsável pelos batimentos
cardíacos, pela temperatura corporal, pela digestão, pela respiração e pela sexualidade.
Além disso, provoca mudanças no sistema endocrinológico, que produz uma série de
hormônios, e no sistema imunológico, responsável pela defesa do organismo.
Mesmo assim, os médicos afirmam que existe um perfil geral do somatizador: pessoas
extremamente ligadas ao mundo real, que dão pouco espaço para elaborações psíquicas
e em cuja vida não há muito espaço para fantasias e imaginação. Sendo assim, acabam
tendo pouco contato e tempo para suas questões psicológicas.
"Como não conseguem eliminar as tensões de uma forma natural, aparecem essas
válvulas artificiais e as pessoas desenvolvem doenças físicas que têm certamente origem
emocional. A gastrite, por exemplo, pode ser uma patologia do aparelho digestivo que
se desenvolve à medida que aumentam o stress e o desgaste do paciente", diz o
psiquiatra Leonard Verea, especialista em psicossomática.
"O paciente sente sintomas no corpo sem que haja uma causa física que explique aquilo.
E ele sofre porque não encontra uma causa. Geralmente, são pessoas que recusam fazer
um acompanhamento psicológico", explica o psiquiatra José Atílio Bombana, do
Programa de Atendimento e Estudos de Somatização da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp).
TRATAMENTO
Logo depois, e seguindo a recomendação do médico, Júlia procurou uma terapeuta. "Ela
falou para mim que quando tenho um problema que não consigo digerir acabo atacando
o meu estômago. Depois da terapia melhorei bastante, aprendi a não ficar fazendo mal
para mim, tento me entender e me controlar", diz.
A estudante seguiu o caminho mais recomendado pelos médicos. Segundo eles, apenas
tomar remédios para aliviar os sintomas ou curar a doença não são suficientes. Sem
mexer na origem do problema, a somatização continuará. "A pessoa precisa ter a
humildade de se olhar no espelho e dizer: eu preciso mudar. E ter a coragem para
mudar. Senão ficará se repetindo para sempre", observa o psiquiatra Verea.
Transtornos respiratórios
- asma brônquica, síndrome de hiperventilação, rinite alérgica
Transtornos endócrinos
- hiper ou hipotiroidismo, doença de Addison, Síndrome de Cushing, alterações das
glândulas paratireóides, hipoglicemia, diabetes
Transtornos gastrintestinais
- transtornos esofágicos, dispepsia, úlcera péptica, síndrome do cólon irritável, colite
ulcerosa, Doença de Crohn
Transtornos dermatológicos
- prurido, hiperhidrose, urticária, dermatite atópica, alopecia areata, psoríase, herpes,
vitiligo
Dor crônica
- lombalgias, cefaléias, dor pré-menstrual, fibromialgia
Reumatologia
- artrite reumatóide
Transtornos imunológicos
- lúpus, depressão imunológica inespecífica
Mas, com o crescente reconhecimento da implicação de fatores psicológicos ou
emocionais no desencadeamento e/ou agravamento da maioria das enfermidades
orgânicas, as tabelas como acima acabam perdendo totalmente o valor. Quanto mais
avançam os meios de investigação da patologia, mais se evidencia relevância dos
fatores psicológicos na etiologia e desenvolvimento de um grande número de doenças
até então não consideradas como psicofisiológicas.
Esses transtornos englobam desde doenças neurológicas, como a Esclerose Múltipla, até
enfermidades infecciosas, como a tuberculose, passando por enfermidades
imunológicas, como a leucemia (Wittkower y Dudek, 1973).
Desta forma, em muito pouco tempo, ao se descreverem os transtornos
psicofisiológicos, não mais se fará referência a um determinado grupo distinto de
enfermidades (como a lista acima), mas sim às alterações físicas que são precipitadas,
agravadas ou prolongadas por fatores psicológicos. A psicossomática preocupar-se-á
com as diversas categorias de reações orgânicas, utilizando-as para compreender
qualquer transtorno físico nos quais os fatores psicológicos sejam importantes. Por
exemplo, no caso do Lúpus Eritematoso Sistêmico, a psicossomática estará preocupada
em estudar as alterações das emoções sobre a imunidade, sobre os linfócitos T, ou sobre
as imunoglobulinas. Se, daí em diante, aparecerá Lúpus ou Artrite Reumatóide não será
mais tão importante.
DA EMOÇÃO À EMOÇÃO MESMO
As emoções negativas podem, por sua vez, determinar não apenas uma repercussão
orgânica, como de vê em psicossomática, mas, sobretudo, repercussões psico-
emocionais. Neste caso, o excesso de ansiedade poderia se traduzir por Transtornos de
Ansiedade. Vejamos os casos onde a ansiedade patológica "se converte" em quadros
psiquiátricos definidos pelas classificações internacionais (CID.10 e DSM.IV):
- Ataque de Pânico: caracteriza-se por crise súbita de sintomas de apreensão, medo
intenso ou terror, acompanhados habitualmente de sensação de morte iminente.
Aparecem também durante estes ataques, sintomas como palpitações, opressão ou mal
estar torácico, sensação de sufocamento, medo de perder o controle, de ficar louco.
- Agorafobia: caracteriza-se pelo aparecimento de ansiedade ou comportamento de
evitação de lugares ou situações de onde escapar pode ser difícil ou complicado, ou
ainda de onde seja impossível conseguir ajuda no caso de se passar mal.
- Fobia específica: caracteriza-se pela presença de ansiedade clinicamente
significativa, como resposta à exposição a determinadas situações e/ou objetos
específicos temidos irracionalmente, dando lugar a comportamentos de evitação.
- Fobia social: caracteriza-se pela presença de ansiedade clinicamente significativa
como resposta a situações sociais ou atuações em público, e também podem dar lugar a
comportamentos de evitação.
- Transtorno obsessivo-compulsivo: caracteriza-se por obsessões que causam
ansiedade e mal estar significativos, e/ou compulsões, cujo propósito é neutralizar a
ansiedade. As obsessões são idéias involuntárias, recorrentes, persistentes, absurdas e
geralmente desagradáveis que aparecem com grande freqüência sem que a pessoa
possa evitá-las. As compulsões são comportamentos repetitivos e litúrgicos que se
realizam em forma de rituais.
- Transtorno por estresse pós-traumático: caracteriza-se pela recorrência de
experiências ou de acontecimentos altamente traumáticos, e comportamento de
evitação dos estímulos relacionados com a situação vivida como traumática.
- Transtorno por estresse agudo: caracteriza-se por sintomas parecidos com o
transtorno por estresse pós-traumático que aparecem imediatamente depois de um
acontecimento altamente traumático.
- Transtorno de ansiedade generalizada: caracteriza-se pela presença de ansiedade e
preocupações excessivas e persistentes durante pelo menos seis meses.
- Transtorno de ansiedade devido a enfermidade médica geral: caracteriza-se por
sintomas proeminentes de ansiedade que se consideram secundários a efeitos
fisiológicos diretos de uma enfermidade subjacente.
- Transtorno de ansiedade induzido por sustâncias: caracteriza-se por sintomas
proeminentes de ansiedade secundários aos efeitos fisiológicos diretos de uma droga,
fármaco ou tóxico.
- Transtorno de ansiedade não especificado: existe para encaixar aqueles transtornos
que se caracterizam por ansiedade ou evitação fóbica proeminentes, que não reúnem os
critérios diagnósticos dos transtornos de ansiedade já mencionados.
Fatores Predisponentes
A relação entre as respostas fisiológicas e os transtornos psicofisiológicos tem sido o
ponto de partida de muitas teorias explicativas. Entre as diversas emoções com
respostas fisiológicas importantes devemos destacar a ansiedade e a raiva.
Supõe-se, em geral, que para se desenvolver e manter um transtorno psicofisiológico,
são necessários dois fatores:
O primeiro fator será de predisposição individual, pelo qual a pessoa tende a
experimentar maior reação fisiológica diante da emoção. Significa que essa pessoa tem
uma certa excitabilidade exagerada do sistema nervoso autônomo, bem como
endócrino e imunológico.
O segundo fator levará em conta a própria reação fisiológica ao estímulo emocional,
sua duração e intensidade. Ela deve ser suficiente para manter níveis altos de
ansiedade ou raiva. Portanto, um fator é predominantemente fisiológico e o outro de
personalidade.
Há anos se estudam as características do perfil de resposta de pessoas com diferentes
transtornos psicofisiológicos, tais como a hipertensão arterial, asma, a úlcera digestiva,
as dores de cabeça, vários tipos de dermatites, etc. Os resultados indicam que as pessoas
que apresentam tais transtornos costumam ter níveis mais altos de ansiedade do que
outras pessoas da mesma idade e sexo.
A mesma emoção negativa pode, ainda, se apresentar com características internas ou
externas, variando de acordo com a capacidade de controle e dissimulação da pessoa.
Assim, segundo Cano (Cano-Vindel & Fernández Rodríguez, 1999), as pessoas com
hipertensão essencial têm níveis maiores de raiva interna que os grupos controle, sem
hipertensão. Os pacientes com asma, por exemplo, apresentam níveis maiores de raiva
externa do que as pessoas sem asma. A raiva, neste caso, ajudaria a manter níveis altos
de ativação fisiológica.
A maioria das pessoas com estilo repressivo de enfrentamento de suas emoções
negativas não costuma ter consciência de sua alta ativação fisiológica e, inclusive,
podem referir-se a si mesmos como pessoas relaxadas, calmas e tranqüilas. Na realidade
não são bem assim.
Embora essas pessoas apresentem baixas pontuações nos testes para ansiedade,
apresentam uma alta ativação fisiológica. Esta alta ativação fisiológica continuada será
um fator de vulnerabilidade para o desenvolvimento de transtornos psicofisiológicos.
Segundo Cano, em testes de laboratório, submetidos à tarefas estressantes, os indivíduos
com maiores tendências para ocultação e dissimulação das emoções apresentaram maior
reatividade cardiovascular com uma resposta de aumento da pressão arterial diastólica.
O estilo repressivo de enfrentamento das emoções negativas também é um fator que
pode introduzir um certo grau de imunodepressão (Cano-Vindel, del Rosal, Sirgo, Pérez
Manga e Miguel-Tobal, 1999). Uma alta ativação fisiológica mantida ao longo do
tempo pode provocar alterações no Sistema Imunológico que tornam a pessoa mais
vulnerável à enfermidades infecciosas ou à doenças auto-imunes. Assim, por exemplo,
pacientes com câncer que apresentam estilo repressivo de enfrentamento das emoções
têm uma menor expectativa de vida (Cano-Vindel, Sirgo y Díaz-Ovejero, 1999).
Deve ser destacado que as emoções são reações naturais, universais e têm uma
finalidade adaptativa mas, não obstante, quando demasiadamente intensas e/ou
freqüentes, essas mesmas reações podem provocar alterações patológicas na saúde.
Se essas emoções não podem ser relacionadas diretamente ao desenvolvimento de
doenças, no mínimo elas provocam uma alteração no nível e qualidade de vida que
favorecem o desenvolvimento patológico. A ansiedade, a tristeza e a raiva, quando em
níveis demasiadamente intensos ou freqüentes, quando se mantêm por um tempo longo,
tendem a determinar mudanças na conduta, ao ponto de determinar atitudes não sadias,
como por exemplo, o consumo de fumo, álcool, sedentarismo, apatia, falta de
exercícios, transtornos alimentares (hipo ou hiperfagia), etc.
Hoje, a medicina psicossomática tem se interessado, mediante técnicas cognitivas,
comportamentais e, se necessário, farmacológicas, em ajudar pessoas a diminuir sua
ativação fisiológica, a reduzir o mal estar psicológico e a facilitar uma expressão
emocional mais sadia. Com isso pretende-se melhorar a qualidade de vida e a saúde das
pessoas.
As pessoas reagem diferentemente ao estresse, inclusive em termos de eventuais
doenças psicossomáticas. Ao estudarmos o Afeto, entendemos que parece haver uma
espécie de filtro exemplificados como lentes de óculos hipotéticos) através do qual os
fatos e eventos são percebidos pelo indivíduo. Isto faria distinguir situações percebidas
como estressantes por alguns e não por outros (veja em Afetividade, na seção
Psicopatologia).
Tal sensibilidade pessoal diante da vida exerce um efeito atenuante ou agravante aos
eventos, efeito este que depende mais da própria personalidade que das circunstâncias.
Isso definirá o modo de ser, de reagir, de enfrentar e de se adaptar ao estresse.
Assim sendo, podemos dizer que a elevação da pressão arterial diante do estresse, por
exemplo, parece depender mais da avaliação pessoal (subjetiva) que o indivíduo faz de
sua situação do que da própria situação em si, objetivamente considerada. Alguns
observadores notaram que os hipertensos tendem ao pessimismo, antecipando
conseqüências negativas dos fatos e a interação interpessoal e social é por eles vivida
como fonte de ansiedade e estresse.
A Opção Somática das Emoções
É no Sistema Límbico que tem início nossa função avaliadora da situação, dos fatos e
eventos de vida. Esse modo de avaliação sempre leva em consideração vários
elementos, tais como, a personalidade prévia, a experiência vivida, as circunstâncias
atuais e as normas culturais.
É devido a esse aspecto multifatorial que uma dada situação vivida pelo indivíduo
sofrerá um processamento interno envolvendo sua avaliação quanto à natureza do
evento e sua possível ameaça, bem como um processamento interno acerca da escolha
ou decisão da melhor maneira de enfrentamento, resultando, finalmente, numa dada
resposta. Tanto os fatores constitucionais de personalidade, quanto as experiências
anteriores de vida representariam o núcleo desse sistema de avaliação.
Desde a década de 60, Selye já dizia que a "preferência" de um agente estressor por um
determinado órgão ou sistema, bem como a intensidade dessa resposta, parece ser
determinada por fatores condicionantes internos e externos ao indivíduo, ou seja,
depende de características herdadas e adquiridas.
De acordo com esse aspecto extremamente pessoal da resposta do sujeito ao
objeto estresse, podemos entender porque diante de situações semelhantes, os diversos
indivíduos reagirão de forma diferente. Isso refletirá sempre o modo peculiar de cada
um avaliar as situações, e o que é estressante para um, pode não ser para outro.
Da mesma forma, também o modo de enfrentar cada situação é peculiar e particular a
esse determinado indivíduo, conforme sua história, circunstâncias, aptidões e
personalidade. Essas aptidões personais (de personalidade) são quem nos oferece
maiores ou menores "opções" de enfrentamento da situação.
E a palavra "opções" foi colocada entre aspas por tratar-se de uma atitude intencional e
involuntária. Pode-se dizer, então, que a opção mais elaborada de enfrentamento seria
aquela de encarar a situação conscientemente, objetivamente, podendo falar sobre ela,
discutir, refletir, superando-a conforme as características e os recursos à nossa
disposição.
Quando não é possível encarar a situação objetivamente, seja porque o problema não
está sendo consciente, seja porque faltam recursos disponíveis à personalidade, a
tendência será lançar mão de outras formas mais atípicas de enfrentamento.
A forma mental de enfrentar a situação seria, por exemplo, fantasiar, racionalizar, negar,
rezar. A maneira emocional atípica de enfrentamento seria deprimir-se, agredir, culpar
os outros ou culpar-se, chorar, gritar. Outras atitudes de enfrentamento atípico, seriam
isolar-se, exibir-se, brincar, arriscar-se, comer, beber, transar, fumar, trabalhar,
tudo excessivamente e, finalmente, de particular interesse à psicossomática, surge uma
maneira somática de enfrentamento, representada pelo adoecer.
Eis algumas "opções" de enfrentamento adotadas pela maioria das pessoas*:
1. Olhar o problema objetivamente.
2. Buscar alternativas para enfrentar a situação.
3. Falar sobre o problema.
4. Ter esperança de que as coisas melhorem.
5. Procurar apoio com familiares e amigos.
6. Agitar-se fisicamente.
7. Fumar, beber e usar drogas.
8. Comer e dormir em excesso.
9. Adoecer fisicamente.
10. Gritar e agredir.
11. Meditar e relaxar.
12. Isolar-se e ficar só.
13. Esquecer o problema.
14. Resignar-se.
15. Sonhar e fantasiar sobre o problema.
16. Rezar.
17. Ficar nervoso.
18. Preparar-se para o pior.
19. Deprimir-se.
20. Dedicar-se excessivamente ao trabalho.
*MELO FILHO J – Psicossomática Hoje – Artes Médicas, 1992