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2019
Estudos de Conservação de um Conjunto Cerâmico de Época Almóada de Cacela-a-Velha
Agradecimentos
2
Estudos de Conservação de um Conjunto Cerâmico de Época Almóada de Cacela-a-Velha
Sumário
RESUMO ...................................................................................................................... 4
ABSTRACT................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 5
4.2 Ornamentação................................................................................................... 30
Referências Bibliográficas........................................................................................... 38
Anexos........................................................................................................................ 40
Fichas de Inventário.................................................................................................... 48
3
Estudos de Conservação de um Conjunto Cerâmico de Época Almóada de Cacela-a-Velha
RESUMO
ABSTRACT
The discovery of the Islamic quarter in the village of Cacela, southwest of Portugal, was
verified with the emergence of walls and vestiges of dwellings, which were excavated
during the excavation campaigns from 1998 to 2007. Silos filled with traces of food,
construction material and household containers from the Almohad period were also
found.
The correct study of ceramic material, its different typologies and functions, modes of
manufacture and type of material used are fundamental points to understand the
settlement of Cacela and its relationship with the cities to its surroundings. Here we
studied a set of 11 ceramic pieces, most of which are small fragments, with marks of
intensive use and fire marks. The execution of a properly inventorying, containing all the
data relating to each part, the photograph and the graphic reconstruction of the parts, as
well as the treatment of conservation and restoration are the elements that contribute to
the reconstruction of the memory and tradition of the settlement of Cacela.
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INTRODUÇÃO
A escolha deste tema surgiu a partir de uma experiência anterior da autora deste
trabalho com restauro de cerâmicas medievais, durante um estágio profissional em Itália
no Centro di Restauro e Conservazione dei Beni Culturali, em 2017. Juntamente com a
prática da conservação de materiais arqueológicos, a experiência de escavação nas
campanhas de 2018 e 2019 em Cacela-a-Velha foram as motivações para dar
continuidade aos estudos das cerâmicas, de forma que os resultados possam fazer
parte do projeto de investigação do sítio arqueológico de Cacela.
Dentre as fonte literárias utilizadas para este trabalho estão: a tese de doutoramento da
arqueóloga Cristina Teté Garcia (2016), que fez o estudo sobre o povoamento rural de
Cacela-a-Velha e elaborou também a Matriz de Classificação da Cerâmica Islâmica de
Cacela, serviu como principal base para a realização deste estudos, assim como a tese
de Doutoramento da arqueóloga e professora Doutora Susana Gómez-Martínez, sobre
a Produção e Consumo da Cerâmica islâmica de Mértola, que foi a principal base para
a produção cerâmica e mais forte paralelo traçado da produção de cerâmica islâmica.
Outros nomes como Helena Catarino, Bugalhão e Rossello-Bordoy tiveram vital
importância para o entendimento das formas cerâmicas e ligação com o mundo islâmico.
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O material para este estudo foi selecionado pela arqueóloga Doutora Cristina Garcia e
pela técnica da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António Patrícia Dores,
responsável pelo material por parte da CMVRSA. Após a seleção eles foram trazidos ao
gabinete de arqueologia da Universidade do Algarve, onde foi feita a verificação das
peças. Cada conjunto de fragmentos estava dentro de um saco plástico com uma
etiqueta de identificação, que trazia a proveniência do fragmento, no caso Cacela-a-
Velha/ Largo da Fortaleza; a sondagem; quadrícula; unidade estratigráfica; tipo de
material; o acrónimo ,que traz o sítio de proveniência e a data da escavação:
CV/FC/2007, e o número de identificação. Em algum deles, possui também o número
do saco.
Para cada um dos conjuntos de fragmentos de uma mesma peça, foi preenchida uma
ficha de inventário, baseada nas fichas de inventário do Campo de Mértola. As fichas
contêm as informações relevantes que identificam e descrevem as peças
individualmente. A elas são designadas um número de inventário ao todo 13 fichas de
inventário, porém, apenas 10 peças. Isto ocorreu pelo fato de alguns conjuntos
possuírem mais de uma etiqueta de identificação da CMVRSA.
Após a ficha preenchida, foi feita a documentação fotográfica de cada um dos conjuntos.
Utilizando as orientações fundamentais para que a fotografia resulte em um registro de
qualidade das peças. A peça deve ser colocada de maneira centralizada em um plano
de fundo de coloração neutra, para assegurar a incidência de luz de forma uniforme.
Evitar a utilização de flash para que a imagem final não seja distorcida do real. Para
referência de tamanho e coloração, ao lado da peça deve ser colocada uma escala
gráfica em centímetros.
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A representação gráfica dos recipientes cerâmicos requer que os desenhos sejam feitos
de forma pormenorizada, para que as peças sejam identificas corretamente. O desenho
traz informações dos aspectos ligados à tecnologia de fabrico, espessura de paredes,
forma do bordo, forma do fundo, tipo de decoração, elementos de pega (Souza, 1999).
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A água deionizada é quimicamente pura e com carga elétrica neutralizada, não contém
íons ou elementos orgânicos e inorgânicos. Em sua ausência, deve-se privilegiar as
águas mais puras possíveis.
A cerâmica com a superfície pintada pode ser limpa com a ajuda de algodão encharcado
com água, nas peças com maior desgaste, a água pode ser substituída por álcool,
possibilitando uma evaporação mais rápida, ao contrário da água, que pode ser
parcialmente absorvida provocando pequenas fissuras.
As peças sem pintura podem ser lavadas com a ajuda de pincéis e pequenas escovas
com cerdas macias. Não se deve aplicar muita força, diante de maiores dificuldades
para a remoção de sedimentos é preferível que se mantenha a peça parcialmente limpa
do que comprometer sua integridade. Em caso de dúvidas quanto à resistência das
peças, pode-se realizar um teste num pequeno fragmento, avaliando-se seu
comportamento diante da escovação e lavagem.
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da sujidade superficial. Após a lavagem os objectos devem ser postos para secar sobre
uma superfície plana e arejada. O processo de secagem da cerâmica é bem mais lento
do que os artefatos líticos. É preciso deixá-los secar completamente antes de seu
acondicionamento.
Alguns procedimentos são necessários seguir para que se possa fazer um trabalho de
conservação e restauro de material cerâmico proveniente de sítios arqueológicos. Os
métodos aqui apresentados são resultado de pesquisa e da experiência própria a
restaurar peças cerâmicas.
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Fontes Históricas
Foi o autor João Baptista da Silva Lopes1 quem em 1841 escreveu o primeiro livro de
geografia histórica do Algarve, quem fez as impressões sobre Cacela, observando que
era um sítio que ainda preservava as ruínas dos antigos paços do concelho, a casa
paroquial além de outras quatro moradas, e que tinha ainda o indicativo da antiga vila
que ali existia (Garcia, 2015:18). Após conversar com a povoado local, teve a certeza
de que a cidade de Cacela estava assentada sobre uma antiga povoação romana
importante, e que seus vestígios eram ainda visíveis. Dos materiais de construção que
encontrou pode-se citar porções de opus signinum, um fuste de coluna em uma porta
de uma casa; fragmentos de tégulas e de tijolos, mármores em paredes de casas, ou
soltos. E que o mar esconde um poço e alicerces de edifícios romanos. Escreveu ainda
que Cacela tinha um povoado grande com três ferradores (Garcia, 2016:18).
1
João Baptista da Silva Lopes escreveu o livro “Corografia ou Memoria económica, estadística,
topográfica do Reino do Algarve”.
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Na campanha do ano de 1998, foi descoberto o Bairro Islâmico do Poço Antigo, onde a
cooperação para o desenvolvimento do território se deve ao Parque Natural da Ria
Formosa (PNRF), juntamente com a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António
(CMVRSA), o Campo Arqueológico de Mértola (CAM) e a Comissão de Coordenação
da Região do Algarve (Garcia, 2015:28).
A campanha foi realizada em, no total, 45 dias de trabalho, onde foras descobertas
algumas sepulturas medieval-cristãs depositadas sobre as habitações abandonadas do
período Almóada (Garcia, 2015:29). Neste mesmo trecho, Garcia ainda comenta a
denominação de Poço Antigo para o local, devido ao testemunho de um morador que
“narrou a história de um poço existente naquele lugar, que abasteceria a aldeia de água
potável. De tempos a tempos, um menino de barrete encarnado, um mourinho, saía do
poço em corrida desenfreada e, quando era visto pelos habitantes, de imediato voltava
a refugiar-se no poço” (Idem).
Nova campanha, ainda no Poço Antigo, foi realizada em 2001, incluindo também a
parceria do Instituto de Antropologia da Universidade de Coimbra. Realizaram-se duas
fases de 75 dias cada, com o objetivo de atingir o nível islâmico da área.
Três anos depois, seguindo um projeto financiado pela União Europeia3, o Centro de
Informação e Investigação do Património de Cacela (CIIPC) realizou a escavação na
Fortaleza de Cacela. Desta vez com a parceria da Associação Portuguesa dos Amigos
dos Castelos. Nesta altura, foram deixados à mostra os muros do período islâmico e
troços de muralha de tipologia construtiva variada.
2
Citação da Carta de Estácio da Veiga retirada da tese de doutoramento de Cristina Garcia, p.20.
3
Projecto Castrum - Salvaguarda e Valorização dos Castelos, do programa MEDDOC III-B.
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a muralha islâmica pode ser confirmada devido a sondagens realizadas pela empresa
Palimpsesto.
Os estudos foram então continuados por Cristina Garcia, em sua tese de doutoramento,
onde faz a compilação, análise e interpretação histórico-arqueológica de Cacela na
Idade Média.
Os vestígios islâmicos
Daquilo que se sabe hoje, é que Cacela-a-Velha compõe-se de uma fortaleza e uma
igreja com a casa do pároco e campos semiabandonados. Mas as fontes históricas
contam uma história diferente daquilo que se vê, fala-se de um castelo medieval forte e
bem povoado à beira-mar.
O conjunto de cerâmicas deste estudo foi retirado do silo n°7, que foi escavado
integralmente e estava localizado no Largo da Fortaleza de Cacela, durante as
sondagens realizadas nas campanhas de 2004 e 2007. Foram os trabalhos
arqueológicos que permitiriam a identificação do nível de ocupação e abandono da
época Almóada, referidamente da segunda metade do século XII e primeira metade do
século XIII d.C. (Garcia, 2016:109).
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Devido a profundidade do S7, foi feito um escoramento interno com tábuas e cabos de
aço, para permitir o prosseguimento da escavação neste silo até o fundo da estrutura e
garantir a segurança do técnico.
Após o abandono dos silos de Cacela, estes foram utilizados como contentores de lixo,
recebendo restos de construções, revestimentos, recipientes cerâmicos, objectos de
ferro e osso, e despejos domésticos como cinzas e restos alimentares. Daí a variedade
de materiais encontrados nos silos. Mas pelos materiais pertencerem, de forma geral,
ao mesmo período final da época Almóada, é provável que a utilização destes silos
como contentores de lixo tenha sido por um curto período.
Garcia (2016:134) ainda afirma que em muitos dos sítios arqueológicos do Período
Islâmico do Algarve, foram encontrados silos com estruturas semelhantes ao de Cacela,
e que muitas vezes podem ser confundidos com fossas e poços negros.
Das demais unidades estratigráficas dos materiais aqui estudados pode se dizer que: a
ue29, de onde foi retirado o perfil do púcaro, uma das peças a serem aqui analisadas,
era de terra castanhas arenosas com muitos materiais cerâmicos, faunísticos e
malacológicos. A ue39, onde foi encontrado o jarrinho, apresentava as terras castanhas
siltosas (Garcia, 2016:136).
Foram recolhidas um total de 8369 peças cerâmicas no Largo da Fortaleza, onde muitos
fragmentos pertenciam à mesma peça (Garcia, 2016:142). O espólio das louças de
cozinha inclui 311 fragmentos, com evidências de panelas, caçoilas, malgas e
alguidares. Foram identificados 194 fragmentos de louça de mesa e 83 de recipientes
de armazenamento e transporte, sendo que os cântaros eram utilizados para o
transporte de água dentro das habitações. O percentual de cerâmica representativa de
contentores de lume, tampas e talhas é baixo, não chegando a atingir os 5% (Garcia,
2016:144).
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As Panelas, de pasta alaranjada e superfície alisada com colo variado, têm exemplos
das três variantes identificadas no Poço Antigo. Apresentavam aguadas brancas ou
cinza, pinturas de cor branca, caneluras ou linhas incisas. Das caçoilas, parte da
amostra tinha pasta alaranjada, superfície alisada, linhas incisas ou de cor branca, mas
a maioria das caçoilas correspondia a variante 2 de forma carenada (Garcia, 2016:147).
Tigelas de pasta alaranjada ou tons claros e vidrados verde e melado. Duas Malgas
foram identificadas na amostra, as malgas seriam utilizadas como recipiente de
aquecimento e ingestão de alimentos, em dimensões variadas. Para além disto, jarras,
potes, cântaros, fragmentos de alguidar que finalizam as amostras de Louça de mesa
do Largo da Fortaleza (Garcia, 2016:148).
Ainda quatro miniaturas foram achadas: miniatura de jarra de pasta alaranjada clara e
pintura branca, outra de superfície alisada; miniatura de jarro de pasta e engobe
brancos, com pingos de vidrado verde; e um recipiente de essências aromáticas de
pasta alaranjada clara e engobe branco (Garcia, 2016:159).
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2.2 Caçoila
2.3 Malga
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1.1 Talha
Talha é definida como uma forma fechada de grandes dimensões, de altura superior a
50 centímetros (Bugalhão et al. 2010). Rosselló-Bordoy (1991;162) traduz a definição
como “Contenedor grande, o muy grande generalmente de difícil manejo, aunque su
transporte pueda llevarse a cabo con la ayuda de alforjas acopladas a una caballería.
Nombre árabe JÂBÎYA.”
Dentro dos achados cerâmicos do silo 7, foi selecionado um fragmento de talha com o
número de inventário CV/FC/07[S5]1097. Sua espessura varia entre 13-23mm, o que
enquadra o fragmento dentro da variante 2, da matriz de classificação da cerâmica
islâmica de Cacela, definida por Cristina Garcia (2015; 251), sendo ela vidrada verde de
decoração estampilhada, com motivos vegetais e geométricos.
O achado passou apenas por um processo de limpeza com água para tirar sujidades
remanescentes.
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2.Louça de Cozinha
2.1 Panela
Do árabe Burma ou Qidr, as panelas apresentam paredes altas, asas e boca fechada.
Eram utilizadas para cozinhar alimentos de forma lenta e prolongada, sobre fogo lento
de brasas, nomeadamente a confecção de guisados e sopas: Contenedor aplicable al
fuego para guisos con abundante líquido, ebulliciones a fuego vivo etc. Tiene paredes
altas y boca no excesivamente amplia (forma cerrada) asas o muñones de prensión.
Nombre árabe BURMA, QIDR. (Rosselló-Bordoy, 1991:168).
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Semelhante a uma panela encontrada no Poço Antigo, também em Cacela, que Garcia
(2015:266) utiliza como exemplo para a variante 2, cronologicamente, essa variante de
panela se enquadra entre os finais do século XII e início do século XIII. Tem como
correspondência as panelas do Tipo 7A de Mértola (Gomez, 2004:325) e em Tavira
(Maia, 2012:99).
4
José Luís de Matos, em Cerâmica Muçulmana do Cerro da Vila. In A Cerâmica Medieval do
Mediterrâneo Ocidental. Pp. 430.
5
Garcia (2015:264) ainda cita que esta variante equivale à tipologia V da matriz de Cádiz, e aos
tipos I e III de Santa Maria de Niebla.
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Eram nestes recipientes que, além das panelas, se cozinhavam os alimentos que não
precisassem de muito tempo de fervura. Principalmente receitas de fogo lento, como
peixes e ovos, a principal característica das caçoilas é que a sua técnica e morfologia
eram adequadas à função de serem levadas direto ao fogo (Gómez, 2004:469). A
propósito de estudo aqui são apresentados 3 exemplos de caçoilas e malgas, todos
recolhidos do Largo da Fortaleza durante a campanha de escavação em 2007.
Assim como aconteceu com outros exemplos desta coleção, alguns dos fragmentos já
haviam sido colados com cola UHU por parte da empresa que fez as escavações
arqueológicas na altura, quando foram entregues, conforme Fig 18 que mostra a coleção
quando chegaram ao Gabinete de Arqueologia. Sendo assim, os fragmentos foram
lavados com água, e com o auxílio de um bisturi, foi retirado excessos de cola visíveis
6
José Luís de Matos, em seu artigo sobre as Cerâmica Muçulmana do Cerro da Vila. In A
Cerâmica Medieval do Mediterrâneo Ocidental (p.437), fala da diferença entra a caçoila e uma
tigela como sendo o interior da sua forma aberta não ser em calote esférica, mas se vê a clara
distinção entre bojo e colo, sendo aquele dividido ao meio por uma ligeira carena.
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Paralelos podem ser traçados com exemplares que foram encontrados na Cerca do
Convento de Loulé (Luzia, 2003:21) e em Tavira (Maia, 2012: 78).
7
Cristina Garcia justifica a utilização do termo Malga como recipientes que “Recordam as
tradicionais malgas, de uso individual ou colectivo, que no século XX ainda eram largamente
utilizadas no mundo rural. Por isso, estas peças islâmicas foram denominadas malgas e incluídas
no trem de cozinha. De facto, a forma latina do termo “malga” tem derivados em várias línguas
românicas, podendo este termo ser antigo, anterior ao século XIII. Da mesma forma, Catarino
(1997-98: 758), tinha integrado as malgas na cerâmica de cozinha” (Garcia, 2015:46).
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Informações obtidas durante aulas e orientações com a orientadora deste trabalho Susana
Gómez Martinez.
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incorrecto. Neste estudo, estes dois exemplares serão tratados como Malga, já que sua
proveniência é do sítio arqueológico de Cacela-a-Velha, desta forma mantém-se a
uniformidade na classificação da Matriz de Classificação das Cerâmicas Islâmicas de
Cacela.
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duas fichas de inventário idênticas para este conjunto, por se tratar da mesma peça.
CV/FC/07S5]555 e CV/FC/07S5]870 é mais um exemplo da variante 2 das malgas de
Cacela (Garcia, 2015:280).
3.Louça de Mesa
Pode ser denominada tigela um recipiente de mesa destinado a conter comida sólida ou
semilíquida9. Apesar das características que Garcia (2015:297) coloca para a tipologia
de taça serem muito semelhantes às encontradas nestes fragmentos, não se tem
informações o suficiente dentro da Matriz de Classificação da Cerâmica Islâmica de
Cacela a respeito das taças. Sendo assim, para fins deste estudo, será utilizado o termo
Tigela para a peça CV/FC/07[S5]1098.
9
José Luís de Matos, em Cerâmica Muçulmana do Cerro da Vila. In A Cerâmica Medieval do
Mediterrâneo Ocidental. Pp.436.
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acabamento vidrado da peça mostra uma cor verde no seu exterior com incisões de
diversos traços. O que caracteriza o fragmento como tigela é a sua forma aberta de
corpo semiesférico e diâmetro da boca de 244mm (superior a 150 mm como indica o
CIGA).
10
A matriz do grupo CIGA traz uma jarra como sendo um Objecto de forma fechada,
tamanho médio, corpo de tendência globular, colo e boca relativamente largos e duas
ou mais asas. (Bugalhão et al., 2010:10).
11
José Luís de Matos, em Cerâmica Muçulmana do Cerro da Vila. In A Cerâmica Medieval do
Mediterrâneo Ocidental. Pp 432.
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para beber las de boca ancha; para escanciar líquidos, las de cuello alto, com o sin pico.
Rosselló-Bordoy (1991:165).
Uma das peças que chama mais atenção dentro do conjunto, seria a jarrinha
CV/FC/07/S5/1043. Uma peça em pasta clara rosada, com cerca de 4mm de altura, e
diâmetro do corpo de 148mm. De espessura fina, a jarrinha apresenta incisões
decorativas horizontais em todo o seu exterior, podendo assim se encaixar na variante
3 da matriz de Cacela, que são Jarrinhas de pastas claras e paredes finas. Têm bordo
vertical ligeiramente introvertido, colo cilíndrico, corpo de forma globular, pé anelar e
engobo branco na superfície exterior (Garcia, 2015:291). Na peça nota-se a presença
de 4 arranques de asas que saem do colo e para o corpo da jarrinha. Internamente nota-
se que existia antes um filtro também cerâmico, comprovado pelas marcas existentes
no interior do colo. Porém, os demais exemplos de jarrinhas pertencentes à variante 3
não enquadram as duas principais características dela: o colo alto e o número de asas
superior a 2.
Sendo assim, a considerar que dentro dos exemplos da matriz de Cacela, não foi citado
nenhum exemplo que se assemelhe ao desta coleção, é sugiro a inserção de mais uma
variante à matriz de Cacela. Nomeadamente a Variante 6: sendo ela Jarrinhas de pasta
clara e paredes finas, engobo branco, colo alto, corpo bitroncocónico e 4 asas. Exemplar
de jarrinha semelhante foi inventariado em Mértola, tipo 3E (Gómez Martinez,
2004:385).
O conjunto de fragmentos foi lavado com água para retirar as sujidades superficiais.
Após a secagem do material, foi feito o trabalho de encontrar os fragmentos que se
encaixavam para tentar completar a jarrinha. Os fragmentos que tinham encaixe foram
primeiramente postos juntos com uma fita cola de papel, e depois colados utilizando
adesivo epoxídico de secagem rápida. Apesar da peça não estar completa, e alguns
fragmentos ficarem de fora, com o trabalho que realiado, é possível um melhor
entendimento da peça como um todo, como costumava ser.
Um paralelo próximo pode ser traçado dentro do campo de Cacela com esta jarrinha,
porém é um exemplar de pote de pasta alaranjada, da variante 2 e que foi encontrado
no Poço Antigo, ele possui esta mesma característica de ter 4 asas. (Garcia, 2015:254)
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2012:103), no Castelo de Silves (Gomes, Rosa Valera, 1991:40012). Porém estes dois
exemplos não apresentam o colo alto, como o exemplar deste estudo.
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Gomes, Rosa Varela – Cerâmicas Almóadas do Castelo de Silves in. Actas do IV Congresso
Internacional “A Cerâmica medieval no Mediterrâneo Ocidental”.
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Um jarro apresenta a forma fechada, de tamanho médio, de corpo globular com uma
única asa. O Jarrinho CV/FC/07[S6]831 que possui cerca de 134mm de altura, feito de
cerâmica com pasta alaranjada, apresenta elementos como xisto, calcário e quartzo
com um tamanho e frequência médias, provavelmente fabricado com um torno rápido.
O seu exterior é decorado com traços horizontais de pintura branca, na parte globular,
muito característico do período, e marcas de desenhos geométricos e restos de pintura
também branca no colo. A peça ainda apresenta indicativos de que haveria duas asas,
devido a presença do arranque de uma das asas, e a outra mostra uma falha na pintura
onde provavelmente a outra asa estaria colada. Apresenta marcas de fogo no seu
exterior, indicando uso intenso. Dentro da Matriz de Classificação de Cacela, este
jarrinho pode ser enquadrado na Variante 2.
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Estudos de Conservação de um Conjunto Cerâmico de Época Almóada de Cacela-a-Velha
Este pequeno púcaro CV/FC/07/S5[29]363 com cerca de 9,6cm de altura, possui o colo
cilíndrico reto e uma forma globular do bojo, de pasta alaranjada com o centro dela
castanho, apresenta uma textura compacta e pequenos elementos não plásticos como
xisto, calcário e quartzo.
4. Contentores de lume
4.1 Candeia
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Estudos de Conservação de um Conjunto Cerâmico de Época Almóada de Cacela-a-Velha
Luís de Matos13 em seu artigo exemplifique peças com o mesmo formato, e os denomine
como Candis - Lâmpadas de iluminação que funcionavam com azeite ou gordura. Para
Rosselló-Bordoy “Candil: elemento portátil o fijo para iluminación doméstica. A los tipos
habituales reseñados en otras ocasiones hay que añadir el receptáculo córnico
localizado en al-Zahra que formaría parte de una lámpara con múltiples cazoletas,
receptáculos de aceite y los candiles de suspensión (…). Nombre árabe QANDÎL,
MISBÂH.” (Rosselló-Bordoy,1991:177)
Esta candeia, provavelmente dos finais do século XII, início do XIII, de câmara aberta e
bico saliente levemente boleado, tem aproximadamente 100mm de comprimento e
35mm de altura até o final da sua asa, que sai do interior da peça. Apresenta uma pasta
cinzenta e compacta, bastante deteriorada com marcas de uso intenso de fogo, foi
fabricada manualmente e possui acabamento vidrado bicromado, com as cores branca
e bege por toda a peça.
O tratamento desta peça foi muito simples. Os dois fragmentos foram primeiramente
limpos com água, para eliminar pequenas sujidades ainda restantes. Após a secagem
do material, foi utilizado o adesivo UHU para a colagem dos fragmentos.
Outros exemplos desta forma de candeia podem ser encontrados em diversos sítios do
al-Andalus a partir da segunda metade do século XII. Em Tavira, estão expostas no
Palácio da Galeria, exemplos de candeias muito próximos a este de Cacela. Também
dos finais do século XII e com a asa saindo do interior (Maia, 2012:110), em Loulé, na
Cerca do Convento (Luzia, 2003:58), na Alcáçova do Castelo de Mértola elas estão
datadas como da primeira metade do século XIII (Torres, 2001:160).
13
José Luís de Matos, em Cerâmica Muçulmana do Cerro da Vila. In A Cerâmica Medieval do
Mediterrâneo Ocidental. Pp. 436
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Estudos de Conservação de um Conjunto Cerâmico de Época Almóada de Cacela-a-Velha
4.2 Ornamentação
Goméz (2004:518) ensina que para o estudo das ornamentações deve se fazer a análise
de três níveis básicos: A técnica utilizada para a execução, a associação da forma e
ornamentação e a iconografia representada.
A função da peça condiciona o local onde vai ser colocada a ornamentação e esta deve
se adequar à forma onde vai ser aplicada, não somente à técnica utilizada. Através da
associação entre forma e ornamentação consegue-se entender os tipos de produção. É
comum encontrar mais de uma técnica associadas.
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Estudos de Conservação de um Conjunto Cerâmico de Época Almóada de Cacela-a-Velha
Incisão
É uma das técnicas mais simples. É necessário pressionar um objecto com ponta sobre
a peça modelada crua, ainda sem ter sido cozida. A mais comum é feita com uma ponta
mais grossa, linhas horizontais são feitas ao tornear a peça. Mas ainda podem ser feitos
linhas onduladas ou pequenos traços oblíquos. Outra forma de utilizar esta técnica é
com um pente, assim pode se realizar várias linhas perfeitamente paralelas. É muito
frequente encontrar a incisão associada a outros tipos de ornamentação, como um
complemento a aplicações plásticas, pintura ou vidrado (Gómez, 2004:523). Os motivos
de incisão baixa coberta, são muito frequentes na época Almóada, associadas a tigelas,
taças, jarras e jarros.
Estampilhado
Esta técnica era muito comum em taças, tigelas, talhas e em pias de abluções. Estas
peças de tamanho maior, de parede mais grossa, recebem a aplicação de motivos
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Este tipo de ornamentação foi uma técnica altamente difundida no al-Andalus a partir do
século XII (Gómez, 2004:530), e é considerado um dos aspectos gerais do período
africano Almóada. Uma grande variedade de formas e técnicas e motivos ornamentais
que foram difundidos geograficamente, e que caracterizam como a cerâmica andaluz
elevou o seu grau de padronização (Gómez, 2004:532).
Quanto à ornamentação, verificou-se que até o momento não foi inventariado nenhum
exemplo em Cacela que se possa fazer paralelo com este fragmento. Alguns elementos
fitomórficos parecidos foram encontrados em talhas em Algeciras, porém já na segunda
metade do século XIII (Torremocha, 2002:64,103).
Pintura
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Gómez (2004:554) define que ornamentação de pintura pode ser feita de três modos
distintos, segundo as cores que aparecem, incluindo o fundo: monocromia, bicromia e
policromia. Sendo a pintura monocromada aquela em que aparece somente uma cor
em todo o objecto, implica na aplicação de um único tom. A policromia seria a aplicação
de duas ou mais cores diferentes sobre o fundo da pasta da peça.
O tipo de pintura encontrada nas peças deste estudo é a branca, muito utilizada no
ocidente do al-Andalus e que surgiu em Portugal aos finais do século I d.C. A técnica foi
encontrada em Conimbriga em alguns pratos e tigelas. Esta coloração era obtida com a
aplicação de uma solução calcárea sobre a superfície alisada, ou sobre uma película de
engobo em alguns casos14 (Gómez, 2004:556).
14
Gómez ainda cita que o oleiro de uma localidade onubense de Cortegana Francisco Ramos
Vázquez, utiliza silicato de magnésio para fabricar o branco, e utilizada o termo TALCO para tal
(Gómez, 2004:556).
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Vidrado Monocromático
Segundo Gómez (2004:570), a técnica do vidrado se define pela aplicação de uma capa
de vidro sobre um objecto de cerâmica, e a origem desta técnica seria no Oriente
Próximo, que a utiliza desde o ano 2.000 antes de Cristo, mas de uma maneira mais
restrita e de caráter suntuoso. Vidrados alcalinos são vistos no Egito no séc. IV a.C., e
mais tardiamente os vidrados de chumbo do século III a.C. no Egito de Alexandre. A
cerâmica vidrada chega ao ocidente, muito provavelmente, pela Pérsia, e a grande
inovação do Islão é a generalização do vidrado.
Para executar o vidrado em uma peça cerâmica, deve se aplicar sobre a sua superfície
uma solução de sal e ácido mineral, geralmente utiliza-se o ácido sulfúrico que é obtido
com dificuldade e somente a altas temperaturas. Devido a um grande avanço técnico, o
Islão diminuiu os custos de produção desta substância, massificando a produção do
acabamento vidrado (Gómez, 2004:570).
A forma mais simples é a cobertura transparente que pode ser denominada de verniz
ou cobertura de plumbífera, sendo que o sal atuante no processo de fundição é o
chumbo. O Zarcão, ou álcool de oleiro em espanhol, tradicionalmente é utilizado na
composição de vidrados pelo sulfuro de chumbo, mas isto fazia as peças tóxicas
portanto com o tempo foi sendo substituída por outros produtos químicos. Diferentes
15
Um exemplo próximo desses motivos é um cântaro que foi encontrado em Loulé (Luzia,
2003:56), do século XII/XIII d.C., porém nenhum outro paralelo foi encontrado para esta
decoração.
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tipos de óxidos podem ser utilizados dependendo da cor desejada no produto final da
ornamentação.
O estampilhado é uma técnica que foi largamente utilizada em talhas e outras peças de
maiores dimensões, e pode ser encontrada em exemplares em Mértola (Torres,
2001:163,), Algecíras (Torremocha, 2002) e em Tavira (Maia, 2012:94).
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Considerações Finais
Após a análise das peças, foi possível identificar e associas a elas as características da
produção cerâmica do período Almóada. São exemplos dessas características a
utilização do vidrado verde com incisões e nas talhas estampilhadas, o uso da pintura
branca em jarros e panelas, para além das características da forma de cada uma destas
peças.
Este estudo ainda colabora com a sugestão de criação de uma nova variante para as
Jarrinhas, que pode ser inserida na Matriz de Classificação de Cerâmicas Islâmicas de
Cacela como Variante 6: Jarrinhas de pasta clara e paredes finas, engobo branco, colo
alto, corpo bitroncocónico e 4 asas.
Fazer o restauro completo de todas as 11 peças não seria possível, devido a muitas
delas serem só fragmentos, como é o caso da talha, tigela e as duas panelas. A falta de
partes principais das peças, que demonstrassem como seria a peça no seu total é o
segundo maior motivo para não fazer o trabalho total. O pequeno púcaro recebeu o
trabalho de consolidação pois suas paredes são muito finas, tornando a peça muito
frágil.
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Referências Bibliográficas
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Gómez Martínez, S., Gonçalves, M. J., Grangé, M., Inácio, I., Lopes, G. e Santos, C.
2010. Projecto de sistematização para a cerâmica islâmica do Gharb al-Ândalus. Xelb
10: 455-476.
LUZIA, Isabel; Ramos, Hélio; Catarino, Maria João; Canteiro, Antonieta. 2003.
Cerâmicas islâmicas da Cerca do Convento [de] Loulé. Museu Municipal de
Arqueologia. Loulé.
MAIA, Maria; Maia, Manuel; Tahiri, Ahmed. 2012. Tavira islâmica. Museu Municipal de
Tavira. Tavira.
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TORRES, Cláudio; MACIAS, Santiago. 2001. Museu de Mértola: Arte Islâmica. Campo
Arqueológico de Mértola. Mértola.
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Anexos
Imagens
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Figura 17 Gráfico de distribuição de amostras cerâmicas do Largo da Fortaleza. Fonte Garcia. 2016:
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Figura 18 Caixa com o material cerâmico a ser estudado ainda nos sacos / retirados dos sacos.
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Figura 20 Identificação já existente em alguns dos fragmentos. Figura 21 Adesivos utilizados na colagem.
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Figura 31 Comparativo da ornamentação tigela CV/FC/07[S5]1098 e uma tampa com incisão semelhante (Garcia,
2016:155)
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Fichas de Inventário
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