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GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
GOIÂNIA,
2021
LUCIANA LOURENÇO RIOS
GOIÂNIA,
2021
LUCIANA LOURENÇO RIOS
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Profª. Ma. Ana Terra Sudário Gonzaga – Centro Universitário Alves Faria
____________________________________________________________
Profª. Ma. Marina Magalhães David – Centro Universitário Alves Faria
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Profº. Me. Mayk Diego da Glória Machado – SMS Aparecida de Goiânia
Esse pequeno espaço e, as palavras aqui contidas, por mais belas que possam ser não
conseguem traduzir o sentimento de gratidão a todas as pessoas, seres e momentos que foram
Em primeiro lugar agradeço ao meu Deus! Um Deus que não habita igrejas, templos,
terreiros ou, qualquer outro lugar que os homens designam como sendo Dele. Agradeço ao
Deus que me permite respirar, que alimenta as células do meu corpo com a energia vital. Sou
grata por me dar o privilégio de estar em um curso superior e, assim poder usar o
Seguindo uma linha lógica daquilo que denominamos amor, agradeço também aos
Agradeço a mamãe por sua dureza comigo durante todo tempo em que estivemos
uma etapa de crescimento pessoal e profissional. Sem ela, eu não estaria aqui.
Ao papai que me viu chorando tantas vezes, me sentindo incapaz, obrigada pelas
palavras de otimismo. Elas me fizeram não desistir. Obrigada pela admiração representada
em seu olhar que, só pude ver em nossas conversas online, nos intervalos dos estudos. Seu
carinho e amor me mantiveram firmes em direção ao meu objetivo. Sem ele, eu não estaria
aqui.
Agradeço pelo cuidado e pelas preocupações, pelo auxilio importante nos problemas do dia-
palavras de ânimo e confiança nos momentos em que mais tive medo. Obrigada!
todos os professores e dos demais funcionários que contribuíram para que esse momento se
tornasse realidade, proporcionando ao longo desses cinco anos de formação condições para
Marina Magalhães e ao professor Mayk Machado, por aceitarem o convite realizado pela
minha orientadora, dispondo de parte do seu tempo para lerem o material dessa aspirante a
profissional.
Por fim, dedico um último, mas não menos importante parágrafo para os meus
supervisores, professores de cursos realizados fora da faculdade, ex-chefes, chefes atuais (em
especial a Janaína), que de uma forma ou outra fizeram parte disso, me ouvindo, me
pra cima, me levando pra sair e “descansar a cabeça” quando eu já não via uma luz no fim do
túnel.
Todos vocês serão para sempre parte do que sou e, do que eu vier a ser amanhã.
Obrigada!
“... Não preciso de remédio
Eu só quero conversar
Não estou doente!
Você pode me escutar?...”
(Leandrino dos Santos)
Resumo
Este trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica na qual, a partir da análise de artigos
científicos publicados em bases de dados nacionais, discutiremos as diferentes noções de
saúde mental nas pesquisas realizadas no estado de Goiás. Partindo das divergências entre a
realidade objetiva e as práticas psicossociais predominantes em saúde mental adotadas
atualmente, queremos conhecer quais têm sido os sentidos abordados nas pesquisas realizadas
em torno dessa temática no Estado de Goiás pela psicologia. Para isso será preciso investigar
quais os locais em que têm sido realizadas as pesquisas; quais os temas têm sido discutidos
junto à saúde mental e quais as terminologias mais utilizadas e associadas à saúde mental
nesses trabalhos. Foram selecionados quinze artigos em duas bases de dados nacionais e, seus
dados foram separados em quatro tópicos, sendo eles: os municípios em que as pesquisas
foram realizadas; as instituições onde os dados foram coletados; os modelos de cuidados que
embasaram as discussões das pesquisas e, as terminologias associadas à saúde mental.
Pudemos então, perceber que em nosso estado pouco tem sido publicado em relação ao tema
da saúde mental pela psicologia, o que pode causar uma dificuldade no processo de mudança
de visões dos profissionais e da sociedade em relação ao processo existência-sofrimento.
Abstract
This work is a literature review in which, based on the analysis of scientific articles published
in national databases, we will discuss the different notions of mental health in research
carried out in the state of Goiás. Predominant psychosocial practices in mental health
currently adopted, we want to know what meanings have been addressed in research carried
out on this theme in the State of Goiás by psychology. For this it will be necessary to
investigate where the researches have been carried out; which themes have been discussed
with mental health and which terminologies are most used and associated with mental health
in these studies. Fifteen articles were selected from two national databases, and their data
were separated into four topics, namely: the municipalities where the research was carried
out; the institutions where the data was collected; the care models that supported the research
discussions and the terminologies associated with mental health. We could then see that in
our state little has been published in relation to the topic of mental health by psychology,
which can cause difficulties in the process of changing the views of professionals and society
in relation to the existence-suffering process.
Noções de saúde mental em Goiás: reflexões a partir de uma revisão bibliográfica .........1
Introdução. .............................................................................................................................10
Metodologia.............................................................................................................................14
Resultados e Discussões..........................................................................................................15
Regiões onde as pesquisas foram realizadas. ...........................................................................17
Locais das coletas de dados. ....................................................................................................18
Perspectivas de cuidados em saúde mental. .............................................................................20
Terminologias/palavras associadas à noção de saúde mental. .................................................31
Considerações finais...............................................................................................................33
Referências..............................................................................................................................37
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tem sido comumente utilizado para designar a ausência de algum tipo de sofrimento psíquico
patológico pela sociedade em geral. Foi então, a partir desse olhar que nos voltamos para tal
tema uma vez que observamos ao longo de trabalhos realizados na graduação, bem como no
prática nos hospitais psiquiátricos, nas ruas e nas instituições que lidam diretamente com os
Foi essa dualidade que nos gerou questionamentos em relação aos sentidos que têm
sido empregados teoricamente ao conceito de saúde mental, uma vez que ele é o responsável
por dirigir a prática e os objetivos de pesquisas nessa área, sendo esse então o objetivo central
da presente pesquisa. Para tanto, é preciso contextualizar o cenário histórico e o atual que
mental. Para Frayze-Pereira (1984) o entendimento sobre saúde mental foi construído a partir
da normatização do que seria a saúde. Ou seja, para que exista o adoecimento psíquico,
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remetido muitas vezes à loucura, é preciso existir algo que represente o oposto, no caso, o
sentido de normalidade.
O normal estaria ligado à origem de seu próprio radical, normalizar. Assim dizendo, o
parâmetro utilizado para definição do anormal seguiria uma lógica de exclusão da diferença e
negação de si mesma, uma vez que se colocaria fora da norma. Segundo Frayze-Pereira
(1984) a norma cria o inverso de si mesma. Para o autor, o normal poderia ser definido como
padrão. A saúde mental por esse ângulo é a adequação a esse conjunto, onde o oposto dá lugar
à patologia. Nesse sentido, a saúde mental seria então o oposto de doença mental.
O apontamento desse autor pode ser percebido nas categorizações contidas em livros
daquele que tem a autoridade para dar o diagnóstico, além da observação dos fenômenos
chamada doença mental, Szasz, (1974) defende a inexistência do que se entende por doença
mental. Para esse autor, esse é mais um conceito carregado pelas influências daqueles que o
perspectiva crítica da psiquiatria clássica, enquanto as doenças físicas devem ser comprovadas
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pela ciência através de rigorosos métodos, a chamada doença mental é uma declaração, uma
vez que se fez necessário a criação de novos critérios diagnósticos, cuja observação do
doença. Sendo assim, para essa vertente, a doença mental é uma criação da psiquiatria envolta
Seguindo essa linha de pensamento, as doenças mentais muitas vezes sob os títulos
moral com poder excludente que, serviria as classes dominantes da sociedade (Szasz, 1978).
sociedade é tema comum às diferentes visões teóricas da própria área, (Bock, Furtado &
Teixeira, 2008) Com base nos conceitos dessa vertente da psicologia saúde mental é enxergar
o ser humano de maneira integral, considerando todos os aspectos que possam lhe
proporcionar “... bem-estar físico, mental e social.” (Bock, Furtado & Teixeira, 2008, p. 350)
Como afirma Bock, Furtado e Teixeira (2008), a saúde mental não é apenas fenômeno
das ciências médicas e psicológicas, mas é também da área política, de interesse social.
Devem-se considerar os fenômenos sociais que envolvem a vida humana, como a pobreza,
cuidados em saúde mental ainda alguns hospitais psiquiátricos, além de um Pronto Socorro
Único de Saúde (SUS), cujo trabalho é direcionado às pessoas que apresentem necessidade de
(Barroso & Silva, 2011). A presente lei, em seus 13 artigos, altera as diretrizes da saúde
pública do Brasil no que tange aos cuidados com os portadores de sofrimento psíquico,
desse processo de mudanças em relação à abordagem dos transtornos mentais, a lei se fez
Brasil, desde a década de 1970 (Barroso & Silva, 2011) e, que perdura até os dias atuais, após
Goiás possui uma população de 7.113.540 (Sete milhões, cento e treze mil e quinhentos e
quarenta) habitantes, em que sua capital Goiânia abarca 1.536.097 (Um milhão, quinhentos e
trinta e seis mil e noventa e sete) desse total. Em tese, atualmente o estado possui 44 (quarenta
2020) e 6 (seis) hospitais psiquiátricos vinculados ao SUS com o total de 560 (quinhentos e
(CNMP) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), Goiás chama a atenção pelo alto
número de internações psiquiátricas ao lado do estado do Nordeste (CFP, 2019). Este dado vai
do usuário em saúde mental, o que caracteriza a discrepância apontada como motivação para
têm sido os sentidos abordados nas pesquisas realizadas pela psicologia, em torno dessa
temática, no Estado de Goiás em que, para tanto, serão investigados em quais locais as
pesquisas foram realizadas; quais os temas foram discutidos junto à saúde mental; quais os
Metodologia
A metodologia aplicada para obtenção dos dados foi a pesquisa bibliográfica, que tem
determinado local (Gil, 2002). Esse fato justifica por si só a escolha de tal método, uma vez
que seria impossível e, não atenderia ao objetivo proposto a aplicação de outra metodologia.
filtragem dos materiais nas plataformas definidas escritos em língua portuguesa. Não foram
Em um segundo momento, que será descrito adiante, foram realizadas as leituras dos
resumos dos artigos resultantes da combinação das palavras-chave “saúde mental and Goiás”.
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Desta feita somaram-se quinze artigos passíveis de serem analisados e discutidos sob a ótica
da psicologia social.
da pesquisa e, com atenção ao objetivo do trabalho, foram determinados nessa segunda etapa,
alguns critérios para seleção do material definitivo para nossa análise: 1) a pesquisa ter sido
psicologia e/ou realizadas por psicólogos e 3) fazerem uso da terminologia “saúde mental” ao
É importante salientar que alguns artigos da base de dados SciELO foram excluídos
por estarem repetidos. Foram quatro no total. Na base de dados PEPSIC, não houveram
materiais em duplicidade, sendo excluídos apenas aqueles que não atenderam aos três critérios
Resultados e Discussões
leitura exploratória foram analisados e, seus dados foram separados em quatro tópicos, sendo
eles: os municípios em que as pesquisas foram realizadas; as instituições onde os dados foram
tais como título do artigo, ano de publicação, relação dos autores, nome da revista onde o
Tabela 1
Artigos selecionados de acordo com título, ano, autores, revista, local e região da pesquisa.
Título Autores Revista Local da pesquisa
as pesquisas foram realizadas percebemos que, dos quinze artigos da amostra nove foram
pesquisas realizadas na capital Goiânia, o que corresponde ao total de 60% dos trabalhos e, os
demais, 40% foram realizados em municípios que compõe a região metropolitana de Goiânia,
Alguns fatores podem ser contribuintes para esses números, como o fato do processo
de desinstitucionalização em saúde mental ter iniciado pela capital (Arantes & Toassa, 2017)
o que por sua vez, exigiria uma maior demanda por pesquisas na área.
ensino superior. Goiânia possui hoje trinta e oito instituições de ensino superiores ativas junto
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(5), Catalão/Go (6), Santa Helena/Go (0) e Aparecida de Goiânia/Go (6), responsáveis pelas
amostras fora da capital, têm juntos dezessete instituições de ensino superior, das quais apenas
Uma busca rápida nas mesmas plataformas utilizadas para coleta de nossa amostra,
SciELO e PEPSIC, usando a combinação de palavras “saúde mental and Brasil” obtivemos
obtivemos na primeira etapa para pesquisa em Goiás, temos apenas 1.64% de publicações
sobre o tema no Estado, o que é muito pouco visto a vasta produção nacional. É claro que
aspectos como ano devem ser considerados, mas a não observância dessa dimensão nesse
Outro fator importante, diz respeito às instituições onde foram coletados os dados para
realização dessas pesquisas. Dez delas foram realizadas em algum âmbito da Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS), seja na Estratégia de Saúde da Família (ESF), nos Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS) ou em Unidade Básica de Saúde (UBS); duas tiveram suas amostras
a fim de terem êxito em seus objetivos. Para tanto, cria-se a RAPS, como ferramenta de
portaria nº 3.088 “... cuja finalidade é a criação, ampliação e articulação de pontos de atenção
à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental...” (Brasil, 2011) Trata-se de uma
A rede tem seus princípios, diretrizes e objetivos alinhados aos do Sistema Único de
A partir desses dados, percebe-se então, a ênfase que se deu nas pesquisas analisadas
realizadas em algum âmbito da saúde pública. Não há, como vimos, nenhum trabalho em
Diante disso, algumas perguntas nos surgem, como: a saúde mental no modelo
instituições particulares se dá pela negativa das próprias instituições aos pesquisadores ou, os
pesquisadores goianos é que não tem tido interesse no tema? Essa situação ocorre somente
exterior, do qual ele criará idéias e imagens acerca de suas experiências com o mundo e,
poderá contribuir com sua transformação. ( Bock, Furtado & Teixeira, 2008) A ausência de
trabalhos em outros âmbitos que envolvem a saúde mental, contribui para dificuldade de
transformação da realidade nos cuidados com aqueles que sofrem, pois as instituições perdem
as contribuições que poderiam ser oferecidas por esses pesquisadores e, esses últimos, deixam
de conhecer as diferentes realidades a nível particular, nos cuidados em saúde mental que,
construção dialético.
pesquisas analisadas, optamos por apresentar uma breve síntese de resumos dos trabalhos e,
ao final tecermos nossas considerações sobre os achados. Escolhemos agrupá-los dentro dos
modelos encontrados para que o leitor tenha uma melhor visualização das características que
os aproximam e os afastam.
Modelo psicossocial
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ampla defesa pelas diretrizes propostas na Reforma Psiquiátrica. Percebe-se a saúde mental
saúde.
entre pessoas e grupos para saúde mental, pode-se pensar que nesse víeis ela é tida como um
estado transitório e não uma condição, que pode estar ligada ou não a aspectos biológicos,
mas que sempre há outras dimensões que a envolvem, por isso quando se pensa aqui em
cuidados em saúde mental deve-se analisar o caso de modo individual, no sentido das
especificidades que envolvem cada indivíduo e seu meio, porém deve-se sempre considerar a
relação desse indivíduo e os diversos grupos sociais em que ele se insere, percebendo as
apontado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (Picasso & Tavares; 2019), que aponta
a saúde não mais como ausência de doenças, mas como resultado da interação das várias
dimensões sociais, biológicas, espirituais e psicológicas que constituem o ser humano e, são
responsáveis por um estado de bem-estar (Picasso & Taveres, 2019 citando OMS, 2001)
residentes em Aparecida de Goiânia, Lima, Souza e Nunes (2020) adotam uma perspectiva de
saúde mental onde o sujeito e suas dimensões subjetivas e emocionais são ponto central do
para importância dos aspectos relativos ao processo migratório, bem como as questões
culturais, de gênero, raça, religião como possíveis fatores de risco para o adoecimento
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saúde que elas encontram e, defendem o investimento em políticas públicas que possibilitem a
importância da comunicação e da empatia dentro das redes de apoio como fator expressivo
para saúde mental e, o desemprego com suas sequelas como, maior gerador de sofrimento
Picasso, Silva e Arantes (2020) realizaram uma pesquisa do tipo relato de experiência
em um CAPS II, da cidade de Goiânia. Trata-se de uma pesquisa cujo objeto em questão são
as oficinas de arte como recurso terapêutico no campo de saúde mental. Nela apontam
questões de instalações, recursos financeiros, dentre outros, bem como dificuldades nos
cuidados com usuários e relacionamento entre funcionários. Porém, ainda assim ressaltam os
resultados positivos do uso da arte nas oficinas terapêuticas como recurso importante a ser
promovem o defendido no modelo psicossocial, que é a reabilitação social dos usuários com
dos profissionais de saúde mental, Silvia, Zanini, Rabelo e Pergoraro (2015), realizaram uma
para distinção entre o que seria a Reforma Psiquiátrica e o modo psicossocial e, perceberam
que há uma dificuldade por parte dos profissionais em diferenciar tal modo apontado, das
diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Relataram ainda a associação do termo saúde
pressupostos psicossociais. Há ainda critica nesse sentido, onde o modo asilar permanece
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devido à necessidade mercadológica, pois seguem a lógica dos serviços privados. Por fim,
chamam atenção para necessidade de discussão sobre o conceito de atenção psicossocial entre
prática coletiva em saúde mental e sua prática não tem vistas apenas ao pobre, ao louco, mas a
1980, Egito e Silva (2019) buscaram através de um relato de experiência entender o papel do
grupo de ouvidores de vozes em relação ao preconceito e estigma enfrentados por aqueles que
ouvem vozes, identificar as crenças deles e como lidam com as vozes. Ao final do trabalho
perceberam que alguns dos sujeitos da pesquisa conseguiram ser participantes ativos,
precisando de mais tempo para chegar a alguma conclusão. Contudo, assentiram que a
trata de saúde mental e o quanto o olhar patologizante pode ser gerador de estigmas e
preconceitos.
instauração dos serviços substitutivos e a manutenção de instituições que não atendem aos
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da Estratégia de Saúde da Família (ESF) davam ao apoio matricial. Para tanto, realizaram
são as especialidades capacitadas a contribuir de forma igual e/ou complementar nos cuidados
em saúde mental.
processos ocorridos em Goiás entre 2012 e 2018, Vaz, Bessoni, Nunes e Silva (2019)
desinstitucionalização ainda está em curso em Goiás, que ela não se finda com a retirada das
pessoas dos manicômios e que é preciso haver pesquisas apresentando os resultados desse
saúde mental na psicologia, através de uma pesquisa bibliográfica documental, atentam para
nelas, bem como o fato de terem as disciplinas de saúde mental espalhadas nas grades
profissionais. Defendem que para uma prática em saúde mental dentro da proposição dos
modelos psicossociais é preciso que haja parcerias entre universidades e os serviços de saúde
mental, em que os estudantes possam aliar a teoria à prática dentro da RAS e da RAPS,
Pereira, Amorim e Gondim (2020) entendem a saúde mental como produto da relação entre
diversos aspectos como o contexto social, político, histórico e ambiental que permeiam o
indivíduo. Entendem que apesar da Reforma Psiquiátrica, os serviços em saúde mental ainda
profissionais que por vezes buscam a cura dos usuários e trazem pra si responsabilidades que
não conseguirão ter êxito, ocasionando sofrimento e desmotivação quanto ao campo de saúde
como uma das ações passiveis de contribuição para o modelo de cuidados em saúde mental
melhorias que se fazem necessárias para atuação profissional, para o usuário e para sociedade.
pacientes com transtornos mentais, onde apontaram uma discrepância entre diagnóstico
emitido pelo médico e diagnóstico verbalizado pelos pacientes, remetendo isso a lógica do
modelo asilar. Com relação às estratégias, pontuam a medicação, a busca por auxilio
reavaliação cognitiva, a espiritualidade e o suporte familiar; esse último em alguns casos não
conforme alguns entrevistados relataram aos pesquisadores. E, por fim, concluem com a
importância de ouvir o usuário em saúde mental, uma vez que ele detém capacidade de
trabalhadores em saúde mental. Para tanto realizaram uma pesquisa-ação em três CAPS de
afetando sua saúde mental. Tais aspectos dizem respeito a questões relacionadas: as vivencias
substitutivos instituídos com a Reforma Psiquiátrica, mas também chamam atenção para que o
profissional em saúde mental receba um olhar integral no trabalho, sendo amparado nas
Pôde-se, então perceber através dos resumos que o modelo psicossocial presente nesse
primeiro grupo dos artigos analisados tem como núcleo estrutural o sentido de integralidade.
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Essa integralidade diz respeito à visão do indivíduo como uma totalidade compartilhada, ou
seja, quando se fala em integralidade em saúde quer-se dizer que é preciso atentar-se não
somente aos processos psíquicos das pessoas, mas também ao seu contexto social, em todas as
Nesse sentido ganha espaço uma visão inclusiva, na qual se espera que o indivíduo
corrobora com a ideia da psicologia social apresentada por Bock, Furtado e Teixeira (2008)
em citação à Sawaia (2002) na qual aponta a exclusão como responsável pela geração de
Modelo Individualizado
Ele se caracteriza pelo cuidado focado no sintoma ou doença. Esse tipo de abordagem não
considera o sujeito de maneira integral em suas relações com o corpo social, com sua história
de vida e com o trabalho, como faz o modelo defendido pela reforma psiquiátrica descrito e
O modelo biomédico volta seu olhar para o indivíduo, mas de maneira em que ele é
profissional especialista prefira usar. O indivíduo é apenas portador de uma condição da qual
suscitaram nessa classificação, uma vez que se tratam de apenas três resumos.
Luchesse (2017) visou abordar a efetividade das intervenções pautadas no modelo teórico da
instrumentos de coleta e análise dos dados obtidos, contudo observaram também que um dos
instrumentos tinha como parâmetro referencial para análise dos dados uma população de
outro país, podendo seu uso ter reflexo nos resultados obtidos por eles.
Nessa pesquisa uma situação que nos chamou atenção, mas que os autores não citaram
nesse artigo foi abordada em uma perspectiva funcional, cujos resultados avaliativos
uma postura cujo foco do cuidado é na cura do sintoma, onde o sujeito é visto
preconceitos, além de criticar a busca pelas causas das doenças, pois não ajudam em nada o
cuidado com os usuários. Atentaram para o uso de medicamentos como positivo em relação à
qualidade de vida, mas problemático no cuidado, pois serviu para fortalecer a ideia de que o
sofrimento psíquico seria equivalente a doença, podendo ser analisado a parte do sujeito.
Nesse sentido a ideia adotada pelos autores é de que o cuidado em saúde mental deve
focalizar o sujeito e de que “... o sofrimento psíquico é a expressão do conflito entre o corpo
pulsional e o ser de linguagem e cultura.” (Campo, Campos & Rosa, 2010, p. 508) Deixam
retomavam a voz perdida pela exclusão, bem como a não intenção da psicanálise em curar e
Saúde mental na perspectiva acima seria então, o equilíbrio entre essas dimensões
das políticas públicas, que atendem aos pressupostos psicossociais de resgate da cidadania,
mas que institucionalmente muitas vezes não consideram de fato o indivíduo. Já a demanda e
como fatores importantes para saúde mental. Mas, discorda na intenção de tornar novamente
reinserção social. Adquirem um víeis individualista, pois o sofrimento insere-se como algo
que ao longo dos anos essa abordagem mudou seu foco de pesquisa, antes tido no
adoecimento do trabalhador, hoje voltado para as relações entre saúde mental e o trabalho.
Seus maiores impulsionadores estão na academia, sendo ainda, utilizada por várias áreas do
afirmam a consonância entre a PDT aplicada no estado e, a proposta realizada pelo seu teórico
Dejours.
sofrimento psíquico, como se, no final das contas, a capacidade estrutural da pisque de criar
estratégias fosse a única forma de afastar a possibilidade daquilo que os autores muitas vezes
chamaram de adoecimento, não considerando outras dimensões externas a ele para isso, como
política em saúde mental para os profissionais de referência dos CAPS, Silva e Costa (2010)
argumentam que essa nova perspectiva tem acarretado sobrecarga nos profissionais, pois estes
muitas vezes não conseguem se ater ao que seriam de fato suas atribuições clínicas, sendo
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tomados por diversas responsabilidades burocráticas, administrativas que afetam sua relação
de maior atenção para com esses profissionais pelas políticas públicas. Destacam as
dimensões que devem ser observadas dentro desse modelo onde é solicitada grande
articulação de saberes.
sendo citado o recalque, como forma de lidar com as sobrecargas emocionais e psicológicas
Pode-se notar nesses aspectos apontados por esses artigos, aos quais destacamos para
como os sendo. É importante deixar claro que a categorização aqui, se faz a partir de uma
leitura subjetiva e, por aproximação de aspectos afins entre o que vemos atualmente e, o
conceituado historicamente.
alguns artigos traziam em grande quantidade termos como: adoecimento psíquico; tratamento;
Reforma Sanitária brasileira; estigma; louco; bem-estar psíquico. Esses, em sua totalidade de
abordagens psicossociais.
32
com o desejo.
Aqui é importante reforçar que foram realizadas leituras sucessivas desses materiais,
sendo observado que apesar de assumirem, em sua maioria o modelo psicossocial como
pressupostos, os sentidos atribuídos à saúde mental ainda têm sido remetidos a contraposição
de adoecimento.
O que corrobora a idéia de Bock, Furtado e Teixeira (2008) quando diz que “... o
Ou seja, o que se quer dizer é que, as noções de saúde mental construídas sob uma
populares estigmatizadas e, das práticas de exclusão sociais àquele que sofre psiquicamente,
No que tange aos artigos de base psicossociais nota-se isso a partir da constatação de
dos seus autores, atentando aos termos utilizados na contextualização da concepção de saúde
mental para essas pesquisas, percebemos a carga histórica ideologizante por trás dos termos
reconhecerem aspectos sociais inerentes ao sofrimento, atribuem em sua maior parte este a
aspectos estruturais da pisque e/ou da cognição. No qual faz prevalecer a lógica de disfunção,
onde a doença assume o lugar daquilo que se “desestabiliza”, que foge à um padrão
Nota-se então, que a saúde mental, a partir das terminologias mais empregadas nas
pesquisas, é tomada como oposto ao adoecimento mental de maneira sutil, prevalecendo uma
visão biologicista categorizante no olhar dos autores, paradoxalmente ao uso de uma prática
em sua maioria psicossocial. Salienta-se que não necessariamente os autores têm consciência
disso, uma vez que como já dito, os sentidos são construídos e tomados historicamente,
constituindo subjetividades, sendo muitas vezes replicados através dos signos sem que sejam
percebidos.
Considerações Finais
A instituição da Reforma Psiquiátrica no Brasil tem trazido consigo uma nova forma
de enxergar a saúde mental. Em Goiás, não tem sido diferente esse processo. Assim, o nosso
olhar nesta pesquisa esteve na direção de conhecer e refletir sobre os sentidos que têm sido
estado.
Com base nisso pudemos perceber que em nosso Estado pouco tem sido publicado em
relação ao tema da saúde mental, o que pode causar uma dificuldade no processo de mudança
Há também uma maior produção de pesquisas na capital, sendo ela a região que possui
mercadológicos, bem como pelo fato do processo de desinstitucionalização ter iniciado ali,
Viu-se que maioria das pesquisas foram realizadas em algum âmbito da Rede de
Atenção Psicossocial, com vistas a análise da práxis dos profissionais em saúde mental e, do
relação dialética na promoção da saúde, eles ainda trazem diversas terminologias de cunho
As pesquisas no Estado nos levam a questionar vazios que podem ser contribuintes
para dificuldade em por fim a lógica estigmatizante do louco, do ser dasadaptado socialmente,
psicossocial.
dos profissionais/pesquisadores acerca do que se entende por saúde mental a fim de comparar
os resultados com essa pesquisa, bem como a realização de novas pesquisas em outras áreas
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da saúde mental, como clínicas psiquiátricas e consultórios psicológicos, locais nos quais
externas ao sujeito que se apresenta em sofrimento o que, corrobora com a ideia da psicologia
social ao entender a saúde mental como produto das relações entre homem e meio, meio e
conceitos e terminologias que se põe em torno do próprio construto saúde mental, pois é a
partir da linguagem que o homem apreende o mundo exterior, constrói o interior e transforma
a realidade (Bock, Furtado & Teixeira, 2008). Embora, compreendemos que existem diversos
elementos institucionais, históricos e políticos que contribuem para tal utilização desses
conceitos.
Pensamos que muitas podem ser as possibilidades de entender saúde mental e, poucas
de modelos e uma predominância de sentido único nas pesquisas realizadas em Goiás, ainda
que apresentadas sob um modelo psicossocial que visa o “bem-estar” preconizado pela OMS
Deixamos então uma pergunta que não nos coube responder agora, se saúde mental é
ausência de doença ou, se saúde mental é ausência de um “mau-estar”. Qual seria então, a
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diferença entre essas concepções se a concepção de disfunção só muda de lugar: uma está no
Referências
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