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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR
IM816 – ANÁLISE DO DISCURSO
PROFESSORA: JÉSSICA TOSTES
ALUNA: ANA CAROLINA BARBOSA DOS SANTOS

GLOSSÁRIO

• CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO:
São as características básicas do contexto interlocutivo acionadas pelos
sujeitos, de forma consciente ou inconsciente, no decorrer do processo de
elaboração do texto oral ou escrito. Elas abrangem o sujeito e a situação dentro
de um contexto sócio-histórico-ideológico e de uma memória discursiva. As
condições de produção são ainda responsáveis pelo estabelecimento das
relações de força e poder no interior do discurso, mantendo com a linguagem
uma relação necessária e constituindo com ela o sentido do texto.

EXEMPLO: “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores” (1968), Geraldo
Vandré
Letra: “Caminhando e cantando / E Seguindo a canção / Somos todos
iguais / Braços dados ou não [...] Vem, vamos embora / Que esperar não é
saber / Quem sabe faz a hora / Não espera acontecer [...] Há soldados
armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão / Nos
quartéis lhes ensinam uma antiga lição / De morrer pela pátria e viver sem
razão".”

A música retratada e escrita em 1968, foi censurada pois através dela, as


condições de produção dela se basearam em um período de ditadura militar,
onde música fala de movimentação, resistência, não conformidade. Não
demorou para virar hino de resistência à Ditadura Militar, e assim carrega em si
uma importância absurda para a época, retratando a ditadura, e suas
dificuldades, o que hoje não faria tanto sentido, já que a música foi lançada em
um período histórico e tinha seu sentido.

• FORMAÇÕES IMAGINÁRIAS:
São as imagens que os sujeitos fazem de si e do outro. As ‘’formações
imaginárias’’ designam o lugar que o sujeito e o destinatário se atribuem
mutuamente, ou seja, a imagem que fazem de seu próprio lugar e o lugar do
outro.

EXEMPLOS:

"Cloroquina não tem efeito colateral" afirma Bolsonaro


POR WANDY RIBEIRO. POSTADO EM POLÍTICA FARMACÊUTICA -  45042
Durante transmissão ao vivo pela internet, na última quinta-feira (26/03), o
presidente da República, Jair Bolsonaro, defendeu o uso da
hidroxicloroquina e cloroquina no combate ao novo coronavírus (Covid-
19). No pronunciamento, mesmo contrariando o que diz a bula do próprio
medicamento, o governante afirmou que o fármaco não tem efeitos
colaterais.

Bolsonaro volta a defender a cloroquina: 'não tem outro remédio'


"Ou você toma cloroquina ou não tem nada. O que eu fico chateado
também é que quem não quer tomar, não toma", disse neste sábado (23)
BRASIL | por Agência Estado

O atual presidente da república Jair Messias Bolsonaro, defendeu durante o


período pandêmico o uso do medicamente cloroquina, afirmando não existir
outro remédio para inibir a Covid 19 que não fosse esse, ou até mesmo
dizendo que não existiam efeitos colaterais. O presidente que não possui
nenhum tipo de formação acadêmica em medicina insistiu em supor sobre os
medicamentos, assim criando uma formação imaginária sobre si mesmo e
ditando sobre medicamentos e influenciando sobre o que não condiziam a si e
sua formação.
• MEMÓRIA:
Caracteriza- se como o fenômeno social, já que o ser humano é um indivíduo
social e pertence e se identifica com esse universo, reproduzindo modos de
agir, pensar e sentir que são exteriores a ele e exercem poder de coerção.

EXEMPLO:
Bolsonaro ameaça jornalista: 'Minha vontade é encher tua boca na
porrada'.
Presidente não gostou de ser questionado sobre cheques que teriam sido
depositados por Queiroz e a mulher na conta da primeira-dama, Michelle
Bolsonaro. O jornal 'O Globo', divulgou nota repudiando a agressão ao
profissional, que trabalha na empresa.

23/08/2020 22h30  Atualizado há um ano

Podemos compreender que essa fala do presidente, nos faz voltar ao período
de ditadura, uma memória de anos passado, onde quando é utilizada essa
maneira agressiva, acaba calando a pessoa e as impossibilitando de falar, de
indagar e consequentemente de expor algo que não agrade. O que inclusive
acontecia nesse período de ditadura, onde as pessoas eram caladas de formas
agressivas assim como a que o presidente citou.

• INTERDISCURSO:
Compreende o conjunto das formações discursivas e se inscreve no nível da
constituição do discurso, na medida em que trabalha a ressignificação do
sujeito sobre o que já foi dito, o repetível, determinando os deslocamentos
promovidos pelo sujeito nas fronteiras de uma formação discursiva.

EXEMPLOS:
Monte Castelo
Legião Urbana
As Quatro Estações: ao Vivo
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor, eu nada seria

1 Coríntios 13
O amor
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei
como o sino que ressoa ou como o prato que retine.

A banda Legião Urbana utilizou o que já havia dito no versículo 1 Corintios Cap
13 em sua música, assim a repetindo e a tornando um interdiscurso pois era
algo que já havia dito e sido abordado em outra ocasião, e eles retomaram e
reafirmaram em outro momento.

• INTRADISCURSO:
Podemos dizer que o intradiscurso é o “fio do discurso” de um sujeito; a rigor, é
um efeito do interdiscurso sobre si mesmo, uma vez que incorpora, no eixo
sintagmático (linear), a relação de possibilidade de substituição entre
elementos (palavras, expressões, proposições), como se esses elementos,
assim encadeados entre si, tivessem um sentido evidente, literal. O que está
em evidência, no intradiscurso, é a formulação de um discurso a partir da
realidade presente.

EXEMPLO:
De acordo com o texto sagrado, Maria não havia tido nenhuma relação sexual
que justificasse sua gravidez. "O Espírito virá sobre você, e o poder do
Altíssimo vai cobri-la com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será
chamado Santo, Filho de Deus", explicou o anjo, enfatizando que "para Deus
nada é impossível". É denominado um intradiscurso pois a doutrina religiosa
possui uma "lógica" interna nela mesma, pois os diversos argumentos que a
"explicam" são confirmados em muitas passagens de seus argumentos,
• IDEOLOGIA:
É um mecanismo imaginário através do qual coloca-se para o sujeito, conforme
as posições sociais que ocupa, um dizer já dado, um sentido que lhe aparece
como evidente, isto é, natural, é “normal” para ele enunciar daquele lugar. Os
discursos não são redutíveis às ideologias, tanto quanto as ideologias não são
passíveis de serem superpostas aos discursos.

EXEMPLO:

Na tirinha podemos observar um exemplo de ideologia pois é perceptível que a


criança identifica o seu meio social, e assim se sente estranho quando se
depara com as crianças que convivem na rua, e que andam descalças, e assim
faz com que ele se sinta diferente, e até mesmo envergonhado pela situação,
por estar de uma forma totalmente diferente das outras crianças as quais se
encontram nas ruas.

• FORMAÇÃO IDEOLÓGICA:
É constituída como um conjunto complexo que comporta atitudes e
representações que não são nem “individuais” nem “universais”, mas que se
referem mais ou menos diretamente a “posições de classe” em conflito umas
com as outras. A formação ideológica tem necessariamente como um de seus
componentes uma ou várias formações discursivas interligadas. Constatação
essa que significa que os discursos são governados por formações ideológicas.

EXEMPLO:
Nessa tirinha por exemplo, podemos perceber que quando uma pessoa se
encaixa em determinada classe social, a visão dela é única e exclusivamente
naquela classe, sua formação ideológica só visa a situação e não a dos outros.
E na tirinha é perceptível que para o homem que no seu discurso indaga a
necessidade de lutas de classe por ter o que comer, o trabalhador que não tem
o que comer, que não faz parte da realidade dele, sofre por essa diferença pois
a ausência do alimento na mesa de outra pessoa não interfere em nada na vida
do homem. Assim podemos perceber o quão egoísta e prejudicial a ausência
dessa visão em relação as outras classes pode atrapalhar quem realmente
necessita da luta de classes.

• FORMAÇÃO DISCURSIVA:
É caracterizada pelas marcas estilísticas e tipológicas que se constituem na
relação da linguagem com as condições de produção. De outro lado, podemos
dizer que o que define a formação discursiva é sua relação com a formação
ideológica. Assim podemos perceber como se faz a relação das marcas
formais com o ideológico.
EXEMPLO:
Na charge, podemos evidenciar como o sujeito se manifesta em relação à
temática política e corrupção. Tal sujeito, para os sentidos que pretende evocar
ao se posicionar, se utiliza das ideologias que no seu contexto social, histórico
e cultural foram construídas, ideologias essas que estruturam todo o discurso,
fazendo com que, de fato, os efeitos de sentidos discursivos sejam alcançados,
bem como também o humor pretendido pelo chargista.

• SUJEITO:
É compreendido como um sujeito assujeitado a uma condição pré-
estabelecida, determinado a ser sujeito em um contexto específico,
atravessado pela língua e história. Interpelado por algo que o precede e que é
sua causa, pois o sujeito não é sua causa em si.
EXEMPLO:

Na charge é possível perceber que o sujeito acaba sendo influenciado pela


ideologia, e a ideologia consequentemente também acaba influenciando na
sociedade. É possível compreender quando o menino pergunta ao pai o que é
‘’machismo’’ e a menina responde e ele a repreende dizendo que aquilo é
‘’papo de homem’’ por ser algo relacionado ao sexo masculino, onde não é
considerável a opinião de um sexo oposto. Onde nesse assunto o homem
assume uma relação de poder, mas na verdade se encaixa a uma atitude
machista.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ORLANDI Eni P – ANÁLISE DO DISCURSO. PRINCÍPIOS & PROCEDIMENTOS.

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