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1.
O silogismo judicial refere-se à fundamentação do juiz para dar conta às partes do
processo das razões da decisão judicial de um modo e não de outro. No Brasil, de
acordo com a Constituição Federal de 1988, artigo 93, IX, todas as decisões dos
órgãos do poder judiciário precisam ser fundamentadas. De acordo, com o CPC/15,
artigo 489, §1o, a fundamentação da decisão judicial não pode se limitar a uma
paráfrase de ato normativo prévio, nem ao uso de conceitos jurídicos indeterminados,
não pode ser mera invocação de precedente judicial ou súmula. Ela precisa enfrentar
todos os argumentos que possam desqualificá-la, seguir enunciado de súmula,
jurisprudência ou precedente invocado pela parte, salvo se demonstrar a desconexão
do alegado com o caso concreto ou a superação do entendimento. Portanto, a decisão
judicial é uma exigência legal que precisa ser feita de acordo com parâmetros legais
em cumprimento à Constituição e ao Código de Processo Civil.
3. Lógica não-formal
Lógica informal:uma visão geral ( Ralph Johnson e J. Blair- Revista Eletrônica de
Estudos Integrados e Argumentação, v. 20. n. 2, p. 93/107, 2000)
Falácias como inferência inapropriada e como estratégia
A lógica contemporânea considerou que o texto científico necessitava de uma precisão que só seria
obtida pela construção de uma linguagem própria, diferente daquela usada no cotidiano. Por isso,
devia-se deixar a lógica clássica de lado e construir um modelo linguístico próprio à ciência
moderna. Charles Morris na obra Fundamentos da teoria dos signos (2015)2 faz da análise lógica
uma análise linguística através da Semiótica que deu sequência a esse intento, porém, de modo
particular porque não matematizou a Lógica como Frege fez. Trata-se da teoria da semiose, isto é,
quando algo funciona como signo de outra coisa. A unidade compreensiva do texto é composta, de
acordo com Morris, pela sintaxe, semântica e pragmática. Pela sintaxe, opera-se a relação entre os
signos no interior do texto. Isso significa que o texto produzido pelo cientista para descrever e
prever as leis de determinado objeto são definidas por ela, levando-se em conta principalmente na
relação entre o sujeito e o predicado. A semântica, por sua vez, designa a relação entre o signo e o
designato, isto é, aquilo a que o signo se refere. A pragmática refere-se à relação entre os signos os
seus intérpretes.
4.
A tese que propus no início dessas linhas foi se compreensão da argumentação jurídica como lógica
formal e não-formal, então desenvolvimento do saber-fazer e do saber-ser do discente de Direito da
UFPR. Os argumentos precedentes priorizam o conteúdo e pareceram-me razoavelmente ajustados,
por isso, na conclusão julgo importante focalizar a pedagogia porque é ela que empoderará ou não o
discente. Por isso, em face dos argumentos precedentes, que não se estabelecerão sozinhos, passo a
expor o meu contributo ao saber-fazer e ao saber-ser na formação jurídica a partir do docente.
Começo afirmando a necessidade de uma opção pedagógica que se alinhe com a concepção
libertadora do Direito. Optei desde 2010, quando lecionei no Curso de Direito da Faculdade de
Minas Gerais, pelo Construtivismo, que se baseia na educação do corpo inteiro, levando o (a)
estudante a desenvolver o raciocínio complexo, isto é, ao desenvolvimento de suas potencialidades
mentais, relacionais, sentimentais e físicas de modo a capacitá-lo (a) a ação crítica na sociedade.
Essa abordagem se opõe à tecnicista porque enquanto essa é exógena e aposta na repetição para que
a aprendizagem ocorra, aquela é: “ […] sem pré-formação exógena (empirismo) ou endógena
(inatismo) por contínuas ultrapassagens das elaborações sucessivas, o que, do ponto de vista
pedagógico, leva incontestavelmente a dar toda ênfase às atividades que favoreçam a
espontaneidade [discente]” (PIAGET, 1996, p.10-11)3. Essa teoria parece ajusta-se àquilo que o
2 MORRIS, Charles. Fundamentos da teoria dos signos. Covilhã, Portugal: Universidade Beira Interior, 2015.
3 PIAGET, Jean. Para onde vai a educação? 13. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1996.
Projeto Pedagógico de Curso de Direito da UFPR estabeleceu como perfil do egresso e também
oferece uma continuidade metódica que os discentes do 1 o ano de curso estão acostumados em
razão das diretrizes normativas da BNCC.4 O segundo motivo é pedagógico. A teoria piagetiana
estabelece uma conexão entre teoria e prática que favorece uma pedagogia que se propõe crítica e
transformadora da pessoa e da sociedade à medida que privilegia a prática educativa a partir do
discente. A opção teórica mencionada necessita de uma estratégia de ensino que lhe corresponda,
isto é, que lhe faculte ser executada no ensino-aprendizagem. Uma abordagem tradicional que
privilegie exclusivamente a transmissão de conteúdo seria inadequada porque a metodologia
mostrar-se-ia em dissonância com a teoria. O discente não estaria no protagonismo de sua
aprendizagem, o conteúdo é que estaria. Por isso, a metodologia ativa, aprendizagem baseada em
projeto, em problema, na gamificação, na sala de aula invertida e na aprendizagem em pares, é
bastante adequada à abordagem construtivista do ensino-aprendizagem porque põe o discente no
centro do ensino, estimulando-o ao prazer de estudar segundo os seus interesses e, com isso, a se
constituir um (a) cidadão (ã) consciente, crítico e promotor da Democracia e do espírito
republicano. Ao Construtivismo e à metodologia ativa, acrescento a sequência didática, de modo a
promover um encadeamento temático que ofereça ao discente uma visão de conjunto do que está
sendo ensinado. Essa seria uma excelente oportunidade para implementar a interdisciplinaridade
e/ou a transdisciplinaridade porque a visão de conjunto do discente passa a ser de mais de uma
disciplina sob o mesmo tema. Por fim, o plano de aula no qual se pense cuidadosamente cada etapa
da aula de modo a fazer do discente o responsável por sua aprendizagem movido pelo prazer de
estudar e não pela necessidade de uma nota.
Portanto, a compreensão qualificada da lógica formal e informal no Direito é um conhecimento ao
qual docente e discente devem voltar para que o Direito, como ciência social aplicada, use esse
conhecimento para cumprir a sua missão como força promotora de uma justiça histórica,
democrática fundada no direito subjetivo fundamental do devido processo legal.