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A ESCRAVA ISAURA

Professora: Rose França

CENA 1
Narrador (Gabriel Carvalho) Isaura é uma escrava de pele branca, filha do encontro de um
português branco - o feitor Miguel - com uma escrava negra.

O dono da casa onde Isaura nasceu era o comendador Almeida, a menina fora criada pela
mulher do comendador, uma senhora de bom coração que a educou e tinha como projeto
libertá-la. Isaura esperava ansiosa por esse momento. Isaura aprendeu a ler, a escrever, a
tocar piano e a falar italiano e francês. Certo dia, Isaura estava cantando uma de suas
músicas preferidas. Malvina aproximou-se dela.

Malvina (Talita) – Isaura, o que está a acontecer? Por que cantas essa música?? Ela é tão
triste!!

Isaura (Nicole) – Gosto dela, acho-a bonita e também ela me faz lembrar a minha mãe.
Mas se a senhora não gosta dela, não irei cantá-la mais.

Malvina (Talita) – Não gostamos que a cantes, Isaura. Hão de pensar, que és maltratada,
que és uma escrava infeliz, vítima de senhores bárbaros e cruéis. Seus senhores te deram
uma educação como não tiveram muitas ricas e ilustres damas, que eu conheço. Uma vida
que faria inveja a muita gente livre!!

Isaura (Nicole) – Mas, senhora, apesar de tudo isso, não passo de uma simples escrava.
Sei conhecer o meu lugar.

Malvina (Talita) – Sua liberdade está mais próxima do que você imagina, Isaura. E bonita
como és, logo farás um bom casamento.

Isaura (Nicole) (envergonhada) – Eu, senhora!? Não... eu não penso nessas coisas.

Malvina (Talita) – Pois devia pensar. És doce e bonita. E eu desejo que sejas livre, e hás de
sê-lo.

(Isaura se retira e Rosa chega para falar com Malvina)

Rosa (Mariana) – Não sei como vocês ainda dão ouvido a essa escrava. Ela não sabe dar
valor à vida que tem. Se eu fosse o Sr. Leôncio, mandava essa escravinha para bem longe!

Malvina (Talita) – Não diga isso. Ela sabe muito bem dar valor a tudo que tem. Mas o que
você esperaria de uma garota que mesmo com todos os privilégios que tem, não tem o
amor da mãe? Da verdadeira mãe?

Rosa (Mariana) – Mesmo assim, Dona Malvina. Quantos aqui queria ter uma parte do
privilégio que ela tem?! Mesmo sem o amor da mãe, ela tem de tudo.
Malvina (Talita) – Deixe disso, Rosa! Parece até que tem inveja dela. Cada um sente falta
daquilo que é mais precioso para si. Você deveria parar de ficar julgando a Isaura e voltar
ao seu trabalho, porque daqui a pouco quem vai se dar mal é você! Ela tem privilégios, mas
você não.

Rosa (Mariana) – Eu só disse o que eu acho, Sinhá Malvina. Eu vou voltar ao meu trabalho
mesmo!!

CENA 2
Narrador (Gabriel Carvalho) O comendador, e a sua esposa morrem, deixando a fazenda
a cargo do filho, Leôncio. Com a morte dos dois, Isaura passa a pertencer a Leôncio, um
homem frio e mal. Apesar de ser casado com Malvina, Leôncio é perdidamente apaixonado
por Isaura. Isaura chama a atenção de vários homens por sua beleza e doçura. Mas ela
está à espera de um grande amor

(Leôncio e Henrique, irmão de Malvina, acabaram de chegar corte)

(Nessa hora Malvina vai correndo atrás de Leôncio, e Isaura vai atrás).

Malvina (Talita) – Vocês chegaram!!! Vamos entrar. Como foi a viagem, Henrique?

Henrique (Pedro Henrique): Excelente, minha irmã! A corte do Rio de Janeiro me lembra
Paris.

Malvina (Talita) – Vamos aproveitar um pouco mais o momento, antes que vocês viajem
novamente. Verei o que Rosa preparou para o jantar. Com licença.

(As duas saem da cena e Leôncio esbarra com Isaura).

Leôncio (Rafael) – Você gosta muito dessa fazenda, não é, Isaura?

Isaura (Nicole) – Sim, doutor Leôncio, aqui eu fui criada e recebi toda a educação de uma
sinhazinha.

Leôncio (Rafael) – Veja que presente eu lhe darei. Ficará nesta fazenda para sempre
comigo.

Isaura (Nicole) – Mas os seus pais prometeram me libertar, para que eu possa viver em
paz com o meu pai.

Leôncio (Rafael) – Claro, Isaura, terá a sua carta, como os meus pais prometeram. Mas
tudo dependerá de você. Você me compreende?

(Isaura sai muito assustada. Henrique entra e se senta)


Narrador (Gabriel Carvalho) Leôncio estava falido e em completa ruína. Mas ninguém
sabia. De feito, sua casa, já desde os últimos anos da vida de seu pai, ia em contínuo
regresso. Depois da morte de seu pai, Leôncio foi de mal a pior. Mas ostentava toda a
nobreza de um aristocrata, enquanto os seus bens iam à ruína.

Leôncio (Rafael) – Veja, meu caro, Isaura não tem mais o meu pai e a minha mãe para
protegê-la. Agora ela me pertence e fara tudo o que eu quiser.

Henrique (Pedro Henrique) – Leôncio, era gosto de seus pais que Isaura fosse liberta. Não
acha que está indo longe demais, prendendo essa moça?

Leôncio (Rafael) – Eu só estou começando, Henrique, só estou começando.

(Isaura põe a mão na boca assustada)

Narrador (Gabriel Carvalho) Assustada, Isaura conta ao pai as más intenções do doutor
Leôncio. O feitor Miguel, pai de Isaura, decide fugir com a jovem.

Miguel (Thiago) – Minha filha, não podemos continuar nessa fazenda. O doutor Leôncio é
um homem perigoso e pode lhe fazer algum mal.
Isaura (Nicole) – O que faremos, meu pai?

Miguel (Thiago) – Vamos fugir hoje à noite. Vamos para Recife! Conheço pessoas de bem
que podem nos ajudar. Arrume as suas coisas.
(os dois se abraçam)

CENA 3
Narrador (Gabriel Carvalho) Miguel e Isaura fogem para Recife. Lá, pai e filha conseguem
conquistar uma vida nova liberta: trocam os nomes (Isaura torna-se Elvira e Miguel vira
Anselmo), mudam para uma casa nova em Santo Antônio. É em Recife que Isaura conhece
o seu grande amor, Álvaro, um rapaz rico, abolicionista, republicano. Álvaro também se
encanta perdidamente por Isaura.

(os dois encenam indo para Recife).

Álvaro (Pereira) – Isaura, venha comigo a um baile. Vai ser muito bom. Além disso, quero
apresentar a todos a mulher com quem irei me casar.

Isaura (Nicole) – Você não acha demais isso, Álvaro? Na frente de todos?!

Álvaro (Pereira) – Não vejo problema algum nisso!

Isaura (Nicole) – Então, tudo bem!


Narrador (Gabriel Carvalho) – Álvaro leva Isaura para o baile, onde a apresenta a todos.
Quatro cavalheiros se retiraram e desapareceram no meio do turbilhão das salas inteiras.
Foram, porém, imediatamente substituídos por um grupo de lindas e elegantes moças que
passavam conversando. O assunto da conversa também era dona Elvira:

D. Laura (Isabela) – Você sabe nos dizer, dona Adelaide, quem é aquela moça, que ainda
há pouco entrou na sala pelo braço do senhor Álvaro?

D. Adelaide (Sophia) – Não, dona Laura; é a primeira vez que a vejo, parece-me que não é
desta terra.

D. Laura (Isabela) – Decerto, que ar espantado tem ela! Parece uma matuta, que nunca
pisou em um salão de baile.

D. Adelaide (Sophia) – Sem dúvida!... e você não reparou no vestido dela? Meu Deus! Que
pobreza! A minha mucama tem melhor gosto para se vestir (risadas debochadas). A dona
Emília é que talvez saiba quem é ela.

D. Emília ( ) – Eu? Por quê? É a primeira vez que a vejo, mas o senhor Álvaro já
tinha me dado notícias dela, dizendo que era um assombro de beleza. Não vejo nada disso,
ela é bonita, mas não tanto, que assombre.

D. Laura (Isabela) – Aquele sr. Álvaro sempre é um excêntrico. Com tantas belas moças
em Recife, porque ele se encantou por uma que nem sabemos a procedência?

Narrador (Gabriel Carvalho) – Um momento depois Álvaro viu entrar na sala, um elegante
e belo mancebo, trajado com todo o primor, e afetando as mais polidas e aristocráticas
maneiras; mas apesar de sua beleza, tinha ele um olhar sombrio, que incutia pavor e
repulsão.

Anfitrião (Leonardo) – Boa noite, senhores, queiram se acomodar, por favor.

Leôncio (Rafael) – Preciso falar com o senhor Álvaro, por favor! Sou Leôncio Matos.

Álvaro (Pereira) – Queira sentar-se, e tenha a bondade de dizer o que pretende deste seu
criado.

Leôncio (Rafael) – O que pretendo não é nenhum mistério. Sei que aqui se encontra em
seu poder uma escrava fugida, por nome Isaura, venho apreendê-la…

Álvaro (Pereira) – Nesse caso deve entender-se comigo, que sou o depositário dessa
escrava.

Leôncio (Rafael) – Pois saiba também que eu sou o legítimo senhor dessa escrava.Devo
levá-la para minha fazenda, de onde nunca deveria ter fugido. Colabore, entregue-a a mim,
ou ela sairá à força no meio de toda a corte.
Álvaro (Pereira) – O quê?

Leôncio (Rafael) – É exatamente o que acabou de ouvir. Eu sou um homem poderoso, Sr.
Álvaro. Não podes passar pela minha autoridade.

(Isaura e seu pai aparecem na hora e ficam chocados olhando para Álvaro e Leôncio.)

Leôncio (Rafael) – Ora, ora, se não é o senhor Miguel que está aqui? Saiba que é crime
roubar escravos. O senhor terá o que merece. Venha comigo, Isaura, agora!

Miguel (Thiago) (irritado) – Não coloque suas mãos sujas na minha filha.

(Isaura faz menção de fugir)

Leôncio (Rafael) – Peguem-na!

Álvaro (Pereira) – Não toquem nela, ou o senhor terá que se entender com a justiça.

Leôncio (Rafael) – o quê?

Álvaro (Pereira) – É o senhor quem deveria sair preso daqui, doutor Leôncio.

Leôncio (Rafael ) – Como se atreve, menino insolente?

Álvaro (Pereira) – Depois que a sua fortuna veio a falência, toda a sua propriedade foi
comprada por mim, por meio do negociante Matias. O senhor nunca procurou saber quem
era o novo proprietário dos seus bens?

(Leôncio olha os documentos espantado)

Álvaro (Pereira) – Agora todos os seus bens pertencem a mim por direito. Inclusive Isaura.
Retire-se daqui imediatamente.

(Leôncio se levanta furioso, olhando para Isaura e o seu pai. Ele sai da casa)

Miguel (Thiago) – Isaura, finalmente você está livre, minha filha. Esperei tanto por esse dia.

Isaura (Nicole) – Sim, meu pai, graças a Álvaro, eu estou livre. (virando-se para Álvaro)
Muito obrigada, meu amado, eu sempre esperei por esse momento na minha vida.

Álvaro (Pereira) – Então vamos todos comemorar, pois hoje é o nosso dia de alegria. À
felicidade de Isaura!!

Isaura (Nicole) – Não, meu amor! À nossa felicidade!!! Para todo sempre!

Fim.

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