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Narrador: Isaura é uma escrava de pele branca, filha de uma negra já falecida com
uma homem branco, ex-feitor de fazenda. Durante muito tempo ele pelejou para
comprar a filha para dar-lhe a liberdade, mas o preço de Isaura era muito elevado, pois
ela recebera uma educação muito refinada e o casal Almeida criaram-na quase como
uma filha e só queriam libertá-la quando estivessem perto de morrer, pois estavam
muito apegados a ela. Mas o casal morreu antes de alforria-la e agora ela estava nas
mãos de Leôncio, o cruel filho do casal, que herdara a fazenda e vivia assediando
Isaura.
Cena 01
Leôncio: Isaura, fica sabendo que agora a tua sorte está inteiramente nas minhas
mãos.
Leôncio: agora mais que nunca. Meu pai e minha mãe são falecidos, eu sou o
herdeiro de tudo e, portanto, sou teu dono. Deverás obedecer a todas minhas ordens e
fazer minhas vontades. Mas não se preocupe, sua felicidade depende apenas de sua
vontade.
Isaura: minha vontade?
Leôncio: eu desejo tornar-te a criatura mais feliz de todas as criaturas. Basta que me
aceites como teu amante.
Isaura: eu, senhor? Oh! Deixe esta humilde escrava em seu lugar. A senhora Malvina
é tão formosa, tão boa e lhe quer tanto bem. Eu lhe peço, senhor, deixe-me em paz.
Estou pronta para lhe servir em tudo, menos nisso que o senhor exige.
Feitor: sim senhor.
Pai de Isaura: para longe daqui, para São Paulo, seja para onde for.
Pai de Isaura: é nossa chance de salvação. Mudaremos nossos nomes pra ninguém
nos descobrir. Meu nome será Ancelmo e o seu Elvira. Vamos...
Cena 03
Narrador: Isaura e o pai chegam a São Paulo e alugam uma casinha nas imediações
da cidade.
Isaura: é um lindo lugar, pai, estou tão feliz que vou passear um pouco.
Álvaro: é casada?
Isaura: não
Álvaro: Posso saber como se chama?
Isaura: Isau...Elvira, senhor.
Ancelmo: Elvira!
Cena 04
Álvaro: não me importa com coisas materiais. Notei que ela é simples, pura, inocente
e linda.
Geraldo: pura? Em São Paulo?
Álvaro: Ela não é daqui e se chama Elvira. Se ao menos tivesse um pretexto para vê-
la.
Geraldo: Convide-a para uma festa. Você não pretende oferecer um jantar em sua
casa para arrecadar mais fundos para campanha abolicionista? Convide-a.
Geraldo: Então haverá alguma coisa errada com ela. Pode estar fugindo da policia
com o pai. Nenhuma moça iria recusar um convite do solteiro mais cobiçado de São
Paulo.
Cena 05
Álvaro: D. Elvira, o meu coração lhe pertence. Sou senhor de uma fortuna
considerável. Tenho tudo nesta vida, mas não poderei ser feliz jamais, se a senhora
não consentir em partilhar comigo esses bens. Elvira, case-se comigo.
Martinho: essa moça é uma escrava que fugiu do dono. Está sendo procurando pelo
jornal. E eu vou leva-la ao dono e receber uma recompensa por isso.
Álvaro: seu infame, não se atreva a por suas mão sujas em cima dela.
Geraldo: Álvaro, terá que deixar ele leva-la. Se ficar com ela ou tentar esconde-la,
você será preso por roubo de escravo.
Narrador: Isaura é conduzida para Leôncio e seu pai é preso. Na fazenda, ela sofre
terríveis castigos. Mas ela resiste, não deixando Leôncio tocá-la. Irritado, Leôncio
arma um plano diabólico: pretende casá-la com o jardineiro Belchior. O casamento
será apenas uma fachada para Leôncio possui-la sem levantar suspeitas de Malvina,
sua esposa. Leôncio rasgou todas as cartas que Álvaro enviou a Isaura e propôs que
se ela aceitasse o falso casamento, livraria seu pai da cadeia. Se recusasse, ele seria
julgado e condenado à forca. A pobre Isaura não teve outra opção a não ser aceitar o
noivado.
Malvina: anime-se Isaura! Meu marido lhe tirou do castigo, libertou seu pai da cadeia
e você ainda irá morar conosco. Veja como meu marido é generoso.
Malvina: com o Álvaro? Ele te esqueceu, Isaura, dizem até que já se casou com uma
moça bem rica.
Leôncio: é isso mesmo, Isaura, aqui está seu futuro marido. (aponta Belchior).
Vamos logo para igreja, vamos começar este casamento.
(Álvaro entra)
Álvaro: espere! Leôncio, Isaura não lhe pertence mais. Aliás, nem ela, nem esta casa,
fazenda, escravos. Tudo agora é meu. Então não haverá casamento, ou melhor,
haverá, o meu com Isaura.
Álvaro: soube que você estava endividado. Gastou toda a sua fortuna com luxo. E o
que restou, gastou procurando por Isaura. Então comprei seus títulos e suas contas.
Agora tudo é meu. Eu dou as cartas.
Leôncio: maldito. Tudo é seu, mas nunca vou lhe implorar generosidade. (Leôncio
corre, tranca-se no quarto e mata-se com um tiro).