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Adaptação do Texto "A Farsa de Inês Pereira",


de Gil Vicente

PERSONAGENS:

Inês Pereira:
Principal personagem da peça. Moça bonita, solteira, pequena burguesa. Seu cotidiano é enfadonho: passa
os dias bordando, fiando, costurando. Sonha casar-se, vendo no casamento uma libertação dos trabalhos
domésticos. Despreza o casamento com um homem simples, preferindo um marido de comportamento refinado.
Idealiza-o como um fino cavalheiro que soubesse cantar e dançar. Contraria as recomendações maternas
rejeitando Pero Marques e casando-se com Brás da Mata, frustra-se com a experiência e aprende que a vida pode
ser boa ao lado de um humilde camponês.
Inês deixa-se levar pelas aparências e ridiculariza Pero Marques despedindo-o de sua casa para receber
Brás da Mata. Casa-se com ele, mas sua vida torna-se uma prisão, ela não pode sair e é constantemente vigiada
por um moço. Inês sofre e chega a desejar a morte do marido.
Ele morre covardemente na guerra e Inês casa-se com Pero Marques. Ele satisfaz todos os seus desejos e
chega até a carregá-la nas costas para um encontro com um amante (sem saber, porém, que era para isso).

Pero Marques:
Camponês simples, não conhece os costumes das pessoas da cidade. É uma personagem ambígua, ao
mesmo tempo que é ridicularizado pela ingenuidade, é valorizado pela integridade de caráter. Fiel e dedicado,
revela se um gentil e carinhoso marido.
É tão simples que não sabe para que serve uma cadeira. É teimoso como um asno e diz que não se casará
até que Inês o aceite um dia.

Brás da Mata:
Interesseiro e dissimulado é a representação da esperteza das classes superiores. É um nobre empobrecido
que não perde o orgulho e pretende aproveitar-se economicamente de Inês através do dote. Brás da Mata é um
escudeiro, isto é, homem das armas que auxiliava os cavaleiros fidalgos. Na mudança do feudalismo para o
capitalismo, a maioria permaneceu numa condição subalterna, procurando imitar a aristocracia.

Mãe:
É a típica dona de casa pequeno-burguesa e provinciana. Preocupada com a educação e o futuro da filha em
idade de casar. Dá conselhos prudentes, inspirada por uma sabedoria popular imemorial. Chega a ser comovente
em sua singela ternura pela filha, a quem presenteia com uma casa por ocasião das núpcias.

Lianor Vaz:
É o estereótipo da comadre casamenteira que sabe seu ofício e dele se desincumbe com desenvoltura. Sabe
valorizar seu produto com argumentos práticos de quem tem a experiência e o senso das coisas da vida:

Latão e Vidal:
Os judeus casamenteiros são muito parecidos, têm as mesmas características, na verdade são o mesmo
repartido em dois. São a caricatura do judeu hábil no comércio. Faladores, insinuantes, humildes, serviçais e
maliciosos, são o estereótipo de que a literatura às vezes se serviu, como, por exemplo, no caso desta peça de Gil
Vicente.

Moço:
Pobre coitado, explorado por um amo infame. Humilde, deixa-se explorar e acredita ingenuamente nas
promessas do Escudeiro. Cumpre sua obrigação sem ver recompensa, mas é capaz de, em suas queixas,
insinuar as farpas com que cutuca o mau patrão.

Ermitão:
É um falso monge que veste o hábito para conseguir realizar seu propósito de possuir Inês.

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Roteiro da Apresentação
Gil Vicente [agitado]: Impossível! Como podem me chamar de plagiador? Eu, um homem de
bem! Deixe estar! Hei de provar que não sou dessa índole! ... espere, aonde esta o mote que
Dom João III me deu?? A, está aqui!

Gil Vicente [se senta à mesa para pensar]: ora, escreverei um auto a partir deste mote, e
calarei a boca daqueles que me difamam! E desta vez será diferente! Irei me desviar um pouco
de meu estilo! Continuarei com as críticas, claro, mais este Auto vai ter um algo á mais...
Vamos aos personagens... Personagem principal: ... (que fome! Vontade de comer pera...)...
Inês Pereira! Mocinho: ... (pera... pereira)... Pero! Pero Marques! Vilãozinho: ...Brás da mata!
(escudeiro metido a rico). A mãe de Inês não pode faltar, e para dar um humor..., Dois judeus
casamenteiros... Latão e Vidal! (que nomes estranhos... mais vai ser assim mesmo!), e uma
alcoviteira (safada...)... Lianor Vaz. [estala os dedos] Vamos Gil, mãos á obra!

Inês é filha de uma mulher simples. Muito fantasiosa, finge que trabalha em casa. Sua mãe
foi à missa. A jovem entra cantando esta cantiga:

Inês (cantando): Vida de Inês é difícil... É difícil ser Inês...


Inês (falando): Não quero trabalhar! Meu Jesus! Que sofrimento! Vou ficar aqui, presa a vida
inteira? Já estou cansada de ficar nessa mesmice, em que todas as pessoas de minha idade
curtem a vida e eu não... Que pena!...

A mãe chega em casa, e não achando-a trabalhando, diz:

Mãe: Há! Imaginei! E a tarefa que deixei contigo? Está doente?


Inês: Oro a Deus que eu saia daqui logo.
Mãe: O que houve contigo, filha?
Inês: Não quero ficar para titia...
Mãe: Como quer um marido, sendo tão preguiçosa?
Inês: Mas mãe, sou ativa e esperta, e você é que é lenta..
Mãe: Espera... Não se esqueça que “o tempo de Deus e diferente do tempo dos homens”, virão
maridos aos montes e...
Inês: Não vejo a hora!
Mãe: lá vem Lianor Vaz...

Chega Lianor Vaz, se benzendo, e diz:

Lianor vaz: Meu Deus! Me livre do pecado!


Mãe: o que houve?
Lianor Vaz: O que farei? Nunca passei tanta vergonha...
Mãe: Foi algo muito ruim?
Lianor: Ruim?! Deixe eu lhe contar:
Lianor: Vinha ali, pelo beco e um frade me abordou do nada! Não pude me defender! Ele me
violentou passando a mão debaixo do meu vestido, pois queria saber se eu era homem ou mulher.
Se pensas que era jovem, errou! Era já um senhor, forte, fiquei tão excitada... Digo... Assustada!
Quando me recusei a dar o que ele queria, rasgou um pedaço de meu vestido!
Mãe: o mundo está perdido! Conhecia o frade?
Lianor: Não... Mas queria conhecê-lo!
Mãe: meu Deus!

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Lianor: Vou me confessar com o Cardeal, tenho que me livrar desse pecado!
Mãe: deveria ter lhe dado um tapa!
Lianor: O que? E ser excomungada! Sou uma mulher tão... Religiosa... Tão inocente. Mudando de
assunto, tenho um pretendente para Inês!
Inês: mas, para quando?
Lianor: Já tenho a resposta!
Inês: só hei de casar com um homem esperto, mesmo sendo pobre.
Lianor: Vamos! Leia esta carta que ele lhe mandou!

Inês lê a carta de Pero.

Inês: nunca vi rapaz tão desajeitado, tão sem-jeito!


Lianor: Inês, não seja tão exigente! Casa-te logo, sem pensar!
Mãe: Mais vale um burro que lhe carregue, do que um cavalo que lhe derrube!
Inês: Certo! O chame Lianor, quero rir logo!

Pero começa a procurar a casa de Inês.

Pero marques: Acho que sua casa é aqui.

Pero marques chega onde elas estão e diz:

Pero: me desculpem pela demora.


Mãe: Tome esta cadeira.
Pero: Quanto custa uma dessas?
Inês (para si mesmo): Meu Deus... Que rapaz ignorante!

Pero senta-se de costas para as meninas

Pero: Acho não estou muito bem...


Mãe: Qual seu nome, meu jovem?
Pero: Pero Marques, assim como meu pai, que Deus o tenha... Mas herdei maiorgado (fala-se
rápido, pra dar confusão)
Mãe: então é um homem de posses...
Pero: não... Desculpe-me, falo de gado, senhora. Inês, lhe trago um presente... Uma Pera! Pois
sou Pero e você é pereira!
Inês (irônica): Que presente...

Pero vai tirando suas coisas da bolsa

Inês: onde está as peras?

Mãe sai imediatamente

Pero: Me desculpe! Alguém deve ter comido! Pelo que vejo, sua mãe nos deixou a sós! Preciso ir
logo.
Inês: e você, o que há de fazer
Inês (para si mesma ): que galante atrevido!
Pero: Sua mãe volta?
Inês: sim.
Pero: tenho que ir, antes que a noite chegue.
Inês: Que homem insistente! Podes ir embora, não o quero!
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Pero: ...certo, não te perturbareis mais. Só casarei contigo quando quiser...


Pero (para si mesmo): Assim são as mulheres... Tentamos agrada-las, e elas pisam em nós...

Pero vai embora e a mãe chega

Mãe: Pero já se foi?


Inês: Já foi-se tarde.
Mãe: não se agradou dele?
Inês: Que suma de uma vez!
Inês: Quero um homem que seja galante, que toque viola, mesmo que seja pobre.
Mãe: e essa viola vai te sustentar?
Inês: Deixe-me! Cada qual com sua mania! Já mandei os judeus casamenteiros procurarem um
pretendente.

Chegam Latão e Vidal, e latão diz:

Latão: Ó de casa!
Mãe: Quem é?
Vidal: Em nome de Deus! Somos nós!
Latão: Não sabe o quanto andamos!
Vidal: até por uma caganeira passamos...
Latão: bom, procuramos seu pretendente...
Vidal: E achamos!
Latão: Cale-se!
Vidal: Não quer que eu diga!
Latão: Deixa-me falar!
Vidal: certo...
Latão: Achamos seu...
Vidal: pretendente! Não queria um homem que tocasse viola?
Latão: não foi fácil achá-lo...
Latão: o procuramos por toda parte...
Inês: enfim, trouxeram novidades?
Vidal: Tenha paciência! Achamos um escudeiro, que fala muito bem, como fala! E toca violão
lindamente! Muito galante o rapaz!

O escudeiro (Brás da Mata) vem, com seu moço, que segura um violão, e diz, falando com
ele mesmo:

Escudeiro: Se esta senhora é assim como os judeus me descreveram, foi feita por anjos! Bela
donzela, basta observar se é honesta e formosa.
Mãe (Para Inês): Se tal escudeiro vier aqui, tens que passar boa impressão. Não falar muito, não
rir, não olhar demais, nem se mexer, para que te julguem moça calada...
Escudeiro (para criado): vou ver com qual dama me casarei, fique calado!
Escudeiro: e se eu mentir, elogiando-me excessivamente, ou fique quieto, ou vá lá fora para rir,
para não estragar meu plano! Por favor!

Chega o escudeiro onde Inês se encontra,


e todos lhe fazem as honras, e ele diz:

Escudeiro: Antes que algo fale, Deus lhe salve, linda rosa; bela, graciosa, formosa; és minha
metade da laranja, aquela; que admiro e chamo de minha donzela.
Escudeiro: Moço!
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Moço: Sim, meu senhor.


Escudeiro: traga minha viola!
Moço (ao escudeiro): Aqui meu senhor, já está afinada, não precisa se preocupar!

Escudeiro toca uma musica romântica.

Vidal: Moça, não deixe esta oportunidade fugir de tuas mãos! Escudeiro, músico, conhecedor das
coisas, galante, ao seu dispor, pronto para te amar...
Mãe: Inês, não seja tola! Quer um escudeiro sem posses?
Inês: Em nome de todos os Santos! Chega de se meter nos meus assuntos!
Escudeiro: Dê-me sua mão, minha senhora. É de sua vontade casar-se comigo?
Inês: é sim, não é Mãe?!
Escudeiro: Muito bem! Recebo você, sem olhar além! Em nome de Deus, assim seja! Eu, Brás da
Mata, escudeiro, Aceito sua mão, Inês Pereira, Por esposa e por parceira, Como dita a Santa
Igreja.
Inês: Eu aqui, diante de Deus, Inês Pereira, aceito você... Brás da... Mata, certo? Como manda a
Santa Igreja.

Os judeus casamenteiros juntos dizem: Pelo Deus de Abraão, Isaac e Jacó, está cumprido
este matrimônio!

A mãe de Inês sai, e fica Inês e o escudeiro. Ao cuidar da casa, Inês canta:

Inês: Vida de Inês é difícil... É difícil ser Inês... Mas agora, casada...

O escudeiro, vendo Inês cantando, a repreende bruscamente:

Escudeiro: Você cantou, Inês? Espero que tenha sido a primeira e a última vez! Seu eu a ouvi-la
cantar novamente, nem assobiar você conseguirá!
Inês: Por quê ficaste tão bravo, marido?
Escudeiro: ainda perguntas? Mulher minha tem que ficar calada! Não vai falar com ninguém, não
poderás ir a igreja, nem ir a janela. Ficará trancada e isolada nessa casa!
Inês: Qual foi o meu pecado, marido?
Escudeiro: não há outro jeito se não esse minha querida!
Escudeiro (para o moço): Vou para guerra na África, vou promovido a cavaleiro, cuide para que
Inês não saia daqui.
Moço: E o que hei de comer?
Escudeiro: e o que lhe dei? Não basta?
Moço: e depois que acabar o dinheiro?
Escudeiro: Aqui por perto tem umas figueiras, esfomeado, mata tua fome!
Moço: Ah, sim!
Sai o escudeiro, e o moço diz a inês:

Moço: O que ele me ordenou não tenho coragem de fazer.


Inês: se ele te dá ao menos o que comer, sua praga será cumprir esta tarefa.
Moço: Eu vou me divertir e você vai ficar aqui trancada.

Narrador: Três meses depois...

Inês: Quem bem tem e mal escolhe, por mais mal que venha, não se encolhe.
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Inês: Fui escolher demais, e deu nisso! Espero que os mouros o matem! Sei hei de ficar solteira,
saberei escolher desta vez!

Chega o moço, com uma carta, dizendo:

Moço: esta carta vem da África, deve ser de meu senhor.


Inês: me dê essa carta, se for de meu marido, saberei agora.

Ela lê o que está escrito no envelope

Inês: É de meu irmão! Vamos ver o que se explica.

Inês lê o resto da carta e para no 4º verso, dizendo:

Inês: Ora, que é isso?


Continuou a leitura

Recebendo a trágica notícia, o moço se espanta e diz:

Moço: Não! Meu Senhor!


Inês: Tome esta chave e faça o que quizer de sua vida!
Moço: Oh! Que triste despedida!
Inês: Veja! Se passava por homenzarrão, mentindo para todos. Quero agora um novo rumo:
quero marido manso, ingênua, para ser livre!

Ao ver Lianor vaz, Inês Finge seu choro. Lianor pergunta:

Lianor: como estás, Inês?


Inês: Muito triste.
Lianor: ao menos tivesses engravidado...
Inês: não tive essa sorte...
Lianor: Filha, não chores pelo leite derramando, casa-se outra vez!
Inês: Meu Deus! Estou sozinha! Isso é coisa que se diga, sem-sentido!
Lianor: Esqueça do passado... Pero Marques parece que herdou boa quantia de dinheiro!
Inês: Basta! Agora sim! Se herdou ou não, já aprendi a lição! O chame!

Sai Lianor Vaz atrás de Pero Marques. E Inês fica sozinha, logo dizendo:

Inês: se é para ser Pero Marques, que seja! Marido bondoso e inocente, que faça minhas
vontades. Antes lebre que leão...

Vem Lianor Vaz juntamente de Pero Marques. Diz Lianor Vaz:

Lianor: Sem cerimônia, abrace-a e a faça sua mulher.


Pero Marques: Estou atrapalho! Só irei abraça-la após se casarmos, caso ela aceite...
Inês (irônica): sim, aceito...
Lianor: Ora! Me dê sua mão. Sabe as palavras, não sabe?
Pero: ensinaram-me, mas... Esqueci! Estou nervoso!
Lianor: por Deus! Repita o que digo...
Pero: Bom, você se casa comigo, e eu me caso com você, por Deus. E me decepem as orelhas,
caso negue algo a você!
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Lianor: já vou, Fique com Deus.

E sai Lianor Vaz. Diz Inês Pereira:

Inês: Marido, vou sair.


Pero: sim, vá se divertir, acho que também irei.
Inês: Escutes marido, irei para onde EU quiser, certo?
Pero: Mais é claro! Vá onde quiser, volte quando quiser... Com o que me preocuparei?

Vem um Ermitão pedindo esmola. Vem a dizer:

Ermitão: Senhores, por caridade, dê uma esmola a um pobre e por amor ferido, Ermitão de
Cupido, desde sempre só! Os que vão bem de amores dão esmola àquele sem esperança, que
habita a escuridão com suas dores, e rezarei com grande devoção e fé, que Deus os livre do
engano; Pois, por isso sou o Ermitão, E por todo o sempre eu serei. Pois você, que sabe quem é,
sabe do meu triste sonho.
Inês: Escuta marido, por caridade, deixe-me dar esmola á um ermitão!
Pero: Pode ir mulher, não tenho nada a fazer lá.
Inês: tome esta... Esmola, por caridade.
Ermitão: Seja pelo amor de mim, sua boa caridade tenha graças, minha bela senhora, sua esmola
mata o pecado; Deve saber, senhora, o que me fez fazer, tornei-me um Ermitão, faltando pedaços
do coração, com o que você deixou de dizer.
Inês: Meu Deus, é você! Aquele que um dia foi meu namorado, que me mandou uma florzinha,
quando era pequenina!
Ermitão: Tanto quis teu bem, bela donzela, e comigo, nada quisestes, porém, ainda lhe amo!
Inês: Eu o entendo! Não se aborreças que irei lhe fazer uma... Visita.
Ermitão: E quando será isso?
Inês: não muito tarde, agora vá!
Inês (para si mesma): Aquele ermitão... É um anjinho!
Pero: Como és bondosa, minha esposa!
Inês: Sabe o que desejo marido?
Pero: O que?
Inês: Que fossemos andando até o templo onde encontra-se o Ermitão!
Pero: Claro, não vejo empecilho!
Inês: Muito bem, passemos primeiro pelo rio. Tire seus sapatos.
Pero: como?
Inês: Vai me carregar nas costas, para não sentir a água fria em meus pés!

Pero coloca Inês em suas costas, que diz:

Pero: Estás confortada?


Inês: como se estivesse no Paraíso! Olhe! Que lindas pedras! Carregue para mim marido?
Pero: como quiser.
Inês: Vamos cantar?
Pero: mas não sei...
Inês: não tem problema! Eu canto e você apenas repete: “Pois assim acontecem as coisas.”
Pero: Como quiser!

Canta Inês Pereira:

Inês: Marido como um búfalo me carrega, com mais dois pedaços de pedra.
Pero: Pois assim devem ser as coisas.
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Inês: Sempre soube você, meu marido, eu o amo como sois; Sempre fostes a mim preparado a
pertencer como um lote de bois.
Pero: Pois assim acontecem as coisas.
Inês: Bem sabe você, meu marido, quanto eu a ti... Quero; Sempre foi percebido, a ser um manso
e chifrudo cervo. Além disso, tornou-se o burro que me carrega. Levando a mim e dois pedaços de
pedra.
Pero: Pois assim acontecem as coisas.

Gil Vicente: e assim termina esse auto. Com mote “Mas vale um burro que me carregue do que
um cavalo que me derrube”. P-E-R-F-E-I-T-O, já é meia noite e meia escrevi durante a noite toda,
mas escrever vale a pena. Ahh... [beijando o livro], boa noite...

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