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Aula 4

Adoração como cumprimento da vontade de Deus


INTRODUÇÃO
É a respeito de adorar a Deus, mesmo quando tudo parece errado, que falaremos hoje. Partindo da
narrativa bíblica a respeito de Abraão e seu herdeiro Isaque, concentrar-nos-emos no esforço de
demonstrar que cumprir a vontade de Deus é o único caminho para a verdadeira adoração.
I. ABRAÃO: A PARTIR DE UM HOMEM, O CUMPRIMENTO DO PLANO DE DEUS PARA
TODAS AS FAMÍLIAS DA TERRA
1. Para adorar não basta saber a vontade de Deus, é necessário cumpri-la. A vida de Abrão, que
começa a ser narrada pela Bíblia a partir dos 75 anos, pode ser descrita como um conjunto de desafios de
fé. Sair da terra natal (Gn 12.1); ir para terras desérticas (13.9); lutar contra exércitos poderosos (14.15);
ofertar a Deus quando não há certeza alguma sobre o futuro (14.20); esperar por um filho que demorou a
chegar (15.4). Entretanto, o mais importante sobre estes e tantos outros atos relacionados a Abraão que
pudéssemos contar, é o fato de que conhecer a vontade de Deus não teria gerado nenhum efeito na vida
do patriarca, pois saber não é o bastante é necessário crer. Ou seja, conscientizar o coração de que a
despeito de todos os impedimentos e aparentes impossibilidades, há um Deus bom que nos ajuda a
cumprir seus maravilhosos planos. Nosso relacionamento com Deus não pode reduzir-se a um conjunto
de pressupostos racionais; o Senhor nos convida para uma união de amor e transbordamento de
felicidade.
2. E quando a vontade de Deus contraria nossa vontade? Abraão, assim como vários de nós, foi
alguém que viveu situações limites: cumprir a vontade de Deus, muitas vezes, é confrontar diretamente o
desejo de nosso coração. O grande desafio é abandonar aquilo que desejamos e que vemos, por aquilo que
Deus quer, e apenas esperar. Acreditar na justiça de Deus; deixar ir um filho amado (21.12); o sacrifício
do filho mui amado (22.2). Em algumas destas situações a proposta divina parecia pior do que o contexto
terreno já constituído. É por isso que andamos por fé, e não por vista (2Co 5.7), por que a fé lança-nos no
centro do coração do Pai, já nossa vontade está limitada e reduzida pela aparência. Demonstra-se assim
que aquele que adora o Pai, necessariamente, é aquele que cumpre a sua vontade. Alinhar nosso coração
com o de Deus, é a única maneira de experimentar uma vida de louvor ao Criador.
3. O fim da vida daquele que cumpre a vontade de Deus. O relato do momento final da vida de Abraão
é animador (25.8-11). Os momentos maus não dominaram sua vida e sua velhice foi definida como boa
(v.8a). Seus dias não foram abreviados, nem consumidos, mas fartos (v.8b). Seus filhos estavam junto a
ele (v.9), e tanto Ismael quanto Isaque tiveram vidas abençoadas (21.13,20; 25.11). Não poderia ser de
outro modo, Abraão abriu mão de seu roteiro particular de vida para experimentar a “boa, perfeita e
agradável” vontade de Deus para ele. O Senhor foi adorado na vida de Abraão muito mais pelo que o
patriarca fez do que pelo que disse. Não foram as orações longas ou louvores afinados de Abraão que
alegraram ao Senhor, e sim, sua renúncia, sua obediência e sua esperança de que em Deus estaria sempre
o melhor. Por isso, Paulo pode declarar que desde o Antigo Testamento há um homem que nos inspira a
confiar nas promessas de Deus, nosso pai Abraão (Rm 4.16).
II. ISAQUE: QUEM ESPERA A VONTADE DE DEUS RECEBE A MELHOR PARTE
1. Isaque, filho da promessa, vivo pela promessa. A história de Isaque é toda envolta em milagres e
manifestações da vontade de Deus. Sua chegada foi anunciada décadas antes de seu nascimento (15.4).
Contudo, um dos momentos mais críticos para entendermos o plano de Deus para Isaque foi quando seu
pai foi a Moriá. Sem saber até instantes antes do sacrifício o que aconteceria (22.7), lá no cume do monte
Isaque rendeu-se à vontade de Deus. Esta obediência de Isaque pode ser inferida pelos seguintes fatos:
Abraão já um idoso centenário, Isaque um adolescente na flor de seu vigor; se o texto diz-nos que Abraão
esteve a ponto de sacrificá-lo (22.10), fica claro que, assim como seu pai, Isaque também cria que a
vontade de Deus jamais seria frustrada, mesmo quando tudo aparentemente apontava o contrário.
2. Aceitando a vontade de Deus em todas as áreas da vida. Para algumas pessoas, acatar a vontade de
Deus quanto ao ministério a ser exercido na Igreja ou aos dons espirituais é fácil, porém para a maioria
não é assim. Mas, e quanto nossa vida profissional, acadêmica e até sentimental, Deus tem interesse nela?
É claro que o Senhor está interessado em abençoar-nos também nessas áreas, pois Deus deseja nossa
felicidade em todos os aspectos de nossa existência. Isaque é um exemplo disto.
3. Cumprir a vontade de Deus não é fácil. A vida também não foi simples para Isaque. Ele enfrentou a
dor da infertilidade de sua esposa (25.21) e peregrinou em terras desconhecidas (26.1-6); correu riscos de
morte (26.7-11); viu conflitos familiares estabelecerem-se dentro de sua casa (27.1-46). É importante
apresentar estes embates enfrentados por Isaque para demonstrar que o cumprimento da vontade de Deus,
e com isto uma vida de adoração, não nos torna imunes a dores, sofrimentos, medos; permite-nos,
entretanto, que tenhamos a convicção de que o universo não é um caos, e que os acontecimentos do
mundo submetem-se à soberania de Cristo. Se crermos e obedecermos, como já tem prometido o Senhor,
experimentaremos o melhor de Deus para nós (Is 1.19).

III. COMO POSSO SABER SE ESTOU FAZENDO A VONTADE DE DEUS E, POR ISSO,
ADORANDO-O
1. A parábola dos dois filhos (Mt 21.28-32). Esta parábola resume bem a crítica de Jesus contra certos
líderes de sua época. Também fala da necessidade de acolhermos pessoas desprezadas e excluídas.
Interessa-nos, porém, a imagem literária que Jesus constrói para denunciar os hipócritas que fingiam
adoração e aqueles que verdadeiramente buscavam ao Pai. Tudo concentra-se no cumprimento ou
descumprimento da vontade de Deus. Jesus fala que existe um enorme grupo de pessoas que
exteriormente parecem boas, cerimonialmente cumprem as regras, mas que tudo, na verdade, é só da boca
para fora, pois não há arrependimento nem submissão alegre à vontade de Deus (v.30). Há, contudo, um
grupo que assumidamente erra, flagrantemente desrespeita ao Pai, esses porém arrependem-se e
obedecem ao Pai (v.29). Na verdade esse último grupo vive sem máscaras, é completamente sincero, na
verdade não queriam ir e obedecer, não escondem esse sentimento, mas constrangidos pelo amor do Pai,
vão.
2. Muito mais que palavras (Mt 7.21). Adorar a Deus, louvar seu santo nome, é muito mais que um
conjunto de palavras mágicas que fazem a divindade “funcionar” a nosso favor. O Criador do universo
não é um caricatural gênio da lâmpada mágica. Adorar é algo que emerge da alma, que revela a nossa
interioridade.
3. Qual a motivação da sua vida? (Jo 4.34). O que motiva você a seguir quando tudo dá errado?
Quando as expectativas se frustram, os supostos amigos te abandonam, até mesmo a confiança em si
falha? O Mestre deixou bem explícito qual era o alimento de seu ser: o imenso desejo de ser agente do
Reino de Deus neste mundo. Não espere aplausos, tapinhas nas costas, pois nem sempre fazer a vontade
de Deus significa necessariamente ser reconhecido pelas pessoas que nos cercam. Entretanto, mais
importa obedecer a Deus do que aos homens.
CONCLUSÃO
Adoração e vontade de Deus são dois conceitos importantíssimos para o desenvolvimento da vida cristã.
Dissociá-los é, na verdade, descaracterizá-los; só há adoração onde existe um coração nascido de novo
que crucificou o eu e entregou o trono do desejo ao Criador do universo. Sabedores que somos destas
verdades, busquemos intensamente a concretização da vontade de Deus em nossas vidas.

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