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COLEÇÃO
Empreendedorismo e
Gestão para
Professores do Ensino
Médio
Versão Beta 2021
VOLUME 6
Comunicação e Marketing Digital
AUTORAS
Cátia Moreira
Ana Raquel Coelho Rocha
Isabella Sacramento
Izabela Domingues
ORGANIZADORES DA COLEÇÃO
Sandra R. H. Mariano
Joysi Moraes
Robson Cunha
VOLUME 6
Comunicação e Marketing Digital
AUTORAS
Cátia Moreira
Ana Raquel Coelho Rocha
Isabella Sacramento
Izabela Domingues
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Volume 6 – Comunicação e Marketing Digital
Coleção Empreendedorismo e Gestão para Professores do Ensino Médio
CAPÍTULO 1
Comunicação é o que conquista
Metas
Apresentar as diversas dimensões do processo de comunicação, reforçando
a importância de um objetivo bem trabalhado e claro e a preocupação com a
compreensão do interlocutor.
Objetivos
Após o estudo desta aula, você deverá ser capaz de:
◊ Reconhecer a necessidade da boa comunicação no ambiente educacional;
◊ Distinguir os três objetivos da comunicação: informar, persuadir e entreter;
◊ Aplicar na prática docente os cinco elementos da comunicação: objetivo,
ligação, ideia central, ponto poderoso e impacto inicial.
1442 e 1993. r
Vamos pensar juntos: quando você tem certeza de que uma comunicação
foi perfeita, livre de falhas? Eu gosto da definição de que ela é perfeita
“quando é 1
2
compreendida pelo outro exatamente do jeito que você gostaria”. Se o outro
0
a
não compreender o que você quer, você terá falado ou escrito à toa, não é? E
t
o
pense bem, a mensagem pode até ser compreendida, mas, dependendo da
ã
r
forma como foi transmitida, o receptor pode ter achado você um esnobe. Se
e
essa não for sua intenção, então, não terá sido perfeita. O outro pode também
professor, quando procurado por pais ou mesmo por colegas com dificuldades, ã
Mas isso tem jeito? As pessoas nascem com um dom para a comunicação
e... “Pronto! Acabou!”? Sim, tem jeito de melhorar! Como qualquer
aprendizado comportamental, precisamos antes entender racionalmente
essas coisas que fazemos sem pensar, como nos comunicar. Neste
processo, conseguimos iden tificar onde, exatamente, estamos falhando e
nos concentramos nesse elemento para melhorar. Um modelo bastante
simples do processo de comunicação pode ser visto na Figura 1.3, a
seguir. Vamos descrever suas partes brevemente e depois dedicar
atenção a cada uma delas.
2
Figura 1.4 - Processo de Comunicação:
0
e
ficado pelo(s) receptor(es), a mensagem
B
o
sofre diversas transformações, as quais,
ã
r
muitas vezes, não percebemos.
e
Mas a comunicação só existe por causa do receptor (ou dos receptores, que
podem ser muitos). Um professor fala para muitos alunos a cada vez. E qualquer
um que defenda um projeto para uma plateia estará falando ao mesmo tempo
para um monte de gente.
INÍCIO DE ATIVIDADE 1
Esperança no bilhete
Leia a mensagem a seguir:
“Senhor investidor.
Meus amigos falaram que o senhor dá dinheiro pra gente que tem boas
ideias fazerem projetos. Eu tenho um que vai ajudar minha comunidade
e queria explicar ele.
Resposta Comentada:
Por que uma mensagem como essa tem a capacidade de despertar esse o
tipo de reação? Porque a comunicação ruim faz pensar que seu emissor e
Na próxima etapa desta aula, vamos conversar sobre cinco aspectos funda
mentais ao processo de comunicação.
poderososideia
pontos
a
te
B
central 1 20
s
nas comunicações
2.1 - Objetivo
Lembra do excesso de informação de que falamos na seção anterior? Pois
é, as pessoas não vão reter muita coisa do que ouvem ou leem. Pense
você mesmo em uma reunião da qual participou há duas semanas. Veja
se consegue se lembrar de mais do que uma ou duas coisas tratadas lá?
Ainda por cima, muita gente não vai lembrar de nada realmente novo,
tendendo a apenas memorizar o que já sabia e só confirmou. Por isto, é
preciso muita clareza no seu objetivo na hora de se comunicar porque ele
não é fácil de ser atingido. Muita gente vai lá e diz: “Viu? Falei.” Mas se o
outro entendeu mesmo, se fixou o que precisava, a pessoa não quer nem
saber. Isto não é ser um bom comunicador. É mais fácil tirar de si a
responsabilidade pelo ruído na comu nicação e colocar a culpa no outro,
dizer que é despreparado, desatento ou qualquer outro adjetivo. Mas se
você já sabia que a pessoa ia ter dificuldades, deveria ter ajustado seu
objetivo.
Basicamente são três os tipos de objetivo em uma mensagem: informar,
persua dir ou entreter. E eles são um bom começo para você pensar toda
vez em que planejar uma comunicação.
Quem define qual dos três é seu principal objetivo da mensagem é a ação
ou a reação que você espera dos seus receptores:
◊ Se quer que eles fiquem sabendo de algo que não sabiam, está
informando; ◊ Se quer que comecem a fazer algo ou a refletir sobre
alguma coisa, está persuadindo;
◊ Se quer mexer com suas emoções, está entretendo.
Vamos pensar na prática! Se você, professor, precisa apresentar à turma
um novo aluno que acabou de chegar na escola, , qual seria o objetivo da
sua comu nicação? Dificilmente seria entreter, mas poderia ser informar
ou persuadir. Conversando um pouquinho com ele antes, e descobriria
algo interessante que, contado para a turma, faria com que o recebessem
bem. Tudo depende da sua intenção para com os receptores. Se você quer
apenas que eles saibam que o novo aluno chegou, é seu objetivo será
informar. Fazer algum tipo de piada cami nharia na direção de
entretenimento, mas poderia constranger o novo aluno,
então, dificilmente seria aconselhado tomar esta direção. Mas você
poderia aproveitar a oportunidade para fazer com que os próprios alunos
pensassem em uma estratégia de acolhimento, se em sua disciplina
couber esta atividade. Nesse caso, o objetivo da sua fala poderia ser
“persuadir a turma a trabalharem motivada na estratégia de acolhimento”.
É claro que você precisa dar informações para persuadir ou entreter alguém,
mas seu objetivo principal deve ser único e claro. Veja, no quadro abaixo, alguns
exemplos de objetivos de comunicação de professores:
Informar
exigir um pouco mais sociais
de estudo Teatralizar a fala de um
Instigar os personagem histórico
Comunicar o conteúdo
responsáveis a
das aulas expositivas
estimularem os filhos a Ilustrar com um exemplo
e o funcionamento do
realizar suas tarefas pessoal divertido um
calendário do ano
assunto mais complexo
Estimular um aluno
Reforçar a
desmotivado Propor atividades
importância de
determinado extracurriculares como
conteúdo que possa Propor aos alunos "dicas culturais"
desenvolverem ações
de qualquer coisa a ser usada logo no início da comunicação que você tenha 2
certeza de que vai fazer os olhos das pessoas brilharem pensando assim: “Nossa! B
que eu imaginava!”, ou ainda, “Que sorte que me enviaram para essa reunião!”. V
Autoras: Cátia Moreira, Ana Raquel Coelho Rocha,
Isabella Sacramento e Izabela Domingues
16
Fonte: Youtube
O filme indicado ao Oscar de 2021 “Crip Camp: Revolução pela Inclusão”
trata de códigos muito diferentes usados para se comunicar. Produzido
por Barack e Michelle Obama, o documentário mostra um grupo de
adolescentes que se junta à luta pelos direitos civis das pessoas com
deficiência, ilustrando um caso de muita persistência para alterar a
percepção nacional sobre a realidade de uma comunidade.
Se tiver oportunidade, assista e observe a clareza do objetivo, da ideia
central e ainda a dificuldade extra do elemento de ligação pelo fato de os
ativistas falarem com pessoas que desconhecem sua realidade.
Disponível no serviço de streaming Netflix ou gratuitamente no Youtube,
neste link (em inglês, com legendas acionadas automaticamente):
https://www. youtube.com/watch?v=OFS8SpwioZ4
1
Comunicação é um exercício de influência. Para influenciar
2
0
2
alguém, você precisa fazer o esforço prévio de conhecer
a
e
a pessoa e seus interesses. Assim, antes de realizar uma
B
ã
comunicação, mãos à obra: descubra a ligação que ela terá
s
V
com seus receptores.
Uma lista para ajudar você a não esquecer de nada nesta empreitada:
◊ Qual o nível de instrução e maturidade que as pessoas têm em relação ao
assunto?
◊ Você tem prestígio junto a elas para falar sobre este assunto?
◊ Existe algum ponto contra o qual já tenham alguma cisma ou preconceito?
◊ Algum assunto atual, na mídia ou na escola, pode ter ligação com o assunto?
◊ Já ouviram isso outras vezes? Se sim, por que você está fazendo a comuni
cação de novo?
◊ O que você mudou para, desta vez, ter mais sucesso?
◊ O que estão esperando encontrar em sua comunicação?
◊ Se houver só coisas esperadas, vai ser interessante?
◊ Há algum grupo ou grupos entre seus interlocutores que tenha(m) destaque
ou mereça(m) alguma atenção especial?
Jamais prossiga em uma comunicação sem antes conseguir responder à
pergunta:“ Por que seus interlocutores vão se interessar pelo seu assunto,
neste momento e da forma que você escolheu?” A ligação é o que faz a sua
comunicação ser importante para quem lhe escuta ou lê, na percepção dessa
pessoa e não na sua!
INÍCIO DE ATIVIDADE 2
Desconcerto no concerto? Não, tudo certo!
2.
Resposta Comentada
Frases proferidas por figuras religiosas, como Jesus Cristo (“Amai-vos uns aos
outros como eu vos amei”) ou Buda (“Procure o Caminho do Meio” - Madhyama
Pratipad, em sânscrito) também são exemplos de palavras-chave da comuni
cação daqueles líderes.
Lembre-se: a ideia central se constitui numa frase que resume os pontos funda
mentais da sua fala. É como se você pudesse escolher apenas uma frase para
as pessoas se recordarem logo após sua comunicação terminar. Por exemplo,
imagine que você realizou uma reunião com seus alunos a respeito de um
determinado assunto. Se alguém que precisou faltar à reunião perguntasse a
um dos colegas “O que foi dito na reunião?”, sua comunicação terá tido sucesso
se a resposta for exatamente sua ideia central. Exemplos: “Ela disse que preci
samos ter mais atenção à próxima feira de ciências pois vai haver avaliadores
na escola”. “Ele disse que a nova biblioteca é um ativo importante e que deve
ser divulgada e utilizada ao máximo”. 1
B
o
Pense bem se este não é um ponto poderoso para auxiliar a retenção da ideia
central? Todos os funcionários foram embora da reunião com uma caixa rosa
(que continha o kit) embaixo do braço. Caso alguém pergunte sobre o que a
nova chefe falou na reunião, a resposta “atacaremos o público feminino” estaria,
literalmente, nas mãos! Isso ilustra o elemento de “auxílio à retenção” do ponto
poderoso. O elemento de “credibilidade” é dado pelo diretor da agência de
propaganda ao apresentar Darcy à equipe, falando de sua participação signi
ficativa no emprego anterior, também chefiando uma equipe de publicidade.
38896790 B
Por exemplo, imagine que, numa reunião, cabe a você, professor, como
coor denador, falar sobre benefícios que serão recebidos por todos os
membros da escola. A “rádio-corredor” já terá dado conta de espalhar o
boato da novidade. Suponha que os benefícios só serão mantidos no
próximo ano caso algumas ações se concretizem (e isto – imaginemos –
eles não sabem). Como, a prin cípio, todos ganham com os benefícios, por
que vão prestar atenção quando você falar?
Vamos lá! Antes de definir o impacto inicial, identifiquemos os quatro
elementos balizadores desta comunicação:
1. Objetivo: “Persuadir a equipe a se empenhar no que é preciso para
manter o benefício no próximo ano.” Só esta informação já parece
surpreendente, não é? Muitos achariam que bastaria comunicar com
muita alegria e, com esta
estratégia, perderiam a chance de uma comunicação persuasiva; 2.
Ligação com o outro: Só querem confirmar e saber os valores? Isso eles
resolveriam em 30 segundos de atenção). Será que a “rádio-corredor”
falava em valores maiores? Porque aí, o valor real poderia ser
decepcionante). Gostariam de ser os “primeiros” a saber? Há ainda chance
de opinarem sobre alguma coisa? Precisam compreender o objetivo da
escola ao fornecer o benefício, para seja mantido? Pensados todos os
questionamentos, talvez a ligação seja “detalhes do benefício”.
3. Ideia central: “O benefício é “X” e sua sustentabilidade depende do
empenho de cada um”.
4. Pontos poderosos:
◊ para credibilidade, lembrar ação recente da escola cumprida conforme
prometido;
◊ para retenção da atenção, confeccionar um cheque-gigante, em
cartolina, e entregar para representantes de cada grupo de
funcionários. Possível brin cadeira: confeccionar outro cheque-gigante
para o ano seguinte e informar que ele terá que ser conquistado.
Agora sim, vamos ao impacto inicial. Algumas sugestões:
1. Enquanto as pessoas forem chegando para a reunião, exibir slides em
looping com estatísticas de ações que proporcionaram o ganho ou
realizar um quiz sobre o assunto que merecerá atenção especial no ano
em curso, para que haja continuidade do benefício;
2. Supondo que ainda seja possível opinar sobre o benefício, listar as
implicações e propor que trabalhem em pequenos grupos para definirem o
melhor caminho; 3. Se a sala puder ser preparada antes, os tais
cheques-gigantes mencionados como exemplos de pontos poderosos
podem estar pendurados em algum
lugar no alto, sem que seja possível ver seu valor (e quase ninguém vai
atentar que um deles é para o ano seguinte). Você poderia começar assim:
“Bom dia! 1
2
Vocês talvez já tenham ouvido falar que conquistamos um benefício. Pois bem,
0
a
ele está lá no alto, alguém vai ter que pegar e eu vou agora definir as regras...”
t
2
Talks é considerada pelos idealizadores do evento um excelente exemplo de
a
e
retenção da atenção do público.
B
ã
E para quem acha que não dá tempo apresentar o crescimento da população
s
INÍCIO DE ATIVIDADE 3
Os Cinco Elementos Aplicados ao Seu Caso
Com base em tudo o que vimos até aqui, imagino que você esteja ainda
mais atento à sua comunicação em sala de aula. Por isso mesmo, esta
atividade é uma ótima oportunidade para você colocar em prática a nossa
conversa.
Usando como modelo o quadro a seguir, desenvolvido para uma aula de
Geogra fia, escolha uma de suas aulas e faça um plano de comunicação
aplicando os cinco elementos (objetivo, ligação, ideia central, pontos
poderosos e impacto inicial):
Ligação Como vivemos em um país tropical, espera-se que não seríamos capazes
de viver em ambiente tão frio. Uma ideia seria provocá-los
perguntando se já ouviram falar de moradias no gelo.
Ideia central Todas as partes do planeta são importantes.
Resposta Comentada:
Como você já dever ter percebido, não haverá um gabarito para esta
atividade já que o resultado vai variar de acordo com cada disciplina.
Neste comentário, portanto, gostaria de reforçar que, com a quantidade
de recursos multimídia a que os alunos têm acesso hoje, é importante
você usar sua expertise como professor para surpreendê-los em assuntos
que ampliem sua visão de mundo sobre assuntos interessantes. Um rap
em norueguês, um vídeo engraçado ou mesmo a leitura de uma história
daquelas localidades podem ser boas opções para despertar o interesse
deles.
1
2
Espero que você encontre bastante aplicação deste conteúdo em sua sala
0
a
de aula!
t
4. Resumo
A habilidade de comunicador é cada vez mais importante, dado o excesso de
informação e a crescente desatenção com que temos que lidar no di a dia.
Além de escolher o canal de comunicação correto e garantir que não haja ruído,
para se comunicar melhor e ter uma mensagem clara são necessários cinco
elementos:
Objetivo - informar, persuadir ou entreter
Ligação - Mapear objeções para desenvolver estratégias para envolver seus
interlocutores
Ideia Central - Tudo o que você quer dizer, resumido em uma frase que “cole”
na cabeça do outro
Pontos Poderosos - Ilustrações, vídeos, gráficos números, histórias, analogias,
metáforas que tornem a mensagem interessante e sirvam como elementos de
fixação
Impacto Inicial - Planejar seus 30 segundos iniciais são sua melhor maneira
de conseguir atenção
Por último, pratique muito a sua fala ou revise com bastante cuidado seu texto.
E boa sorte!
V
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio,
sem prévia autorização da Universidade Federal Fluminense.
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Volume 6 – Comunicação e Marketing Digital
Coleção Empreendedorismo e Gestão para Professores do Ensino Médio
6. Bibliografia
BERLO, D. K. O Processo da Comunicação: introdução à teoria e à prática.
São Paulo: Martins Fontes, 1997.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Ed., 1998.
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/tragedia_grega1.htm
consultado em 19/12/2010.
BELL, Gordon. Segredos para ser Bem-sucedido em Discursos e Apresen
tações. São Paulo: Nobel, 1992, p.26.
SACRAMENTO, Isabella. Empatia Todo Dia. www.taoestrategia.com.br/empatia
tododia . Consultado em 05/04/2021
8. ANDERSON, Chris. TED Talks. Rio de Janeiro: Intrînseca, 2016.
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7. Notas finais
1. BELL, A. SMITH, D.M. Management Communication.
John Wiley & Sons, 2006.
2. BERLO, D.K. Communication and the university.
Illinois State Normal University, 1963.
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