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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – COGEAE/PUC-SP

Curso Oficina de Gramática

SINAIS DE PONTUAÇÃO – PARTE I

A pontuação é um recurso para:

indicar a entonação que se deve dar à frase;

distinguir, em um trecho, palavras e frases;

assinalar graficamente as pausas que se devem observar na elocução, as quais podem


resultar do relacionamento sintático dos termos da frase, ou ainda da intenção de
dar ênfase a determinado termo.

Vejamos, a seguir, alguns sinais de pontuação.

1. Ponto final

O ponto final é o sinal que denota maior pausa. Devemos empregá-lo:

a) para indicar o fim de um período:

Os crescentes índices de violência têm alterado a vida cotidiana de bairros


tradicionais, antes considerados seguros, das grandes cidades.

b) nas abreviaturas:

Apart. = apartamento

Art. = artigo

Cód. = Código

D. = dom, dona, digno

DD. = digníssimo

Etc. = et cetera (“e assim por diante”)

Ilmo. = ilustríssimo

I.e. = isto é
M.P. = Ministério Público

Obs. = observação

P. ou pág. = página

Obs.: os símbolos relativos às unidades do sistema métrico decimal ou aos elementos


químicos não vêm seguidos de ponto final (ex.: m – de metro; h – de hidrogênio).

2. Ponto e vírgula

O ponto e vírgula serve de intermediário entre o ponto e a vírgula. Seu emprego


depende substancialmente do contexto em que é empregado: em outras palavras,
depende do ritmo que queremos imprimir à frase – ora pode equivaler a uma espécie
de ponto reduzido, ora pode equivaler a uma vírgula alongada.

De modo geral, pode ser empregado nas seguintes situações:

a) para separar enumerações de termos ou ideias:

Art.163. Lei complementar disporá sobre:

I- finanças públicas;

II- dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais
entidades controladas pelo Poder Público;

III- concessão de garantias pelas entidades públicas;

IV- emissão e resgate de títulos da dívida pública; (...);

(Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 20/01/13);

b) para separar partes de um período em que uma delas, pelo menos, esteja
separada por vírgula:

Chamo-me Inácio; ele, Benedito

(ASSIS, M de. Evolução. Disponível em:


<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000251.pdf>. Acesso em 10/01/2013).

3. Ponto de interrogação

Emprega-se o ponto de interrogação no fim das interrogações diretas. Ele também


serve para indicar surpresa, indignação ou atitude de expectativa diante de uma
situação. Vejamos este exemplo:
Enquanto as famílias esperam angustiadas por novidades, as vozes se elevam: a
segurança dos carros estava realmente garantida nesta ponte de oito vias? As outras
infraestruturas do País estão nas condições adequadas? (UOL Notícias, 3 ago. 2007.
Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2007/08/03/ult34u187314.jhtm>. Acesso em:
10/01/13).

4. Ponto de exclamação

Emprega-se o ponto de exclamação:

a) depois de frases que exprimem surpresa, entusiasmo, horror, ordem, súplica:

“Uma ponte na América não pode simplesmente desabar!, revoltou-se a senadora


democrata de Minessota, Amy Klobuchar”

(UOL Notícias, 3 ago. 2007. Disponível em:


<http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2007/08/03/ult34u187314.jhtm>. Acesso em: 10/01/13);

b) depois de certas interjeições e vocativos:

Ah! Como você pode dizer isso, rapaz!.

5. Dois pontos

Os dois pontos referem-se a uma pausa suspensiva da voz, indicando que a frase não
está concluída. Eles podem ser empregados:

a) para introduzir citação alheia ou própria:

Conforme Bezerra (2006, p. 31) afirma:

A natureza árdua do trabalho de produção de livros manuscritos


reflete-se nas notas (colofões) que os escribas costumavam apor no
encerramento de suas obras, às vezes lamentando-se do cansaço,
outras vezes agradecendo a Deus ou simplesmente expressando o alívio
pelo fim da tarefa.

(BEZERRA, B. G. Gêneros introdutórios em livros acadêmicos. Disponível em:


<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp059083.pdf>. Acesso em: 10/01/13);

b) antes de uma enumeração:

Conforme estabelecido em reunião, precisamos, basicamente: rever os processos


anteriores; convocar os funcionários para um debate sobre o tema; estabelecer as
diretrizes para os novos procedimentos;
c) antes de uma explicação ou sequência:

“Nada falta: o mar, o perigo, uma dama que se afoga, um desconhecido que a salva,
um pai que passa da extrema aflição ao mais doce prazer da vida”
(ASSIS, M. de. A chave. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000184.pdf>. Acesso em: 10/01/13);

d) para indicar, no discurso direto, a fala das personagens:

“Feita a apresentação no tom desdenhoso e altivo com que um moço distinto se


dirige a essas sultanas do ouro, e trocadas algumas palavras triviais, meu amigo
perguntou-lhe:

— Vieste só?

— Em corpo e alma.

— E não tens companhia para a volta?...”

(ALENCAR. J. de. Lucíola. Disponível em:


<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000035.pdf>. Acesso em: 10/01/13).

6. Reticências

As reticências são empregadas para indicar a interrupção da frase, sugerindo dúvida,


hesitação, surpresa ou, ainda, para sugerir reflexão.

Exemplo:

“— Pois não te... amo?


Valentim olhou para ela e murmurou:
— Não!
(ASSIS, M de. Astúcias de marido. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000075pdf.pdf>. Acesso em: 10/01/13).

7. Aspas

As aspas são usadas, principalmente, nas seguintes situações:

a) no início e no fim de uma citação, distinguindo-a do resto do texto:

Sendo assim, não há como desprezar a sabedoria de Freire (2000) de “quem forma se
forma e reforma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado”
(MANHÃES, J. H. Ação dialógica. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ea000099.pdf>. Acesso em: 10/01/13);

b) para ressaltar termos ou expressões não peculiares à linguagem normal de quem


escreve (estrangeirismos, arcaísmos, gírias, neologismos etc.):

O passatempo dele é postar “tweets” relacionados ao seu novo empreendimento;


c) para realçar ironicamente o sentido de uma palavra ou expressão:

Você parece bastante “interessada” no assunto (quando queremos dizer justamente o


contrário).

BIBLIOGRAFIA:

AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. Redigida de acordo com a nova


ortografia. São Paulo: PubliFolha, 2008.

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. Atualizada pelo novo acordo ortográfico. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Gramática – texto, reflexão e uso. São Paulo: Atual, 2008.

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