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Oficina de Gramática

Paralelismo sintático

Em processos de coordenação de ideias devemos encadear elementos


que apresentam a mesma estrutura gramatical, para que a
mensagem seja transmitida com eficiência. Veja esta frase:

"A evolução tecnológica é responsável por algumas mudanças na vida


social das pessoas: a primeira diz respeito à educação, já que o
computador tem ajudado os homens a alargar o seu conhecimento;
finalmente, é necessário rever as noções de tempo e espaço".

Dizemos que nesse período não há paralelismo sintático, uma vez


que as ideias não estão devidamente correlacionadas. Observe que a
enumeração de itens não parece completa, já que o termo
primeiramente sugere que haverá pelo menos mais um item além do
primeiro, antes dos finalmentes, não é mesmo? Além disso, numa
enumeração, não é adequado misturar classes gramaticais no que diz
respeito aos elementos que iniciam as frases. Assim, em vez de:

deveríamos ter:

O paralelismo sintático é um dos itens a serem checados quando


elaboramos uma redação, pois, por meio dele, as ideias podem ser
mais bem organizadas. Para tanto, anote estas dicas:

1) se, em uma oração, estivermos relacionando termos com a mesma


função sintática, devemos utilizar a mesma estrutura:

"Apresente os elementos históricos que se referem a este período


literário e qual as suas principais características".

Observe que a forma verbal apresente é complementada por dois


objetos: os elementos históricos que se referem a este período
literário e as suas principais características; entretanto, o segundo
objeto não está apresentado na mesma estrutura do primeiro. O
pronome qual, nesse caso, está "sobrando" e, embora não prejudique
a compreensão da frase, é mais elegante suprimi-lo, certo? Veja mais
este exemplo:

"Ele gosta de conversar e principalmente de anedotas". (Othon


Garcia)
COGEAE/Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Oficina de Gramática

Os dois objetos da forma verbal gosta deveriam apresentar a mesma


estrutura:

"Ele gosta de conversar e principalmente de ouvir anedotas".

Ou:

"Ele gosta de conversa e principalmente de anedotas". (Othon Garcia)

2) Ainda em relação aos objetos do verbo, são frequentes as


construções em que um aparece em oração desenvolvida e outro em
oração reduzida:

"O governador negou estar a polícia de sobreaviso e que a visita da


oficialidade da PM tivesse qualquer sentido político". (Othon Garcia)

Seria melhor que os dois objetos (estar a polícia de sobreaviso e que


a visita da oficialidade) estivessem paralelos:

"O governador negou que a polícia estivesse de sobreaviso e que a


visita da oficialidade da PM tivesse..." (Othon Garcia)

3) A expressão não só deve estabelecer paralelismo com mas


também, assim como, como também:

"Ele não só participou das eleições, como também ajudou na


contagem dos votos".

4) A expressão de um lado requer a presença de por outro lado e o


contrário também é verdadeiro:

"De um lado, as famílias se desdobravam para vencer os desafios.


Por outro lado, o governo não media esforços para sair daquela
situação de calamidade pública".

5) Conforme exemplo dado logo no início desta unidade, ao enumerar


itens, não misture as classes gramaticais no início das orações, como
ocorreu abaixo:

"Seus hobbies são costurar, cozinhar e piano".

Nesse caso, o termo piano, por ser um substantivo, "destoa" junto


aos outros elementos com os quais se correlaciona: costurar e
cozinhar são verbos!

6) Ao elaborar redações, procure manter a mesma pessoa do


discurso; se você começar um texto usando a 1a pessoa do singular,
por exemplo, mantenha essa estrutura até o final:
COGEAE/Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Oficina de Gramática

"Nosso objetivo neste artigo é investigar quais os recursos


argumentativos mais significativos em discursos políticos orais.
Pretendo observar se a entoação constitui um desses recursos".

Observe que há duas pessoas nesse trecho: a 1a do plural e a 1a do


singular.

7) Embora, algumas vezes, a ausência de paralelismo não prejudique


a compreensão da frase, devemos procurar tecer textos em que as
ideias estejam bem encadeadas, evitando, dessa forma, a construção
de frases inadequadas, com ideias não relacionadas entre si, como
esta, por exemplo:

"Nosso destino depende em parte do determinismo e em parte


obedecendo à nossa vontade". (Othon Garcia).

Veja que essa frase ficaria bem melhor se houvesse paralelismo:

"Nosso destino depende em parte do determinismo e em parte da


nossa vontade". (Othon Garcia)

Paralelismo semântico

Outras vezes, há paralelismo sintático (gramatical), mas não há


correlação de sentido (paralelismo semântico):

"Fiz duas operações: uma em São Paulo e outra, no ouvido". (Othon


Garcia).

Observe que, embora os elementos estejam coordenados do ponto


vista gramatical, não há nenhuma relação de sentido entre eles.

Ufa! Redigir é uma tarefa que exige muita atenção, não é? Mas é
gratificante dar sentido às palavras, materializar intenções,
pensamentos etc.

E agora uma última dica: antes de escrever, você deve planejar o seu
texto, organizando suas ideias. Depois, não se esqueça de reler o que
foi escrito, para eventuais correções ou complementações.

Preparado (a)? Então, vamos lá! É hora de fazer as atividades


referentes a este tópico.

COGEAE/Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

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