TECNOLOGIA DE BAIXA LETALIDADE - TBL

ARMAS DE BAIXA LETALIDADE

“Armas especificamente projetadas e empregadas para incapacitar pessoal ou

material, ao mesmo tempo em que minimizam mortes, ferimentos
permanentes no pessoal, danos indesejáveis à propriedade e
comprometimento do meio-ambiente”.

(Allen Holmes – então Subsecretário de Defesa EUA, por ocasião da II Conferência

de Defesa Não-Letal, na Virgínia, em 1996).
 REDUÇÃO DE LETALIDADE

• O Brasil carrega na sua história recente algumas tragédias que poderiam ter
sido evitadas caso uma doutrina sobre o uso de armas não-letais estivesse
bem consolidada tanto nas polícias quanto nas Forças Armadas.

O caso de Eldorado dos Carajás, não se levando em conta as adversidades

daquela tropa, pode ser citado como um exemplo de situação na qual as
armas não-letais poderiam ter evitado a tragédia. Granadas lacrimogêneas,
sprays de pimenta, munições de impacto controlado ou granadas de efeito
moral, teriam permitido controlar a ação agressiva dos manifestantes sem
causar morte ou lesão permanente.
 USO GRADUAL DA FORÇA

1. Presença
2. Verbalização
3. Técnicas de mãos
4. Armas de impacto controlado ou menos que letal
5. Armas letais

Fonte: Modelos de FLETEC e GILIESPIE

 USO DE TBL

AONDE PODEM SER EMPREGADAS?

1. Policiamento ostensivo
2. Sistema prisional
3. Distúrbios civis
4. Tropa de Operações Especiais
5. Outros (Segurança patrimonial e Forças de Paz).
 CARACTERÍSTICAS

a. Possui efeitos relativamente reversíveis, sobre pessoal e material;

b. Afetar os objetos em seu raio de ação de forma diferenciada.

 BAIXA LETALIDADE x MENOR POTENCIAL OFENSIVO X NÃO
LETAL X MENOS LETAL x MENOS QUE LETAL

 Não existe termo certo ou errado, adequação conceitual;

 Nova tendência do Grupo de Trabalho da SENASP/MJ: adoção dos dois primeiros termos;

 Termo não letal é muito criticado, por entender que nenhum sistema é totalmente livre
de causar a morte;

 Importante: treinamento e capacitação;

 AGENTES QUÍMICOS
Definições, características e
propriedades. Classificação.

Definição:

Denomina-se agente químico de guerra, agente químico ou agressivo

químico a toda substância que por sua atividade química, produza quando
empregada para fins militares, um efeito tóxico, fumígeno ou incendiário.
São atribuídas à Guerra Química três aplicações:

a) emprego contra pessoal por meio de GASES;

b) a cobertura ou sinalização pela FUMAÇA;
c) a destruição de material e pessoal pelo fogo (INCENDIÁRIOS).
 A Convenção de Armas Químicas (CWC) é conseqüência do Protocolo
de Genebra, de 1925, que proíbe o uso de gases tóxicos e métodos biológicos
durante as guerras. Vários países assinaram o acordo antes da II Guerra
Mundial, quando foram interrompidas as negociações. A discussão do
protocolo é retomada após a Guerra Fria. A CWC é concluída em 1993 e é
adotada em abril de 1997. No mês seguinte é criada a Organização para a
Proibição de Armas Químicas (OPAQ), encarregada de supervisionar a
destruição de arsenais químicos e assegurar a não-proliferação de armas
químicas, com exceção do gás lacrimogêneo para conter revoltas e tumultos,
medida considerada pacificadora. Até junho de 1998, a convenção conta com
168 países signatários, dos quais 110 já o ratificaram, inclusive o Brasil. Entre
os não signatários estão a Arábia Saudita, a Líbia, a China, o Egito, a Síria, o
Iraque, Israel e Taiwan.
 LEGALIDADE NA UTILIZAÇÃO

• Art 144 C.F:

“A segurança pública, dever do estado, direito e responsabilidade de todos, é
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I – Polícia Federal, II
– Polícia Rodoviária Federal, III – Polícia Ferroviária Federal, IV – Polícia
Civis, V – Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares”.
 -PBUFAF- Princípios Básicos sobre o Uso da
Força e de Armas de Fogo. (cont.)

Princípios 18 & 19. Os governos e os organismos de aplicações da lei devem garantir

que todos os funcionários responsáveis pela aplicação da lei recebam a formação
aos meios de evitar utilização da força ou de armas de fogo, incluindo resolução
pacífica de conflitos. Sendo que os responsáveis pela aplicação da lei somente
devem portar armas de fogo autorizadas e após recebimento de formação especial
para sua utilização.
 Principais agentes e seus símbolos

Cloro – Cl Fosgênio – CG Disfogênio – DP Mostarda

Destilada – HD
Nitrogênio Lewisita – L Ácido Cianidrico – Cloreto de
Mostardas – HN AC Cianogênio – CK
1/2/3
Arsina – SA Tabun - GA Sarin – GB Ácido Lisérgico –
LSD 25
Gás do Medo – B2 Fósforo Branco – Adamsita – DM Óleo Incendiário –
WP IM
Ortoclorobenzil- Cloracetofenona – Oleoresin Mistura
malononitrilo - CS CN Capsicum - OC Hexacloretana -
HC
Termita – TH Magnésio – Mg Gasolina Mistura
Gelatinosa – NP Incendiária - PT
 Características e propriedades gerais

A - Concentração

1) Os efeitos químicos e tóxicos dos agentes químicos dependem de sua natureza e

composição para que possam ocorrer, entretanto, é necessário ainda que seja lançado em
certa quantidade.

2) Chama-se concentração de um agente químico, à quantidade desse agente existente

em determinado volume de ar.

3) A concentração pode ser expressa em miligramas de agente por metro cúbico de ar (

mg/m3).

4) A concentração pode ser eficiente, letal ou inquietante:

B - Concentração eficiente:

É aquela em que o agente produz o efeito que lhe é característico e para obtenção do
qual é lançado.

C - Concentração letal:

É aquela em que o agente é capaz de produzir a morte em pessoal desprotegido.

D - Concentração inquietante:

É aquela em que o agente, embora não produza integralmente seu efeito característico,
exige o uso da máscara contra gases, para evitar outros efeitos secundários ou
inquietantes.
 Persistência

É o tempo em que o agente permanece em concentração eficiente

na atmosfera em que foi lançado.
 Variação da persistência: a persistência varia de acordo com as propriedades
físicas e químicas do agente, que por sua vez estão na dependência de fatores
comuns, tais como temperatura, velocidade do vento, processo de dispersão,
estabilidade do ar (gradiente de temperatura), topografia do terreno, vegetação,
natureza do solo, bem como a quantidade de agente lançado.
 Quando a nuvem de gás composta de aerosol e vapor permanece
efetiva no ponto em que foi lançada por um período de tempo relativamente
curto, diz-se que o agente é “Não Persistente”, quando permanece por um
período de tempo relativamente longo, antes de ser disperso no ar, diz-se que
o agente é “Persistente”.
FATORES QUE INFLUENCIAM NA PERSISTÊNCIA
 O processo de dispersão, as condições atmosféricas, a topografia, a
vegetação da região e a natureza do solo são fatores que modificam a maneira de
atuação e a eficiência sob o ponto de vista tático.
 a) Propriedades Físicas e Químicas dos Agentes

A volatilidade é uma propriedade física especialmente importante para

a duração da eficiência do agente. Outras propriedades físicas como:
densidade de vapor, peso molecular, temperaturas de congelação, de
ebulição e de composição e pressão de vapor, também podem influir na
persitência de um agente químico. O grau de hidrólise, estabilidade na
armazenagem e a ação sobre metais e outros materiais, são propriedades
químicas que também influenciam.
 b) Processo de dispersão

Quando uma munição química explode em contato com o solo, o sopro

da carga de arrebentamento, dispersa a carga química líquida. Parte dessa
carga é lançada para dentro da cratera formada pela explosão; parte é
decomposta pelo calor e sopro da explosão; parte é transformada em
aerosóis; parte transforma-se em vapor e parte é espalhada com gotículas.
*Quando a explosão for acima do solo, os efeitos são similares
não havendo, no caso, a produção de cratera.
 c) Efeitos da temperatura

Altas temperaturas aceleram o processo de evaporação dos agentes

líquidos, ocorrendo o oposto com baixas temperaturas, pode-se concluir que
um agente terá sua persistência aumentada ou diminuída conforme a
temperatura abaixe ou aumente.
 d) Efeitos do Vento
Ventos fortes aceleram o processo de evaporação dos agentes líquidos e as
nuvens de gás são rapidamente dissipadas quando a velocidade do vento é
alta.

Ataques químicos à grandes áreas:

Velocidade do vento
até 18 Km/h

Ataques sobre pequenas áreas:

Velocidade do vento
Até 9 Km/h
 e) Efeitos da Umidade e Precipitações

Um grande índice de umidade, acompanhado de uma elevada

temperatura, aumenta a eficiência dos gases vesicantes, mas não as dos
tóxicos dos nervos. Chuvas fortes ou duráveis lavam a contaminação de
agentes químicos líquidos, mas não os destroem ou hidrolisam,
necessariamente. A neve reduz o processo de evaporação em uma
contaminação por agente líquido e o contato com um agente existente na
neve torna-se muito perigoso. No entanto, pode permitir o movimento de
tropa, se a camada de neve encobrir a contaminação líquida.
 f) Efeitos do Terreno

Em condições estáveis, nuvens de gás fluem através do terreno

ondulado, descendo para os vales, penetrando em concavidades, terrenos
baixos e depressões, tendendo a rodear os obstáculos ou terrenos elevados.
Terreno irregular, incluindo aquele coberto, com grama alta ou macega
retarda o movimento da nuvem de gás. Terreno plano proporciona um
movimento constante e suave.
 g) Efeitos de Vegetações

Os terrenos cobertos de vegetação são mais propícios ao emprego de

agente do que os terrenos limpos. Um gás disseminado em bosque denso,
tende a permanecer por mais tempo do que em bosques abertos.
 CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS

Classificação básica

A classificação chamada básica divide os agentes químicos em três grupos:

1) Gases: Compreendendo todos os que são empregados contra pessoal e produzem

efeitos tóxicos;

2) Fumígenos: Os que por queima, hidrólise ou condensação produzem fumaça ou

neblina;

3) Incendiários: Os que geram altas temperaturas, e provocam incêndios em materiais

combustíveis.

OBSERVAÇÃO: No grupo dos gases estão compreendidos agentes sólidos, líquidos ou

gasosos, não se levando em conta o estado físico do agente.
c) Classificação baseada no emprego tático dos agentes

De acordo com o seu emprego tático, os agentes químicos são divididos em 5

grupos:

1) Causadores de baixas:

Os que, por seus efeitos sobre o organismo humano produzem a morte ou a

incapacitação prolongada.

2) Inquietantes:

Agentes de efeitos leves e temporários, porém desagradáveis, que diminuem a

capacidade combativa do atacado, ou que obriga para evitá-la, ao uso da máscara, o que,
também diminui sua capacidade combativa.
3) Incapacitantes:

Agentes que agem sobre as funções psíquicas do homem, ocasionando desordem

muscular e perturbações mentais. São produtos de ação reversível, deixando a pessoa
atingida normal após horas ou dias.

4) Fumígenos:

Divididos em dois grupos:

4.1) Fumígenos de cobertura: Empregados normalmente para cobrir com fumaça,

movimentos de tropa, pontos vitais, instalações importantes, interferindo na observação e
reduzindo a eficácia dos tiros do inimigo;
4.2) Fumígenos de sinalização: Representados pelas fumaças coloridas e empregadas em
operações de desembarque em praias, travessia de cursos d’água, regulações de tiros de
artilharia e operações aéreo-terrestres.

5) Incendiários:

Os que são empregados para provocar incêndios em instalações e materiais ou para

atacar pessoal pelo fogo.
d) Classificação fisiológica (efeitos dos agentes químicos sobre o organismo humano)

A classificação fisiológica divide os agentes químicos nos seguintes grupos:

1) Sufocantes:
Os que causam irritações e inflamações das vias respiratórias, dos brônquios e dos
pulmões.
O agente padrão do grupo é o FOSGÊNIO cujo símbolo é CG.

2) Vesicantes:
Os que agem principalmente sobre a pele, produzindo queimaduras, com formação
de bolhas e destruição dos tecidos subjacentes. O agente padrão do grupo é a MOSTARDA
DESTILADA, cujo símbolo é HD.
3) Tóxicos do sangue: Os que absorvidos pelo organismo, pela respiração, por ingestão de
água ou alimentos ou através da pele, afetam diversas funções vitais, pela ação que
exercem sobre os elementos do sangue.

O agente padrão do grupo é o ÁCIDO CIANÍDRICO, cujo símbolo é AC.

4) Tóxicos dos nervos: Os que sendo absorvidos pelo organismo, pela respiração, por
ingestão da água ou alimentos ou através da pele, afetam diversa funções vitais, pela ação
que exercem sobre o sistema nervoso.

O agente padrão do grupo é o SARIN, cujo símbolo e o GB.

5) Lacrimogêneos:

Agentes que atacam os olhos, produzindo irritações, dor intensa e provocando

lacrimejamento abundante. Seus efeitos são temporários, raramente passando de meia
hora. Nos dias de calor e nas regiões em que o suor é mais acentuado, podem ocorrer,
também, ardor, vermelhidão e coceira, igualmente temporários

O agente padrão do grupo é o ORTOCLOROBENZILMALONONITRILO, cujo símbolo é

CS.
6) Vomitivos:

Agentes que atuam sobre o nariz, a garganta e o sistema nervoso, provocam tosse,
espirros, náuseas e vômitos seguidos de debilidade física e mental, tudo temporário. Seus
efeitos duram no máximo três horas.

O agente padrão do grupo é a ADAMSITA, cujo símbolo é DM.

7) Psicoquímicos:

Os que agem sobre as funções físicas e mentais, ocasionando descordenação

muscular, perda do equilíbrio, da visão e perturbação mental. Quanto ao agente padrão do
grupo, há uma divergência entre as fontes consultadas. Para alguns é o BZ ou gás
paralisante; para outros é o LSD-25 ou ácido lisérgico destilado
 MÉTODOS DE DISPERSÃO:

1. POR COMBUSTÃO: As granadas fumígenas lacrimogêneas: GL-301, GL-302 e GL-

303.
2. POR ESPARGIMENTO: Os tubos espargidores de “spray pimenta”: GL-108 e GL-108
Max.
3. POR EXPLOSÃO: As granadas explosivas: GL-305 (CS), GB-705 (CS) e GB-708 (OC).
4. POR VOLATILIZAÇÃO: As ampolas: GL-109 (CS) e de Cloropicrina (PS).
 PRINCIPAIS AGENTES
QUÍMICOS INQUIETANTES
 CIANETO DE BROMO – BENZILA - BBC

 Preparado, em 1981 e empregado pela

primeira vez pelos franceses em julho de
1918;

 Foi o único dos agentes lacrimogêneos

usados nas Guerras Mundiais;

 É ainda hoje o lacrimogêneo do Exército

Inglês.
 ORTOCLOROBENZALMALONITRILA (CS)

 Adotada pelo exército americano em 1959;

 Inicialmente utilizada para treinamento;
 Características: sólido, cristalino e insolúvel na água;
 Toxidez;

 Emprego e restrições: locais, pessoas e animais;

 Efeitos fisiológicos e reação com a água;
 Descontaminação.
 OLEORESINA DE CAPSAICINA OU
OLEORESIN DE CAPSICUM (OC)
 Empregada em distúrbios civis nos EUA a partir dos anos 80;

 Características: sólido, cor branca e insolúvel na água;

 Toxidez;

 Emprego e restrições: locais, pessoas e animais;

 Efeitos fisiológicos e reação com a agua;

 Descontaminação