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Unidades de Conservação

Federais: serviços de apoio


à visitação e autorização
de eventos
As Atividades e os Serviços de Apoio à
Visitação

2
Módulo

Meio Ambiente
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Diretoria de Desenvolvimento Profissional

Conteudista/s
Carla Guaitanele (conteudista, 2022);
Cláudia Sacramento (conteudista, 2022);
Fernando Tatagiba (conteudista revisor, 2022);
Ivonete Lima (conteudista revisor, 2022);
Jerônimo Martins (conteudista revisor, 2022);
Lieze Passos (conteudista revisor, 2022).

Enap, 2022
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Unidade 1: As Atividades e os Serviços de Apoio à Visitação ..........4

1.1 Como Podem ser Classificadas as Atividades de Visitação? ................................. 4

1.2 Como Podem ser Classificados os Serviços de Apoio à Visitação? ....................... 7

1.2.1 Tipos de Serviço Público ......................................................................................... 9

Referências ...................................................................................................................... 10

Unidade 2: Tipos de Serviços .............................................................11

2.1 Delegação de Serviços ............................................................................................. 11

2.1.1 Os Serviços de Concessão .................................................................................... 13

2.1.2 As Permissões ........................................................................................................ 17

2.1.3 As Autorizações ..................................................................................................... 19

Referências ...................................................................................................................... 23
Módulo

2 As Atividades e os Serviços de
Apoio à Visitação
Neste módulo você compreenderá a diferença entre atividades de visitação e
serviços de apoio à visitação, bem como os tipos de delegação de serviços que
podem ocorrer nas unidades de conservação.

Além disso, você conhecerá a estratégia do ICMBio para implementar os serviços de


apoio à visitação nas UCs federais.

Você também conhecerá:

1 Como podem ser classificadas as atividades de visitação e os serviços de apoio à


visitação; e

2 Os tipos de serviços de apoio à visitação existentes.

Unidade 1: As Atividades e os Serviços de Apoio


à Visitação
Objetivo de aprendizagem

Ao final desta unidade, você conseguirá reconhecer a diferença entre as atividades de


visitação e os serviços de apoio à visitação nas unidades de conservação.

1.1 Como Podem ser Classificadas as Atividades de Visitação?

Para que você possa compreender a classificação das atividades de visitação,


primeiramente é preciso entender o conceito de manejo.

Manejo diz respeito a um conjunto de ações e atividades necessárias


para que os objetivos das unidades de conservação sejam alcançados
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2006).

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Portanto, um dos grandes desafios para o ICMBio e para cada UC é a construção
de estratégias de manejo que possam viabilizar e monitorar o uso público e a
exploração econômica dos seus recursos naturais, tendo em vista a diversificação
de oportunidades recreativas para qualidade da experiência do visitante.

Estas oportunidades recreativas estão diretamente relacionadas às diferentes


atividades que podem ser experimentadas pelo visitante em uma unidade de
conservação. Tal diversidade de atividades muitas vezes demanda serviços de
para que sejam realizadas seguindo boas práticas e proporcionando uma maior
segurança a esse visitante.

Ao realizar o manejo de um rol de ambientes é possível


proporcionar que o visitante encontre o ambiente
que satisfaça suas expectativas e que possibilite as
experiências desejadas (CREMA; FARIA, 2018).

Logo, uma importante estratégia de ação de manejo para aprimorar a visitação


é a qualidade da prestação de serviços de apoio à visitação. Essa qualidade pode
estar expressa na disponibilidade de condutores que acompanharão o visitante nos
atrativos da UC, no aluguel de equipamentos específicos para a prática de atividades,
na comercialização de alimentos, na disponibilização de transporte aquaviário, por
exemplo, dentre outros.

Exemplo de atividades de visitação e os serviços de apoio correspondentes


Fonte: Freepik.

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No entanto, é necessário diferenciar atividades e serviços quando
pensamos em visitação. Isto parece simples, não?! Inclusive, até
pouco tempo, ambos eram tratados como se fossem praticamente
a mesma coisa, o que resultava em dúvidas e ruídos na comunicação
entre os atores envolvidos na questão do uso público.

Com o objetivo de diminuir esse ruído, o ICMBio empreendeu esforços para conceituar
esses termos e trazer a diretriz institucional para padronização desses conceitos.

Atividade de visitação pode ser definida como a prática


realizada pelo visitante durante sua passagem em uma unidade
de conservação. Estas atividades variam desde visitas para
contemplação do meio ambiente até a prática de esportes em
contato com a natureza.

É importante destacar que a lista de atividades de visitação é longa, mas a cada ano
surgem novas atividades que atraem o interesse dos visitantes e possuem potencial
para serem praticadas no interior de unidades de conservação.

Abaixo, constam alguns exemplos de atividades de visitação que ocorrem atualmente


nas UCs.

Caminhada Voo Livre


Escalada Observação de Fauna
Cicloturismo Canoagem
Mergulho Banho de Cachoeira
Travessias de Longo Curso Passeio Embarcado
Montanhismo Passeio Naútico
Espeleoturismo Pesca Esportiva

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Com estes conceitos estabelecidos, a Divisão de Ordenamento e Autorização para
Visitação (DOVIS), que compõe a estrutura organizacional da Coordenação Geral
de Uso Público e Negócios (CGEUP), tem dedicado tempo e esforço na elaboração
de instruções normativas e portarias que ordenem as atividades que ocorrem nas
unidades de conservação.

Ter uma diretriz institucional sobre como recepcionar a demanda de uma


determinada atividade traz isonomia ao processo, oferece aumento da qualidade
na condução e implementação da demanda, além de trazer luz à competência do
ICMBio no ordenamento da atividade dentro de uma unidade de conservação.

Afinal, nem todos os servidores são especialistas nesses temas, mas, como gestores
de uma área natural pública, e considerando que a missão do ICMBio também é
proporcionar uma experiência memorável e diversificada aos visitantes, é preciso
somar esforços para dar condições mínimas para que essas atividades ocorram e os
gestores se sintam confortáveis com a sua implementação.

1.2 Como Podem ser Classificados os Serviços de Apoio à Visitação?

Para poder entender a classificação dos serviços de apoio à visitação, primeiramente,


é importante conhecer quais são as principais características de um serviço.

De forma geral, pode-se dizer que serviço é o produto de um trabalho,


ou atividade humana, que satisfaz uma necessidade específica, sem
assumir a forma de um bem material.

Os serviços possuem algumas características que, na prática, ajudam a diferenciá-


los de bens manufaturados. Conheça-os:

Intangibilidade
Significa que não podem ser tocados. Desta forma, o visitante recebe o serviço
e, a partir disso, forma uma opinião sobre a experiência. Esse fator faz com que
seja um serviço seja difícil de mensurar. Isso porque cada pessoa pode ter uma
percepção diferente sobre a experiência, afinal sua opinião vai depender muito da
sua concepção individual de que suas necessidades foram supridas ou não.

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Simultaneidade
A produção e o consumo ocorrem de forma simultânea quando se fala em prestação
de serviços. Não é possível estocar uma atividade, por exemplo, ou mesmo trocá-la
em caso de insatisfação.

Por conta disso, há uma preocupação ainda maior com a satisfação imediata do
cliente. A fim de, assim, garantir a sua fidelidade.

Não há troca de propriedade


A partir do momento em que você adquire um produto ele passa a ser seu, não é
mesmo? Pois com os serviços isso não ocorre. Não há uma troca de propriedade
nesse tipo de transação.

Ao alugar um veículo, por exemplo, você paga para utilizá-lo. Entretanto, o automóvel
continua sendo propriedade da empresa. O mesmo se aplica aos serviços de
segurança. Você está contratando a proteção e não adquirindo o profissional que
irá desempenhá-la.

Imperecibilidade
O termo perecível está diretamente ligado à durabilidade. Um produto, por exemplo,
pode estragar ou mesmo perder a validade. Com os serviços, isso não é um problema.
O máximo que pode ocorrer é a empresa oferecer um trabalho mal-feito e ser obrigada
a refazê-lo.

Uma coisa é fato: certamente você utiliza mais de um tipo de serviço no dia a dia e, às
vezes, nem se dá conta disso. Quer ver?

Veja, a seguir, empresas que prestam serviços que você já pode ter utilizado:

• Hotéis e Pousadas;
• Agência de turismo e viagem;
• Instituição de ensino;
• Seguradora residencial e de veículos;
• Salão de beleza;
• Academia;
• Cinemas e teatros.

Em todos os casos, você paga pelo trabalho realizado, e não pela transferência de
propriedade.

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1.2.1 Tipos de Serviço Público

Uma das definições de serviço público, apresentada por José dos Santos Carvalho
Filho, é a seguinte:

toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados,


basicamente sob regime de direito público, com vistas à
satisfação de necessidades essenciais e secundárias da
coletividade” (CARVALHO FILHO, 2012, p. 99).

Os serviços públicos podem ser prestados diretamente pelo Poder Público ou


indiretamente, por meio de delegação.

Quando se fala em serviço público, temos uma variedade de serviços que podem ser
assim classificados. Alguns exemplos são:

1 Serviços essenciais, que estão diretamente relacionados à sobrevivência da


população, como serviço de saúde pública;

2 Serviços de utilidade pública, mas não essenciais, que podem ser realizados
diretamente pelo Poder Público ou indiretamente por terceiros, por meio do
pagamento de taxa pelo próprio usuário (ex. telefonia, transporte público);

3 Serviços de prestação exclusiva pelo Poder Público, como aqueles relacionados à


segurança pública;

4 Serviços que não se enquadram em nenhuma das categorias acima, mas que
atendem interesse comum de alguns membros da comunidade. Estes serviços são
prestados pela Administração, mediante taxa paga pelo interessado ou podem ter
sua prestação delegada a terceiros.

Neste último tipo enquadra-se a realização de atividades de visitação nas unidades


de conservação (UC) e, além deles, os serviços de apoio, que aprimoram a qualidade
da experiência do visitante. Estes serviços de apoio à visitação não são considerados
essenciais, de utilidade pública ou de prestação exclusiva pelo Poder Público, podendo
ser realizados por terceiros por meio da delegação de serviços.

Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos.

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Referências

BRASIL. Lei nº 9985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos
I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial da União.
Brasília, DF, 19 jul. 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l9985.htm. Acesso em: 24 ago. 2021.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo:
Atlas, 25ª edição. 2012. p. 99.

CREMA, Allan; FARIA, Paulo E. P. 2018. Rol de Oportunidades de Visitação em


Unidades de Conservação – ROVUC. Organizadores: Allan Crema e Paulo Eduardo
Pereira Faria. Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade -
ICMBio, 2018

LABORATÓRIO DE TRANSPORTES E LOGÍSTICA (LABTRANS) DA UFSC. Ilustração


de exemplo de atividades de visitação e os serviços de apoio correspondentes.
Florianópolis, SC, 2021.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE MMA. Diretrizes para Visitação em Unidades de


Conservação. Brasília: MMA, 2006.

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Unidade 2: Tipos de Serviços
Objetivo de aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de classificar as diferenças entre os tipos de
delegação de serviços.

2.1 Delegação de Serviços

A competência para prestação dos serviços públicos é realizada de maneira


compartilhada pela União, estados e municípios, segundo critérios técnicos e
jurídicos, considerando os interesses e a capacidade de execução de cada esfera
administrativa e a natureza do serviço.

Existem três formas de prestação de serviços públicos:

1 Serviço centralizado: aquele que é realizado pelo próprio Poder Público, por meio
de autarquias e órgãos que o compõem;

2 Serviço descentralizado: é aquele que o Poder Público transfere a sua titularidade


ou apenas a execução a um terceiro; e

3 Serviço desconcentrado: o Poder Público executa centralizadamente, mas distribui


para execução por diferentes órgãos do mesmo ente federativo (LOZANO, 2021).

Para a finalidade deste curso, você irá focar seus estudos na prestação de serviços
na forma descentralizada. A transferência da titularidade e/ou execução de um
serviço para um terceiro pelo Poder Público pode ocorrer de duas maneiras, por
outorga ou delegação.

Outorga

A outorga acontece quando o Estado transfere, por meio de lei, a titularidade e a


execução de um determinado serviço público ou de utilidade pública a outra pessoa
jurídica de direito público, as quais podem ser autarquias, fundações públicas,
empresas públicas, sociedades de economia mista e consórcios públicos, que
comporão a Administração Indireta.

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Delegação

A delegação ocorre quando o Estado transfere por contrato ou ato unilateral


apenas a execução de determinado serviço, para que terceiros prestem o referido
serviço ao público por um prazo determinado. Os serviços delegados são, então,
executados por um particular em seu nome, por sua conta e risco, e mediante a
cobrança de um valor determinado. (DI PIETRO, 2013; BANDEIRA DE MELLO, 2011;
MEIRELLES, 1989; FURTADO, 2012)

A delegação de serviços pode ser feita sob as modalidades de concessão, permissão


ou autorização, sendo a primeira realizada mediante contrato e as duas últimas
por ato unilateral do Estado.

Para conhecer mais sobre as modalidades de delegação acesse o link


a seguir: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8987cons.htm

Importante! A delegação de serviços (concessão, permissão


ou autorização) é diferente de privatização e não deve ser
confundida com ela. De maneira simplificada, privatização pode
ser definida como a venda de empresas, órgãos ou bens estatais
para a iniciativa privada, geralmente por meio de leilões públicos.

Veja o quadro a seguir que apresenta algumas diferenças entre delegação de


serviços e privatização.

DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS PRIVATIZAÇÃO

Há transferência da propriedade
Não há transferência da propriedade do ativo;
ao setor privado;
Regulado por lei e contrato; Não há possibilidade de reversão contratual;
Reversão das benfeitorias ao final da concessão; Não há fiscalização do contrato.
Possibilidade de encampação pelo poder público;
O poder público fiscaliza a execução do
contrato (implementação de infraestruturas,
prestação dos serviços, etc.)

Diferenças entre delegação de serviços e privatização


Fonte: DOVIS/CGEUP/ICMBio (2021). Elaboração: CEPED/UFSC (2022).

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Você pode estar se perguntando qual é a relação da delegação de serviços com os
serviços de apoio à visitação nas unidades de conservação. Esses serviços de uso
público não são classificados como essenciais, de utilidade pública ou de prestação
exclusiva pelo Poder Público, contudo são atividades que atendem interesse comum
de alguns membros da comunidade. Assim, eles são passíveis de prestação por
terceiros no formato de delegação de serviços.

Geralmente, a prestação desses serviços é realizada por pessoas físicas ou jurídicas,


externas ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), seja
por meio de concessão, permissão ou autorização, o que pode proporcionar uma
maior diversificação e ganho de qualidade nas atividades que são desenvolvidas em
uma determinada UC.

Abaixo você verá mais detalhes sobre os tipos de delegação de serviços.

2.1.1 Os Serviços de Concessão

A concessão de serviço público é o instituto através do qual o Estado atribui o exercício


de um serviço público a alguém que aceita prestá-lo em nome próprio, por sua
conta e risco, nas condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo Poder Público,
mas sob garantia contratual de um equilíbrio econômico-financeiro, remunerando-
se pela própria exploração do serviço, em geral e basicamente mediante tarifas
cobradas diretamente dos usuários do serviço. (BANDEIRA DE MELLO, 2011).

De acordo com o artigo 2º, inciso II, da Lei nº 8987, de 13 de fevereiro de 1995
(BRASIL, 1998), a concessão de serviço público é a delegação de sua prestação,
feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade concorrência ou
diálogo competitivo, a pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.

Destaca-se que a concessão é efetivada mediante contrato assinado pelo Estado e


pelo concessionário, após todo o processo de licitação. O contrato de concessão não
é ato unilateral da união! Na verdade, trata-se de um acordo administrativo no qual
são fixadas as condições de prestação do serviço, levando-se em conta o interesse
coletivo na sua obtenção e as condições pessoais de quem se propõe a executá-lo
por delegação do poder concedente.

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Haverá concessão de serviço público quando o Estado considerar o
serviço em causa como próprio e como privativo do Poder Público.
Neste caso, o poder concedente não transfere propriedade
alguma ao concessionário, nem renuncia a qualquer direito ou
prerrogativa pública, mas apenas delega a execução do serviço,
nos limites e condições legais e contratuais.

No caso da concessão de serviço público, o Poder concedente pode, a qualquer


tempo, retomar o serviço concedido, estando sujeito ao pagamento de indenizações
e demais encargos ao concessionário, conforme previsto em contrato.

Em relação à visitação em unidades de conservação, existe uma gama de serviços


objeto de contrato de concessão em diferentes UCs. A seguir constam algumas UCs
que possuem concessão de serviços de uso público.

Parque Nacional do Iguaçu


Fonte: Acervo ICMBio (2021).

Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros


Fonte: Acervo ICMBio (2021). Créditos: Fernando Tatagiba

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Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha
Fonte: Acervo ICMBio (2021). Créditos: Leandro Chagas

Parque Nacional da Tijuca


Fonte: Acervo ICMBio (2021). Créditos: Fernando Tatagiba

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A Lei nº 11516, de 28 de agosto de 2007 (BRASIL, 2007), em seu artigo 14-C
afirma que:

“Art. 14-C . Poderão ser concedidos serviços, áreas ou instalações de unidades


de conservação federais para a exploração de atividades de visitação voltadas
à educação ambiental, à preservação e conservação do meio ambiente, ao
turismo ecológico, à interpretação ambiental e à recreação em contato com a
natureza, precedidos ou não da execução de obras de infraestrutura, mediante
procedimento licitatório regido pela Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.

§ 1º O edital da licitação poderá prever o custeio pelo contratado de ações e


serviços de apoio à conservação, à proteção e à gestão da unidade de conservação,
além do fornecimento de número predefinido de gratuidades ao Instituto Chico
Mendes e de encargos acessórios, desde que os custos decorrentes dos encargos
previstos no edital sejam considerados nos estudos elaborados para aferir a
viabilidade econômica do modelo de uso público pretendido.

§ 2º As gratuidades definidas em edital deverão ser utilizadas com o objetivo de


promover a universalização do acesso às unidades de conservação, incentivar a
educação ambiental e integrar as populações locais à unidade de conservação.

§ 3º Será dispensado o chamamento público para celebração de parcerias, nos


termos da Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014, com associações representativas
das populações tradicionais beneficiárias de unidades de conservação para a
exploração de atividades relacionadas ao uso público, cujos recursos auferidos
terão sua repartição definida no instrumento de parceria.

§ 4º O ato autorizativo exarado pelo órgão gestor da unidade de conservação


para a instalação e operação das atividades de que trata o caput deste artigo
dispensa, com a anuência do Ibama, outras licenças e autorizações relacionadas
ao controle ambiental a cargo de outros órgãos integrantes do Sistema Nacional
de Meio Ambiente (Sisnama), exceto quando os impactos ambientais decorrentes
dessas atividades forem considerados significativos ou ultrapassarem os limites
territoriais da zona de amortecimento.”

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A Lei Federal nº 11516, de 28 de agosto de 2007 (BRASIL, 2007) dispõe
sobre a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade – ICMBio.

Conheça mais sobre esta lei clicando aqui.

Veja como ocorrem as fases do processo de concessão:

ELABORAÇÃO
ELABORAÇÃO DAS MINUTAS CONSULTA
DE ESTUDOS DO EDITAL PÚBLICA

AVALIAÇÃO LANÇAMENTO SESSÃO


PELO TCU DO EDITAL PÚBLICA

FISCALIZAÇÃO E
CONTRATO IMPLEMENTAÇÃO MONITORAMENTO

Fases do Processo para Concessão


Fonte: ICMBio (2021). Elaboração: CEPED/UFSC (2022).

2.1.2 As Permissões

Outro formato de delegação de serviços é a permissão da prestação de serviços


públicos. De acordo com o que consta no artigo 2º, inciso IV, da Lei nº 8987, de 13 de
fevereiro de 1995 (BRASIL, 1998):

a permissão de serviço público é a delegação, a título precário


e mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita
pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

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Ao contrário da concessão, a permissão é ato unilateral, sendo sua formalização
realizada por meio de Termo de Permissão. Podem ser objeto de permissão os
serviços para os quais o Poder Público define requisitos para sua prestação ao
público, sendo delegada a execução à terceiros que demonstrem capacidade para
esta execução.

A permissão tem como atributos ser ato unilateral, discricionário e precário. Desta
forma, o Poder Público pode, a qualquer tempo, modificar as condições iniciais
do termo, ou mesmo revogar a permissão sem possibilidade de oposição do
permissionário, exceto se isto se configurar como abuso de poder ou desvio da
finalidade da Administração Pública.

O serviço objeto da permissão é executado pelo permissionário, por sua conta e risco,
sempre atendendo as condições e requisitos preestabelecidos pela Administração
pertinente, e por um prazo definido.

A permissão pode ser onerosa ou gratuita.

No ICMBio temos alguns exemplos de permissão concedida a


terceiros, sendo um destes o Mirante do Boldró, na Área de
Proteção Ambiental de Fernando de Noronha.

A seguir são descritos os passos para a obtenção da permissão de uso:

ELABORAÇÃO
IDENTIFICAÇÃO DAS MINUTAS AVALIAÇÃO
DO ATIVO DO EDITAL DE TÉCNICA
CHAMAMENTO

LANÇAMENTO SESSÃO TERMO DE


DO EDITAL PÚBLICA PERMISSÃO

FISCALIZAÇÃO E
MONITORAMENTO
Fases do Processo de Permissão de Uso
Fonte: ICMBio (2021).Elaboração: CEPED/UFSC (2022).

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2.1.3 As Autorizações

O último formato de delegação que você verá são as autorizações.

A autorização de serviço público é um ato administrativo unilateral, discricionário e


precário, pelo qual o Poder Público transfere por delegação a execução de um serviço
público para terceiros. O ato é precário porque não tem prazo certo e determinado,
possibilitando o seu desfazimento a qualquer momento. Além disso, a autorização
é sujeita a modificações constantes no modo da prestação de serviço, fator que
agrava sua precariedade.

Como a autorização possui caráter discricionário, é dispensada de processo licitatório.


Contudo, caso o Poder Público entenda necessário, pode utilizar a licitação com o
propósito de escolher o melhor autorizatário.

Três aspectos podem ser utilizados para indicar que o trespasse do uso do bem
público a particular seja feito por meio de autorização de uso:

• O interesse do particular em usar, em caráter privado e para fins privados,


bem público;

• A discricionariedade da Administração Pública; e

• A transitoriedade do uso.

A autorização, assim como a permissão, pode ser gratuita ou onerosa.

No que se refere ao uso público, a delegação de serviços por meio de


autorização está disciplinada no artigo 25 do Decreto nº 4340, de 22 de
agosto de 2002 (BRASIL, 2002), conforme a seguir:

“Art. 25. É passível de autorização a exploração de produtos, subprodutos


ou serviços inerentes às unidades de conservação, de acordo com os
objetivos de cada categoria de unidade.

Parágrafo único. Para os fins deste Decreto, entende-se por produtos,


subprodutos ou serviços inerentes à unidade de conservação:

I - aqueles destinados a dar suporte físico e logístico à sua administração


e à implementação das atividades de uso comum do público, tais como
visitação, recreação e turismo;

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(...)

Art. 26. A partir da publicação deste Decreto, novas autorizações para a


exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços em unidade de
conservação de domínio público só serão permitidas se previstas no Plano
de Manejo, mediante decisão do órgão executor, ouvido o conselho da
unidade de conservação.”

A delegação de serviço na categoria Autorização tem algumas vantagens quando


pensamos no seu uso para prestação de serviço de apoio à visitação:

• Favorece as unidades com baixo potencial para a concessão;

• Promove a formalização dos prestadores de serviços dentro das unidades


de conservação;

• Gera trabalho e renda para as comunidades do entorno da unidade;

• A formalização da prestação do serviço na UC potencializa a


qualidade do serviço delegado;

• Favorece os casos em que há sazonalidade de visitação.

A Divisão de Ordenamento e Autorização para Visitação (DOVIS) entende que as


autorizações possuem o maior potencial de impacto positivo e geração de valor
na relação entre o órgão gestor de unidades de conservação e empreendedores
locais, considerando a “fluidez” do processo de emissão e o impacto da política em
regiões remotas e em unidades cuja demanda de visitação não viabiliza as demais
modalidades de delegação.

Veja no quadro um resumo sobre os formatos de delegação:

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AUTORIZAÇÃO PERMISSÃO CONCESSÃO

Ato Administrativo Simples Termo de Permissão Contrato


Licitação (pregão ou
Credenciamento Processo Seletivo Simplificado
concorrência)
Precário Precário Não Precário
Prazo definido (pode Prazo definido (pode
Sem Prazo
ser prorrogado) ser prorrogado)
Rescisão nas Hipóteses
Revogação a Qualquer Tempo Revogação a Qualquer Tempo
Previstas em Lei
Não Indenizável, Salvo Não Indenizável, Salvo
Sujeito ao Reequilíbrio
se Outorgada com Prazo se Outorgada com Prazo
Econômico e Indenizações
ou Condicionada ou Condicionada
Gratuita ou Onerosa Gratuita ou Onerosa Onerosa
Baixo Nível de Investimento Elevado Nível de
Baixo Nível de Investimento
ou Sem Investimento Investimento
Utilização Obrigatória de Utilização Obrigatória de
Utilização Facultativa
Bem Público, Conforme Bem Público, Conforme
do Bem Público
Finalidade Permitida Objeto de Contrato
Pessoas Jurídicas ou
Pessoas Físicas ou Jurídicas Pessoas Físicas ou Jurídicas
Consórcio de Empresas

Quadro comparativo entre os diferentes formatos de delegação


de serviços: Autorização, Permissão e Concessão
Fonte: DOVIS/CGEUP/ICMBio (2021). Elaboração: CEPED/UFSC (2022).

Depois de apresentados os formatos de delegação de serviços possíveis nas


unidades de conservação, há necessidade da equipe gestora, em conjunto com a
coordenações temáticas, avaliarem qual é o melhor formato para a prestação do
serviço, a pertinência e oportunidade para lançar mão de uma ou outra modalidade.

Outra avaliação importante é entender a relação que a UC tem com a comunidade, de


entorno, com as comunidades residentes (se existentes), seus usos, potencialidades,
desafios e contexto político.

Portanto, há necessidade de se avaliar a partir da conjuntura da unidade, o


instrumento mais adequado para mediar a relação dos prestadores de serviço com
o Estado. Todos os instrumentos apresentados têm seus desafios e vantagens, não
devendo um ou outro se entendido como "salvação” para a gestão da UC.

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Que bom que você chegou até aqui! Agora é a hora de você testar seus conhecimentos.
Para isso, acesse o exercício avaliativo disponível no ambiente virtual. Bons estudos!

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Referências

ACERVO INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE


(ICMBIO). Parque Nacional do Iguaçu. Brasília, DF, 2021.

ACERVO INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBIO).


Leandro Chagas. Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Fernando de
Noronha, PE, 2021.

ACERVO INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE


(ICMBIO). Fernando Tatagiba. Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Alto
Paraíso de Goiás, GO, 2021.

ACERVO INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE


(ICMBIO). Fernando Tatagiba. Parque Nacional da Tijuca. Rio de Janeiro, RJ, 2021.

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. São Paulo:


Malheiros, 2011.

BARBOSA, Roberta. Modelagem dos Processos de Autorização da Prestação de


Serviços de Apoio a Visitação. Brasília, 2019.

BRASIL. Lei nº 8987, de 13 de fevereiro de 1995. Dispõe sobre o regime de concessão


e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição
Federal, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 28 set. 1998.
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de 18 de julho de 2000, 10.410, de 11 de janeiro de 2002, 11.156, de 29 de julho
de 2005, 11.357, de 19 de outubro de 2006, e 7.957, de 20 de dezembro de 1989;
revoga dispositivos da Lei no 8.028, de 12 de abril de 1990, e da Medida Provisória
no 2.216-37, de 31 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial
da União. Brasília, DF, 28 ago. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
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MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBIO). Quadro comparativo
entre delegação de serviços e privatização. Brasília, DF, 2021.

DIVISÃO DE ORDENAMENTO E AUTORIZAÇÃO PARA VISITAÇÃO (DOVIS);


COORDENAÇÃO GERAL DE USO PÚBLICO E NEGÓCIOS (CGEUP); INSTITUTO CHICO
MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBIO). Quadro comparativo
entre os diferentes formatos de delegação de serviços: Autorização, Permissão e
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FURTADO, Lucas Rocha. Curso de Direito Administrativo. 3a Ed. Belo Horizonte:


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INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBIO).


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