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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

DIRETORIA DE ENSINO E CULTURA

ESCOLA SUPERIOR DE SARGENTOS

CURSO SUPERIOR DE TECNÓLOGO DE

POLÍCIA OSTENSIVA E PRESERVAÇÃO DA

ORDEM PÚBLICA II

MATÉRIA 13: DOUTRINA DE POLÍCIA COMUNITÁRIA

1ª SEMANA

Divisão de Ensino e Administração


Seção Técnica
Setor de Planejamento
Equipe responsável:
1º Ten PM Wellington Ricardo Mendonça
1º Ten PM Flávia March Ciampone
1º Ten PM Jaqueline Ferraz de Paiva
Subten PM Marcio Lustosa da Silva
1º Sgt PM Celso Aparecido Sforsim
1º Sgt PM Marcos de Freitas Santos
1º Sgt PM Carlos de Aquino
2º Sgt PM Guerino Caetano Ruas Filho
3º Sgt PM Expedito Leal dos Santos

Apostila atualizada pelos professores da matéria


APOSTILA EDITADA PARA O CAS II/14
Programa Geral de Estudos – PGE
CSTPOPOP-II – Curso Superior de Tecnólogo de Polícia Ostensiva e Preservação da Ordem
Pública-II

Matéria: Doutrina de Polícia Comunitária

1. Atividades para a 1ª semana.


Nessa semana estudaremos os modelos Internacionais de Polícia Comunitária.
1.1. O que preciso estudar?
- A História da Polícia Comunitária no Japão e porque ela é referência no modelo de
Policiamento Comunitário em vários países;
- Quais os suportes das atividades do policiamento comunitário no Japão e como são
desenvolvidas;
- Quais os reflexos positivos e negativos gerados em outros países com a implantação do
Policiamento Comunitário;

1.2. O que preciso fazer?


- Ler e estudar a apostila dessa semana;
- Caso haja alguma dúvida ou pergunta, acesse o fórum da matéria;
- Você deverá ainda responder 10 questões VF, constantes da plataforma Moodle.
- Essa atividade será avaliada de 25% de sua frequência no curso.

1.3. Por que é importante estudar sobre modelos Internacionais de Polícia Comunitária:
- A discussão de novos modelos para o emprego operacional e jurídico das polícias mundiais
é global. Inúmeros países estão insatisfeitos com as metodologias adotadas pelas suas
instituições, fazendo com que aumente a discussão em todo o mundo. Um dos temas mais
atuais, o policiamento comunitário, tem mostrado a grande possibilidade de ampliar essa
discussão, pois aproxima a comunidade das questões de Segurança Pública.
Para efeito de estudos, foram analisadas as experiências nos Estados Unidos da América,
Canadá, Japão, além da província canadense e as experiências de alguns países da América
do Sul.

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ÍNDICE:

DESCRIÇÃO PÁG.

Modelo Internacional de Polícia Comunitária 4

História da Polícia Comunitária no Japão 4

Koban 5

Chuzaisho 6

As atividades rotineiras do policial japonês 6

Premissas Gerais 8

Implantação da filosofia de Polícia Comunitária nos Estados Unidos 8


da América

Implantação da filosofia de Polícia Comunitária no Canadá 9

Histórico da Polícia Comunitária na PMESP 10

Nota:
Esta apostila é um material de apoio. O seu conteúdo não esgota o assunto e desde
que previsto curricularmente, poderá ser objeto de avaliação. Com isso, é essencial
que você pesquise profundamente os assuntos, tomando por base as referências
bibliográficas dispostas, bem como outras que achar por bem utilizar.

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UD 01 – FUNDAMENTOS DE POLÍCIA COMUNITÁRIA

Modelo Internacional de Polícia Comunitária - Koban/Chuzaisho

Modelo Internacional de Polícia Comunitária


Japão

Possuindo características de um Estado moderno, com um alto grau de participação


social, muito diferente do modelo brasileiro, o Japão possui um sistema de policiamento
fardado baseado em estrutura de Polícia Nacional. Desenvolve um dos processos mais
antigos de policiamento comunitário no mundo (criado em 1874), montado numa ampla
rede de postos policiais, num total de 15.000 em todo o país, denominados KOBANS E
CHUZAISHOS.
Só na cidade de Tóquio tem aproximadamente 1000 “Kobans” e 240 “Chuzaishos”.
Todos os postos são ocupados com telefone, rádio e computador, mas a atividade principal
do policial japonês é o patrulhamento, normalmente a pé ou em bicicleta, visitando
famílias, comerciantes, diretores de escolas, enfim, completamente integrado a uma
pequena comunidade.
O mais importante é que as pessoas, ao necessitarem da polícia, sabem sempre a
quem recorrer e onde. Por sua eficácia na prevenção de delitos (um dos mais baixos
índices do mundo) e pelo reconhecimento obtido junto à população, que realmente se
sente segura (efetividade), é que crescente número de países passaram não só a estudar,
mas a implantar a experiência japonesa, destacando-se dentre estes os EUA, e até mesmo
a Inglaterra, que possui tradição em Policiamento Comunitário.

História da Polícia Comunitária no Japão e o modelo koban/chuzaisho;

Os principais suportes das atividades do policiamento comunitário no Japão são os


postos de polícia, denominados Koban e Chuzaisho. Tanto o Koban quanto o Chuzaisho
estão estabelecidos como unidades organizacionais subordinadas às delegacias. Portanto,
qualquer parte do território japonês é atendida por um Koban ou Chuzaisho.

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Koban

Surgiu ao término da era Meiji (1868), sendo que os atuais Koban remontam a uma
antiga instalação chamada Kobansho. Naqueles tempos, cada Kobansho contava
geralmente com 12 policiais divididos em três turnos, de forma que todos os dias contavam
com 4 policiais de serviço. O Kobansho recebeu posteriormente o nome de Junsa-
hashutsusho em 1881, mas voltou a ser chamado Koban em 1994, já que era o termo mais
aceito pela população.
Nas dependências de um Koban encontramos um escritório, uma sala para
interrogatório, sala de estar e de descanso e um sanitário. São geralmente instalados em
áreas urbanas e normalmente contam com um quadro de policiais que trabalham de
acordo com a seguinte programação, com três ou mais policiais por turno de serviço:
Plantão de 24 horas (da 07:00 às 07:00 horas);
Folga (48 horas, podendo ser empenhado em missões ou instrução).
De modo a garantir uma maior confiança da população nas atividades policiais, o
comando da polícia tem recentemente designado policiais sênior (com maior experiência) a
vários Koban como seus chefes. Os chefes dos Koban trabalham diariamente de manhã e
a tarde, não em plantões de 24 horas, e como chefes, coordenam as atividades dos
policiais que trabalham segundo a programação descrita anteriormente.
O comando da polícia introduziu o “sistema de consultoria do Koban”, no qual
policiais aposentados são “consultores do Koban”, contratados e designados para prestar
esta assessoria em postos com localização estratégica, principalmente por receberem um
grande número de visitantes, sendo peculiar o repasse de informações e orientações aos
cidadãos, que buscam soluções de problemas de ordem criminais ou ligadas a acidentes
de trânsito.

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Chuzaisho

Em 1888, o Ministro de Assuntos Domésticos promulgou um decreto dividindo a


jurisdição de uma delegacia de polícia em várias subáreas. De acordo com o decreto, um
policial deveria ser designado a cada subárea, alocado em um posto de polícia
denominado Chuzaisho. Como resultado deste decreto, de 1888 a 1889 foram criados
Chuzaisho e Koban em todo o país.
Um Chuzaisho típico é uma pequena residência onde o policial vive com sua família,
contando com um escritório na parte anterior para tratar dos assuntos policiais. O
Chuzaisho é localizado principalmente em áreas rurais. Cada Chuzaisho é gerenciado por
um policial residente que ali vive com a sua família, mantendo vigilância constante como
responsável pela ordem em sua jurisdição.
No Chuzaisho a esposa do policial o ajuda em seu trabalho. Quando o policial está
ausente em patrulha ou tratando de algum assunto criminal ou acidente, sua esposa
realiza o atendimento da comunidade, quanto a orientação sobre endereços, elabora
notificações sobre objetos extraviados e achados, ou registra denúncias sobre crime ou
acidente. Para a execução desses serviços o Estado realiza um pagamento mensal a título
de ressarcimento pelas tarefas realizadas, isso sem prejuízo aos vencimentos do marido
policia.

As atividades rotineiras do policial japonês nos serviços de Polícia Comunitária no


Japão.

Os policiais se mantêm em alerta constante, dia e noite, todos os dias do ano.


Através da vigilância nas ruas, patrulhas nas vizinhanças e visitas de rotina às residências,
os policiais mantêm contato direto com a comunidade. Suas ações garantem a segurança
e a tranquilidade da vida comunitária, prevenindo a ocorrência de crimes, realizando
prisões, controlando e fiscalizando o trânsito, repassando orientação aos jovens,

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custodiando crianças e pessoas alcoolizadas, bem como transmitindo sugestões aos
cidadãos em relação a melhoria da segurança.

Vigilância

A vigilância nos Koban e Chuzaisho é realizada por um policial, o qual deve


permanecer em pé, a frente do respectivo posto, podendo, quando nos atendimentos ao
público ou na execução de serviços administrativos, postar-se sentado no interior das
instalações. Essa forma busca angariar o respeito da comunidade local, a qual constata
diuturnamente a atenção do policial em relação a segurança.
Enquanto mantém uma vigilância incessante, os policiais realizam uma série de
tarefas rotineiras: recebem denúncias de crimes, registram extravios e localização de
objetos, orientam os cidadãos quanto a problemas relativos à segurança, prestam
informações sobre diversos assuntos.

Patrulha

Os policiais realizam patrulhamento em suas respectivas jurisdições, sempre


portando comunicadores portáteis (HT), proporcionando contato com os postos de polícia e
com as viaturas de forma que sejam apoiados de imediato em caso de necessidade. Em
sua jurisdição, o policial está sempre voltado para:
-avisar os proprietários de residências elaborando um impresso chamado de cartão
da patrulha, orientando em situações em que detecta fragilidade quanto à segurança do
imóvel, por exemplo: residências vazias com portas ou janelas abertas;
- prevenir crimes ou elucidá-los através do interrogatório de pessoas suspeitas;
- prevenir acidentes patrulhando sua jurisdição, especialmente em áreas com maior
probabilidade de ocorrências de trânsito ou cujas características possam propiciar riscos a
comunidade, como margens de rios, lagos e no litoral;
- dar aulas de trânsito e adotar medidas punitivas contra os que violam as regras de
tráfego;
- patrulhar as ruas e locais com maior incidência criminal, adotando medidas de
acordo com o Código Penal, bem como repassando orientações sobre prevenção de
ocorrência de delitos;
- localizar e custodias crianças, pessoas alcoolizadas e outras pessoas que
necessitem de resgate emergencial.

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No ano de 2001, os policiais prenderam cerca de 247.000 suspeitos, representando
cerca de 76% de todas as prisões realizadas no Japão.

Premissas da Polícia Japonesa na crença do policiamento comunitário:

Seguem algumas premissas da polícia japonesa relacionadas ao policiamento


comunitário:
- impossibilidade de investigar todos os crimes; investe-se na prevenção visando
aumentar confiança da população na lei e na polícia;
- impedir a ocorrência de um crime é muito mais importante que prender o infrator;
- a polícia deve estar onde está o problema para que explore alternativas
preventivas;
- maiores e melhores recursos alocados na linha de frente dos acontecimentos;
- as atividades e o estreitamento de relações com a comunidade, proporcionam ao
policial a certeza de ser um “mini-chefe”, gozando de autonomia e liberdade para trabalhar
e resolver problemas junto à comunidade.
Países como EUA e Inglaterra também se espelharam no modelo de policiamento
do Japão para implantarem suas Polícias Comunitárias.
Diversos Países têm demonstrado insatisfação com os modelos adotados e
discutido outra metodologia policial, qual seja, a Polícia Comunitária.

Estados Unidos da América – Estudos revelaram que, com o automóvel, o policial


se afastou da população. Passava rapidamente pelos locais sem contato algum com o
cidadão. Passou a atender ocorrências com base no tempo resposta, sem colher
informações para prevenção.
O aumento ou diminuição dos recursos para a polícia não se refletiam nos índices
de criminalidade ou sensação de segurança da população.
Na década de 70 foi criada técnica de tempo resposta. Insuficiente na prevenção
aumentou o número de ocorrências atendidas.
A partir de 1992, com o excesso da violência e da corrupção das polícias, com
destaque para a de Los Angeles, o governo Bill Clinton investiu cerca de US$ 8 Bilhões
para treinamento, tecnologia e APROXIMAÇÃO DA COMUNIDADE.

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Foi criado o COPS – Community Oriented Police Services, vinculado ao Ministério
da Justiça com a missão de reformular as polícias. Também foram criadas ONGs –
Instituto Vera, PERF (Police Executive Research Forum), Community Police Consortium.
Principais Programas: Tolerância Zero; Broken Windows Program; Policing Oriented
Problem Solving (Policiamento Orientado ao Problema).

Canadá

Criado entre 1986 e 1987, durou cerca de 08 anos para sua efetiva implantação,
visava reverter o quadro de insatisfação da população com a insegurança de então.
Foram implantadas mudanças administrativas, operacionais e principalmente
filosofia de trabalho, tais como:
- Base territorial;
- A operacionalidade e princípios de atuação;
- A atividade dos policiais;
- Estrita obediência ao escalonamento no uso da força, aproximação com o
jovem através da dança e música e projetos de esportes;
-Agilidade da polícia e da justiça;

Outros Países que seguem a filosofia: Espanha, Colômbia, Equador, Paraguai, El


Salvador.

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Histórico da Polícia Comunitária na PMESP

Podemos dizer que um dos embriões no Estado de São Paulo da Polícia


Comunitária foi, no ano de 1985, a criação dos Conselhos Comunitários de Segurança
(CONSEG), os quais, apesar de na época não se referirem ao policiamento comunitário,
tinham, e têm como objetivo, a gestão participativa da comunidade nas questões de
segurança pública.

A necessidade de intercâmbio entre os países, diante do fenômeno da globalização,


passou a exigir a aplicação de regras e da legislação internacional, no tangente ao
cumprimento e ao respeito aos Direitos e Garantias dos cidadãos, tornando essencial o
conhecimento dos tratados referentes aos Direitos Humanos.

O Brasil, como país emergente, cujas dimensões e características ressaltam ao


mundo um futuro promissor entre as nações, se faz presente, praticamente, em todos os
acordos internacionais de relevância, tornando, assim, latente a importância de ter uma
Polícia direcionada aos compromissos de defesa da vida e da integridade física das
pessoas, bem como voltada à defesa da cidadania e ao respeito pelos cidadãos.

Nos idos do ano de 1992, o Comando da Corporação, atento a essas evoluções,


determinou estudos sobre formas de atuação que firmassem os conceitos de respeito à
cidadania por meio da atuação do policiamento, surgindo, então, a estratégia doutrinária da
Policia Comunitária, a qual, em alguns países como Estados Unidos, Canadá e Cingapura,
já se encontrava em desenvolvimento e aplicação, tendo como alicerce o exemplo dessa
prática no Japão, com experiência desde o ano de 1879.

Paralelamente, a Polícia Militar já desenvolvia, junto às escolas, o Programa


Educacional de Resistência às Drogas e à Violência, PROERD e, mais recentemente,
passou a desenvolver o JCC – Jovens Construindo a Cidadania, que nada mais são do
que uma forma de aproximação da Polícia Militar com as Escolas e como conseqüência,
com as crianças e suas famílias, levando ensinamentos de cidadania, de saúde e boa
conduta social, atuando assim preventivamente, pois essas crianças serão jovens e
adultos mais conscientes de seu papel social, mais preocupados com as questões
relacionadas com a Segurança Pública (drogas e violência), com menor probabilidade de

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delinquir e que enxerguem a Polícia Militar, como parceira e não como repressora ou
inimiga.

O ano de 1997 foi marcante para a Polícia Militar do Estado de São Paulo após o
episódio denominado “Favela Naval”, o qual desencadeou inúmeros movimentos para a
promoção de mudanças na estrutura das policias militares, mudanças essas propostas por
governantes e por integrantes da sociedade. A PMESP então desencadeou uma série de
mudanças internas visando maior aproximação e fortalecimento de sua imagem com a
sociedade, sendo uma das principais a criação da Polícia Comunitária, a qual teve seu
marco inicial com a implantação da Comissão Estadual de Polícia Comunitária, na época
denominada de Comissão Estadual de Implantação da Polícia Comunitária formada por
policiais militares, entidades Públicas e Particulares, com o objetivo de assessorar o
Comando da Corporação na implantação da Filosofia de Polícia Comunitária no Estado.
Desde então, essa Comissão vem se reunindo, de uma forma Central – junto ao Comando
da Corporação, e também junto aos Batalhões, para tratar de problemas relacionados com
as regiões, ajudando a Polícia Militar na busca do aprimoramento dos seus serviços.

Com a difusão da doutrina e da filosofia de Polícia Comunitária, no ano de 1999


foram criadas, em todo Estado de São Paulo, diversas OPM em locais onde a maior
presença policial militar era necessária, marcando o início da operacionalidade do
policiamento comunitário. Tais unidades Policiais Militares foram denominadas Bases
Comunitárias de Segurança (BCS).

No ano de 2000, foi criado o Departamento de Polícia Comunitária e Direitos


Humanos, com o objetivo de sedimentar no âmbito da Corporação e fora dela, as Filosofias
de Polícia Comunitária e de Direitos Humanos, assim como assessorar o Comando da PM
nesses assuntos. Hoje, este Departamento, por questões de reorganização interna,
transformou-se na Diretoria de Polícia Comunitária e Direitos Humanos.

As Bases Comunitárias de Segurança, apesar de objetivarem a presença policial-


militar junto à sociedade, não atenderam todas as expectativas, pela falta de
sistematização do emprego do efetivo de recursos materiais e, principalmente, pela forma
de atuação, sendo patente que o sucesso ou até mesmo o fracasso das experiências
deveu-se, exclusivamente, a fatores personalistas, fato que foi observado pelo Comando e
pela própria comunidade. Fizeram-se necessários, então, novos estudos para sua
operacionalidade. Diante dessa evolução, em 2004, o acordo de Cooperação Técnica
Brasil/Japão, existente desde 1999, foi reiterado para a aplicação entre janeiro de 2005 e

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janeiro de 2008, período em que o serviço nas Bases Comunitárias de Segurança foi
padronizado e sistematizado metodologicamente.

Finalmente, não poderia ser deixado de mencionar que o Policiamento Comunitário


se tornou um dos sete programas de policiamento aplicados pela Corporação no Estado,
por meio de uma nova Diretriz emanada pelo Comando, em novembro de 2005. O
Programa de Policiamento Comunitário é uma subdivisão dos tipos de policiamento
ostensivo, voltado para determinado objetivo, constituído por diretriz e projeto de
implantação duradoura, ajustável ao longo do tempo, traduzindo a estratégia operacional
da Instituição. A organização do policiamento em programas define melhor os padrões de
execução e facilita o planejamento orçamentário para sua manutenção, facilitando ao
Comando a distribuição de meios e buscando com maior apoio a prevenção,
principalmente em locais que são identificados com altos índices, por intermédio de
levantamentos científicos, planejamento que pode ser, conforme o problema, diário,
semanal ou até mesmo, mensal.

Os esforços realizados na área de segurança pública para a implementação e a


evolução do Policiamento Comunitário, evidenciado pela participação da comunidade nas
questões relativas à segurança, possibilitaram a adoção de medidas mais eficientes que
resultaram em melhor controle social e maior conscientização do papel policial, seja por
parte da comunidade, seja por parte dos integrantes das próprias instituições. As polícias
brasileiras buscam, hoje, nos intercâmbios e nas trocas de experiências firmadas com
outros países e outros órgãos governamentais e não governamentais, uma excelência nos
serviços às comunidades, adequados às realidades locais onde o serviço é efetivamente
prestado, tentando atuar nas causas dos problemas e não só quando eles já aconteceram,
mas de forma preventiva e sistêmica (admitindo que os problemas tenham diversas causas
e que envolvem vários níveis e órgãos para sua solução), para prestar um serviço mais
adequado e digno, elevando-os aos padrões internacionais de policiamento.

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Conceito de Polícia Comunitária

Polícia comunitária: conceitos

A importância da polícia pode ser resumida na célebre afirmativa de HONORÉ DE


BALZAC: “os governos passam, as sociedades morrem, a polícia é eterna”. Na verdade,
não há sociedade nem Estado dissociados de polícia, pois, pelas suas próprias origens,
ela emana da organização social, sendo essencial à sua manutenção.
Desde que o homem concebeu a idéia de Governo, ou de um poder que
suplantasse o dos indivíduos, para promover o bem-estar e a segurança dos grupos
sociais, a atividade de polícia surgiu como decorrência natural. A prática policial é tão velha
quanto a prática da justiça; pois, polícia é, em essência e por extensão, justiça. A primeira
idéia que se tem a respeito do tema Polícia Comunitária é que ela, por si só, é
particularizada, pertinente a uma ou outra organização policial que a adota, dentro de
critérios peculiares de mera aproximação com a sociedade sem, contudo, obedecer a
critérios técnicos e científicos que objetivem a melhoria da qualidade de vida da população.
Qualidade de vida da população em um país de complexas carências é um tema
bastante difícil de ser abordado, mas possível de ser discutido quando a polícia busca
assumir o papel de interlocutor dos anseios sociais. É preciso deixar claro que “Polícia
Comunitária” não tem o sentido de ASSISTÊNCIA POLICIAL, mas sim o de
PARTICIPAÇÃO SOCIAL.
Nessa condição entendemos que todas as forças vivas da comunidade devem
assumir um papel relevante na sua própria segurança e nos serviços ligados ao bem
comum. Acreditamos ser necessária esta ressalva, para evitar a interpretação de que
estejamos pretendendo criar uma nova polícia ou de que pretendamos credenciar pessoas
extras aos quadros da polícia como policiais comunitários.
Definição de POLÍCIA COMUNITÁRIA (segundo TROJANOWICZ): É uma
filosofia e estratégia organizacional que proporciona uma nova parceria entre a
população e a polícia. Baseia-se na premissa de que tanto a polícia quanto a
comunidade devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas
contemporâneos tais como crime, drogas, medo do crime, desordens físicas e
morais, e em geral a decadência do bairro, com o objetivo de melhorar a qualidade
geral da vida na área.

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Na prática Polícia Comunitária (como filosofia de trabalho) difere do policiamento
comunitário (ação de policiar junto à comunidade). Aquela deve ser interpretada como
filosofia organizacional indistinta a todos os órgãos de Policia, esta pertinente às ações
efetivas com a comunidade.
A idéia central da Polícia Comunitária consiste na possibilidade de propiciar uma
aproximação dos profissionais de segurança junto à comunidade onde atua, como um
médico, um advogado local ou um comerciante da esquina; enfim, dar característica
humana ao profissional de polícia, e não apenas um número de telefone ou uma instalação
física referencial. Para isto realiza um amplo trabalho sistemático, planejado e detalhado.
O policiamento comunitário, portanto, é uma filosofia de patrulhamento
personalizado de serviço completo, onde o mesmo policial trabalha numa área, agindo em
parceria preventiva com os cidadãos, para identificar e resolver problemas.

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BIBLIOGRAFIA:
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de viagem de estudos;
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