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Recife
2014
Deyse das Graças Pereira da Silva Mendes
Recife
2014
Deyse das Graças Pereira da Silva Mendes
Banca Examinadora:
_______________________________________________
Profº. Dr. Luiz Márcio de Oliveira Assunção
Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável
Examinador Interno
_______________________________________________
Profº. Dr. Ericê Bezerra Correia
Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável
Examinador Interno
_______________________________________________
Prof. Dr. Ronaldo Faustino da Silva
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco
Examinador Externo
Este trabalho é pra você, Márcia, que partiu sem
perder a esperança de participar deste programa de
Mestrado e que, de certa forma, ingressou junto
comigo. Essa conquista é nossa, minha querida irmã!
AGRADECIMENTOS
Este trabalho tem como objetivos examinar a contribuição do Poder Judiciário Trabalhista
para a sustentabilidade mediante a exigência dos critérios adicionados em 2010 à Lei
8.666/1993, nos procedimentos licitatórios para as aquisições de bens e serviços; classificar os
principais aspectos que conduzem os participantes dos sistemas de compras governamentais,
em convergência de atitudes, à busca de produtos e serviços com características
ambientalmente sustentáveis; verificar as condições atuais da Justiça do Trabalho em relação
às compras sustentáveis; identificar as necessidades e limitações dos fornecedores para se
adaptarem às novas exigências de critérios de sustentabilidade e analisar as condições de a
política pública de compras sustentáveis estimular cada vez mais o mercado fornecedor e a
sociedade com uma orientação na direção do equilíbrio pretendido pelo modelo do
desenvolvimento sustentável. Foi realizado junto aos órgãos que compõem o Poder Judiciário
Trabalhista e os fornecedores de bens e serviços aos Tribunais do Trabalho. A revisão da
literatura incluiu os conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade, a partir de
autores como Sachs (1993, 2002), Bellen (2007), Leff (2006), Veiga (2013); e sobre as
licitações públicas, segundo Meireles (1998), Di Pietro (2012). Realizou-se pesquisa do tipo
quali-quantitativa, que envolveu estudos de campo e coleta de dados indiretos por pesquisa
bibliográfica e documental, analisando-se editais de licitação a partir de amostragem por
conveniência e aplicando-se questionários estruturados com os servidores envolvidos no
processo de aquisição de bens e serviços e com os fornecedores dos Tribunais do Trabalho.
Na análise dos dados foi possível identificar que a Administração Pública utiliza a licitação
como política pública para a promoção do desenvolvimento sustentável; contudo ainda carece
de capacitação e treinamento dos servidores envolvidos com o processo de aquisição de bens
e serviços para o reconhecimento da importância da realização das licitações sustentáveis para
o cumprimento da lei e a efetiva promoção do desenvolvimento sustentável.
This project has the objectives to examine the contribution of the Judiciary Labour to
sustainability by requiring the criteria added in 2010 to the Law 8666/1993, in tender
procedures for the procurement of goods and services; to classify the main aspects that guide
the participants of the government buying systems, in converging attitudes, in the seeks of
products and services with environmental sustainable characteristics; to verify the current
conditions of the Labor Justice relating to sustainable buying; to identify the needs and
limitations for the suppliers to adapt to the new sustainability criteria requirements and
analyze the conditions of the public policy of encouraging sustainable procurement
increasingly the supplier market and the society focused on the direction of the balance
intended by the sustainable development model. The project was made together with the
organs that compose the Labor Judiciary Power and the Working Court suppliers of goods
and services. The literature review included the concepts of sustainable development and
sustainability, starting from authors such as Sachs (1993, 2002), Bellen (2007), Leff (2006),
Veiga (2013); and about public bidding, authors like Meireles (1998), Di Pietro (2012). A
quali-quantitave research was made involving field studies and indirect data collecting for
bibliography and documentary research, analyzing bidding notices from convenience
sampling and applying questionnaires structured with officers involved in the acquisition of
goods and services and with the Working Court suppliers. When the data was analyzed, it was
possible to identify that the Public Administration uses the bids as public policy to the
promotion of sustainable development; however, it still needs training of the servers involved
in the process of acquiring goods and services for the recognition of the importance of the
realization of sustainable bids for law enforcement and the effective promotion of the
sustainable development.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 18
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................. 18
2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................ 18
3 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 19
3.1 O Desenvolvimento Sustentável e o equilíbrio entre desenvolvimento econômico,
cuidado com o meio ambiente e justiça social ...................................................................... 19
3.1.1 Meio ambiente e consumo sustentável ........................................................................... 28
3.1.2 A Administração Pública e o poder de compra do Estado ............................................ 31
3.1.3 Políticas públicas para as contratações sustentáveis no Brasil .................................... 33
3.2 Aspectos jurídicos relativos às compras públicas sustentáveis no Brasil .................... 36
3.3 O procedimento para as compras públicas: licitação como regra ............................... 42
3.4 A Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P) e as licitações sustentáveis .. 49
3.5 Guias de inclusão de critérios de sustentabilidade em contratações públicas do Brasil
.................................................................................................................................................. 51
3.5.1 Guia de compras públicas sustentáveis: uso do poder de compra do governo para a
promoção do desenvolvimento sustentável ............................................................................. 51
3.5.2 Guia de Compras Públicas Sustentáveis para Administração Federal ........................ 52
3.5.3 Guia Prático de Licitações Sustentáveis do Núcleo de Assessoramento Jurídico em
São Paulo - AGU ..................................................................................................................... 52
3.5.4 Guia de inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações da Justiça do
Trabalho ................................................................................................................................... 53
3.6 Uma visão panorâmica sobre compras públicas sustentáveis no mundo .................... 55
3.7 A Justiça do Trabalho e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável por
meio das compras públicas sustentáveis ............................................................................... 57
3.7.1 A estrutura da Justiça do Trabalho no Brasil ............................................................... 57
3.7.2 As compras públicas sustentáveis da Justiça do Trabalho no Brasil ........................... 60
4 MÉTODOS DE PESQUISA ............................................................................................... 65
4.1 Pesquisa Bibliográfica ...................................................................................................... 66
4.2 Pesquisa Documental........................................................................................................ 66
4.3 Pesquisa de Campo ........................................................................................................... 67
4.4 Limitações da pesquisa..................................................................................................... 69
4.5 Aspectos éticos da pesquisa.............................................................................................. 70
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 71
5.1 O questionário aplicado a gestores de licitações, pregoeiros e membros de comissões
de licitação dos Tribunais Regionais do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho 72
5.2 O questionário aplicado aos fornecedores dos Tribunais Regionais do Trabalho e do
Tribunal Superior do Trabalho ............................................................................................ 79
5.3 Os editais de licitação dos Tribunais Regionais do Trabalho e do Tribunal Superior
do Trabalho, à luz do Guia de inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações
da Justiça do Trabalho ........................................................................................................... 86
6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 88
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 90
APÊNDICE A - Questionário 1 - gestores de licitações, pregoeiros, membros de
comissões de licitação - TRTs e TST ..................................................................................... 97
APÊNDICE B - Questionário 2 – Fornecedores de bens e serviços aos Tribunais
Regionais do Trabalho e ao Tribunal Superior do Trabalho ............................................. 99
ANEXO A - Resolução n° 103, de 25 de maio de 2012, do Conselho Superior da Justiça
do Trabalho ........................................................................................................................... 101
ANEXO B - Guia de inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações da
Justiça do Trabalho .............................................................................................................. 104
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
3 REVISÃO DA LITERATURA
Este capítulo trata dos principais temas que dão suporte à pesquisa, tais como o
desenvolvimento sustentável e sustentabilidade, a Administração Pública e o poder de compra
do Estado, a regulação ambiental, o consumo sustentável; as políticas públicas para as
contratações sustentáveis; o procedimento da licitação pública e a apresentação da Justiça do
Trabalho.
1
No livro Primavera Silenciosa, a autora, Rachel Carson, aponta para os danos provocados pelo uso de
substâncias que se acumulam nos tecidos das plantas, dos animais e dos seres humanos, com potencial para
alterar a estrutura genética dos organismos.
20
sociedade devem atuar cientes de que as atividades econômicas alteram o meio ambiente e
que os recursos naturais não são inesgotáveis (CARSON, 2010).
Neste contexto, o Clube de Roma2 contratou um estudo considerado um marco para a
discussão sobre desenvolvimento porque colocou o problema da finitude dos recursos naturais
no debate econômico. A obra, denominada "Os limites do Crescimento3", publicada em 1972,
na Conferência de Estocolmo, concluiu que os limites do crescimento do planeta seriam
alcançados em cem anos se fossem mantidos os processos de industrialização, produção de
alimentos, poluição, consumo de recursos naturais e crescimento da população. Esse relatório
reacendeu o debate em torno do futuro da humanidade e do planeta Terra, registrando-se as
grandes preocupações comuns na década de 1980, que envolviam a ameaça da sobrevivência
da humanidade e a busca pelo desenvolvimento sustentável, avaliando-se o papel da economia
internacional para a manutenção da vida na Terra. Discutiu-se na Conferência de Estocolmo o
chamado "desenvolvimento zero" defendido pelos países industrializados contra o apelo para
o "desenvolvimento a qualquer custo" aclamado pelos países dito subdesenvolvidos, que
tinham sua base econômica amparada na industrialização (SACHS, 2002).
Para Sachs (2002), mesmo sendo rejeitada a tese do crescimento zero na Conferência
de Estocolmo e considerado que desenvolvimento e meio ambiente não são incompatíveis, a
consciência mundial ainda não havia chegado a uma conclusão lógica de como proceder, na
prática, a essa compatibilidade.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), implantado em
1972, criou, então, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CMMAD), em 1983, e tinha em mente as diretivas da Conferência das Nações Unidas sobre
o Meio Ambiente Humano, que levou os países em desenvolvimento e os industrializados a
delinearem em conjunto o reconhecimento de que as pessoas tinham direito a um meio
ambiente saudável e produtivo. E outras reuniões ocorreram para tratar dos direitos das
pessoas a uma alimentação adequada, a ter moradias dignas, água de boa qualidade, entre
outros. Observou-se que os cuidados relativos ao bem-estar das pessoas foram deixados em
segundo plano, à vista dos problemas ligados à própria sobrevivência do homem
2
O Clube de Roma, fundado em 1968 por Aurélio Peccei e Alexander King, é uma organização sem
fins lucrativos, que ficou conhecida pelo estudo encomendado a um grupo de pesquisadores do MIT sobre as
tendências e os problemas econômicos que ameaçavam a sociedade global, no ano de 1970. Disponível em:
<http://www.clubderoma.org.ar/pt/apresentacao.html>.
3
"Os Limites do Crescimento" título é um livro escrito em 1972, sob coordenação de Donella
Meadows, que modelou as consequências do crescimento rápido da população mundial considerando os recursos
naturais limitados (CORAZZA, 2005).
21
4
Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório Brundtland foi apresentado à Assembleia
Geral da Organização das Nações Unidas - ONU - por ocasião do encontro da Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento - CMMAD - em 1987 e recebeu o nome em homenagem a primeira ministra da
Noruega, Harlem Gro Brundtland, que presidia a Comissão (NOSSO FUTURO COMUM, 1988).
22
5 Ecodesenvolvimento. Conceito lançado por Ignacy Sachs, que deu origem ao conceito de
desenvolvimento sustentável. Propõe um tipo de desenvolvimento específico para cada ecorregião, buscando
soluções específicas para seus problemas particulares, levando em consideração a ecologia e cultura locais, além
das necessidades imediatas e de longo prazo (CASAGRANDE Jr.; AGUDELO, 2012).
23
modelo conhecido por Triple Bottom Line6, que envolve três aspectos: atividade
economicamente
camente viável, socialmente justa e ecologicamente correta - o chamado Tripé da
Sustentabilidade:
As organizações têm
t m procurado modificar seus modelos de negócios com base no
tripé da sustentabilidade. Na prática, isso significa a criação de produtos e serviços
s
que contribuam efetivamente para a melhoria da performance socioambiental dos
seus públicos internos e externos, finalmente percebidos como relevantes para os
seus resultados operacionais.
Figura 1 - Esquema
squema do tripé da sustentabilidade
sust
6
Triple Bottom Line - tripé da sustentabilidade, também chamado de People, Planet, Profit corresponde
aos resultados de uma organização
nização medidos em termos sociais, ambientais e econômicos,
econômicos que são apresentados
nos relatórios corporativos das empresas comprometidas com o desenvolvimento desen sustentável
(MASCARENHAS, 2013).
7
Maquiagem verde pode ser entendida como a adoção de práticas a fim de deixar produtos e serviços
supostamente mais adequados à implementação do marketing sustentável (REVISTA DO MEIO AMBIENTE.
Disponível em: <http://www.revistadomeioambiente.org.br/capa/126
http://www.revistadomeioambiente.org.br/capa/126-os-sete-pecados
pecados-da-maquiagem-verde-
empresarial>.
>. Acesso em 30 set. 2014).
2014)
24
8
Agenda 21 é um conjunto de diretrizes para tratar as questões sociais, ambientais e produtivas nas
nações que fizeram parte da Rio-92. Um instrumento de planejamento para a construção de sociedades
sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e
eficiência econômica, além de representar uma tentativa de produzir um manual para um novo padrão de
desenvolvimento, traduzindo em projetos o conceito de desenvolvimento sustentável (CASAGRANDE Jr;
AGUDELO, 2012; MMA, 2014).
Para o ano de 2012, foi reservada a Conferência Rio+20, realizada no Rio de Janeiro,
que contou com um evento paralelo chamado de Cúpula dos Povos. Registrou-se um aumento
na participação dos empresários e do setor privado que se comprometeram a usar os recursos
naturais de forma responsável, com a assinatura de 220 compromissos voluntários assinados
por aproximadamente 1.500 empresas de sessenta países, presentes no evento paralelo da
ONU organizado para o setor privado. As críticas aos resultados do evento concentram-se no
fato de os principais líderes das grandes potências mundiais não estarem presentes na
conferência. Todavia, considerou-se que:
[...] apesar de o acordo oficial estar longe de garantir mudanças necessárias nas
políticas globais em relação ao esperado desenvolvimento sustentável pode-se
constatar uma grande mobilização da sociedade civil, também, de parte do setor
privado, que vem a cada ano implantando soluções locais sustentáveis, perseverando
na busca do equilíbrio socioambiental (CASAGRANDE Jr.; AGUDELO, 2012).
Veiga (2013) considera que o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA) sempre ofereceu fortes vantagens comparativas no monitoramento ambiental, na
avaliação e no compartilhamento de informações, mas suas limitações estruturais o tornaram
incapaz de ter visão e estratégia institucional de longo prazo; e acredita que ainda poderá
haver avanços consideráveis se forem cumpridos os oito compromissos incluídos no parágrafo
88 da declaração da Rio+20, denominada "O Futuro que Queremos":
E segue o autor (op. cit.) afirmando que a resposta a esse questionamento se dá com a
aplicação de sistemas e indicadores ou ferramentas de avaliação que procuram mensurar a
sustentabilidade. Enfatiza, porém, que a utilização mais consciente e adequada dessas
ferramentas é dificultada ante a complexidade do conceito de desenvolvimento sustentável,
com suas múltiplas dimensões e abordagens.
Diante disto, verifica-se que para a obtenção de equilíbrio entre desenvolvimento
econômico, cuidado com o meio ambiente e justiça social, o desenvolvimento sustentável
deve ser adotado como princípio capaz de integrar todas as instâncias da sociedade, já que o
discurso do desenvolvimento sustentável procura estabelecer um terreno comum para uma
política de consenso capaz de integrar os diferentes interesses de países, povos e classes
sociais que plasmam o campo conflitivo da apropriação da natureza, como destaca Leff
(2006).
A presente pesquisa examina a contribuição do Poder Judiciário Trabalhista para a
sustentabilidade mediante a exigência dos critérios adicionados em 2010 à Lei 8.666/1993,
nos procedimentos licitatórios para as aquisições de bens e serviços, procurando demonstrar
como a Administração Pública contribui para a promoção do desenvolvimento sustentável, ao
28
adotar políticas de aquisição de bens e serviços produzidos por empresas que possuem
responsabilidade socioambiental empresarial comprovada.
10
PIB - sigla para Produto Interno Bruto. Representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e
serviços finais produzidos numa determinada região, durante um período determinado. É um dos indicadores
mais utilizados na macroeconomia, e tem o objetivo principal de mensurar a atividade econômica de uma região
(INFOESCOLA, 2014).
31
dado seu potencial, por meio da inserção de critérios de sustentabilidade nas compras e
contratações públicas, pode formar um mercado neste sentido (MENEGUZZI, 2011).
agente normativo e regulador da atividade econômica; e, ainda, no art. 219, que se refere ao
incentivo ao mercado interno para viabilizar o desenvolvimento cultural e socioeconômico, o
bem-estar da população e a autonomia tecnológica do país.
Analisar o mercado é fator decisivo para o êxito da compra pública sustentável, uma
vez que os órgãos governamentais devem identificar as necessidades e as limitações dos
fornecedores para se adaptarem às novas exigências de critérios de sustentabilidade, seja,
ambiental, social, econômica, ou de outra ordem, para atender a essa demanda estatal. A
observância da viabilidade econômica e a confirmação da oferta de bens e serviços no
mercado constituem condição para o estabelecimento das metas crescentes de aquisição
(CSJT, 2014).
Neste sentido, antes de realizar a adequada especificação, cabe ao gestor consultar o
mercado para identificar se tem condições de atender às novas demandas da Administração,
uma vez que o mercado pode ainda não está preparado para atender a nova demanda de
produtos, restando aos órgãos públicos introduzirem, paulatinamente, os critérios de
sustentabilidade em suas licitações, fazendo com que o mercado se prepare com fornecer aos
governos bens e serviços com critérios de sustentabilidade.
Para Biderman et al. (2008), as compras públicas sustentáveis visam à promover uma
mudança em direção à produção e ao consumo sustentável, com incentivo à inovação. O
aumento na demanda por produtos mais sustentáveis induzirá as alterações necessárias na
indústria, com potencial para promover maior competitividade e a consequente redução dos
preços dos produtos ofertados.
33
11
Agenda Ambiental da Administração Pública - A3P é um projeto do Ministério do Meio Ambiente,
iniciado em 1999, e que possui um papel estratégico na revisão dos padrões de produção e consumo e na adoção
de novos referenciais em busca da sustentabilidade socioambiental, no âmbito da administração pública
brasileira (CARTILHA A3P, 2014).
34
A Lei Complementar n° 123/2006, com a nova redação data por meio da Lei
Complementar n° 147/2014, representa uma importante política pública para promoção do
desenvolvimento sustentável, na medida em que concede prazo diferenciado para
comprovação da regularidade fiscal; estabelece o direito de preferência, obrigando os agentes
públicos a promoverem licitações para aquisição de bens e serviços até o limite de R$
80.000,00 com a participação exclusiva de microempresas e empresa de pequeno porte, entre
outros benefícios (BRASIL, 2006; 2014), conforme a seguir transcrito:
desenvolvimento sustentável, eis que se trata de regra geral, de aplicação imediata sobre todas
as esferas de governo. Assim, com o dever de licitar, a Administração Pública, deve realizar
procedimentos licitatórios com a inclusão de critérios de sustentabilidade, a fim de atender ao
comando normativo disposto no art. 3° da Lei n° 8.666/93 (BRASIL, 1993).
A Administração Pública, como regra, adquire bens e contrata serviços por meio de
um instrumento denominado licitação pública, que será descrito adiante, em seção específica.
Trata-se de procedimento formal das compras públicas sustentáveis, que também são
denominadas contratações públicas sustentáveis, licitações sustentáveis, compras verdes,
compras ambientalmente amigáveis, ecoaquisições, licitação positiva12, sempre regidas pela
Lei n° 8.666/93 para as modalidades tradicionais (Concorrência, Tomada de Preços, Convite);
e, para a modalidade pregão, a Lei n° 10.520/2002.
O PNUMA reconhece a inexistência de uma definição universalmente aceita sobre
compras públicas sustentáveis, mas ressalta a existência de uma clara distinção entre compras
públicas sustentáveis e compras públicas verdes ou compras públicas ecológicas (PNUMA,
2008). Neste sentido, as United Nations (2008, p. 1, tradução livre) apud Hegenberg (2013)
observam que:
12
Denominações para as contratações públicas sustentáveis, assim entendidas, como aquelas que
consideram critérios ambientais, econômicos e sociais em todos os estágios do processo de contratação,
transformando o poder de compra do Estado em instrumento de proteção ao meio ambiente e de
desenvolvimento econômico e social (GOVERNO ELETRÔNICO, 2014).
37
Observa-se que a literatura trata das compras sustentáveis mesmo quando se relaciona
apenas a critérios ambientais no processo de aquisição de bens e serviços. Exemplo disso foi a
edição da Instrução Normativa n° 1/2010, da Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SLTI/MPOG), que se
refere apenas à dimensão de sustentabilidade ambiental a ser observado pelos órgãos da
Administração Pública Federal nas aquisições de bens e serviços.
ao que determinava a IN-01/2010, uma vez que não restringe as exigências apenas aos
critérios de sustentabilidade ambiental.
f) Processo licitatório:
licitatório são desenvolvidos
envolvidos editais, com base em critérios sustentáveis.
Esses critérios são enviados aos fornecedores, com o objetivo de produzir impacto no
mercado e favorecer a compra de produtos sustentáveis;
h) 2º inventário de base:
base: permite uma comparação entre o período pré e pós-Compras
pós
Sustentáveis. Avalia o desempenho do governo na aquisição desses produtos. (ICLEI,
2007).
de preferência nas licitações para propostas que propiciem maior economia de energia, água e
outros recursos naturais, além da redução da emissão de gases de efeito estufa e de resíduos,
na forma do art. 6°, inciso XII;
c) a Lei n° 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, tendo
dentre seus objetivos o de priorizar as aquisições e contratações governamentais de produtos
reciclados e recicláveis e bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com
padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis;
d) a Lei n° 12.349/2010, que incluiu a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável como uma das finalidades da licitação, alterando o art. 3° da Lei de Licitações;
e) o Decreto n° 7.404/2010, que criou o Comitê Interministerial da Política Nacional
de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística
Reversa, além de regulamentar a Lei n° 12.305/2010;
f) o Decreto n° 7.746/2012, que regulamenta o art. 3° da Lei n° 8.666/93 e estabelece
critérios práticas e diretrizes gerais de sustentabilidade nas contratações realizadas pela
Administração Pública Federal;
g) a Resolução CONAMA nº 20/1994, que dispõe sobre a instituição do selo ruído, de
uso obrigatório para aparelhos eletrodomésticos que geram ruído no seu funcionamento;
h) o Decreto nº 2.783/1998, que trata de vedação às entidades do Governo Federal
para aquisição de produtos ou equipamentos que contenham substâncias que degradam a
camada de ozônio;
i) o Decreto nº 4131/2002, que dispõe sobre medidas emergenciais de redução do
consumo de energia elétrica no âmbito da Administração Pública Federal;
j) a Resolução CONAMA nº 307/2002, que estabelece critérios e procedimentos para
gestão de resíduos na construção civil;
k) a Portaria nº 61/2008 do Ministério do Meio Ambiente, que estabelece práticas de
sustentabilidade ambiental a serem observadas pelo Ministério do Meio Ambiente e suas
entidades vinculadas quando das compras públicas sustentáveis;
l) a Portaria nº 43/2009, do Ministério do Meio Ambiente, que proíbe o uso do
amianto em obras públicas e veículos de todos os órgãos vinculados à administração pública;
m) a Instrução Normativa n° 01/2010, da Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação (SLTI), do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), que
regulamenta a utilização de critérios sustentáveis na aquisição de bens e na contratação de
obras e serviços pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional;
42
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: (...)
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
Foi a partir de 1988 que a licitação foi alçada ao status de princípio constitucional, de
observância obrigatória pela Administração Pública direta e indireta de todos os poderes da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Em face disto, observa-se que a
obrigatoriedade de licitar é princípio constitucional, por força do disposto no art. 37, XXI da
Constituição Federal. Somente nos casos previstos em lei é que se pode dispensar ou deixar
de exigir o procedimento licitatório para as compras e contratações públicas.
A Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o referido art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal e institui as normas para licitações e contratos da Administração Pública.
Caldas Aulete citado por Cretella Júnior (1998) aduz que o vocábulo licitação origina-
se do latim licitatione (venda por lances), e passou para o português com sentido de
oferecimento de quantia no ato de arrematação, adjudicação, hasta pública ou partilha judicial.
A licitação, como categoria jurídica, é o procedimento concorrencial prévio que uma
das partes institui para selecionar seu futuro contratante, sendo comum ao direito privado. É
publica a licitação quando o instituidor do procedimento é o Estado (CRETELLA JÚNIOR,
1988).
O presente estudo trata do instituto da licitação pública, sujeita ao regime jurídico-
administrativo. Leciona Di Pietro (2012) que licitação é um procedimento administrativo,
44
Os bens e serviços comuns são definidos como “aqueles cujos padrões de desempenho
e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais
no mercado”, nos termos do art. 1° da Lei n° 10.520/2002, parágrafo único. O Decreto n°
3.555/2000 apresenta rol exemplificativo de bens e serviços comuns.
A modalidade pregão foi instituída inicialmente pela Medida Provisória n° 2.026, de
04 de maio de 2000, que deu origem a Lei n° 10.520, de 17 de julho de 2002, regulamentada
pelo Decreto n° 3.555, de 8 de agosto de 2000.
Na forma da lei do pregão este poderá ser realizado por meio da utilização de recursos
de tecnologia da informação, podendo ser apoiado por sociedades civis, sem fins lucrativos,
ou corretoras que operem sistemas eletrônicos unificados de pregões.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.
13
Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010.
49
A A3P foi estruturada em cinco eixos temáticos prioritários: uso racional dos recursos
naturais e bens públicos; gestão adequada dos resíduos gerados; qualidade de vida no
ambiente de trabalho; sensibilização e capacitação dos servidores;
servidores e licitações sustentáveis.
Isto para que as instituições públicas assumam o dever de demonstrar para a sociedade a
necessidade de reduzir os impactos socioambientais negativos (MMA, 2014).
50
usado como modelo de gestão socioambiental por outros segmentos da sociedade. A A3P é
uma iniciativa que demanda engajamento individual e coletivo, a partir do comprometimento
pessoal e da disposição para incorporar conceitos preconizados, objetivando a mudança de
hábitos e a difusão do programa. Para auxiliar o processo de implantação da agenda ambiental
pelas instituições públicas, o Ministério do Meio Ambiente propõe aos órgãos interessados a
sua institucionalização por meio da assinatura do Termo de Adesão, cuja finalidade é integrar
esforços para desenvolver projetos destinados à implementação da agenda. A assinatura do
termo demonstra o comprometimento da instituição com a agenda socioambiental e com a
gestão transparente (MMA, 2009).
3.5.1 Guia de compras públicas sustentáveis: uso do poder de compra do governo para a
promoção do desenvolvimento sustentável
14
ICLEI - Governos Locais para a Sustentabilidade é uma organização não-governamental internacional
constituída como associação de governos locais para a implementação de ações de desenvolvimento sustentável.
15 O Procura+ é uma campanha do ICLEI iniciada em 2004 com o objetivo de estimular as autoridades públicas
para a inclusão de critérios ambientais, sociais e econômicos em suas políticas de contratações públicas.
52
Para o PNUMA (2012, p. 42) apud HEGENBERG (2013), sustentável é todo produto
que incorpora fatores ambientais e sociais e minimiza o seu impacto negativo ao longo do
ciclo de vida e da sua cadeia de fornecimento, respeitando o seu ambiente socioeconômico.
A inserção de critérios de sustentabilidade deve estar relacionada com todas as fases
do processo de aquisição de bens e serviços, desde a seleção dos fornecedores, passando pela
especificação, o processo de escolha dos fornecedores, a contratação e a execução dos
contratos respectivos.
55
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) atua em vários
setores da indústria e do comércio, além de firmar parcerias com organizações não
governamentais para o intercâmbio de boas práticas para viabilizar as compras públicas
sustentáveis em todo o mundo.
Dentre as principais
ais ações do PNUMA destaca-se
destaca se a implementação do Programa de 10
Anos em Consumo e Produção Sustentável - 10 YFP (10 Years Framework Process),
Process que
também é conhecido como Processo de Marrakech, em homenagem à cidade em que se
adotou o programa (ICLEI, 2012).
ICLEI possui uma rede de mais de mil governos locais comprometidos com o
desenvolvimento sustentável, reunindo cidades e estados de todos os tamanhos, em mais de
oitenta e seis países (ICLEI, 2012), tendo, dentre suas vertentes as compras públicas
sustentáveis.
De acordo com o ICLEI (2012), "foram criadas Forças-Tarefas
Tarefas (Task
( Forces) para
engajar a participação de especialistas de países desenvolvidos e em desenvolvimento em
iniciativas voluntárias dentro
entro de temas selecionados",
selecionados", no Processo de Marrakech.
Marrakech
Países como a Argentina, Costa Rica, Ilhas Maurício, México, Nova Zelândia, Tunísia
e Uruguai fazem parte do projeto desenvolvido pelo ICLEI para a efetivação das compras
públicas sustentáveis como países-piloto (ICLEI, 2014). A Argentina também participa do
Projeto “Difusão e Desenvolvimento de Capacidades em Compras Públicas Sustentáveis nos
Países Integrantes do Mercosul”, financiado pelo PNUMA, desde 2008, que tem por objetivos
efetuar o levantamento e análise comparativa entre os sistemas normativos e institucionais de
compras públicas nos países do Mercosul.
Há, ainda, o Projeto Landmark, financiado pela União Europeia, que promove boas
práticas de contratação pública socialmente responsável na Europa, com ênfase aos processos
de verificação junto aos fornecedores de bens e serviços para os governos. Destaca-se o caso
do município de Malmö, na Suécia, em que um consórcio de municípios unem suas forças
para monitorar o cumprimento de critérios sociais entre fornecedores (ICLEI, 2011).
57
além das ações originárias da segunda instância, como os dissídios coletivos de categorias
organizadas regionalmente, com jurisdição sobre um ou mais Estados, definida em lei. Por
seu turno, a Terceira Instância é o Tribunal Superior do Trabalho (TST), cuja competência é
julgar recursos de revista, recursos ordinários e agravos de instrumento contra decisões dos
TRTs, além de dissídios coletivos de categorias organizadas nacionalmente.
Com a Emenda Constitucional nº 45 (BRASIL, 2004), o TST restabeleceu sua
composição de 27 ministros, togados e vitalícios, nomeados pelo Presidente da República,
após aprovação pelo Senado Federal, dos quais 21 escolhidos dentre juízes dos Tribunais
Regionais do Trabalho, 3 dentre advogados e 3 dentre membros do Ministério Público do
Trabalho, considerando que, pela EC 24/1999, que extinguiu a representação classista, este
número havia sido reduzido para 17 ministros (TRT4, 2014). Mas não foi sempre assim.
Inicialmente, integrava o Poder Executivo, vinculada ao Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio.
De acordo com o TST (2011), os anos de 1923 e 1932 representaram o marco da luta
por direitos sociais no Brasil, enfatizando que em 1923 se construíram os alicerces para a
Justiça do Trabalho atual, com a Lei n° 4.682 (BRASIL, 1923), conhecida como Lei Elói
Chaves, ao criar a Caixa de Aposentadoria e Pensão para os ferroviários, cuja categoria
profissional era considerada como uma das mais organizadas e estratégicas da época. Aponta,
ainda o Decreto n° 16.027/1923 (Brasil, 1923), que criou uma estrutura administrativa para
funcionar como órgão consultivo em assuntos relativos à organização do trabalho e
previdência social, vinculado ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio da época. Já
para o TRT3 e o TRT4 (2014), as origens da Justiça do Trabalho no Brasil estão nos
conhecidos tribunais rurais instalados em 1922 em São Paulo, compostos por um juiz togado,
um representante dos proprietários rurais e outro dos trabalhadores. Com o Decreto n°
22.123/1932 (BRASIL, 1932), foram criadas as Juntas de Conciliação e Julgamento para
solucionar os conflitos entre patrões e empregados. E as Comissões Mistas de Conciliação,
que tinham a função de solucionar os dissídios coletivos instaurados entre a classe dos
trabalhadores e a dos empregadores. A execução das decisões desses órgãos se fazia na
Justiça Comum dos Estados (TRT3; TRT4, 2014).
A Constituição de 1934 previu a existência da Justiça do Trabalho em seu art. 122,
mas a excluía dos órgãos integrantes do Poder Judiciário, ao dispor (BRASIL, 1934):
59
Art. 122 - Para dirimir questões entre empregadores e empregados, regidas pela
legislação social, fica instituída a Justiça do Trabalho, à qual não se aplica o disposto
no Capítulo IV do Título I.
Parágrafo único - A constituição dos Tribunais do Trabalho e das Comissões de
Conciliação obedecerá sempre ao princípio da eleição de membros, metade pelas
associações representativas dos empregados, e metade pelas dos empregadores,
sendo o presidente de livre nomeação do Governo, escolhido entre pessoas de
experiência e notória capacidade moral e intelectual.
Da mesma forma, a Constituição de 1937, em seu art. 139 também tratava da Justiça
do Trabalho (BRASIL, 1937):
Art. 139 - Para dirimir os conflitos oriundos das relações entre empregadores e
empregados, reguladas na legislação social, é instituída a Justiça do Trabalho, que
será regulada em lei e à qual não se aplicam as disposições desta Constituição
relativas à competência, ao recrutamento e às prerrogativas da Justiça comum.
Portanto, mesmo prevista nas Constituições de 1934 e 1937, a Justiça do Trabalho foi
criada somente em 1939, por meio do Decreto-Lei n° 1.237 (BRASIL, 1939), e
regulamentada pelo Decreto n° 6.596, no ano de 1940 (BRASIL, 1940), instalando-se no ano
de 1941, com o pronunciamento do então Presidente da República, Getúlio Vargas (TRT3,
2014):
A Justiça do Trabalho, que declaro instalada neste histórico Primeiro de Maio, tem
essa missão. Cumpre-lhe defender de todos os perigos nossa modelar legislação
social-trabalhista, aprimorá-la pela jurisprudência coerente e pela retidão e firmeza
das sentenças.
SEÇÃO VI
exemplos mais típicos de compras são itens de material de consumo, material de distribuição
gratuita, passagens e despesas de locomoção, serviços de terceiros, locação de mão de obra,
arrendamento mercantil, auxílio-alimentação (ASSOCIAÇÃO CONTAS ABERTAS, 2014).
A tabela 1 demonstra a distribuição da dotação orçamentária disponibilizada para a
Justiça do Trabalho para o exercício de 2014.
O valor acima representa 0,65% do orçamento geral da União para 2014, da ordem de
R$ 2,36 trilhões de reais.
De acordo com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), de 2010
até março de 2012, foram realizadas 1490 licitações no Brasil utilizando critérios de
sustentabilidade, de acordo com o catálogo de materiais disponíveis no portal de compras do
63
4 MÉTODOS DE PESQUISA
Para atender aos objetivos definidos para esta pesquisa, quais sejam: analisar a
situação das compras públicas quanto à exigência de critérios de sustentabilidade nos
procedimentos licitatórios do Poder Judiciário Trabalhista; classificar os principais aspectos
que conduzem os participantes dos sistemas de compras governamentais, em convergência de
atitudes, à busca de produtos e serviços com características ambientalmente sustentáveis;
verificar as condições atuais da Justiça do Trabalho em relação às compras sustentáveis;
identificar as necessidades e limitações dos fornecedores para se adaptarem às novas
exigências de critérios de sustentabilidade; e analisar as condições de a política pública de
compras sustentáveis estimular cada vez mais o mercado fornecedor e a sociedade com uma
orientação na direção do equilíbrio pretendido pelo modelo do desenvolvimento sustentável
foram apreciadas as ações adotadas pelos Tribunais Regionais do Trabalho, a partir da Lei n°
12.349/2010, que deu nova redação ao art. 3° da Lei n° 8.666/1993, para inserir a promoção
do desenvolvimento nacional sustentável como objetivo da licitação; e da Resolução n°
103/2012 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, que instituiu o Guia de Contratações
Sustentáveis da Justiça do Trabalho.
O trabalho envolveu pesquisa bibliográfica, documental e de campo. O quadro 4
descreve o método de pesquisa relacionado aos objetivos:
Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993, que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui
normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.
Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006, que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da
Empresa de Pequeno Porte.
A análise dos editais de licitação, dos projetos básicos e dos termos de referência que
instruem os procedimentos licitatórios foi realizada para verificar se esses documentos
continham critérios de sustentabilidade na especificação dos objetos das contratações. Para
esse mister, foi realizada amostra por conveniência dos editais publicados após o advento da
Resolução n° 103, de 25 de maio de 2012, do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, que
aprovou o Guia de Inclusão de Critérios de Sustentabilidade nas Contratações da Justiça do
Trabalho.
Para a etapa da pesquisa de campo, considerada aquela que se realiza com o fato social
situado em seu contexto natural, sem que haja alteração imposta pelo pesquisador e que é
frequentemente utilizada em investigações que procuram avaliar a eficácia de um conjunto de
processos para auxiliar a sociedade (FACHIN, 2001), foi utilizado o questionário como
instrumento de pesquisa social. As formas de coleta das informações por meio do questionário
foram o e-mail e a ferramenta denominada Formulário Google, encaminhados pela internet.
De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p.201), questionário é:
Um fator que pode ser considerado como limitante deste estudo é a falta de respostas
aos questionários por parte de alguns Tribunais e fornecedores. De se ressaltar a dificuldade
em obter retorno e participação das empresas e de alguns Tribunais. Ao final, a amostra
investigada envolveu 18 Tribunais, o que representa uma participação de 72% da população
total de 25 Tribunais do Trabalho, incluído o Tribunal Superior. Já o retorno dos questionários
enviados aos fornecedores de bens e serviços aos Tribunais foi de 13 respostas de empresas
do ramo de móveis para escritórios, de engenharia e de cartuchos de toner e de cartuchos de
impressoras, representando 13% da população pesquisada. Quanto à pesquisa voltada aos
editais de licitação publicados pelos Tribunais, também foram constatadas dificuldades de
localização dos documentos na internet, nas páginas oficiais dos TRTs e do TST, bem como
nos sistemas eletrônicos de licitações (licitacoes-e) do Banco do Brasil e
(comprasgovernamentais) do Governo Federal, embora tais dificuldades não tenham
inviabilizado as consultas e a pesquisa.
Outra limitação encontrada ocorreu na etapa da revisão teórica e construção da
fundamentação deste estudo, tendo em vista que o tema das compras públicas sustentáveis
ainda é relativamente pouco explorado no Brasil no que se refere às pesquisas científicas.
Observou-se pequeno número de produção científica na área de compras públicas
sustentáveis, verificando-se avanços nas discussões em foruns e outros ambientes
70
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A apresentação dos dados está baseada nas fontes de evidência obtidas na realização
da pesquisa de campo desta dissertação – questionários, análise de documentos, observação.
Este capítulo foi dividido em três seções: a primeira apresenta as respostas ao questionário
aplicado aos servidores envolvidos com o processo de aquisição de bens e serviços do
Judiciário Trabalhista; na seção seguinte, as respostas ao questionário aplicado aos
fornecedores de bens e serviços; e por fim, uma análise de editais de licitação, à luz do Guia
de inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações da Justiça do Trabalho.
A instrumentalização da política pública de compras sustentáveis com critérios
abrangentes, capazes de criar condições que estimulem cada vez mais o mercado fornecedor e
a sociedade com uma orientação na direção do equilíbrio pretendido pelo modelo do
desenvolvimento sustentável, no âmbito da Justiça do Trabalho (mas que pode ser aproveitada
para toda a Administração Pública), teve início com a edição do guia de contratações
sustentáveis, que reuniu grande parte das informações legais e de ordem prática que são mais
relevantes para os processos de licitação para aquisição de bens e serviços que provocam
impactos ao meio ambiente por ocasião de sua produção, utilização e descarte; observando-se
ainda a responsabilidade social e o crescimento econômico.
A manutenção do Forum Permanente das Contratações Sustentáveis da Justiça do
Trabalho demonstra o acerto do Judiciário Trabalhista para o aprimoramento das compras
sustentáveis, com a atuação dos grupos de trabalho responsáveis pela revisão e atualização do
Guia; pela divulgação e estratégias de implementação do guia; pela elaboração do portal de
contratações sustentáveis da Justiça do Trabalho; pelos indicadores e metas e pelas compras
compartilhadas. Desta forma, as diretrizes traçadas no Guia de contratações sustentáveis da
Justiça do Trabalho poderão ser efetivamente observadas por todos os Tribunais.
As compras compartilhadas já são uma realidade para alguns grupos de materiais,
especialmente aqueles relacionados à tecnologia da informação e comunicação, tais como
microcomputadores e notebooks; contudo, compras rotineiras como materiais de consumo
(papel reciclado representando o principal item) e bens permanentes (mobiliário, por
exemplo) ainda não são adquiridos por meio de compra compartilhada para atender a
necessidade de todos os Tribunais do Trabalho, embora exista uma Resolução do Conselho
Superior da Justiça do Trabalho instituindo o padrão de mobiliário ergonômico nos órgãos da
Justiça do Trabalho de 1° e 2° graus - a Resolução n° 54/2008 (CSJT, 2008).
72
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
[...]
serviços compras
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,
e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que
assegure igualdade de condições
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta,
nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e
econômica indispensáveis à garantia
garanti do cumprimento ento das obrigações (grifo da
autora).
Gráfico 9 - Informação aos licitantes de que o edital da licitação contém critérios de sustentabilidade
Ainda sobre logística reversa, 42% dos respondentes afirmaram que existe coleta
seletiva específica e regular no órgão para a destinação final de pilhas, baterias e lâmpadas
fluorescentes, após o uso; 21% dos pesquisados declararam que foi prevista no edital a
destinação
ção final dos referidos materiais após o uso pelo órgão e 21% dos respondentes
afirmaram os as pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes são descartadas juntamente com os
demais resíduos sólidos, sem separação. Esta resposta encontra consonância com os 25% dos
respondentes que afirmaram saber da existência do Guia, uma vez que o guia expediu
orientação específica para resíduos com logística reversa, que inclui os itens do questionário
de pesquisa. O gráfico 11 ilustra as respostas.
78
Por se tratar de uma norma regulamentar, a adesão será obrigatória. Contudo, muitas
empresas, sobretudo as empresas locais, ainda não possuem estrutura para realizar a
logística reversa. Mas essa é uma tendência irreversível.
Eventual aumento inicial de custo ("preço") pode ser compensado por maior
durabilidade dos produtos adquiridos.
da mensagem eletrônica, a partir dos endereços cadastrados pelos próprios fornecedores nos
sistemas eletrônicos do Banco do Brasil (www.licit-e.com.br) e do Governo Federal
(www.comprasgovernamentais.gov.br). Os questionários foram do tipo estruturado, com
perguntas fechadas objetivas que possibilitaram a análise da percepção dos fornecedores
acerca da sustentabilidade, através de respostas rápidas e precisas.
Os pesquisados tiveram a oportunidade de expressar suas opiniões sobre as questões
propostas no espaço destinado às observações.
Considerando a amostra por conveniência dos grupos de materiais escolhidos para
análise (papel reciclado, cartuchos de toner e mobiliário, obras e serviços de engenharia),
foram encaminhados os questionários para empresas desses setores, após verificação do
objeto social no cadastro do Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (SICAF)
do Governo Federal, a partir da consulta pelo número no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica (CNPJ). Foram selecionados 100 (cem) fornecedores para remessa dos questionários.
Após diversas tentativas de envio e reenvio, 13 (treze) representantes de empresas
encaminharam respostas, conforme a seguir demonstrado.
Acerca da forma como os fornecedores tomam conhecimento de licitação promovida
pelos órgãos da Justiça do Trabalho, 33% dos respondentes afirmaram que tomam
conhecimento das licitações pelo Diário Oficial da União; 17% declararam que ficam sabendo
das licitações através de jornais de grande circulação; 17% declararam que os órgãos
comunicam a realização das licitações e 58% disseram que ficam sabendo das licitações por
outros meios.
A Lei de Licitações estabelece as regras de publicação dos avisos de licitação, na
forma do seu art. 21:
Art. 21.Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências, das tomadas
de preços, dos concursos e dos leilões, embora realizados no local da repartição
interessada, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma vez:
I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação feita por órgão ou
entidade da Administração Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras
financiadas parcial ou totalmente com recursos federais ou garantidas por
instituições federais;
II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quando se tratar,
respectivamente, de licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública
Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal;
III - em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em jornal
de circulação no Município ou na região onde será realizada a obra, prestado o
serviço, fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Administração,
conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para ampliar
a área de competição.
81
No que se refere à participação das empresas nas licitações cujos editais têm incluído
critérios de sustentabilidade nas contratações de bens e serviços,
serviços, 62% dos respondentes
afirmaram que participam dessas licitações; enquanto que 38% declararam que participam em
parte dessas licitações, conforme ilustra o Gráfico 16.
Gráfico
áfico 19 - Participação de empresas em licitações sustentáveis
Por seu turno, sobre a percepção de que a inclusão de critérios de sustentabilidade nas
contratações da Justiça do Trabalho pode contribuir para a promoção do desenvolvimento
nacional sustentável,, 92% dos respondentes afirmaram que sim e nenhum pesquisado disse
que não.
De acordo com as observações dos pesquisados, o critério de seleção das propostas nas
licitações pelo menor preço apresenta-se como barreira para a implementação das compras
sustentáveis, não ficando claro se foi levado em consideração o fato de que são consideradas
as especificações do objeto da licitação, uma vez que nas licitações sustentáveis será
86
escolhida a proposta de menor preço dentre aquelas que atendam as exigências do edital da
licitação.
6 CONCLUSÃO
incentivo para que os órgãos se unam para a realização de compras compartilhadas dos
produtos e serviços comuns às necessidades de todos, observando-se as diferenças regionais
de cada Tribunal, a exemplo do que já vem sendo observado em relação aos bens e serviços
de Tecnologia da Informação (TI) e de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).
Considerando-se que o Guia de Contratações Sustentáveis não engloba todos os
critérios de sustentabilidade exigíveis em uma contratação pública, verifica-se a necessidade
de maiores estímulos à efetiva adesão ao Guia por parte dos Tribunais do Trabalho, a fim de
que todos os órgãos da Justiça do Trabalho passem a observar o Guia em sua integralidade, no
mínimo, ao elaborar as especificações dos bens e serviços que forem adquirir.
Isto porque o rol de critérios constantes do Guia não é axaustivo, ou seja, pode haver
contratações sustentáveis com exigências de critérios de sustentabilidade que não foram
mencionadas no Guia da Justiça do Trabalho, desde que, para isto, existam fornecedores no
mercado, em número suficiente para haver ampla concorrência no processo de escolha da
proposta mais vantajosa para a Administração, em observância ao disposto no art. 37, XXI, da
Constituição Federal de 1988.
A instrumentalização da política pública de compras sustentáveis com critérios
abrangentes, capazes de criar condições que estimulem cada vez mais o mercado fornecedor e
a sociedade com uma orientação na direção do equilíbrio pretendido pelo modelo do
desenvolvimento sustentável, no âmbito da Justiça do Trabalho (mas que pode ser aproveitada
para toda a Administração Pública), teve início com a edição do guia de contratações
sustentáveis, que reuniu grande parte das informações legais e de ordem prática que são mais
relevantes para os processos de licitação para aquisição de bens e serviços que provocam
impactos ao meio ambiente por ocasião de sua produção, utilização e descarte; observando-se
ainda a responsabilidade social e o crescimento econômico.
A manutenção do Forum Permanente das Contratações Sustentáveis da Justiça do
Trabalho demonstra o acerto do Judiciário Trabalhista para o aprimoramento das compras
sustentáveis, com a atuação dos grupos de trabalho responsáveis pela revisão e atualização do
Guia; pela divulgação e estratégias de implementação do guia; pela elaboração do portal de
contratações sustentáveis da Justiça do Trabalho; pelos indicadores e metas e pelas compras
compartilhadas. Desta forma, as diretrizes traçadas no Guia de contratações sustentáveis da
Justiça do Trabalho poderão ser efetivamente observadas por todos os Tribunais.
90
REFERÊNCIAS
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Contratações sustentáveis na administração pública brasileira: a experiência do Poder
Executivo federal. Rev. Adm. Pública, Rio de Janeiro: 48(1): 207-35, jan./fev. 2014.
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02 jun.2014.
BIDERMAN, Rachel; MACEDO, Laura Silvia Valente de; MONZONI, Mário; MAZON,
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_____. Lei Complementar n° 147, de 7 de agosto de 2014. Altera a Lei Complementar no 123,
de 14 de dezembro de 2006, e as Leis nºs 5.889, de 8 de junho de 1973, 11.101, de 9 de
fevereiro de 2005, 9.099, de 26 de setembro de 1995, 11.598, de 3 de dezembro de 2007,
8.934, de 18 de novembro de 1994, 10.406, de 10 de janeiro de 2002, e 8.666, de 21 de junho
de 1993; e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/LeisComplementares/2014/leicp147.htm>.
Acesso em: 02 set. 2014.
______. Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e
dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 22
de junho de 1993. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8666cons.htm>. Acesso em 02 jun. 2012.
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SEIXAS, Eduardo Souza. Estudo sobre critérios de compras públicas sustentáveis: o caso
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Profissional em Gestão e Tecnologia Industrial). Faculdade de Tecnologia Senai-CIMATEC,
Salvador, 2012.
VEIGA, José Eli. A desgovernança mundial da sustentabilidade. São Paulo: 34, 2013.
8) De que forma os licitantes têm conhecimento de que na licitação publicada foram incluídos
critérios de sustentabilidade?
( ) O edital menciona expressamente que se trata de licitação sustentável;
( ) Na descrição do objeto há exigência de um ou vários critérios de sustentabilidade.
10) Qual a destinação final de pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes após o uso pelo
órgão?
( ) Existe coleta seletiva específica e regular no órgão
( ) Foi prevista no edital a destinação final após o uso pelo órgão
( ) São descartadas juntamente com os demais resíduos sólidos, sem separação
( ) Outros _____________________________________________
1) De que forma Vossa Senhoria toma conhecimento de licitação promovida pelos órgãos da
Justiça do Trabalho?
( ) Diário Oficial da União – DOU
( ) Jornal de grande circulação
( ) Comunicado pelo órgão licitante
( ) Outra. Qual ___________________________________________________
2) Vossa Senhoria tem conhecimento da alteração do art. 3° da Lei 8.666/93 para inserir a
promoção do desenvolvimento nacional sustentável como princípio a ser observado nas
licitações (Lei n° 12.349/2010)?
( ) Sim
( ) Não
6) De que forma Vossa Senhoria toma conhecimento de que em uma licitação publicada
foram incluídos critérios de sustentabilidade?
( ) O edital menciona expressamente que se trata de licitação sustentável;
( ) Na descrição do objeto há exigência de um ou vários critérios de sustentabilidade.
8) Que mudanças foram necessárias em sua empresa para se adequar às novas exigências da
Administração Pública acerca da inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações,
visando à prestação de serviços e fornecimento de bens produzidos com tecnologias mais
limpas, menos agressivas ao meio ambiente?
( ) Mudança de fornecedores
( ) Alteração do processo produtivo
( ) Obtenção de certificações ambientais
( ) Ações de capacitação e treinamento dos empregados
( ) Outras. Quais? ___________________________________________________________
9) Sua empresa está apta a fornecer bens para a Justiça do Trabalho e praticar a logística
reversa?
( ) Sim
( ) Não
Se está apta, para quais produtos? ________________________________________________
Considerando o disposto nos art. 170, inciso VI, da Constituição Federal, que estabelece como princípio
da ordem econômica a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto
ambiental dos produtos e de seus processos de elaboração e prestação;
Considerando a diretriz prevista no art. 225 da Constituição da República, que preconiza que todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações;
Considerando a Lei nº 6.938, 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, cujo objetivo traduz-se na preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à
vida, visando a assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana;
Considerando as disposições do art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, que contempla dentre os
princípios que devem nortear as contratações públicas ”a promoção do desenvolvimento nacional sustentável”;
Considerado a Política Nacional sobre Mudança de Clima (PNMC), instituída pela Lei nº 12.187, de 29
de dezembro de 2009, que tem como uma de suas diretrizes o estímulo e o apoio à manutenção e à promoção de
padrões sustentáveis de produção e consumo (art. 5º, XIII), e como um de seus instrumentos a adoção de
critérios de preferência, nas licitações e concorrências públicas, para as propostas que propiciem maior economia
de energia, água e outros recursos naturais e redução da emissão de gases de efeito estufa e de resíduos (art. 6º,
XII);
Considerando a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305, de 2 de
agosto de 2010, que estabelece, dentre os objetivos, a prioridade, nas aquisições e contratações governamentais,
para produtos reciclados e recicláveis, e bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com
padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis;
Considerando o disposto no Decreto nº 5.940, de 25 de outubro de 2006, que disciplina a separação dos
resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na
fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis;
102
Considerando a Agenda 21, documento final da Conferência Rio-92, que estabeleceu um plano de ação
para o desenvolvimento sustentável, com destaque para o capítulo 4, que, ao tratar das mudanças de padrões de
consumo, relacionou uma série de atividades, entre as quais o exercício da liderança por meio das aquisições
pelos Governos, de modo a aperfeiçoar o aspecto ecológico de suas políticas de aquisição;
Considerando que a Justiça do Trabalho, pela sua dimensão e respeitabilidade, desempenha, nos
procedimentos de compras e contratações, papel relevante na orientação dos fornecedores e prestadores de
serviço, quanto à adoção de padrões de produção e consumo e de serviços ambientalmente sustentáveis, além de
estimular a inovação tecnológica,
RESOLVE:
Art. 1º É aprovado o Guia Prático para inclusão de critérios de sustentabilidade a serem observados na
aquisição de bens e na contratação de obras e serviços no âmbito da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo
graus, nos termos do anexo desta Resolução.
Art. 2º O Guia Prático será disponibilizado nos portais eletrônicos do Conselho Superior da Justiça do
Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho, constituindo-se em instrumento de consulta para elaboração de
editais de licitação, de termos de referência ou de especificações.
§ 2º A não observância das diretrizes constantes do Guia Prático deverá ser expressamente justificada e
fundamentada.
Art. 3º O Guia Prático será objeto de constantes revisões e atualizações, de forma a assegurar sua
evolução no que tange à legislação vigente, aos avanços tecnológicos e à inovação.
Art. 5º O Fórum Permanente, de âmbito nacional, será constituído por ato da Presidência do CSJT e
contará com representantes do Conselho Superior da Justiça do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho.
Parágrafo único. A divulgação das informações de que trata este artigo dar-se-á no Portal de Compras e
Contratações Sustentáveis, a ser mantido e atualizado no sítio do Conselho Superior da Justiça do Trabalho na
rede mundial de computadores (internet).
1. INTRODUÇÃO
A iniciativa do Conselho Superior da Justiça do Trabalho de elaborar um guia para inclusão de critérios e
práticas de sustentabilidade nas contratações realizadas por órgãos da Justiça do Trabalho revela-se em sintonia
com o processo em curso no Brasil e no mundo, que consiste na percepção de que a forma como a humanidade
vive e como tem se desenvolvido até agora não se sustentará por muito tempo, ante a constatação de que os
recursos naturais presentes no planeta são em sua grande maioria finitos.
Em todo o mundo buscam-se formas mais justas e sustentáveis de existir, ou seja, padrões sustentáveis de
produção e consumo, preservação dos recursos e redução das desigualdades sociais. Boa parte da comunidade
científica mundial entende que “não há como viabilizar sete bilhões de pessoas, com o padrão de consumo e as
aspirações do mundo contemporâneo nos limites físicos da terra”.
A consciência da responsabilidade de cada cidadão, das organizações em geral e, em especial, do poder público,
quanto a mudanças que viabilizem a continuidade da vida no planeta, vem crescendo a cada dia, ainda que com
percalços, de forma contraditória, com avanços e retrocessos, e com as dificuldades inerentes aos processos
humanos. Diversos exemplos e iniciativas condizentes com a necessária transformação que nos é exigida podem
ser identificados em todo o mundo: avanços na ciência e na tecnologia, na participação social, nos arcabouços
normativos nacionais e internacionais, na responsabilidade social por parte das organizações, preocupação
crescente com o respeito aos direitos humanos e a diversas outras iniciativas em todos os países.
O Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS), lançado em novembro de 2011 pelo Ministério
do Meio Ambiente, é o documento guia das ações de governo, do setor produtivo e da sociedade que direciona o
Brasil para padrões mais sustentáveis de produção e consumo, com redução da pobreza.
Em seu primeiro ciclo, de 2011 a 2014, o PPCS tem concentrado esforços em seis áreas principais, a saber:
educação para o consumo sustentável; varejo e consumo sustentável; aumento da reciclagem; compras públicas
sustentáveis; construções sustentáveis; e Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), na qual figura
como um dos eixos temáticos a Licitação Sustentável. Vale ressaltar que os outros eixos temáticos da A3P – uso
racional dos recursos naturais e bens públicos; gestão adequada dos resíduos gerados; qualidade de vida no
ambiente de trabalho; e sensibilização e capacitação –, bem como as áreas de foco do PPCS, têm relação direta
com as contratações públicas.
O governo brasileiro trabalhou no sentido de que o debate na Conferência das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Sustentável - Rio+20 girasse em torno de um compromisso global pela sustentabilidade, pela
inclusão e pela erradicação da pobreza extrema no mundo. Tais propostas integraram o documento com os
objetivos que o governo brasileiro definiu para compor a pauta do encontro.
Nesse sentido, o documento oficial com a posição do Brasil encaminhado à ONU enfatiza o papel do Estado
como indutor e regulador do desenvolvimento sustentável:
Sob tal perspectiva, as contratações públicas sustentáveis representam a adequação da contratação ao que se
chama consumo sustentável. Significa pensar a “proposta mais vantajosa para a administração” levando-se em
conta não apenas o menor preço, mas o custo como um todo, considerando a manutenção da vida no planeta e o
bem-estar social. Vale lembrar que os recursos naturais do país e sua biodiversidade são recursos públicos e
como tal devem ser preservados.
De acordo com o Guia de Compras Públicas Sustentáveis da Fundação Getúlio Vargas, “Licitação Sustentável é
uma solução para integrar considerações ambientais e sociais em todos os estágios do processo da compra e
contratação dos agentes públicos (de governo) com objetivo de reduzir impactos à saúde humana, ao meio
ambiente e aos direitos humanos”.
As compras governamentais, que no Brasil movimentam mais de 10% do PIB, afetam setores importantes da
economia e têm um grande poder de influenciar os rumos do mercado. Cabe ao governo, como grande
comprador, além de dar o exemplo, estimular uma economia “que resulta em melhoria do bem-estar humano e
equidade social, ao mesmo tempo em que gera valor para a Natureza, reduzindo significativamente os impactos e
riscos sociais e ambientais e a demanda sobre recursos escassos do ecossistema e da sociedade.
O objetivo das licitações é, por força legal, assegurar a livre concorrência e obter o melhor produto/serviço com
a proposta mais vantajosa. Quando se considera os três pilares da sustentabilidade o processo torna-se mais
complexo, uma vez que, além da preocupação com a economia dos recursos financeiros, é preciso considerar
também os impactos que as contratações podem causar ao meio ambiente e à sociedade. Nesse sentido, os
recursos públicos precisam ser considerados de forma ampla e responsável.
Afigura-se, assim, enorme a responsabilidade do gestor público ao estabelecer as “regras do jogo” para
assegurar, além da livre concorrência, o menor custo financeiro, social e ambiental, de modo a garantir que a
“proposta mais vantajosa” seja realmente mais vantajosa para o conjunto da sociedade, que, em última instância,
é a detentora do bem público.
De acordo com o referido Guia de Compras Públicas Sustentáveis da Fundação Getúlio Vargas, três fatores são
fundamentais para a contratação: a) deve ser avaliada a real necessidade da aquisição pretendida; b) a decisão
deve levar em conta as circunstâncias sob as quais o produto foi gerado, considerando os materiais de produção,
as condições de transporte, entre outros; c) deve ser feita uma avaliação em relação ao seu futuro, ou seja, como
o produto pretendido se comportará durante sua fase útil e após sua disposição final. Considerar os segundo e
terceiro fatores significa avaliar, no caso de produtos, o seu ciclo de vida.
A escolha de produtos mais eficientes traz maior economia a médio e longo prazo, além de ser uma opção que
garante um menor impacto ambiental e social. A partir de uma análise mais ampla, a condição mais vantajosa
para a Administração parte não mais da comparação estrita do preço de aquisição, mas de uma avaliação mais
completa do ciclo de vida do produto.
106
Por se tratar de um tema novo e complexo, as contratações públicas sustentáveis geram dúvidas e impasses de
toda espécie, principalmente quanto à definição dos aspectos que melhor representam a sustentabilidade de
determinado produto ou serviço. Por exemplo: o produto é mais sustentável por consumir menos matéria-prima,
água ou energia ou por gerar menos resíduos? É mais sustentável por ser reciclável, reciclado ou mais durável?
Como escolher o critério de sustentabilidade quando um implicar na redução do outro? Como escolher quando
não se tem como avaliar o ciclo de vida do produto? São questões que se apresentam e merecem
aprofundamento, mas que não constituem empecilho para a realização das contratações públicas sustentáveis,
dentro dos critérios de legalidade e com segurança jurídica.
Este Guia não pretende esgotar todas as possibilidades de inclusão de critérios e práticas de sustentabilidade nas
contratações públicas, o que seria descabido. Busca-se aqui fomentar um processo contínuo e duradouro de
aperfeiçoamento.
Não se pode olvidar que a implantação do Guia requer, de um lado, disponibilidade, bom senso, conhecimento e,
sobretudo, sentimento cívico por parte de todos os envolvidos no processo de contratação. Requer, de outro lado,
consciência do papel do agente público, guardião da causa e da coisa pública, cujo trabalho, em prol do bem
comum, traz o sentido de servir, atender, cuidar e proteger, sem jamais perder de vista, em suas atividades e
decisões, que tudo o que é público pertence a todos os cidadãos, pertence a toda coletividade.
Nesse contexto, o Guia de Contratações Sustentáveis da Justiça do Trabalho tem por objetivos subsidiar, inspirar
e estimular os agentes envolvidos a assumirem atitudes proativas e investigatórias, apontando caminhos com
base em normas, regulamentos e boas práticas. Cuida-se de um instrumento em permanente construção. A
intenção, enfim, é que o Guia estimule o surgimento de novas proposições e pesquisas, potencialize ideias, gere
ações e promova a cultura da sustentabilidade no âmbito da Justiça do Trabalho.
3. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu, no art. 170, inciso VI, como um dos princípios da ordem econômica
a defesa do meio ambiente, a qual foi ampliada pela Emenda constitucional nº 42, de 19 de dezembro de 2003,
ao prever a possibilidade de tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de
seus processos de elaboração e prestação.
No art. 225, caput, destaca-se o dever constitucional de o Estado preservar o meio ambiente, o que se efetiva
com o uso de poder de compra. O inciso IV, a seu turno, traz a exigência de estudo prévio de impacto ambiental
para toda obra ou atividade causadora de significativa degradação do meio ambiente.
Tais previsões constitucionais coadunam-se com a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), de que trata a
Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e deram origem ao art. 12 da Lei nº 8.666/93, o qual dispõe que, nos
projetos básico e executivo de obras e serviços, sejam considerados vários requisitos, entre os quais o de impacto
ambiental.
Outros instrumentos legais disciplinam a inclusão de critérios de sustentabilidade nas licitações e contratações
públicas, tais como:
a) Lei n° 10.257, de 10 de julho de 2001, que regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal de
1988 e estabelece diretrizes gerais da política urbana, dentre as quais a adoção de padrões de proteção e
consumo de bens e serviços de expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade
ambiental, social e econômica do Município e do Território sob sua área de influência (art. 2, VIII);
b) Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009, que instituiu a Política Nacional sobre Mudança de Clima
(PNMC), que tem como uma de suas diretrizes o estímulo e o apoio à manutenção e à promoção de
padrões sustentáveis de produção e consumo (art. 5º, XIII), e como um de seus instrumentos a adoção
de critérios de preferência nas licitações e concorrências públicas para as propostas que propiciem maior
economia de energia, água e outros recursos naturais e redução da emissão de gases de efeito estufa e de
resíduos (art. 6º, XII);
c) Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS),
cujo art. 7º, inciso XI, destaca como um dos objetivos a prioridade nas aquisições e contratações
governamentais de produtos reciclados e recicláveis, assim como de bens, serviços e obras que
considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis;
107
e) Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010, que regulamenta a Lei no 12.305/2010, que institui a
PNRS, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador
para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras providências;
f) Decreto nº 7.746, de 5 de junho de 2012, que regulamenta o art. 3º da Lei nº 8.666/93, estabelecendo
critérios, práticas e diretrizes gerais de sustentabilidade nas contratações realizadas pela administração
pública federal;
h) Instrução Normativa nº 10, de 12 de novembro de 2012, da SLTI/MPOG, que estabelece regras para
elaboração dos Planos de Gestão de Logística Sustentável de que trata o art. 16, do Decreto nº
7.746/2012, e dá outras providências.
No caso da Instrução Normativa nº 1/2010, foi a primeira vez que se estabeleceu a observância de regras
definidas pelos vários institutos de normatização e controle, a exemplo de: cumprimento de requisitos ambientais
para certificação pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro); emprego de produtos
de limpeza e conservação que respeitem normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA);
obediência à resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) sobre ruídos; atendimento às
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sobre resíduos sólidos.
Outro instrumento também importante nesse processo foi a Agenda 21, documento final da Conferência Rio-92,
que estabeleceu um plano de ação para o desenvolvimento sustentável, com destaque para o capítulo 4, que, ao
tratar das mudanças de padrões de consumo, relacionou uma série de atividades, entre as quais o exercício da
liderança por meio das aquisições pelos Governos, de modo a aperfeiçoar o aspecto ecológico de suas políticas
de aquisição.
Destaque-se da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente o Princípio 15, que traduz o Princípio da Precaução,
nos seguintes termos:
O termo de adesão ao processo de Marrakech10 firmado pelo Brasil em 2007, e que deu origem à edição, em
novembro de 2011, do PPCS, que, conforme já referenciado, visa à promoção e ao apoio a padrões sustentáveis
de produção e consumo e que, em seu primeiro ciclo de implementação, de 2011 a 2014, identificou como temas
prioritários, entre outros, as compras e construções públicas sustentáveis.
Importante referenciar o Decreto nº 2.783, de 17 de setembro de 1998, que dispõe sobre proibição de aquisição
de produtos ou equipamentos que contenham ou façam uso das substâncias que destroem a camada de ozônio
pelos órgãos e pelas entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.
O Decreto nº 5.940, de 25 de outubro de 2006, disciplina a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos
órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às
associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis.
108
Cite-se ainda: Decreto n° 99.280, de 6 de junho de 1990, que promulga a Convenção de Viena para a Proteção da
Camada de Ozônio e o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio; Decreto n°
2.652, de 1° de julho de 1998, que promulga a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima,
assinada em Nova York, em 9 de maio de 1992; Decreto nº 5.208, de 17 de setembro de 2004, que promulga o
Acordo-Quadro sobre Meio Ambiente do MERCOSUL; Decreto nº 5.445, de 12 de maio de 2005, que promulga
o Protocolo de Quioto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima; Decreto nº 7.390, de 9
de dezembro de 2010, que regulamenta os arts. 6º, 11 e 12 da Lei n° 12.187/2009, que institui a Política Nacional
sobre Mudança do Clima (PNMC).
4. DIRETRIZES
Nas licitações e demais formas de contratação promovidas pela Justiça do Trabalho, bem como no
desenvolvimento das atividades, de forma geral, devem ser observadas as seguintes diretrizes:
b) Não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (Lei 12.305/2010);
c) Preferência para produtos reciclados e recicláveis, bem como para bens, serviços e obras que
considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis (Lei
12.305/2010);
d) Aquisição de produtos e equipamentos duráveis, reparáveis e que possam ser aperfeiçoados (Portaria
MMA 61/2008);
e) Opção gradativa por produtos mais sustentáveis, com estabelecimento de metas crescentes de
aquisição, observando-se a viabilidade econômica e a oferta no mercado, com razoabilidade e
proporcionalidade;
h) Preferência, nas aquisições e locações de imóveis, àqueles que atendam aos requisitos de
sustentabilidade e acessibilidade, de forma a assegurar o direito de ir e vir das pessoas com deficiência e
com mobilidade reduzida;
i) Observância às normas técnicas, elaboradas pela ABNT, nos termos da Lei n° 4.150, de 21 de
novembro de 1962, para aferição e garantia da aplicação dos requisitos mínimos de qualidade, utilidade,
resistência e segurança dos materiais utilizados;
j) Conformidade dos produtos, insumos e serviços com os regulamentos técnicos pertinentes em vigor
expedidos pelo Inmetro de forma a assegurar aspectos relativos à saúde, à segurança, ao meio ambiente,
ou à proteção do consumidor e da concorrência justa (Lei n° 9.933, de 20 de dezembro de 1999).
As resoluções emitidas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelo Conselho Superior da Justiça do
Trabalho (CSJT), que disponham sobre assuntos vinculados com a sustentabilidade, tais como: responsabilidade
social, preservação de direitos trabalhistas de empregados de empresas terceirizadas, reinserção social, direitos
humanos, saúde e segurança do trabalho, deverão ser observadas concomitantemente sempre que necessárias e
aplicáveis às contratações.
prevejam a adoção de novas tecnologias e contenham os atributos de durabilidade, eficiência energética, redução
no uso de insumos, utilização de fontes renováveis de energia, diretrizes de sustentabilidade, entre outras.
b) Deve ser dada preferência à aquisição de produtos constituídos no todo ou em parte por materiais
reciclados, atóxicos, biodegradáveis, conforme ABNT NBR – 15.448-1 e 15.448-215.
As aquisições de produtos oriundos da madeira devem observar os critérios da rastreabilidade e da origem dos
insumos de madeira a partir de fontes de manejo sustentável em conformidade com a norma ABNT NBR
14790:2011, utilizada pelo Cerflor16, ou com o padrão FSC-STD-40-004 V2-1. A comprovação da
conformidade deve ser feita por meio do Certificado de Cadeia de Custódia17 e/ou Selo de Cadeia de Custódia
do Cerflor ou do FSC18. Para produtos que utilizem papel reciclado deve ainda ser observada a conformidade
com a norma ABNT NBR 15755:2009 que define esse material com base no conteúdo de fibras recicladas. São
produtos oriundos da madeira, entre outros:
b) Produtos de papel confeccionados em gráfica, tais como envelopes, pastas classificadoras, agendas,
cartões de visita, panfletos, convites, livros de ponto, protocolo, etc.;
f) As aquisições de produtos oriundos da madeira, para fins sanitários, tais como, papel higiênico,
toalha, guardanapo, lenço, devem observar os critérios da rastreabilidade e da origem dos insumos de
madeira a partir de fontes de manejo sustentável em conformidade com a norma ABNT NBR
14790:2011, utilizada pelo Cerflor, ou com o padrão FSC-STD-40-004 V2-1. A comprovação da
conformidade deve ser feita por meio do Certificado da Cadeia de Custódia e/ou Selo de Cadeia de
Custódia do Cerflor ou do FSC.
I. A comprovação da regularização deve ser feita por meio de cópia da publicação do registro
do produto no Diário Oficial da União (DOU), observada sua validade, ou a apresentação do
Comunicado de Aceitação de Notificação, enviado à empresa pela ANVISA ou consulta à
internet da divulgação de Aceitação de Notificação disponível no sítio da ANVISA na internet
em <http://www.anvisa.gov.br/saneantes/index.htm>.
a) Nas aquisições de café, açúcar, frutas, verduras e alimentos em geral convêm que sejam adquiridos
produtos orgânicos (produzidos sem o uso de adubos químicos, defensivos ou agrotóxicos), sempre que
disponíveis no mercado. Devem ser observados os critérios da origem e da qualidade do produto. A
comprovação da conformidade com esses critérios deve ser feita por meio do selo “Produto Orgânico
Brasil” do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SISORG), aposto no rótulo e/ou
na embalagem do produto.
b) Copos e xícaras de material durável como vidro, cerâmica ou aço escovado em substituição ao copo
plástico descartável.
a) Devem ser adquiridos produtos que apresentem menor consumo e maior eficiência energética dentro
de cada categoria.
c) Deve-se optar pela aquisição de produtos que possuam a ENCE da classe de maior eficiência,
representada pela letra “A”, sempre que haja um número suficiente de produtos e fabricantes nessa
classe. Podem ser aceitos produtos das demais classes quando as condições de mercado assim o
exigirem.
e) Para a aquisição de aparelhos eletrodomésticos que gerem ruído, como liquidificadores e aspiradores
de pó, devem ser adquiridos produtos que apresentem nível de potência sonora menor ou igual a 88
dB(A) , a ser comprovado pelo selo ruído aposto ao produto e/ou à sua embalagem, conforme Portaria
Inmetro nº 430, de 16 de agosto de 2012, alterada pela Portaria Inmetro nº 388, de 06 de agosto de
2013.
i) A destinação final de produtos eletroeletrônicos e seus componentes deve observar o disposto no item
5.4 - Resíduos com Logística Reversa.
b) A destinação final de cartuchos deve observar o disposto no item 5.4 - Resíduos com Logística
Reversa.
5.1.6. Pneus
a) Na aquisição de pneus deve ser exigida como requisito prévio à assinatura do contrato ou empenho a
regularidade do registro do fabricante ou importador no Cadastro Técnico Federal de Atividades
Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais - CTF/APP, comprovada mediante a
apresentação do certificado de regularidade emitido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama) conforme Instrução Normativa Ibama Nº 6 DE 15/03/2013.
b) A destinação final de pneus deve observar o disposto no item 5.4 - Resíduos com Logística Reversa.
a) Pilhas e baterias devem conter, no corpo do produto e/ou em sua embalagem, advertências quanto aos
riscos à saúde humana e ao meio ambiente; identificação do fabricante ou deste e do importador no caso
de produtos importados, a simbologia indicativa da destinação adequada e informação sobre a
necessidade de, após seu uso, serem devolvidos aos revendedores ou à rede de assistência técnica
autorizada; conforme o art. 14, art. 16 e anexo I da Resolução CONAMA Nº 401 de 4 de novembro de
2008.
b) Os teores de chumbo, cádmio e mercúrio devem estar em conformidade com os limites máximos
estabelecidos pela Resolução CONAMA 401/2008, comprovado pela regularidade do registro do
fabricante ou importador no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou
Utilizadoras de Recursos Ambientais - CTF/APP, mediante apresentação do certificado de regularidade
emitido pelo Ibama, conforme Instrução Normativa Ibama nº 6/2013.
c) A destinação final de pilhas e baterias deve observar o disposto no item 5.4 - Resíduos com Logística
Reversa.
5.1.8. Mobiliário.
a) Todo mobiliário deve estar em conformidade com as normas técnicas da ABNT, comprovada pela
apresentação de relatório de ensaio emitido por laboratório detentor de Certificado de Acreditação
112
concedido pelo Inmetro, com escopo de acreditação específico para ensaios documentação gráfica
(desenho ou fotos) e memorial descritivo com informação necessária e suficiente para perfeita
identificação do modelo ou da linha contendo o modelo do produto.
b) O mobiliário fabricado com madeira ou seus derivados deve observar os critérios da rastreabilidade e
da origem dos insumos de madeira a partir de fontes de manejo sustentável em conformidade com a
norma ABNT NBR 14790:2011, utilizada pelo Cerflor, ou com o padrão FSC-SDT-40-004 V2-1. A
comprovação da conformidade deve ser feita por meio do Certificado de Cadeia de Custódia e/ou Selo
de Cadeia de Custódia do Cerflor ou do FSC.
II. Para mesas e estações de trabalho (mesas autoportantes conjugadas com divisórias), a NBR
13966:2008.
d) Cadeiras e poltronas, exceto longarinas e poltronas de auditório, devem estar em conformidade com
a. NBR 13962:2006. A espuma, quando existente, deve ser isenta de CFC e atender a NBR 9178:2003.
e) O mobiliário dos postos de trabalho deve atender aos requisitos da norma regulamentadora NR-17 do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A comprovação de atendimento deve ser feita por meio da
apresentação, para linha e modelo, de laudo de ergonomia emitido por engenheiro de segurança do
trabalho ou profissional com especialização em ergonomia devidamente habilitado para tal finalidade.
a) Os veículos leves de passageiros para uso oficial, adquiridos ou locados, devem ser movidos
exclusivamente com combustível renovável28 ou na forma da tecnologia “flex”.
b) Devem ser adquiridos veículos que apresentem maior eficiência energética e menor consumo de
combustível dentro de cada categoria, em conformidade com os requisitos constantes no Regulamento
de Avaliação da Conformidade para Veículos Leves de Passageiros e Comerciais Leves. Para modelos
das categorias subcompacto, compacto, médio e grande, a comprovação da conformidade com esses
critérios deve ser feita pela ENCE das classes de maior eficiência, representadas pelas letras “A” ou
“B”. Para as demais categorias previstas na Portaria Inmetro Nº 377, de 29 de setembro de 2011,
alterada pela Portaria Inmetro Nº 522, de 31 de outubro de 2013, na ausência de classe de maior
eficiência, podem ser aceitos veículos da classe representada pela letra “C”.
c) Os veículos a serem adquiridos devem possuir nível de emissão de poluentes dentro dos limites do
Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE). A comprovação da
conformidade deve ser feita pela ENCE com a presença de, no mínimo, uma estrela.
5.1.10. Vestuário
a) Na aquisição de uniformes ou outras vestimentas devem ser utilizados, preferencialmente, produtos menos
poluentes e agressivos ao meio ambiente que utilizem tecidos que tenham em sua composição fibras oriundas de
material reciclável e/ou algodão orgânico.
a) Nas aquisições de assinaturas de jornais, revistas e periódicos convém que sejam adquiridas versões
eletrônicas, sempre que disponíveis no mercado.
b) Os resíduos com logística reversa obrigatória, gerados na execução dos serviços devem atender o
disposto no item 5.4. - Resíduos com Logística Reversa.
c) A definição das rotinas de execução das atividades para contratação dos serviços terceirizados deve
prever e estimar período adequado para a orientação e ambientação dos trabalhadores à política de
responsabilidade socioambiental do órgão, durante toda a vigência do contrato.
Para os serviços que envolvam a utilização de mão de obra, residente ou não, a contratada deve:
b) Fornecer aos empregados os equipamentos de segurança que se fizerem necessários, para a execução
de serviços e fiscalizar o uso, em especial pelo que consta da Norma Regulamentadora nº 6 do MTE;
g) Comprovar, como condição prévia à assinatura do contrato e durante a vigência contratual, sob pena
de rescisão contratual, o atendimento das seguintes condições:
II. Não ter sido condenada, a contratada ou seus dirigentes, por infringir as leis de combate à
discriminação de raça ou de gênero, ao trabalho infantil e ao trabalho escravo, em afronta a
previsão aos artigos 1° e 170 da Constituição Federal de 1988; do artigo 149 do Código Penal
Brasileiro; do Decreto n° 5.017, de 12 de março de 2004 (promulga o Protocolo de Palermo) e
das Convenções da OIT nos 29 e 105.
h) Priorizar o emprego de mão de obra, materiais, tecnologias e matérias-primas de origem local para
execução dos serviços.
a) Observar a não utilização de produtos que contenham substâncias agressivas à camada de ozônio na
atmosfera, conforme Resolução CONAMA Nº 267 de 14 de setembro de 2000;
b) Adotar medidas para evitar o desperdício de água tratada e para a preservação dos recursos hídricos,
nos termos da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 e da legislação local, considerando a política
socioambiental do órgão;
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c) Realizar programa interno de treinamento de seus empregados visando à adoção de práticas para
redução de consumo de energia elétrica, de consumo de água, redução de produção de resíduos sólidos
e coleta seletiva, observadas as normas ambientais vigentes;
d) Proceder ao recolhimento dos resíduos recicláveis descartados, de forma seletiva, bem como de
pilhas, baterias e lâmpadas, de acordo com o programa de coleta seletiva do órgão em observância ao
Decreto n° 5.940/2006;
e) Observar a destinação adequada aos resíduos gerados durante suas atividades, em consonância com o
programa de coleta seletiva do órgão;
a) Oferecer opção de alimentação orgânica, comprovada pelo selo “Produto Orgânico Brasil”, conforme
item 5.1.3, alínea “a”;
b) Incluir cláusula sobre coleta seletiva, de acordo com a política socioambiental do órgão, em
observância ao Decreto n° 5.940/2006, bem como sobre obrigação de proceder ao recolhimento do óleo
usado, que deverá ser destinado à reciclagem, com a total proibição de que este seja despejado na rede
de esgoto;
a) Recolher o óleo de cozinha e destiná-lo para reciclagem, com total proibição de que seja despejado na
rede de esgoto;
b) Realizar a coleta seletiva dos resíduos e promover a destinação adequada, de acordo com a política
socioambiental do órgão e em observância ao Decreto n° 5.940/2006.
a) Proceder à separação dos resíduos recicláveis descartados de forma seletiva, especialmente o papel,
de acordo com o programa de coleta seletiva do órgão e em observância ao Decreto n° 5.940/2006;
b) A destinação final de cartuchos e cilindros deve observar o disposto no item 5.4 - Resíduos com
Logística Reversa.
a) Utilizar, preferencialmente, produtos e insumos de natureza orgânica, bem como utilizar defensivos
contra pragas com menor potencial de toxidade, equivalentes aos utilizados em jardinagem amadora,
nos termos definidos pela ANVISA;
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b) Apresentar, sempre que houver necessidade da utilização de agrotóxicos e afins o registro do produto
no órgão federal responsável, nos termos da Lei nº 7.802/89 e legislação correlata;
c) Efetuar o recolhimento das embalagens vazias e respectivas tampas dos agrotóxicos e afins
utilizados, comprovando a destinação final ambientalmente adequada, nos termos da Lei nº
12.305/2010.
Para os Serviços de Controle de Vetores e Pragas Urbanas, tais como desinsetização, desratização,
descupinização, a contratada também deve:
c) Efetuar o recolhimento das embalagens vazias e respectivas tampas dos produtos utilizados,
promovendo sua destinação final ambientalmente adequada, nos termos da Lei nº 12.305/2010;
Para os Serviços de Manutenção Preventiva e Corretiva de Equipamentos, tais como elevadores, equipamentos
odontológicos, condicionadores de ar, equipamentos gráficos, a contratada também deve:
a) Utilizar peças e componentes de reposição certificadas pelo Inmetro, de acordo com a legislação
vigente;
A indústria da construção civil é um dos segmentos que mais consome matérias-primas e recursos naturais no
planeta, gerando a parcela predominante dos resíduos sólidos produzidos nas cidades34, além de ser uma das
grandes responsáveis pela emissão dos gases causadores do efeito estufa. Para minimizar os impactos ambientais
causados, a noção de sustentabilidade deve estar presente desde o estudo de viabilidade técnica, escolha do
terreno, definição do programa de necessidades e concepção arquitetônica. A utilização de critérios e práticas de
sustentabilidade nas construções não deve se limitar aos novos prédios, mas englobar também manutenção,
reforma, ampliação, adaptações e mudanças na utilização dos prédios já existentes.
As especificações e demais exigências do projeto básico ou executivo para contratação de obras e serviços de
engenharia devem ser elaborados de forma a reduzir os resíduos gerados na construção, proporcionar economia
na manutenção dos prédios, reduzir o consumo de energia e água, garantir os direitos constitucionais de
acessibilidade aos portadores de deficiência, bem como utilizar tecnologias e materiais que reduzam o impacto
ambiental.
Da mesma forma, visando à garantia de qualidade e manutenção de requisitos mínimos dos projetos básicos ou
executivos de obras públicas, sempre que couber ou subsidiariamente,os órgãos devem utilizar como parâmetro
os normativos próprios, tais como a Resolução CNJ 114/2010 e Resolução CSJT 70/2010.
Na aquisição de bens devem ser exigidos os critérios de sustentabilidade constantes do item 5.1 deste Guia e, na
execução dos serviços contratados, no que couber, as práticas de sustentabilidade previstas no item 5.2.
c) Utilização de revestimentos de cor clara nas coberturas e fachadas, para reflexão dos raios solares, e
consequente redução da carga térmica nestas superfícies, com o objetivo de melhorar o conforto
ambiental e reduzir a necessidade de climatização. Deve ser avaliada ainda a opção de implantar a
cobertura verde.
d) Emprego de tintas à base de água, livre de compostos orgânicos voláteis, sem pigmentos à base de
metais pesados, fungicidas sintéticos ou derivados de petróleo.
f) Fixação de critérios para projeto arquitetônico baseados nas definições da NBR 15.220, que levem em
consideração os melhores parâmetros, com base nas definições de zonas bioclimáticas estabelecidas na
norma, de forma a evitar a insolação profunda e permitir a iluminação e ventilação naturais.
h) Apresentação de projeto para implantação de canteiro de obras organizado, com critérios mais
sustentáveis do ponto de vista ambiental, no qual conste, por exemplo, o reuso de água, o
reaproveitamento da água de chuvas e dos resíduos sólidos produzidos e a separação dos não
reutilizáveis para descarte.
o) Emprego de pisos externos que favoreçam a infiltração das águas da chuva no solo, de forma a não
sobrecarregar o sistema de coleta de águas pluviais.
q) Prioridade para emprego de mão de obra, materiais, tecnologias e matérias-primas de origem local
para execução, conservação e operação das obras.
b) Separação da rede de esgoto em água cinza e água negra, visando ao reuso de água cinza.
c) Utilização de equipamentos economizadores de água, com baixa pressão, tais como torneiras com
arejadores, com sensores ou de fechamento automático, sanitários com sensores ou com válvulas de
descarga com duplo acionamento ou a vácuo.
d) Adoção de sistema de irrigação que reduza o consumo de água, tais como gotejamento, por micro
aspersão ou mecanismo eletrônico programável para irrigação automática.
a) Emprego de energia solar ou outra energia limpa para aquecimento de água, iluminação e outros fins,
cujo rendimento e custo se mostrem viáveis, com utilização de equipamentos aprovados pelo Programa
Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro e escolhidos entre os mais eficientes.
d) Utilização da Norma ABNT NBR 15920:2011 como referência para dimensionamento econômico
dos cabos elétricos com base em perdas por efeito joule.
Para garantir a acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida tais como idosos,
gestantes, obesos, devem ser observados os requisitos previstos na ABNT NBR 9050:2004, dentre os quais:
a) Construção de rampas com inclinação adequada para acesso dos pedestres e plataforma de transporte
vertical para passageiros com dificuldades de locomoção;
b) Adequação de sanitários;
d) Reserva de espaço para pessoa em cadeira de rodas e assentos para pessoa com mobilidade reduzida
nas salas de espera, auditórios, salas de audiência e similares;
f) Sinalização sonora para pessoas com deficiência visual, bem como sinalizações visuais acessíveis a
pessoas com deficiência auditiva, pessoas com baixa visão e pessoas com deficiência intelectual;
Em relação às condições de trabalho da mão de obra devem ser exigidos das empresas contratadas:
c) Adesão, por meio de cláusula contratual, ao “Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições
de Trabalho”, firmado entre o Governo Federal e as entidades patronais e representativas dos
trabalhadores no dia 1º de março de 2012, visando à aplicação e efetividade das Diretrizes nele
estabelecidas;
Pilhas e baterias; pneus; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista38; óleos
lubrificantes, seus resíduos e embalagens, bem como produtos eletroeletrônicos e seus componentes devem
observar o sistema de logística reversa nos termos da Lei nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, regulamentada pelo Decreto nº 7.404/2010. Deve ser incluída, no termo de referência e na
minuta de contrato, cláusula prevendo a obrigação da coleta, pela contratada, dos resíduos oriundos da
contratação, para fins de devolução ao fabricante ou importador, responsáveis pela sua destinação final
ambientalmente adequada.
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c) Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens devem observar a Resolução CONAMA nº 362/2005
e Acordo Setorial para a Implantação de Sistema de Logística Reversa de Embalagens Plásticas Usadas
de Lubrificantes.
II. Os cartuchos e/ou cilindros usados devem ser permutados, sempre que possível, por
suprimentos novos equivalentes, sem custo adicional, mediante relação de troca estabelecida
em função do número de unidades recolhidas pela contratada.
II. Destinação ambientalmente adequada dos resíduos dos suprimentos, devidamente licenciada
pelo órgão ambiental competente, a ser efetivada pelo fabricante ou importador do produto ou
por representante autorizado.