Você está na página 1de 121

Universidade de Pernambuco - UPE

Mestrado Profissional em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável - GDLS

Deyse das Graças Pereira da Silva Mendes

COMPRAS SUSTENTÁVEIS NO SETOR PÚBLICO: a integração de critérios


ambientais, sociais e econômicos ao processo de aquisição de bens e serviços da Justiça
do Trabalho

Recife
2014
Deyse das Graças Pereira da Silva Mendes

COMPRAS SUSTENTÁVEIS NO SETOR PÚBLICO: a integração de critérios


ambientais, sociais e econômicos ao processo de aquisição de bens e serviços da Justiça
do Trabalho

Dissertação submetida ao Mestrado


Profissional em Gestão do Desenvolvimento
Local Sustentável da Universidade de
Pernambuco, como requisito parcial à
obtenção do grau de Mestre em Gestão do
Desenvolvimento Local Sustentável, sendo
objeto de defesa oral perante banca
examinadora, em sessão pública.

Orientador: Prof. Dr. Ivo V. Pedrosa

Recife
2014
Deyse das Graças Pereira da Silva Mendes

COMPRAS SUSTENTÁVEIS NO SETOR PÚBLICO: a integração de critérios ambientais,


sociais e econômicos ao processo de aquisição de bens e serviços da Justiça do Trabalho

Dissertação submetida ao Mestrado


Profissional em Gestão do Desenvolvimento
Local Sustentável Universidade de
Pernambuco, como requisito parcial à
obtenção do grau de Mestre em Gestão do
Desenvolvimento Local Sustentável, sendo
objeto de defesa oral perante banca
examinadora, em sessão pública.

Aprovada em ___ de ____________________de 2014.

Banca Examinadora:

_______________________________________________
Profº. Dr. Luiz Márcio de Oliveira Assunção
Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável
Examinador Interno

_______________________________________________
Profº. Dr. Ericê Bezerra Correia
Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável
Examinador Interno

_______________________________________________
Prof. Dr. Ronaldo Faustino da Silva
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco
Examinador Externo
Este trabalho é pra você, Márcia, que partiu sem
perder a esperança de participar deste programa de
Mestrado e que, de certa forma, ingressou junto
comigo. Essa conquista é nossa, minha querida irmã!
AGRADECIMENTOS

Falar em agradecimento, em primeiro lugar me vem em mente Deus, que me socorre


nos momentos difíceis da vida e a quem agradeço por todas as glórias.
À Vozinha e a Mamãe, meus maiores exemplos de amor à vida.
A Zeildo, pelo incentivo permanente, pela compreensão, pelas discussões sobre os
temas estudados, pela cumplicidade, pelo amor que me dedica.
Aos meus filhos, Matheus e Aline, pela oportunidade de mostrar-lhes que nunca é
tarde para perseguir um sonho e realizá-lo.
Aos meus queridos irmãos, Yeda, José, Neulia, Márcia e Andrea por estarem perto de
mim em todos os momentos.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Ivo Vasconcelos Pedrosa, pela acolhida, pela confiança,
pelo incentivo, pelos ensinamentos, por não desistir de me orientar frente a tantas dificuldades
e não deixar de acreditar em mim, expresso o mais sincero agradecimento: MUITO
OBRIGADA!
Aos professores que integram o programa do mestrado pelos ensinamentos, pelas
calorosas discussões, que tanto contribuíram para abrir o leque dos meus conhecimentos.
Às novas amizades conquistadas na Turma 7 ao longo desses dois anos, em especial, a
Midiã e Renata, companheiras de todas as horas.
Aos funcionários do Programa de Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local
Sustentável da FCAP/UPE pelo apoio e pela atenção.
Aos sujeitos da pesquisa que gentilmente dispuseram seu tempo para responder aos
questionários e não se enfadaram em discutir o tema com interesse, o meu agradecimento
pelas discussões, esclarecimentos, pelos ensinamentos. Um agradecimento especial a Eduardo
e Ana Lylia, Pregoeiros do TRT 6ª Região. Obrigada!
E a todas as pessoas, que de alguma forma contribuíram para a realização deste estudo.
A vida muitas vezes envolve tensões entre valores
importantes. Isto pode significar escolhas difíceis.
Porém, necessitamos encontrar caminhos para
harmonizar a diversidade com a unidade, o
exercício da liberdade com o bem comum, objetivos
de curto prazo com metas de longo prazo. Todo
indivíduo, família, organização e comunidade têm
um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências,
as religiões, as instituições educativas, os meios de
comunicação, as empresas, as organizações não
governamentais e os governos são todos chamados a
oferecer uma liderança criativa. A parceria entre
governo, sociedade civil e empresa é essencial para
uma governabilidade efetiva.
(Sustentabilidade: o que é - o que não é,
Leonardo Boff).
RESUMO

Este trabalho tem como objetivos examinar a contribuição do Poder Judiciário Trabalhista
para a sustentabilidade mediante a exigência dos critérios adicionados em 2010 à Lei
8.666/1993, nos procedimentos licitatórios para as aquisições de bens e serviços; classificar os
principais aspectos que conduzem os participantes dos sistemas de compras governamentais,
em convergência de atitudes, à busca de produtos e serviços com características
ambientalmente sustentáveis; verificar as condições atuais da Justiça do Trabalho em relação
às compras sustentáveis; identificar as necessidades e limitações dos fornecedores para se
adaptarem às novas exigências de critérios de sustentabilidade e analisar as condições de a
política pública de compras sustentáveis estimular cada vez mais o mercado fornecedor e a
sociedade com uma orientação na direção do equilíbrio pretendido pelo modelo do
desenvolvimento sustentável. Foi realizado junto aos órgãos que compõem o Poder Judiciário
Trabalhista e os fornecedores de bens e serviços aos Tribunais do Trabalho. A revisão da
literatura incluiu os conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade, a partir de
autores como Sachs (1993, 2002), Bellen (2007), Leff (2006), Veiga (2013); e sobre as
licitações públicas, segundo Meireles (1998), Di Pietro (2012). Realizou-se pesquisa do tipo
quali-quantitativa, que envolveu estudos de campo e coleta de dados indiretos por pesquisa
bibliográfica e documental, analisando-se editais de licitação a partir de amostragem por
conveniência e aplicando-se questionários estruturados com os servidores envolvidos no
processo de aquisição de bens e serviços e com os fornecedores dos Tribunais do Trabalho.
Na análise dos dados foi possível identificar que a Administração Pública utiliza a licitação
como política pública para a promoção do desenvolvimento sustentável; contudo ainda carece
de capacitação e treinamento dos servidores envolvidos com o processo de aquisição de bens
e serviços para o reconhecimento da importância da realização das licitações sustentáveis para
o cumprimento da lei e a efetiva promoção do desenvolvimento sustentável.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Compras Públicas Sustentáveis. Licitações Públicas.


ABSTRACT

This project has the objectives to examine the contribution of the Judiciary Labour to
sustainability by requiring the criteria added in 2010 to the Law 8666/1993, in tender
procedures for the procurement of goods and services; to classify the main aspects that guide
the participants of the government buying systems, in converging attitudes, in the seeks of
products and services with environmental sustainable characteristics; to verify the current
conditions of the Labor Justice relating to sustainable buying; to identify the needs and
limitations for the suppliers to adapt to the new sustainability criteria requirements and
analyze the conditions of the public policy of encouraging sustainable procurement
increasingly the supplier market and the society focused on the direction of the balance
intended by the sustainable development model. The project was made together with the
organs that compose the Labor Judiciary Power and the Working Court suppliers of goods
and services. The literature review included the concepts of sustainable development and
sustainability, starting from authors such as Sachs (1993, 2002), Bellen (2007), Leff (2006),
Veiga (2013); and about public bidding, authors like Meireles (1998), Di Pietro (2012). A
quali-quantitave research was made involving field studies and indirect data collecting for
bibliography and documentary research, analyzing bidding notices from convenience
sampling and applying questionnaires structured with officers involved in the acquisition of
goods and services and with the Working Court suppliers. When the data was analyzed, it was
possible to identify that the Public Administration uses the bids as public policy to the
promotion of sustainable development; however, it still needs training of the servers involved
in the process of acquiring goods and services for the recognition of the importance of the
realization of sustainable bids for law enforcement and the effective promotion of the
sustainable development.

Keywords: Sustainability. Sustainable public sector buying. Public bidding.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 18
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................. 18
2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................ 18
3 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 19
3.1 O Desenvolvimento Sustentável e o equilíbrio entre desenvolvimento econômico,
cuidado com o meio ambiente e justiça social ...................................................................... 19
3.1.1 Meio ambiente e consumo sustentável ........................................................................... 28
3.1.2 A Administração Pública e o poder de compra do Estado ............................................ 31
3.1.3 Políticas públicas para as contratações sustentáveis no Brasil .................................... 33
3.2 Aspectos jurídicos relativos às compras públicas sustentáveis no Brasil .................... 36
3.3 O procedimento para as compras públicas: licitação como regra ............................... 42
3.4 A Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P) e as licitações sustentáveis .. 49
3.5 Guias de inclusão de critérios de sustentabilidade em contratações públicas do Brasil
.................................................................................................................................................. 51
3.5.1 Guia de compras públicas sustentáveis: uso do poder de compra do governo para a
promoção do desenvolvimento sustentável ............................................................................. 51
3.5.2 Guia de Compras Públicas Sustentáveis para Administração Federal ........................ 52
3.5.3 Guia Prático de Licitações Sustentáveis do Núcleo de Assessoramento Jurídico em
São Paulo - AGU ..................................................................................................................... 52
3.5.4 Guia de inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações da Justiça do
Trabalho ................................................................................................................................... 53
3.6 Uma visão panorâmica sobre compras públicas sustentáveis no mundo .................... 55
3.7 A Justiça do Trabalho e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável por
meio das compras públicas sustentáveis ............................................................................... 57
3.7.1 A estrutura da Justiça do Trabalho no Brasil ............................................................... 57
3.7.2 As compras públicas sustentáveis da Justiça do Trabalho no Brasil ........................... 60
4 MÉTODOS DE PESQUISA ............................................................................................... 65
4.1 Pesquisa Bibliográfica ...................................................................................................... 66
4.2 Pesquisa Documental........................................................................................................ 66
4.3 Pesquisa de Campo ........................................................................................................... 67
4.4 Limitações da pesquisa..................................................................................................... 69
4.5 Aspectos éticos da pesquisa.............................................................................................. 70
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 71
5.1 O questionário aplicado a gestores de licitações, pregoeiros e membros de comissões
de licitação dos Tribunais Regionais do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho 72
5.2 O questionário aplicado aos fornecedores dos Tribunais Regionais do Trabalho e do
Tribunal Superior do Trabalho ............................................................................................ 79
5.3 Os editais de licitação dos Tribunais Regionais do Trabalho e do Tribunal Superior
do Trabalho, à luz do Guia de inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações
da Justiça do Trabalho ........................................................................................................... 86
6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 88
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 90
APÊNDICE A - Questionário 1 - gestores de licitações, pregoeiros, membros de
comissões de licitação - TRTs e TST ..................................................................................... 97
APÊNDICE B - Questionário 2 – Fornecedores de bens e serviços aos Tribunais
Regionais do Trabalho e ao Tribunal Superior do Trabalho ............................................. 99
ANEXO A - Resolução n° 103, de 25 de maio de 2012, do Conselho Superior da Justiça
do Trabalho ........................................................................................................................... 101
ANEXO B - Guia de inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações da
Justiça do Trabalho .............................................................................................................. 104
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Esquema do tripé da sustentabilidade 21


Figura 2 As dimensões da sustentabilidade 24
Quadro 1 Abordagem da agenda 21 brasileira 27
Quadro 2 Modelo de sustentabilidade empresarial 30
Gráfico 1 Valor das compras de licitações sustentáveis e não sustentáveis 32
Figura 3 Ciclo dos processos do Programa ICLEI - Procura+ 37
Figura 4 Modalidades de licitação 45
Figura 5 Eixos temáticos da A3P 47
Quadro 3 Descrição dos eixos temáticos da A3P 48
Figura 6 Forças-tarefa de implementação da PCS 53
Quadro 4 Objetivos específicos e o método da pesquisa 63
Quadro 5 Documentos pesquisados 64
Quadro 6 População da pesquisa - Tribunais 70
Gráfico 2 Conhecimento da alteração da Lei Geral de Licitações para inserir
a promoção do desenvolvimento nacional sustentável como
71
finalidade da licitação

Gráfico 3 Conhecimento do Guia de contratações sustentáveis da JT 72


Gráfico 4 Inclusão de critérios de sustentabilidade nos editais de licitação 73
Gráfico 5 Percepção de que a inclusão de critérios de sustentabilidade
contribui para o DS 73
Gráfico 6 Critérios de sustentabilidade x aumento dos custos 73
Gráfico 7 Percepção de que a inclusão de critérios de sustentabilidade
restringe a competitividade 74
Gráfico 8 Adequação do mercado às exigências de critérios de
sustentabilidade nas contratações 74
Gráfico 9 Informação aos licitantes de que o edital da licitação contém
critérios de sustentabilidade 75
Gráfico 10 Exigência da prática da logística reversa 75
Gráfico 11 Destinação final de pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes 76
Gráfico 12 Aquisição de papel reciclado 76
Gráfico 13 Acesso à informação sobre a licitação 79
Gráfico 14 Conhecimento da alteração da Lei Geral de Licitações para inserir
a promoção do desenvolvimento nacional sustentável como 79
finalidade da licitação
Gráfico 15 Conhecimento do Guia de contratações sustentáveis da JT 80
Gráfico 16 Participação em licitações sustentáveis da JT 80
Gráfico 17 Percepção de que a inclusão de critérios de sustentabilidade
aumenta os preços propostos 81
Gráfico 18 Inclusão de critérios de sustentabilidade nos editais de licitação 81
Gráfico 19 Participação de empresas em licitações sustentáveis 81
Gráfico 20 Adequação das empresas aos critérios de sustentabilidade 82
Gráfico 21 Prática da logística reversa 82
Gráfico 22 Inclusão de critérios de sustentabilidade nos editais de licitação 83
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Orçamento da Justiça do Trabalho - 2014 56


Tabela 2 Valores de licitações com critérios de sustentabilidade 57
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

10YFP 10 Year Framework Program


A3P Agenda Ambiental na Administração Pública
ACV Análise do Ciclo de Vida
AGU Advocacia Geral da União
CGU Consultoria Jurídica da União
CF Constituição Federal
CISAP Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração
Pública
CMMAD Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
CNUMAD Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CPS Compras Públicas Sustentáveis
CSJT Conselho Superior da Justiça do Trabalho
DOU Diário Oficial da União
FGV Fundação Getúlio Vargas
GVces Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração
de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas
ICLEI Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais
(Governos Locais para a Sustentabilidade)
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
ISA Índice de Sustentabilidade Ambiental
ISO Organização Internacional para Normalização
(International Organization for Standardization)
JT Justiça do Trabalho
LACS Secretariado para América Latina e Caribe do ICLEI
LC Lei Complementar
MMA Ministério do Meio Ambiente
MPOG Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
ONU Organização das Nações Unidas
PCS Produção e Consumo Sustentáveis
PIB Produto Interno Bruto
PNMC Política Nacional sobre Mudança do Clima
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
RSC Responsabilidade Socioambiental Corporativa
SAEB Secretaria de Administração do Estado da Bahia
SIASG Sistema Integrado de Administração e Serviços Gerais
SISG Sistema de Serviços Gerais
SLTI Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão
STF Supremo Tribunal Federal
TBL Triple Bottom Line
TCU Tribunal de Contas da União
TRT Tribunal Regional do Trabalho
TST Tribunal Superior do Trabalho
15

1 INTRODUÇÃO

Como qualquer organização, a Administração Pública adquire bens e serviços para o


funcionamento de suas atividades. E o faz, como regra, por meio de licitação.
O procedimento licitatório constitui ato administrativo de seleção, através de
habilitação de proponentes e julgamento objetivo de propostas, de candidatos aptos a celebrar
contratos com a Administração Pública (SOUTO, 2004). E neste processo deverão ser
observados os princípios que o instruem. A Administração deve buscar as melhores condições
no mercado para atendimento do interesse público, por meio do processo licitatório.
Nos termos do art. 225 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), o Estado tem o
dever, juntamente com a coletividade, de proteger o meio ambiente para as atuais e para as
futuras gerações. Neste sentido, o interesse público exige atitudes que promovam o
desenvolvimento sustentável, por se tratar de um modelo que tem o intuito de minimizar os
impactos gerados pelas atividades antrópicas, com benefícios à vida como um todo. Embora
busque contribuir para a solução de um problema global, essa contribuição encontra-se no
âmbito local.
Do acordo com Biderman et al. (2008), as demandas governamentais de todas as
esferas de governo são capazes de desencadear mudanças significativas nos processos
produtivos e nos hábitos de consumo da sociedade; e, desta forma, exercer o papel de indutor
para as transformações necessárias para o desenvolvimento sustentável. E os autores
observam, ainda, que diversos países, especialmente na Europa, já dispõem de políticas
avançadas que incentivam e promovem o consumo sustentável e estimulam essa prática por
parte das autoridades públicas (BIDERMAN et al., 2008).
Considerando-se o Poder Público um grande consumidor e um grande investidor, dado
o volume dos recursos orçamentários que movimenta, vislumbram-se as compras públicas
sustentáveis como a oportunidade de se transformar o conjunto dos entes da Federação na
locomotiva do processo de promoção do desenvolvimento nacional sustentável preconizado
no art. 3° da Lei de Licitações (BRASIL, 1993):

Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da


isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção
do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita
conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da
vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são
correlatos. (Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010) (grifo da autora).
16

Pereira Júnior e Dotti (2009, p. 31) ensinam que:

A norma constitucional que estabelece o dever de licitar traduz política pública na


medida em que pressupõe ser a competição seletiva isonômica aquela que habilita a
Administração Pública, consultado o mercado, à identificação da proposta mais
favorável à prestação de serviços, à execução de obras, à compra ou à alienação de
bens. A competição reduz o risco da formação de cartéis e superiormente atende aos
princípios nomeados na cabeça do art. 37 da CR/88.

Considerando o dever de licitar como política pública e a promoção do


desenvolvimento nacional sustentável como um dos objetivos da licitação, nos termos do art.
3° da Lei de Licitações e Contratos (BRASIL, 1993), vislumbrou-se que o tema desta
pesquisa apresenta-se em total consonância com a área de concentração do Mestrado, por
trazer o aprimoramento de uma política pública - as compras públicas sustentáveis - quanto ao
seu objetivo maior que é o desenvolvimento sustentável, já que a inserção de critérios de
sustentabilidade nas licitações públicas advém do interesse público de cuidar dos interesses
dos cidadãos e de estabelecer a licitação sustentável como um instrumento de concretização
da cidadania e de proteção dos direitos fundamentais.
Nesta vertente, a presente pesquisa se propõe a responder ao seguinte questionamento:
como a Justiça do Trabalho vem desenvolvendo sua política de compras sustentáveis?
Isto porque as políticas públicas são ferramentas de intervenção do Estado na
sociedade com o intuito de promover o bem comum.
O programa de mestrado profissional visa, entre os seus principais objetivos, a
desenvolver ações voltadas à pesquisa aplicada e à obtenção de resultados práticos, que
possam ser revertidos em prol da sociedade, por meio da qualificação dos quadros
profissionais existentes. Enfatiza-se a relevância desta pesquisa para a atuação profissional da
pesquisadora, que é servidora pública e coordena as licitações e contratos do Tribunal
Regional do Trabalho da Sexta Região, tendo o tema proposto como parte de seu cotidiano no
ambiente profissional.
Contribuiu para a opção da pesquisa, ainda, o fato de a Justiça do Trabalho ter
implantado a política de compras públicas sustentáveis com a produção de um guia próprio,
aprovado por meio da Resolução n° 103/2012, para incluir critérios de sustentabilidade na
descrição dos bens e serviços que são adquiridos para o funcionamento dos órgãos que a
compõem. O referido guia já está em sua segunda edição (CSJT, 2014).
Para esta pesquisa, a discussão acerca das compras sustentáveis no setor público com a
integração de critérios ambientais, sociais e econômicos ao processo de aquisição de bens e
17

serviços foi desenvolvida a partir do eixo teórico-conceitual do desenvolvimento sustentável e


da sustentabilidade (em suas dimensões econômica, ambiental e social), da administração
pública, da licitação e das compras sustentáveis; tendo como base empírica as compras
realizadas pela Justiça do Trabalho no Brasil, a partir da análise de seus editais de licitação e
das respostas aos questionários dirigidos aos gestores de licitação e aos fornecedores de bens
e serviços aos órgãos da Justiça do Trabalho. Procurou-se estabelecer relações entre
sustentabilidade ambiental, econômica e social e os bens e serviços adquiridos pelos órgãos
da Justiça do Trabalho, no que se refere ao objetivo legal de promover o desenvolvimento
nacional sustentável estabelecido por força do artigo 3° da Lei de Licitações (BRASIL, 1993).
Esta alteração da lei de licitações, segundo Barki (2011), representa o marco legal que define
o papel do Estado como consumidor em defesa da sustentabilidade, ao introduzir no direito
brasileiro o regramento geral de promover o desenvolvimento sustentável como uma das
finalidades da licitação.
A pesquisa realizada foi do tipo quali-quantitativa e envolveu estudos de campo e
coleta de dados indiretos por pesquisa bibliográfica e documental, analisando-se editais de
licitação a partir de amostragem por conveniência e aplicando-se questionários estruturados
com os servidores envolvidos no processo de aquisição de bens e serviços e com os
fornecedores dos Tribunais do Trabalho.
O presente trabalho encontra-se estruturado em seis capítulos, a partir desta
introdução, em que se apresenta a contextualização e justificativa do estudo; seguida dos
objetivos geral e específicos; o terceiro capítulo trata da revisão da literatura, onde foram
apresentados temas relacionados ao desenvolvimento sustentável e sustentabilidade, com foco
no equilíbrio necessário entre o desenvolvimento econômico, o cuidado com o meio ambiente
e a justiça social; a Administração Pública e o poder de compra do Estado, as políticas
públicas para as contratações sustentáveis, as licitações e a agenda ambiental na
Administração Pública; a apresentação da estrutura da Justiça do Trabalho no Brasil, para
onde recaiu a pesquisa de campo, e a promoção do desenvolvimento sustentável. No capítulo
seguinte (4) descreveram-se os métodos de pesquisa e o seu aspecto ético, para, em seguida,
apresentar os resultados obtidos e a respectiva discussão (5) e o sexto capítulo trata da
conclusão da pesquisa.
18

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar a contribuição do Poder Judiciário Trabalhista para a sustentabilidade


mediante a exigência dos critérios adicionados em 2010 à Lei 8.666/1993, nos procedimentos
licitatórios para as aquisições de bens e serviços.

2.2 Objetivos Específicos

1 Classificar os principais aspectos que conduzem os participantes dos sistemas de


compras governamentais, em convergência de atitudes, à busca de produtos e serviços com
características ambientalmente sustentáveis;

2 verificar as condições atuais da Justiça do Trabalho em relação às compras


sustentáveis;

3 identificar as necessidades e limitações dos fornecedores para se adaptarem às novas


exigências de critérios de sustentabilidade;

4 analisar as condições de a política pública de compras sustentáveis estimular cada


vez mais o mercado fornecedor e a sociedade com uma orientação na direção do equilíbrio
pretendido pelo modelo do desenvolvimento sustentável.
19

3 REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo trata dos principais temas que dão suporte à pesquisa, tais como o
desenvolvimento sustentável e sustentabilidade, a Administração Pública e o poder de compra
do Estado, a regulação ambiental, o consumo sustentável; as políticas públicas para as
contratações sustentáveis; o procedimento da licitação pública e a apresentação da Justiça do
Trabalho.

3.1 O Desenvolvimento Sustentável e o equilíbrio entre desenvolvimento econômico,


cuidado com o meio ambiente e justiça social

A história da humanidade registra episódios de relação de poder, com conquistas de


territórios e dominação de povos e nações habitantes da Terra, sob a crença de que "as plantas
foram criadas para o bem dos animais e esses para o bem dos homens", numa clara menção de
que a natureza existia unicamente para servir os interesses humanos. Dos recursos naturais
provinha diretamente o alimento, o vestuário, o transporte. Não havia preocupação no sentido
de que algum dia esses recursos naturais se tornariam escassos ou deixariam de existir
(THOMAS, 2010, p. 21).
Com o processo de industrialização, passou-se de uma economia feudal e rural para
uma economia pautada na produção industrial e de grande escala; e, à medida que a produção
aumentava, crescia a extração de recursos naturais para a demanda por novos bens.
Começaram a surgir, então, reações às destruições causadas ao meio ambiente, em oposição
às correntes que se alinhavam ao produtivismo (CASAGRANDE Jr.; AGUDELO, 2012). O
desequilíbrio decorrente do enfoque primordial ao aspecto econômico do desenvolvimento
passou a ser preocupação de muitos agentes, indivíduos, governos, organizações
internacionais, entidades da sociedade civil, entre outros (BARBIERI et al., 2010).
As ações voltadas para o crescimento econômico levaram ecologistas, políticos,
economistas e instituições a exigirem dos governos decisões de assumirem a responsabilidade
pelos danos causados às pessoas e ao meio ambiente, como foi o caso da publicação do livro
Primavera Silenciosa, em que a autora, já em 1962, chamava a atenção para o fato de que a
saúde pública e o meio ambiente humano e natural são inseparáveis1 e os governos e

1
No livro Primavera Silenciosa, a autora, Rachel Carson, aponta para os danos provocados pelo uso de
substâncias que se acumulam nos tecidos das plantas, dos animais e dos seres humanos, com potencial para
alterar a estrutura genética dos organismos.
20

sociedade devem atuar cientes de que as atividades econômicas alteram o meio ambiente e
que os recursos naturais não são inesgotáveis (CARSON, 2010).
Neste contexto, o Clube de Roma2 contratou um estudo considerado um marco para a
discussão sobre desenvolvimento porque colocou o problema da finitude dos recursos naturais
no debate econômico. A obra, denominada "Os limites do Crescimento3", publicada em 1972,
na Conferência de Estocolmo, concluiu que os limites do crescimento do planeta seriam
alcançados em cem anos se fossem mantidos os processos de industrialização, produção de
alimentos, poluição, consumo de recursos naturais e crescimento da população. Esse relatório
reacendeu o debate em torno do futuro da humanidade e do planeta Terra, registrando-se as
grandes preocupações comuns na década de 1980, que envolviam a ameaça da sobrevivência
da humanidade e a busca pelo desenvolvimento sustentável, avaliando-se o papel da economia
internacional para a manutenção da vida na Terra. Discutiu-se na Conferência de Estocolmo o
chamado "desenvolvimento zero" defendido pelos países industrializados contra o apelo para
o "desenvolvimento a qualquer custo" aclamado pelos países dito subdesenvolvidos, que
tinham sua base econômica amparada na industrialização (SACHS, 2002).
Para Sachs (2002), mesmo sendo rejeitada a tese do crescimento zero na Conferência
de Estocolmo e considerado que desenvolvimento e meio ambiente não são incompatíveis, a
consciência mundial ainda não havia chegado a uma conclusão lógica de como proceder, na
prática, a essa compatibilidade.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), implantado em
1972, criou, então, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CMMAD), em 1983, e tinha em mente as diretivas da Conferência das Nações Unidas sobre
o Meio Ambiente Humano, que levou os países em desenvolvimento e os industrializados a
delinearem em conjunto o reconhecimento de que as pessoas tinham direito a um meio
ambiente saudável e produtivo. E outras reuniões ocorreram para tratar dos direitos das
pessoas a uma alimentação adequada, a ter moradias dignas, água de boa qualidade, entre
outros. Observou-se que os cuidados relativos ao bem-estar das pessoas foram deixados em
segundo plano, à vista dos problemas ligados à própria sobrevivência do homem

2
O Clube de Roma, fundado em 1968 por Aurélio Peccei e Alexander King, é uma organização sem
fins lucrativos, que ficou conhecida pelo estudo encomendado a um grupo de pesquisadores do MIT sobre as
tendências e os problemas econômicos que ameaçavam a sociedade global, no ano de 1970. Disponível em:
<http://www.clubderoma.org.ar/pt/apresentacao.html>.
3
"Os Limites do Crescimento" título é um livro escrito em 1972, sob coordenação de Donella
Meadows, que modelou as consequências do crescimento rápido da população mundial considerando os recursos
naturais limitados (CORAZZA, 2005).
21

consubstanciados no aquecimento global, nas ameaças à camada de ozônio da Terra, à


desertificação de terras de cultivo. Acertadamente, a CMMAD considerou que "o meio
ambiente não existe como uma esfera desvinculada das ações, ambições e necessidades
humanas". O documento elaborado pela CMMAD ficou conhecido como Relatório
Brundtland4 e trata de ações internacionais para mudança do cenário (NOSSO FUTURO
COMUM, 1988). As diretrizes recomendadas à CMMAD, como demonstrado no Prefácio da
presidente, foram:

 propor estratégias ambientais de longo prazo para obter um desenvolvimento


sustentável por volta do ano 2000 e daí em diante;
 recomendar maneiras para que a preocupação com o meio ambiente se
traduza em maior cooperação entre os países em desenvolvimento e entre países em
estágios diferentes de desenvolvimento econômico e social e leve à consecução de
objetivos comuns e interligados que considerem as inter-relações de pessoas,
recursos, meio ambiente e desenvolvimento;
 considerar meios e maneiras pelos quais a comunidade internacional possa
lidar mais eficientemente com as preocupações de cunho ambiental;
 ajudar a definir noções comuns relativas a questões ambientais de longo
prazo e os esforços necessários para tratar com êxito os problemas da proteção e da
melhoria do meio ambiente, uma agenda de longo prazo a ser posta em prática nos
próximos decênios, e os objetivos a que aspira a comunidade mundial (NOSSO
FUTURO COMUM, 1988, p.XI).

Foi a primeira vez que se utilizou o conceito de desenvolvimento sustentável como


aquele capaz de suprir as necessidades atuais das pessoas sem comprometer as necessidades
das gerações futuras no documento intitulado "Nosso Futuro Comum".
Segundo o relatório,

[...] Desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a


exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do
desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o
potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações futuras.
[...] é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades
(NOSSO FUTURO COMUM, 1988, p. 9).

Contudo, o movimento do desenvolvimento sustentável continuou recebendo críticas


de variadas correntes ambientalistas, em grande parte porque fora impulsionado por empresas
multinacionais, segmento que havia rejeitado a ideia do que Ignacy Sachs anos antes

4
Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório Brundtland foi apresentado à Assembleia
Geral da Organização das Nações Unidas - ONU - por ocasião do encontro da Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento - CMMAD - em 1987 e recebeu o nome em homenagem a primeira ministra da
Noruega, Harlem Gro Brundtland, que presidia a Comissão (NOSSO FUTURO COMUM, 1988).
22

denominara de ecodesenvolvimento5, proposta de visão solidária, de longo prazo, que abrange


toda a humanidade e valoriza os espaços de autonomia local (BARBIERI et al., 2010).
Mesmo recebendo críticas, o relatório Brundtland obteve uma rápida repercussão
internacional. E isto, como ressalta Casagrande Jr e Agudelo (2012), porque o
desenvolvimento sustentável propõe uma revisão das prioridades das políticas
desenvolvimentistas de crescimento econômico baseado na produção industrial e no consumo
de bens, no sentido de estimular a produção de bens que possibilitem o conforto de todos e
que agridam menos o meio ambiente natural e a sociedade, de tal maneira que as necessidades
das atuais e as futuras gerações possam ser atendidas.
Conforme assevera Veiga (2013), o desenvolvimento sustentável está relacionado a
transformações no estilo de vida das pessoas, não apenas no sentido ecológico; mas mudanças
que incluem a participação política, o exercício da cidadania, o envolvimento para mitigar
problemas sociais, como o desemprego e a violência. Daí o caráter multidisciplinar do
desenvolvimento sustentável, que exige a participação de especialistas de todas as áreas das
atividades humanas.
Segundo Xavier (2011), no desenvolvimento sustentável busca-se a harmonização dos
conceitos de crescimento econômico com o de desenvolvimento social e ambiental, não
existindo apenas um caminho para o desenvolvimento.
Barbieri et al. (2010) chamam a atenção para a rápida adesão ao movimento do
desenvolvimento sustentável por parte dos mais variados setores do empresariado, ao menos
no discurso. E segue afirmando que essa adesão das empresas ao desenvolvimento sustentável
vem inicialmente de fora para dentro, como um meio de se contrapor às críticas e objeções ao
papel das empresas feitas por incontáveis entidades governamentais e da sociedade civil
organizada, em face dos processos de degradação social e ambiental que atingiam todo o
planeta. Mas ressalta que fazer parte do desenvolvimento sustentável passou a ser fator de
competitividade das empresas. Desta forma, começaram a ser substituídas práticas antigas por
outras que traduzem os princípios, objetivos e diretrizes do desenvolvimento sustentável.
Pereira, Silva e Carbonari (2011), ressaltam que as empresas, para indicar os
resultados desejados, sob a perspectiva do desenvolvimento sustentável, vêm utilizando o

5 Ecodesenvolvimento. Conceito lançado por Ignacy Sachs, que deu origem ao conceito de
desenvolvimento sustentável. Propõe um tipo de desenvolvimento específico para cada ecorregião, buscando
soluções específicas para seus problemas particulares, levando em consideração a ecologia e cultura locais, além
das necessidades imediatas e de longo prazo (CASAGRANDE Jr.; AGUDELO, 2012).
23

modelo conhecido por Triple Bottom Line6, que envolve três aspectos: atividade
economicamente
camente viável, socialmente justa e ecologicamente correta - o chamado Tripé da
Sustentabilidade:

As organizações têm
t m procurado modificar seus modelos de negócios com base no
tripé da sustentabilidade. Na prática, isso significa a criação de produtos e serviços
s
que contribuam efetivamente para a melhoria da performance socioambiental dos
seus públicos internos e externos, finalmente percebidos como relevantes para os
seus resultados operacionais.

De acordo com Ashley (2005) apud Seixas (2012), a mudança no comportamento


ético das organizações é consequência da pressão do mercado globalizado, que leva as
decisões empresariais a se alicerçarem cada vez mais em valores morais rigorosos e
universalmente aceitos como apropriados, abandonando o que ficou conhecido
conhec como
maquiagem verde7.
A figura 1 apresenta o esquema do tripé da sustentabilidade, que sugere o equilíbrio de
três aspectos fundamentais para se atingir o desenvolvimento sustentável: econômico, social e
ambiental.

Figura 1 - Esquema
squema do tripé da sustentabilidade
sust

Fonte: Mauerhofer (2008) apud Marconatto et al.(2013).

6
Triple Bottom Line - tripé da sustentabilidade, também chamado de People, Planet, Profit corresponde
aos resultados de uma organização
nização medidos em termos sociais, ambientais e econômicos,
econômicos que são apresentados
nos relatórios corporativos das empresas comprometidas com o desenvolvimento desen sustentável
(MASCARENHAS, 2013).
7
Maquiagem verde pode ser entendida como a adoção de práticas a fim de deixar produtos e serviços
supostamente mais adequados à implementação do marketing sustentável (REVISTA DO MEIO AMBIENTE.
Disponível em: <http://www.revistadomeioambiente.org.br/capa/126
http://www.revistadomeioambiente.org.br/capa/126-os-sete-pecados
pecados-da-maquiagem-verde-
empresarial>.
>. Acesso em 30 set. 2014).
2014)
24

Veiga (2013) enfatiza que o modelo impõe ao sistema econômico e ao social a


obrigação de respeitar os limites do sistema mais amplo em que estão inseridos, a fim de
garantir as condições de vida no planeta.
Barbosa (2007) apud Mascarenhas (2013) observa que os componentes fundamentais
para o desenvolvimento sustentável consistem no crescimento econômico, na proteção ao
meio ambiente e na igualdade social; fundamentos que estão diretamente vinculados à
mudança do paradigma das empresas, que visavam unicamente o lucro e passaram por uma
concepção de desenvolvimento sustentável, dando origem ao TBL ou Triple Bottom Line da
Sustentabilidade.
Em 1992, foi realizada no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas para o
Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida por Rio-92 ou Cúpula da Terra, considerada a
segunda conferência mais importante sobre meio ambiente depois da Conferência de
Estocolmo, realizada em 1972. Observam Casagrande Jr e Agudelo (2012), que a Rio-92
apresentou uma significativa evolução ao cobrar a responsabilidade dos países desenvolvidos
com as questões socioambientais globais, que foram registradas no documento intitulado
Agenda 218 e que indica ações concretas a serem realizadas até o século XXI para a promoção
do desenvolvimento sustentável. Também resultaram da Conferência Rio-92 outros acordos
como a Declaração do Rio, a Convenção sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre
Mudanças Climáticas, da qual o Protocolo de Kyoto9 faz parte.
As discussões sobre o desenvolvimento sustentável não cessaram. Em 1997 foi
realizada a Rio+5, no Rio de Janeiro, contando com a participação de pouco mais de oitenta
países. Nessa conferência, foi apontado o não cumprimento dos acordos sobre mudança
climática, poluição dos mares, entre outros. E, no ano de 2002, aconteceu em Joanesburgo, na
África do Sul, a Conferência Rio+10, com a proposta de indicar medidas práticas para
implantação da Agenda 21, em escala mundial. Contudo, como o próprio conceito de
desenvolvimento sustentável gera muitas interpretações divergentes, não obteve sucesso.

8
Agenda 21 é um conjunto de diretrizes para tratar as questões sociais, ambientais e produtivas nas
nações que fizeram parte da Rio-92. Um instrumento de planejamento para a construção de sociedades
sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e
eficiência econômica, além de representar uma tentativa de produzir um manual para um novo padrão de
desenvolvimento, traduzindo em projetos o conceito de desenvolvimento sustentável (CASAGRANDE Jr;
AGUDELO, 2012; MMA, 2014).

9 O Protocolo de Kyoto é um compromisso voluntário de reduzir em 5% as emissões de gases de efeito


estufa – GEEs, no período de 1990 até 2012. Entrou em vigor apenas em 2005, com a adesão de 55 países, tendo
os Estados Unidos se retirado das negociações (CASAGRANDE Jr.; AGUDELO, 2012).
25

A grande divergência de opiniões da época girava em torno mesmo do conceito de


desenvolvimento sustentável, como asseveram Casagrande Jr. e Agudelo (2012):

Nos países ricos, a produção e o consumo são defendidos como prosperidade


constante e, por isso, esses países entram em choque com aqueles que defendem a
proteção ambiental. Já nos países pobres, o foco está na luta contra a pobreza, pois
grande parte da população ainda não tem suas necessidades básicas atendidas.

Para o ano de 2012, foi reservada a Conferência Rio+20, realizada no Rio de Janeiro,
que contou com um evento paralelo chamado de Cúpula dos Povos. Registrou-se um aumento
na participação dos empresários e do setor privado que se comprometeram a usar os recursos
naturais de forma responsável, com a assinatura de 220 compromissos voluntários assinados
por aproximadamente 1.500 empresas de sessenta países, presentes no evento paralelo da
ONU organizado para o setor privado. As críticas aos resultados do evento concentram-se no
fato de os principais líderes das grandes potências mundiais não estarem presentes na
conferência. Todavia, considerou-se que:

[...] apesar de o acordo oficial estar longe de garantir mudanças necessárias nas
políticas globais em relação ao esperado desenvolvimento sustentável pode-se
constatar uma grande mobilização da sociedade civil, também, de parte do setor
privado, que vem a cada ano implantando soluções locais sustentáveis, perseverando
na busca do equilíbrio socioambiental (CASAGRANDE Jr.; AGUDELO, 2012).

Veiga (2013) considera que o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA) sempre ofereceu fortes vantagens comparativas no monitoramento ambiental, na
avaliação e no compartilhamento de informações, mas suas limitações estruturais o tornaram
incapaz de ter visão e estratégia institucional de longo prazo; e acredita que ainda poderá
haver avanços consideráveis se forem cumpridos os oito compromissos incluídos no parágrafo
88 da declaração da Rio+20, denominada "O Futuro que Queremos":

1) adesão universal ao Conselho de Administração (em vez de apenas 58 países);


2) adequado e crescente aporte de recursos financeiros, além do orçamento regular
da ONU;
3) capacidade de coordenação e liderança de esforços para formular estratégia do
sistema sobre o meio ambiente;
4) forte interface ciência-política;
5) divulgar e compartilhar informações baseadas em evidências ambientais e
sensibilizar o público;
6) proporcionar capacitação para países, assim como apoio e facilitação de acesso à
tecnologia;
7) consolidar a sede em Nairóbi, reforçando sua presença regional;
8) garantir a participação ativa de todos os intervenientes relevantes, com base nas
melhores práticas e modelos de instituições multilaterais pertinentes, e explorar
26

novos mecanismos para promover a transparência e a participação efetiva da


sociedade civil.

Para Sachs (1993) a sustentabilidade é a forma como sistemas econômicos dinâmicos


se relacionam com sistemas ecológicos maiores, e também dinâmicos, embora com mudanças
mais lentas; nos quais, a vida humana pode continuar indefinidamente, os indivíduos podem
prosperar e as culturas humanas podem se agregar.

Figura 2 - As dimensões da sustentabilidade

Fonte: Sachs (1993) apud Campos (2001).

Sachs (1993) propõe diferentes dimensões para a sustentabilidade:

a) Sustentabilidade social: o processo deve acontecer de maneira que reduza,


substancialmente, as diferenças sociais, e considerar o desenvolvimento em sua
multidimensionalidade, abrangendo todo o espectro de necessidades materiais e não
materiais.

b) Sustentabilidade econômica: define-se por uma alocação e gestão mais eficientes


dos recursos e por um fluxo regular do investimento público e privado.

c) Sustentabilidade ecológica: compreende o uso dos potenciais inerentes aos


variados ecossistemas compatíveis com sua mínima deterioração. Deve permitir que a
natureza encontre novos equilíbrios através de processos de utilização que obedeçam a
seu ciclo temporal. Implica, também, preservar as fontes de recursos energéticos e
naturais.

d) Sustentabilidade espacial/geográfica: pressupõe evitar a excessiva concentração


geográfica de populações, de atividades e do poder. Busca uma relação mais
equilibrada cidade/campo.
27

e) Sustentabilidade cultural: significa traduzir o conceito normativo de


ecodesenvolvimento em uma pluralidade de soluções particulares, que respeitem as
especificidades de cada ecossistema, de cada cultura e de cada local.

O autor (op. cit) considera, ainda, a dimensão política (nacional e internacional) da


sustentabilidade, demonstrando-se, então, que o desenvolvimento sustentável somente será
possível se houver sustentabilidade no relacionamento dos sistemas econômicos com os
sistemas ecológicos que permitam a continuidade da vida humana e a prosperidade dos
indivíduos e o respeito às culturas humanas.
Bellen (2007) aponta para a questão de como o desenvolvimento sustentável pode ser
definido e operacionalizado para que seja utilizado como ferramenta para ajustar os rumos
que a sociedade vem tomando em relação à sua interação com o meio ambiente natural,
aduzindo que:

A reflexão sobre o tema desenvolvimento juntamente com o aumento da pressão


exercida pela antroposfera sobre a ecosfera levou ao crescimento da consciência
sobre os problemas ambientais gerados por padrões de vida incompatíveis com o
processo de regeneração do meio ambiente (BELLEN, 2007, p. 13).

E segue o autor (op. cit.) afirmando que a resposta a esse questionamento se dá com a
aplicação de sistemas e indicadores ou ferramentas de avaliação que procuram mensurar a
sustentabilidade. Enfatiza, porém, que a utilização mais consciente e adequada dessas
ferramentas é dificultada ante a complexidade do conceito de desenvolvimento sustentável,
com suas múltiplas dimensões e abordagens.
Diante disto, verifica-se que para a obtenção de equilíbrio entre desenvolvimento
econômico, cuidado com o meio ambiente e justiça social, o desenvolvimento sustentável
deve ser adotado como princípio capaz de integrar todas as instâncias da sociedade, já que o
discurso do desenvolvimento sustentável procura estabelecer um terreno comum para uma
política de consenso capaz de integrar os diferentes interesses de países, povos e classes
sociais que plasmam o campo conflitivo da apropriação da natureza, como destaca Leff
(2006).
A presente pesquisa examina a contribuição do Poder Judiciário Trabalhista para a
sustentabilidade mediante a exigência dos critérios adicionados em 2010 à Lei 8.666/1993,
nos procedimentos licitatórios para as aquisições de bens e serviços, procurando demonstrar
como a Administração Pública contribui para a promoção do desenvolvimento sustentável, ao
28

adotar políticas de aquisição de bens e serviços produzidos por empresas que possuem
responsabilidade socioambiental empresarial comprovada.

3.1.1 Meio ambiente e consumo sustentável

Já não há controvérsia quanto à necessidade de cuidar do meio ambiente para a


manutenção da vida na terra. E a Agenda 21 trata da importância que deve ser dada para o
consumo, concebido como agente causador de impactos ambientais e sociais.
Conforme assevera Munhoz (2004), consumidores mais conscientes do ponto de vista
socioambiental provocam mudanças em empresas; e se grandes empresas se tornarem
socialmente responsáveis, passam a provocar mudanças nos seus fornecedores e demais partes
interessadas.
Reconhecer a finitude dos recursos naturais e despertar para a importância de evitar o
desperdício e planejar o consumo individual e coletivo é desafio posto para cada um e para
todos. Diz-se que o consumo é sustentável quando há a preocupação na escolha de produtos e
serviços que utilizaram menos recursos naturais em sua produção; não se empregando mão de
obra infantil, nem trabalho em condição degradante e que os produtos possam ser
reaproveitados ou reciclados. Consumir de forma sustentável tem vinculação direta com a
necessidade de consumo e a escolha consciente e responsável, sem deixar de levar em
consideração de que todo e qualquer consumo tem consequências ambientais e sociais, sejam
positivas ou negativas (MMA, 2014).
De acordo com o eixo temático denominado Uso Racional dos Recursos, da Agenda
Ambiental na Administração Pública, a cultura do desperdício surge dos atuais padrões de
produção e consumo, que ultrapassa as camadas de alta renda e atinge as camadas menos
favorecidas da população (A3P, 2014).
Ainda de acordo com a A3P (2014), a economia brasileira caracteriza-se por elevado
nível de desperdício de recursos energéticos e naturais, passando despercebidas oportunidades
de negócios ou de redução de custos, uma vez que o meio ambiente é um potencial de
recursos que pode gerar atividades que proporcionem lucro ou pelo menos se paguem com a
poupança de energia, de água, ou de outros recursos naturais.
O Estado, como agente de regulação ambiental, exerce o poder-dever de proporcionar
aos grupamentos humanos um ambiente de qualidade, através de políticas públicas elaboradas
por seus governos.
29

A Agenda 21 é um dos grandes instrumentos de formação de políticas públicas no


Brasil. O quadro 1 demonstra a abordagem da Agenda 21 no âmbito social, ambiental e
econômico.

Quadro 1: Abordagem da Agenda 21 Brasileira


No âmbito social: luta contra a pobreza;
fomento ao consumo consciente;
fomento à saúde;
desenvolvimento sustentável da educação e formação
de pessoas para o mercado de trabalho;
integração do meio ambiente e do desenvolvimento
humano;
criação de uma estrutura legal e regulamentadora
eficaz.

No âmbito ambiental: luta contra o desmatamento;


proteção dos ecossistemas frágeis;
fomento da agricultura e do desenvolvimento rural
sustentável;
conservação da diversidade biológica;
gestão ecologicamente racional da biotecnologia;
proteção dos oceanos e dos mares;
proteção da qualidade dos recursos de água doce;
gestão ecologicamente racional dos resíduos e
produtos químicos perigosos;
proteção da atmosfera.

No âmbito econômico: enfoque integrado do planejamento e da ordenação


dos recursos das terras;
utilização eficaz de instrumentos econômicos e de
incentivos de mercado sustentáveis;
estabelecimento de sistemas de contabilidade
ambiental e economia integrada.

Fonte: Casagrande Jr; Agudelo, 2012, adaptada.

A construção de indicadores de desenvolvimento sustentável, conforme observam


Casagrande Jr e Agudelo (2012) referem-se à sustentabilidade do meio ambiente, da
sociedade e da economia integrados no conjunto de esforços internacionais para concretização
das ideias e princípios formulados na conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992 e que, no Brasil, o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) conduz o levantamento nacional dos indicadores de
desenvolvimento sustentável desde 2002.
Segundo Barbieri et al. (2010):

Na sociedade atual, os valores ligados ao desenvolvimento sustentável e ao respeito


às políticas ambientais têm sido institucionalizados em maior ou menor grau nos
30

diversos países pela mídia, pelos movimentos sociais e ambientalistas, e pelos


governos (BARBIERI et al., 2010, p. 57).

Para os autores referidos, apenas a presença do Estado de forma ativa na gestão


ambiental, não garante que as questões ambientais receberão tratamento adequado pelas
pessoas e organizações, uma vez que a eficácia de uma política pública ambiental dependerá
do grau de importância que a sociedade atribui às questões ambientais (BARBIERI, 2004).
Neste contexto, afirma Mendonça (2012, p. 35), que "o Poder Público dispõe de uma
série de instrumentos para a execução de sua gestão ambiental que a doutrina pátria
sistematiza em duas grandes espécies: instrumentos de comando e controle; e instrumentos
econômicos".
De acordo com Biderman et al. (2008), as compras públicas sustentáveis são um
instrumento de gestão ambiental posto à disposição do Poder Público, em face do poder de
compra do Estado, atualmente em torno de 10% do PIB10, segundo dados do Ministério do
Planejamento do Governo Federal, pois teria o condão de alterar a cadeia produtiva criando,
assim, um novo mercado com produtos e serviços sustentáveis.
Neste contexto, o Poder Público dispõe de uma série de instrumentos para a execução
de sua gestão ambiental que a doutrina pátria sistematiza em duas grandes espécies:
instrumentos de comando (fixação de normas) e controle (atividades de fiscalização), a
exemplo da licença, zoneamento e padrão; e instrumentos econômicos, tais como as taxas
ambientais, criação de mercados, sistema de depósitos e reembolso, incentivos fiscais e
subsídios e o poder de compra do Estado (BARBIERI, 2004; LIMA, 2009).
A conscientização social também deve ser considerada como instrumento de gestão
ambiental pública, haja vista a expansão da consciência ambiental mobilizada pelas
organizações ecológicas, que se ocupam de diversos temas da agenda ambiental, tanto no
plano internacional, como em nível nacional e local; são as organizações não governamentais
– ONGs, como observa Dias (2011).
O instrumento de gestão ambiental diretamente relacionado a esta pesquisa é o do
poder de compra do Estado, que será discutido mais adiante, em capítulo dedicado às compras
públicas sustentáveis. Refere-se a instrumento econômico de gestão ambiental pública que,

10
PIB - sigla para Produto Interno Bruto. Representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e
serviços finais produzidos numa determinada região, durante um período determinado. É um dos indicadores
mais utilizados na macroeconomia, e tem o objetivo principal de mensurar a atividade econômica de uma região
(INFOESCOLA, 2014).
31

dado seu potencial, por meio da inserção de critérios de sustentabilidade nas compras e
contratações públicas, pode formar um mercado neste sentido (MENEGUZZI, 2011).

3.1.2 A Administração Pública e o poder de compra do Estado

A Administração Pública, compreendida no sentido subjetivo, formal ou orgânico,


designa os entes que exercem a atividade administrativa, compreendendo as pessoas jurídicas,
órgãos e agentes públicos incumbidos de exercer uma das funções em que se triparte a
atividade estatal, qual seja: a função administrativa; já no sentido objetivo, material ou
funcional, designa a natureza da atividade exercida pelos referidos entes; e, neste sentido, a
Administração Pública é a própria função administrativa, que incumbe, predominantemente,
ao Poder Executivo (DI PIETRO, 2012).
Isto não significa que dentro de cada Poder não exista a atividade administrativa,
apenas esta não corresponde à função preponderante do Poder Legislativo nem do Poder
Judiciário, como bem observado por Di Pietro (2012).
Esta pesquisa recaiu sobre atividade administrativa desempenhada pelo Poder
Judiciário Trabalhista, consubstanciada na realização de licitação para a aquisição de bens e
serviços com critérios de sustentabilidade.
As empresas devem ir além do simples cumprimento de normas emanadas do Poder
Público, no que se refere à responsabilidade com o meio ambiente em busca do
desenvolvimento sustentável. Antes, conforme Ferreira (2002) observa, as empresas devem
buscar incorporar em sua missão o real comprometimento com os critérios sustentáveis de
produção, cabendo ao Estado o dever de estimular esse compromisso.
A promoção do desenvolvimento nacional sustentável preconizado no caput do art. 3°
da Lei de Licitações (BRASIL, 1993) visa agregar as finalidades das licitações ao
desenvolvimento econômico nacional, em consonância com a relevância do poder de compra
governamental como instrumento de promoção do mercado interno. E leva em consideração o
potencial de demanda de bens e serviços do setor público interno. A decisão do governo
encontra fundamento na Constituição Federal (BRASIL, 1988), nos termos do art. 3°, que
incluiu o desenvolvimento nacional como um dos objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil; no art. 170, incisos I e VIII, sobre organização da ordem econômica
nacional, em observância, dentre outros princípios, ao da soberania nacional e da busca do
pleno emprego; no art. 174, que dispõe sobre as funções a serem exercidas pelo Estado, como
32

agente normativo e regulador da atividade econômica; e, ainda, no art. 219, que se refere ao
incentivo ao mercado interno para viabilizar o desenvolvimento cultural e socioeconômico, o
bem-estar da população e a autonomia tecnológica do país.

Quadro 2: Modelo de sustentabilidade empresarial


SUSTENTABILIDADE SUSTENTABILIDADE SUSTENTABILIDADE
AMBIENTAL ECONÔMICA SOCIAL
Atendimento à legislação Assumir responsabilidade
Impactos ambientais Estratégias de negócios social
Produtos ecologicamente corretos Foco; Compromisso com o
Reciclagem Mercado desenvolvimento dos recursos
Tecnologias limpas Qualidade e custo humanos
Tratamento de efluentes e resíduos Resultado Promoção e participação em
Utilização sustentável de recursos Vantagem competitiva projetos de cunho social
naturais Suporte no crescimento da
comunidade
Fonte: Coral (2002).

Analisar o mercado é fator decisivo para o êxito da compra pública sustentável, uma
vez que os órgãos governamentais devem identificar as necessidades e as limitações dos
fornecedores para se adaptarem às novas exigências de critérios de sustentabilidade, seja,
ambiental, social, econômica, ou de outra ordem, para atender a essa demanda estatal. A
observância da viabilidade econômica e a confirmação da oferta de bens e serviços no
mercado constituem condição para o estabelecimento das metas crescentes de aquisição
(CSJT, 2014).
Neste sentido, antes de realizar a adequada especificação, cabe ao gestor consultar o
mercado para identificar se tem condições de atender às novas demandas da Administração,
uma vez que o mercado pode ainda não está preparado para atender a nova demanda de
produtos, restando aos órgãos públicos introduzirem, paulatinamente, os critérios de
sustentabilidade em suas licitações, fazendo com que o mercado se prepare com fornecer aos
governos bens e serviços com critérios de sustentabilidade.
Para Biderman et al. (2008), as compras públicas sustentáveis visam à promover uma
mudança em direção à produção e ao consumo sustentável, com incentivo à inovação. O
aumento na demanda por produtos mais sustentáveis induzirá as alterações necessárias na
indústria, com potencial para promover maior competitividade e a consequente redução dos
preços dos produtos ofertados.
33

3.1.3 Políticas públicas para as contratações sustentáveis no Brasil

As contratações sustentáveis remetem ao conceito de sustentabilidade quanto à


aquisição de bens e serviços economicamente viáveis, socialmente justos e ambientalmente
corretos. É certo que o viés ambiental é o mais perseguido pelos empreendedores, em face da
visibilidade e da credibilidade junto aos consumidores.
Para Baumgartner (2008), as compras governamentais constituem um instrumento de
política pública socioambiental, na medida em que exigem a inclusão de critérios de
sustentabilidade nos bens e serviços que são adquiridos, impondo aos fornecedores uma
mudança de paradigma, seja no processo produtivo, na importação ou comercialização.
E as políticas públicas nessa matéria ora evidenciam a sustentabilidade ambiental, ora
a social, mas sem descuidar do fator econômico que envolve o processo de contratação
pública.
O Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS), elaborado pelo
Ministério do Meio Ambiente, constitui um guia das ações de governo, do setor produtivo e
da sociedade, direcionando o Brasil para a adoção de padrões de produção e consumo mais
sustentáveis, resultando na diminuição da pobreza (MMA, 2014). O primeiro ciclo deste
plano (que vai de 2011 a 2014) concentra esforços em seis áreas principais, dentre as quais
figuram as compras públicas sustentáveis. As demais áreas são: educação para o consumo
sustentável; varejo e consumo sustentável; aumento da reciclagem; construções sustentáveis e
Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P).
A Agenda Ambiental da Administração Pública11 definiu como um de seus eixos
temáticos as contratações públicas sustentáveis por considerá-las importantes instrumentos de
impulso da economia, a partir de práticas menos agressivas ao meio ambiente e com
valorização das condições de trabalho das pessoas durante o processo produtivo (MMA,
2014).
Com o tema do desenvolvimento sustentável em pauta, em especial após a
Conferência de Joanesburgo (Rio+10), realizada em dezembro de 2002, na África do Sul,
observou-se uma tendência dos governos para a criação de políticas que levem em conta os
aspectos ambientais, sociais e econômicos na contratação pública e que favoreçam o

11
Agenda Ambiental da Administração Pública - A3P é um projeto do Ministério do Meio Ambiente,
iniciado em 1999, e que possui um papel estratégico na revisão dos padrões de produção e consumo e na adoção
de novos referenciais em busca da sustentabilidade socioambiental, no âmbito da administração pública
brasileira (CARTILHA A3P, 2014).
34

desenvolvimento e a difusão de mercadorias e serviços favoráveis ao meio ambiente (GUIA


DE COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS PARA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL,
2010).
O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) vem acompanhando as
compras de licitação sustentáveis e não sustentáveis no Brasil, a partir da Instrução Normativa
01/2010 - SLTI/MPG, apresentando, conforme figura 3 o valor obtido no período de 2010 a
2012.

Gráfico 1 - Valor das compras de licitações sustentáveis e não sustentáveis (milhões)

Fonte: SLTI/MPOG (2012).

A Lei Complementar n° 123/2006, com a nova redação data por meio da Lei
Complementar n° 147/2014, representa uma importante política pública para promoção do
desenvolvimento sustentável, na medida em que concede prazo diferenciado para
comprovação da regularidade fiscal; estabelece o direito de preferência, obrigando os agentes
públicos a promoverem licitações para aquisição de bens e serviços até o limite de R$
80.000,00 com a participação exclusiva de microempresas e empresa de pequeno porte, entre
outros benefícios (BRASIL, 2006; 2014), conforme a seguir transcrito:

Art. 42. Nas licitações públicas, a comprovação de regularidade fiscal das


microempresas e empresas de pequeno porte somente será exigida para efeito de
assinatura do contrato.
Art. 43. As microempresas e empresas de pequeno porte, por ocasião da
participação em certames licitatórios, deverão apresentar toda a documentação
exigida para efeito de comprovação de regularidade fiscal, mesmo que esta
apresente alguma restrição.
§ 1º Havendo alguma restrição na comprovação da regularidade fiscal, será
assegurado o prazo de 5 (cinco) dias úteis, cujo termo inicial corresponderá ao
momento em que o proponente for declarado o vencedor do certame, prorrogável
por igual período, a critério da administração pública, para a regularização da
35

documentação, pagamento ou parcelamento do débito e emissão de eventuais


certidões negativas ou positivas com efeito de certidão negativa.
[...]
Art. 44. Nas licitações será assegurada, como critério de desempate, preferência de
contratação para as microempresas e empresas de pequeno porte.
§ 1° Entende-se por empate aquelas situações em que as propostas apresentadas
pelas microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10% (dez por
cento) superiores à proposta mais bem classificada.
§ 2º Na modalidade de pregão, o intervalo percentual estabelecido no § 1º deste
artigo será de até 5% (cinco por cento) superior ao melhor preço.
Art. 47. Nas contratações públicas da administração direta e indireta, autárquica e
fundacional, federal, estadual e municipal, deverá ser concedido tratamento
diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte
objetivando a promoção do desenvolvimento econômico e social no âmbito
municipal e regional, a ampliação da eficiência das políticas públicas e o incentivo à
inovação tecnológica.
Parágrafo único. No que diz respeito às compras públicas, enquanto não sobrevier
legislação estadual, municipal ou regulamento específico de cada órgão mais
favorável à microempresa e empresa de pequeno porte, aplica-se a legislação
federal.
Art. 48. Para o cumprimento do disposto no art. 47 desta Lei Complementar, a
administração pública:
I - deverá realizar processo licitatório destinado exclusivamente à participação de
microempresas e empresas de pequeno porte nos itens de contratação cujo valor seja
de até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
II - poderá, em relação aos processos licitatórios destinados à aquisição de obras e
serviços, exigir dos licitantes a subcontratação de microempresa ou empresa de
pequeno porte;
III - deverá estabelecer, em certames para aquisição de bens de natureza divisível,
cota de até 25% (vinte e cinco por cento) do objeto para a contratação de
microempresas e empresas de pequeno porte
§ 2º Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, os empenhos e pagamentos do
órgão ou entidade da administração pública poderão ser destinados diretamente às
microempresas e empresas de pequeno porte subcontratadas.
§ 3º Os benefícios referidos no caput deste artigo poderão, justificadamente,
estabelecer a prioridade de contratação para as microempresas e empresas de
pequeno porte sediadas local ou regionalmente, até o limite de 10% (dez por cento)
do melhor preço válido (BRASIL, 2006; 2014).

Para o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do Governo Federal, as


contratações públicas sustentáveis são aquelas que consideram critérios ambientais,
econômicos e sociais, em todos os estágios do processo de contratação e que transformam o
poder de compra do Estado em um instrumento de proteção ao meio ambiente e de
desenvolvimento econômico e social (GOVERNO ELETRÔNICO, 2014).
Merece destaque a política pública do governo federal para a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável representada pelo direito de preferência para os bens e
serviços de informática e automação produzidos com tecnologia nacional, nos termos do
Decreto n° 7.174, de 12 de maio de 2010 (BRASIL, 2010).
A própria alteração da Lei de Licitações para introduzir como objetivo da licitação a
promoção do desenvolvimento nacional sustentável representa uma política em prol do
36

desenvolvimento sustentável, eis que se trata de regra geral, de aplicação imediata sobre todas
as esferas de governo. Assim, com o dever de licitar, a Administração Pública, deve realizar
procedimentos licitatórios com a inclusão de critérios de sustentabilidade, a fim de atender ao
comando normativo disposto no art. 3° da Lei n° 8.666/93 (BRASIL, 1993).

3.2 Aspectos jurídicos relativos às compras públicas sustentáveis no Brasil

A Administração Pública, como regra, adquire bens e contrata serviços por meio de
um instrumento denominado licitação pública, que será descrito adiante, em seção específica.
Trata-se de procedimento formal das compras públicas sustentáveis, que também são
denominadas contratações públicas sustentáveis, licitações sustentáveis, compras verdes,
compras ambientalmente amigáveis, ecoaquisições, licitação positiva12, sempre regidas pela
Lei n° 8.666/93 para as modalidades tradicionais (Concorrência, Tomada de Preços, Convite);
e, para a modalidade pregão, a Lei n° 10.520/2002.
O PNUMA reconhece a inexistência de uma definição universalmente aceita sobre
compras públicas sustentáveis, mas ressalta a existência de uma clara distinção entre compras
públicas sustentáveis e compras públicas verdes ou compras públicas ecológicas (PNUMA,
2008). Neste sentido, as United Nations (2008, p. 1, tradução livre) apud Hegenberg (2013)
observam que:

Compra "verde" ou ambientalmente responsável é a seleção de produtos e serviços


que minimizem os impactos ambientais. Requer uma avaliação dos impactos
ambientais do produto em todas as fases do seu ciclo de vida. Isso significa
considerar os custos ambientais relacionados à matéria-prima, fabricação, transporte,
armazenamento, manipulação, utilização e eliminação do produto. Além das
preocupações ambientais, as compras sustentáveis também incorporam
considerações sociais. [...] Considerações sociais podem incluir: equidade étnica e
de gênero; erradicação da pobreza e respeito pelas normas fundamentais do trabalho
(UNITEC NATIONS, 2008, p. 1, tradução livre apud HEGENBERG, 2013)

As compras sustentáveis decorrem de licitação pautada por critérios ambientais e


sociais em todos os estágios do processo, visando à redução de impactos negativos à saúde
humana, ao meio ambiente e aos direitos humanos (BIDERMAN et al., 2008).

12
Denominações para as contratações públicas sustentáveis, assim entendidas, como aquelas que
consideram critérios ambientais, econômicos e sociais em todos os estágios do processo de contratação,
transformando o poder de compra do Estado em instrumento de proteção ao meio ambiente e de
desenvolvimento econômico e social (GOVERNO ELETRÔNICO, 2014).
37

Justen Filho (2012) ao analisar a alteração do art. 3° da Lei de Licitações, introduzida


pela Lei n° 12.349 (BRASIL, 2010), para inserir a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável como um dos fins a que a licitação se destina, chama a atenção para a ocorrência
de equívoco, sob o argumento de que o desenvolvimento nacional sustentável não é uma
finalidade da licitação em si, mas um fim a ser promovido por meio das contratações públicas,
conforme excerto a seguir:

Há duas questões inconfundíveis, que são as finalidades da licitação e as finalidades


da contratação administrativa. Ora, a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável não é uma finalidade da licitação, mas da contratação administrativa. A
licitação é um mero procedimento seletivo de propostas - esse procedimento não é
hábil a promover ou a deixar de promover o desenvolvimento nacional sustentável.
O que o legislador pretendia era determinar que a contratação pública fosse
concebida como um instrumento interventivo estatal para produzir resultados mais
amplos do que o simples aprovisionamento de bens e serviços necessários à
satisfação das necessidades dos entes estatais. É evidente, no entanto, que a alteração
imposta pela Lei n° 12.349 afeta não apenas a modelagem e a função dos contratos
administrativos. Também afeta a licitação. Mas a afeta não por acarretar uma nova
finalidade para ela, mas porque o conceito de vantagem a ser buscada adquire novos
contornos. A licitação passa a ser orientada a selecionar a proposta mais vantajosa
inclusive sob o prisma do desenvolvimento nacional sustentável (JUSTEN FILHO,
2012, p. 622-63).

Observa-se que a literatura trata das compras sustentáveis mesmo quando se relaciona
apenas a critérios ambientais no processo de aquisição de bens e serviços. Exemplo disso foi a
edição da Instrução Normativa n° 1/2010, da Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SLTI/MPOG), que se
refere apenas à dimensão de sustentabilidade ambiental a ser observado pelos órgãos da
Administração Pública Federal nas aquisições de bens e serviços.

Art. 1º Nos termos do art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, as


especificações para a aquisição de bens, contratação de serviços e obras por parte
dos órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica e
fundacional deverão conter critérios de sustentabilidade ambiental, considerando os
processos de extração ou fabricação, utilização e descarte dos produtos e matérias-
primas.
Art. 2º Para o cumprimento do disposto nesta Instrução Normativa, o instrumento
convocatório deverá formular as exigências de natureza ambiental de forma a não
frustrar a competitividade.
Art. 3º Nas licitações que utilizem como critério de julgamento o tipo melhor técnica
ou técnica e preço deverão ser estabelecidos no edital critérios objetivos de
sustentabilidade ambiental para a avaliação e classificação das propostas (BRASIL,
2010).

Já o Decreto n° 7.746/2012, que regulamentou o art. 3° da Lei de Licitações (BRASIL,


2012, 1993), ampliou o potencial das compras públicas, representando um avanço em relação
38

ao que determinava a IN-01/2010, uma vez que não restringe as exigências apenas aos
critérios de sustentabilidade ambiental.

Art. 1o Este Decreto regulamenta o art. 3o da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993,


para estabelecer critérios, práticas e diretrizes gerais para a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável por meio das contratações realizadas pela
administração pública federal direta, autárquica e fundacional e pelas empresas
estatais dependentes, e institui a Comissão Interministerial de Sustentabilidade na
Administração Pública – CISAP.
Art. 2o A administração pública federal direta, autárquica e fundacional e as
empresas estatais dependentes poderão adquirir bens e contratar serviços e obras
considerando critérios e práticas de sustentabilidade objetivamente definidos no
instrumento convocatório, conforme o disposto neste Decreto.
Parágrafo Único. A adoção de critérios e práticas de sustentabilidade deverá ser
justificada nos autos e preservar o caráter competitivo do certame.
Art. 3o Os critérios e práticas de sustentabilidade de que trata o art. 2o serão
veiculados como especificação técnica do objeto ou como obrigação da contratada
(BRASIL, 2012).

De acordo com a organização Governos Locais para a Sustentabilidade (ICLEI)


(2012), diz-se que uma compra é considerada sustentável se for considerada pelo comprador a
real necessidade de efetuar a compra; as circunstâncias em que o produto foi gerado; os
materiais empregados; as condições de trabalho de quem o gerou; além de uma avaliação de
como o produto vai se comportar durante a sua vida útil e a disposição final. Esse tema vem
sendo trabalhado pelo ICLEI desde 2004, através de uma campanha denominada Procura+. E
ingressou no Brasil em 2007, com o projeto "Fomentando Compras Públicas Sustentáveis no
Brasil - CPS Brasil". Para o referido projeto, foi disponibilizada metodologia própria
composta por oito passos, conforme a seguir exposto:
a) Mapeamento: estudo objetivo e prático, que mostra o que o governo tem comprado
e de que forma o orçamento é distribuído;

b) Seleção de produtos: identificação dos produtos que provocam maior impacto no


meio ambiente e representam gastos significativos para o governo;

c) Levantamento de alternativas sustentáveis: pesquisa de mercado que visa


oferecer alternativas para substituir aqueles produtos, selecionados no item anterior;

d) 1º inventário de base: no qual são detalhadas as quantidades compradas dos


produtos selecionados;

e) Inclusão de produtos sustentáveis no catálogo de compras do governo: etapa


essencial do projeto, que habilita os compradores do governo a incluir os produtos
alternativos no Catálogo/Pregão de compras;
39

f) Processo licitatório:
licitatório são desenvolvidos
envolvidos editais, com base em critérios sustentáveis.
Esses critérios são enviados aos fornecedores, com o objetivo de produzir impacto no
mercado e favorecer a compra de produtos sustentáveis;

g) Compra dos produtos sustentáveis:


sustentáveis os produtos mais sustentáveis
entáveis são adquiridos
pelo governo;

h) 2º inventário de base:
base: permite uma comparação entre o período pré e pós-Compras
pós
Sustentáveis. Avalia o desempenho do governo na aquisição desses produtos. (ICLEI,
2007).

Para o referido projeto, o ICLEI contou com a participação dos governos-piloto


governos do
Município de São Paulo e dos Estados de São Paulo e de Minas Gerais.

Figura 3- Ciclo dos processos do Programa ICLEI - Procura+

Fonte: ICLEI (2007).

Para o ICLEI o Programa Procura+ é aplicável a qualquer autoridade pública, em


razão de sua flexibilidade, podendo ser aplicado de forma mais completa ou simplificada,
dependendo da necessidade do órgão ou entidade.
Biderman et al. (2008) descreve o processo, esclarecendo como os principais atores
envolvidos podem
dem contribuir para o desenvolvimento e implementação do plano de ação
local.
40

Os governantes eleitos devem se responsabilizar por adotar um compromisso


político com a licitação sustentável; as entidades organizadas da comunidade podem
ajudar a envolver o público em geral na implementação de estratégias de licitação
sustentável; e o comércio e produtores locais precisam ser informados sobre os
objetivos da licitação, de modo que estejam em condições de atender às novas
demandas e possam apoiar a licitação sustentável na comunidade (BIDERMAN et
al., 2008, p. 98).

De acordo com o ICLEI (2007), é necessário haver uma política de compras


sustentáveis formalmente estabelecida pelo órgão ou entidade da Administração Pública, que
forneça uma base útil sobre a qual seja possível construir uma abordagem coerente e bem
coordenada, razão pela qual as metas para a campanha de compras sustentáveis devem ser
específicas para os produtos, realizáveis tecnicamente, mensuráveis em termos de números de
unidades compradas, estabelecidas com prazo, politicamente realistas, mas precisam
apresentar desafios.
São relacionadas a seguir algumas importantes regulamentações para a inclusão de
critérios de sustentabilidade nas especificações de bens e serviços adquiridos pela
Administração Pública, algumas delas extraídas da página oficial da Secretaria de
Administração do Estado da Bahia (SAEB) na internet (BAHIA, 2014); outras, do Guia
Prático da Justiça do Trabalho (Resolução n° 103/2012 (CSJT, 2012):
Como fundamentação legal para a abertura de procedimentos licitatórios para
aquisição de bens e serviços com inclusão de critérios de sustentabilidade, tem-se, em
primeiro lugar, a Constituição Federal de 1988, que estabeleceu no art. 170, inciso VI, com o
um dos princípios da ordem econômica a defesa do meio ambiente, com a possibilidade de
tratamento diferenciado, conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e dos
respectivos processos de elaboração e prestação. Ainda, a Constituição Federal, em seu art.
225, impõe o dever do Estado de preservar o meio ambiente, exigindo estudo do impacto
ambiental para as atividades causadoras de significativa degradação do meio ambiente
(BRASIL, 1988).
Outros instrumentos legais dão suporte jurídico para a inclusão de critérios de
sustentabilidade nas licitações e contratações públicas, a saber:
a) a Política Nacional do Meio Ambiente, Lei n° 6.938/1981 já previa que os projetos
básicos de obras e serviços deveriam considerar o impacto ao meio ambiente;
b) a Política Nacional sobre Mudança de Clima, Lei n° 12.187/2009, que traz entre
suas diretrizes o estímulo e apoio à manutenção e promoção de padrões sustentáveis de
produção e consumo, nos termos do art. 5°, inciso XIII; além de prever a adoção de critérios
41

de preferência nas licitações para propostas que propiciem maior economia de energia, água e
outros recursos naturais, além da redução da emissão de gases de efeito estufa e de resíduos,
na forma do art. 6°, inciso XII;
c) a Lei n° 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, tendo
dentre seus objetivos o de priorizar as aquisições e contratações governamentais de produtos
reciclados e recicláveis e bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com
padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis;
d) a Lei n° 12.349/2010, que incluiu a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável como uma das finalidades da licitação, alterando o art. 3° da Lei de Licitações;
e) o Decreto n° 7.404/2010, que criou o Comitê Interministerial da Política Nacional
de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística
Reversa, além de regulamentar a Lei n° 12.305/2010;
f) o Decreto n° 7.746/2012, que regulamenta o art. 3° da Lei n° 8.666/93 e estabelece
critérios práticas e diretrizes gerais de sustentabilidade nas contratações realizadas pela
Administração Pública Federal;
g) a Resolução CONAMA nº 20/1994, que dispõe sobre a instituição do selo ruído, de
uso obrigatório para aparelhos eletrodomésticos que geram ruído no seu funcionamento;
h) o Decreto nº 2.783/1998, que trata de vedação às entidades do Governo Federal
para aquisição de produtos ou equipamentos que contenham substâncias que degradam a
camada de ozônio;
i) o Decreto nº 4131/2002, que dispõe sobre medidas emergenciais de redução do
consumo de energia elétrica no âmbito da Administração Pública Federal;
j) a Resolução CONAMA nº 307/2002, que estabelece critérios e procedimentos para
gestão de resíduos na construção civil;
k) a Portaria nº 61/2008 do Ministério do Meio Ambiente, que estabelece práticas de
sustentabilidade ambiental a serem observadas pelo Ministério do Meio Ambiente e suas
entidades vinculadas quando das compras públicas sustentáveis;
l) a Portaria nº 43/2009, do Ministério do Meio Ambiente, que proíbe o uso do
amianto em obras públicas e veículos de todos os órgãos vinculados à administração pública;
m) a Instrução Normativa n° 01/2010, da Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação (SLTI), do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), que
regulamenta a utilização de critérios sustentáveis na aquisição de bens e na contratação de
obras e serviços pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional;
42

n) o Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS) (ciclo 2001-2014),


documento que guia as ações do governo, do setor produtivo e da sociedade, direcionando o
Brasil para padrões mais sustentáveis de produção e consumo, com redução da pobreza.
E, com relação ao Poder Judiciário Trabalhista, a Resolução n° 103/2012 do Conselho
Superior da Justiça do Trabalho, aprovou o Guia Prático, que determina a inclusão de critérios
de sustentabilidade nas contratações de bens e serviços no âmbito da Justiça do Trabalho de
primeiro e segundo graus.

3.3 O procedimento para as compras públicas: licitação como regra

A Administração Pública Brasileira adquire bens e contrata serviços para


funcionamento do aparelho do Estado por meio das licitações públicas, a fim de garantir a
igualdade de condições entre os interessados no fornecimento desses bens e serviços ao
governo federal, bem como aos governos estaduais e municipais e do Distrito Federal.
Segundo Alencastro et al. (2014), a inserção de critérios de sustentabilidade nos
processos licitatórios apresenta-se como um novo desafio para os gestores públicos
brasileiros, que ao longo da história, estiveram vinculados à seleção da proposta e menor
valor, sem exigir práticas socioambientais dos fabricantes ou dos fornecedores de bens e
serviços.
O ingresso da expressão licitação no Direito Administrativo Brasileiro, como gênero
abrangente de variadas espécies de licitação, dentre as quais a concorrência, ocorreu por meio
da Lei n° 4.401, de 10 de setembro de 1964, embora o vocábulo já houvesse sido empregado
por diversos outros textos legais (PEREIRA JÚNIOR, 1997).
Uma grande transformação no campo das licitações ocorreu com a edição do Decreto-
Lei 200, de 25 de junho de 1967 (BRASIL, 1967), que estabelecia as normas relativas a
licitações para compras, obras, serviços e alienações da Administração Direta da União e
Autarquias. Por este decreto-lei, foram definidas como modalidades de licitação a
concorrência, a tomada de preços e o convite. O referido diploma legal foi revogado, na parte
dedicada às licitações, por meio do Decreto-Lei n° 2.300, de 21 de novembro de 1986
(BRASIL, 1986), que instituiu o Estatuto Jurídico das Licitações e Contratos Administrativos,
passando a reger as normas para as licitações até a edição da Lei n° 8.666, de 21 de junho de
1993 (BRASIL, 1993), onde foram estabelecidas as normas gerais em matéria de licitações e
contratos.
43

A promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 pôs fim à


controvérsia em torno do ramo de direito a que pertencia a licitação, ao dar competência
privativa à União para legislar sobre “normas gerais de licitação e contratação, em todas as
modalidades, para a administração pública direta, autárquica e fundacional da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios”, nos termos do art. 22, XXVII, como bem ressalta Di Pietro
(2012).
As compras governamentais são realizadas, em regra, através da licitação, que
configura uma política pública de Estado, estabelecida na Constituição Federal (BRASIL,
1988), em seu art. 37, inc. XXI, ao dispor que:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: (...)
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Foi a partir de 1988 que a licitação foi alçada ao status de princípio constitucional, de
observância obrigatória pela Administração Pública direta e indireta de todos os poderes da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Em face disto, observa-se que a
obrigatoriedade de licitar é princípio constitucional, por força do disposto no art. 37, XXI da
Constituição Federal. Somente nos casos previstos em lei é que se pode dispensar ou deixar
de exigir o procedimento licitatório para as compras e contratações públicas.
A Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o referido art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal e institui as normas para licitações e contratos da Administração Pública.
Caldas Aulete citado por Cretella Júnior (1998) aduz que o vocábulo licitação origina-
se do latim licitatione (venda por lances), e passou para o português com sentido de
oferecimento de quantia no ato de arrematação, adjudicação, hasta pública ou partilha judicial.
A licitação, como categoria jurídica, é o procedimento concorrencial prévio que uma
das partes institui para selecionar seu futuro contratante, sendo comum ao direito privado. É
publica a licitação quando o instituidor do procedimento é o Estado (CRETELLA JÚNIOR,
1988).
O presente estudo trata do instituto da licitação pública, sujeita ao regime jurídico-
administrativo. Leciona Di Pietro (2012) que licitação é um procedimento administrativo,
44

através do qual a Administração seleciona a proposta mais vantajosa para a celebração do


contrato, dentre as que forem formuladas por todos os interessados que se sujeitem às
condições fixadas no instrumento convocatório.
Semelhante conceito apresenta Medauar (2008) ao referir-se à licitação, no
ordenamento jurídico brasileiro, como o procedimento administrativo de escolha da proposta
mais vantajosa para a celebração de contrato com a Administração Pública, para obras,
serviços, compras, alienações e locações, assegurada a igualdade de condições a todos os
participantes.
Trata-se de procedimento administrativo formal, para garantir a observância do
princípio constitucional da isonomia na escolha da proposta mais vantajosa para a
Administração.
Diz-se que é um procedimento administrativo porque na licitação são praticados atos
preparatórios do ato final objetivado pela Administração, que é a contratação.
Meirelles (1998) apresenta um conceito que confirma a licitação, como ato
administrativo vinculado, em consonância com os princípios do Direito Administrativo e com
os princípios próprios que a informam:

Licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública


seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse. Como
procedimento, desenvolve-se através de uma sucessão ordenada de atos vinculantes
para a Administração e para os licitantes, o que propicia igual oportunidade a todos
os interessados e atua como fator de eficiência e moralidade nos negócios
administrativos.

Inicialmente a licitação era denominada concorrência pública, em conceito amplo,


passando a concorrência a ser apenas uma das modalidades do procedimento licitatório a
partir de 1967, com a edição do Decreto-Lei 200 (BRASIL, 1967).
A Administração Pública, qualquer que seja a esfera de governo, tem o dever de
licitar, por força da norma constitucional contida no art. 37. E a Lei n° 8.666/1993, ao
regulamentar o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, estabeleceu, em seu art. 1º, as
“normas gerais sobre licitações e contratos administrativos referentes a obras, serviços,
inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” (BRASIL, 1988).
A Administração deve buscar as melhores condições no mercado para atendimento do
interesse público, por meio do processo licitatório.
45

O procedimento da licitação tem início com a requisição de compra ou de serviço por


órgão ou ente público e finda com a indicação de quem vai celebrar contrato com a
Administração. Alguns autores denominam de fase interna o conjunto de atos praticados até a
publicação do instrumento convocatório, tais como a pesquisa de preços para estimativa da
despesa, a previsão orçamentária, a classificação da despesa, a escolha da modalidade de
licitação a ser utilizada e a elaboração do edital. A publicação do aviso de licitação dá início à
chamada fase externa da licitação.
Vê-se que a Administração não pode contratar livremente. Está sujeita às normas
legais e constitucionais, insculpidas no art. 37 da Constituição Federal de 1988 e nas Leis n°
8.666/1993 e 10.520/2002.
O procedimento administrativo da licitação desenvolve-se em observância aos
princípios que o informam, em data previamente fixada, por iniciativa do Estado, com
critérios objetivos estabelecidos em edital (que é a lei interna da licitação) para a escolha da
proposta mais vantajosa para a Administração.
Mukai (2004) observa que a lei adotou a linha doutrinária de Hely Lopes Meirelles ao
dispor sobre os princípios da licitação, a seguir enumerados:

 Procedimento formal – impõe a vinculação da licitação aos preceitos legais


que regem todas as suas fases;
 Publicidade dos atos – abrange desde o aviso de abertura da licitação até o
resultado do julgamento;
 Igualdade entre os licitantes – impede discriminação entre os participantes;
 Sigilo na apresentação das propostas – para resguardar a igualdade de
condições entre os participantes, até a data designada para abertura das propostas;
 Vinculação ao edital – conhecido como a lei interna da licitação, vincula aos
seus termos tanto os licitantes como a Administração que o expediu;
 Julgamento objetivo – baseado em critérios definidos no edital;
 Probidade administrativa – incluído como princípio específico da licitação
como advertência às autoridades que a promovem ou a julgam;
 Adjudicação compulsória – impede que a Administração, concluído o
procedimento licitatório, atribua seu objeto a outro que não o vencedor.

O art. 3° da Lei n° 8.666/1993 dispõe que as licitações serão processadas e julgadas


em conformidade com os princípios: da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da
igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento
convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
As modalidades de licitação estão insertas na Lei n° 8.666/1993 e 10.520/2002. A Lei
n° 8.666/1993 definiu as modalidades de concorrência, tomada de preços, convite, concurso e
leilão. Por seu turno, a Lei n° 10.520/2002 instituiu uma nova modalidade de licitação
denominada Pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, possibilitando a utilização de
46

recursos de tecnologia da informação. O Pregão na forma eletrônica foi regulamentado por


meio do Decreto n° 5.450/2005.
Pregão, como modalidade de licitação, é conhecido como um leilão às avessas, já que
é sagrada vencedora a proposta de menor valor, após os lances oferecidos pelos participantes.
No leilão são oferecidas sucessivas propostas, com preços maiores que os antecedentes. Já no
pregão, os preços vão reduzindo (NIEBUHR, 2006).
São modalidades de licitação a concorrência, a tomada de preços, o convite, o
concurso, o leilão e o pregão, de acordo com as definições legais insertas nas Leis n°
8.666/1993 e 10.520/2002 (BRASIL, 1993; 2002):

 Concorrência - entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação


preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no
edital para execução de seu objeto.
 Tomada de Preços - entre interessados devidamente cadastrados ou que
atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia
anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.
 Convite - entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou
não, escolhidos e convidados em número mínimo de três pela unidade
administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento
convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade
que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 horas da apresentação
das propostas.
 Concurso - entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico,
científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos
vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial
com antecedência mínima de 45 dias. O concurso deve ser precedido de regulamento
próprio, indicando: a qualificação exigida dos participantes, as diretrizes e a forma
de apresentação do trabalho; as condições de realização do concurso e os prêmios a
serem concedidos, a teor do que dispõe o art. 52, da Lei n° 8.666/1993.
 Leilão - entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis
para a Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou
para a alienação de bens imóveis da Administração provenientes de procedimentos
judiciais ou de dação em pagamento; a quem oferecer o maior lance, igual ou
superior ao valor da avaliação. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou a
servidor designado pela Administração, procedendo-se na forma da legislação
pertinente. Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado pela Administração
para fixação do preço mínimo de arrematação.
 Pregão - é a modalidade de licitação pela qual o fornecimento de bens e
serviços comuns é disputado em sessão pública, em que os licitantes apresentam
suas propostas de preço por escrito e por lances verbais, independentemente do valor
estimado da contratação. Diferentemente do que acontece nas outras modalidades de
licitação, no prego, a escolha da proposta é feita antes da análise da documentação, o
que representa maior celeridade ao processo.

No âmbito da Administração Pública Federal, o pregão tornou-se obrigatório para a


para a contratação de bens e serviços comuns, independentemente do valor, sendo
preferencial a sua forma eletrônica, por força do Decreto n° 5.450, de 31 de maio de 2005.
47

Os bens e serviços comuns são definidos como “aqueles cujos padrões de desempenho
e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais
no mercado”, nos termos do art. 1° da Lei n° 10.520/2002, parágrafo único. O Decreto n°
3.555/2000 apresenta rol exemplificativo de bens e serviços comuns.
A modalidade pregão foi instituída inicialmente pela Medida Provisória n° 2.026, de
04 de maio de 2000, que deu origem a Lei n° 10.520, de 17 de julho de 2002, regulamentada
pelo Decreto n° 3.555, de 8 de agosto de 2000.
Na forma da lei do pregão este poderá ser realizado por meio da utilização de recursos
de tecnologia da informação, podendo ser apoiado por sociedades civis, sem fins lucrativos,
ou corretoras que operem sistemas eletrônicos unificados de pregões.

Figura 4 - Modalidades de Licitação

Fonte: Portal das Licitações.

As diferentes modalidades de licitação retratam a necessidade de adequação da disputa


ao objeto a ser contratado, não se resumindo apenas a questões acessórias, a exemplo do
âmbito da publicação, prazo de divulgação e o valor econômico da contratação (JUSTEN
FILHO, 2012).
A Lei n° 8.666/1993 enumerou os tipos de licitação passíveis de observação em todas
as modalidades existentes (BRASIL, 1993). São eles:

 de menor preço - seleciona-se a proposta com base no menor preço oferecido.


 de melhor técnica - são considerados fatores de ordem técnica para a escolha
da proposta mais vantajosa. Tipo de licitação próprio para serviços de natureza
predominantemente intelectual.
 de técnica e preço - é tipo obrigatório de licitação para contratação de bens e
serviços de informática pelas modalidades tomada de preços e concorrência. Nele a
escolha é feita com base na maior média ponderada entre propostas de preço e de
técnica.
 de maior lance ou oferta - tipo de licitação aplicável nos casos de alienação
de bens ou concessão de direito real de uso.
48

O julgamento das propostas deve ser objetivo, em conformidade com o tipo de


licitação e observando-se os critérios previamente estabelecidos no edital de licitação e de
acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, a fim de possibilitar sua aferição pelos
licitantes e pelos órgãos de controle. A lei veda a utilização de outros tipos de licitação.
Trata-se de procedimento administrativo formal, para garantir a observância do
princípio constitucional da isonomia na escolha da proposta mais vantajosa para a
Administração.
Diz-se que é um procedimento administrativo porque na licitação são praticados atos
preparatórios do ato final objetivado pela Administração, que é a contratação.
O instituto da licitação possui um conceito legal, exposto no art. 3º da Lei nº 8.666, de
21 de junho de 1993 (BRASIL, 1993), a seguir transcrito13:

Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da


isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção
do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita
conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da
vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são
correlatos.

A ideia de desenvolvimento sustentável encontra-se inserida na Constituição Federal


(BRASIL, 1988), nos termos do seu art. 225, mantendo-se o equilíbrio entre o
desenvolvimento econômico e social, sem perder de vista a necessidade de preservação do
meio ambiente ecologicamente equilibrado:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.

Segundo o Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais (ICLEI) (2012):

Uma compra é sustentável quando o comprador considera a necessidade real de


efetuar a compra, as circunstâncias em que o produto visado foi gerado, levando em
conta os materiais e as condições de trabalho de quem o gerou, e uma avaliação de
como o produto se comportará em sua vida útil e a sua disposição final.

No mundo inteiro existe um debate sobre a legalidade da opção mais sustentável em


termos socioambientais nas licitações públicas. Isto porque, via de regra, os produtos

13
Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010.
49

sustentáveis, se considerados em absoluto, para fins de aquisição inicial, possuem um preço


superior se comparados aos produtos similares tradicionais, segundo afirma Biderman et al.
(2008).

3.4 A Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P) e as licitações sustentáveis

O programa Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P


A3P) foi criado pelo
Ministério do Meio Ambiente, visando à construção de uma nova cultura institucional para a
Administração Pública, com a incorporação de princípios e critérios de gestão socioambiental
em todas as atividades de rotina dos órgãos e entidades públicos (MMA, 2014).

Figura 5 - Eixos temáticos da A3P

Fonte: MMA (2014).

A A3P foi estruturada em cinco eixos temáticos prioritários: uso racional dos recursos
naturais e bens públicos; gestão adequada dos resíduos gerados; qualidade de vida no
ambiente de trabalho; sensibilização e capacitação dos servidores;
servidores e licitações sustentáveis.
Isto para que as instituições públicas assumam o dever de demonstrar para a sociedade a
necessidade de reduzir os impactos socioambientais negativos (MMA, 2014).
50

O quadro 3 descreve cada um dos eixos temáticos da A3P.

Quadro 3: Descrição dos eixos temáticos da A3P


Uso racional dos recursos Usar racionalmente os recursos naturais e bens públicos implica em usá-
naturais e bens públicos los de forma econômica e racional evitando o seu desperdício. Este eixo
engloba o uso racional de energia, água e madeira além do consumo de
papel, copos plásticos e outros materiais de expediente.
Gestão adequada dos resíduos A gestão adequada dos resíduos passa pela adoção da política dos 5R´s:
gerados Repensar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Recusar. Dessa forma deve-se
primeiramente pensar em reduzir o consumo e combater o desperdício
para só então destinar o resíduo gerado corretamente.
Qualidade de vida no ambiente A qualidade de vida no ambiente de trabalho visa facilitar e satisfazer as
de trabalho necessidades do trabalhador ao desenvolver suas atividades na
organização através de ações para o desenvolvimento pessoal e
profissional.
Sensibilização e capacitação dos A sensibilização busca criar e consolidar a consciência cidadã da
servidores responsabilidade socioambiental nos servidores. O processo de
capacitação contribui para o desenvolvimento de competências
institucionais e individuais fornecendo oportunidade para os servidores
desenvolverem atitudes para um melhor desempenho de suas atividades.
Licitações sustentáveis A administração pública deve promover a responsabilidade
socioambiental das suas compras. Licitações que levem à aquisição de
produtos e serviços sustentáveis são importantes não só para a
conservação do meio ambiente, mas, também, apresentam uma melhor
relação custo/benefício a médio ou longo prazo quando comparadas às
que se valem do critério de menor preço.
Fonte: A3P (MMA, 2014)

As práticas relacionadas à responsabilidade socioambiental estão em contínuo


processo de construção e aperfeiçoamento. Promover a responsabilidade socioambiental é um
dos elementos essenciais para o desenvolvimento sustentável e exige a integração das mais
diversas instituições públicas e privadas. Do setor público, o governo estabeleceu quatro
princípios que têm orientado a política ambiental e também servem para orientar as demais
políticas públicas: desenvolvimento sustentável, transversalidade, participação e controle
social, visando ao crescimento econômico em bases sustentáveis (MMA, 2014).
O eixo temático da A3P mais diretamente relacionado a esta pesquisa diz respeito às
licitações sustentáveis, que constituem o processo de aquisição de bens e serviços que leva em
consideração critérios de sustentabilidade ambiental, social e econômica. As licitações
sustentáveis são importantes para a conservação do meio ambiente, abrangendo a própria
sociedade nele inserida, como também apresentam, sob o aspecto econômico, uma melhor
relação custo/benefício a médio ou longo prazo quando comparadas às licitações que se valem
unicamente do critério de menor preço para seleção das propostas para fornecimento de bens
e serviços.
O programa A3P foi criado para ser aplicado na administração pública, mas pode ser
51

usado como modelo de gestão socioambiental por outros segmentos da sociedade. A A3P é
uma iniciativa que demanda engajamento individual e coletivo, a partir do comprometimento
pessoal e da disposição para incorporar conceitos preconizados, objetivando a mudança de
hábitos e a difusão do programa. Para auxiliar o processo de implantação da agenda ambiental
pelas instituições públicas, o Ministério do Meio Ambiente propõe aos órgãos interessados a
sua institucionalização por meio da assinatura do Termo de Adesão, cuja finalidade é integrar
esforços para desenvolver projetos destinados à implementação da agenda. A assinatura do
termo demonstra o comprometimento da instituição com a agenda socioambiental e com a
gestão transparente (MMA, 2009).

3.5 Guias de inclusão de critérios de sustentabilidade em contratações públicas do Brasil

São apresentados a seguir importantes instrumentos de consulta para a utilização de


critérios de sustentabilidade nas compras e contratações efetuadas pela Administração
Pública, acessíveis a todos os órgãos de quaisquer esferas e governo e para a sociedade em
geral.
As compras Públicas Sustentáveis vêm sendo analisadas no Brasil pelo ICLEI -
Governos Locais para a Sustentabilidade14 desde 2004, utilizando-se de uma campanha
denominada Procura+15. Tornou-se relevante o trabalho do ICLEI no Brasil, a partir do
projeto "Fomentando Compras Públicas Sustentáveis no Brasil", que contou com a
participação do governo da cidade de São Paulo, do governo do Estado de São Paulo e do
governo do Estado de Minas Gerais, no ano de 2007. O referido projeto recebeu o patrocínio
do Governo Britânico.

3.5.1 Guia de compras públicas sustentáveis: uso do poder de compra do governo para a
promoção do desenvolvimento sustentável

O ICLEI publicou o primeiro Guia de Compras Públicas Sustentáveis no Brasil, no


ano de 2006, com a segunda edição em 2008, em parceria com a o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão; além de um livro em 2012 sobre esse tema, juntamente

14
ICLEI - Governos Locais para a Sustentabilidade é uma organização não-governamental internacional
constituída como associação de governos locais para a implementação de ações de desenvolvimento sustentável.

15 O Procura+ é uma campanha do ICLEI iniciada em 2004 com o objetivo de estimular as autoridades públicas
para a inclusão de critérios ambientais, sociais e econômicos em suas políticas de contratações públicas.
52

com a Fundação Getúlio Vargas. Todo o material encontra-se disponível gratuitamente na


internet, com o objetivo de apoiar e estimular as autoridades públicas brasileiras para que
promovam decisões responsáveis para a implementação de ações para o desenvolvimento
sustentável (ICLEI, 2012). Essas obras foram realizadas pelo ICLEI — Governos Locais pela
Sustentabilidade, Secretariado para América Latina e Caribe (LACS) e o Centro de Estudos
em Sustentabilidade da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação
Getulio Vargas (GVces). Na versão original, o manual foi organizado por Simon Clement e
Christoph Erdmenger, sendo que a versão para o Brasil foi organizada por Rachel Biderman,
Laura Silvia Valente de Macedo, Mario Monzoni e Rubens Mazon. As publicações do ICLEI
constituem um importante material de consulta para implantação das compras públicas
sustentáveis pelas autoridades públicas brasileiras, a exemplo dos governos dos Estados de
Minas Gerais e São Paulo e do Município de São Paulo (ICLEI, 2012).

3.5.2 Guia de Compras Públicas Sustentáveis para Administração Federal

Trata-se da segunda edição do Guia do ICLEI, publicada em 2008 em parceria com o


Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. O referido guia pode ser consultado na
internet, através do endereço: <http://cpsustentaveis.planejamento.gov.br/wp-
content/uploads/2010/06/Cartilha.pdf>.

3.5.3 Guia Prático de Licitações Sustentáveis do Núcleo de Assessoramento Jurídico em


São Paulo - AGU

Trata-se de material produzido pelo Núcleo de Assessoramento Jurídico em São Paulo


– NAJ/SP, unidade integrante da Consultoria-Geral da União – CGU da Advocacia-Geral da
União – AGU. Como o referido Núcleo é responsável pelo assessoramento jurídico dos
órgãos e autoridades da Administração Federal Direta sediadas no Estado de São Paulo e
possui dentre suas atividades a análise jurídica dos processos de licitação e contratação dos
órgãos assessorados, elaborou o Guia com o objetivo de agrupar as informações legais mais
relevantes, do ponto de vista ambiental, sobre objetos que fazem parte do dia-a-dia das
licitações e contratações de qualquer órgão público e, em diferentes níveis, acarretam algum
tipo de impacto relevante no meio ambiente, seja na fase de fabricação, de utilização ou de
53

descarte. O material está disponível na internet <http://www.tjdft.jus.br/acesso-


rapido/acoes/viver-direito/manuais/guia-pratico-de-compras-sustentaveis/at_download/file>.

3.5.4 Guia de inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações da Justiça do


Trabalho

O Guia Prático para inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações de bens


e serviços no âmbito da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus foi aprovado pelo
Conselho Superior da Justiça do Trabalho por meio da Resolução n° 103, de 25 de maio de
2012 (CSJT, 2014), visando atender ao objetivo de promover o desenvolvimento nacional
sustentável preconizado no art. 3° da Lei n° 8.666/93 (BRASIL, 1993), considerando que as
compras governamentais afetam setores importantes da economia e têm um grande poder de
influenciar os rumos do mercado, uma vez que no Brasil movimentam mais de 10% do PIB.
O Guia leva em consideração critérios ambientais, sociais e econômicos que devem
ser observados pelas autoridades públicas por ocasião do planejamento das aquisições de bens
e serviços; contudo, observa-se neste e nos demais documentos de mesma natureza, que há
uma preocupação maior com o aspecto ambiental da sustentabilidade.

Os critérios de sustentabilidade a serem estabelecidos nos projetos básicos, projetos


executivos e termos de referência tornam todos os setores da instituição responsáveis
em especificá-los, além de exigir do agente tomador da decisão, na elaboração, uma
análise acurada de todos os aspectos que envolvem a contratação, tais como
motivação da aquisição, características do produto ou serviço, impactos da utilização
e descarte responsável (CSJT, 2014, p. 3)

O Anexo 2 desta Dissertação traz a íntegra da edição atualizada do Guia de inclusão


de critérios de sustentabilidade na contratações de bens e serviços da Justiça do Trabalho, que
também pode ser acessado na internet, nas páginas oficiais de qualquer um dos Tribunais
Regionais e do Tribunal Superior do Trabalho (www.tst.jus.br).
De acordo com o Guia do CSJT (2014):

Por se tratar de tema novo e complexo, as contratações públicas sustentáveis geram


dúvidas e impasses de toda espécie, principalmente quanto à definição dos spectos
que melhor representam a sustentabilidade de determinado produto ou serviço. Por
exemplo: o produto é mais sustentável por consumir menos matéria-prima, água ou
energia ou por gerar menos resíduos? É mais sustentável por ser reciclável, reciclado
ou mais durável? Como escolher o critério de sustentabilidade quando um implicar
na redução do outro? Como escolher quando não se tem como avaliar o ciclo de vida
do produto? São questões que se apresentam e merecem aprofundamento, mas que
54

não constituem empecilho para a realização das contratações públicas sustentáveis,


dentro dos critérios de legalidade e com segurança jurídica (CSJT, 2014, p. 3).

No cenário que se apresenta, torna-se imprescindível a discussão acerca de como


devem ser incorporados os critérios de sustentabilidade nas compras públicas, bem como
identificar que critérios podem ser utilizados.
O Guia de contratações sustentáveis da Justiça do Trabalho apresenta as seguintes
diretrizes para as licitações e demais formas de contratação promovidas pela Justiça do
Trabalho e no desenvolvimento das atividades, de forma geral (CSJT, 2014, p. 6):

a) Preferência por produtos de baixo impacto ambiental;


b) Não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos,
bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (Lei
12.305/2010);
c) Preferência para produtos reciclados e recicláveis, bem como para bens, serviços
e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e
ambientalmente sustentáveis (Lei 12.305/2010);
d) Aquisição de produtos e equipamentos duráveis, reparáveis e que possam ser
aperfeiçoados (Portaria MMA 61/2008);
e) Opção gradativa por produtos mais sustentáveis, com estabelecimento de metas
crescentes de aquisição, observando-se a viabilidade econômica e a oferta no
mercado, com razoabilidade e proporcionalidade;
f) Adoção de procedimentos racionais quando da tomada de decisão de consumo,
observando-se a necessidade, oportunidade e economicidade dos produtos a serem
adquiridos (Portaria MMA 61/2008);
g) Estabelecimento de margem de preferência para produtos manufaturados e
serviços nacionais que atendam às normas técnicas brasileiras, em observância a Lei
n° 12.349/2010;
h) Preferência, nas aquisições e locações de imóveis, àqueles que atendam aos
requisitos de sustentabilidade e acessibilidade, de forma a assegurar o direito de ir e
vir das pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida;
i) Observância às normas técnicas, elaboradas pela ABNT, nos termos da Lei n°
4.150, de 21 de novembro de 1962, para aferição e garantia da aplicação dos
requisitos mínimos de qualidade, utilidade, resistência e segurança dos materiais
utilizados;
j) Conformidade dos produtos, insumos e serviços com os regulamentos técnicos
pertinentes em vigor expedidos pelo Inmetro de forma a assegurar aspectos relativos
à saúde, à segurança, ao meio ambiente, ou à proteção do consumidor e da
concorrência justa (Lei n° 9.933, de 20 de dezembro de 1999) (CSJT, 2014, P. 6).

Para o PNUMA (2012, p. 42) apud HEGENBERG (2013), sustentável é todo produto
que incorpora fatores ambientais e sociais e minimiza o seu impacto negativo ao longo do
ciclo de vida e da sua cadeia de fornecimento, respeitando o seu ambiente socioeconômico.
A inserção de critérios de sustentabilidade deve estar relacionada com todas as fases
do processo de aquisição de bens e serviços, desde a seleção dos fornecedores, passando pela
especificação, o processo de escolha dos fornecedores, a contratação e a execução dos
contratos respectivos.
55

3.6 Uma visão panorâmica sobre compras públicas sustentáveis no mundo

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) atua em vários
setores da indústria e do comércio, além de firmar parcerias com organizações não
governamentais para o intercâmbio de boas práticas para viabilizar as compras públicas
sustentáveis em todo o mundo.
Dentre as principais
ais ações do PNUMA destaca-se
destaca se a implementação do Programa de 10
Anos em Consumo e Produção Sustentável - 10 YFP (10 Years Framework Process),
Process que
também é conhecido como Processo de Marrakech, em homenagem à cidade em que se
adotou o programa (ICLEI, 2012).

O Processo de Marrakech que estabeleceu uma série de iniciativas que promovem o


alcance de padrões sustentáveis de consumo e produção alinhados
alin com as
necessidades de desenvolvimento social e econômico,
econômico mas dentro dos limites da
capacidade dos ecossistemas. O processo privilegia o aumento da eficiência e da
sustentabilidade no uso dos recursos e nos processos de produção e da redução da
degradação da biodiversidade, da poluição e do desperdício.
degradação

ICLEI possui uma rede de mais de mil governos locais comprometidos com o
desenvolvimento sustentável, reunindo cidades e estados de todos os tamanhos, em mais de
oitenta e seis países (ICLEI, 2012), tendo, dentre suas vertentes as compras públicas
sustentáveis.
De acordo com o ICLEI (2012), "foram criadas Forças-Tarefas
Tarefas (Task
( Forces) para
engajar a participação de especialistas de países desenvolvidos e em desenvolvimento em
iniciativas voluntárias dentro
entro de temas selecionados",
selecionados", no Processo de Marrakech.
Marrakech

Figura 6 - Forças-tarefa de implementação de PCS

Fonte: MMA (2014).


56

A adesão do Brasil ao Processo de Marrakech ocorreu em 2007, tendo havido a


nomeação do Comitê Gestor Nacional de Produção e Consumo Sustentáveis (PCS) por meio
da Portaria n° 44/2008 para elaboração do Plano de Ação de PCS. No ano de 2009, foi
realizada revisão do plano de ação, incluindo-se novas prioridades, além de proceder à revisão
técnica de cada uma das prioridades pela equipe do Ministério do Meio Ambiente. Em 2010,
foi realizada a consulta pública para aprovação do plano de ação pelo Comitê Gestor, visando
ao Projeto de Cooperação Internacional junto ao PNUMA (MMA, 2014).
O Programa de 10 Anos em Consumo e Produção Sustentável, proposto pelo Processo
de Marrakech desenvolveu uma metodologia para implementar as compras públicas
sustentáveis em países desenvolvidos e em países em desenvolvimento, compota dos
seguintes elementos chave:
a) princípio das compras públicas sustentáveis;
b) plano de implementação da abordagem;
c) avaliação de status;
d) revisão legal;
e) análise da maturidade do mercado;
f) plano de ação para compras públicas sustentáveis;
g) treinamento e formação; e
h) implementação.

Países como a Argentina, Costa Rica, Ilhas Maurício, México, Nova Zelândia, Tunísia
e Uruguai fazem parte do projeto desenvolvido pelo ICLEI para a efetivação das compras
públicas sustentáveis como países-piloto (ICLEI, 2014). A Argentina também participa do
Projeto “Difusão e Desenvolvimento de Capacidades em Compras Públicas Sustentáveis nos
Países Integrantes do Mercosul”, financiado pelo PNUMA, desde 2008, que tem por objetivos
efetuar o levantamento e análise comparativa entre os sistemas normativos e institucionais de
compras públicas nos países do Mercosul.
Há, ainda, o Projeto Landmark, financiado pela União Europeia, que promove boas
práticas de contratação pública socialmente responsável na Europa, com ênfase aos processos
de verificação junto aos fornecedores de bens e serviços para os governos. Destaca-se o caso
do município de Malmö, na Suécia, em que um consórcio de municípios unem suas forças
para monitorar o cumprimento de critérios sociais entre fornecedores (ICLEI, 2011).
57

3.7 A Justiça do Trabalho e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável por


meio das compras públicas sustentáveis

A Justiça do Trabalho, como os demais órgãos e entidades da Administração Pública,


tem o dever de promover o desenvolvimento nacional sustentável, nos termos do art. 3° da
Lei n° 8.666/93 (BRASIL, 1993). E realizar licitações para compras públicas sustentáveis é
um meio de alcançar esse objetivo.
Apresenta-se, a seguir a estrutura da Justiça do Trabalho, para onde foram dirigidos os
questionários da pesquisa, a fim de examinar a contribuição do Poder Judiciário Trabalhista
para a sustentabilidade mediante a exigência dos critérios adicionados em 2010 à Lei
8.666/1993.

3.7.1 A estrutura da Justiça do Trabalho no Brasil

A estrutura da Justiça do Trabalho no Brasil apresenta três instâncias de julgamento e


integra a justiça federal especializada, funcionando de forma regionalizada. Possui vinte e
quatro Tribunais Regionais do Trabalho, cada um composto por um conjunto de Varas do
Trabalho e o Tribunal Superior do Trabalho, que tem sede em Brasília. Para a maioria dos
processos judiciais, as Varas do Trabalho constituem o primeiro grau de julgamento (primeira
instância), os Tribunais Regionais do Trabalho, o segundo grau (segunda instância); e o
Tribunal Superior do Trabalho representa a terceira instância (TRT4, 2014).
E conta, também, com o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) que foi
criado pela Emenda Constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004 (BRASIL, 2004), com
o acréscimo do art. 111-A. O CSJT tem a missão de “exercer a supervisão administrativa,
orçamentária, financeira e patrimonial, bem como promover a integração e o desenvolvimento
dos Tribunais Regionais do Trabalho e das Varas do Trabalho” (CSJT, 2014).
A Primeira Instância é composta pelas Varas do Trabalho, cuja função primordial é
julgar os dissídios individuais, passando a deter competência, também, para processar e julgar
litígios que antes eram da competência originária dos Tribunais Regionais, a exemplo dos
mandados de segurança, além de lhe ser atribuída a responsabilidade pelos executivos fiscais,
decorrentes das contribuições previdenciárias e penalidades administrativas. Têm jurisdição
sobre um ou mais municípios. A Segunda Instância refere-se aos Tribunais Regionais do
Trabalho - TRTs, que julgam recursos interpostos pelas partes contra decisões das Varas,
58

além das ações originárias da segunda instância, como os dissídios coletivos de categorias
organizadas regionalmente, com jurisdição sobre um ou mais Estados, definida em lei. Por
seu turno, a Terceira Instância é o Tribunal Superior do Trabalho (TST), cuja competência é
julgar recursos de revista, recursos ordinários e agravos de instrumento contra decisões dos
TRTs, além de dissídios coletivos de categorias organizadas nacionalmente.
Com a Emenda Constitucional nº 45 (BRASIL, 2004), o TST restabeleceu sua
composição de 27 ministros, togados e vitalícios, nomeados pelo Presidente da República,
após aprovação pelo Senado Federal, dos quais 21 escolhidos dentre juízes dos Tribunais
Regionais do Trabalho, 3 dentre advogados e 3 dentre membros do Ministério Público do
Trabalho, considerando que, pela EC 24/1999, que extinguiu a representação classista, este
número havia sido reduzido para 17 ministros (TRT4, 2014). Mas não foi sempre assim.
Inicialmente, integrava o Poder Executivo, vinculada ao Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio.
De acordo com o TST (2011), os anos de 1923 e 1932 representaram o marco da luta
por direitos sociais no Brasil, enfatizando que em 1923 se construíram os alicerces para a
Justiça do Trabalho atual, com a Lei n° 4.682 (BRASIL, 1923), conhecida como Lei Elói
Chaves, ao criar a Caixa de Aposentadoria e Pensão para os ferroviários, cuja categoria
profissional era considerada como uma das mais organizadas e estratégicas da época. Aponta,
ainda o Decreto n° 16.027/1923 (Brasil, 1923), que criou uma estrutura administrativa para
funcionar como órgão consultivo em assuntos relativos à organização do trabalho e
previdência social, vinculado ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio da época. Já
para o TRT3 e o TRT4 (2014), as origens da Justiça do Trabalho no Brasil estão nos
conhecidos tribunais rurais instalados em 1922 em São Paulo, compostos por um juiz togado,
um representante dos proprietários rurais e outro dos trabalhadores. Com o Decreto n°
22.123/1932 (BRASIL, 1932), foram criadas as Juntas de Conciliação e Julgamento para
solucionar os conflitos entre patrões e empregados. E as Comissões Mistas de Conciliação,
que tinham a função de solucionar os dissídios coletivos instaurados entre a classe dos
trabalhadores e a dos empregadores. A execução das decisões desses órgãos se fazia na
Justiça Comum dos Estados (TRT3; TRT4, 2014).
A Constituição de 1934 previu a existência da Justiça do Trabalho em seu art. 122,
mas a excluía dos órgãos integrantes do Poder Judiciário, ao dispor (BRASIL, 1934):
59

Art. 122 - Para dirimir questões entre empregadores e empregados, regidas pela
legislação social, fica instituída a Justiça do Trabalho, à qual não se aplica o disposto
no Capítulo IV do Título I.
Parágrafo único - A constituição dos Tribunais do Trabalho e das Comissões de
Conciliação obedecerá sempre ao princípio da eleição de membros, metade pelas
associações representativas dos empregados, e metade pelas dos empregadores,
sendo o presidente de livre nomeação do Governo, escolhido entre pessoas de
experiência e notória capacidade moral e intelectual.

Da mesma forma, a Constituição de 1937, em seu art. 139 também tratava da Justiça
do Trabalho (BRASIL, 1937):
Art. 139 - Para dirimir os conflitos oriundos das relações entre empregadores e
empregados, reguladas na legislação social, é instituída a Justiça do Trabalho, que
será regulada em lei e à qual não se aplicam as disposições desta Constituição
relativas à competência, ao recrutamento e às prerrogativas da Justiça comum.

Portanto, mesmo prevista nas Constituições de 1934 e 1937, a Justiça do Trabalho foi
criada somente em 1939, por meio do Decreto-Lei n° 1.237 (BRASIL, 1939), e
regulamentada pelo Decreto n° 6.596, no ano de 1940 (BRASIL, 1940), instalando-se no ano
de 1941, com o pronunciamento do então Presidente da República, Getúlio Vargas (TRT3,
2014):
A Justiça do Trabalho, que declaro instalada neste histórico Primeiro de Maio, tem
essa missão. Cumpre-lhe defender de todos os perigos nossa modelar legislação
social-trabalhista, aprimorá-la pela jurisprudência coerente e pela retidão e firmeza
das sentenças.

Com a Constituição de 1946, a Justiça do Trabalho vinculou-se ao Poder Judiciário da


União, nos termos dos art. 122 e 123 (BRASIL, 1946), passando a ser competente para a
execução de suas condenações, com a transformação dos Conselhos Regionais em Tribunais
Regionais do Trabalho e o Conselho Nacional em Tribunal Superior do Trabalho (TRT3,
2014):

SEÇÃO VI

Dos Juízes e Tribunais do Trabalho

Art 122 - Os órgãos da Justiça do Trabalho são os seguintes:


I - Tribunal Superior do Trabalho;
II - Tribunais Regionais do Trabalho;
III - Juntas ou Juízes de Conciliação e Julgamento.
[...]
Art 123 - Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e
coletivos entre empregados e empregadores, e, as demais controvérsias oriundas de
relações, do trabalho regidas por legislação especial.
60

A competência da Justiça do Trabalho encontra-se no art. 114 da Constituição Federal


(BRASIL, 1988), cuja alteração ocorreu com a Emenda Constitucional n° 45, de 2004
(BRASIL, 2004):

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público
externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;
II as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e
trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato
questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o
disposto no art. 102, I, o;
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de
trabalho;
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores
pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e
seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

Os Tribunais Regionais do Trabalho - TRT - têm jurisdição definida nas seguintes


unidades da federação: o TRT da 1ª Região, Rio de Janeiro; o TRT da 2ª Região, São Paulo; o
TRT da 3ª Região, Minas Gerais; o TRT da 4ª Região, Rio Grande do Sul; o TRT da 5ª
Região, Bahia; o TRT da 6ª Região, Pernambuco; o TRT da 7ª Região, Ceará; o TRT da 8ª
Região, Pará e Amapá; o TRT da 9ª Região, Paraná; o TRT da 10ª Região, Distrito Federal e
Tocantins; o TRT da 11ª Região, Amazonas e Roraima; o TRT da 12ª Região, Santa Catarina;
o TRT da 13ª Região, Paraíba; o TRT da 14ª Região, Acre e Rondônia; o TRT da 15ª Região,
Campinas (interior de São Paulo); o TRT da 16ª Região, Maranhão; o TRT da 17ª Região,
Espírito Santo; o TRT da 18ª Região, Goiás; o TRT da 19ª Região, Alagoas; o TRT da 20ª
Região, Sergipe; o TRT da 21ª Região, Rio Grande do Norte; o TRT da 22ª Região, Piauí; o
TRT da 23ª Região, Mato Grosso e o TRT da 24ª Região, Mato Grosso do Sul. E o TST, com
sede em Brasília, atua sobre todo o território nacional.

3.7.2 As compras públicas sustentáveis da Justiça do Trabalho no Brasil

A alteração promovida no art. 3° da Lei n° 8.666/93 (BRASIL, 1993), encerrou a


discussão acerca do dever da autoridade pública de adquirir bens e contratar serviços
observando a inclusão de critérios de sustentabilidade, com vista à promoção do
desenvolvimento nacional sustentável.
61

O envolvimento dos fornecedores e alinhamento da cadeia de abastecimento; a


conscientização dos atores envolvidos, a exemplo dos compradores públicos e dos
consumidores finais; a existência de um marco regulatório específico e de suporte político; a
capacitação dos servidores públicos envolvidos e a definição de uma política de compras
sustentáveis são fatores que podem impulsionar as compras públicas sustentáveis.
Desde 2012, a Resolução n° 103 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho obriga
que as licitações da Justiça do Trabalho observem o Guia prático para inclusão de critérios de
sustentabilidade em suas contratações (CSJT, 2012).
A licitação sustentável é um importante instrumento à disposição das autoridades
públicas para a implementação de medidas concretas em prol do desenvolvimento sustentável.
Di Pietro (2012, p.383) aponta o "princípio da licitação sustentável" ou "princípio da
sustentabilidade da licitação" para dispor sobre a necessidade de preservação do meio
ambiente, utilizando-se o procedimento licitatório para tal finalidade.
A sustentabilidade também é tratada como princípio constitucional por Freitas (2012),
que o define como aquele que determina a responsabilidade do Estado e da sociedade pela
concretização solidária do desenvolvimento socialmente inclusivo, ambientalmente limpo,
visando a assegurar no presente e no futuro o direito ao bem-estar.
Autores defendem que as compras sustentáveis já eram legalmente amparadas desde
1981, com a sanção da Política Nacional do Meio Ambiente - Lei n° 6.931 (BRASIL, 1981) e
com a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), em face do disposto nos artigos 170 e
225, conforme assevera Di Pietro (2012).
A alteração promovida no art. 3° da Lei n° 8.666/93 (BRASIL, 1993), encerrou a
discussão acerca do dever da autoridade pública de adquirir bens e contratar serviços
observando a inclusão de critérios de sustentabilidade, com vista à promoção do
desenvolvimento nacional sustentável.
A Justiça do Trabalho lidera o ranking de gastos no Judiciário, estimando-se a soma
de 15,3 bilhões de reais em 2014, com o Tribunal Superior do Trabalho, 24 Tribunais
Regionais e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (ASSOCIAÇÃO CONTAS
ABERTAS, 2014).
A maior parte dos recursos, aproximadamente 81,3%, destina-se ao pagamento de
pessoal e encargos e o restante está dividido entre despesas correntes (R$ 2,3 bilhões) e
investimentos (R$ 584,3 milhões), visando à manutenção das atividades dos órgãos e ao
aumento da capacidade produtiva (instalações, máquinas, transporte, infraestrutura). Os
62

exemplos mais típicos de compras são itens de material de consumo, material de distribuição
gratuita, passagens e despesas de locomoção, serviços de terceiros, locação de mão de obra,
arrendamento mercantil, auxílio-alimentação (ASSOCIAÇÃO CONTAS ABERTAS, 2014).
A tabela 1 demonstra a distribuição da dotação orçamentária disponibilizada para a
Justiça do Trabalho para o exercício de 2014.

Tabela 1 - Orçamento da Justiça do Trabalho - 2014


ÓRGÃO DOTAÇÃO
(em bilhões de reais)
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO 1,01
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO 1,44
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 1,82
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO 1,17
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO 1,96
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 5ª REGIÃO 0,90
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 6ª REGIÃO 0,60
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO 0,29
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO 0,40
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO 0,71
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 10ª REGIÃO 0,42
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 11ª REGIÃO 0,35
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO 0,50
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 13ª REGIÃO 0,30
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃO 0,24
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 1,15
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 16ª REGIÃO 0,13
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 17ª REGIÃO 0,20
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 0,34
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO 0,17
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO 0,10
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 21ª REGIÃO 0,20
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 22ª REGIÃO 0,10
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 23ª REGIÃO 0,22
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 24ª REGIÃO 0,15
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO 0,73
Total 15,3
Fonte: CSJT - adaptada

O valor acima representa 0,65% do orçamento geral da União para 2014, da ordem de
R$ 2,36 trilhões de reais.
De acordo com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), de 2010
até março de 2012, foram realizadas 1490 licitações no Brasil utilizando critérios de
sustentabilidade, de acordo com o catálogo de materiais disponíveis no portal de compras do
63

Governo Federal (www.comprasgovernamentais.gov.br), por 735 órgãos governamentais


usuários do SIASG. O volume despendido foi de pouco mais de R$ 34 milhões de reais.

Tabela 2 - Valores de licitações com critérios de sustentabilidade (milhões)


Órgão Valor %
MINISTERIO DA JUSTICA R$ 12.21 36
MINISTERIO DA EDUCACAO R$ 6.33 18
MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL R$ 2.67 8
MINISTERIO PUBLICO DA UNIAO R$ 2.18 6
MINISTERIO DEFESA R$ 1.94 6
MINISTERIO DA FAZENDA R$ 1.36 4
REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL R$ 1.25 4
JUSTICA DO TRABALHO R$ 1.19 3
JUSTICA DO DF E DOS TERRITORIOS R$0.95 3
JUSTICA ELEITORAL R$ 0.77 2
Outros R$ 4.12 12
TOTAL R$ 34.23 100
Fonte: SLTI/MPOG, 2012

No âmbito da Justiça do Trabalho, de 2010 até março de 2012, as compras públicas


sustentáveis representaram pouco mais de um milhão de reais, conforme demonstrado na
tabela 2; volume inexpressivo em relação à dotação orçamentária do período. O cenário vem
sendo modificado a partir de ações voltadas para a implementação das compras públicas
sustentáveis e o maior esforço está na utilização do Guia de contratações sustentáveis da
Justiça do Trabalho.
Também ainda são pouco significativas as compras sustentáveis realizadas pelos
demais órgãos que compões a estrutura da Administração Pública, uma vez que, de acordo
com as estatísticas gerais de compras governamentais da esfera federal, no período de janeiro
a dezembro de 2011, foram realizadas 241.673 licitações pelos órgãos que integram o Sistema
de Serviços Gerais (SISG), com impacto financeiro de cerca de R$ 52 bilhões de reais, de
acordo com os dados apurados pelo Ministério do Planejamento (MPOG/SLTI, 2012).
Esses dados, se por um lado evidenciam os resultados incipientes quanto às compras
públicas sustentáveis no setor público; por outro lado, demonstram o potencial de compra do
Estado que pode ser direcionado para as compras que considerem aspectos econômicos,
sociais e ambientais tanto nos produtos quanto nos serviços ou obras a serem contratadas.
Para Biderman et al. (2008), as compras centralizadas e as compras compartilhadas
constituem valiosas oportunidades para reduzir os custos do processo e gerar ganho com
economia de escala, através da redução dos custos administrativos dos processos e a
64

possibilidade de gerar competitividade nos preços e condições de compra, o que só contribui


para a sustentabilidade do processo de aquisição de bens e serviços.
Os Tribunais do Trabalho têm realizado licitações para registrar preços de produtos e
serviços com a participação de outros Tribunais, e inclusive de outros órgãos da
Administração Pública. E para produtos e serviços de tecnologia da informação e
comunicação vem obtendo êxito em licitações compartilhadas com todos os Tribunais
Regionais e o Tribunal Superior do Trabalho.
O Forum Permanente de Contratações Sustentáveis instituído pela Resolução n°
103/2012 (CSJT, 2012) trabalha para a criação dos indicadores de adesão ao Guia pelos
órgãos da Justiça do Trabalho, a criação de um portal de contratações sustentáveis onde seja
possível pesquisar editais de licitação para compras sustentáveis, atas de registro de preços de
bens e serviços que contenham critérios de sustentabilidade em suas especificações e o
incentivo para que os órgãos se unam para a realização de compras compartilhadas dos
produtos e serviços comuns às necessidades de todos, observando-se as diferenças regionais
de cada Tribunal, a exemplo do que já vem sendo observado em relação aos bens e serviços
de Tecnologia da Informação (TI) e de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).
Vê-se que o guia da Justiça do Trabalho não é exaustivo e não encerra o tema; "tem
por objetivos subsidiar, inspirar e estimular os agentes envolvidos a assumirem atitudes
positivas e investigatórias, apontando caminhos com base em normas, regulamentos e boas
práticas" (CSJT, 2014, p. 4-5).
65

4 MÉTODOS DE PESQUISA

Para atender aos objetivos definidos para esta pesquisa, quais sejam: analisar a
situação das compras públicas quanto à exigência de critérios de sustentabilidade nos
procedimentos licitatórios do Poder Judiciário Trabalhista; classificar os principais aspectos
que conduzem os participantes dos sistemas de compras governamentais, em convergência de
atitudes, à busca de produtos e serviços com características ambientalmente sustentáveis;
verificar as condições atuais da Justiça do Trabalho em relação às compras sustentáveis;
identificar as necessidades e limitações dos fornecedores para se adaptarem às novas
exigências de critérios de sustentabilidade; e analisar as condições de a política pública de
compras sustentáveis estimular cada vez mais o mercado fornecedor e a sociedade com uma
orientação na direção do equilíbrio pretendido pelo modelo do desenvolvimento sustentável
foram apreciadas as ações adotadas pelos Tribunais Regionais do Trabalho, a partir da Lei n°
12.349/2010, que deu nova redação ao art. 3° da Lei n° 8.666/1993, para inserir a promoção
do desenvolvimento nacional sustentável como objetivo da licitação; e da Resolução n°
103/2012 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, que instituiu o Guia de Contratações
Sustentáveis da Justiça do Trabalho.
O trabalho envolveu pesquisa bibliográfica, documental e de campo. O quadro 4
descreve o método de pesquisa relacionado aos objetivos:

Quadro 4 – Os objetivos específicos e o método da pesquisa


Objetivos específicos Método de Pesquisa
Classificar os principais aspectos que conduzem os Pesquisa de campo
participantes dos sistemas de compras QUESTIONÁRIO 1 - Gestores de licitações,
governamentais, em convergência de atitudes, à busca pregoeiros, membros de comissões de licitações
de produtos e serviços com características
ambientalmente sustentáveis
Verificar as condições atuais da Justiça do Trabalho Pesquisa de campo
em relação às compras sustentáveis QUESTIONÁRIO 1 - Gestores de licitações,
pregoeiros, membros de comissões de licitações
Identificar as necessidades e limitações dos Pesquisa de campo
fornecedores para se adaptarem às novas exigências QUESTIONÁRIO 2 - Fornecedores de bens e serviços
de critérios de sustentabilidade aos Tribunais Regionais do Trabalho e ao Tribunal
Superior do Trabalho
Analisar as condições de a política pública de compras Pesquisa documental
sustentáveis estimular cada vez mais o mercado Análise do Guia de inclusão de critérios de
fornecedor e a sociedade com uma orientação na sustentabilidade nas contratações da Justiça do
direção do equilíbrio pretendido pelo modelo do Trabalho;
desenvolvimento sustentável Análise dos editais de licitação, projetos básicos e
termos de referência
Fonte: autoria própria
66

4.1 Pesquisa Bibliográfica

Na etapa de revisão bibliográfica foram lidos, selecionados e organizados os tópicos


de interesse para a pesquisa, tendo em vista tratar-se do conjunto de conhecimentos humanos
reunidos nas obras, conforme ensina Fachin (2001).
Esta fase corresponde ao capítulo de revisão da literatura, destacando-se as
publicações de autores reconhecidos no campo do desenvolvimento sustentável e
sustentabilidade; da Administração Pública; licitações; compras públicas e compras
sustentáveis, consultadas em livros; artigos de periódicos; dissertações e teses; revistas; e
jornais e sítios na internet disponibilizados ao público.

4.2 Pesquisa Documental

Para a etapa da pesquisa documental, em que se considera documento "qualquer


informação sob a forma de textos, imagens, sons, sinais em papel/madeira/pedra, gravações,
pintura, incrustações e outros", no dizer de Fachin (2001, p. 152), foram selecionadas leis,
decretos, resoluções, instruções normativas, portarias, editais de licitação, projetos básicos e
termos de referência, além de guias de contratações sustentáveis já publicados sobre compras
públicas sustentáveis.
Os principais documentos pesquisados para embasamento desta pesquisa foram:

Quadro 5 - Documentos pesquisados


Pesquisa documental

Constituição da República Federativa do Brasil.

Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993, que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui
normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.

Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006, que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da
Empresa de Pequeno Porte.

Guia de inclusão de critérios de sustentabilidade na Justiça do Trabalho.

Agenda Ambiental na Administração Pública.


Editais de Licitação dos Tribunais Regionais e do Tribunal Superior do Trabalho

Fonte: autoria própria


67

A análise dos editais de licitação, dos projetos básicos e dos termos de referência que
instruem os procedimentos licitatórios foi realizada para verificar se esses documentos
continham critérios de sustentabilidade na especificação dos objetos das contratações. Para
esse mister, foi realizada amostra por conveniência dos editais publicados após o advento da
Resolução n° 103, de 25 de maio de 2012, do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, que
aprovou o Guia de Inclusão de Critérios de Sustentabilidade nas Contratações da Justiça do
Trabalho.

4.3 Pesquisa de Campo

Para a etapa da pesquisa de campo, considerada aquela que se realiza com o fato social
situado em seu contexto natural, sem que haja alteração imposta pelo pesquisador e que é
frequentemente utilizada em investigações que procuram avaliar a eficácia de um conjunto de
processos para auxiliar a sociedade (FACHIN, 2001), foi utilizado o questionário como
instrumento de pesquisa social. As formas de coleta das informações por meio do questionário
foram o e-mail e a ferramenta denominada Formulário Google, encaminhados pela internet.
De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p.201), questionário é:

[...] um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de


perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.
Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um
portador; depois de preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo. Junto com
o questionário deve-se enviar uma nota ou carta explicando a natureza da pesquisa,
sua importância e a necessidade de obter respostas, tentando despertar o interesse do
recebedor, no sentido de que ele preencha e devolva o questionário dentro de um
prazo razoável.

A elaboração do questionário deve ser impessoal na avaliação da situação estudada.


Trata-se da técnica de coleta de dados mais comumente utilizada.
Almeida (2011) observa a possibilidade de realização de pré-teste, que é a aplicação
do questionário a um grupo reduzido com perfil semelhante ao da amostra a ser estudada,
visando garantir que os questionamentos encontram consonância com o objeto de estudo.
Marconi e Lakatos (2003) enumeram uma série de vantagens da coleta de dados pela
técnica do questionário, tais como a economia de tempo, viagens e a obtenção de grande
número de dados, além da abrangência de uma área geográfica maior, com respostas mais
rápidas e mais precisas. Na mesma linha, Fachin (2001) considera vantagem do questionário
ser um instrumento de coleta de informações relativamente acessível e que pode ser aplicado
68

concomitantemente a grupos de pessoas e em áreas geográficas extensas, enumerando


também a vantagem de ser preenchido pelo próprio pesquisado garantindo o anonimato, que
contribui para que o pesquisado se sinta mais seguro e preste informações mais verdadeiras.
Segundo Marconi e Lakatos (2003), comparando-se com as entrevistas, o questionário
apresenta a desvantagem de não se poder obter muitas informações, embora, nas entrevistas,
desvios do foco podem ocorrer, que exigem propostas de retomada do tema por parte do
pesquisador. Já Fachin (2001) considera desvantagem quando o questionário, não sendo bem
redigido, conduz à incompreensão do pesquisado e compromete a resposta da questão e
aponta, também, como desvantagem a demora no preenchimento ou a devolução com
respostas em branco ou incompletas.
Os questionários foram elaborados utilizando-se a ferramenta denominada Google
Formulários e encaminhados para os sujeitos da pesquisa por meio da internet, solicitando-se
o preenchimento no ambiente virtual; ou foram encaminhados por e-mail.
Para a coleta dos dados foram elaborados dois tipos de questionários: o primeiro tipo
dirigido aos gestores de licitações, pregoeiros e membros de comissões de licitações, que são
servidores que têm conhecimento amplo de todo o processo de aquisição de bens e serviços
contratados pelos Tribunais Regionais e pelo Tribunal Superior do Trabalho, no total de 25
(vinte e cinco) questionários. Os questionários do tipo estruturado, contendo perguntas
fechadas objetivas, foram enviados a partir de uma lista de endereços eletrônicos obtida nos
encontros do Forum Permanente de Contratações Sustentáveis realizados em Brasília e
possibilitaram a análise da percepção da sustentabilidade através de resposta rápida e precisa,
dentre as alternativas oferecidas. O segundo tipo de questionário foi dirigido para os
fornecedores de bens e serviços aos órgãos da Justiça do Trabalho, cujas remessas aos
destinatários ocorreram por meio eletrônico (e-mail e Formulário Google), a partir dos
endereços cadastrados pelos próprios fornecedores nos sistemas eletrônicos do Banco do
Brasil (www.licit-e.com.br) e do Governo Federal (www.comprasgovernamentais.gov.br), no
total de 100. Da mesma forma, foram questionários estruturados, com perguntas fechadas
objetivas que possibilitaram a análise da percepção dos fornecedores acerca da
sustentabilidade, através de respostas rápidas e precisas.
Os pesquisados tiveram a oportunidade de expressar suas opiniões sobre as questões
propostas no espaço destinado às observações.
A análise da inserção de critérios de sustentabilidade nos procedimentos licitatórios
realizados pelos Tribunais do Trabalho foi efetuada considerando os aspectos sociais,
69

econômicos e ambientais presentes nos procedimentos realizados através dos sistemas


eletrônicos do Governo Federal (www.comprasgovernamentais.gov.br) ou do Banco do Brasil
(www.licit-e.com.br) e informações disponíveis nas páginas dos Tribunais na internet.
A pesquisa também contou com a análise dos mecanismos utilizados pelos Tribunais
do Trabalho para especificação dos produtos e serviços sustentáveis, considerando a
disponibilidade no mercado.
A análise dos editais recaiu sobre as seguintes categorias: as compras de bens de
consumo e materiais permanentes (papel reciclado, cartuchos de toner e mobiliário) e os
contratos de serviços (obras e serviços de engenharia), tudo em conformidade com o Guia de
Contratações Sustentáveis da Justiça do Trabalho. A referida análise permitiu o
enquadramento das práticas identificadas em função de seu êxito nos processos de licitações e
compras públicas seguindo as premissas da sustentabilidade.

4.4 Limitações da pesquisa

Um fator que pode ser considerado como limitante deste estudo é a falta de respostas
aos questionários por parte de alguns Tribunais e fornecedores. De se ressaltar a dificuldade
em obter retorno e participação das empresas e de alguns Tribunais. Ao final, a amostra
investigada envolveu 18 Tribunais, o que representa uma participação de 72% da população
total de 25 Tribunais do Trabalho, incluído o Tribunal Superior. Já o retorno dos questionários
enviados aos fornecedores de bens e serviços aos Tribunais foi de 13 respostas de empresas
do ramo de móveis para escritórios, de engenharia e de cartuchos de toner e de cartuchos de
impressoras, representando 13% da população pesquisada. Quanto à pesquisa voltada aos
editais de licitação publicados pelos Tribunais, também foram constatadas dificuldades de
localização dos documentos na internet, nas páginas oficiais dos TRTs e do TST, bem como
nos sistemas eletrônicos de licitações (licitacoes-e) do Banco do Brasil e
(comprasgovernamentais) do Governo Federal, embora tais dificuldades não tenham
inviabilizado as consultas e a pesquisa.
Outra limitação encontrada ocorreu na etapa da revisão teórica e construção da
fundamentação deste estudo, tendo em vista que o tema das compras públicas sustentáveis
ainda é relativamente pouco explorado no Brasil no que se refere às pesquisas científicas.
Observou-se pequeno número de produção científica na área de compras públicas
sustentáveis, verificando-se avanços nas discussões em foruns e outros ambientes
70

relacionados, principalmente, à área jurídica. Também não foram encontrados dados


consolidados atuais sobre a realização de compras públicas sustentáveis no país.
Contudo, apesar das limitações apontadas, os procedimentos metodológicos foram
considerados satisfatórios para alcançar os objetivos propostos para esta pesquisa.

4.5 Aspectos éticos da pesquisa

Esta pesquisa encontra amparo na Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do


Conselho Nacional de Saúde, que aprovou as diretrizes e normas regulamentadoras de
pesquisas envolvendo seres humanos. A referida Resolução visa a assegurar os direitos e
deveres dos participantes da pesquisa, da comunidade científica e do Estado, ao incorporar,
sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os referenciais da bioética, a exemplo da
autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade.
Neste sentido, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade de Pernambuco, por meio de cadastro na Plataforma Brasil, que é uma base
nacional e unificada de registros de pesquisas envolvendo seres humanos, sob o n°
31253614.1.0000.5207 e recebeu aprovação, conforme Parecer Consubstanciado do CEP de
n° 672.983.
71

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A apresentação dos dados está baseada nas fontes de evidência obtidas na realização
da pesquisa de campo desta dissertação – questionários, análise de documentos, observação.
Este capítulo foi dividido em três seções: a primeira apresenta as respostas ao questionário
aplicado aos servidores envolvidos com o processo de aquisição de bens e serviços do
Judiciário Trabalhista; na seção seguinte, as respostas ao questionário aplicado aos
fornecedores de bens e serviços; e por fim, uma análise de editais de licitação, à luz do Guia
de inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações da Justiça do Trabalho.
A instrumentalização da política pública de compras sustentáveis com critérios
abrangentes, capazes de criar condições que estimulem cada vez mais o mercado fornecedor e
a sociedade com uma orientação na direção do equilíbrio pretendido pelo modelo do
desenvolvimento sustentável, no âmbito da Justiça do Trabalho (mas que pode ser aproveitada
para toda a Administração Pública), teve início com a edição do guia de contratações
sustentáveis, que reuniu grande parte das informações legais e de ordem prática que são mais
relevantes para os processos de licitação para aquisição de bens e serviços que provocam
impactos ao meio ambiente por ocasião de sua produção, utilização e descarte; observando-se
ainda a responsabilidade social e o crescimento econômico.
A manutenção do Forum Permanente das Contratações Sustentáveis da Justiça do
Trabalho demonstra o acerto do Judiciário Trabalhista para o aprimoramento das compras
sustentáveis, com a atuação dos grupos de trabalho responsáveis pela revisão e atualização do
Guia; pela divulgação e estratégias de implementação do guia; pela elaboração do portal de
contratações sustentáveis da Justiça do Trabalho; pelos indicadores e metas e pelas compras
compartilhadas. Desta forma, as diretrizes traçadas no Guia de contratações sustentáveis da
Justiça do Trabalho poderão ser efetivamente observadas por todos os Tribunais.
As compras compartilhadas já são uma realidade para alguns grupos de materiais,
especialmente aqueles relacionados à tecnologia da informação e comunicação, tais como
microcomputadores e notebooks; contudo, compras rotineiras como materiais de consumo
(papel reciclado representando o principal item) e bens permanentes (mobiliário, por
exemplo) ainda não são adquiridos por meio de compra compartilhada para atender a
necessidade de todos os Tribunais do Trabalho, embora exista uma Resolução do Conselho
Superior da Justiça do Trabalho instituindo o padrão de mobiliário ergonômico nos órgãos da
Justiça do Trabalho de 1° e 2° graus - a Resolução n° 54/2008 (CSJT, 2008).
72

A realização de um inventário dos materiais e serviços mais contratados por todos os


Tribunais Regionais e pelo Tribunal Superior do Trabalho ao longo de determinado período
poderia determinar um levantamento das necessidades de cada órgão e culminar com o
planejamento das compras dos itens comuns a todos os Tribunais de forma compartilhada,
observando-se a existência de critérios de sustentabilidade a serem exigidos na licitação.

5.1 O questionário aplicado a gestores de licitações, pregoeiros e membros de comissões


de licitação dos Tribunais Regionais do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho

Foram encaminhados questionários para os 24 (vinte e quatro) Tribunais Regionais do


Trabalho e para o Tribunal Superior do Trabalho, conforme modelo constante do Apêndice A,
por meio dos correios eletrônicos institucionais, utilizando-se a ferramenta denominada
Formulário Google para respostas, totalizando 25 (vinte e cinco) remessas. Após diversas
tentativas de envio e reenvio, 18 (dezoito) Tribunais Regionais do Trabalho encaminharam
respostas, totalizando 24 (vinte e quatro) questionários respondidos, ou seja, houve Tribunais
em que mais de um servidor respondeu ao questionário enviado através do Google
Formulários.
Para esta etapa da pesquisa o instrumento de pesquisa utilizado para atender os
objetivos de classificar os principais aspectos que conduzem os participantes dos sistemas de
compras governamentais, em convergência de atitudes, à busca de produtos e serviços com
características ambientalmente sustentáveis; e verificar as condições atuais da Justiça do
Trabalho em relação às compras sustentáveis foi a pesquisa de campo, representada pelo
questionário 1, dirigido aos gestores de licitações, pregoeiros e membros de comissões de
licitações, como será demonstrado pelas respostas a seguir.
No que se refere ao conhecimento acerca da alteração do art. 3° da Lei n° 8.666/93
para inserir a promoção do desenvolvimento nacional sustentável como princípio a ser
observado nas licitações (Lei n° 12.349/2010), 67% dos respondentes afirmaram conhecer
bem a alteração e 33% declararam apenas saber da existência dessa alteração, conforme
ilustrado pelo gráfico 2.

Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da


isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção
do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita
conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da
73

vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos


d que lhes são
correlatos (grifo da autora).

Gráfico 2 - Conhecimento da alteração da Lei Geral de Licitações para inserir a promoção


do desenvolvimento nacional sustentável como finalidade da licitação

Fonte: Pesquisa, 2014

O Gráfico 3 ilustra o conhecimento que os respondentes têm sobre o Guia de inclusão


de critérios de sustentabilidade nas contratações da Justiça do Trabalho, demonstrando que
75% dos respondentes afirmaram conhecer bem o guia, enquanto 25% declararam apenas
saber da existência do guia.

Gráfico 3 - Conhecimento do Guia de contratações sustentáveis da JT

Fonte: Pesquisa, 2014

Sobre a inserção de critérios de sustentabilidade nos editais de licitação para


contratação de bens e serviços, 50% dos respondentes afirmaram que têm observado a
inclusão de critérios de sustentabilidade nos editais de licitação; enquanto a outra metade dos
pesquisados declarou proceder à inclusão parcial dos critérios de sustentabilidade previstos no
Guia de contratações sustentáveis da justiça do Trabalho,
Trabalho, como mostra o gráfico 4.
Considerando-se
se que o Guia de Contratações Sustentáveis não engloba todos os
critérios de sustentabilidade exigíveis em uma contratação pública; e que a metade dos
pesquisados declararam que atendem parcialmente o guia quanto à inclusão de critérios de
74

sustentabilidade em suas contratações, verifica-se


verifica se a necessidade de maiores estímulos à
efetiva adesão ao Guia por parte dos Tribunais do Trabalho, a fim de que todos os órgãos da
Justiça do Trabalho passem a observar o Guia em sua integralidade, no mínimo, ao elaborar as
especificações dos bens e serviços que forem adquirir.
Isto porque o rol de critérios constantes do Guia não é axaustivo, ou seja, pode haver
contratações sustentáveis com exigências de critérios de sustentabilidade
sustentabil que não foram
mencionadas no Guia da Justiça do Trabalho, desde que, para isto, existam fornecedores no
mercado, em número suficiente para haver ampla concorrência no processo de escolha da
proposta mais vantajosa para a Administração, em observância ao disposto no art. 37, XXI, da
Constituição Federal de 1988.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
[...]
serviços compras
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,
e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que
assegure igualdade de condições
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta,
nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e
econômica indispensáveis à garantia
garanti do cumprimento ento das obrigações (grifo da
autora).

Gráfico 4 - Inclusão de critérios de sustentabilidade nos editais de licitação

Fonte: Pesquisa, 2014

Todos os pesquisados responderam que a inclusão de critérios de sustentabilidade nas


contratações da Justiça do Trabalho pode contribuir para a promoção do desenvolvimento
nacional sustentável,, como demonstra o gráfico 5.
75

Gráfico 5 - Percepção de que a inclusão de critérios de sustentabilidade contribui para o DS

Fonte: Pesquisa, 2014

No que se refere à possibilidade de aumento dos custos dos bens e serviços


contratados com a inclusão de critérios de sustentabilidade nos editais de licitação, 63% dos
pesquisados responderam sim; enquanto 38% acham que não há aumento de custos. O gráfico
6, apresenta o resultado obtido.
Gráfico 6 - Critérios de sustentabilidade x aumento dos custos

Fonte: Pesquisa, 2014

No que se refere à percepção dos pesquisados acerca da possível restrição à


competitividade representada pela inclusão de critérios dee sustentabilidade nas contratações
da Justiça do Trabalho,, 50% das respostas apontam para a restrição da competitividade,
enquanto 46% consideram que a inclusão de critérios de sustentabilidade não restringe a
competitividade, conforme ilustra o Gráfico 7.
7

Gráfico 7 - Percepção de que a inclusão de critérios de sustentabilidade restringe a competitividade

Fonte: Pesquisa, 2014


76

Sobre a inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações


contratações da Justiça do
Trabalho, 100% dos respondentes afirmaram que apresenta condições de fazer o mercado se
adequar às novas exigências, prestando serviços e fornecendo bens produzidos com
tecnologias mais limpas e menos agressivas ao meio ambiente,
ambiente, conforme ilustra o Gráfico 8.

Gráfico 8 - Adequação do mercado às exigências de critérios de sustentabilidade nas contratações

Fonte: Pesquisa, 2014

O Gráfico 9 ilustra a pesquisa sobre a forma como os órgãos levam ao conhecimento


dos licitantes que na licitação publicada foram incluídos critérios de sustentabilidade, 21%
dos respondentes declararam que o edital menciona expressamente que se trata de licitação
sustentável,, enquanto que 75% das respostas foram no sentido de que na descrição do objeto
há exigência de um ou vários critérios de sustentabilidade. Esse dado evidencia o
conhecimento do Guia de Contratações sustentáveis da Justiça do Trabalho, pois o Item 5 do
referido documento dispõe que "os critérios de sustentabilidade devem ser objetivamente
definidos e veiculados como especificação técnica do objeto".

Gráfico 9 - Informação aos licitantes de que o edital da licitação contém critérios de sustentabilidade

Fonte: Pesquisa, 2014

O Guia de contratações sustentáveis da Justiça do trabalho dispõe que:


77

Pilhas e baterias; pneus; lâmpadas fluorescentes, de vapor


vapo de sódio e mercúrio e de
luz mista; óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens, bem como produtos
eletroeletrônicos e seus componentes devem observar o sistema de logística reversa
nos termos da Lei n° 12.305/2010, que institui a Política Nacional de d Resíduos
Sólidos, regulamentada pelo Decreto n° 7.404/2010. Deve ser incluída, no termo de
referência e na minuta de contrato, cláusula prevendo a obrigação da coleta, pela
contratada, dos resíduos oriundos da contratação, para fins de devolução ao
fabricante ou importador, responsáveis pela sua destinação final ambientalmente
fabricante
adequada.

Considerando a importância da prática da logística reversa para a sustentabilidade, foi


perguntado aos gestores de licitação se o órgão exigia do fornecedor essa prática, ao que 33%
responderam que sim; enquanto 29% disseram que não exigiam a logística reversa e 38% não
souberam responder. O Gráfico 10 ilustra as respostas.

Gráfico 10 - Exigência da prática da logística reversa

Fonte: Pesquisa, 2014

Ainda sobre logística reversa, 42% dos respondentes afirmaram que existe coleta
seletiva específica e regular no órgão para a destinação final de pilhas, baterias e lâmpadas
fluorescentes, após o uso; 21% dos pesquisados declararam que foi prevista no edital a
destinação
ção final dos referidos materiais após o uso pelo órgão e 21% dos respondentes
afirmaram os as pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes são descartadas juntamente com os
demais resíduos sólidos, sem separação. Esta resposta encontra consonância com os 25% dos
respondentes que afirmaram saber da existência do Guia, uma vez que o guia expediu
orientação específica para resíduos com logística reversa, que inclui os itens do questionário
de pesquisa. O gráfico 11 ilustra as respostas.
78

Gráfico 11 - Destinação final de pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes

Fonte: Pesquisa, 2014

O papel reciclado constitui um dos principais materiais de consumo dos órgãos da


Justiça do Trabalho com critérios de sustentabilidade identificados pelo Guia de contratações
contrat
da Justiça do Trabalho. Confirma a assertiva a resposta de 96% dos pesquisados no sentido de
que o órgão adquire papel reciclado, conforme se observa no Gráfico 12

Gráfico 12 - Aquisição de papel reciclado

Fonte: Pesquisa, 2014

No campo do questionário destinado às observações, os pesquisados assim se


pronunciaram (gestores de licitações):

Até a presente data, o índice de adesão, por ser coercitiva, é de aproximadamente


60%. Para alguns itens de bens e serviços ainda não estão sendo aplicadas
aplicad devido a
vários fatores, tais como: mercado, preço, etc, por vezes, até pela falta de boa
vontade ou o comprometimento da unidade gestora da contratação de bens e
serviços, quando da especificação dos requisitos do projeto básico ou do termo de
referênc
referência.

Por se tratar de uma norma regulamentar, a adesão será obrigatória. Contudo, muitas
empresas, sobretudo as empresas locais, ainda não possuem estrutura para realizar a
logística reversa. Mas essa é uma tendência irreversível.

Observou-se recentemente,, na licitação para aquisição de cartuchos de impressoras,


Observou
que a HP do Brasil possui um programa de logística reversa bem estruturado,
programa este muito similar ao das demais fabricantes concorrentes (Samsung,
Lexmark, Xerox), que com o propósito de contribuir
contribuir com a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, atendem também a interesses corporativos, tais como evitar a
79

reutilização desses cartuchos, reduzindo consideravelmente a ampliação de um


mercado paralelo para os seus produtos.

Nas compras públicas sustentáveis não há restrição da competitividade porque estão


sendo inseridos critérios de sustentabilidade nas aquisições de bens e serviços de
acordo com a evolução do mercado. O órgão exige do fornecedor a logística reversa.

Inicialmente, com as compras públicas sustentáveis, há aumento dos custos de


aquisição de bens e serviços com critérios de sustentabilidade e há restrição da
competitividade superior a 70%.

Eventual aumento inicial de custo ("preço") pode ser compensado por maior
durabilidade dos produtos adquiridos.

As compras públicas sustentáveis vêm sendo objeto de adequações em virtude da


realidade ainda imposta pelo mercado.

Gradativamente, observa-se uma melhor aceitação das compras públicas


sustentáveis por parte das empresas fornecedoras. De início, verificaram-se compras
não realizadas em virtude de licitações fracassadas ou desertas, sobretudo para os
fornecedores locais. No sul do país, as empresas já estão mais bem estruturadas,
sobretudo em relação à chamada logística reversa. A implementação de critérios
para compras em que sejam observados os mais variados critérios de
sustentabilidade deve-se ter, por enquanto, como objetivos de médio e longo prazos.

Infere-se que os principais aspectos que conduzem os participantes dos sistemas de


compras governamentais, em convergência de atitudes, à busca de produtos e serviços com
características ambientalmente sustentáveis é a observância à lei e a percepção de que as
compras públicas sustentáveis podem contribuir efetivamente para a promoção do
desenvolvimento sustentável. Contudo, barreiras, como o preço e a inexistência de
fornecedores locais podem dificultar o processo.
De acordo com as observações dos pesquisados acima transcritas, uma barreira a ser
enfrentada para a adoção das compras públicas sustentáveis pela Justiça do Trabalho ainda é o
preço dos produtos. A percepção de que o mercado ainda não tem condições de fornecimento,
ou seja, a licitação para compras de bens e serviços com critérios de sustentabilidade ainda
representa restrição à competitividade também foi levada em consideração pelos pesquisados,
ante a percepção de que os produtos e serviços com critérios de sustentabilidade restrigem a
competitividade.

5.2 O questionário aplicado aos fornecedores dos Tribunais Regionais do Trabalho e do


Tribunal Superior do Trabalho

Para esta etapa quantitativa da pesquisa foram encaminhados os questionários por e-


mail, com a opção de resposta on line (Formulário Google) ou retorno digitalizado do anexo
80

da mensagem eletrônica, a partir dos endereços cadastrados pelos próprios fornecedores nos
sistemas eletrônicos do Banco do Brasil (www.licit-e.com.br) e do Governo Federal
(www.comprasgovernamentais.gov.br). Os questionários foram do tipo estruturado, com
perguntas fechadas objetivas que possibilitaram a análise da percepção dos fornecedores
acerca da sustentabilidade, através de respostas rápidas e precisas.
Os pesquisados tiveram a oportunidade de expressar suas opiniões sobre as questões
propostas no espaço destinado às observações.
Considerando a amostra por conveniência dos grupos de materiais escolhidos para
análise (papel reciclado, cartuchos de toner e mobiliário, obras e serviços de engenharia),
foram encaminhados os questionários para empresas desses setores, após verificação do
objeto social no cadastro do Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (SICAF)
do Governo Federal, a partir da consulta pelo número no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica (CNPJ). Foram selecionados 100 (cem) fornecedores para remessa dos questionários.
Após diversas tentativas de envio e reenvio, 13 (treze) representantes de empresas
encaminharam respostas, conforme a seguir demonstrado.
Acerca da forma como os fornecedores tomam conhecimento de licitação promovida
pelos órgãos da Justiça do Trabalho, 33% dos respondentes afirmaram que tomam
conhecimento das licitações pelo Diário Oficial da União; 17% declararam que ficam sabendo
das licitações através de jornais de grande circulação; 17% declararam que os órgãos
comunicam a realização das licitações e 58% disseram que ficam sabendo das licitações por
outros meios.
A Lei de Licitações estabelece as regras de publicação dos avisos de licitação, na
forma do seu art. 21:

Art. 21.Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências, das tomadas
de preços, dos concursos e dos leilões, embora realizados no local da repartição
interessada, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma vez:
I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação feita por órgão ou
entidade da Administração Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras
financiadas parcial ou totalmente com recursos federais ou garantidas por
instituições federais;
II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quando se tratar,
respectivamente, de licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública
Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal;
III - em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em jornal
de circulação no Município ou na região onde será realizada a obra, prestado o
serviço, fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Administração,
conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para ampliar
a área de competição.
81

O Gráfico 13 apresenta as respostas ao questionamento.

Gráfico 13 - Acesso à informação sobre a licitação


A imagem não pode ser exibida. Talv ez o computador não tenha memória suficiente para abrir a imagem ou talv ez ela esteja corrompida. Reinicie o computador e abra o arquiv o nov amente. Se ainda assim aparecer o x v ermelho, poderá ser necessário excluir a imagem e inseri-la nov amente.

Fonte: Pesquisa, 2014

No que se refere ao conhecimento acerca da alteração do art. 3° da Lei n° 8.666/93


para inserir a promoção do desenvolvimento nacional sustentável como princípio a ser
observado nas licitações (Lei n° 12.349/2010), 62% dos respondentes afirmaram conhecer a
alteração e 38% declararam que não conhecem essa alteração, conforme
conforme ilustrado pelo gráfico
14.

Gráfico 14 - Conhecimento da alteração da Lei Geral de Licitações para inserir a promoção


do desenvolvimento nacional sustentável como finalidade da licitação

Fonte: Pesquisa, 2014

O Gráfico 15 ilustra o conhecimento que


que os respondentes têm sobre o Guia de inclusão
de critérios de sustentabilidade nas contratações da Justiça do Trabalho, demonstrando que
38% dos respondentes afirmaram conhecer o guia, enquanto 62% declararam não conhecer o
guia.
82

Gráfico 15 - Conhecimento do Guia de contratações sustentáveis da JT

Fonte: Pesquisa, 2014

No que se refere à participação das empresas nas licitações cujos editais têm incluído
critérios de sustentabilidade nas contratações de bens e serviços,
serviços, 62% dos respondentes
afirmaram que participam dessas licitações; enquanto que 38% declararam que participam em
parte dessas licitações, conforme ilustra o Gráfico 16.

Gráfico 16 - Participação em licitações sustentáveis da JT

Fonte: Pesquisa, 2014

Acerca da percepção de que a inclusão de critérios de sustentabilidade nas


contratações da Justiça do Trabalho aumenta os preços das propostas para fornecimento de
bens e serviços,, 46% dos pesquisados responderam sim; mesmo percentual dos respondentes
afirmaram que não há aumento
aumento nos preços. O gráfico 17, apresenta o resultado obtido.

Gráfico 17 - Percepção de que a inclusão de critérios de sustentabilidade aumenta os preços propostos

Fonte: Pesquisa, 2014


83

Sobre a inserção de critérios de sustentabilidade nos editais de licitação


lici para
contratação de bens e serviços, 46% dos respondentes afirmaram os editais mencionam
expressamente que se trata de licitação sustentável e 69% dos pesquisados observam que na
descrição do objeto há exigência de um ou vários critérios de sustentabilidade
ilidade, como mostra o
gráfico 18.

Gráfico 18 - Inclusão de critérios de sustentabilidade nos editais de licitação

Fonte: Pesquisa, 2014

Quanto à participação das empresas em licitações que exigem critérios de


sustentabilidade na contratação, 38% dos respondentes declararam que deixam de participar
de licitações em face dessa exigência; ao passo em que 62% afirmaram que não deixam de
participar de licitações devido a exigências de critérios de sustentabilidade nas contratações,
conforme Gráfico 19.

Gráfico
áfico 19 - Participação de empresas em licitações sustentáveis

Fonte: Pesquisa, 2014

Já em relação às mudanças realizadas pelas empresas para se adequar às novas


exigências da Administração Pública acerca da inclusão de critérios de sustentabilidade nas
contratações, visando à prestação de serviços e fornecimento de bens produzidos com
tecnologias mais limpas, menos agressivas ao meio ambiente,
ambi , 46% disseram que procederam
a mudança de fornecedores; 31% informaram que houve alteração do processo produtivo;
62% declararam que foram obtidos certificações ambientais e 69% afirmaram que foram
84

promovidas ações de capacitação e treinamento de seus empregados. Tudo conforme o


Gráfico 20.

Gráfico 20 - Adequação das empresas aos critérios de sustentabilidade


A imagem não pode ser exibida. Talv ez o computador não tenha memória suficiente para abrir a imagem ou talv ez ela esteja corrompida. Reinicie o computador e abra o arquiv o nov amente. Se ainda assim aparecer o x v ermelho, poderá ser necessário excluir a imagem e inseri-la nov amente.

Fonte: Pesquisa, 2014

No que se refere às condições de fornecimento de bens para a Justiça do Trabalho com


a prática da logística reversa, 77%
77% dos respondentes declararam que estão aptos a fornecer
bens com a prática da logística reversa; enquanto que 8% afirmaram que não estão prontos
para esse tipo de fornecimento, conforme consta do Gráfico 21.

Gráfico 21 - Prática da logística reversa

Fonte: Pesquisa, 2014

Por seu turno, sobre a percepção de que a inclusão de critérios de sustentabilidade nas
contratações da Justiça do Trabalho pode contribuir para a promoção do desenvolvimento
nacional sustentável,, 92% dos respondentes afirmaram que sim e nenhum pesquisado disse
que não.

Gráfico 22 - Inclusão de critérios de sustentabilidade nos editais de licitação

Fonte: Pesquisa, 2014


85

No campo do questionário destinado às observações, os pesquisados assim se


pronunciaram (fornecedores):
Fornecedor 1 (Empresa de móveis para escritórios). Cabe a cada empresa a
conscientização de responsabilidade ambiental de suma importância, não podemos
deixar que os órgãos públicos desrespeitem os protocolos firmados pelo governo
federal. Ação direta e fiscalização de órgãos competentes exprimem o verdadeiro ato
democrático.

Fornecedor 2 (Empresa de cartuchos de impressoras). Da mesma forma que na


fabricação de suprimentos de impressão, diversos fabricantes contêm rigorosos
critérios de sustentabilidade em seus demais produtos, tanto no uso de menos ou
nenhum metal pesado na composição química de partes e peças, quanto no consumo
de energia, conferindo certificações diversas tais como EPA Energy Star, fontes
eficientes EPEAT nas modalidades Silver, Gold, etc., equipamentos gerenciáveis
para menor consumo de energia, co m desligamento ou hibernação remotamente
gerenciada, etc., bem como logística reversa para destinação ambiental adequada.
Vale lembrar que a promoção do desenvolvimento nacional sustentável se consoante
com o conceito de sustentabilidade, deve ser mais ampla, indo além da questão
ambiental, tocando também as áreas da legalidade, da economicidade e do
desenvolvimento social. Infelizmente, mesmo com a inclusão de critérios de
sustentabilidade, percebe-se, ainda, um foco excessivo e restritivo da decisão nos
pregões regidos pela Lei 8.666/93, sendo dada pelo menor preço, e não pelo melhor
preço. A atitude dos gestores de compra dos órgãos públicos é fundamental para
fazer valer as exigências de sustentabilidade. Aceitar declarações dos próprios
licitantes, sem anuência dos fabricantes nem certificações ambientais oficiais, acaba
por anular o objetivo das licitações públicas sustentáveis. Infelizmente, sobretudo na
área de suprimentos do mercado brasileiro, é necessário pensar que não existe
princípio da boa fé, na prática, não há. O órgão precisa se cercar ao máximo, no
momento do certame, para não deixar seguir à execução contratual práticas
suspeitas. Prova disso é que o maior consumidor de produtos falsificados do país é o
setor público. E essa é uma prática altamente insustentável, sob todos os pontos de
vista: da economicidade, da legalidade, da isonomia, dentre outros. É preciso haver
proximidade do cliente, órgão público, dos fabricantes e da cadeia oficial de
fornecedores deles.

Fornecedor 3 (Empresa de engenharia). O que se tem exigido, basicamente, é a


utilização de materiais na obra que sejam pouco agressivas ao meio ambiente, tais
como instalações hidráulicas que permitam o baixo consumo de água, etc., a
utilização de revestimentos que permitam o conforto térmico e, sobretudo, a
diminuição do desperdício.

Fornecedor 4 (Empresa de toner para impressoras e produtos eletroeletrônicos). A


empresa está estudando o assunto sobre logística reversa, mas há alguns empecilhos
a serem vencidos para se declarar uma empresa apta a praticar a logística reversa.
Apoiamos os programas que valorizam a sustentabilidade do planeta, mas também
dos negócios, e através de ações internas, reduzir os impactos ao meio ambiente,
sem perder a competitividade e a rentabilidade.

De acordo com as observações dos pesquisados, o critério de seleção das propostas nas
licitações pelo menor preço apresenta-se como barreira para a implementação das compras
sustentáveis, não ficando claro se foi levado em consideração o fato de que são consideradas
as especificações do objeto da licitação, uma vez que nas licitações sustentáveis será
86

escolhida a proposta de menor preço dentre aquelas que atendam as exigências do edital da
licitação.

5.3 Os editais de licitação dos Tribunais Regionais do Trabalho e do Tribunal Superior


do Trabalho, à luz do Guia de inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações
da Justiça do Trabalho

A pesquisa contemplou a análise de editais de licitação, a partir de amostra por


conveniência, para quatro itens de aquisição de bens e serviços, a saber: papel reciclado;
cartuchos de tinta ou de toner; mobiliário e obras e serviços de engenharia.
A busca dos editais de licitação foi realizada nas páginas dos Tribunais Regionais do
Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho na internet, bem como nos sistemas eletrônicos
de licitações Licitacoes-e, do Banco do Brasil (www.licitacoes-e.com.br) e no portal de
compras do Governo Federal (www.comprasgovernamentais.gov.br).
Seguiu-se a classificação utilizada no Guia de Contratações Sustentáveis da Justiça do
Trabalho, como item de bem ou serviço considerado sustentável, para identificação de editais
de licitações que contivessem as exigências do referido guia, conforme quadro a seguir:

Quadro 6 - Pesquisa em editais de licitação


Item Critérios de sustentabilidade Editais de Licitação (2012-2014)
Papel reciclado Critérios ambientais: conformidade com a norma da Todos os Tribunais Regionais e o
ABNT - NBR-15755:2009; Certificado de Cadeia de Tribunal Superior do Trabalho
Custódia ou Selo da Cadeia de Custódia do Cerflor - adquiriram papel reciclado no
Programa Brasileiro de Certificação Florestal ou FSC - período considerado
Conselho de Manejo Florestal - Forest Stewardship.
Cartuchos de Critérios ambientais: se de marca diferente do Apenas nas aquisições efetuadas a
tinta ou de equipamento devem possuir desempenho equivalente partir de 2013 verificou-se a
toner comprovado por relatório de ensaio emitido por exigência da logística reversa para
laboratório acreditado pelo Inmetro; exigência de fins de devolução ao fabricante ou
logística reversa para fins de devolução ao fabricante importador, visando ao
ou importador, visando ao reaproveitamento ou reaproveitamento ou reutilização
reutilização das peças e componentes não sujeitos a das peças e componentes não
desgastes ou para a destinação ambientalmente sujeitos a desgastes ou para a
adequada dos resíduos, devidamente licenciada pelo destinação ambientalmente
órgão ambiental competente. adequada dos resíduos
Mobiliário Critérios ambientais: conformidade com as normas Inclusão das recomendações do
técnicas da ABNT, comprovada pela apresentação de Guia nos editais de licitação
relatório de ensaio emitido por laboratório acreditado observadas, principalmente a partir
pelo Inmetro; se fabricado com madeira ou seus dos editais de licitação publicados
derivados, conformidade com a ABNT-NBR em 2013
14790:2011, Certificado de Cadeia de Custódia ou Selo
de Cadeia de Custódia do Cerflor ou FSC.
Serviços de Critérios ambientais: sistema de iluminação com Todos os Tribunais Regionais e o
engenharia níveis de eficiência energética A ou B; revestimentos Tribunal Superior do Trabalho
de cor clara; tintas à base de água; soluções adotam alguns ou todos os critérios
87

construtivas de fácil adaptação às mudanças de uso do ambientais, sociais e econômicos


ambiente ou do usuário; projeto de gerenciamento de nas contratações de obras e
resíduos da construção civil; pisos externos que serviços de engenharia, de acordo
favoreçam a infiltração das águas; com as recomendações do Guia de
Critérios econômicos: prioridade para emprego de Contratações Sustentáveis da
mão de obra, materiais, tecnologias e matérias-primas Justiça do Trabalho.
de origem local;
Critérios sociais: capacitação dos empregados em
saúde e segurança do trabalho, com no mínimo 2 horas
mensais; empregador de pelo menos 2% dos
funcionários envolvidos na execução da obra de
profissionais egressos do sistema carcerário; declaração
de que observa fielmente a legislação trabalhista; de
não terem sido, a empresa ou seus dirigentes,
condenados por infringir as leis de combate à
discriminação de raça ou de gênero, ao trabalho infantil
e ao trabalho escravo; de que não possui inscrição no
cadastro de empregadores flagrados explorando
trabalhadores em condições análogas às de escravo.
Fonte: Pesquisa, 2014
88

6 CONCLUSÃO

A alteração promovida no art. 3° da Lei n° 8.666/93 (BRASIL, 1993) encerrou a


discussão acerca do dever da autoridade pública de adquirir bens e contratar serviços
observando a inclusão de critérios de sustentabilidade, com vista à promoção do
desenvolvimento nacional sustentável.
O envolvimento dos fornecedores e alinhamento da cadeia de abastecimento, a
conscientização dos atores envolvidos, a exemplo dos compradores públicos e dos
consumidores finais, a existência de um marco regulatório específico e de suporte político, a
capacitação dos servidores públicos envolvidos e a definição de uma política de compras
sustentáveis são fatores que podem impulsionar as compras públicas sustentáveis.
Na análise dos dados foi possível identificar que a Administração Pública utiliza a
licitação como política pública para a promoção do desenvolvimento sustentável; contudo
ainda carece de capacitação e treinamento dos servidores envolvidos com o processo de
aquisição de bens e serviços para o reconhecimento da importância da realização das
licitações sustentáveis para o cumprimento da lei e a efetiva promoção do desenvolvimento
sustentável.
Observou-se que a existência de normativos legais específicos é fator de grande
importância para a elaboração de especificações de bens e serviços com critérios de
sustentabilidade, a exemplo da IN-01/2010-SLTI/MPOG (para os órgãos do Governo
Federal), Resolução 103/2012-CSJT (para os órgãos da Justiça do Trabalho), Lei n°
12.349/2010 (que alterou o art. 3° da Lei Geral de Licitações para inserir a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável, como uma das finalidades da licitação e abrange toda a
Administração Pública, em todas as esferas de governo).
A edição do Guia de Contratações Sustentáveis da Justiça do Trabalho contribuiu para
a inclusão de critérios de sustentabilidade nas especificações constantes dos projetos básicos e
termos de referência, como ficou demonstrado da análise dos editais publicados pelos
Tribunais Regionais e pelo Tribunal Superior do Trabalho.
O Forum Permanente de Contratações Sustentáveis instituído pela Resolução n°
103/2012 (CSJT, 2012) trabalha para a criação dos indicadores de adesão ao Guia pelos
órgãos da Justiça do Trabalho, a criação de um portal de contratações sustentáveis onde seja
possível pesquisar editais de licitação para compras sustentáveis, atas de registro de preços de
bens e serviços que contenham critérios de sustentabilidade em suas especificações e o
89

incentivo para que os órgãos se unam para a realização de compras compartilhadas dos
produtos e serviços comuns às necessidades de todos, observando-se as diferenças regionais
de cada Tribunal, a exemplo do que já vem sendo observado em relação aos bens e serviços
de Tecnologia da Informação (TI) e de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).
Considerando-se que o Guia de Contratações Sustentáveis não engloba todos os
critérios de sustentabilidade exigíveis em uma contratação pública, verifica-se a necessidade
de maiores estímulos à efetiva adesão ao Guia por parte dos Tribunais do Trabalho, a fim de
que todos os órgãos da Justiça do Trabalho passem a observar o Guia em sua integralidade, no
mínimo, ao elaborar as especificações dos bens e serviços que forem adquirir.
Isto porque o rol de critérios constantes do Guia não é axaustivo, ou seja, pode haver
contratações sustentáveis com exigências de critérios de sustentabilidade que não foram
mencionadas no Guia da Justiça do Trabalho, desde que, para isto, existam fornecedores no
mercado, em número suficiente para haver ampla concorrência no processo de escolha da
proposta mais vantajosa para a Administração, em observância ao disposto no art. 37, XXI, da
Constituição Federal de 1988.
A instrumentalização da política pública de compras sustentáveis com critérios
abrangentes, capazes de criar condições que estimulem cada vez mais o mercado fornecedor e
a sociedade com uma orientação na direção do equilíbrio pretendido pelo modelo do
desenvolvimento sustentável, no âmbito da Justiça do Trabalho (mas que pode ser aproveitada
para toda a Administração Pública), teve início com a edição do guia de contratações
sustentáveis, que reuniu grande parte das informações legais e de ordem prática que são mais
relevantes para os processos de licitação para aquisição de bens e serviços que provocam
impactos ao meio ambiente por ocasião de sua produção, utilização e descarte; observando-se
ainda a responsabilidade social e o crescimento econômico.
A manutenção do Forum Permanente das Contratações Sustentáveis da Justiça do
Trabalho demonstra o acerto do Judiciário Trabalhista para o aprimoramento das compras
sustentáveis, com a atuação dos grupos de trabalho responsáveis pela revisão e atualização do
Guia; pela divulgação e estratégias de implementação do guia; pela elaboração do portal de
contratações sustentáveis da Justiça do Trabalho; pelos indicadores e metas e pelas compras
compartilhadas. Desta forma, as diretrizes traçadas no Guia de contratações sustentáveis da
Justiça do Trabalho poderão ser efetivamente observadas por todos os Tribunais.
90

REFERÊNCIAS

ALENCASTRO, Maria Alice Cruz; SILVA, Edson Vicente da; LOPES, Ana Maria D'Ávila.
Contratações sustentáveis na administração pública brasileira: a experiência do Poder
Executivo federal. Rev. Adm. Pública, Rio de Janeiro: 48(1): 207-35, jan./fev. 2014.

ALMEIDA, M. S. Elaboração de projeto, tcc, dissertação e tese: uma abordagem simples,


prática e objetiva. São Paulo: Atlas, 2011.

ASSOCIAÇÃO CONTAS ABERTAS. Judiciário vai custar quase cem milhões por dia em
2014. Disponível em: < http://www.contasabertas.com.br/website/arquivos/7301>. Acesso em
02 jun.2014.

BAHIA. Secretaria de Administração do Estado da Bahia - SAEB. Compras Públicas


Sustentáveis: Metodologias para Compras Públicas Sustentáveis. Laura Valente, Ana
Carolina Gazoni e colaboração de Paula Gabriela Freitas. Disponível em:
<http://www.saeb.ba.gov.br/vs-
arquivos/HtmlEditor/file/Cps/Metodologias_paraCPS_ICLEI_2010.pdf>. Acesso em: 25
maio 2014.

BARBIERI, José Carlos. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos e


instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2004.

BARBIERI, J. C.; VASCONCELOS, I. F. G. de; ANDREASSI, T.; VASCONCELOS, F. C.


de. Inovação e Sustentabilidade: novos modelos e proposições. RAE-Revista de
Administração de Empresas, v. 50, n. 2, abr-jun, 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
75902010000200002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 27 maio 2014.

BAUMGARTNER, Roberto. O princípio da isonomia na Constituição de 1988: as compras


governamentais como instrumento de políticas públicas socioambientais. Tese (Doutorado em
Direito) Programa de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São
Paulo, 2008.

BELLEN, Hans Michael. Indicadores de Sustentabilidade: uma análise comparativa. 2 ed.


Rio de Janeiro: FGV, 2007.

BIDERMAN, Rachel; MACEDO, Laura Silvia Valente de; MONZONI, Mário; MAZON,
Rubens. Guia de Compras Públicas Sustentáveis – Fundação Getulio Vargas e ICLEI –
Editora, FGV, RJ, 2006. Disponível em:
<cpsustentaveis.planejamento.gov.br/.../Cartilha.pdf>. Acesso em 22 abr. 2013.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível


em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em 02
jun. 2012.
91

_____. Emenda Constitucional n° 45, de 30 de dezembro de 2004. Altera dispositivos dos


arts. 5º, 36, 52, 92, 93, 95, 98, 99, 102, 103, 104, 105, 107, 109, 111, 112, 114, 115, 125, 126,
127, 128, 129, 134 e 168 da Constituição Federal, e acrescenta os arts. 103-A, 103B, 111-A e
130-A, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 31 de dezembro de
2004. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1>. Acesso
em: 05 jun. 2014.

_____. Constituição (1934). Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. De


16 de julho de 1934. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao34.htm>. Acesso em: 05 jun.
2014.

_____. Constituição (1937). Constituição dos Estados Unidos do Brasil. De 10 de


novembro de 1937. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm>. Acesso em: 05 jun.
2014.

_____. Constituição (1946). Constituição dos Estados Unidos do Brasil. De 18 de setembro


de 1946. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao46.htm>. Acesso em 05 jun.
2014.

_____.Decreto do Poder Legislativo n° 4.682, de 24 de janeiro de 1923. Cria, em cada uma


das empresas de estradas de ferro existentes no país, uma caixa de aposentadoria e pensões
para os respectivos empregados. Coleção de Leis do Brasil, 24 de janeiro de 1923.
Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Historicos/DPL/DPL4682.htm>. Acesso em:
01 out. 2014.

_____. Decreto n° 16.027, de 30 de abril de 1923. Cria o Conselho Nacional do Trabalho.


Coleção de Leis do Brasil, 30 de abril de 1923. Disponível em:
<http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaNormas.action?numero=16027&tipo_norma=DEC
&data=19230430&link=s>. Acesso em 01 out. 2014.

_____. Decreto n° 22.132, de 25 de novembro de 1932. Institui Juntas de Conciliação e


Julgamento e regulamenta as suas funções. Coleção de Leis do Brasil, 25 de novembro de
1932. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D22132.htm>.
Acesso em 25 maio 2014.

_____. Decreto-Lei n° 1.237, de 2 de maio de 1939. Organiza a Justiça do Trabalho. Coleção


de Leis do Brasil, 31 de dezembro de 1939. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1937-1946/Del1237.htm>. Acesso em: 25
maio 2014.

_____. Decreto n° 6.596, de 12 de dezembro de 1940. Aprova o regulamento da Justiça do


Trabalho. Coleção de Leis do Brasil, 1940. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/D6596.htm>. Acesso em 25 maio
2014.
92

_____. Decreto n ° 7.174, de 12 de maio de 2010. Regulamenta a contratação de bens e


serviços de informática e automação pela administração pública federal, direta ou indireta,
pelas fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público e pelas demais organizações sob o
controle direto ou indireto da União. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7174.htm>. Acesso
em: 2 set. 2014.

_____. Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da


Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis n°s8.212 e 8.213,
ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei n° 5.452, de 1° de maio de 1943, da Lei n° 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da
Lei Complementar n° 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis n°s9.317, de 5 de
dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Disponível em:
<http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/LeisComplementares/2006/leicp123.htm>.
Acesso em: 02 set. 2014.

_____. Lei Complementar n° 147, de 7 de agosto de 2014. Altera a Lei Complementar no 123,
de 14 de dezembro de 2006, e as Leis nºs 5.889, de 8 de junho de 1973, 11.101, de 9 de
fevereiro de 2005, 9.099, de 26 de setembro de 1995, 11.598, de 3 de dezembro de 2007,
8.934, de 18 de novembro de 1994, 10.406, de 10 de janeiro de 2002, e 8.666, de 21 de junho
de 1993; e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/LeisComplementares/2014/leicp147.htm>.
Acesso em: 02 set. 2014.

______. Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e
dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 22
de junho de 1993. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8666cons.htm>. Acesso em 02 jun. 2012.

______. Projeto de Lei n° 4.510, de 2012. Estabelece medidas destinadas a neutralizar ou


compensar as emissões dos gases responsáveis pelo efeito estufa provenientes das atividades
dos órgãos integrantes da Administração Pública. Disponível em:
<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1029718&filena
me=PL+4510/2012>. Acesso em 21 maio 2013.

CAMPOS, L. M. S. SGADA – Sistema de gestão e avaliação de desempenho ambiental:


uma proposta de implementação. 2001. Tese (Doutorado em Engenharia da Produção) –
Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis.

CARSON, Rachel. Primavera Silenciosa. Tradução Cláudia Sant'Anna Martins. São Paulo:
Gaia, 2010.

CASAGRANDE Jr., Eloy Fassi; AGUDELO, Líbia P. Peralta. Meio ambiente e


desenvolvimento sustentável. Curitiba: Livro Técnico, 2012.

CORAL, E. Modelo de planejamento estratégico para a sustentabilidade empresarial.


2002. 282 f. Tese (Doutorado em Engenharia da Produção) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2002.
93

CSJT. Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Disponível em:


<http://www.csjt.jus.br/sobre-o-csjt>. Acesso em: 15 maio 2013.

_____. Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Resolução n° 54, de 31 de outubro de 2008.


Estabelece parâmetros para padronização da estrutura física, de mobiliário e equipamentos
para todos os órgãos da Justiça do Trabalho. Disponível em:
<http://aplicacao.tst.jus.br/dspace/bitstream/handle/1939/1618/2008_res0054_csjt.pdf?sequen
ce=1>. Acesso em 30 set. 2014.

____. Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Guia de inclusão de critérios de


sustentabilidade na Justiça do Trabalho. 2 ed. Brasília, CSJT, 2012. Disponível em:
<http://aplicacao.tst.jus.br/dspace/bitstream/handle/1939/24116/2012_guia_compras_informat
ica_sustentabilidade.pdf?sequence=13>. Acesso em 26 ago. 2014.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2012.

DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e Sustentabilidade. 2 ed. São


Paulo: Atlas, 2011.

FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2001.

FERREIRA, Daniel. A Licitação Pública no Brasil e sua nova finalidade legal: a promoção
do desenvolvimento nacional sustentável. Belo Horizonte: Forum, 2012.

ICLEI. Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais. Agência ambiental e de


desenvolvimento sustentável internacional para governos locais. Organização das Nações
Unidas. Disponível em: <http://www.iclei.org/index.php?id=7089>. Acesso em 02 jun. 2012.

_____. Governos Locais para a Sustentabilidade. Projeto Fomentando Compras


Públicas Sustentáveis no Brasil – CPS-Brasil. 2007. Disponível em:
<http://www.saeb.ba.gov.br/vs-
arquivos/HtmlEditor/file/Cps/Metodologias_paraCPS_ICLEI_2010.pdf>. Acesso em: 31 ago.
2014.

_____. ICLEI – Local Governments for Sustainability. Projecto Landmark. Tradução:


Tiago Tavares, 2011.

FARIA, Caroline. Compras Públicas Sustentáveis. Disponível em:


<http://www.infoescola.com/ecologia/compras-publicas-sustentaveis/>. Acesso em: 05 fev.
2014.

FREITAS, Juarez. Sustentabilidade: direito ao futuro. 2 ed. Belo Horizonte: Fórum, 2012.

GOVERNO ELETRÔNICO. Contratações Públicas Sustentáveis. Disponível em:


<http://www.governoeletronico.gov.br/acoes-e-projetos/compras-eletronicas/contratacoes-
publicas-sustentaveis>. Acesso em: 09 set. 2014.

HEGENBERG, Juliana Trianoski. As compras públicas sustentáveis no Brasil: um estudo


nas universidades federais. Dissertação (Mestrado). Universidade Tecnológica Federal do
Paraná. Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Governança Pública, Curitiba, 2013.
94

JUSTEN FILHO. Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos.


15 ed. São Paulo: Dialética, 2012.

LEFF, Enrique. Racionalidade Ambiental: a reapropriação social da natureza. Rio de


Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

LIMA, Luiz Henrique Moraes de. O Tribunal de Contas da União e o controle externo da
gestão ambiental. 2009. Tese (Doutorado em Planejamento Ambiental) – Universidade
Federal de Rio de Janeiro, Programa de Planejamento Energético (COPPE), Rio de Janeiro.
Disponível em: < http://www.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis/moraes_lima.pdf>. Acesso em:
18 jun. 2014.

MARCONATTO, Diego Antonio Bittencourt et al. Saindo da trincheira do desenvolvimento


sustentável: uma nova perspectiva para a análise e a decisão em sustentabilidade. Rev. Adm.
Mackenzie. vol. 14. n. 1. São Paulo: jan./fev, 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-
69712013000100002&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 18 set. 2014

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia


Científica. 5 ed. São Paulo, Atlas, 2003.

MASCARENHAS, Mariana Pessoa; SILVA, Wendel Alex. Triple Bottom Line da


Sustentabilidade: uma Análise em empresas nacionais produtoras de óleos e gorduras.
REUNIR – Revista de Administração, Contabilidade e Sustentabilidade. v.3, nº 1,
jan./abr., p. 62-79, 2013.

MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 12 ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2008.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 23 ed. São Paulo: Malheiros,
1998.

MENDONÇA, Ricardo Almeida Marques. Compras públicas sustentáveis: o processo de


implantação no Estado de Minas Gerais. Dissertação (Mestrado em Administração Pública).
Fundação João Pinheiro. Belo Horizonte, 2012.

MENEGUZZI, Rosa Maria. Conceito de Licitação Sustentável. In: SANTOS, Murillo


Giordan; BARKI, Teresa Villac Pinheiro (Coord.). Licitações e contratações públicas
sustentáveis. Belo Horizonte: Fórum, 2011.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. A3P - Agenda Ambiental na Administração


Pública. Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental. Departamento de
Cidadania e Responsabilidade Socioambiental. 5 ed. Brasília: MMA, 2009. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80063/cartilha%20completa%20A3P.pdf>. Acesso
em 12 abr. 2014.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. O que é consumo sustentável? Disponível em:


<http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/producao-e-consumo-
sustentavel/conceitos/consumo-sustentavel>. Acesso em: 26 jun. 2014.
95

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Portaria nº 44/2008, publicada no DOU de 14 de


fevereiro de 2008, institui, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, o Comitê Gestor de
Produção e Consumo Sustentável - CGPCS composto pelos representantes, titular e suplente,
dos órgãos, entidades e organizações não-governamentais indicados.

MUKAI, Toshio. Licitações e Contratos Públicos. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

MUNHOZ, Déborah. Alfabetização Ecológica: de indivíduos às empresas do século XXI. In:


Identidades da Educação Ambiental Brasileira. Ministério do Meio Ambiente. Diretoria
de Educação Ambiental. Philippe Pomier Layrargues (coord.). Brasília: Ministério do Meio
Ambiente, 2004.

NIEBUHR, Joel de Menezes. Dispensa e inexigibilidade de licitação pública. Tese


(Doutorado em Direito) Programa de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo, São Paulo, 2002.

NOSSO FUTURO COMUM. Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento. Organização das Nações Unidas. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio
Vargas, 1988.

PEREIRA JÚNIOR, Jesse T. Comentários à Lei das Licitações e Contratações da


Administração Pública: Lei n. 8.666-93, com a redação da Lei n. 8.883-94. Rio de Janeiro:
Renovar, 1997.

PEREIRA JÚNIOR, Jessé T.; DOTTI, Marinês R. Políticas públicas nas licitações e
contratações administrativas. Belo Horizonte: Forum, 2009.

PEREIRA, A. C; SILVA, G. Z; CARBONARI, M. E. E. Sustentabilidade, responsabilidade


social e meio ambiente. São Paulo: Saraiva, 2011.

SACHS, Ignacy. Estratégia de transição para o Século XXI. São Paulo: Nobel, 1993.

_____. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2002.

SEIXAS, Eduardo Souza. Estudo sobre critérios de compras públicas sustentáveis: o caso
de uma empresa brasileira de economia mista da área de energia. Dissertação (Mestrado
Profissional em Gestão e Tecnologia Industrial). Faculdade de Tecnologia Senai-CIMATEC,
Salvador, 2012.

SOUTO, Marcos J. V. Direito administrativo contratual. Rio de Janeiro: Lumen Juris,


2004.

THOMAS, Keith. O homem e o mundo natural: mudanças de atitude em relação às plantas


e aos animais (1500-1800). Tradução João Roberto Martins Filho. São Paulo: Companhia das
Letras, 2010.

TRT3. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO. A arquitetura da


Justiça do Trabalho. Disponível em: <http://www.trt3.jus.br/escola/memoria/historico.htm>.
Acesso em: 26 jun. 2014.
96

TRT4. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO. Estrutura e origens da


Justiça do Trabalho. Disponível em:
<http://www.trt4.jus.br/portal/portal/trt4/institucional/justicaTrabalho>. Acesso em: 26 jun.
2014.

TST. TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Guia Prático para inclusão de critério de


sustentabilidade nas contratações de bens e serviços no âmbito da Justiça do Trabalho
de primeiro e segundo graus. Disponível em:
<http://www.trt6.jus.br/manut_portal/Destaques/guia_sustentaveis/guia.pdf>. Acesso em: 25
mar. 2013.

TST. TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. A história da justiça do trabalho no


Brasil : multiplicidade de olhares. Brasília: Tribunal Superior do Trabalho, Comissão de
Documentação, 2011.

VEIGA, José Eli. A desgovernança mundial da sustentabilidade. São Paulo: 34, 2013.

XAVIER, Elaine B. S. Responsabilidade Social Corporativa para o Desenvolvimento Local


Sustentável: Reflexões sobre o homem, ética e cultura nas organizações. In: SILVA, Zeildo
M.; PEDROSA, Renata Cristine de S.; VANDERLEI, Carlos Eduardo D. (org).
Desenvolvimento Sustentável em Análise. Recife: AGBook, 2011. p. 213-241.
97

APÊNDICE A - Questionário 1 - gestores de licitações, pregoeiros, membros de comissões


de licitação - TRTs e TST

1) Sobre a alteração do art. 3° da Lei nº 8.666/93 para inserir a promoção do desenvolvimento


nacional sustentável como princípio a ser observado nas licitações (Lei n° 12.349/2010),
Vossa Senhoria:
( ) Conhece bem a alteração
( ) Sabe da existência da alteração
( ) Não tem conhecimento da alteração

2) Sobre o Guia de Inclusão de Critérios de Sustentabilidade nas Contratações da Justiça do


Trabalho, Vossa Senhoria:
( ) Conhece bem o Guia
( ) Sabe da existência do Guia
( ) Não conhece o Guia

3) Os editais de licitação do órgão têm incluído critérios de sustentabilidade nas contratações


de bens e serviços?
( ) Sim
( ) Não
( ) Em parte

4) A inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações da Justiça do Trabalho pode


contribuir para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável?
( ) Sim
( ) Não

5) A inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações da Justiça do Trabalho


aumentam os custos dos bens e serviços contratados?
( ) Sim
( ) Não
98

6) A inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações da Justiça do Trabalho


restringe a competitividade?
( ) Sim
( ) Não

7) A inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações da Justiça do Trabalho


apresenta condições de fazer o mercado se adequar às novas exigências, prestando serviços e
fornecendo bens produzidos com tecnologias mais limpas, menos agressivas ao meio
ambiente?
( ) Sim
( ) Não

8) De que forma os licitantes têm conhecimento de que na licitação publicada foram incluídos
critérios de sustentabilidade?
( ) O edital menciona expressamente que se trata de licitação sustentável;
( ) Na descrição do objeto há exigência de um ou vários critérios de sustentabilidade.

9) O órgão exige do fornecedor a prática da logística reversa?


( ) Sim
( ) Não
( ) Outros ________________________________________

10) Qual a destinação final de pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes após o uso pelo
órgão?
( ) Existe coleta seletiva específica e regular no órgão
( ) Foi prevista no edital a destinação final após o uso pelo órgão
( ) São descartadas juntamente com os demais resíduos sólidos, sem separação
( ) Outros _____________________________________________

11) O órgão adquire papel reciclado?


( ) Sim
( ) Não
99

APÊNDICE B - Questionário 2 – Fornecedores de bens e serviços aos Tribunais Regionais


do Trabalho e ao Tribunal Superior do Trabalho

1) De que forma Vossa Senhoria toma conhecimento de licitação promovida pelos órgãos da
Justiça do Trabalho?
( ) Diário Oficial da União – DOU
( ) Jornal de grande circulação
( ) Comunicado pelo órgão licitante
( ) Outra. Qual ___________________________________________________

2) Vossa Senhoria tem conhecimento da alteração do art. 3° da Lei 8.666/93 para inserir a
promoção do desenvolvimento nacional sustentável como princípio a ser observado nas
licitações (Lei n° 12.349/2010)?
( ) Sim
( ) Não

3) Vossa Senhoria conhece o Guia de Inclusão de Critérios de Sustentabilidade nas


Contratações da Justiça do Trabalho?
( ) Sim
( ) Não

4) Vossa Senhoria participa de licitações cujos editais têm incluído critérios de


sustentabilidade nas contratações de bens e serviços?
( ) Sim
( ) Não
( ) Em parte

5) A inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações da Justiça do Trabalho


aumentam os preços das propostas para fornecimento de bens e serviços?
( ) Sim
( ) Não
100

6) De que forma Vossa Senhoria toma conhecimento de que em uma licitação publicada
foram incluídos critérios de sustentabilidade?
( ) O edital menciona expressamente que se trata de licitação sustentável;
( ) Na descrição do objeto há exigência de um ou vários critérios de sustentabilidade.

7) Vossa Senhoria já deixou de participar de licitação devido às exigências de critérios de


sustentabilidade na contratação?
( ) Sim
( ) Não

8) Que mudanças foram necessárias em sua empresa para se adequar às novas exigências da
Administração Pública acerca da inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações,
visando à prestação de serviços e fornecimento de bens produzidos com tecnologias mais
limpas, menos agressivas ao meio ambiente?
( ) Mudança de fornecedores
( ) Alteração do processo produtivo
( ) Obtenção de certificações ambientais
( ) Ações de capacitação e treinamento dos empregados
( ) Outras. Quais? ___________________________________________________________

9) Sua empresa está apta a fornecer bens para a Justiça do Trabalho e praticar a logística
reversa?
( ) Sim
( ) Não
Se está apta, para quais produtos? ________________________________________________

10) A inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações da Justiça do Trabalho pode


contribuir para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável?
( ) Sim
( ) Não
101

ANEXO A - Resolução n° 103, de 25 de maio de 2012, do Conselho Superior da Justiça do


Trabalho
RESOLUÇÃO Nº 103, DE 25 DE MAIO DE 2012

Aprova o Guia Prático para inclusão de critérios


de sustentabilidade nas contratações de bens e
serviços no âmbito da Justiça do Trabalho de
primeiro e segundo graus.

O CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO, em sessão ordinária realizada em 25 de


maio de 2012, sob a presidência do Ex.mo Ministro Conselheiro João Oreste Dalazen, presentes os Ex.mos
Ministros Conselheiros Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Antônio José de Barros Levenhagen, Emmanoel
Pereira, Lelio Bentes Corrêa e Aloysio Corrêa da Veiga, os Ex.mos Desembargadores Conselheiros Márcio
Vasques Thibau de Almeida, José Maria Quadros de Alencar, Claudia Cardoso de Souza, Maria Helena
Mallmann e André Genn de Assunção Barros, o Ex.mo Vice-Procurador-Geral do Trabalho, Dr. Eduardo
Antunes Parmeggiani, e o Ex.mo Presidente da ANAMATRA, Juiz Renato Henry Sant’Anna,

Considerando o disposto nos art. 170, inciso VI, da Constituição Federal, que estabelece como princípio
da ordem econômica a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto
ambiental dos produtos e de seus processos de elaboração e prestação;

Considerando a diretriz prevista no art. 225 da Constituição da República, que preconiza que todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações;

Considerando a Lei nº 6.938, 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, cujo objetivo traduz-se na preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à
vida, visando a assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana;

Considerando as disposições do art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, que contempla dentre os
princípios que devem nortear as contratações públicas ”a promoção do desenvolvimento nacional sustentável”;

Considerado a Política Nacional sobre Mudança de Clima (PNMC), instituída pela Lei nº 12.187, de 29
de dezembro de 2009, que tem como uma de suas diretrizes o estímulo e o apoio à manutenção e à promoção de
padrões sustentáveis de produção e consumo (art. 5º, XIII), e como um de seus instrumentos a adoção de
critérios de preferência, nas licitações e concorrências públicas, para as propostas que propiciem maior economia
de energia, água e outros recursos naturais e redução da emissão de gases de efeito estufa e de resíduos (art. 6º,
XII);

Considerando a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305, de 2 de
agosto de 2010, que estabelece, dentre os objetivos, a prioridade, nas aquisições e contratações governamentais,
para produtos reciclados e recicláveis, e bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com
padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis;

Considerando o preceituado no Decreto nº 2.783, de 17 de setembro de 1998, que dispõe sobre


proibição de aquisição de produtos ou equipamentos que contenham ou façam uso das Substâncias que Destroem
a Camada de Ozônio - SDO, pelos órgãos e pelas entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica
e fundacional;

Considerando o disposto no Decreto nº 5.940, de 25 de outubro de 2006, que disciplina a separação dos
resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na
fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis;
102

Considerando o teor da Recomendação nº 11, de 22 de maio de 2007, do Conselho Nacional de Justiça,


que orienta os Tribunais de todo o país a adotarem políticas públicas visando à formação e recuperação de um
ambiente ecologicamente equilibrado, além da conscientização dos próprios servidores e jurisdicionados sobre a
necessidade de efetiva proteção ao meio ambiente, a elaboração e acompanhamento de medidas, com fixação de
metas anuais, visando à correta preservação e recuperação do meio ambiente;

Considerando o contido na Instrução Normativa nº 1, de 19 de janeiro de 2010, da Secretaria de


Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que estabelece
critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela
Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional;

Considerando o constante do Acórdão nº 1752/2011 do Plenário do Tribunal de Contas da União, que


pautou uma série de recomendações aos órgãos de governo no sentido da adoção de medidas para o aumento da
sustentabilidade e eficiência no uso de recursos naturais;

Considerando a Decisão Normativa nº 107/2010 do Tribunal de Contas da União, que determina a


inclusão nas prestações de contas de órgãos públicos de informações quanto à adoção de critérios de
sustentabilidade ambiental na aquisição de bens e na contratação de serviços ou obras, tendo como referência o
Decreto nº 5.940/2006 e a Instrução Normativa nº 1/2010, da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação
do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;

Considerando a Agenda 21, documento final da Conferência Rio-92, que estabeleceu um plano de ação
para o desenvolvimento sustentável, com destaque para o capítulo 4, que, ao tratar das mudanças de padrões de
consumo, relacionou uma série de atividades, entre as quais o exercício da liderança por meio das aquisições
pelos Governos, de modo a aperfeiçoar o aspecto ecológico de suas políticas de aquisição;

Considerando o termo de adesão ao processo de Marrakech - processo global de consultas e de


elaboração de políticas de produção e consumo sustentável -, firmado pelo Brasil em 2007;

Considerando o programa de desenvolvimento Brasil Maior 2012-2015, recentemente lançado pela


Presidenta da República, que dá sinais claros do viés de sustentabilidade ao trazer orientações a respeito da
produção de forma mais limpa, a partir da diminuição da intensidade de energia; construção modular para a
redução de resíduos em obras de construção civil; definição de critérios de sustentabilidade para edificações;
apoio ao desenvolvimento de cadeias de reciclagem (em consonância com a Política Nacional de Resíduos
Sólidos); desenvolvimento regional sustentável a partir de competências e recursos disponíveis localmente; e
estímulos ao desenvolvimento e à adoção de fontes renováveis de energia (em consonância com a Política
Nacional de Mudança do Clima e com a Política Nacional de Energia);

Considerando a edição, em novembro de 2011, do Plano de Ação para Produção e Consumo


Sustentáveis – PPCS, que visa à promoção e ao apoio a padrões sustentáveis de produção e consumo e que, em
seu primeiro ciclo de implementação, de 2011 a 2014, identificou como temas prioritários, entre outros, as
compras e construções públicas sustentáveis;

Considerando que a Justiça do Trabalho, pela sua dimensão e respeitabilidade, desempenha, nos
procedimentos de compras e contratações, papel relevante na orientação dos fornecedores e prestadores de
serviço, quanto à adoção de padrões de produção e consumo e de serviços ambientalmente sustentáveis, além de
estimular a inovação tecnológica,

RESOLVE:

Art. 1º É aprovado o Guia Prático para inclusão de critérios de sustentabilidade a serem observados na
aquisição de bens e na contratação de obras e serviços no âmbito da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo
graus, nos termos do anexo desta Resolução.

Art. 2º O Guia Prático será disponibilizado nos portais eletrônicos do Conselho Superior da Justiça do
Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho, constituindo-se em instrumento de consulta para elaboração de
editais de licitação, de termos de referência ou de especificações.

§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão estabelecer outras práticas sustentáveis, além


daquelas previstas no Guia Prático, consideradas as peculiaridade regionais.
103

§ 2º A não observância das diretrizes constantes do Guia Prático deverá ser expressamente justificada e
fundamentada.

Art. 3º O Guia Prático será objeto de constantes revisões e atualizações, de forma a assegurar sua
evolução no que tange à legislação vigente, aos avanços tecnológicos e à inovação.

Art. 4º A implantação e o desenvolvimento das compras e contratações sustentáveis no âmbito da


Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus envolve a adoção dos seguintes mecanismos e ferramentas:

I - instituição do Fórum Permanente de compras e contratações sustentáveis;


II - capacitação continuada;
III - realização de eventos nacionais ou regionais;
IV - utilização de meio eletrônico para difundir as informações e servir como instrumento de
comunicação direta com a sociedade e entre os Tribunais Regionais do Trabalho;
V - estabelecimento de indicadores e metas vinculados à temática

Art. 5º O Fórum Permanente, de âmbito nacional, será constituído por ato da Presidência do CSJT e
contará com representantes do Conselho Superior da Justiça do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho.

Art. 6º O Fórum Permanente encarregar-se-á do acompanhamento e atualização do Guia Prático, bem


como de manter disponíveis em meio eletrônico as seguintes informações:

I - editais e termos de referência sustentáveis;


II - boas práticas relacionadas a compras e contratações sustentáveis;
III - ações de capacitação programadas;
IV - divulgação de programas e eventos nacionais e regionais;
V - monitoramento das metas estabelecidas.

Parágrafo único. A divulgação das informações de que trata este artigo dar-se-á no Portal de Compras e
Contratações Sustentáveis, a ser mantido e atualizado no sítio do Conselho Superior da Justiça do Trabalho na
rede mundial de computadores (internet).

Art. 7º Os Tribunais Regionais do Trabalho incluirão em seus programas de capacitação cursos


destinados a sensibilizar e instruir gestores e demais envolvidos para a concretização de compras e contratações
sustentáveis.

Parágrafo único. Os cursos objetivam:

I - a construção da capacidade institucional do órgão no sentido de implantar medidas concretas para a


promoção do consumo sustentável, por meio das compras e contratações, de modo a reduzir gastos e gerar
impactos positivos sobre a saúde pública, a qualidade de vida e as condições de sustentabilidade ambiental;
II - a troca de experiências e a visibilidade de ações exitosas a respeito do tema;
III - o intercâmbio com instituições públicas e privadas, comunidade acadêmica e entidades da
sociedade civil, além de servir de fórum de debate dos avanços e estratégias para maior efetividade das compras
e contratações públicas sustentáveis.

Art. 8º Os Planejamentos Estratégicos da Justiça do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho


deverão conter indicadores e metas sobre compras e contratações sustentáveis, a fim de mensurar, pelo menos, a
disseminação do tema entre servidores e magistrados, a efetiva adoção de critérios de sustentabilidade nas
compras e contratações e a redução do consumo de insumos, a exemplo de água e energia elétrica.

Art. 9º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 25 de maio de 2012.

Ministro JOÃO ORESTE DALAZEN


Presidente do Conselho Superior da Justiça do Trabalho
104

ANEXO B - Guia de inclusão de critérios de sustentabilidade nas contratações da Justiça do


Trabalho

1. INTRODUÇÃO

A iniciativa do Conselho Superior da Justiça do Trabalho de elaborar um guia para inclusão de critérios e
práticas de sustentabilidade nas contratações realizadas por órgãos da Justiça do Trabalho revela-se em sintonia
com o processo em curso no Brasil e no mundo, que consiste na percepção de que a forma como a humanidade
vive e como tem se desenvolvido até agora não se sustentará por muito tempo, ante a constatação de que os
recursos naturais presentes no planeta são em sua grande maioria finitos.

Em todo o mundo buscam-se formas mais justas e sustentáveis de existir, ou seja, padrões sustentáveis de
produção e consumo, preservação dos recursos e redução das desigualdades sociais. Boa parte da comunidade
científica mundial entende que “não há como viabilizar sete bilhões de pessoas, com o padrão de consumo e as
aspirações do mundo contemporâneo nos limites físicos da terra”.

A consciência da responsabilidade de cada cidadão, das organizações em geral e, em especial, do poder público,
quanto a mudanças que viabilizem a continuidade da vida no planeta, vem crescendo a cada dia, ainda que com
percalços, de forma contraditória, com avanços e retrocessos, e com as dificuldades inerentes aos processos
humanos. Diversos exemplos e iniciativas condizentes com a necessária transformação que nos é exigida podem
ser identificados em todo o mundo: avanços na ciência e na tecnologia, na participação social, nos arcabouços
normativos nacionais e internacionais, na responsabilidade social por parte das organizações, preocupação
crescente com o respeito aos direitos humanos e a diversas outras iniciativas em todos os países.

O Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS), lançado em novembro de 2011 pelo Ministério
do Meio Ambiente, é o documento guia das ações de governo, do setor produtivo e da sociedade que direciona o
Brasil para padrões mais sustentáveis de produção e consumo, com redução da pobreza.

Em seu primeiro ciclo, de 2011 a 2014, o PPCS tem concentrado esforços em seis áreas principais, a saber:
educação para o consumo sustentável; varejo e consumo sustentável; aumento da reciclagem; compras públicas
sustentáveis; construções sustentáveis; e Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), na qual figura
como um dos eixos temáticos a Licitação Sustentável. Vale ressaltar que os outros eixos temáticos da A3P – uso
racional dos recursos naturais e bens públicos; gestão adequada dos resíduos gerados; qualidade de vida no
ambiente de trabalho; e sensibilização e capacitação –, bem como as áreas de foco do PPCS, têm relação direta
com as contratações públicas.

O governo brasileiro trabalhou no sentido de que o debate na Conferência das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Sustentável - Rio+20 girasse em torno de um compromisso global pela sustentabilidade, pela
inclusão e pela erradicação da pobreza extrema no mundo. Tais propostas integraram o documento com os
objetivos que o governo brasileiro definiu para compor a pauta do encontro.

Nesse sentido, o documento oficial com a posição do Brasil encaminhado à ONU enfatiza o papel do Estado
como indutor e regulador do desenvolvimento sustentável:

(...) é fundamental que o Estado retome seu papel de indutor e regulador do


desenvolvimento, favorecendo a adoção de práticas econômicas e processos
produtivos inovadores, calcados no uso racional e na proteção dos recursos naturais
e na incorporação de pessoas excluídas à economia, por meio do acesso ao emprego,
ao trabalho decente e à renda. Por meio de instrumentos econômicos e políticas
públicas, o Estado deve remover barreiras e criar incentivos positivos, que facilitem
a adesão do setor produtivo a padrões mais sustentáveis sob as óticas econômica,
ambiental e social (...). O Estado pode ainda influenciar significativamente a adoção
de modelos mais sustentáveis pela forma como aufere e aplica a receita. Os
instrumentos de política fiscal, associados à valoração de serviços ambientais,
desempenham, nesse sentido, papel central no repertório de políticas do Estado, por
meio dos quais podem ser estabelecidos estímulos positivos para a adoção de
padrões mais sustentáveis em toda a cadeia produtiva (...). As compras públicas e
investimentos também podem desempenhar papel nesse contexto.
105

2. CONTRATAÇÕES PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS

As contratações públicas sustentáveis constituem relevante instrumento de contribuição para a reorganização da


economia com novos paradigmas. No Brasil, inserem-se em um contexto de agendas nacionais que orientam as
ações e as políticas para o desenvolvimento sustentável, ou seja, para uma forma de desenvolvimento que
satisfaça “as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias
necessidades”.

Sob tal perspectiva, as contratações públicas sustentáveis representam a adequação da contratação ao que se
chama consumo sustentável. Significa pensar a “proposta mais vantajosa para a administração” levando-se em
conta não apenas o menor preço, mas o custo como um todo, considerando a manutenção da vida no planeta e o
bem-estar social. Vale lembrar que os recursos naturais do país e sua biodiversidade são recursos públicos e
como tal devem ser preservados.

De acordo com o Guia de Compras Públicas Sustentáveis da Fundação Getúlio Vargas, “Licitação Sustentável é
uma solução para integrar considerações ambientais e sociais em todos os estágios do processo da compra e
contratação dos agentes públicos (de governo) com objetivo de reduzir impactos à saúde humana, ao meio
ambiente e aos direitos humanos”.

As compras governamentais, que no Brasil movimentam mais de 10% do PIB, afetam setores importantes da
economia e têm um grande poder de influenciar os rumos do mercado. Cabe ao governo, como grande
comprador, além de dar o exemplo, estimular uma economia “que resulta em melhoria do bem-estar humano e
equidade social, ao mesmo tempo em que gera valor para a Natureza, reduzindo significativamente os impactos e
riscos sociais e ambientais e a demanda sobre recursos escassos do ecossistema e da sociedade.

O objetivo das licitações é, por força legal, assegurar a livre concorrência e obter o melhor produto/serviço com
a proposta mais vantajosa. Quando se considera os três pilares da sustentabilidade o processo torna-se mais
complexo, uma vez que, além da preocupação com a economia dos recursos financeiros, é preciso considerar
também os impactos que as contratações podem causar ao meio ambiente e à sociedade. Nesse sentido, os
recursos públicos precisam ser considerados de forma ampla e responsável.

Afigura-se, assim, enorme a responsabilidade do gestor público ao estabelecer as “regras do jogo” para
assegurar, além da livre concorrência, o menor custo financeiro, social e ambiental, de modo a garantir que a
“proposta mais vantajosa” seja realmente mais vantajosa para o conjunto da sociedade, que, em última instância,
é a detentora do bem público.

Recentemente a Lei nº 12.349, de 15 de dezembro de 2010, introduziu a expressão “desenvolvimento nacional


sustentável” ao caput do artigo 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, o que leva à constatação de que a
licitação sustentável impõe-se como um caminho inexorável. Os desafios são muitos e vão além de garantir a
segurança jurídica, que já conta com consideráveis avanços, porquanto visa a alcançar, especialmente, a esfera
das especificações na preparação da licitação.
Os critérios de sustentabilidade, a serem estabelecidos nos projetos básicos, projetos executivos e termos de
referência, tornam todos os setores da instituição responsáveis em especificá-los, além de exigir do agente
tomador de decisão, na elaboração, uma análise acurada de todos os aspectos que envolvem a contratação, tais
como motivação da aquisição, características do produto ou serviço, impactos da utilização e descarte
responsável.

De acordo com o referido Guia de Compras Públicas Sustentáveis da Fundação Getúlio Vargas, três fatores são
fundamentais para a contratação: a) deve ser avaliada a real necessidade da aquisição pretendida; b) a decisão
deve levar em conta as circunstâncias sob as quais o produto foi gerado, considerando os materiais de produção,
as condições de transporte, entre outros; c) deve ser feita uma avaliação em relação ao seu futuro, ou seja, como
o produto pretendido se comportará durante sua fase útil e após sua disposição final. Considerar os segundo e
terceiro fatores significa avaliar, no caso de produtos, o seu ciclo de vida.

A escolha de produtos mais eficientes traz maior economia a médio e longo prazo, além de ser uma opção que
garante um menor impacto ambiental e social. A partir de uma análise mais ampla, a condição mais vantajosa
para a Administração parte não mais da comparação estrita do preço de aquisição, mas de uma avaliação mais
completa do ciclo de vida do produto.
106

Por se tratar de um tema novo e complexo, as contratações públicas sustentáveis geram dúvidas e impasses de
toda espécie, principalmente quanto à definição dos aspectos que melhor representam a sustentabilidade de
determinado produto ou serviço. Por exemplo: o produto é mais sustentável por consumir menos matéria-prima,
água ou energia ou por gerar menos resíduos? É mais sustentável por ser reciclável, reciclado ou mais durável?
Como escolher o critério de sustentabilidade quando um implicar na redução do outro? Como escolher quando
não se tem como avaliar o ciclo de vida do produto? São questões que se apresentam e merecem
aprofundamento, mas que não constituem empecilho para a realização das contratações públicas sustentáveis,
dentro dos critérios de legalidade e com segurança jurídica.

Este Guia não pretende esgotar todas as possibilidades de inclusão de critérios e práticas de sustentabilidade nas
contratações públicas, o que seria descabido. Busca-se aqui fomentar um processo contínuo e duradouro de
aperfeiçoamento.

Não se pode olvidar que a implantação do Guia requer, de um lado, disponibilidade, bom senso, conhecimento e,
sobretudo, sentimento cívico por parte de todos os envolvidos no processo de contratação. Requer, de outro lado,
consciência do papel do agente público, guardião da causa e da coisa pública, cujo trabalho, em prol do bem
comum, traz o sentido de servir, atender, cuidar e proteger, sem jamais perder de vista, em suas atividades e
decisões, que tudo o que é público pertence a todos os cidadãos, pertence a toda coletividade.

Nesse contexto, o Guia de Contratações Sustentáveis da Justiça do Trabalho tem por objetivos subsidiar, inspirar
e estimular os agentes envolvidos a assumirem atitudes proativas e investigatórias, apontando caminhos com
base em normas, regulamentos e boas práticas. Cuida-se de um instrumento em permanente construção. A
intenção, enfim, é que o Guia estimule o surgimento de novas proposições e pesquisas, potencialize ideias, gere
ações e promova a cultura da sustentabilidade no âmbito da Justiça do Trabalho.

3. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu, no art. 170, inciso VI, como um dos princípios da ordem econômica
a defesa do meio ambiente, a qual foi ampliada pela Emenda constitucional nº 42, de 19 de dezembro de 2003,
ao prever a possibilidade de tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de
seus processos de elaboração e prestação.

No art. 225, caput, destaca-se o dever constitucional de o Estado preservar o meio ambiente, o que se efetiva
com o uso de poder de compra. O inciso IV, a seu turno, traz a exigência de estudo prévio de impacto ambiental
para toda obra ou atividade causadora de significativa degradação do meio ambiente.

Tais previsões constitucionais coadunam-se com a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), de que trata a
Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e deram origem ao art. 12 da Lei nº 8.666/93, o qual dispõe que, nos
projetos básico e executivo de obras e serviços, sejam considerados vários requisitos, entre os quais o de impacto
ambiental.

Outros instrumentos legais disciplinam a inclusão de critérios de sustentabilidade nas licitações e contratações
públicas, tais como:

a) Lei n° 10.257, de 10 de julho de 2001, que regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal de
1988 e estabelece diretrizes gerais da política urbana, dentre as quais a adoção de padrões de proteção e
consumo de bens e serviços de expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade
ambiental, social e econômica do Município e do Território sob sua área de influência (art. 2, VIII);

b) Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009, que instituiu a Política Nacional sobre Mudança de Clima
(PNMC), que tem como uma de suas diretrizes o estímulo e o apoio à manutenção e à promoção de
padrões sustentáveis de produção e consumo (art. 5º, XIII), e como um de seus instrumentos a adoção
de critérios de preferência nas licitações e concorrências públicas para as propostas que propiciem maior
economia de energia, água e outros recursos naturais e redução da emissão de gases de efeito estufa e de
resíduos (art. 6º, XII);

c) Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS),
cujo art. 7º, inciso XI, destaca como um dos objetivos a prioridade nas aquisições e contratações
governamentais de produtos reciclados e recicláveis, assim como de bens, serviços e obras que
considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis;
107

d) Lei nº 12.349/2010, que incluiu como finalidade da licitação a promoção do desenvolvimento


nacional sustentável. Esse normativo definiu como não comprometedores ou não restritivos da
competitividade das licitações vários dispositivos incluídos no art. 3º da Lei nº 8666/93 (§§5º ao 12º),
muitos voltados à proteção à indústria e produção locais, dentre os quais, o §5º, que autoriza o
estabelecimento de margem de preferência para produtos manufaturados e serviços nacionais que
atendem a normas técnicas brasileiras;

e) Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010, que regulamenta a Lei no 12.305/2010, que institui a
PNRS, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador
para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras providências;

f) Decreto nº 7.746, de 5 de junho de 2012, que regulamenta o art. 3º da Lei nº 8.666/93, estabelecendo
critérios, práticas e diretrizes gerais de sustentabilidade nas contratações realizadas pela administração
pública federal;

g) Instrução Normativa nº 1, de 19 de janeiro de 2010, da Secretaria de Logística e Tecnologia da


Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SLTI/MPOG), a qual prevê
expressamente que as especificações técnicas para aquisições de bens e contratações de obras e serviços
deverão conter critérios ambientais nos processos de extração, fabricação, utilização e descarte de
matérias-primas, sem frustrar o caráter competitivo do certame;

h) Instrução Normativa nº 10, de 12 de novembro de 2012, da SLTI/MPOG, que estabelece regras para
elaboração dos Planos de Gestão de Logística Sustentável de que trata o art. 16, do Decreto nº
7.746/2012, e dá outras providências.

No caso da Instrução Normativa nº 1/2010, foi a primeira vez que se estabeleceu a observância de regras
definidas pelos vários institutos de normatização e controle, a exemplo de: cumprimento de requisitos ambientais
para certificação pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro); emprego de produtos
de limpeza e conservação que respeitem normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA);
obediência à resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) sobre ruídos; atendimento às
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sobre resíduos sólidos.

Outro instrumento também importante nesse processo foi a Agenda 21, documento final da Conferência Rio-92,
que estabeleceu um plano de ação para o desenvolvimento sustentável, com destaque para o capítulo 4, que, ao
tratar das mudanças de padrões de consumo, relacionou uma série de atividades, entre as quais o exercício da
liderança por meio das aquisições pelos Governos, de modo a aperfeiçoar o aspecto ecológico de suas políticas
de aquisição.

Destaque-se da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente o Princípio 15, que traduz o Princípio da Precaução,
nos seguintes termos:

Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser


amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando
houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica
absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas
economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.

O termo de adesão ao processo de Marrakech10 firmado pelo Brasil em 2007, e que deu origem à edição, em
novembro de 2011, do PPCS, que, conforme já referenciado, visa à promoção e ao apoio a padrões sustentáveis
de produção e consumo e que, em seu primeiro ciclo de implementação, de 2011 a 2014, identificou como temas
prioritários, entre outros, as compras e construções públicas sustentáveis.

Importante referenciar o Decreto nº 2.783, de 17 de setembro de 1998, que dispõe sobre proibição de aquisição
de produtos ou equipamentos que contenham ou façam uso das substâncias que destroem a camada de ozônio
pelos órgãos e pelas entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.

O Decreto nº 5.940, de 25 de outubro de 2006, disciplina a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos
órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às
associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis.
108

O Decreto nº 99.658, de 30 de outubro de 1990, regulamenta o reaproveitamento, a movimentação, a alienação e


outras formas de desfazimento de material.

Cite-se ainda: Decreto n° 99.280, de 6 de junho de 1990, que promulga a Convenção de Viena para a Proteção da
Camada de Ozônio e o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio; Decreto n°
2.652, de 1° de julho de 1998, que promulga a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima,
assinada em Nova York, em 9 de maio de 1992; Decreto nº 5.208, de 17 de setembro de 2004, que promulga o
Acordo-Quadro sobre Meio Ambiente do MERCOSUL; Decreto nº 5.445, de 12 de maio de 2005, que promulga
o Protocolo de Quioto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima; Decreto nº 7.390, de 9
de dezembro de 2010, que regulamenta os arts. 6º, 11 e 12 da Lei n° 12.187/2009, que institui a Política Nacional
sobre Mudança do Clima (PNMC).

4. DIRETRIZES

Nas licitações e demais formas de contratação promovidas pela Justiça do Trabalho, bem como no
desenvolvimento das atividades, de forma geral, devem ser observadas as seguintes diretrizes:

a) Preferência por produtos de baixo impacto ambiental;

b) Não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (Lei 12.305/2010);

c) Preferência para produtos reciclados e recicláveis, bem como para bens, serviços e obras que
considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis (Lei
12.305/2010);

d) Aquisição de produtos e equipamentos duráveis, reparáveis e que possam ser aperfeiçoados (Portaria
MMA 61/2008);

e) Opção gradativa por produtos mais sustentáveis, com estabelecimento de metas crescentes de
aquisição, observando-se a viabilidade econômica e a oferta no mercado, com razoabilidade e
proporcionalidade;

f) Adoção de procedimentos racionais quando da tomada de decisão de consumo, observando-se a


necessidade, oportunidade e economicidade dos produtos a serem adquiridos (Portaria MMA 61/2008);

g) Estabelecimento de margem de preferência para produtos manufaturados e serviços nacionais que


atendam às normas técnicas brasileiras, em observância a Lei n° 12.349/2010;

h) Preferência, nas aquisições e locações de imóveis, àqueles que atendam aos requisitos de
sustentabilidade e acessibilidade, de forma a assegurar o direito de ir e vir das pessoas com deficiência e
com mobilidade reduzida;

i) Observância às normas técnicas, elaboradas pela ABNT, nos termos da Lei n° 4.150, de 21 de
novembro de 1962, para aferição e garantia da aplicação dos requisitos mínimos de qualidade, utilidade,
resistência e segurança dos materiais utilizados;

j) Conformidade dos produtos, insumos e serviços com os regulamentos técnicos pertinentes em vigor
expedidos pelo Inmetro de forma a assegurar aspectos relativos à saúde, à segurança, ao meio ambiente,
ou à proteção do consumidor e da concorrência justa (Lei n° 9.933, de 20 de dezembro de 1999).

As resoluções emitidas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelo Conselho Superior da Justiça do
Trabalho (CSJT), que disponham sobre assuntos vinculados com a sustentabilidade, tais como: responsabilidade
social, preservação de direitos trabalhistas de empregados de empresas terceirizadas, reinserção social, direitos
humanos, saúde e segurança do trabalho, deverão ser observadas concomitantemente sempre que necessárias e
aplicáveis às contratações.

No Planejamento Estratégico Institucional (PEI), no Planejamento Estratégico da Tecnologia de Informação e


Comunicação (PETIC), no Plano Diretor e de Tecnologia de Informação e Comunicação (PDTIC) e no Plano de
Obras, elaborados pelos órgãos da Justiça do Trabalho, devem ser estabelecidos indicadores e metas que
109

prevejam a adoção de novas tecnologias e contenham os atributos de durabilidade, eficiência energética, redução
no uso de insumos, utilização de fontes renováveis de energia, diretrizes de sustentabilidade, entre outras.

5. CRITÉRIOS E PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE

a) Os critérios de sustentabilidade devem ser objetivamente definidos e veiculados como especificação


técnica do objeto.

b) As práticas de sustentabilidade devem ser objetivamente definidas e veiculadas como obrigação da


contratada.

5.1. AQUISIÇÃO DE BENS

a) A comprovação dos critérios de sustentabilidade contidos no instrumento convocatório poderá ser


feita mediante certificação emitida por instituição pública oficial, ou por instituição acreditada, ou por
qualquer outro meio definido no instrumento convocatório. Além da certificação, podem ser utilizados,
isolada ou combinadamente, os seguintes mecanismos de avaliação da conformidade disponíveis no
Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC): a declaração pelo fornecedor, a
etiquetagem, a inspeção e o ensaio.

b) Deve ser dada preferência à aquisição de produtos constituídos no todo ou em parte por materiais
reciclados, atóxicos, biodegradáveis, conforme ABNT NBR – 15.448-1 e 15.448-215.

c) Os produtos devem ser acondicionados em embalagens recicladas ou recicláveis, preferencialmente


de papelão ou de plástico à base de etanol de cana-de-açúcar.

5.1.1. Material de Expediente e de Gráfica

As aquisições de produtos oriundos da madeira devem observar os critérios da rastreabilidade e da origem dos
insumos de madeira a partir de fontes de manejo sustentável em conformidade com a norma ABNT NBR
14790:2011, utilizada pelo Cerflor16, ou com o padrão FSC-STD-40-004 V2-1. A comprovação da
conformidade deve ser feita por meio do Certificado de Cadeia de Custódia17 e/ou Selo de Cadeia de Custódia
do Cerflor ou do FSC18. Para produtos que utilizem papel reciclado deve ainda ser observada a conformidade
com a norma ABNT NBR 15755:2009 que define esse material com base no conteúdo de fibras recicladas. São
produtos oriundos da madeira, entre outros:

a) Papel, reciclado ou branco.

b) Produtos de papel confeccionados em gráfica, tais como envelopes, pastas classificadoras, agendas,
cartões de visita, panfletos, convites, livros de ponto, protocolo, etc.;

c) Envelopes reutilizáveis, confeccionados, preferencialmente, com papel reciclado;

d) Lápis produzidos com madeira certificada ou com material reciclado.

5.1.2. Material de Limpeza e Higiene

a) Materiais menos agressivos ao meio ambiente.

b) Produtos concentrados, preferencialmente.

c) Sabão em barra e detergentes em pó preferencialmente à base de coco ou isentos de fósforo e, quando


inexistentes no mercado, exigência de comprovação de teor que respeite o limite máximo de
concentração de fósforo, conforme Resolução CONAMA nº 359, de 29 de abril de 2005.

d) Os produtos saneantes domissanitários de qualquer natureza devem utilizar substâncias tensoativas


biodegradáveis.

e) Esponjas fabricadas com solvente à base d’água.


110

f) As aquisições de produtos oriundos da madeira, para fins sanitários, tais como, papel higiênico,
toalha, guardanapo, lenço, devem observar os critérios da rastreabilidade e da origem dos insumos de
madeira a partir de fontes de manejo sustentável em conformidade com a norma ABNT NBR
14790:2011, utilizada pelo Cerflor, ou com o padrão FSC-STD-40-004 V2-1. A comprovação da
conformidade deve ser feita por meio do Certificado da Cadeia de Custódia e/ou Selo de Cadeia de
Custódia do Cerflor ou do FSC.

g) Nas aquisições de produtos usados na limpeza e conservação de ambientes, também denominados


saneantes, tais como álcool, água sanitária, detergentes, ceras, sabões, saponáceos, desinfetantes,
inseticidas, devem ser observados os critérios de eficácia e segurança, comprovados pela regularidade
(registro ou notificação) junto à ANVISA.

I. A comprovação da regularização deve ser feita por meio de cópia da publicação do registro
do produto no Diário Oficial da União (DOU), observada sua validade, ou a apresentação do
Comunicado de Aceitação de Notificação, enviado à empresa pela ANVISA ou consulta à
internet da divulgação de Aceitação de Notificação disponível no sítio da ANVISA na internet
em <http://www.anvisa.gov.br/saneantes/index.htm>.

h) Produtos que possuam comercialização em refil

5.1.3. Gêneros Alimentícios, Material de Copa e Cozinha

a) Nas aquisições de café, açúcar, frutas, verduras e alimentos em geral convêm que sejam adquiridos
produtos orgânicos (produzidos sem o uso de adubos químicos, defensivos ou agrotóxicos), sempre que
disponíveis no mercado. Devem ser observados os critérios da origem e da qualidade do produto. A
comprovação da conformidade com esses critérios deve ser feita por meio do selo “Produto Orgânico
Brasil” do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SISORG), aposto no rótulo e/ou
na embalagem do produto.

b) Copos e xícaras de material durável como vidro, cerâmica ou aço escovado em substituição ao copo
plástico descartável.

5.1.4. Máquinas e Aparelhos Consumidores de Energia

a) Devem ser adquiridos produtos que apresentem menor consumo e maior eficiência energética dentro
de cada categoria.

b) Para refrigeradores, condicionadores de ar, forno microondas, ventiladores, televisores, lâmpadas e


demais produtos aprovados no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) do Inmetro a comprovação
da conformidade com esses critérios dar-se-á pela Etiqueta Nacional de Conservação de Energia
(ENCE), aposta ao produto e/ou em sua embalagem.

c) Deve-se optar pela aquisição de produtos que possuam a ENCE da classe de maior eficiência,
representada pela letra “A”, sempre que haja um número suficiente de produtos e fabricantes nessa
classe. Podem ser aceitos produtos das demais classes quando as condições de mercado assim o
exigirem.

d) Nas aquisições de refrigeradores, condicionadores de ar e demais equipamentos de refrigeração,


devem ser adquiridos produtos que utilizem gases refrigerantes ecológicos, sempre que disponíveis no
mercado.

e) Para a aquisição de aparelhos eletrodomésticos que gerem ruído, como liquidificadores e aspiradores
de pó, devem ser adquiridos produtos que apresentem nível de potência sonora menor ou igual a 88
dB(A) , a ser comprovado pelo selo ruído aposto ao produto e/ou à sua embalagem, conforme Portaria
Inmetro nº 430, de 16 de agosto de 2012, alterada pela Portaria Inmetro nº 388, de 06 de agosto de
2013.

f) Optar, preferencialmente, pela aquisição de lâmpadas LED.


111

g) As aquisições de bens de informática, como computadores de mesa (desktops) e computadores


portáteis (notebook, laptop e netbook) devem observar os critérios de segurança, compatibilidade
eletromagnética e eficiência energética previstos na Portaria Inmetro nº 170/12. A comprovação da
conformidade com esses critérios deve ser feita mediante apresentação de certificados e/ou relatórios de
ensaios emitidos por instituição acreditada pelo Inmetro.

h) Eletrodomésticos, equipamentos de informática e telecomunicações e demais produtos


eletroeletrônicos não devem conter certas substâncias nocivas ao meio ambiente como mercúrio,
chumbo, cromo hexavalente, cádmio, bifenil-polibromados, éteres difenil-polibromados, em
concentração acima da recomendada pelo Diretiva 2002/EC do Parlamento Europeu também conhecida
como Diretiva RoHS (Restriction of Certain Hazardous Subtances). O atendimento a essa diretriz deve
ser comprovado por meio de certificado ou por declaração do fabricante.

i) A destinação final de produtos eletroeletrônicos e seus componentes deve observar o disposto no item
5.4 - Resíduos com Logística Reversa.

5.1.5. Cartuchos de Tinta e de Toner

a) Cartuchos de marca diferente do equipamento a que se destinam devem possuir desempenho


equivalente ao do original. A comprovação desse critério deve ser feita através de relatório de ensaio
emitido por laboratório detentor de Certificado de Acreditação concedido pelo Inmetro, com escopo de
acreditação específico para ensaios mecânicos com base nas normas ABNT NBR ISO/IEC 24711:2011
e 24712:2011, para cartuchos de tinta e ABNT NBR ISO/IEC 19752:2006 e 19798:2011, para cartuchos
de toner.

b) A destinação final de cartuchos deve observar o disposto no item 5.4 - Resíduos com Logística
Reversa.

5.1.6. Pneus

a) Na aquisição de pneus deve ser exigida como requisito prévio à assinatura do contrato ou empenho a
regularidade do registro do fabricante ou importador no Cadastro Técnico Federal de Atividades
Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais - CTF/APP, comprovada mediante a
apresentação do certificado de regularidade emitido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama) conforme Instrução Normativa Ibama Nº 6 DE 15/03/2013.

b) A destinação final de pneus deve observar o disposto no item 5.4 - Resíduos com Logística Reversa.

5.1.7. Pilhas e Baterias

a) Pilhas e baterias devem conter, no corpo do produto e/ou em sua embalagem, advertências quanto aos
riscos à saúde humana e ao meio ambiente; identificação do fabricante ou deste e do importador no caso
de produtos importados, a simbologia indicativa da destinação adequada e informação sobre a
necessidade de, após seu uso, serem devolvidos aos revendedores ou à rede de assistência técnica
autorizada; conforme o art. 14, art. 16 e anexo I da Resolução CONAMA Nº 401 de 4 de novembro de
2008.

b) Os teores de chumbo, cádmio e mercúrio devem estar em conformidade com os limites máximos
estabelecidos pela Resolução CONAMA 401/2008, comprovado pela regularidade do registro do
fabricante ou importador no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou
Utilizadoras de Recursos Ambientais - CTF/APP, mediante apresentação do certificado de regularidade
emitido pelo Ibama, conforme Instrução Normativa Ibama nº 6/2013.

c) A destinação final de pilhas e baterias deve observar o disposto no item 5.4 - Resíduos com Logística
Reversa.

5.1.8. Mobiliário.

a) Todo mobiliário deve estar em conformidade com as normas técnicas da ABNT, comprovada pela
apresentação de relatório de ensaio emitido por laboratório detentor de Certificado de Acreditação
112

concedido pelo Inmetro, com escopo de acreditação específico para ensaios documentação gráfica
(desenho ou fotos) e memorial descritivo com informação necessária e suficiente para perfeita
identificação do modelo ou da linha contendo o modelo do produto.

b) O mobiliário fabricado com madeira ou seus derivados deve observar os critérios da rastreabilidade e
da origem dos insumos de madeira a partir de fontes de manejo sustentável em conformidade com a
norma ABNT NBR 14790:2011, utilizada pelo Cerflor, ou com o padrão FSC-SDT-40-004 V2-1. A
comprovação da conformidade deve ser feita por meio do Certificado de Cadeia de Custódia e/ou Selo
de Cadeia de Custódia do Cerflor ou do FSC.

c) Devem ser observadas as especificações técnicas constantes no Anexo I da Resolução CSJT nº


54/2008, que institui o padrão de mobiliário ergonômico nos órgãos da Justiça do Trabalho de 1º e 2º
graus, compatibilizando-se as especificações com os critérios de sustentabilidade aqui estabelecidos,
enfatizando-se, ainda:

I. Para armários e gaveteiros a NBR 13961:2010;

II. Para mesas e estações de trabalho (mesas autoportantes conjugadas com divisórias), a NBR
13966:2008.

d) Cadeiras e poltronas, exceto longarinas e poltronas de auditório, devem estar em conformidade com
a. NBR 13962:2006. A espuma, quando existente, deve ser isenta de CFC e atender a NBR 9178:2003.

e) O mobiliário dos postos de trabalho deve atender aos requisitos da norma regulamentadora NR-17 do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A comprovação de atendimento deve ser feita por meio da
apresentação, para linha e modelo, de laudo de ergonomia emitido por engenheiro de segurança do
trabalho ou profissional com especialização em ergonomia devidamente habilitado para tal finalidade.

5.1.9. Veículos Leves de Passageiros e Comerciais Leves

a) Os veículos leves de passageiros para uso oficial, adquiridos ou locados, devem ser movidos
exclusivamente com combustível renovável28 ou na forma da tecnologia “flex”.

b) Devem ser adquiridos veículos que apresentem maior eficiência energética e menor consumo de
combustível dentro de cada categoria, em conformidade com os requisitos constantes no Regulamento
de Avaliação da Conformidade para Veículos Leves de Passageiros e Comerciais Leves. Para modelos
das categorias subcompacto, compacto, médio e grande, a comprovação da conformidade com esses
critérios deve ser feita pela ENCE das classes de maior eficiência, representadas pelas letras “A” ou
“B”. Para as demais categorias previstas na Portaria Inmetro Nº 377, de 29 de setembro de 2011,
alterada pela Portaria Inmetro Nº 522, de 31 de outubro de 2013, na ausência de classe de maior
eficiência, podem ser aceitos veículos da classe representada pela letra “C”.

c) Os veículos a serem adquiridos devem possuir nível de emissão de poluentes dentro dos limites do
Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE). A comprovação da
conformidade deve ser feita pela ENCE com a presença de, no mínimo, uma estrela.

5.1.10. Vestuário

a) Na aquisição de uniformes ou outras vestimentas devem ser utilizados, preferencialmente, produtos menos
poluentes e agressivos ao meio ambiente que utilizem tecidos que tenham em sua composição fibras oriundas de
material reciclável e/ou algodão orgânico.

5.1.11. Assinaturas de Jornais, Revistas e Periódicos

a) Nas aquisições de assinaturas de jornais, revistas e periódicos convém que sejam adquiridas versões
eletrônicas, sempre que disponíveis no mercado.

5.2. CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS


113

a) Os materiais e equipamentos utilizados na execução dos serviços contratados devem observar os


critérios de sustentabilidade constantes do item 5.1 deste Guia.

b) Os resíduos com logística reversa obrigatória, gerados na execução dos serviços devem atender o
disposto no item 5.4. - Resíduos com Logística Reversa.

c) A definição das rotinas de execução das atividades para contratação dos serviços terceirizados deve
prever e estimar período adequado para a orientação e ambientação dos trabalhadores à política de
responsabilidade socioambiental do órgão, durante toda a vigência do contrato.

5.2.1. Serviços que envolvam a utilização de Mão de Obra

Para os serviços que envolvam a utilização de mão de obra, residente ou não, a contratada deve:

a) Obedecer às normas técnicas, de saúde, de higiene e de segurança do trabalho, de acordo com as


normas do MTE;

b) Fornecer aos empregados os equipamentos de segurança que se fizerem necessários, para a execução
de serviços e fiscalizar o uso, em especial pelo que consta da Norma Regulamentadora nº 6 do MTE;

c) Elaborar e implementar Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), de acordo com as


Normas Regulamentadoras do MTE;

d) Elaborar e implementar Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), com o


objetivo de promoção e preservação da saúde dos trabalhadores, de acordo com as Normas
Regulamentadoras do MTE;

e) Assegurar, durante a vigência do contrato, capacitação a todos os trabalhadores em saúde e segurança


no trabalho, dentro da jornada de trabalho, com carga horária mínima de 2 (duas) horas mensais,
conforme a Resolução CSJT nº 98 de 20 de abril de 2012;

f) Assegurar, durante a vigência do contrato, a capacitação dos trabalhadores quanto às práticas


definidas na política de responsabilidade socioambiental do órgão;

g) Comprovar, como condição prévia à assinatura do contrato e durante a vigência contratual, sob pena
de rescisão contratual, o atendimento das seguintes condições:

I. Não possuir inscrição no cadastro de empregadores flagrados explorando trabalhadores em


condições análogas às de escravo, instituído pela Portaria Interministerial MTE/SDH nº 2, de12
de maio de 2011;

II. Não ter sido condenada, a contratada ou seus dirigentes, por infringir as leis de combate à
discriminação de raça ou de gênero, ao trabalho infantil e ao trabalho escravo, em afronta a
previsão aos artigos 1° e 170 da Constituição Federal de 1988; do artigo 149 do Código Penal
Brasileiro; do Decreto n° 5.017, de 12 de março de 2004 (promulga o Protocolo de Palermo) e
das Convenções da OIT nos 29 e 105.

h) Priorizar o emprego de mão de obra, materiais, tecnologias e matérias-primas de origem local para
execução dos serviços.

5.2.2. Serviços de Limpeza e Conservação

Para os Serviços de Limpeza e Conservação, a contratada também deve:

a) Observar a não utilização de produtos que contenham substâncias agressivas à camada de ozônio na
atmosfera, conforme Resolução CONAMA Nº 267 de 14 de setembro de 2000;

b) Adotar medidas para evitar o desperdício de água tratada e para a preservação dos recursos hídricos,
nos termos da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 e da legislação local, considerando a política
socioambiental do órgão;
114

c) Realizar programa interno de treinamento de seus empregados visando à adoção de práticas para
redução de consumo de energia elétrica, de consumo de água, redução de produção de resíduos sólidos
e coleta seletiva, observadas as normas ambientais vigentes;

d) Proceder ao recolhimento dos resíduos recicláveis descartados, de forma seletiva, bem como de
pilhas, baterias e lâmpadas, de acordo com o programa de coleta seletiva do órgão em observância ao
Decreto n° 5.940/2006;

e) Observar a destinação adequada aos resíduos gerados durante suas atividades, em consonância com o
programa de coleta seletiva do órgão;

f) Evitar o desperdício de embalagens e a geração de resíduos sem reaproveitamento.

5.2.3. Serviços de Restaurante

Para os Serviços de Restaurante, a contratada também deve:

a) Oferecer opção de alimentação orgânica, comprovada pelo selo “Produto Orgânico Brasil”, conforme
item 5.1.3, alínea “a”;

b) Incluir cláusula sobre coleta seletiva, de acordo com a política socioambiental do órgão, em
observância ao Decreto n° 5.940/2006, bem como sobre obrigação de proceder ao recolhimento do óleo
usado, que deverá ser destinado à reciclagem, com a total proibição de que este seja despejado na rede
de esgoto;

c) Apresentar programa ou indicação de medidas visando reduzir o desperdício de insumos e a geração


de resíduos sem reaproveitamento;

d) Privilegiar o uso de produtos não descartáveis.

5.2.4. Serviços de Copa

Para os Serviços de Copa, a contratada também deve:

a) Recolher o óleo de cozinha e destiná-lo para reciclagem, com total proibição de que seja despejado na
rede de esgoto;

b) Realizar a coleta seletiva dos resíduos e promover a destinação adequada, de acordo com a política
socioambiental do órgão e em observância ao Decreto n° 5.940/2006.

5.2.5. Serviços de Impressão e de Cópia

Para os Serviços de Impressão e de Cópia, a contratada também deve:

a) Proceder à separação dos resíduos recicláveis descartados de forma seletiva, especialmente o papel,
de acordo com o programa de coleta seletiva do órgão e em observância ao Decreto n° 5.940/2006;

b) A destinação final de cartuchos e cilindros deve observar o disposto no item 5.4 - Resíduos com
Logística Reversa.

5.2.6. Serviços de Jardinagem

Para os Serviços de Jardinagem, a contratada também deve:

a) Utilizar, preferencialmente, produtos e insumos de natureza orgânica, bem como utilizar defensivos
contra pragas com menor potencial de toxidade, equivalentes aos utilizados em jardinagem amadora,
nos termos definidos pela ANVISA;
115

b) Apresentar, sempre que houver necessidade da utilização de agrotóxicos e afins o registro do produto
no órgão federal responsável, nos termos da Lei nº 7.802/89 e legislação correlata;

c) Efetuar o recolhimento das embalagens vazias e respectivas tampas dos agrotóxicos e afins
utilizados, comprovando a destinação final ambientalmente adequada, nos termos da Lei nº
12.305/2010.

5.2.7. Serviços de Controle de Vetores e Pragas Urbanas

Para os Serviços de Controle de Vetores e Pragas Urbanas, tais como desinsetização, desratização,
descupinização, a contratada também deve:

a) Estar em conformidade com os requisitos de licenciamento, procedimentos e práticas operacionais


definidos na Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA – RDC nº 52, de 22 de outubro de 2009,
destacando-se as metodologias direcionadas para a redução do impacto ao meio ambiente, à saúde do
consumidor e do aplicador dos produtos;

b) Aplicar produtos devidamente aprovados pela ANVISA;

c) Efetuar o recolhimento das embalagens vazias e respectivas tampas dos produtos utilizados,
promovendo sua destinação final ambientalmente adequada, nos termos da Lei nº 12.305/2010;

d) Fornecer aos empregados os equipamentos de segurança necessários para a execução de serviços e


fiscalizar o uso, nos termos da Norma Regulamentadora NR 6 do MTE.

5.2.8. Serviços de Manutenção Preventiva e Corretiva de Equipamentos

Para os Serviços de Manutenção Preventiva e Corretiva de Equipamentos, tais como elevadores, equipamentos
odontológicos, condicionadores de ar, equipamentos gráficos, a contratada também deve:

a) Utilizar peças e componentes de reposição certificadas pelo Inmetro, de acordo com a legislação
vigente;

b) Efetuar o descarte de peças e materiais em observância à política de responsabilidade socioambiental


do órgão.

5.3. OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA

A indústria da construção civil é um dos segmentos que mais consome matérias-primas e recursos naturais no
planeta, gerando a parcela predominante dos resíduos sólidos produzidos nas cidades34, além de ser uma das
grandes responsáveis pela emissão dos gases causadores do efeito estufa. Para minimizar os impactos ambientais
causados, a noção de sustentabilidade deve estar presente desde o estudo de viabilidade técnica, escolha do
terreno, definição do programa de necessidades e concepção arquitetônica. A utilização de critérios e práticas de
sustentabilidade nas construções não deve se limitar aos novos prédios, mas englobar também manutenção,
reforma, ampliação, adaptações e mudanças na utilização dos prédios já existentes.

As especificações e demais exigências do projeto básico ou executivo para contratação de obras e serviços de
engenharia devem ser elaborados de forma a reduzir os resíduos gerados na construção, proporcionar economia
na manutenção dos prédios, reduzir o consumo de energia e água, garantir os direitos constitucionais de
acessibilidade aos portadores de deficiência, bem como utilizar tecnologias e materiais que reduzam o impacto
ambiental.

Da mesma forma, visando à garantia de qualidade e manutenção de requisitos mínimos dos projetos básicos ou
executivos de obras públicas, sempre que couber ou subsidiariamente,os órgãos devem utilizar como parâmetro
os normativos próprios, tais como a Resolução CNJ 114/2010 e Resolução CSJT 70/2010.

Na aquisição de bens devem ser exigidos os critérios de sustentabilidade constantes do item 5.1 deste Guia e, na
execução dos serviços contratados, no que couber, as práticas de sustentabilidade previstas no item 5.2.

5.3.1. Na Concepção dos Projetos e Especificações das Obras e dos Serviços


116

a) A envoltória do edifício, o sistema de iluminação e o sistema de condicionamento de ar devem


observar os requisitos para os níveis de eficiência energética A ou B dos Requisitos Técnicos da
Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Servicos e Públicos -
RTQ-C, aprovado pela Portaria Inmetro nº 372 de 17/09/2010 e Portaria Complementar nº 17 de 16 de
janeiro de 2012.

b) Opção por equipamentos que proporcionem melhor eficiência energética, adquiridos em


conformidade com os critérios constantes no item 5.1.4 (Máquinas e Aparelhos Consumidores de
Energia).

c) Utilização de revestimentos de cor clara nas coberturas e fachadas, para reflexão dos raios solares, e
consequente redução da carga térmica nestas superfícies, com o objetivo de melhorar o conforto
ambiental e reduzir a necessidade de climatização. Deve ser avaliada ainda a opção de implantar a
cobertura verde.

d) Emprego de tintas à base de água, livre de compostos orgânicos voláteis, sem pigmentos à base de
metais pesados, fungicidas sintéticos ou derivados de petróleo.

e) Utilização de outros materiais em substituição ao asbesto/amianto.

f) Fixação de critérios para projeto arquitetônico baseados nas definições da NBR 15.220, que levem em
consideração os melhores parâmetros, com base nas definições de zonas bioclimáticas estabelecidas na
norma, de forma a evitar a insolação profunda e permitir a iluminação e ventilação naturais.

g) Emprego de soluções construtivas que garantam maior flexibilidade na edificação de maneira a


permitir fácil adaptação às mudanças de uso do ambiente ou do usuário, no decorrer do tempo, e evitar
reformas que possam causar desperdício de material e grande impacto ambiental decorrente da
produção de entulho.

h) Apresentação de projeto para implantação de canteiro de obras organizado, com critérios mais
sustentáveis do ponto de vista ambiental, no qual conste, por exemplo, o reuso de água, o
reaproveitamento da água de chuvas e dos resíduos sólidos produzidos e a separação dos não
reutilizáveis para descarte.

i) Apresentação do Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC), de acordo


com a Resolução 307, de 05 de julho de 2002 do CONAMA. Para fins de fiscalizaçãodo fiel
cumprimento do Projeto, a contratada deve comprovar que todos os resíduos removidos estão
acompanhados de Controle de Transporte de Resíduos, em conformidade com as normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, NBR nos 15.112, 15.113, 15.114, 15.115 e 15.116, de 2004.

j) Emprego de fôrmas pré-moldadas fabricadas em material que permita a reutilização.

k) Utilização de andaimes e escoras, preferencialmente metálicos, ou de material que permita a


reutilização.

l) Conformidade da Madeira utilizada na edificação ou no canteiro de obras com os critérios constantes


no item 5.1.8, alínea b. Nos casos de madeira de origem nativa não certificada a sua procedência legal
deve ser comprovada mediante apresentação, pelo fornecedor, da Autorização de Transporte DOF
(Documento de Origem Florestal) expedido pelo Ibama ou Guia Florestal (GF) emitida pela Secretaria
de Meio Ambiente de âmbito estadual.

m) Emprego de materiais e equipamentos que atendam a critérios de sustentabilidade, tais como


segurança, durabilidade e eficiência, de modo a gerar menos resíduos, menor desperdício e menor
impacto ambiental.

n) Utilização de revestimentos impermeáveis e antipoluentes nos ambientes internos, de fácil limpeza e


que favoreçam o conforto térmico e acústico das edificações.
117

o) Emprego de pisos externos que favoreçam a infiltração das águas da chuva no solo, de forma a não
sobrecarregar o sistema de coleta de águas pluviais.

p) Previsão de espaço físico específico para a coleta e armazenamento de materiais recicláveis.

q) Prioridade para emprego de mão de obra, materiais, tecnologias e matérias-primas de origem local
para execução, conservação e operação das obras.

5.3.2. Nos Projetos de Instalações Hidrossanitárias

a) Implantação de sistema de coleta e aproveitamento de água da chuva no prédio em construção ou em


reforma, agregando ao sistema hidráulico elementos que possibilitem sua utilização para rega de jardim,
lavagem de carros e limpeza/manutenção pesada e descarga dos banheiros.

b) Separação da rede de esgoto em água cinza e água negra, visando ao reuso de água cinza.

c) Utilização de equipamentos economizadores de água, com baixa pressão, tais como torneiras com
arejadores, com sensores ou de fechamento automático, sanitários com sensores ou com válvulas de
descarga com duplo acionamento ou a vácuo.

d) Adoção de sistema de irrigação que reduza o consumo de água, tais como gotejamento, por micro
aspersão ou mecanismo eletrônico programável para irrigação automática.

e) Adoção de sistema de medição individualizado de consumo de água.

5.3.3. Nos Projetos Elétricos e de Iluminação

a) Emprego de energia solar ou outra energia limpa para aquecimento de água, iluminação e outros fins,
cujo rendimento e custo se mostrem viáveis, com utilização de equipamentos aprovados pelo Programa
Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro e escolhidos entre os mais eficientes.

b) Setorização da iluminação de um mesmo ambiente, através de interruptores, para permitir uso


localizado e aproveitamento da luz natural, inclusive instalação de sensores de presença em locais que
não exijam iluminação constante, como garagens, circulações, hall de elevadores e escadas.

c) Uso de lâmpadas fluorescentes compactas de alta eficiência energética, ou tubulares de alto


rendimento em conformidade com os critérios constantes no item 5.1.4 (Máquinas e Aparelhos
Consumidores de Energia) e luminárias eficientes, bem como a utilização de lâmpadas LED nos
ambientes que permitam a sua utilização.

d) Utilização da Norma ABNT NBR 15920:2011 como referência para dimensionamento econômico
dos cabos elétricos com base em perdas por efeito joule.

e) Adoção de sistema de medição individualizado de consumo de energia elétrica.

5.3.4. Nos Projetos de Climatização

a) Uso de equipamentos de climatização mecânica ou de novas tecnologias de resfriamento do ar que


permitam a automação do sistema, de forma a possibilitar a setorização adequada dos ambientes
climatizados.

b) Instalação de aparelhos condicionadores de ar adquiridos em conformidade com os critérios


constantes no item 5.1.4 (Máquinas e Aparelhos Consumidores de Energia).

5.3.5. Nos Projetos de Urbanização

a) Preservação de espécies nativas e compensação da vegetação suprimida.

b) Plantio de espécies vegetais e criação de espaços verdes de convivência.


118

c) O paisagismo deve privilegiar o emprego de espécies nativas da região.

5.3.6. Nos Projetos de Acessibilidade

Para garantir a acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida tais como idosos,
gestantes, obesos, devem ser observados os requisitos previstos na ABNT NBR 9050:2004, dentre os quais:

a) Construção de rampas com inclinação adequada para acesso dos pedestres e plataforma de transporte
vertical para passageiros com dificuldades de locomoção;

b) Adequação de sanitários;

c) Reserva de vagas em estacionamento;

d) Reserva de espaço para pessoa em cadeira de rodas e assentos para pessoa com mobilidade reduzida
nas salas de espera, auditórios, salas de audiência e similares;

e) Instalação de piso tátil direcional e de alerta;

f) Sinalização sonora para pessoas com deficiência visual, bem como sinalizações visuais acessíveis a
pessoas com deficiência auditiva, pessoas com baixa visão e pessoas com deficiência intelectual;

g) Adaptação de mobiliário, portas e corredores em todas as dependências e acessos.

5.3.7. Nas Condições de Trabalho

Em relação às condições de trabalho da mão de obra devem ser exigidos das empresas contratadas:

a) Atendimento às normas regulamentadoras expedidas pelo MTE, quanto à Segurança e Medicina do


Trabalho;

b) Adesão, por meio de cláusula contratual, ao Programa Nacional de Prevenção de Acidentes do


Trabalho - Programa Trabalho Seguro, instituído no âmbito da Justiça do Trabalho, voltado à promoção
da saúde do trabalhador, à prevenção de acidentes de trabalho e ao fortalecimento da Política Nacional
de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST), nos termos da Resolução nº 96, de 23 de março de 2012,
do Conselho Superior da Justiça do Trabalho;

c) Adesão, por meio de cláusula contratual, ao “Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições
de Trabalho”, firmado entre o Governo Federal e as entidades patronais e representativas dos
trabalhadores no dia 1º de março de 2012, visando à aplicação e efetividade das Diretrizes nele
estabelecidas;

d) Emprego de egressos do sistema carcerário e/ou cumpridores de medidas ou penas alternativas em


percentual não inferior a 2%, segundo o que preconizam as Resoluções CNJ 114, de 20 de abril de 2010
e CSJT 70, de 24 de setembro de 2010;

e) Capacitação de todos os trabalhadores em saúde e segurança no trabalho, dentro da jornada de


trabalho, observada a carga horária mínima de duas horas mensais, com ênfase na prevenção de
acidentes, conforme a Resolução CNJ 98/2012.

5.4. RESÍDUOS COM LOGÍSTICA REVERSA

Pilhas e baterias; pneus; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista38; óleos
lubrificantes, seus resíduos e embalagens, bem como produtos eletroeletrônicos e seus componentes devem
observar o sistema de logística reversa nos termos da Lei nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, regulamentada pelo Decreto nº 7.404/2010. Deve ser incluída, no termo de referência e na
minuta de contrato, cláusula prevendo a obrigação da coleta, pela contratada, dos resíduos oriundos da
contratação, para fins de devolução ao fabricante ou importador, responsáveis pela sua destinação final
ambientalmente adequada.
119

a) Pilhas e baterias devem observar a Resolução CONAMA n° 401/2008.

b) Pneus devem observar a Resolução CONAMA nº 416, de 30 de setembro de 2009 e Instrução


Normativa Ibama nº 01, de 25 de janeiro de 2013.

c) Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens devem observar a Resolução CONAMA nº 362/2005
e Acordo Setorial para a Implantação de Sistema de Logística Reversa de Embalagens Plásticas Usadas
de Lubrificantes.

d) Cartuchos de tinta, de toner e cilindros devem observar os seguintes procedimentos:

I. A sistemática de recolhimento deve indicar as quantidades mínimas de cartuchos e/ou


cilindros a serem recolhidos por evento, o intervalo e os responsáveis pelo recolhimento, bem
como a especificação e detalhamento da sua destinação;

II. Os cartuchos e/ou cilindros usados devem ser permutados, sempre que possível, por
suprimentos novos equivalentes, sem custo adicional, mediante relação de troca estabelecida
em função do número de unidades recolhidas pela contratada.

e) Devem ser considerados apropriados os procedimentos de destinação de cartuchos de tinta, de toner e


cilindros somente quando orientados para:

I. Reaproveitamento ou reutilização das peças e componentes dos suprimentos não sujeitos a


desgastes, efetivados sob supervisão do fabricante dos produtos;

II. Destinação ambientalmente adequada dos resíduos dos suprimentos, devidamente licenciada
pelo órgão ambiental competente, a ser efetivada pelo fabricante ou importador do produto ou
por representante autorizado.

Você também pode gostar