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MOSTRA DA GRAVURA CIDADE DE CURITIBA

A cidade de Curitiba consolidou uma importante tradição de inscrição


da gravura no espaço social. Nesse quadro inserem-se a Mostra da Gravura e o
Museu da Gravura de Curitiba, o mais importante museu brasileiro dedicado
exclusivamente a esse meio de expressão artística. A cidade possui um dos
mais completos ateliês do país, além de promover e desenvolver uma
significativa programação e constante atualização da prática contemporânea
de gravura.
Motivada pela tradição histórica de Curitiba nas artes gráficas, a
primeira edição da Mostra da Gravura aconteceu em 1978 e, até a quinta
edição, em 1982, foi anual. A sexta edição, realizada em 1984, quando o
evento tornou-se bienal e, especificamente naquele ano, abrangeu a produção
de alguns países latino-americanos. As três edições seguintes restringiram-se à
produção nacional e, a partir da décima, em 1992, ganhou definitivamente o
caráter internacional.
Organizada pela Fundação Cultural de Curitiba, a Mostra da Gravura é
o mais antigo evento brasileiro dedicado à arte internacional. Em 1992 e 1995
(10ª e 11ª edições), a Mostra foi dedicada à arte das Américas, estabelecendo
modelos que chegaram a influenciar a própria Bienal de São Paulo e recebido
elogios da curadoria do Departamento de Gravura do Museu de Arte Moderna
de Nova York. Em 1992 e 1995, Curitiba exibiu, entre outros, obras de Louise
Bourgeois, Gego, Andy Warhol, Eva Hesse, Bruce Nauman, Suarez-Londoño,
Francis Alÿs, Roberto Malta e Wilfredo Lam, artistas que seriam apresentados
nas Bienais de São Paulo de 1996 e de 1998.
A 12ª edição da Mostra (1999/2000) aprofundou a discussão sobre o
conceito de gravura e o seu papel na arte contemporânea. A partir da
observação de como os processos de gravura remetem às marcas físicas e
psíquicas da experiência humana, a 12ª Mostra da Gravura trouxe à tona, por
meio da arte, questões como a criminalidade e os modos de punição
regulamentados pela sociedade, as expressões de religiosidade, referências da
cultura judaica na arte brasileira, a pele cultural como objeto de reflexão, entre
outros temas. Integrada à comemoração nacional dos 500 Anos do
Descobrimento do Brasil, foi laboratório de reflexão sobre a Arte.
Nesta década, a Mostra tem-se caracterizado por uma perspectiva
aberta e revigoradora da noção de gravura, estabelecendo um diálogo crítico
com outros meios de expressão artística – pintura, escultura, desenho,
fotografia, instalação. Essa noção de gravura precede, por exemplo, a
exposição “Empreinte”, realizada no Musée d’Art Moderne - Centre Georges
Pompidou, em 2000, que tratou do tema de forma bastante semelhante às
propostas de Curitiba de 1992.
Ao longo dos anos de realização da Mostra da Gravura Cidade de
Curitiba foram promovidos três seminários, com o objetivo de refletir sobre as
possibilidades da gravura na arte contemporânea. O primeiro foi realizado em
1978, com a primeira mostra; o segundo, em 1989, quando foi inaugurado o
Museu da Gravura Cidade de Curitiba; e o terceiro em 1997, que teve como
tema “Reflexão 97 – A Arte Contemporânea da Gravura”.

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