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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

DEPARTAMENTO DE ENSINO E CULTURA DO EXÉRCITO

CADERNO DE INSTRUÇÃO DE INTRODUÇÃO À


ESGRIMA DE ESPADA

Edição
2021
MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

DEPARTAMENTO DE ENSINO E CULTURA DO EXÉRCITO

CADERNO DE INSTRUÇÃO DE INTRODUÇÃO À


ESGRIMA DE ESPADA

Edição
2021

1-1
INDICE DE ASSUNTOS

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO À ESGRIMA


1,1. Finalidade...................................................................................................................1-1
1.2. Origem do esporte......................................................................................................1-1
1.3. Desenvolvimento da esgrima no Brasil......................................................................1-4
1.4. Qualidades Físicas trabalhadas.................................................................................1-5
1.5. Níveis de treinamento................................................................................................ 1-6
1.6. Atributos da área afetiva e a Esgrima.........................................................................1-7

CAPÍTULO 2 – ÁREA DE JOGO, UNIFORMES/ EQUIPAMENTOS E MODALIDADES


2.1. Características da área de jogo..................................................................................2-1
2.2. Características do Uniforme e equipamentos.............................................................2-1
2.3. Características do armamento....................................................................................2-2
2.4. Especificidades do Florete..........................................................................................2-3
2.5. Especificidades do Sabre...........................................................................................2-3
2.6. Especificidades da Espada.........................................................................................2-4
2.7. Especificidades da Esgrima do Pentatlo Moderno (Espada).............................2-4
2.8. Princípio da convenção e o conceito de prioridade....................................................2-5

CAPÍTULO 3 – PROGRESSÃO DIDÁTICA


3.1. Progressão didática....................................................................................................3-1
3.2. Quadro didático..........................................................................................................3-1

CAPÍTULO 4 – POSIÇÃO DE GUARDA


4.1. Definição.....................................................................................................................4-1
4.2. A guarda clássica.......................................................................................................4-1
4.3. Características Mecânicas da posição de guarda......................................................4-2
4.4. Defeitos a evitar..........................................................................................................4-3

CAPÍTULO 5 – MEDIDA E DESLOCAMENTOS


5.1. Medida........................................................................................................................5-1
5.2. Deslocamentos para ganhar medida......................................................................... 5-1
5.3. Deslocamentos para sair da medida..........................................................................5-2
5.4. Defeitos a evitar..........................................................................................................5-3

CAPÍTULO 6 – O DESENVOLVIMENTO E AFUNDO


6.1 Desenvolvimento – Definição de vantagem................................................................6-1
6.2 Descrição do movimento do desenvolvimento............................................................6-1
6.3. Defeitos a evitar no desenvolvimento.........................................................................6-2

CAPÍTULO 7 – A VOLTA À GUARDA E O AJUNTAMENTO


7.1. A volta à guarda..........................................................................................................7-1
7.2. Descrição do movimento da volta à guarda...............................................................7-1
7.3. Defeitos a evitar na volta à guarda.............................................................................7-1
7.4. O ajuntamento............................................................................................................7-2
CAPÍTULO 8 – A FLECHA
8.1.Definição......................................................................................................................8-1
8.2. Descrição do movimento da flecha.............................................................................8-1
8.3. Defeitos a evitar na flecha..........................................................................................8-2

CAPÍTULO 9 – EMPUNHADURA DA ESPADA


9.1. A empunhadura da espada........................................................................................9-1
9.2. O punho reto...............................................................................................................9-1
9.3. O punho ortopédico....................................................................................................9-2
9.4. Os defeitos a evitar na empunhadura.........................................................................9-2

CAPÍTULO 10 – DOIGTÉ E SENTIMENTO DE FERRO


10.1. O Doigté..................................................................................................................10-1
10.2. Sentimento de Ferro...............................................................................................10-1

CAPÍTULO 11 – AS LINHAS E POSIÇÕES DE ESGRIMA


11.1. As linhas.................................................................................................................11-1
11.2. As posições de Esgrima.........................................................................................11-1

CAPÍTULO 12 – O ENGAJAMENTO / AS MUDANÇAS DE ENGAJAMENTO E O DUPLO


ENGAJAMENTO – A AUSÊNCIA DE FERRO E O CONVITE
12.1 Definição de engajamento / Mudança de engajamento / Duplo engajamento........12-1
12.2 Estudo mecânico do engajamento..........................................................................12-1
12.3 Emprego tático........................................................................................................12-2
12.4 Considerações gerais quanto aos engajamentos...................................................12-2
12.5. Definições de ausência de ferro e convite.............................................................12-2
12.6. Mecanismo dos movimentos da ausência de ferro e do convite...........................12-2
12.7. Estudo tático da ausência de ferro e do convite....................................................12-2

CAPÍTULO 13 – AÇÕES OFENSIVAS: ATAQUE SIMPLES


13.1 Definição: ações ofensivas e o ataque....................................................................13-1
13.2 Os tipos de ataque simples.....................................................................................13-1
3.3 O golpe direto............................................................................................................13-1
13.4 Desengajamento......................................................................................................13-2
13.5 O corte.....................................................................................................................13-2
13.6 O contra desengajamento.......................................................................................13-3
13.7 Considerações quanto aos ataques simples...........................................................13-3

CAPÍTULO 14 – A CONTRA OFENSIVA E OS ATAQUES SOBRE A PREPARAÇÃO


14.1 Considerações gerais quanto à contraofensiva.......................................................14-1
14.2 Os tipos de contra ataques......................................................................................14-1
14.3 Os golpes de arresto...............................................................................................14-2
14.4 Premissas básicas da contra ofensiva....................................................................14-4
14.5 Ataques sobre a preparação...................................................................................14-4

CAPÍTULO 15 – DEFENSIVA – AS PARADAS SIMPLES E AS ESQUIVAS


15.1 Modos de se defender na esgrima.........................................................................15-1
15.2 Definição, finalidades e objetivo da parada na esgrima.........................................15-1
15.3 As qualidades da parada........................................................................................15-1
15.4 Tipos de paradas....................................................................................................15-2
15.5 Paradas quanto à execução....................................................................................15-3
15.6 As esquivas.............................................................................................................15-4

CAPÍTULO 16 – O ESTUDO DAS PARADAS


16.1. As posições da mão armada nas paradas.............................................................16-1
16.2. As paradas com a mão armada em supinação......................................................16-1
16.3 Observações táticas quanto às paradas.................................................................16-2

CAPÍTULO 17 – RESPOSTAS E CONTRARRESPOSTAS


17.1. Definição de resposta.............................................................................................17-1
17.2. As respostas quanto ao tipo...................................................................................17-1
17.3. As respostas quanto à execução............................................................................17-1
17.4. As contrarrespostas................................................................................................17-2

CAPÍTULO 18 – AS FINTAS E OS ATAQUES COMPOSTOS


18.1 As fintas de ataque: considerações gerais..............................................................18-1
18.2 Os ataques compostos............................................................................................18-1
18.3 A classificação das fintas de ataque quanto à execução........................................18-2
18.4 A tática no uso das fintas........................................................................................18-2
18.5 A diferença entre Enganar e Escapar.....................................................................18-3

CAPÍTULO 19 – OS ATAQUES AO FERRO


19.1 A definição de ataques ao ferro..............................................................................19-1
19.2 Os tipos e características dos ataques ao ferro......................................................19-1
19.3 A batida...................................................................................................................19-1
19.4 A pressão................................................................................................................19-1
19.5 O forçamento..........................................................................................................19-2

CAPÍTULO 20 – TOMADAS DE FERRO


20.1 Definição de tomadas de ferro.................................................................................20-1
20.2 Os tipos de tomadas de ferro..................................................................................20-1
20.3 A oposição...............................................................................................................20-1
20.4 O ligamento.............................................................................................................20-1
20.5 O envolvimento........................................................................................................20-2
20.6 O cruzamento..........................................................................................................20-2
20.7 As tomadas de ferro compostas e duplas...............................................................20-2

CAPÍTULO 21 – VARIEDADE DAS AÇÕES OFENSIVAS: REMESSA /


REDOBRAMENTO / REPETIÇÃO
21.1 Terminologia: remessa, redobramento e repetição.................................................21-1
21.2 Remessa..................................................................................................................21-1
21.3 Redobramento.........................................................................................................21-2
21.4 Repetição.................................................................................................................21-2

CAPÍTULO 22 – VARIEDADE DAS AÇÕES OFENSIVAS: CONTRATEMPO – O FALSO


ATAQUE

22.1 Considerações quanto ao contratempo...................................................................22-1


22.2 Contratempo – Ação de segunda intenção.............................................................22-1
22.3 O falso ataque.........................................................................................................22-1

CAPÍTULO 23 – A OFENSIVA EM ESPADA


23.1 Considerações gerais quanto à ofensiva em espada.............................................23-1

CAPÍTULO 24 – OFENSIVAS ÀS AVANÇADAS


24.1 Considerações quanto às ofensivas às avançadas.................................................24-1
24.2 Ataque clássico às avançadas................................................................................24-1
24.3 Ataque à cavação às avançadas.............................................................................24-2
24.4 Ataque sobre a retirada da mão armada.................................................................24-2
24.5 Ataques à perna e ao pé.........................................................................................24-2

CAPÍTULO 25 – ATAQUES AO CORPO


25.1 Considerações gerais quanto aos ataques o corpo................................................25-1
25.2 Princípios técnicos para os ataques ao corpo.........................................................25-1
25.3 Princípios táticos para os ataques ao corpo............................................................25-1
25.4 Ataques de segunda intenção sobre a retirada do braço adversário para ataques ao
corpo................................................................................................................................25-2
25.5 Ataques de segunda intenção sobre o alongamento do braço armado do adversário
(contratempo)..................................................................................................................25-2
25.6 Contra ataque ao corpo sobre um ataque adversário.............................................25-2

CAPÍTULO 26 – PRINCÍPIOS TÁTICOS NA OFENSIVA E NA DEFENSIVA


26.1 Considerações gerais quanto aos princípios táticos..............................................26-1
26.2 Considerações gerais quanto aos princípios táticos na ofensiva...........................26-1
26.3 Considerações gerais quanto aos princípios táticos na defensiva.........................26-2
26.4 Princípios táticos da esgrima de espada................................................................26-2

ANEXO A – ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS...............................................................A-1

ANEXO B – A CONDUÇÃO DA SESSÃO DE TREINAMENTO.....................................B-1

REFERÊNCIAS
— CAPÍTULO I —
INTRODUÇÃO À ESGRIMA

1.1 FINALIDADE

Este Caderno de Instrução e seus anexos têm por finalidade servir de fonte de consulta,
visando a difusão e desenvolvimento da prática de Esgrima no Exército, em especial a
prática da modalidade de Espada.

1.2 Origem do esporte

A esgrima tem sua origem na pré-história, no momento em que o homem, visando sua
proteção e sobrevivência, começou a utilizar bastões e pedaços de madeira para atacar e
defender-se. Ao longo da
história e com a descoberta
do metal (6.000 a.C.) foi
possível a criação e
desenvolvimento de armas
e equipamentos, os quais
começaram a ser
empregados nos campos de
batalha. O combate corpo a
corpo perdurou como
principal forma de
combater, tendo como
marco do fim de seu
protagonismo a descoberta
e utilização da pólvora,
provocando mudanças nas
estratégias de guerra,
suprimindo o combate Fig. 1-1: Torneio Internacional de esgrima em 1896 – Paris FRA
aproximado.

A história da esgrima pode ser dividia em 3 (três) períodos:

- Antigo, se subdividindo em: Antiguidade Oriental, Antiguidade Clássica e Idade Média

- Moderno

- Contemporâneo

Período Antigo

A história da esgrima neste período baseia-se em fatos documentados em livros, desenhos


e baixos relevos. Como as guerras eram muito comuns nesta época e os combates se

1-1
1-1
travavam corpo a corpo a esgrima tinha uma função importante. Cada povo e cultura
desenvolveu o armamento e equipamento e a forma de combater.

- Os Hindus consideravam a esgrima como uma ciência divina e possuíam o mais antigo
tratado de esgrima, o “DHANOR VEDA”. Combatiam a pé, a cavalo, ou em carros e foram
os primeiros a registrar o emprego de mulheres em combate, além de possuírem locais
próprios de treinamento.

- Os chineses davam preferência à lança e o sabre a cavalo e sua formação militar era
escolar.

- Os japoneses encaravam a esgrima num aspecto místico-religioso, prova disso era a


existência dos samurais. Um fator importante no treinamento dos japoneses foi a utilização
da máscara de bambu.

- Os assírios possuíam um espírito altamente belicoso. Em 2.000 a.C. é criada uma escola
especialmente destinada ao emprego das armas.

- Os egípcios passavam seus conhecimentos dentro da família e utilizavam-se no


treinamento com o armamento bem mais pesado que o real. O primeiro registro de um
torneio de esgrima está na tumba do Faraó Ramsés III (1.190 a.C.), no qual o mesmo foi
declarado campeão.

Fig. 1-2: Imagem da tumba do Faraó Ramsés III – Registro do primeiro torneio de esgrima

- Os israelitas adquiriram seus conhecimentos durante sua servidão no Egito e tinham


preferência pela espada curta semelhante a que seria empregada pelos romanos mais
tarde.

- Os persas foram os primeiros a adotar equipamentos de proteção e utilizavam-se


unicamente da espada e para tanto necessitavam de um longo treinamento.

- Os gregos foram os primeiros a ensinarem a esgrima nos ginásios.

- Os romanos desejavam a superioridade de seus soldados em qualquer situação e a


obtiveram através do emprego de uma instrução metodológica que era ministrada pelos

1-6
1-2
“LANISTES” ou mestres gladiadores. Se dominava a tática e o manejo do escudo e as
rápidas mudanças de guarda.

O final da Idade Média, é considerada pelos historiadores, como a verdadeira origem da


esgrima, no momento em que as pesadas armaduras e espadas foram substituídas por
materiais mais leves e ágeis.

Período Moderno

A partir de idade moderna, acabam se formando duas


grandes escolas de esgrima, a Italiana e a Francesa.

- Na Itália, os soldados de Carlos V foram responsáveis pelo


desenvolvimento da esgrima na região. Os italianos
iniciaram o processo de codificação dos movimentos de
esgrima e sua difusão nos sécs. XVI e XVII. Em 1531,
destacam-se Antônio Mansiolino e Achille Marozzo com as
primeiras publicações oficiais de Tratados de Esgrima.

- Na França, visando o desenvolvimento da prática da


esgrima, “Catarina de Médicis” contratou mestres italianos
criando-se mais tarde a escola francesa. Destaca-se a
utilização da máscara no séc. XVIII, fazendo com que a
esgrima se fortalecesse como esporte e marcando o início
do período contemporâneo.
Fig. 1-3: Tratado de Esgrima de Anchielle
Marozzo de 1531

Período Contemporâneo

Esse período tem como marco inicial a invenção da máscara de arame trançado concebida
por La Boussiére ao final do século XVIII. A esgrima começa a se desenvolver como
esporte, abandonando a área do combate, devido ao desenvolvimento das armas de fogo,
o que suprimiu o combate aproximado.

Fig. 1-4: Esgrima em seus primeiros tempos como esporte

1-31-5
Em 1896, a esgrima integra os primeiros Jogos Olímpicos em Atenas. Os toques eram
observados e validados por juízes, obrigando os atletas realizarem movimentos mais
plásticos e lentos, visando uma melhor visualização e nitidez das ações pela arbitragem.
Primeiramente com a arma de Florete e Sabre e, em 1900, se inclui a Espada.

Em 1913 é criada a Federação Internacional de Esgrima (FIE). Nos Jogos Olímpicos de


1936 foi introduzida, oficialmente, a sinalização elétrica dos toques nos combates.

Consequência de propostas brasileiras, a FIE aprovou as competições de espada e sabre


para mulheres, disputadas pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e de
Atenas (2004).

1.3 DESENVOLVIMENTO DA ESGRIMA NO BRASIL

Os primeiros relatos de ensino de esgrima no Brasil são de 1810 com a criação da


Academia Real Militar por D. João IV, onde em seu programa existia a prática das armas.
Em 1858, estabelece regimentalmente a esgrima e a natação para os cursos de infantaria
e cavalaria, através do decreto n° 2.116 de março de 1858.

Em 1866 foi criado o Clube Ginástico Português para o ensino de ginastica e esgrima.
Durante a segunda metade do século XIX o esporte aparece em vários programas de
instituições educacionais. Em 1909 é criado o primeiro curso de Mestre D´armas do Brasil
na Escola de Educação Física da Força Pública de São Paulo, através da missão francesa,
destacando o mestre francês Balancie.

Em 1914 foi fundada a União Paulista de Esgrima, primeira organização de esgrima no


Brasil. Em 1925 ela passa a ser chamada Federação Paulista de Esgrima (FPE) e em 1927
é criada a União Brasileira de Esgrima, antecessora da atual Confederação Brasileira de
esgrima (CBE), com a junção da FPE com a Federação Metropolitana de Esgrima (FME),
com o apoio das Liga de Desporto do Exército e da Marinha para sua fundação.

Fig. 1-5: Logotipo da Confederação Brasileira de Esgrima e da Escola de Educação Física do Exército

O curso de Mestre D´armas e monitor de esgrima da Escola de Educação Física do Exército


(EsEFEx) foi criado em 1933, sendo efetivamente iniciado em 1937, permitindo a formação
de civis, militares e estrangeiros ao longo dos anos.

Em 1936 a União Brasileira de Esgrima se filia a FIE. Em 1941 foi fundada a Federação
Rio-grandense de Esgrima (FRGE). Em 1946 é criada a CBE com filiadas a FPE, a FME
(atual Federação de Esgrima do Estado do Rio de Janeiro - FEERJ), a FRGE e a Escola
de Educação Física da Marinha.

1-4
1-6
Atualmente a CBE tem como filiadas a FEERJ, FRGE e a Federação Paranaense de
Esgrima (FPE). Clubes de Minas Gerais, Distrito Federal e São Paulo atuam como
reconhecidos, além de instituições de ensino superior militar e suas respectivas comissões
desportivas.

1.4 QUALIDADES FÍSICAS TRABALHADAS

A prática da esgrima estimula o


desenvolvimento de diversas qualidades
psicomotoras, produzindo efeitos fisiológicos
significativos, benéficos aos sistemas
cardiorrespiratório e neuromuscular. Para
uma boa evolução técnica, é necessário o
aprimoramento dessas qualidades físicas.
Destacam-se a velocidade, coordenação,
flexibilidade, “à-propos”, equilíbrio,
sensibilidade sensorial tátil e visual,
capacidade cardiorrespiratória e resistência
muscular localizada. Fig. 1-6: A esgrima é um esporte que trabalha diferentes
valências físicas

Velocidade
A velocidade é uma qualidade indispensável ao esgrimista. A esgrima emprega
preferentemente ações simples, estando o sucesso subordinado à rapidez de sua
execução.
.
Coordenação
A esgrima exige uma coordenação perfeita de movimentos, pois aliada à velocidade,
permite uma maior eficiência dos mesmos. A boa coordenação dos dedos e do braço
armado permite uma melhor empunhadura e precisão dos movimentos da arma. A
coordenação de pernas, aliada à de braço/dedos, faz com que o indivíduo consiga se
deslocar na pista no momento certo.

Flexibilidade

A flexibilidade permite a execução de movimentos mais amplos e permite uma maior


mobilidade das articulações durante os movimentos específicos da esgrima e evita
possíveis lesões.

“À-propos”

Expressão francesa que representa a qualidade do esgrimista de escolher o melhor


momento para realizar uma ação. Une o senso de oportunidade e julgamento do adversário.
Essa qualidade é trabalhada em conjunto com a sensibilidade tátil e visual, a coordenação
e a velocidade.

Equilíbrio

Estabilidade e firmeza nas posições de base (guarda), nos deslocamentos e na realização


das ações com a coordenação de braço/perna (golpes).

1-5
1-5
Sensibilidade sensorial tátil e visual

Qualidade psicomotora essencial para ter eficiência durante a execução das ações.
A sensibilidade visual permite que o atirador consiga avaliar e se antecipar aos gestos e
sinais do adversário. Ela também permite que o indivíduo identifique e desenvolva a noção
de distância.

A sensibilidade tátil, é feita basicamente através de sua própria lâmina, que através das
ações realizadas em contato com a lâmina adversária, consegue-se obter um julgamento
das ações que o oponente irá realizar. Essa característica é conhecida como sentimento
de ferro.
.
Capacidade cardiorrespiratória
Observa-se que a capacidade cardiorrespiratória é desenvolvida visando uma resistência
à fadiga, devido a variação de intensidade durante todo o combate.

Resistência muscular localizada


A resistência muscular localizada é necessária, principalmente para manter a posição
correta de guarda, em relação a flexão das pernas e a posição dos braços, durante todo o
match, possibilitando realizar as ações equilibradas e de maneira eficiente.

Fig. 1-7: O trabalho de flexibilidade e agilidade são essenciais ao esgrimista

1.5 NÍVEIS DE TREINAMENTO

Com relação ao nível de treinamento de um esgrimista, pode-se considerar 4 (quatro)


níveis, os quais são:

1º) Iniciação: esgrimista INICIANTE


Caracterizado por alunos iniciantes, que não possuem habilidades motoras e realizam os
gestos com pouca naturalidade e coordenação

2º) Básico: esgrimista NÃO CONFIRMADO

1-6
1-6
Caracterizado por alunos que possuem boa noção técnica e um bom entendimento do jogo,
mas com uma noção tática limitada. Não possuem resultados que o confirmem como um
esgrimista competitivo.

3º) Competitivo: esgrimista CONFIRMADO


Caracterizado por alunos que possuem bons resultados, no entanto, possuem alguma falha
técnica e teórica que impedem o seu desenvolvimento e a evolução de seus resultados.

4º) Avançado: Esgrimista de ALTO DESEMPENHO


Caracterizado por alunos que possuem técnica e tática avançadas e possuem resultados
expressivos.

1.6 ATRIBUTOS DA ÁREA AFETIVA E A ESGRIMA

A Esgrima, além do desenvolvimento psicomotor, se caracteriza por ser um esporte de


combate que desenvolve atributos da área afetiva e contribuem para a formação moral de
seus praticantes.

Dentre esses atributos morais destacam-se a coragem, vontade, autoconfiança, motivação,


respeito ao adversário (fair play), disciplina, iniciativa, criatividade e decisão.

1-7
1-5
— CAPÍTULO II —
ÁREA DE JOGO, UNIFORMES / EQUIPAMENTOS E MODALIDADES

2.1 Características da área de jogo

O terreno deve representar uma superfície plana e horizontal. Ele não pode dar vantagem
ou desvantagem a qualquer um dos dois adversários. As três armas são disputadas sobre
a mesma área de jogo.

A pista deverá possuir, obrigatoriamente, 14 metros de extensão e 1,5 metros de largura,


com as características observadas a seguir.

Fig. 2-1: Área de jogo e suas especificidades

2.2 Características do Uniforme e Equipamentos

O equipamento e o uniforme devem proporcionar proteção e segurança ao esgrimista sem


prejudicar os movimentos do mesmo e não machucar o adversário.

São de uso essencial do esgrimista: Luva, máscara, plastron, jaqueta, calça e meião.

O fio de corpo é necessário para realização dos matches quando há a existência do


equipamento elétrico.

Para o segmento feminino é obrigatório o uso do protetor de seios (toc-toc)

Para realização de uma aula individual é necessário apenas máscara, luva e plastron.

2-1
Fig. 2-2: O uniforme e equipamentos de esgrima: Calça, máscara, jaqueta, luva, plastron e toc-toc

2.3 Características do armamento

As três armas (florete, sabre e espada) possuem características comuns, mas se


diferenciam em alguns aspectos.

O armamento é dividido em: ponta ou ponteira, lâmina com espiga, copo, tomada, punho e
pomo. Na espada e no florete ainda existe o fio de lâmina.

Fig. 2-3: A Espada é subdividida em: pomo, punho, tomada, copo, lâmina e ponta

2-2
2.4 Especificidades do Florete

O florete é uma arma de convenção e o toque é realizado com a ponta. É necessário


realizar uma pressão maior que 500g para que o aparelho elétrico reconheça o toque.

A superfície válida do florete é limitada ao tronco (representado pelo colete elétrico),


sendo os toques realizados fora dessa superfície como não válidos.
.

Peso: 500g
Tamanho arma: 110 cm
Tamanho lâmina: 90 cm
Formato da lâmina: quadrangular
Toque: executado com a ponta
Intensidade do toque: maior que 500g

Superfície válida:
A superfície válida do florete é apenas
o tronco do adversário, incluindo as
costas. Todas as
outras superfícies não válidas. Para
diferenciar uma superfície da outra, o
esgrimista utiliza um colete elétrico
(jubeto)

Fig. 2-4: O florete e sua superfície válida

2.5 Especificidades do Sabre

Assim como o florete, o sabre é uma arma de convenção e o toque é realizado com
toda lâmina da arma, com golpes de corte, contra corte, plaqué e de ponta. É
necessário apenas o contato da lâmina com o colete elétrico para o aparelho acusar o
toque. A superfície válida do sabre é limitada ao tronco, braços (não valendo os toques
na mão) e cabeça.

Peso: 500g
Tamanho arma: 105 cm
Tamanho lâmina: 88 cm
Formato da lâmina: misto
(quadrangular, triangular e achatado)
Toque: contato da lâmina com o 2-3
colete elétrico

2-3
Superfície válida:
As superfícies válidas do sabre são os
braços, cabeça e tronco. Para
diferenciar uma superfície da outra,
o esgrimista utiliza um colete elétrico
(jubeto).

Fig. 2-5: O sabre e sua superfície válida

2.6 Especifidades da Espada

A espada, diferentemente do florete e do sabre, não é uma arma de convenção e o


toque é realizado com a ponta. É necessário realizar uma pressão maior que 750g
para que o aparelho elétrico reconheça o toque.
A superfície válida da espada é todo o corpo do adversário.

Peso: 770g
Tamanho arma: 110 cm
Tamanho lâmina: 90 cm
Formato da lâmina: triangular
Toque: executado com a ponta
Intensidade do toque: maior que 750g

Superfície válida:
A superfície válida da espada é todo o
corpo do adversário, incluindo
máscara, braços e pernas

Fig. 2-6: A espada e sua superfície válida

2.7 Especificidades da Esgrima do Pentatlo Moderno (Espada)

As regras da modalidade de Esgrima no Pentatlo Moderno se assemelham às da


esgrima olímpica, com algumas peculiaridades adaptadas ao esporte. A superfície
válida, material, equipamentos, área de jogo são os mesmos e de acordo com o
regulamento da Federação Internacional de Esgrima (FIE).

No que tange o tempo de combate no Pentatlo Moderno todos os atletas se enfrentam


numa série de matches com a duração de 01 (um) minuto ou 01 (um) ponto. Não existe

2-4
a situação do toque duplo e caso ocorra os toques não são considerados e o combate
reinicia do tempo em que o combate foi interrompido. Caso nenhum dos esgrimistas
consiga efetuar o toque é registrada a derrota dupla. As regras de pontuação são
regidas por regulamento da UIPM (União Internacional de Pentatlo Moderno)

2.8 Princípio da convenção e conceito de prioridade

O sabre e o florete são armas que, dependendo das ações realizadas no combate, o atleta
passa a deter a prioridade do toque. Cada arma possui regras específicas, que são
chamadas de convenções, que, permitem ao árbitro decidir, ao longo do match quem detém
tal prioridade. Esse princípio é desconsiderado na espada, sendo o toque duplo uma ação
válida e que beneficia ambos competidores.

2-5
— CAPÍTULO III —
PROGRESSÃO DIDÁTICA

3.1. PROGRESSÃO DIDÁTICA

Para uma melhor assimilação dos movimentos específicos da esgrima é apresentado


uma sequência didática das ações, visando um desenvolvimento gradual do aluno.

Todas os movimentos, posições e ações de esgrima são caracterizadas por detalhes


técnicos e que, se não corrigidas podem levar o esgrimista a ter uma inferioridade
considerável durante os matches.

Portanto, ressalta-se a importância da correção máxima dos detalhes por parte do


técnico e do Mestre d’Armas diante os defeitos e erros dos alunos. Dessa maneir a o
esgrimista pode evoluir tecnicamente e também taticamente, pois ele passará a
observar os possíveis erros técnicos do adversário para escolher a melhor ação.

Fundamentalmente é ensinado ao aluno a posição base de esgrima: a guarda. Como


não é uma posição natural, ela deve ser corrigida constantemente no início da
aprendizagem para evitar vícios mecânicos que possam comprometer outras ações.

Em sequência é trabalhado as ações de perna na pista com os deslocamentos,


iniciando do mais simples para o mais complexo. Por fim, o aluno aprende os
deslocamentos para as ações ofensivas (afundo e flecha), no entanto sem a arma na
mão, utilizando apenas os movimentos da mão armada e corrigido sua posição.

Após ensinar ao aluno os movimentos da perna e avaliar sua boa coordenação, o aluno
começa a trabalhar com a arma na mão. Ensina-se a empunhadura correta, as linhas
e posições de esgrima e a partir dessas lições começa a se desenvolver o doigté e o
sentimento de ferro do aluno.

Por conseguinte, são ensinadas as ações de esgrima (ofensivas, contra ofensivas,


defensivas e as suas variações). Como a espada não é uma arma de convenção e não
existe o conceito de prioridade na frase d’armas, são ensinadas as ações na seguinte
orden: ofensivas simples, contraofensivas, defensivas simples, ofensivas compostas,
defensivas compostas, ações ao ferro e por fim as variações das ações ofensivas.

3.2 QUADRO DIDÁTICO

Segue abaixo um quadro para melhor ilustrar a sequência didática de aprendizado do


aluno:

Nr Ord Atividade Sequência detalhada


1 Posição de Guarda - Guarda Clássica
- Variações da posição de guarda

3-1
- Deslocamentos para frente e para
trás simples (marchar e romper)
- Conforme evolução insere-se os
2 Deslocamentos deslocamentos mais elaborados
(marchar e romper invertido, passo
avante e à retaguarda, salto à
frente e à retaguarda, balestra)
3 Deslocamentos para ações ofensivas - Afundo
- Flecha
4 Empunhadura / Doigté Empunhadura (Reto e anatômico)
- Doigté
5 Ofensivas simples - Golpe Direto
- Desengajamento
- Coupê
6 Contraofensivas - Contra ofensiva simples
- Esquivas
7 Defensivas Simples - Paradas simples
8 Ofensivas compostas - Fintas de ataque
- Tipos de ataques compostos (por
um dois, por um dois três, encima
e embaixo)
9 Defensivas Compostas - Fintas de parada
- Tipos de paradas
10 Ações ao ferro - Ataques ao Ferro
- Tomadas de Ferro
- Remessa
11 Variedade das ações ofensivas - Redobramento
- Repetição
- Contratempo

3-2
— CAPÍTULO IV —
A POSIÇÃO DE GUARDA

4.1. DEFINIÇÃO

A guarda é a posição que permite ao esgrimista, durante o combate, estar igualmente


preparado para o ataque, para a defesa e para o contra-ataque. É a posição ideal, na qual
as diversas ações de esgrima podem ser executadas com as maiores possibilidades de
sucesso, em função do adversário e do momento do combate. Uma guarda mau executada
e sem correção pode vir a prejudicar o esgrimista e dificultar o seu desenvolvimento.

Muito raramente se consegue alcançar a guarda ideal, para enfrentar as diversas situações
de combate e tipos de adversários. Durante o combate, a guarda do espadista pode sofrer
variações devido à fadiga e a displicência que dificultam a sua execução eficaz.

4.2. A GUARDA CLÁSSICA

Na posição de guarda clássica o braço armado, o tronco, a perna da frente e o calcanhar


do pé de trás são colocados e se movem, quase num mesmo plano vertical, seguindo a
linha diretriz. A guarda clássica em espada deve proteger o atirador contra todo ataque
direto.

Ela apresenta as seguintes características: o braço armado 3/4 alongado, antebraço na


horizontal, a mão direita com as unhas voltadas para cima, ponta da arma dirigida
ligeiramente para baixo e por baixo do copo do adversário. Recordar sempre que a fim de
não expor a coxa e a perna, os pés serão mais aproximados que no florete, ficando as
pernas flexionadas sem contração, para dar ao espadista uma boa elasticidade e equilíbrio
para os deslocamentos sobre a pista.

Fig. 4-1: A posição de guarda clássica

4.3. CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS DA POSIÇÃO DE GUARDA

4-1
As características a seguir são essenciais para a correta execução da guarda clássica:
Linha diretriz — reta imaginária traçada do
centro do calcanhar do pé de trás passando ao
longo do centro do pé da frente do esgrimista.
Manter essa linha nos deslocamentos é
importante para executá-los equilibrados e na
direção desejada durante o combate.
Fig. 4-2: A linha diretriz formada pela posição dos pés

O pé da frente — deve estar colocado na direção do adversário. Voltado para dentro, ou


para fora, do corpo, ele conduzirá a perna da frente e o corpo a uma posição oblíqua,
desviando assim a ponta no afundo ou na flecha e tornando o ataque pouco preciso.

O afastamento do pé de trás e a flexão das pernas — deve ser determinado pelo


comprimento das pernas esgrimista. Os joelhos são flexionados para proporcionar a
impulsão e a velocidade do afundo, com atenção para não expor a coxa, a perna e o pé às
ações ofensivas do adversário.

O posicionamento dos pés — a posição da guarda


deve assegurar equilíbrio nos deslocamentos para
frente e para trás, indispensável para a rápida
mudança no sentido dos deslocamentos e variações
de movimentos. O pé de trás deve ser colocado
perpendicularmente ao pé da frente, permitindo o
máximo apoio para impulsionar o corpo no afundo ou
na flecha. Os calcanhares devem se encontrar na
mesma linha diretriz

O braço desarmado — na posição de guarda, o


braço desarmado deve estar levantado e flexionado,
a mão desarmada descontraída. Tem como principal
função ajudar a obter maior velocidade, manter o
equilíbrio do corpo e bem direcionar a ponta, no
afundo, na retomada da guarda, na flecha, no
ajuntamento e nos deslocamentos.
Fig. 4-3: A posição dos pés, do corpo e do
braço armado na espada

O tronco —o tronco deve estar lateralizado com o eixo dos ombros quase na mesma linha
do braço armado visando uma reduzir a exposição de área de superfície válida ao
adversário. O tronco e os quadris têm posições e movimentos independentes.

O posicionamento do braço armado — braço armado 3/4 alongado, antebraço na


horizontal, a mão em supinação e a ponta da arma dirigida ligeiramente para baixo e por
baixo do copo do adversário

A colocação da ponta — A colocação da ponta da espada voltada, ligeiramente, para o


interior do corpo, oferece melhor proteção para as avançadas e permite, ao mesmo tempo
a precisão na execução dos golpes.

4-2
4.4. DEFEITOS A EVITAR

A posição de guarda não é uma posição natural e, durante a iniciação, faz-se necessário
a correção dos detalhes com o objetivo eliminar erros que possam comprometer o
desenvolvimento do aluno e evitar a criação de vícios mecânicos durante a tomada dessa
posição.

Excesso de peso sobre a perna da frente — O afundo é prejudicado, o pé da frente deixa


o solo com dificuldade e a perna de trás perde sua impulsão.

Excesso de peso sobre a perna de trás — O afundo torna-se saltado, acarretando atraso
e há esforço desnecessário; a perna de trás, dificulta a projeção do corpo para frente.

Pés cruzados — Os deslocamentos se fazem transversalmente em relação à pista.

Excesso de flexão das pernas — esse defeito produz muita contração muscular. Os
movimentos são executados com um tempo de retardo.

Falta de flexão das pernas — Torna a posição de guarda muito alta. Conduz o esgrimista
a atacar inclinando muito o corpo para frente e grande esforço para retomar a guarda.
Acarreta a falta de rapidez na ofensiva.

Peito muito exposto ou posição exagerada do corpo — No primeiro caso, o alvo


oferecido ao adversário apresenta uma grande superfície. Os deslocamentos da mão na
ofensiva são largos e os ataques muito pesados e lentos. No segundo caso, a posição é
anormal, produzindo fadiga excessiva, devido à rigidez muscular. Em consequência, as
paradas são largas e irregulares e as respostas pouco rápidas.

Posição defeituosa do braço desarmado — levar o braço livre para a lateral do corpo no
afundo ou na flecha, produz um desvio da ponta para o lado e falta de precisão nos golpes.

4-3
— CAPÍTULO V —
MEDIDA E DESLOCAMENTOS

5.1. MEDIDA

Medida é a maior distância em que o atirador pode atingir o adversário executando um


afundo, calculada a partir do pé de trás até o alvo tocado.

a) O atirador está na sua justa medida, quando ao tocar o adversário sua lâmina se encurva
ligeiramente.

b) As expressões “ganhar a medida” e “sair da medida” são bastante usadas e significam,


respectivamente, se colocar na distância na qual é possível tocar o adversário, ou estar fora
do seu alcance, na qual o adversário não pode tocar.

c) A noção de distância é essencial e primordial na esgrima. Quando se sabe utilizá-la é


possível suprir a insuficiência do treinamento e até mesmo a inferioridade de meios físicos.

5.2. DESLOCAMENTOS PARA GANHAR A MEDIDA

Os deslocamentos para frente devem ser feitos com atenção, pois o adversário pode
executar uma ação ofensiva sobre nossa aproximação. Usualmente são pequenos e em
harmonia com os movimentos da mão e do braço armado.

Marcha — Consiste em avançar o pé da frente (correspondente à mão armada a frente,


iniciando-se o movimento com a elevação da ponta do pé, que tocar sobre a pista pelo
calcanhar é seguido, imediatamente, pelo movimento do pé traseiro, que se coloca na
distância anterior e deve tocar o solo ao mesmo tempo que a ponta do pé direito.

Fig. 5-1: Os tempos de execução do marchar

Marcha invertida — consiste em aproximar o pé traseiro do pé anterior e avançar este


imediatamente.

5-1
Fig. 5-2: Os tempos de execução do marchar invertido

Salto à frente — consiste em saltar à frente com os dois pés, ao mesmo tempo, mantendo
o mesmo afastamento entre eles. Muito utilizado seguido de outro deslocamento com
aumento progressivo de velocidade. Por exemplo, seguido de afundo ou flecha.

Passo à frente ou avante — consiste em passar o pé traseiro pelo pé da frente e recolocá-


lo na sua distância, tal como ao caminhar. Porém, mantendo a perpendicularidade entre os
pés. Este é um deslocamento bastante usado precedendo uma flecha.

Fig. 5-3: Os tempos de execução do passo avante

Balestra — consiste em saltar à frente unindo os calcanhares e, a seguir, executar o


afundo, tão logo o pé de traz toque a pista com velocidade crescente. É uma forma de
deslocamento que permite ganhar a medida, mais rapidamente, nas ações ofensivas.

Flecha — Consiste num salto à frente, no qual o pé de trás ultrapassa o pé de frente, há


um tempo de suspensão no ar, sem contato dos pés com o chão. A flecha termina quando
o pé de trás toca o solo. O atirador retoma o equilíbrio correndo em frente.

5.3 DESLOCAMENTOS PARA SAIR DA MEDIDA

Os deslocamentos para trás são usados para sair da medida e impedir que o adversário
toque. Podem ser combinados com as esquivas e as paradas. São bem maiores que os
deslocamentos à frente e em harmonia com os movimentos da mão e do braço armado.

Romper — consiste em recuar o pé de trás e trazer o pé da frente à sua distância. Romper


é a forma mais usual para o recuo normal.

5-2
Fig. 5-4: Os tempos de execução do romper

Romper invertido — consiste em deslocar o pé da frente para trás seguido do pé de trás


e recoloca-lo na sua posição anterior.

Fig. 5-5: Os tempos de execução do romper invertido

Salto atrás — consiste em saltar atrás com os dois pés, ao mesmo tempo, mantendo a
distância entre eles. Permite colocar-se rapidamente fora do alcance do adversário.

Passo atrás — consiste em recuar o pé da frente para trás do pé posterior e voltar à sua
distância na posição de guarda. Permite, mais rapidamente, sair da medida do adversário,
conservando o equilíbrio.

Fig. 5-6: Os tempos de execução do passo atrás

5.4 DEFEITOS A EVITAR NOS DESLOCAMENTOS

Começar a levantar o pé da frente pelo calcanhar — derivado de uma posição incorreta


de guarda apoiando a maior parte do peso corporal sobre a perna da frente. O esgrimista
levanta exageradamente o pé na marcha e o desenvolvimento será saltado e não rasante

5-3
ao solo.

Flexão insuficiente do pé de trás — o esgrimista pisará com a planta do pé traseiro,


causando uma perda de tempo e equilíbrio instável.

Marchar com as pernas insuficientemente flexionadas — diminui a impulsão da perna


traseira no desenvolvimento imediato ao deslocamento, causado por um afastamento
insuficiente entre os pés.

Arrastar os pés nos deslocamentos — Provoca desequilíbrio devidos à má colocação


dos pés na posição de guarda

Levantar e abaixar o corpo — ocasiona lentidão prejudicando a velocidade do ataque.


Causado pela falta de habilidade motora, atenção ou empenho do esgrimista.

Oscilar o tronco para frente e para trás durante os deslocamentos — devido à falta de
habilidade motora ou de empenho. O desenvolvimento imediato ao deslocamento não será
instantâneo.

Deslocar-se obliquamente — joelhos mau posicionados provocam esse erro, fazendo


com que o esgrimista perca em precisão em suas ações.

Deslocamento levantando exageradamente os pés — geralmente são muito grandes e


um dos pés ficará em suspensão por muito tempo e desequilíbrio, possibilitando a ofensiva
adversária.

Marchar grande ou romper pequeno — respectivamente, dá lugar ao ataque adversário


sobre a marcha ou quando atacado pelo adversário e não permite sair da medida
rapidamente até concluir o recuo.

Pé de trás pousar em dois tempos sobre a pista — pousar primeiro a ponta e depois o
restante do pé, retarda o fim do deslocamento.

Pé de trás com a ponta voltada para trás — prejudica a impulsão no afundo e retarda a
volta à guarda, para frente ou para trás.
.

5-4
— CAPÍTULO VI —
O DESENVOLVIMENTO E AFUNDO

6.1. DESENVOLVIMENTO – DEFINIÇAO E VANTAGEM

O desenvolvimento é uma forma de ataque caracterizada pelo alongamento do braço


armado seguido do afundo.
As principais vantagens do desenvolvimento é de conservar o equilíbrio e de permitir que o
atirador utilize uma variedade maior de ações em caso de insucesso de sua ação inicial.

Fig. 6-1: O desenvolvimento é um movimento ofensivo coordenando braços e pernas

6.2 DESCRIÇÃO DO MOVIMENTO DO DESENVOLVIMENTO

O desenvolvimento é um movimento complexo que necessita uma boa coordenação de


braço e perna visando sua correta execução.

Coordenação psicomotora — Na execução do desenvolvimento o braço, o tronco e as


pernas têm funções específicas. O objetivo é coordenar as diferentes ações e executá-las
com rapidez e flexibilidade. O braço armado é alongado descontraído, a mão em supinação
completa na altura do ombro e a arma no prolongamento do braço. Ao mesmo tempo, o
atirador deve levar o centro de gravidade do corpo para frente, a fim de aliviar a perna de
trás e facilitar a impulsão que esta perna proporcionará.

O alongamento do braço armado — deve ser completo e relaxado. A mão em supinação


sem elevações, nem oposições exageradas, o que pode diminuir o alcance (extensão) e a
precisão do ataque. O ombro relaxado para baixo. A ponta da arma ligeiramente mais baixa
que a mão armada, terá uma posição final em função do alvo que se deseja tocar.

A mão armada — a posição da mão em supinação. Essa posição dá o máximo de precisão


ao golpe. O desenvolvimento deve ser sempre coberto pelo movimento de elevação e

6-1
oposição da mão armada, do lado da lâmina do adversário, a fim de tocá-lo mais facilmente
e garantir melhor cobertura.

O uso das pernas — o pé da frente eleva-se pela ponta e é lançado para frente a uma
distância variável, conforme a estatura e a intenção tática do indivíduo. O pé deve se
deslocar rasante ao solo, primeiramente com o calcanhar. Ao mesmo tempo, a forte
impulsão proporcionada pela extensão da perna de trás dá velocidade ao golpe.

A ação da perna de trás começa desde que o pé da frente levanta a ponta ou o calcanhar
para decolar da pista. A potência atinge o máximo somente quando o quadril é levado para
frente para permitir um impulso horizontal.. A planta do pé de trás permanece em cheio no
solo, constituindo firme ponto de apoio, bloqueando o movimento do afundo e assegurando
perfeito equilíbrio. Na posição final do afundo o esgrimista deve estar bem equilibrado a fim
de prosseguir com a frase d’armas, se necessário.

O braço desarmado — O braço não armado tem no desenvolvimento, duas funções muito
importantes:

Função propulsora: mediante a projeção enérgica para trás do antebraço descontraído no


prolongamento do braço dá ao desenvolvimento um suplemento de potência.

Função de equilíbrio – no final do movimento o braço permanece numa posição


sensivelmente paralela com a perna de trás.

A extensão do afundo — o afundo deve ser exercitado de maneira que o esgrimista


consiga a maior extensão possível. Ao final do afundo, a perna de trás e a coxa da frente
ficam quase em uma linha reta.

Fig. 6-2: Os tempos de execução do desenvolvimento

6.3 DEFEITOS A EVITAR NO DESENVOLVIMENTO

Os defeitos existentes na posição de guarda têm repercussão no desenvolvimento.

Na execução

Tempo de pausa entre o alongamento do braço e o a fundo.


Este modo de fazer “telegrafa” o golpe e torna o esgrimista vulnerável às ações
adversárias ao ferro.

6-2
Braço armado encolhido
Prejudica à precisão e à apreciação da distância e, às vezes, dá possibilidade ao
contra-ataque adversário ganhar um tempo de esgrima, durante a execução do
desenvolvimento.

Braço armado se abaixando com o corpo


Retira toda a precisão do golpe e falta autoridade às ações ao ferro na linha alta.

No início do desenvolvimento, o pé da frente deixa o chão por inteiro ou pelo


calcanhar.
Nos dois casos o afundo é saltado, em consequência da elevação exagerada da perna
da frente quando o calcanhar é o primeiro a deixar o chão, a partida do pé da frente é
feita em dois tempos.

O pé da frente pousa com o solado por inteiro ou sobre a planta da sola


Não permite bloquear o final do desenvolvimento, nem manter o equilíbrio em caso de
insucesso do ataque.

Perna da frente lançada no prolongamento da coxa


O afundo não mais é rasante, o pé pousa muito longe à frente e o joelho fica atrás da
vertical que passa pelo meio do pé.

Pé de trás não permanece com a sola toda no chão


A superfície de apoio no chão é insuficiente e o desenvolvimento carece de aceleração
e de equilíbrio.

Pé de trás deslizando
O desenvolvimento é executado deixando cair o tronco para frente no momento da
explosão. Não existindo mais qualquer resistência no ponto de apoio, a potência é
praticamente nula. Este defeito não permite uma real apreciação da distância até o
adversário.

Pé de trás se abrindo no prolongamento do afundo


O impulso é feito somente com a ponta do pé e, em consequência, o impulso é
insuficiente. A falta de perpendicularidade dos dois pés conduz a um equilíbrio
importante.

Corpo insuficientemente de perfil


O impulso não é executado no plano vertical e, em consequência, se encontra reduzido.
O desenvolvimento é pesado e a aceleração é impossível.

Má utilização do braço desarmado


A extensão do antebraço acima da horizontal, ou flexionar o antebraço sobre o braço
antes da extensão, ou abaixar o braço antes do alongamento do antebraço - são
defeitos que diminuem a velocidade, a coordenação, o equilíbrio e a harmonia do
desenvolvimento.

O esgrimista que não utiliza seu braço desarmado, tem uma tendência natural para
abusar dos ataques em flecha.

6-3
Na posição final

Mão baixa (ponta mais alta que a mão)


Se o braço armado se abaixa com o corpo, o ataque carece de alcance e a precisão é
nula. A lâmina se curva no sentido errado, arriscando se quebrar.

O corpo inclinado para frente


Prejudica a execução correta das ações enquanto “estiver no afundo” e dificulta o
retorno á guarda.
Este defeito não permite apreciar a distância exata, fazendo que o atirador se apoie
sobre o alvo e que a lâmina tenha uma curvatura exagerada.

O joelho da frente ultrapassa a vertical que passa pelo meio do pé.


A coxa não está mais na horizontal e o quadril, posicionado muito abaixo, torna a
retomada da guarda muito difícil, as vezes impossível. Falta base ao desenvolvimento.

O joelho atrás da vertical que passa pelo meio do pé.


O desenvolvimento é insuficiente e o ataque carece de alcance (é curto).

O pé da frente voltado para dentro


Igualmente, conduz um deslocamento do joelho para dentro e, em consequência
provoca uma falta de equilíbrio. Este defeito tira o corpo do plano vertical no momento
da retomada da guarda.

6-4
— CAPÍTULO VII —
A VOLTA À GUARDA E O AJUNTAMENTO

7.1. A VOLTA À GUARDA

Volta à guarda é o ato de retomar a posição de guarda após realizar o desenvolvimento.,


podendo ser feito para frente e para trás.

7.2. DESCRIÇÃO DO MOVIMENTO DO VOLTA À GUARDA

A volta à guarda para trás consiste em trazer o pé da frente à sua distância, flexionando o
joelho de trás e distribuindo o peso do corpo sobre ambas as pernas. Deve-se elevar o
braço de trás e terminar o movimento colocando o braço da frente (braço armado) na
posição de guarda. Destaca-se a volta a guarda com o braço alongado para realizar uma
melhor cobertura contra possíveis ações do adversário.

A volta à guarda para frente é realizada, flexionando–se o joelho de trás e trazendo o pé


para baixo do corpo e a sua distância. Esta maneira de agir, em princípio, só deve ser
empregada quando o adversário recua sobre o ataque que recebe. É executada para
ganhar a medida ou para realizar.

Fig. 7-1: Os tempos de execução da volta à guarda

7.3 DEFEITOS A EVITAR NA VOLTA À GUARDA

A execução correta da volta à guarda é subordinada à boa execução do desenvolvimento.

Corpo inclinado para frente e pés insuficientemente pousados no solo causando, em


consequência, a perda do equilíbrio.

Peso do corpo sobrecarregando a perna de trás - Dificulta os movimentos de recuo.

Joelho voltado para dentro - Causa perda do equilíbrio e dificulta os deslocamentos.

Braço armado flexionado fora de tempo e sem sincronização com a volta à posição

7-1
de guarda - Oferece ao adversário vantagens para executar uma ofensiva sobre a
retomada da guarda

7.4. O AJUNTAMENTO

Ajuntamento é a ação de trazer o pé de trás para junto do pé da frente, ou inversamente,


conforme o ajuntamento seja feito para a frente ou para trás, muito utilizado em ações
contraofensivas.

Fig. 7-2: Os tempos de execução do ajuntamento

Fig. 7-3: O ajuntamento é um deslocamento de pernas muito eficiente se


aliado a uma ação contraofensiva

7-2
— CAPÍTULO VIII —
A FLECHA

8.1. DEFINIÇAO E ORIGEM DA FLECHA

A flecha é a denominação dada ao deslocamento com um salto à frente, no qual o pé de


trás ultrapassa o pé de frente, para execução de uma ação ofensiva. Muitos esgrimistas
adotam a flecha como sua principal característica ofensiva.

Fig. 8-1: A flecha é um deslocamento ofensivo muito utilizada na espada

8.2. DESCRIÇÃO DO MOVIMENTO DA FLECHA

O desequilíbrio à frente é obtido com o deslocamento do centro de gravidade avançando a


bacia e tronco, flexionando a perna dianteira. A flecha possui quatro tempos característicos.

a) Primeiro tempo - O corpo inteiramente de perfil é inclinado à frente, no prolongamento


da perna de trás, com ligeiro apoio deste pé no solo, o peso do corpo passa inteiramente
sobre a perna dianteira, com seu pé em flexão. No mesmo plano vertical estão os braços,
pernas e tronco.

b) Segundo tempo - Em seguida, a perna de trás passa à frente do pé dianteiro. O tronco -


em perfil e no prolongamento de perna de trás - é projetado para frente, mediante impulso
da perna da dianteira.

c) Terceiro tempo - A perna dianteira impulsiona o corpo do esgrimista, para frente e um


pouco para cima. O atirador tem um tempo de suspensão, com os dois pés no ar.

d) Quarto tempo - A flecha termina quando o pé de trás retoma o contato com o chão, último
momento para que a ação ofensiva toque o adversário. Para a melhor execução da flecha,
o braço desarmado, tal como no desenvolvimento, tem importante função motora para a
lateralidade do tronco, no desequilíbrio e equilíbrio do corpo, durante todos os movimentos

8-1
A flecha termina quando o pé de trás toca a pista, quando também termina a ação ofensiva,
seja ataque, resposta ou contrarresposta.

Fig. 8-2: Os tempos de execução da flecha, caracterizado pelo desequilíbrio da perna da frente, seguido da
ultrapassagem do pé de trás

Fig. 8-3: A flecha termina com a chegada do pé de trás ao solo

8.3. DEFEITOS A EVITAR NA FLECHA

A flecha é uma modalidade de deslocamento para ações ofensivas que explora a sua
eficiência na rapidez de execução.

O centro de gravidade insuficientemente transportado para frente – prejudica a


velocidade do movimento.

A partida prematura e denunciadora do pé de trás– prejudica a velocidade do


movimento.

Perda de equilíbrio ineficaz - na execução da flecha, deve-se efetuar a perda de equilíbrio


o mais rápido possível. Somente nesse momento o pé de trás passará, naturalmente, à
frente do pé dianteiro.

Braço armado encolhido – tal como em toda ação ofensiva, aquela em flecha, deve ser
precedida pela extensão do braço armado, com adequada elevação e oposição da mão
armada a fim de assegurar proteção ao atacante.

8-2
— CAPÍTULO IX —
A EMPUNHADURA DA ESPADA E OS TIPOS DE PUNHO

9.1. A EMPUNHADURA DA ESPADA

A empunhadura é a maneira correta de segurar o punho da espada. A eficiência das ações


executadas pelo espadista, dependem, principalmente, do modo que ele empunha sua
arma.

O modo de empunhar uma espada varia segundo seu peso, a consistência da lâmina, seu
equilíbrio, suas características de montagem e, sobre tudo. de seu tipo de punho. Quando
empunhamos uma espada, é conveniente segurá-la de modo que ela não caia da mão e,
também, poder manejá-la para executar os movimentos com sua ponta ou arestas, para
atacar ou defender, respectivamente.

O polegar e o indicador, em ambos os tipos de punho (reto e anatômico), possuem função


de condução da ponta, direcionamento da lâmina para execução das ações desejadas e a
velocidade desses movimentos. Os dedos restantes da mão são responsáveis por
estabilizar e equilibrar o punho na mão do atirador, sendo um apoio durante a realização
das ações, permitindo uma maior autoridade das mesmas.

Fig. 9-1: Os punhos existentes na espada: anatômico e reto e a forma correta de empunhadura

9.2. O PUNHO RETO

O punho reto (ou francês), permite que o atirador empunhe a arma de diferentes formas,
permitindo uma maior variedade de ações, podendo alterar suas ações conforme as táticas
ao longo do combate.

A forma correta de empunhar o punho reto é repousá-lo naturalmente na palma da mão. O


polegar fica levemente flexionado em sua parte superior (2 cm do copo) e na parte inferior
o dedo indicador apoia o punho em sua segunda falange distal. Os outros dedos tem o
papel de envolver o punho, deixando o mesmo mais firme na mão.

9-1
Esse tipo de punho permite a variação, conforme a distância do copo, permitindo uma
empunhadura mais curta, ideal para as ações que necessitam de maior potência, para
agir mais forte sobre o ferro adversário, ou, a empunhadura mais longa, ideal para ações
ofensivas e contra-ataques com maior alcance.

Fig. 9-2: A forma correta de empunhadura do punho francês: posicionamento do polegar e


indicador e a posição dos demais dedos da mão

9.3. O PUNHO ORTOPÉDICO

O punho ortopédico ou anatômico é o tipo de punho que permite o atirador uma maior
firmeza, auxiliando nas ações ao ferro contra o adversário, além de permitir uma maior
resistência a essas mesmas ações. Há diversos modelos de punhos ortopédicos, no
entanto eles devem possuir apenas uma forma empunhadura da mão armada sobre ele. É
limitado o afastamento do polegar, no máximo, a dois centímetros do copo.

Esse tipo de punho é bastante utilizado por iniciantes,


pois permite a sensação de dominar o manejo de sua
espada, logo que o empunha pela primeira vez,
porém dificulta a melhor ação dos dedos
provocando ações mais grosseiras (utilizando o pulso
e braço) e perdendo em precisão de ponta. Em
contrapartida à falta de hábito e preparo da
musculatura do antebraço para manejar a arma, os
atiradores encontram uma fonte de potência nesse
tipo de punho. Fig. 9-3: O punho anatômico possibilita apenas
uma empunhadura

9.4. OS DEFEITOS A EVITAR NA EMPUNHADURA

A empunhadura, quando mal executada, provoca falha na precisão de ponta, desperdício


de energia e cansaço dos músculos dos dedos, braço e antebraço da mão armada. Os
principais defeitos e suas consequências são:

- O alongamento do indicador sobre o punho — para alcançar um máximo de


precisão, o que é problemático, já que diminui a firmeza, a autoridade e a resistência às
ações ao ferro feitas pelo adversário.

- O dedo mínimo não colocado sobre o punho — na maioria das vezes, esse defeito
provém da posição indevida dos dois primeiros dedos- polegar e indicador — sobre o
punho. É observado nos atiradores que repousam o punho da arma sobre a primeira
falange do indicador, provocando geralmente a contração permanente do antebraço e a falta

9-2
de firmeza, resultado da perda de um quinto ponto de apoio sobre o punho.

- Segurar a arma pelo pomo — permite aumentar o comprimento efetivo da arma em alguns
centímetros, mas prejudica a leveza e a precisão dos movimentos de ponta, diminuindo
também a autoridade das ações defensivas.

9-3
— CAPÍTULO X —
O DOIGTÉ E O SENTIMENTO DE FERRO

10.1. O DOIGTÉ

O “doigté” é a capacidade de conduzir a ponta da arma somente pela ação dos dedos,
especialmente o polegar e o indicador. O doigté bem desenvolvido permite a execução de
movimentos mais rápidos e precisos, tanto nas ofensivas, quanto nas defensivas e
contraofensivas. Isso faz com que o mesmo economize força e evite fadiga desnecessária.

Esta habilidade só é adquirida após um longo trabalho no plastron, nas lições individuais e
nos trabalhos em dupla, a fim de desenvolver a sensibilidade tátil, o mecanismo e a
independência muscular no trabalho dos diferentes dedos.

10.2. O SENTIMENTO DE FERRO

A prática da esgrima, permite o desenvolvimento do doigté e consequentemente o


sentimento de ferro. Este sentimento permite prolongar a sensibilidade tátil até a
extremidade da ponta da arma. Essa sensibilidade tátil permite que o atleta consiga
perceber as intenções e a vontade do adversário através da lâmina e dos dedos. Permite
variar a intensidade e escolha das ações e bem executá-las.

O sentimento de ferro se adquire após alguns anos de trabalho contínuo. Esta habilidade
psicomotora permite ao esgrimista agir por automatismo, em tempo extremamente curto de
milésimos de segundo. O esgrimista que possuir o doigté e sentimento do ferro mais
desenvolvidos terá vantagem significativa no combate.

10-1
— CAPÍTULO XI —
AS LINHAS E POSIÇÕES DE ESGRIMA

11.1. AS LINHAS

As linhas são os quatro setores da superfície válida do corpo,


determinadas por duas linhas perpendiculares que se cruzam
na altura da mão armada (posição de guarda clássica). Elas
servem de referência às posições de esgrima identificada pelo
posicionamento da mão armada e da lâmina. Uma correta
posição de esgrima, deve caracterizar o fechamento de uma
das quatro linhas.

As linhas são nomeadas do seguinte modo:

- Alta de fora ou alta externa


- Alta de dentro ou alta interna
- Baixa de fora ou baixa externa
- Baixa de dentro ou baixa interna Fig. 11-1: As linhas de acordo com a
superfície válida

11.2. AS POSIÇÕES DE ESGRIMA

Há, no total, oito posições de esgrima. A cada linha de esgrima existem duas posições,
que variam conforme o posicionamento da mão (pronada ou supinada). O esgrimista
está em determinada posição quando sua lâmina e ponta defendem a linha
correspondente, impedindo que o adversário o atinja por um gole direto.

Posição de Esgrima Posição da mão Linha defendida


1ª – Prima Pronada Baixa interna
2ª – Segunda Pronada Baixa Externa
3ª – Terça Pronada Alta Externa
4ª – Quarta Supinada Alta Interna
5ª – Quinta Pronada Alta Interna
6ª – Sexta Supinada Alta Externa
7ª – Sétima Supinada Baixa interna
8ª – Oitava Supinada Baixa Externa

11-1
Fig. 11-2: As posições de prima, segunda, terça e quinta são
caracterizadas pela mão em pronação. Enquanto que as posições de
quarta, sexta, sétima e oitava, a mão do atirador está em supinação

11-2
— CAPÍTULO XII —
O ENGAJAMENTO, AS MUDANÇAS DE ENGAJAMENTO E O DUPLO
ENGAJAMENTO — A AUSÊNCIA DE FERRO E O CONVITE

12.1. DEFINIÇÂO DE ENGAJAMENTO / MUDANÇA DE ENGAJAMENTO / DUPLO


ENGAJAMENTO

Engajamento é a ação que consiste em unir o ferro ao do adversário. Há tantos


engajamentos quantas são "as posições de esgrima”. O nome do engajamento é o
mesmo que o da posição correspondente.

Mudança de engajamento é a passagem de um engajamento para outro, em linha diferente


daquela em que o esgrimista se encontra.

Duplo engajamento é a sucessão imediata de duas mudanças de engajamento, quase sem


sair com a mão armada da posição inicial e retornando imediatamente ao engajamento
anterior

12.2. ESTUDO MECÂNICO DO ENGAJAMENTO

O engajamento deve ser firme e flexível. Sua execução eficaz depende de uma boa
empunhadura da arma e do doigté. A linha de engajamento deve ser fechada, sem
exagero, de modo a impedir que qualquer ataque nela feito, por golpe direto .

De um modo geral, dois atiradores não se sentem convenientemente cobertos,


quando permanecem engajados na mesma linha. Por este motivo, quando um deles
se sente ameaçado, instintivamente procura contato na linha oposta, para manter a
sua cobertura e a superioridade de engajamento. Esta ação constitui a mudança de
engajamento.

Da linha alta para a linha alta, a mudança de engajamento executa -se, passando a
ponta por baixo da lâmina adversa.

Da linha baixa para a linha baixa, a mudança de engajamento ex ecuta-se passando


a ponta por cima da lâmina adversa.

O duplo engajamento é um movimento delicado e rápido, que consiste em passar


a lâmina para o outro lado do ferro adverso, tocando-o de leve, para voltar,
imediatamente à primeira posição de engajamento.

É um exercício excelente, que permite retomar a posição na linha inicial, tornando


muito difícil o escape da lâmina adversa.

Os engajamentos e duplos engajamentos podem multiplicar-se indefinidamente


(duplo, triplo, quadruplo, etc.).

12-1
12.3. EMPREGO TÁTICO

Executadas com rapidez, as mudanças de engajamento e os duplos engajamentos


são muito úteis para se ganhar a medida, controlar o ferro contrário e fixar a sua
atenção, de modo que o adversário não possa executar uma ação ofensiva sem
pensar, também, na sua defensiva.

12.4. CONSIDERAÇÕES GERAIS QUANTO AOS ENGAJAMENTOS

Os exercícios de repetição do engajamento e da mudança de engajamento, no decurso das


lições, permite ao aluno atingir, progressivamente, o doigté e o sentimento do ferro.

O combate entre dois atiradores é constituído por sucessão de rápidos engajamentos e


mudanças de engajamentos. Os contatos de ferro têm curta duração e são constantemente
interrompidos, ou mesmo inexistentes. Durante o combate, os momentos de ausência de
ferro predominam largamente sobre todas as demais situações e deslocamentos nas
competições atuais.

Na realidade, a lição com engajamento das lâminas cria e aprimora o bom mecanismo, mas
não desenvolve o senso tático. A ausência de ferro, evidentemente, obriga o aluno a
raciocinar e desenvolver, no mais alto grau, o seu senso tático.

12.5 DEFINIÇÕES DE AUSÊNCIA DE FERRO E CONVITE

Ausência de ferro é a ação que consiste em abandonar ou não permitir o contato de ferro
do adversário.

Convite é a ação que consiste em descobrir uma linha voluntariamente.

12.6. MECANISMO DOS MOVIMENTOS DA AUSÊNCIA DE FERRO E DO CONVITE

A ausência de ferro e o convite tomam o nome da linha que eles descobrem. Por
exemplo, estando na posição de sexta, tomar a posição de quarta, faz o convite na linha
de sexta.

Ausência de ferro — os ferros estando engajados, abandonar o contato movimentando a


lâmina e, eventualmente, a mão armada.

Convite — os ferros estando engajados ou não, tomar uma posição de esgrima na linha
desejada.

12.7. – ESTUDO TÁTICO DA AUSÊNCIA DE FERRO E DO COVITE

A ausência de ferro permite:

a) Subtrair o ferro nas ações ofensivas adversárias.

12-2
b) Remediar a inferioridade de mão fugindo aos efeitos da potência de mão adversária.

c) Precedida do engajamento, agir sobre os as habilidades defensivas do adversário. A


reação provocada pela ausência de ferro é, muito frequentemente, oposta àquela do
engajamento e dá a possibilidade de executar uma ação direta.

O convite permite:
Provocar uma ação ofensiva do adversário, simples ou composta, para tirar partido.

Para ser eficaz, ele deve ser combinado com a marcha, ou com o salto, e sua amplitude é
em função da intenção tática.

Fig. 12-1: Visão do atirador sobre os convites e engajamentos do adversário

12-3
— CAPÍTULO XIII —
AÇÕES OFENSIVAS: O ATAQUE

13.1 DEFINIÇÃO: AÇÕES OFENSIVAS E ATAQUE

Ações ofensivas são os golpes executados com o objetivo de tocar o adversário. São elas:
os ataques, as respostas e as contrarrespostas. O ataque é a primeira ação ofensiva de
uma frase d’armas.
A ação visando tocar o adversário que já iniciou uma ofensiva (ataque, resposta ou
contrarresposta) é uma contraofensiva, chamadacomumente de contra-ataque.

O ataque, corretamente executado consiste no alongamento progressivo e ininterrupto do


braço armado, com a ponta da lâmina ameaçando continuamente a superfície válida do
adversário até tocá-lo.

13.2 OS TIPOS DE ATAQUES SIMPLES

Ataque simples é aquele que comporta um só movimento para tocar o adversário.


Portanto, tem um só tempo de esgrima que é duração de execução de uma ação simples.

Os ataques simples são três:

O golpe direto, o desengajamento e o corte (coupé).

O desengajamento sobre a mudança de engajamento do adversário recebe o nome


particular de contra desengajamento

13.3 O GOLPE DIRETO

O golpe direto é o mais simples dos ataques ou das ações ofensivas, que incluem também
as respostas e as contrarrespostas.

Consiste em um movimento retilíneo da ponta, coordenado com o movimento do corpo para


frente. Seu bom êxito no combate depende da velocidade do atirador e da suapercepção
exata da medida.

O golpe direto pode ser feito em todas as linhas, com a mão em supinação, em pronação
ou nas posições intermediárias.

O golpe direto necessita de boas qualidades, tais como: velocidade, precisão, presteza, e,
acima de tudo, senso de oportunidade quanto ao momento exato para desferiro golpe.

Fácil de conceber, mas difícil de executar, sua simplicidade permite o adversário com
presença de espirito prever e julgar o golpe e, do mesmo modo, todos os meios a fim de

13-1
pará-lo.

O golpe direto deve ser executado nas seguintes circunstâncias, em função dasituação
do adversário:

- Quando a linha é deixada aberta;


- Quando ele faz um convite;
- Quando ele se descuida;
- Sobre um engajamento ou mudança de engajamento mal feito;
- Sobre uma retomada da guarda.

Em todos estes casos, diz-se que o golpe direto é provocado.

13.4 O DESENGAJAMENTO

O desengajamento - é uma ação ofensiva simples, no qual a ponta avança em um só


movimento parcialmente helicoidal, de uma linha alta para a alta correspondente, ou de
linha baixa para a baixa correspondente, ou de uma linha alta para a baixa correspondente
ou vice-versa. Portanto, o desengajamento pode ser horizontal ou vertical.

A ação do desengajamento é facilitada pelo sentimento do ferro, qualidade que facilita todas
as ações defensivas e ofensivas e pode ser executado:

1º) A partir de um engajamento, ou quando o adversário está quase engajando,ou quando


os atiradores estão em ausência de ferro (sem contato);

2º) Sobre a mudança de engajamento do adversário, ou sobre um duplo- engajamento do


adversário e, nestes casos, é chamado contra desengajamento, um ataque simples.

3º) Sobre um ataque ao ferro executado pelo adversário, no qual ele não encontra o ferro.

13.5 O CORTE (coupé)

O corte (coupé) é uma ação ofensiva simples que consiste em passar a lâmina pela frente
da ponta adversa, por uma ação dos dedos e do pulso.

Equivale a um desengajamento pela frente da ponta e, tal como o desengajamento, serve


para mudar de linha, sendo executado de preferência de linha alta para linha alta.

Nota: A principal diferença entre o desengajamento e o corte está no caminho percorrido


pela lâmina. Enquanto no primeiro a lâmina passa pelo copo da arma adversária, no
segundo a lâmina passa sobre a ponta da arma adversária.

É utilizado nos ataques e, principalmente, nas respostas. Emprega-se particularmente


quando os ferros estão próximos, por ser menor o caminho para executar o corte do que
para desengajar.

13-2
13.6 CONTRADESENGAJAMENTO

O contra desengajamento é executado quando o adversário faz uma mudança de


engajamento ou um duplo-engajamento para readquirir a superioridade no engajamento.

O desengajamento é a ação ofensiva de passar a arma de uma linha para outra. O contra
desengajamento é a ação de voltar à mesma linha, fazendo a ponta descrever um
movimento semelhante ao desengajamento, porém em sentido inverso. Os dois
movimentos não devem ser confundidos.

13.7 CONSIDERAÇÕES QUANTO AOS ATAQUES SIMPLES

A elevação da mão armada — a execução dos ataques simples deve ser dominada pela
preocupação constante em efetuar os movimentos necessários de elevação e oposição da
mão, a fim de habilitar o aluno a cobrir-se nos ataques e a reagir contra a tendência de
abaixar a mão

A supinação da mão armada — é preciso exigir a elevação da mão nos ataques e


respostas, pois é mais fácil corrigir o excesso de altura que o defeito contrário. Sendo uma
ação à linha alta de fora é necessário exigir a colocação da mão armada em supinação

A velocidade nos ataques simples — Na execução dos ataques simples, para se obter o
máximo de efeito de surpresa (e isto é muito importante), o ataque deve tera sua
velocidade progressivamente acelerada.

A coordenação braço e perna — a flexibilidade e a harmonia da extensão do braço armado


devem se conjugar com a impulsão explosiva da perna de trás.

O efeito surpresa nos ataques simples — toda partida precipitada retira da ação ofensiva,
o desejado e natural, efeito da surpresa, porque imediatamente desperta no adversário a
reação defensiva correspondente.

13-3
— CAPÍTULO XIV —
A CONTRAOFENSIVA E OS ATAQUES SOBRE A PREPARAÇÃO

14.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS QUANTO À CONTRA-OFENSIVA

A contraofensiva é executada por meio de ações ofensivas ou defensivas-ofensivas


concomitantes a ofensiva do adversário, seja sobre um ataque, uma resposta ou uma
contrarresposta deste último.

Em esgrima, a contraofensiva recebe adenominação genérica de contra-ataque, embora


não seja realizada apenas contra os ataquesadversários. Também chamado arresto.

O contra-ataque deve ser feito em um momento oportuno para se pode tirar partido da
situação. Este momento surge no combate, de maneira muito favorável, principalmente,
quando o adversário inicia o ataque ou outra ofensiva.

De um modo geral, outros momentos propícios para executar um contra-ataque são as


falhas cometidas pelo adversário durante a execução da ação ofensiva, comoa hesitação,
a lentidão dos seus movimentos, alongamento incorreto do braço armado ou recolhe-lo
durante a ofensiva.

A maior dificuldade na execução dos contra-ataques é determinar o momento de agir.


Mesmo esgrimistas experientes, será difícil julgar, com segurança, o final de um ataque
adversário, a fim de evitar um tempo errado e haver o golpe duplo.

Numa frase d’armas, quando os dois esgrimistas tocam concomitantemente há ações


simultâneas ou um golpe duplo (Vj. Regulamento para as Provas da FIE).

As ações simultâneas ocorrem devido à concepção e ações concomitantes de ataques dos


esgrimistas. Neste caso, nas armas de convenção (florete e sabre), os toques dados são
anulados, mesmo se um deles tocou em superfície não válida.

Ao contrário, nas três armas, o golpe duplo ocorre em consequência de uma ação errônea
de um dos esgrimistas, devido a um tempo tomado em “falso”, à precedência na ofensiva
ou a um erro de execução.

Na espada, se os dois atiradores tocarem simultaneamente, ambos serão considerados


tocados e um ponto será concedido a cada um. Ao contrário, se houverdois toques com um
pequeno intervalo de tempo entre eles, o aparelho assinalaráapenas o primeiro a acontecer.

14.2 OS TIPOS DE CONTRA ATAQUES

Os contra-ataques, considerados ações de contraofensiva são:

- Golpe de arresto;

14-1
- Golpe de arresto por oposição (ou interceptação);
- Golpe de arresto com tempo de esgrima.

Podem ser executados no mesmo lugar, recuando ou à frente. Com ou sem esquiva.

14.3 OS GOLPES DE ARRESTO

O golpe de arresto é um movimento ofensivo, que tem por fim deter o adversário
quando ele ataca em marcha ou com o braço armado encolhido.

Não há necessidade de se preocupar com a oposição, pois, o atacante, cometendouma falha


técnica, retarda a execução do ataque. Para executar este contra-ataque é conveniente
que o atirador o faça sem preparação, não denunciando a sua intenção ao adversário.

O golpe de arresto sobre o ataque em marcha do adversário só ocorre se o contra-ataque


for executado ao mesmo tempo, durante a marcha do adversário com o braço encolhido.
Neste caso, é recomendável o atacado recuar, imediatamente após executar o arresto.

Percebendo que o adversário finta que arresta ou desengaja repetidamente enganando


uma parada, em vez de parar e responder, se pode executar um arresto sobre a finta do
adversário. No caso, chama-se de contra-arresto o arresto executado sobre o arresto.

Arresto por oposição (interceptação))

O arresto por oposição (interceptação) é a mais típica ação defensivo - ofensiva do


espadista porque bloqueia o ataque adversário no seu início, executado fechando a linha
onde a ofensiva adversária deve terminar e, assim, deve impedir queo atirador atacado
seja tocado e, simultaneamente, que ele toque o adversário (Veja Regulamento Técnico
para as Provas da FIE).

O nome oposição surge do fato da parada e da resposta estarem unidas, em um só


movimento, pois o esgrimista alongando o braço armado, simultaneamentefecha a linha
onde terminará a ofensiva adversária. Logo, o tempo puramente defensivo da ação de
parada é suprimido.

Atualmente, o Regulamento para as Provas da FIE denomina ambos como arresto por
oposição, uma ação defensivo-ofensiva, reunindo em um só movimento parada e resposta,
executada sobre a ofensiva adversária e interceptando a ofensiva adversária. Corretamente
executado impede o toque do adversário.

Este contra-ataque sempre deve ser premeditado, porém exigeprecisão e oportunidade para
ser executado corretamente. Sua dificuldade está em perceber a natureza do ataque
adversário e o seu grau de velocidade. É aconselhável só executar este golpe nas linhas
externas, em sexta ou oitava. A oposição na linha interna tende a ser insuficiente, pois a
superfície do corpo fica do lado interno da mão armada.

Arresto com tempo de esgrima

O espadista pode arrestar um ataque composto de seu adversário, mas para que haja
apenas um esgrimista tocado, este arresto deve tocar com antecedência.

14-2
Não se pode abusar dos arrestos com tempo de esgrima, deve-se tentá-los apenas quando
se tem bem julgado o ataque composto do adversário, pois este tipo de arresto, fora do
bom momento, provoca um toque duplo, o que pode ser útil ou péssimo, dependendo do
escore e do tempo de jogo. No entanto, um arresto no tempo oportuno faz prova de um
excelente julgamento e de uma boa execução.

O arresto em combate

Os arrestos podem ser executados sobre qualquer ação ofensiva dos adversários.

Considerando o emprego das lâminas, os arrestos podem ser executados com ou sem
contato de ferros:

Direto ao braço sobre um ataque simples

Por desengajamento, um-dois, dobramento sobre as ofensivas com tomadas de ferro ou


deslizada, isoladamente ou combinando estas ações.

Considerando o emprego das pernas, os arrestos podem ser executados:

a) A pé firme.

b) Com salto atrás.

c) Com ajuntamento.

d) Com esquivas.

As diversas aplicações dos arrestos em combate devem ser exercitadas nas lições, nos
trabalhos em duplas e nos assaltos, tais como: a) Arrestar ao braço sobre um ataque simples.

Arrestar ao corpo sobre um ataque simples ou composto

Arrestar sobre os ataques as avançadas da linha baixa externa d) Arrestar sobre os ataques
executados com ataques ao ferro.

Arrestar sobre os ataques executados com tomadas de ferro por envolvimentos,ligamentos,


cruzamentos e oposição e suas combinações.

Arrestar sobre as respostas de tac-au-tac feitas após paradas de tac)

Arrestar sobre respostas compostas

Arrestar sobre as respostas com tomadas de ferro.

Arrestar sobre outras ofensivas resultantes das combinações acima.

14-3
14.4 PREMISSAS BÁSICAS DA CONTRAOFENSIVA

Na esgrima de espada a melhor ação para impedir que a ofensiva adversária toque é a
contraofensiva.

Sobre o ataque adversário, especialmente naqueles mais longos, os arrestos constituem a


reação mais lógica a aplicar. Porém, em princípio, serão seguidos por uma remessa
imediata.

A maioria dos arrestos do espadista podem ser executados de dois modos:

- Com contato de ferros por meio de oposição (interceptação) quando fecha a linha
de penetração do ferro adversário impedindo-o de tocar nesta ação.

- Sem contato de ferros por uma ação simples

- Direta ou indireta

– Ou composta quetoca o adversário com antecedência, bloqueando o aparelho sinalizador


e, consequentemente, neutralizando qualquer toque posterior.

As ações de arresto são mais eficazes quando, rapidamente, se passa da posição de


guarda ou do afundo para o ajuntamento, na qual a espádua e o braço armado estão na
posição de ponta em linha, enquanto o corpo é recuado.

O arresto com ajuntamento se aplica, de preferência, sobre o ataque na medida do braço


alongado. Sobre qualquer ofensiva do adversário, o arresto ao braço do adversário é feito
direto ou angulado (em cavação ou cavando), na posição de guarda, rompendo ou com
ajuntamento.

14.5 ATAQUES SOBRE A PREPARAÇÂO

As preparações de ataque são certas ações preliminares, que têm por efeito agir sobre a
lâmina adversária, tais como engajamentos, mudanças de engajamento, duplos
engajamentos, ataques ao ferro ou tomadas de ferro.

O ataque sobre a preparação se diferencia dos golpes de arresto, porque se executa antes
do início do ataqueadversário.

14-4
— CAPÍTULO XV —
DEFENSIVA – AS PARADAS SIMPLES E AS ESQUIVAS

15.1 MODOS DE SE DEFENDER NA ESGRIMA

Defender na esgrima significa impedir o golpe do adversário de tocar. O esgrimista pode se


defender de três modos:

- Recuar.
- Esquivar
- Parar.

Recuar - é o ato de aumentar a distância entre si e o adversário, fazendo um deslocamento


atrás, de tal modo que a ofensiva contrária seja curta e não alcance o alvo.

Esquivar - é o ato de desviar o próprio corpo da trajetória do golpe adversário, subtraindo a


superfície válida, o qual passará do alvo sem atingi-lo. Algumas esquivas têm nomes
especiais como “passata sotto” e “in quartata”.

Parar - é o ato de se impedir com a própria arma – copo e / ou lâmina – a fim de evitar ser
tocado pelo adversário.

15.2 DEFINIÇÃO, FINALIDADES E OBJETIVO DA PARADA NA ESGRIMA

A parada é a ação principal da defensiva executada com a própria arma. Tem a finalidade
de desviar o ferro do adversário das linhas em que ele se apresenta com o objetivo impedir
o toque e propiciar a retomada de ações ofensivas.

A fim de bem parar um ataque é preciso perceber a intenção do adversário, por isso a
defensiva é considerada mais difícil do que a ofensiva, onde bons paradores são mais
raros do que os bons atacantes.

Além do papel de proteção, a parada tem por finalidade dar oportunidade para a resposta,
proporcionando ao atacado um meio de responder à ação ofensiva do atacante, após se
defender com o objetivo de tocá-lo. Portanto, sempre que possívela parada é feita em
função da resposta que será executada.

15.3 AS QUALIDADES DA PARADA

A amplitude limitada dos movimentos - ao fazer uma parada o instinto conduzo iniciante
a levar a mão de maneira precipitada na direção do ataque. A ponta da arma de um atirador
hábil enganará facilmente a esses movimentos largos e desordenados.

15-1
Oportunidade — a parada deve ser feita no devido tempo, nem cedo, nem tarde e no
final do ataque. Muito cedo, ela não age com o terço forte ou médio da lâminae, muito tarde,
não impede que o ataque chegue, isto é, toque.

Precisão — a velocidade da parada deve ser regulada pela velocidade da ofensiva do


adversário. Ao contrário, a resposta ao ataque, logo após a parada, será feita o mais
rapidamente possível.

Parte adequada da lâmina — a parada deve ser feita com o terço forte (o mais próximo
possível do copo) ou médio da lâmina — em função da parada quanto à execução,
reduzindo ao mínimo o braço da alavanca (distância entre o ponto da lâmina que faz a
parada e a mão do esgrimista que parou) e detendo assim, sem grandes esforços,qualquer
ação vigorosa do adversário.

Desviar a lâmina adversária — a parada deve ser executada, tanto quanto possível, lateral
ou em diagonal, para desviar com segurança a ponta do ferro do adversário para fora da
superfície válida e, de preferência, sem permitir que passe frente à superfície válida.

Paradas laterais — é aconselhável não abaixar a mão ao fazer a parada lateral,a fim de
não desviar para as pernas, um ataque dirigido ao peito. Na parada, a mão deve se deslocar
na horizontal, ou melhor, não deve se afastar do plano horizontal.

Resposta — A parada deve ser sistematicamente seguida de resposta imediata, a menos


que a distância não permita ou nos casos de segunda intenção.

15.4 TIPOS DE PARADAS

CLASSIFICAÇÃO DAS PARADAS QUANTO AO TIPO

São quatro os tipos de paradas.

Paradas laterais: executadas da linha alta para a


linha alta, ou da linha baixa para a linha baixa.

Paradas circulares ou contras: executadas da linha alta para a mesma linha alta, circulando
a arma por baixo da lâmina adversáriae, da linha baixa para a mesma linha baixa, circulando
a arma por cima da lâmina adversária.

Paradas semicirculares (chamadas de meio contra) -- da linha alta para a


linha baixa correspondente e, da linha baixa, para a linha alta correspondente.

Paradas diagonais — da linha alta para a linha baixa oposta, ou inversamente.

VANTAGENS E INCONVENIENTES DOS DIFERENTES TIPOS DE PARADAS.

As paradas laterais — são de execução fácil, porém exigem bastante precisão Se a parada
for fraca, o ataque não encontrará dificuldade.As paradas autoritárias, que abalam ou
dominam fortemente o ferro do adversário, sãoo apanágio dos bons atiradores.

15-2
As paradas circulares — asseguram uma proteção completa. Elas envolvem e desviam o
ferro em todas as linhas. São sempre empregadas quando não se tem certeza do que vai
fazer o adversário.

A resposta — que se segue a uma parada de contra ou circular é menos rápidae menos
precisa do que a de uma parada lateral.

Todo sistema defensivo que adotar somente as paradas laterais ou paradascirculares


será ineficaz e incompleto.

As paradas semicirculares — permitem deixar a mão na mesma linha – de fora ou de dentro,


porém, o movimento semicircular descrito pela ponta faz perder certo tempo. Por esta
razão, elas parecem inferiores às paradas diagonais, que permitem enfrentar incontinente
o ferro adversário.

É preciso variar as paradas e treinar convenientemente os seus diferentes tipos, de modo a


criar uma defensiva tão impenetrável quanto possível.

15.5 AS PARADAS QUANTO À EXECUÇÃO

Quer sejam diretas (laterais, simples), circulares, semicirculares ou diagonais, asparadas,


sob o ponto de vista defensivo, podem ser classificadas em três categorias quanto à
execução:

- Paradas de oposição;

- Paradas de tac;

- Paradas cedendo.

Parada de oposição — consiste em fechar a linha sem precipitação, acompanhandoo ferro do


adversário. É empregada desde o princípio da instrução, para firmar a mão e a ponta da
arma do aluno.

A parada de oposição permite, igualmente, manter o ferro em linha, sobre um adversário


que atira sistematicamente em remessa.

Parada de tac — consiste de um movimento seco e rápido, que termina com um choque
sobre ferro adversário. Seu objetivo é afastar, momentaneamente, o ferro da linhaem que se
acha e facilitar a resposta.

De oposição ou de tac, a parada deve ser trabalhada a pé firme e em deslocamento, à


frente e recuando. Todas essas maneiras de agir têm largo emprego no combate.

Parada cedendo — são utilizadas sobre as tomadas de ferrodo adversário. Consistem em


ceder a ponta no começo, colocando a mão ligeiramenteà direita (ou à esquerda), sem
abandonar o ferro adverso, levantando (ou abaixando)a ponta no final, com a mão em
pronação (ou supinação), mais baixa (ou mais alta)que nos engajamentos normais.

15-3
As paradas podem ser, igualmente, seguidas por um forçamento ou uma tomada de ferro –
oposição, envolvimento, cruzamento ou ligamento.

15.6 AS ESQUIVAS

Definição — em esgrima, esquivar é se desviar do golpe do adversário que passapelo lugar


em que o alvo estava e impedir o toque. Consiste em retirar o alvo visado da trajetória do
golpe do adversário, movimentando o corpo para baixo, para cima ou lateralmente.
Normalmente as esquivas são realizadas simultaneamente com ações de contra-ataques.

Qualidades necessárias — as esquivas são de notável eficácia se executadas na distância,


no tempo (à-propos) e com velocidade adequados, os elementos fundamentais da esgrima.
Seu estudo exige exercícios contínuos. `necessário que o mestre d’armas execute os
exercícios de modo que as ações ofensivas sejam o mais real possível, realçando-as e sem
provocar o toque duplo.

Os tipos de esquivas — algumas esquivas recebem nomes específicos, abaixo citadas.

- Passata sotto – sobre a ação ofensiva adversária, quase sempre é executada daguarda ou
recuando se colocando na posição de afundo, porém lançando o pé esquerdo para trás
(para o canhoto é o pé direito). A ofensiva adversária passa acima do tronco do atacado
que se esquivou e, ao mesmo tempo, executa um arresto.

- Por agachamento – sobre a ação ofensiva adversária, executada com a flexão das pernas
e sentando sobre os calcanhares. A ofensiva adversária passa acima da cabeçado atacado
que se abaixou e, ao mesmo tempo, executa um arresto.

- Inquartata – sobre a ação ofensiva adversária, golpe executado com o afastamento lateral
do pé esquerdo para a direita (para os canhotos é o contrário) e giro deum quarto de volta
do tronco, quase sempre combinada com um arresto (oposição ou interceptação) ou uma
parada, de oposição ou cedendo (cedutta), à ação ofensiva ido adversário. Por exemplo,
executando a parada, de 7ª alta ou de prima, contra uma ofensiva adversária feita por
tomada de ferro, por oposição ou envolvimento em 6ª.

15-4
— CAPÍTULO XVI —
O ESTUDO DAS PARADAS

16.1 AS POSIÇÕES DA MÃO ARMADA NAS PARADAS

As posições de esgrima:

- Servem de base às paradas. As paradas fundamentais utilizadas

- Executadas com a mão em supinação – são:

- Quarta e sexta, para a linha alta;

- Sétima e oitava, para a linha baixa.

Este conceito não significa que as demais paradas – executadas com a mão em pronação–
, devam ser relegadas a um plano secundário, pois, quaisquer que elas sejam, têm um
emprego tático específico.

16.2 AS PARADAS COM A MÃO ARMADA EM SUPINAÇÃO

Parada de quarta – defesa para a linha alta de dentro éuma parada muito empregada,
ficando o braço em uma posição natural. Éautoritária e permite realizar a resposta direta
com a devida rapidez.

Parada de sexta — defesa para a linha alta de fora desvia o ferro do adversário para a
direita do destro ou esquerda do canhoto. Sendo menos potente, entretanto, é de primeira
ordem.

Parada de Sétima — serve para parar os golpes dirigidos à linha baixa de dentro. Na Itália
é chamada de parada de meio círculo porque é muito usada para defesa contra as ações
ofensivas adversárias direcionadasà linha alta de dentro, sendo feita com elevação da mão
durante a sua execução. Isto é. uma parada de sétima alta.

Parada de Oitava — defesa contra os golpes dirigidos à linha baixa de fora. Menos
autoritária que a sétima, a oitava tem a vantagem de desviar o ferro parafora do
corpo, como fazem as paradas de sexta, segunda e terça.

Parada de Prima — Defesa contra a ofensiva à linha baixa interna, ela é dedifícil
execução, porque sua posição faz contrair um pouco os músculos do antebraço,
bloqueando o movimento das articulações do punho, do cotovelo e do ombro. É perigosa
por ser muito aberta e, portanto, fácil de ser enganada. Além disto, é muito lenta. Durante a
lição, entretanto, constitui excelente exercício de flexibilidade. Também é bastante usada
em paradas cedendo em prima alta contra tomadas de ferro.

16-1
Parada de Segunda — É a mais autoritária das paradas da linha baixa. Ela afastao ferro
adversário para uma direção menos perigosa, da qual só pode voltar com dificuldade. A
mão do destro ficará à direita, um pouco mais alta que o quadril; as unhas para baixo, o
braço esquerdo estendido sem rigidez, a ponta um pouco mais baixa que a mão e
ligeiramente fora da linha, a lâmina quase na horizontal e o cotovelo para baixo. A ponta,
assim orientada, não terá mais do que progredir alguns centímetros para atingir o
adversário.

Parada de Terça — Afasta, como a sexta, o ferro para fora. Tem a vantagem de ser mais
autoritária, porém a resposta em mão de terça perde um pouco a sua precisão. É uma
parada empregada, com proveito, contra as tomadas de ferro.

Parada de Quinta — ação autoritária na linha interna alta, a mesma da parada de quarta.
Tem a desvantagem de não conduzir a resposta diretamente e levar a mão do atirador para
baixo.

16.3 OBSERVAÇOES TÁTICAS QUANTO ÀS PARADAS

MOMENTO EM QUE SE DEVE PARAR UM GOLPE

A parada pode ser feita no final, ou antes, do final da ofensiva (ataque, resposta
ou contrarresposta) do adversário.

Quando a parada é feita no final da ofensiva:

- A resposta é fácil de ser dada, porque o atacante (se for um ataque) está empleno
desequilíbrio.

- É sempre possível uma remessa do atacante - correta ou incorreta, com ousem


razão -, pelo menos na linha baixa, sobre a resposta do atacado.

- A repetição (reprise) do ataque, no momento da parada, também, pode serrealizada


pelo adversário.

Ao contrário, no início da ofensiva, quando a ação ao ferro pelo atacado é realizada no


mesmo instante em que o adversário atacante está a levantar o pé dafrente, ao partir
para o afundo:

Na realidade, se trata de uma ação contraofensiva com ataque ao ferro enão uma
parada-resposta.

No caso, a parada seria ampla e pesada sobre o final do ataque.

DESLOCAMENTO DA MÃO ARMADA DURANTE AS PARADAS.

Jamais se deve “correr” a perseguir o ferro adversário, deslocando a mão em todas as


linhas, mas sim, tentar deter o final de um ataque complexo. Ao aluno se deve exigir que
só execute a parada no final da ofensiva contrária.

16-2
No momento do encontro de ferros da parada, em função da intenção tática, da distância
entre os esgrimistas e dos deslocamentos sobre a pista, a parada pode ser:

Normal, curta ou longa — em relação à extensão do braço armado


Normal, baixa ou alta — em relação à posição vertical da mão armada.

16-3
— CAPÍTULO XVII —
RESPOSTAS E CONTRARRESPOSTAS

17.1 DEFINIÇÃO DE RESPOSTA

A resposta é a ação ofensiva que se segue a


parada.
O atirador que sabe parar com justeza e oportunidade fica em melhores condições
de responder, pelo fato do adversário achar-se abalado pelo insucesso do ataque e a mão
perturbada pela parada. É necessário aproveitar esta perturbação
momentânea para dar a resposta o mais rapidamente possível e da maneira mais simples.

17.2 AS RESPOSTAS QUANTO AO TIPO

Quanto ao tipo as respostas podem ser:


- simples;
- compostas.

AS RESPOSTAS SIMPLES QUANTO AO TIPO

Quanto ao tipo as respostas simples podem ser:

Simples e diretas: quando são executadas na mesma linha em que se realizou a parada,
isto é, resposta por golpe direto. Por exemplo: quarta e respostapor golpe direto, sexta
e reposta por golpe direto.

Simples e indiretas: quando são executadas em outra linha, diferente da paradarealizada. Isto
é, resposta por desengajamento ou por corte. Por exemplo: quarta- desengajar, sexta-corte.

DEFINIÇÃO DE RESPOSTAS COMPOSTAS

As respostas compostas são aquelas precedidas de uma ou mais das chamadas


fintas de ataque, termo usado para as fintas nas ações ofensivas compostas.

17.3 AS RESPOSTAS QUANTO À EXECUÇÃO

As respostas quanto à execução podem ser:

Por oposição: após a parada, o atacado inicia imediatamente a açãoofensiva e conserva


o contato com o ferro do adversário, até o final da ação.

De “tac au tac”: após a parada, o atacado imediatamente abandona o contatode ferro e


inicia a ação ofensiva visando o adversário.

17-1
A tempo perdido: após a parada, o atacado demora mais do que um tempo de esgrima
(duração de execução de uma ação simples) para iniciar a ação ofensiva visando o
adversário.

17.4 AS CONTRARRESPOSTAS

Chama-se contrarresposta a ação ofensiva executada pelo esgrimista que parou uma
resposta adversa. Tudo que foi prescrito para a resposta aplica-se a contrarresposta.

A nomenclatura das contrarrespostas na frase d’armas — quando as contrarrespostas se


sucedem em uma frase de armas tomam o nome de primeira, segunda e terceira
contrarresposta. O atacante executa sempre as contrarrespostas impares e o atacado as
contrarrespostas pares.

A contrarresposta na frase d’armas — as respostas e as contrarrespostas executam-se a


pé firme, marchando, partindo afundo e mesmo em flecha. Podem ser simples (diretas ou
indiretas), compostas, imediatas ou a tempo perdido. São executadas em diversas
distâncias, sobre a retomada da guarda adversa ou sobre seu afundo ou flecha.

17-2
— CAPÍTULO XVIII —
AS FINTAS E OS ATAQUES COMPOSTOS

18.1 AS FINTAS DE ATAQUE: CONSIDERAÇÕES GERAIS

Os ataques simples são o golpe direto, desengajamento e corte. Qualquer deles é


executado em um só tempo de esgrima, a duração de execução de uma ação simples.

Logo tempo de esgrima é a duração deexecução de uma ação simples.

Definição de finta

A finta de ataque é o simulacro de um


golpe executado com a arma, com a finalidade de provocar no adversário uma reação
defensiva, ofensiva ou contraofensiva, com o objetivo de conseguir vantagem, desequilibrar
ou abalar o adversário. A mesma denominação é aplicada às ações de respostas e
contrarrespostas.

Portanto, a finta ofensiva é a simulação de uma ofensiva simples com o objetivo de


provocar uma reação do adversário: parada, romper, esquiva, arresto, contratempo ou
mesmo uma ofensiva sobre a finta.

Terminologia

As fintas recebem os nomes das ações que elas simulam, sendo estas, as fintas de ataque,
que são os ataques simples — golpe direto, desengajamento e corte. Por isto, as fintas de
ataque recebem a denominação de finta de golpe direto, finta de desengajamento ou finta
de corte. Estas denominações, também, são aplicadas às fintas nas respostas e
contrarrespostas.

18.2 OS ATAQUES COMPOSTOS

Definição de ataques compostos

Ataque composto é a primeira ação ofensiva de uma frase d’armas, executado com uma,
ou mais fintas de ataque. Nada mais é do que um ataque precedido de fintas de ataque,
podendo ter quantas fintas o esgrimista quiser. Portanto, os ataques compostos têm dois
ou maistempos de esgrima, sendo cada finta um tempo de esgrima.

A finta com espada


Em espada, a finta de ponta deve ser feita com nitidez e ser expressiva de modo a provocar
no adversário um gesto instintivo de parada, ou outra reação. Por isso, a finta de ataque
deve ter todas as características de um golpe real: velocidade, precisão e oportunidade.

18-1
O espadista finta bem coberto para provocar uma parada ou recuo do adversário ou
descoberto para provocar uma contraofensiva sobre a qual executará um
contratempo.

18.3 A CLASSIFICAÇÃO DAS FINTAS DE ATAQUE QUANTO À EXECUÇÃO

As fintas de ataque podem ser classificadas em duas categorias quanto à execução:


- Fintas de velocidade;
- Fintas de combinação.

As fintas de velocidade

As fintas de velocidade devem ser empregadas contra um adversário nervoso,


impressionável, que atende facilmente a gestos pouco ameaçadores. Neste caso, se pode
mesmo não executar completamente a primeira finta de ataque, ou deixar de alongar
inteiramente o braço ao fintar.

As fintas de combinação

As fintas de combinação, ao contrário, são preconizadas diante de um atirador


calmo, de mão bem regulada, que só para o golpe no momento preciso. Para isto, é
necessário acentuá-las nitidamente, a fim de obrigar o adversário a tomar uma atitude
defensiva pronunciada. Exemplo: finta de desengajamento, bater-desengajar (ou um-
dois).

18.4 A TÁTICA NO USO DAS FINTAS

As fintas podem variar na execução e no ritmo, conforme as necessidades táticas.

A colocação da ponta durante as fintas

A finta antes de saber a parada a enganar — quando a finta, feita antes da parada que se
vai enganar, é necessário estar-se com a lâmina afastada da do adversário, desde que não
se pretenda seguir está lâmina enganando suas paradas. Quando na finta a ponta segue a
lâmina adversa é necessário aproximar-se dela.

A finta na ofensiva por um-dois — quando se quer executar o um-dois, se devecolocar a


ponta mais baixa que a mão do adversário. Ao contrário, quando se deseja fazer o
dobramento (doublé), a finta de desengajamento deve ser feita com a ponta mais alta.

A antecipação sobre a mão do adversário — Tais procedimentos permitem tomar adianteira,


se antecipar ao movimento da mão do adversário e ter, assim, mais possibilidadesde chegar
a tempo para tocá-lo.

A finta de corte — quando se tem a intenção de prosseguir após fazer uma finta de corte
(coupé), deve-se executá-la com a ponta mais alta que a do adversário, evitando, deste
modo, flexionar a articulação do cotovelo para fazer o corte (coupé).

18-2
O ritmo das fintas

O ritmo das fintas é igualmente variável. Assim, o um-dois-três pode serdecomposto em finta
de desengajamento e, em seguida, um-dois.

O um-dois-três-quatro é executado, sobretudo, em duas cadências: a primeira, isto é,


um-dois, lenta; a segunda, um-dois, rápida. Têm-se assim, um-dois, um-dois.

Estes conselhos, que são puramente táticos, sô se aplicam a atiradores de excelente


mecanismo. Os iniciantes somente devem ser exercitados na execução clássica dos ataques
compostos.

Como regra geral, não é necessário, durante o combate, multiplicar-se em excesso as


fintas, porque elas podem dar lugar a uma série de ações (contra-ataque, contratempo,
esquiva) dirigidas contra as mesmas.

No entanto, durante a lição estes exercícios constituem excelente meio de fazer o praticante
adquirir e aprimorar o «doigté» - a faculdade de conduzir a ponta pela ação dos dedos -, a
flexibilidade, a precisão, a coordenação braço-pernas, a noção de medida e o golpe de
vista.

18.5 A DIFERENÇA ENTRE ENGANAR E ESCAPAR

Enganar

Chama-se enganar a ação de livrar o ferro de uma ação defensiva executada com a
arma adversa: a parada.

Escapar

Chama-se escapar, ao contrário, a ação de livrar o ferro de uma ação ofensiva


da arma adversária contra nossa lâmina, ou seja, um ataque ao ferro ou tomada de ferro.

Nota: “Enganamos as paradas e escapamos dos ataques ao ferro”

18-3
— CAPÍTULO XIX —
OS ATAQUES AO FERRO

19.1 A DEFINIÇÃO DE ATAQUES AO FERRO

Ataques ao ferro são ações sobre a lâmina do adversário com o objetivo de abalar sua
guarda, abrir uma linha, afastar sua lâmina da posição de ponta em linha, desviar sua ponta
ou deixá-lo numa situação que não esteja preparado para reagir.
Sua principal finalidade é retardar a parada do adversário.

19.2 OS TIPOS E A CARACTERÍSTICA DOS ATAQUES AO FERRO

Os tipos de ataques ao ferro são três:


batida;
- pressão;
- forçamento.

Os ataques ao ferro agem sobre a lâmina do adversário apenas por uma fração de
segundo e, a seguir, abandonam o contato de ferros para realizar outro golpe.

A intensidade do ataque ao ferro é variável, segundo seu emprego tático. Para serem
corretamente executados, devem ser aplicados sobre o fracoda lâmina contrária com a
parte média de nosso ferro.

19.3 A BATIDA

Execução — inicialmente deve-se afastar um pouco a lâmina da lâmina do adversário e,


em seguida, bate-se, por meio de uma pancada seca e enérgica “perpendicularmente”na
parte (terço) fraca do ferro adverso.

A batida deve ser feita com as arestas da lâmina e não com as laterais - As arestas, sendo
rígidas, imprimem à batida uma maior pressão, dando autoridade perfeita. As laterais são
flexíveis e quando se chocam, envergam e oscilam a ponta, tirando a precisão para realizar
o toque.

Uma batida bem feita abala a mão do adversário — e conforme a intensidade serve para
abrir uma linha, fixar a mão ou provocar uma contrabatida do adversário.

A batida bem executada — dá poucas probabilidades para um escape do adversário,


qualquer que seja o sentimento de ferro que se possua.

19.4 A PRESSÃO

19-1
É um ligeiro esforço que se exerce sobre o fraco do ferro adversário — deve ser feita
perpendicularmente à lâmina contrária, por meio de um cerrar (aperto) de dedos. Nãosendo
feita desta maneira, provoca um deslizamento de lâminas sem nenhum efeito. Por menorque
seja essa ação, o adversário tem tendência de pôr seu ferro em linha ou reagir com uma
contrapressão, pois sua lâmina acabou de ser deslocada de alguns centímetros.

Ao contrário da batida, a pressão seguida de golpe direto será executada de leve,tendo em


vista não despertar reações defensivas do adversário.

19.5 FORÇAMENTO

É o mais violento dos ataques ao ferro. Sua finalidade e seus resultados – os objetivos -
são os mesmos que os da pressão e da batida. Enquanto que a pressão e a batida somente
exercem sua ação sobre a parte fraca da lâmina contrária, o forçamentoestende sua ação
de uma extremidade à outra da lâmina.

O forçamento age do fraco ao forte da lâmina por uma fricção enérgica e continua. Uma
ligeira rotação do punho aumenta a sua eficiência.

Um forçamento bem feito pode provocar o desarme. Ele é executado sobre o braçoestendido
ou sobre uma guarda de braço meio alongado com a ponta na horizontal.

19-2
— CAPÍTULO XX —
TOMADAS DE FERRO

20.1 A DEFINIÇÃO DE TOMADAS DE FERRO

Tomadas de ferro são ações sobre a lâminado adversário com o objetivo de se apoderar
dela e dominá-la.

Enquanto os ataques ao ferro abandonam o contato de ferros, logo após a sua realização,
antes detocar ou executar outra ação, nas tomadas de ferro, o atirador deverá, ou não,
manter o contato com a lâmina do adversário até o fim da ofensiva (ataque, resposta,
contrarresposta ou variedade de ação ofensiva), salvo intenção contrária.

Resumindo: a principal diferença entre as tomadas de ferro e os ataques ao ferro é a menor


duração do contato entre as lâminas e o abandono
do contato entre os ferros para realizar o toque, obrigatoriamente nos ataques ao ferro.

20.2 OS TIPOS DE TOMADAS DE FERRO

Há tipos de tomadas de ferro são quatro:


- Oposição;
- Ligamento;
- Envolvimento;
- Cruzamento.

20.3 A OPOSIÇÃO

Consciste em unir a arma ao ferro adversário eafastá-lo, agindo com o forte da lâmina e o
copo da arma sobre o fraco da lâmina contrária, de uma maneira progressiva e continua,
quase sempre até o final da ofensiva (ataque, resposta, contrarresposta ou variedade de
ação ofensiva).

Todas as tomadas de ferro devem ser executadas no momento em que o braço armado
adversário está iniciando o seu alongamento, jamais com ele completamente estendido.
Caso seja executada sobre o braço alongado, expõe-se a um escape adversário.

20.4 O LIGAMENTO

A tomada de ferro por ligamento é um movimento onde a lâmina inicia o seu movimento de
uma linha alta para uma linha baixa oposta, ou o inverso.

A parte forte da lâmina deve dominar a parte fraca da lâmina adversária, criando uma
triangulação entre as lâminas e o copo de quem faz o ligamento.

20-1
O contato de ferro deve ser mantido até o final, chegando-se ao toque, dificultando a ação
do adversário de realizar escapes.

Na ofensiva, pode-se executar ataques após o ligamento, tais como o golpe direto, o
desengajamento, o corte ou mesmo um ataque composto.

Na defensiva, pode-se executar parada seguida de resposta por ligamento, muito efetivas.
São usadas com sucesso contra os adversários que fazem remessas sistematicamente.

Os ligamentos mais empregados são os de quarta em oitava, de sexta em sétima, ou


inversamente.

20.5 O ENVOLVIMENTO

Representa um grau maior queo ligamento, pois a ponta descreve uma circunferência
inteira. Ele pode ser executado em todas as linhas.

O envolvimento seguido de um golpe direto é executado sobre um adversário, cuja força


da mão não é exagerada. A tomada de ferro deve terminar com a mão alta e a ponta
baixa, a fim de dominar o ferro adverso e penetrar em sua guarda.

O envolvimento é usado na defensiva contra os adversários que mantém sempre o braço


alongado para efetuar uma remessa.

Contra os envolvimentos do adversário, podem ser feitas paradas de oposição, escapes


ou paradas cedendo, indicadas para os ligamentos.

20.6 O CRUZAMENTO

É o movimento que conduz o ferro adversário de uma linha alta para a linha baixa
correspondente, ou inversamente, mais difícil de ser realizado.

Emprega-se nas respostas onde o contato com o ferro adversário deve ser mantido
durante toda a ação e, sobre um adversário procura fazer remessa.

20.7 AS TOMADAS DE FERRO COMPOSTAS E DUPLAS

São tomadas de ferro sucessivas, realizadas no mesmo sentido, ou não.


Respectivamente denominadas compostas e duplas. Devem ser executadas sobre os
adversários que escapam facilmente

As tomadas de ferro compostas

Elas iniciam num sentido e terminam em outro.

20-2
As tomadas de ferro compostas não devem ser executadas a pé firme e simcom
deslocamentos, ou seja, avançando para se aproximar do adversário, ganhar a medida,
tornando seu escape cada vez mais difícil.

As tomadas de ferro duplas

São aquelas tomadas sucessivas feitas no mesmo sentido. Devem ser executadascom uma
mudança de ritmo. A primeira é feita marchando e lentamente. A tomada final é realizada
rapidamente e com afundo. A tomada de ferro dupla mais usada é o duplo ligamento de
quarta em oitava (ou segunda).

20-3
— CAPÍTULO XXI —
VARIEDADE DE AÇÕES OFENSIVAS:
REMESSA – REDOBRAMENTO – REPETIÇÃO

21.1 TERMINOLOGIA: REDOBRAMENTO E REPETIÇÃO

Em todos os tempos, a terminologia de remessa, redobramento e repetição teve definições


diferentes acompanhadas muitas discussões. O presente manual segue o Regulamento de
Provas da FIE que fixa tais definições tantas vezes já alteradas, conforme as influências
do momento.

A remessa, o redobramento e a repetição podem ser usadas após um ataque, resposta ou


contrarresposta. Daí, por exemplo, a terminologia remessa de contrarresposta,
redobramento de ataque, repetição de resposta e outras.

21.2 REMESSA

A remessa é uma “ação ofensiva simples imediata, que segue uma primeira ação, sem
recolher o braço, após uma parada ou recuo do adversário, seja porque ele abandonou o
ferro sem responder, seja porque ele respondeu tardiamente, indireto ou composto.”
(Regulamento para as Provas da FIE).

A remessa se diferencia, distintamente, do redobramento e da repetição pelas seguintes


características:

- É executada sempre por golpe direto;

- Não é mais do que “um tempo sobre a resposta”.

Em espada, a remessa deve ser o resultado de um julgamento e não de inspiração. É


empregada de preferência contra adversários que respondem indiretamente, ou por ações
compostas, ou demoram a responder ou que param sem responder.

A remessa pode, igualmente, ser executada sobre um adversário que, depois de ter parado,
abandona o ferro. Por este motivo, no caso, é chamada de continuação do ataque
(terminologia fora do Regulamento da FIE).

Uma remessa pode ser executada, particularmente, sobre os adversários que após parar,
mantém uma oposição durante certo tempo antes de responder. Essa remessa pode ser
realizada em cavação, isto é, a lâmina e o braço angulados, formando uma linha quebrada.
Este modo de agir permite tocar o adversário apesar da sua oposição e antes que ele tenha
respondido.

Os meios de defesa contra a remessa são:

- Redobrar a primeira parada;

21-1
- Parada de oposição avançando e, depois, responder por baixo;
- Executar uma tomada de ferro em sequência ininterrupta, após a parada.

21.3 REDOBRAMENTO

O redobramento é uma “nova ação ofensiva, simples ou composta, sobre um adversário


que parou sem responder, ou que simplesmente evitou a primeira ação por um recuo ou
uma esquiva” (Vj. Regulamento para as Provas da FIE).

Consiste em retomar a ofensiva, estando em afundo, ou em flecha, sem voltar àguarda,


mudando de linha ou com ataque ao ferro, sobre um adversário que para sem responder e
sem recuar.

21.4 REPETIÇÃO

A repetição de ataque é “um novo ataque executado, imediatamente apósretorno à guarda”


(Vj. Regulamento para as Provas da FIE). Também é possível executar uma repetição de
resposta ou de contrarresposta.

A repetição é nova ação ofensiva executada imediatamente após uma ofensiva inicial,
precedida de uma retomada de guarda para trás ou para frente, sobre um adversário que
para sem responder ou que evita o primeiro golpe por meio de um recuo.

Entretanto, o uso da repetição é delicado, porque expõe o praticante a um contra-


ataque no momento do levantamento da guarda.

Taticamente, pelas razões já expostas, por vezes será conveniente incitar o adversário a
executar a repetição, precisamente para provocar a oportunidade de desferir fáceis contra-
ataques.

21-2
— CAPÍTULO XXII —
VARIEDADE DE AÇÕES OFENSIVAS:
CONTRATEMPO – O FALSO ATAQUE

22.1 CONSIDERAÇÔES QUANTO AOCONTRATEMPO

Contratempo é o recurso empregado pelo atacante para neutralizar um contra-ataque


adversário, utilizando a própria arma.

Na esgrima é indispensável saber se defenderdos contra-ataques adversários e deles tirar


partido.

Se o arresto por oposição exige do esgrimista uma grande perfeição, o contratempo


exige ainda maior, porque põe em jogo todos os recursos intelectuais do atirador. A
qualidade essencial a desenvolver na execução dos contratempos é a noção dadistância.
Quase sempre os contratempos são executados em segunda intenção

22.2 CONTRATEMPO – AÇÃO DE SEGUNDA INTENÇÃO

O contratempo é geralmente preparado por um falso ataque, de maneira aprovocar um


contra-ataque adverso. A ação final deve ser executada, conforme a reação e onde estiver
mantida a ponta da arma do mesmo.

Em face à lâmina na posição de ponta em linha, o contratempo por tomada de ferro é mais
indicado do que qualquer outra ação, embora possa ser feito por um ataque ao ferro do
adversário.

Em caso contrário, quando não está com a ponta em linha, o contratempo deve ser
executado por meio de um ataque ao ferro.

Os contratempos pertencem à categoria das variedades de ações ofensivas.Por causa


de sua ligação estreita com os contra-ataques seu estudo está exposto em sequência aos
mesmos.

22.3 O FALSO ATAQUE

CONSIDERAÇÕES GERAIS QUANTO AO FALSO ATAQUE

Os ataques simples, por sua própria simplicidade, exigem grande rapidez de execução e
impõem a escolha exata do momento para dar o golpe, o que torna difícil o seuemprego, a
não ser contra atiradores fracos.

A tática de segunda intenção é, evidentemente, fértil em malícias e armadilhas, porém,


perfeitamente calculada com antecedência, inteligência e oportunidade.

O falso ataque pode ser simples ou composto, mais pronunciado ou menos pronunciado,

22-1
com maior ou menor desenvolvimento e, se necessário, combinado com a marcha, com o
meio afundo ou outros deslocamentos e fintas de diversas naturezas.

A boa execução do falso ataque consiste em fazer crer ao adversário, que o


ataque é realmente verdadeiro, isto é, tem a intenção de tocar.

22-2
— CAPÍTULO XXIII —
A OFENSIVA EM ESPADA

23.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS QUANTO ÀOFENSIVA E ESPADA

Sendo considerado o corpo inteiro como superfície válida, aumentam, na ofensiva, as


probabilidades de tocar o adversário, mas enfraquece, na defensiva, o valor da parada.

Embora o atacante disponha de um campo maior quando ataca, oferece também um alvo
mais extenso aos golpes do adversário.

A possibilidade de ser contra-atacado por um adversário capaz de dirigir a suaponta sobre


as partes mais avançadas do corpo (braço, cabeça e ombro), faz desaparecer toda a
segurança à ofensiva mais simples.

Das considerações precedentes, resultam as seguintes diretrizes a serem aplicadas na


ofensiva em espada:

1ª) Atacar às avançadas por ações simples, diretas ou precedidos de ataques ao


ferro.

2ª) Utilizar, para a ofensiva ao corpo, a tática de segunda intenção, que terá por objetivo
obrigar o adversário a esquivar, parar e que recolha o braço armado, para o atacante atacar
composto. Ou então, provocar um contra-ataque (arresto), para dominar o ferro e em
continuação, sem interrupção, prosseguir na ofensiva.

23-1
— CAPÍTULO XXIV —
A OFENSIVA ÀS AVANÇADAS

24.1 CONSIDERAÇÕES QUANTO ÀS OFENSIVASÀS AVANÇADAS

Em espada, as ofensivas às avançadas são mais usadas em ataques. Porém também são
utilizadas em ações de respostas e arrestos.

As qualidades indispensáveis para atacar as regiões avançadas (antebraço, braço, perna)


do adversário são: a velocidade, a precisão e o senso daoportunidade. Isto é, as condições
para execução detodo ataque simples.

Assim sendo, no ataque às avançadas, são preferíveis os ataques simples. Eles serão
executados por meio do golpe direto ou desengajamento, precedidos ou não de uma
preparação ao ferro e devem ser desencadeados de mais longe possível, a fim de não
expor o atacante a um possível contra-ataque.

O corte, descobrindo a mão, não é aconselhável, podendo, entretanto, ser executado em


casos especiais. Por exemplo, no combate aproximado ou após certos ataques ao ferro e
ainda em ataques às avançadas, próximo da mão armada contrária.

Os ataques simples às avançadas podem apresentar duas variedades de execução:

1º) Ataque clássico às avançadas — no qual a lâmina e o braço armado do atirador ficam no
prolongamento um do outro.

2º) Ataque em cavação às avançadas — em que a lâmina e o braço armado do atirador


formam uma linha quebrada.

24.2 ATAQUE CLÁSSICO ÀS AVANÇADAS

É executado alongando o braço armado com a mão em supinação, com flexibilidade e


harmonia, opondo o copo à ponta adversa e lançando o golpe ao alvo, com forte impulsãoda
perna de trás.

Deve ser executado de longe, sem preparação muscular prévia e dirigido à mão, ao
antebraço ou ao braço do adversário. Executado protegido pelo copo, do lado da lâmina
adversária, estará coberto contra os contra-ataques diretos. No afundo o tronco deve
permanecer na vertical, para não expora cabeça do atirador.

A volta à guarda efetua-se, principalmente, com auxílio da perna de trás e retorno do quadril
à sua posição, e não com os músculos dorsais. A volta à guarda deverá ser protegida pela
manutenção do braço armado na posição de ponta em linha ou mediante à execução de
qualquer parada.

24-1
24.3 ATAQUE EM CAVAÇÃO ÀS AVANÇADAS

Ao contrário do ataque clássico às avançadas, a cavação (golpe angulado) é uma ação em


descoberto, no qual o ângulo, mais ou menos aberto, formado pela lâmina e o braço armado,
permite atingir facilmente às avançadas adversas, ainda que estejam bem protegidas.

Esse gênero de ataque, que subordina seu êxito ao efeito de surpresa e a uma grande
velocidade de execução, comporta alguns riscos, um dos quais é o arresto com oposição
de copo. Por essa razão, será sempre prudente fazê-lo preceder de um ataque ao ferro que,
bem ligado ao ataque, retarda e dificulta os contra-ataques adversos.

24.4 ATAQUE SOBRE A RETIRADA DA MÃO ARMADA

Diante de espadistas que retiram a mão a qualquer ameaça, o ataque pode ser
executado sobre esta retirada de mão.
Este gênero de ataque comporta dois tempos:

- O primeiro, constituído por uma finta de golpe direto;

- O segundo, por uma oposição de copo, desviando a lâmina adversária para o lado.

24.5 ATAQUES À PERNA E AO PÉ

Seu emprego é preconizado após uma finta de ataque num ataque composto — forçando
aretirada da mão do adversário, ou uma parada levantando a ponta.

Os ataques simples podem igualmente ser lançados ao joelho ou ao pé doadversário, mas,


se expondo ao arresto na linha alta só devem ser empregados com prudência e
discernimento.

Pode ser executado, também, logo após uma ação ao ferro, pressão de preferência.A batida,
nesse caso, é menos eficaz, uma vez que permite uma rápida recolocação da ponta em
linha. Ou ainda, com tomada de ferro, em ataque ou resposta.

Em espada pode ser executado ao pé, em contra-ataque, durante o afundo do adversário.

24-2
— CAPÍTULO XXV —
ATAQUES AO CORPO

25.1 CONSIDERAÇÔES GERAIS QUANTO AOS ATAQUES AO CORPO

É recomendável não atacar ao corpo semtomar certas precauções, para não se expor a um
contra-ataque às avançadas.

25.2 PRINCÍPIOS TÉCNICOS PARA OS ATAQUESAO CORPO

- Para se obter a precisão indispensável, o ataque ao corpo deve ser desenvolvido com o
braçoalongado e sem contração, a mão em supinação, seminclinar o corpo para frente.

- O golpe deve ser impulsionado e conduzidocom as pernas, sem enrijecer o braço armado,
paranão provocar um desvio da ponta.

- Os ataques devem ser dirigidos à parte mais avançada do corpo do adversário.

- Atacar de preferência na linha alta externa, pois é a mais próxima e por oferecermaior
segurança ao atacante, que pode e deve tomar a precaução de opor o copo para proteger-
se contra o arresto, pois em caso de falha de execução, a ponta pode ainda encontrar a
mão, o braço ou o ombro do adversário.

25.3 PRINCÍPIOS TÁTICOS PARA OS ATAQUES AO CORPO

Em princípio, não se deve atacar diretamente ao corpo. As exceções encontradas


confirmam a regra, porque o sucesso esporádico é devido à sorte e não pode ser
considerado como norma.

A distância, que separa habitualmente os atiradores e a possibilidade que o adversário tem


para contra-atacar ao braço ou ao antebraço, retiram toda a segurança das ações de
primeira intenção ao corpo.

As ações ao corpo serão realizadas por meio de ataques de segunda intenção iniciados por
ações compostas, seja com uma finta, um falso ataque, ou um convite, quepodem ter como
objetivo:

- Provocar a retirada do braço armado;


- Provocar a extensão do braço armado;
- Provocar um contra-ataque;
- Provocar uma parada.

25-1
25.4 ATAQUES DE SEGUNDA INTENÇÃO SOBRE A RETIRADA DO BRAÇO DO
ADVERSÁRIO PARA ATAQUES AO CORPO

Serão executados por meio de fintas às avançadas, que terão por fim:

Forçar o adversário a dobrar o braço e prosseguir imediatamente por golpe direto ou


desengajamento, atento para enganar uma eventual parada.

Provocar uma parada curta do adversário, permitindo a execução de um ataque composto.


Estes ataques deverão ser executados com exato conhecimento prévio dos recursos
defensivos do adversário.

25.5 ATAQUES DE SEGUNDA INTENÇÃO SOBRE O ALONGAMENTO DO BRAÇO


ARMADO DO ADVERSARIO (CONTRATEMPO)

É a forma de ataque ao corpo que oferece maior segurança, porque permite tomaro ferro do
adversário e mantê-lo dominado até o fim da ação.

As tomadas de ferro simples, em princípio, não são recomendáveis, porque são fáceis de
escapar. Todavia, pode-se empregá-las sobre um adversário de braço rigidamente
estendido, tomando-se a precaução de precedê-las de um ataque ao ferro (batida, pressão)
na linha oposta. Em segunda intenção e em contratempo é que serámais vantajoso executá-
las.

Precedidos de um ataque às avançadas ou falso ataque, combinados com um marcha,


salto à frente ou uma balestra, permitem desenvolver a ação final (com afundo ou flecha)
sem risco de escape. Para tanto, a tomada de ferro deve tocar bem antes do contra-ataque
adversário.

25.6 CONTRA-ATAQUE AO CORPO SOBRE UM ATAQUE ADVERSÁRIO

Consiste em abrir, voluntariamente, as avançadas (fazer um convite) provocando o


adversário para realizar um ataque direto ao alvo oferecido. Aproveitar o momento deste
ataque e, coberto, atirar direto ao corpo indo à frente

25-2
— CAPÍTULO XXVI —
PRINCÌPIOS TÁTICOS NA OFENSIVA E NA DEFENSIVA

26.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS QUANTO AOSPRÍNCIPIOS TÁTICOS

A tática em esgrima consiste em utilizar os diferentes processos de ataque, defesa e


contraofensiva, segundo o jogo do adversário e os meios técnicos e físicos de que se
dispõe, baseada no fundamento “a concepção deve preceder à ação” do esgrimista.

As qualidades psicológicas – o emocional do esgrimista – e as intelectuais têm considerável


influência na condução tática dos combates e nos resultados.

O treinamento periodizado, adequadamente planejado, executado e reavaliadodesenvolve


as qualidades físicas, técnicas e táticas do esgrimista e, simultaneamente, reforça o
aprimoramento do sistema nervoso central (SNC) em benefício da autoconfiança e do
equilíbrio emocional.

26.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS QUANTO AOS PRINCÍPIOS TÁTICOS NA OFENSIVA

A defensiva passiva não conduz à vitória. No desporto, especialmente na esgrima, pode-se


considerar que a vantagem está sempre com quem toma a iniciativa e não com o esgrimista
que, sistematicamente, permanece na defensiva, fazendo paradas e respostas, embora
brilhantes e completas, porém deixando a condução tática à decisão do adversário.

Ser ofensivo não significa avançar sempre sobre a pista, mas saber manter o adversário à
distância conveniente, conduzi-lo para uma posição sobre a pista, de tal modo que se
encontre a melhor situação para o êxito da ofensiva ou da contraofensiva (contra-ataque).

Os processos técnicos podem variar sensivelmente, de acordo com os meios físicos e


intelectuais de que dispõe o aluno, que tanto pode ser um atirador calmo ou nervoso, alto
ou baixo, vigoroso ou fraco, rápido ou lento, com inteligência mais ou menos viva.

A esgrima de espada exige simplicidade e mobilidade. Simplicidade, porque os contra-


ataques não dão margem às ações complicadas. Mobilidade, devido à distância inconstante
que separa normalmente os atiradores. Daí decorre, também, a movimentação da própria
espada.

Assim sendo, os ataques preferidos devem ser simples (golpe direto, desengajamento,
corte), cuidadosamente preparados por ações ao ferro (ataques ao ferro ou tomadas de
ferro). As ações sobre o ferro têm por objetivo abalar o adversário, evitando contra-ataques
sempre possíveis.

Deve-se procurar todas as ocasiões para atacar sobre as preparações adversas: marchas,
engajamentos, mudanças de engajamento, fintas, ataques ao ferro, tomadas de ferro.

As atividades do combate aproximado, em distância menor que a medida do braço


alongado também devem ser ensinadas e aprendidas.
26-1
26.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS QUANTO AOS PRINCÍPIOS TÁTICOS NA DEFENSIVA

É preciso tornar a defensiva tão impenetrável quanto possível, variando as paradas,


combinando-as com os contra-ataques, convites e com os deslocamentos.

Todo movimento de mão ou de corpo do atirador deverá ter sempre um objetivo preciso,
seja para dominar o ferro adverso para executar em seguida um ataque, seja parafintá-lo, a
fim de provocar uma reação (parada, recuo, esquiva, contra-ataque), ou ainda,suscitar uma
ação de sua parte, para fazê-lo cair em uma “armadilha” e dela tirar partido.

Ser defensivo não significa recuar sempre sobre a pista, ou jogar no final da pista à
retaguarda, mas saber manter o adversário à distância conveniente e conduzi-lo para uma
situação, de tal modo que ele ataque induzido pelas ações e convites que provocam a sua
ofensiva, proporcionando melhor situação para o êxito da parada e resposta, ou da
contraofensiva (contra-ataque), ou da esquiva. Ou ainda, para sair da medida fazendo com
que o ataque adversário seja curto e disto tirar proveito.

26.4 PRINCÍPIOS TÁTICOS DA ESGRIMA DE ESPADA

Os princípios táticos na espada podem ser resumidos do seguinte modo:

- A distância entre os adversários varia incessantemente e, quase sempre, é grande.

- Os riscos, que toda ação ofensiva, expõe o atacante não respondem às certas condições
precisas. Isto é, são indefinidos e inesperados.

- As vantagens da tática da “defensiva – ofensiva” de acordo com as principais


características do jogo de combate na espada, são:

Combinar o mais possível:

- Toda ação ofensiva com a marcha (pequena), ou balestra seguidas de afundo ou flecha;

- Toda ação defensiva com o recuo precedendo, ou simultâneo, ao trabalho damão armada,
a fim de reforçar e garantir melhor as condições da defensiva

Não executar

– Salvo exceções muito fundamentadas;

- Os ataques ao corpo, antes de ter se aproximado, sempre assegurado por uma


preparação de ataque comportando, no mínimo, uma tomada de ferro, ou provocado a
retirada do braço armado.

Esforçar-se para abalar o adversário:

- Inicialmente e de preferência, com um prudente ataque às avançadas – que ajudará


26-2
ganhar a medida -, para prosseguir imediatamente com a ação ofensiva, em vez de fazer
uma finta de ataque ao corpo, a qual exporá o braço, a mão armada e não produziria
qualquer bom efeito, em razão da distância que, normalmente, separa os dois espadistas.

Tanto quanto possível:

- Em nome da tática “defensiva-ofensiva”, fazer uso dos contra-ataques(arresto, arresto por


oposição e arresto com tempo de esgrima), seguindo-os de parada e resposta, ou
combinados com esquivas e, como consequência, assegurar constantemente – salvo
exceção motivada – amanter firme a posição de ponta em linha ou a lâmina na direção do
adversário nos momentos precisos.

26-3
— ANEXO A —
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS

Para o planejamento de uma sessão deve-se observar diversos fatores, tendo como objetivo
um melhor aproveitamento e desenvolvimento dos alunos. Ao preparar uma lição o Mestre
d’Armas ou o técnico deve levar em consideração: a quantidade de alunos, o tempo disponível,
o objetivo do aluno, o nível técnico do mesmo e suas individualidades biológicas.

Para os treinadores que não possuem o conhecimento técnico de esgrima o ideal é o trabalho
constante dos educativos e de ações mais simples.

As sessões e lições de esgrima podem ser individuais e coletivas.

LIÇÕES INDIVIDUAIS

As lições individuais são feitas com o Mestre e aluno, visando o desenvolvimento de ações
específicas. De acordo com a finalidade, ela pode ser dividida em três tipos:

- De estudo: ensina-se ao aluno uma nova ação, ainda não aprendida nem desenvolvida.

- De manutenção ou treinamento: aprimora ações já estudadas pelo aluno e já começa a


desenvolver aplicações táticas nas lições.

- De assalto: o aluno durante um assalto dirigido deverá executar as ações aprendidas.

A estrutura da aula é dividida em:

- Aquecimento: são executadas ações simples e de fácil execução, preparando o aluno para o
trabalho principal (os exercícios tem q se assemelhar ao que será feito na lição)

- Educativos: são feitos exercícios para desenvolvimento da mecânica dos movimentos,


visando maior naturalidade dos mesmos.

- Trabalho principal: desenvolve-se uma ação específica apresentada através da frase


d’armas. É realizada gradualmente, desenvolvendo a frase ao longo do trabalho principal.

- Volta à calma: são executadas ações simples que o aluno apresentou dificuldades durante o
trabalho principal ou ações simples que o mesmo executou com facilidade. Isso dependerá do
objetivo do técnico

LIÇÕES COLETIVAS

Utilizadas quando há uma grande quantidade de alunos. Busca o desenvolvimento dos


objetivos da sessão com todos os envolvidos. Ela é dividia da seguinte forma:

A-1
- Aquecimento: realiza-se ações para trabalhar valências físicas e preparar o aluno, de maneira
específica, para o trabalho principal

- Educativos: são realizados exercícios para o desenvolvimento da mecânica das ações. O


trabalho no plastron é um exemplo, no qual os alunos executam as ações apresentadas e o
treinador executa as correções, observando cada integrante do grupo.

- Lição propriamente dita: são executadas ações específicas, mais simples que as
apresentadas nas lições individuais.

- Assalto livre ou dirigido: no assalto livre o aluno aplica os conhecimentos adquiridos e o


assalto dirigido deve-se aplicar ações específicas. Em ambas situações o técnico faz as
correções necessárias em momento oportuno.

FASES DA LIÇÃO

O técnico deve observar as características e a forma que ele desenvolve suas sessões. Um
fator importante é sempre iniciar a ações de maneira mais lenta e realizar um aumento gradual
da velocidade. Desenvolve-se as ações das mais simples para a mais complexas e deve-se
observar a fluidez dos movimentos.

O técnico deve sempre corrigir os erros dos alunos. No entanto, esses erros devem ser
corrigidos dos mais graves aos mais brandos. Ao abordar os defeitos, não deve indicar todos
de uma só vez, buscando um melhor entendimento e uma maior facilidade de autocorreção
por parte do aluno.

As lições são faseadas em uma sequência didática. Elas são feitas da seguinte forma:
decompostas a comando, decompostas sem comando, sem decompor a comando e sem
decompor e sem comando.

OBJETIVO DAS SESSÕES

As lições de esgrima são planejadas de acordo com objetivos específicos. Esses objetivos são:

- Aprendizado: as sessões com o objetivo de aprendizagem têm como foco o estudo de novas
lições. A preparação é menos específica e são planejados assaltos visando uma preparação
sumária para competições. São introduzidas noções e ensinamentos sobre arbitragem e é
realizado algumas discussões e críticas sobre a conduta nos assaltos.

- Treinamento: depende do nível técnico do aluno. A preparação passa a ser mais específica,
com desenvolvimento da técnica através das lições individuais e coletivas. O aluno realiza a
prática da arbitragem e há um estudo mais aprofundado das regras. São realizados assaltos
livres com variação dos adversários e faz-se maiores críticas aos matches disputados no que
tange a técnica e a tática.

- Aperfeiçoamento: o treinador prepara o aluno para a competição, no qual são aprofundados


os conhecimentos de regulamento. São trabalhados os pontos fortes dos alunos e busca
A-2
eliminar ou reduzir suas vulnerabilidades e dificuldades. A técnica é aprimorada e a tática é
desenvolvida, respeitando as características físicas do aluno.

A-3
- ANEXO B -
A CONDUÇÃO DA SESSÃO DE TREINAMENTO

AQUECIMENTO

Inicialmente, deve-se fazer um trabalho de mobilidade articular para melhorar as


funções das articulações voltadas para a prática da esgrima, evitando-se lesões
osteoarticulares e melhorando o movimento natural destes sistemas do corpo. As
principais articulações a serem trabalhas são o tornozelo, joelho, quadril e ombros,
onde se tem registros da maioria das lesões decorrentes do esporte.

Após a mobilização das articulações, deve-se fazer um aquecimento global do corpo


como um todo, buscando a elevação da temperatura corporal e a liberação dos
hormônios relacionados ao exercício. Pode-se utilizar o aquecimento dinâmico,
seguido de um trabalho onde sejam trabalhados algumas capacidades como tempo
de reação, coordenação, agilidade, etc.

EDUCATIVOS

São fundamentais para formar as ações de base técnica e a correção dos movimentos
de esgrima, propiciando ações mais precisas e lapidadas. Geralmente, cada
educativo tem uma finalidade específica, para a espada é importante a precisão do
toque e o correto alongamento do braço.

O exercício de toque na bolinha é muito interessante para desenvolver a precisão do


esgrimista, sendo trabalhado o doigté a todo momento. Deve-se iniciar o trabalho à
pé firme, apenas com o alongamento do braço. Após isso, deve ocorrer a progressão
dos deslocamentos passando para o toque em marcha, meio afundo, afundo e marcha
afundo.

Todas as ações podem ser treinadas nesse dispositivo, desde o golpe direto até os
ataques compostos. É importante que o toque que não chegue corretamente na
bolinha, seja repetido, não sendo contado para a quantidade de repetições de cada
exercício específico.

Outro educativo a ser desenvolvido são as ações no plastron fixo, principalmente para
o correto alongamento do braço armado para a realização do toque. Da mesma
maneira, deve-se iniciar o toque à pé firme e ir progredindo para os deslocamentos
até o marchar afundo.

Diferentemente da bolinha, no plastron é possível variar as linhas onde as ações são


executadas, podendo simular toque nas linhas altas, baixas e, dependendo do
dispositivo, na perna e pé.

B-1
ESCOLA DE PASSOS

A escola de passos é fundamental para o deslocamento em pista e principalmente no


combate. Deve-se trabalhar inicialmente deslocamentos simples como o marchar e
romper, para depois variar o ritmo e a direção do movimento. É importante a todo
momento a correção da guarda durante a escola de passos, pois uma posição de
guarda errada poderá prejudicar certos movimentos tanto ofensivos, quanto
defensivos, e, ainda, sobrecarregar alguma articulação levando a uma possível lesão.

Deve-se trabalhar além de movimentos fluidos e conectados, a coordenação de


braço-pernas para a execução correta dos ataques, contra-ataques e paradas. Em
um trabalho com esgrimistas iniciantes, é interessante fazer a escola de passos por
decomposição de cada movimento e ir aos poucos diminuindo essa divisão, até se
chegar ao movimento completo.

TRABALHO TÉCNICO

Nesse tipo de trabalho deve-se primar pela correção da técnica das ações, não
importando-se inicialmente com a velocidade de execução, mas sim como a correta
forma de executar. É importante que os erros mais graves sejam corrigidos primeiros
para depois corrigir os pequenos detalhes.

Podem ser realizados trabalhos em dupla, onde os alunos executam uma ação de
base e algumas variações pretendidas para aquele exercício. Deve se observar
enquanto eles executam e corrigir oportunamente para que assimilem o que devem
fazer, assim executando da maneira correta o movimento, além de não ficarem com
um “vício” naquela ação.

TRABALHO TÁTICO

Esse é o trabalho que se não for bem conduzido, independente do grau de correção
técnica do aluno, resultará no insucesso do combate. A percepção tática é como o
esgrimista irá reagir frente as ações ou reações que o seu adversário apresenta,
encontrando uma resposta para os problemas que surgem durante o combate.

Deve-se sempre estudar e observar o adversário para buscar as ferramentas


necessárias a fim de neutralizá-lo. Isso pode ser feito com assaltos dirigidos na sala
de esgrima, onde são escolhidas algumas ações que devem ser obrigatoriamente
realizadas, forçando o aluno a desenvolver aquela ação.

O mais importante é desenvolver a percepção do aluno para identificar quando ele irá
usar cada ação, além de obter uma variação das ações que ele poderá nos combates,
não se tornando previsível e com a mesma intenção sempre.

B-2
REFERÊNCIAS

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