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No artigo produzido pelo Doutor George C ajaty Barbosa Braga e pela Perita de Incêndio Helen Ramalho
de Oliveira Landim ambos do C orpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. Públicado no C apítulo XXII
do livro "A segurança contra incêndio no Brasil". C oordenação de Alexandre Seito e outros.
encontramos importantes informações sobre a atividade de investigação científica nos incêndios.
1 INTRODUÇÃO
Kirk’s Fire Investigation, de John D. DeHaan, e o NFPA 921Guide for Fire and Explosion Investigations,
da National Fire Protection Association.
Para muitos, a investigação de um incêndio pode ser somente para determinar se foi criminoso ou não.
Entretanto, investigações de incêndio têm um sentido mais amplo, que chega até mesmo à engenharia
de segurança contra incêndio. Por meio das investigações de incêndio é possível saber se um
determinado produto tem defeito de fabricação capaz de originar um incêndio ou que uma determinada
prática também concorra para este tipo de ocorrência. Com base neste conhecimento, ainda muito
incipiente no Brasil, é possível melhorar produtos e atualizar normas de proteção contra incêndio,
buscando sempre um aumento da segurança da população. Apesar do início da investigação poder
ocorrer em qualquer tempo, quanto mais cedo for iniciada, mais informações sobre o seu
desenvolvimento e comportamento serão obtidas. De acordo com o
Kirk’s Fire Investigation [DEHAAN, 2005], a atuação do investigador inicia antes mesmo da extinção do
incêndio, uma vez que este pode obter informações mais precisas sobre o sinistro quando ainda está
sendo combatido.
Assim que o acesso ao local do incêndio estiver seguro, embora o ambiente ainda esteja com altas
temperaturas, o investigador poderá colher as primeiras impressões de dentro do local sinistrado. Neste
momento ainda não se iniciou a operação de rescaldo, que é o resfriamento de pontos quentes do
ambiente, a fim de evitar a reignição do incêndio. Por isso mesmo, em decorrência da preservação da
cena, poderá revelar importantes informações a respeito do sinistro.
É importante que o trabalho de rescaldo seja o mais criterioso possível, diminuindo ao máximo a
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quantidade de material removido e até mesmo catalogando o exato local onde ele se encontrava antes
de ser retirado. É nesta fase onde boa parte das evidências é destruída, podendo dificultar, ou até
mesmo tornar impossível, a investigação do incêndio. Apesar de muitos bombeiros terem noção da
importância da preservação do local, a presença do investigador neste momento reforçará o
procedimento, podendo até mesmo orientar a ação realizada pelos bombeiros.
É a partir deste momento que o investigador tem condições de trabalhar de uma forma mais
abrangente e completa. Nesta fase é possível verificar os padrões de queima, bem como a situação do
local após o incêndio, procurando evidências que o ajudarão, em conjunto com as entrevistas com
testemunhas e bombeiros, a reconstruir a cena e buscar o local de origem do fogo, sua causa e como o
fogo se propagou. Uma das informações primordiais que o investigador deve buscar é o que iniciou o
incêndio, tentando compreender e correlacionar os fatos que ocorreram antes e como o incêndio se
propagou. Estas informações serão de importância ímpar para a proteção contra incêndio, pois uma
investigação bem feita pode fazer com que normas e procedimentos sejam revistos e atualizados.
Todo investigador de incêndio precisa desenvolver suas atividades em conformidade com uma
metodologia que lhe permita apontar, de forma criteriosa, a causa do incêndio. Isso exige organização,
conhecimento e dedicação, definindo suas ações antes mesmo de iniciá-las. Laudos periciais são, não
raras vezes, subsídios de decisões judiciais. A metodologia utilizada no laudo permitirá ao magistrado,
bem como a todo cidadão a quem possa interessar, a compreensão dos fatos que culminaram com o
sinistro. Por isso mesmo, não basta ao perito somente conhecer bem o assunto. É igualmente
necessário que saiba se expressar de forma clara e concisa a respeito da investigação. A seguir serão
abordadas as principais ações a serem desenvolvidas na investigação de incêndios.
Nenhum local de incêndio pode ser devidamente periciado se o cenário original não for mantido para os
investigadores. A perícia de incêndio apresenta uma grande desvantagem na preservação dos vestígios
em relação a outros tipos de perícia. Enquanto que, em exames de balística, as provas, geralmente, se
mantêm após o evento, os vestígios decorrentes do incêndio já foram duramente testados pela ação
direta das chamas e do calor e o que resta é, não raras vezes, insuficiente para a determinação da
causa. Não obstante, a ação dos bombeiros durante o combate também deteriora a preservação total
das provas, seja pela ação da água durante a extinção, seja pela movimentação dos escombros para
resfriamento dos pontos de calor, durante o rescaldo. Os investigadores de incêndio precisam ser
pessoas com atenção apurada, com conhecimento técnico aprofundado sobre como se processa o
incêndio, com suas características e comportamento padrão, além de saber analisar corretamente os
vestígios coletados na cena do incêndio. A cena do precisa ser preservada até uma investigação
completa do sinistro, o que pode levar dias, senão meses.
Segundo Pedersen, a investigação de incêndio segue uma cadeia cronológica de eventos, estabelecido
pelas testemunhas, pelo cenário do incêndio e por testes laboratoriais,
Ao chegar ao local do incêndio, o investigador deve, primeiramente, delimitar o cenário a ser analisado,
ou seja, o objeto da investigação, bem como relacionar, o mais detalhadamente possível, os óbitos ou
as lesões em vítimas (se houver). A avaliação permitirá formular um plano estratégico de trabalho,
onde os dados coletados devem possibilitar ao investigador o preparo de um relatório. Constituem
ações metodológicas de uma investigação:
coleta de informações;
registro fotográfico;
queimados);
É importante lembrar que incêndios com vítimas devem ser periciados emconjunto com a perícia
criminalística, a fim de que os trabalhos em campo não prejudiquem uma ou outra perícia. Isso
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exige esforços em conjunto de mais de uma instituição e, provavelmente, demandará mais
tempo de trabalho dos investigadores envolvidos.
O investigador deve buscar coletar o maior número possível de dados sobre o evento, por meio
de observação direta, medições, fotografias, testes laboratoriais, estudos de caso e entrevistas
às testemunhas. Estas deverão ser qualificadas no relatório, com o maior número de dados a
respeito, inclusive endereço e telefone de contato e sua condição de testemunha do incêndio (se
proprietário, observador, vizinho, bombeiro, etc.).
O investigador deve buscar coletar o maior número possível de dados sobre o evento, por meio
de observação direta, medições, fotografias, testes laboratoriais, estudos de caso e entrevistas
às testemunhas. Estas deverão ser qualificadas no relatório, com o maior número de dados a
respeito, inclusive endereço e telefone de contato e sua condição de testemunha do incêndio (se
proprietário, observador, vizinho, bombeiro, etc.). As informações obtidas das testemunhas
devem ser coletadas primeiramente de forma livre, deixando que o indivíduo fale tudo o que se
lembra sobre o evento para, somente depois, serem feitas as perguntas julgadas importantes.
Dessa forma, é possível analisar possíveis contradições nos depoimentos e a confrontação destas
com os vestígios ou até mesmo sanar possíveis dúvidas dos investigadores. O relato dos
bombeiros envolvidos no combate também é muito importante para o laudo, uma vez que estes
são testemunhas oculares do comportamento do incêndio. Por serem os primeiros agentes
públicos a chegar ao local e ainda por poderem alterar a cena original por necessidade do
combate ao incêndio, os bombeiros podem informar aos investigadores dados importantes como:
quebra de janelas, abertura de portas ou feitas nos tetos e paredes, técnicas e procedimentos de
combate adotados, inclusive de ventilação (uma vez que esta afeta sobremaneira o
comportamento do calor e das chamas). Conseqüentemente, a integração entre os
investigadores de incêndio e os combatentes que atuaram no incêndio deve ser a maior possível.
É importante que, nos casos de coleta de depoimentos de vítimas hospitalizadas ou em condição
de trauma psicológico decorrente do incêndio, os investigadores se assegurem, pela medida do
bom senso, que estas estejam em condições de falar a respeito. Medicações fortes podem
alterar o quadro mental da vítima e dificultar ou confundir lembranças a respeito do sinistro. A
análise de toda a edificação, inclusive das áreas não atingidas, deve ser considerada pelos
investigadores. Isso porque, em alguns casos, a fonte de calor que originou o incêndio não se
encontra no ambiente sinistrado, podendo ter sido trazida por meio de fossos de ventilação,
sistema de ar condicionado, dutos técnicos, escadas ou janelas.
Todo levantamento de dados sobre o incêndio visa assegurar, de forma objetiva, se os vestígios,
inclusive o depoimento das testemunhas, são verídicos e harmônicos entre si. O investigador
precisa utilizar sua experiência e conhecimentos a fim de oncatenar os vestígios coletados e
definir o comportamento do incêndio. É importantíssimo que este conheça bem como se
comporta o incêndio nos diversos tipos de edificação, a fim de melhor compreender os vestígios
encontrados na cena do incêndio. Por isso mesmo, em vários países, investigadores de incêndios
são bombeiros com grande experiência de combate. A análise do comportamento do incêndio
será abordada mais adiante.
Depois da análise dos dados obtidos, os investigadores devem relacionar, uma a uma, todas as
hipóteses possíveis quanto à causa que estejam em conformidade com os vestígios e com o
relato das testemunhas. Em princípio, na investigação onde não foi possível estabelecer qual foi
o comportamento do fogo,nenhuma hipótese pode ser descartada. Todas as possibilidades
devem serconsideradas, a fim de que não restem dúvidas, ao final dos trabalhos, de como
seoriginou o sinistro.É importante lembrar que um mesmo comportamento desenvolvido pelo
calore pelas chamas pode admitir mais de uma possibilidade de causa.
Também conhecida como a fase da conclusão ou opinião dos investigadores, este passo visa
levantar a hipótese provável, baseada em uma confrontação harmônica entre os vestígios
coletados e as informações das testemunhas. Quando uma hipótese consistente é confrontada
harmonicamente com as evidências e, conseqüentemente, pode se tornar a hipótese final, o
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laudo pode apontar a causa do incêndio. Se isso não for possível, a causa deve ser considerada
indeterminada ou, como adotada oficialmente por algumas instituições, causa não apurada.
Geralmente, o incêndio se propaga em forma de raio, do centro para fora, quando o vento não é
significativo. Conseqüentemente, as marcas de queima no foco inicial são mais profundas exceto
se as chamas se propagarem para um material mais combustível.
Fase inicial
Nestas fases o incêndio torna-se mais intenso na medida em que mais materiais participam da
queima. Estas são as fases de maior produção de chamas, onde a temperatura no teto está
acima de 700oC. O que o investigador pode verificar em um incêndio que foi combatido ainda
nestas fases:
O exame dos objetos no ambiente sinistrado ajuda a identificar mais facilmente a zona de
origem do fogo.
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4.2.2 Edificações de madeira
As causas possíveis de incêndios são mais comumente tipificadas em: fenômeno termoelétrico,
fenômeno natural, fenômeno químico, origem acidental e ação pessoal. A ação pessoal pode ser
ainda subdividida em acidental, intencional ou indeterminada. Algumas instituições adotam a
indicação de causa decorrente de ação de criança. Existe ainda a situação em que a causa não
pode ser apontada.
Compreende todo incêndio causado por mau funcionamento da corrente elétrica: centelhamento,
desconexão parcial, sobrecarga, contato imperfeito, grafitização, curtocircuito e sobretensão.
Representa todo incêndio cuja causa está relacionada com comportamentos da natureza ou
anomalias da edificação: queda de raio, vendaval, deslizamento, desmoronamento, terremoto.
Este tipo de causa também comporta a combustão natural, como o exemplo do fósforo branco.
Também conhecido como incêndio criminoso, este tipo de evento envolve dolo, ou seja,
intenção de causar o incêndio. Geralmente, é caracterizado pela presença de múltiplos
focos iniciais, comportamentos de queima anômalos ou presença de agentes aceleradores,
mais comumente, hidrocarbonetos (gasolina, álcool, querosene). Pontos com agentes
aceleradores apresentam, na maior parte das vezes, marcas de queima em maior
profundidade e seus vestígios podem ser analisados por meio de testes laboratoriais. Para
isso, é necessário que o perito saiba coletar e acondicionar corretamente a amostra, sob
pena de perder os traços deixados pelo agente acelerador. Investigação de incêndio que
envolva ressarcimento de prejuízo por meio de seguro deve considerar esta possibilidade
até que possa descartada pelos vestígios. Incêndios criminosos com intenção de receber o
valor assegurado não são tão raros quanto deveriam.
É toda origem de incêndio decorrente de ação humana sem dolo, ou seja, sem
intenção de causar dano. Geralmente, é conseqüente de negligência, imprudência ou
imperícia. Ex: velas esquecidas acesas, cigarros mal apagados.
Existem dados considerados essenciais em um relatório, seja ele pericial ou técnico. Estes
devem ser capazes de informar as principais características do local sinistrado, do incêndio e das
vítimas, se houver. Quanto mais informações existirem no laudo, mais este tende a ser eficiente
pelo detalhamento do ocorrido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEHAAN J. D.,
FORNEY G.P.,
LILLEY, D. G., Fire investigation: Origin, Cause, and Responsibility, Proceedings of the
32nd Intersociety - Energy Conversion Engineering Conference, Volume 1, pág. 631-
635, 1997.
MADRZYKOWSKI, D.; VETTORI, R., Cherry Road N.E MCGRATTAN K., Editor, National
Institute of Standards and Technology 6467, 2000.
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