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Boletim Epidemiológico Paulista ISSN 1806-4272

INFORME MENSAL SOBRE AGRAVOS À SAÚDE PÚBLICA


Ano 1 Número 12 dezembro 2004

NESTA EDIÇÃO EDITORIAL


Investigação de Surto de Doença Exantemática Com esta edição, o Boletim Epidemiológico Paulista,
em Municípios da Diretoria Regional de o Bepa, completa seu primeiro ano de existência. São
Saúde XXII - São José do Rio Preto, setembro a 12 números nesse primeiro ano, todos saindo na última
dezembro de 2004.............................................pág. 2 sexta-feira do mês, sem falta. Sem dúvida um motivo
para comemorar, nunca a Secretaria de Estado da
Saúde de São Paulo (SES) pôde contar com um boletim
Av a l i a ç ã o d a E f e t i v i d a d e d a U t i l i z a ç ã o epidemiológico tão regular e de tão boa qualidade. O
de Coleiras Impregnadas com Deltametrina resultado de um esforço coletivo de muitos, mas um
a 4% para o Controle da Leishmaniose destaque deve ser dado à equipe que cuida da sua edi-
Visceral Americana no Estado de São Paulo: ção, altamente profissional.
Resultados Preliminares .................................pág. 7 Este número apresenta dois artigos que merecem
destaque. Um reflete o amadurecimento do sistema de
vigilância epidemiológica, relatando um surto de erite-
Diagnóstico Sobre o Uso de Glutaraldeído em ma infeccioso (infecção pelo parvovírus B19) na região
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde ........pág.14 de São José do Rio Preto. Mais uma investigação epi-
demiológica com a participação da primeira turma do
Violência Sexual: É Preciso Vencer o Medo e EPI-SUS paulista, o curso de formação em epidemiolo-
Enfrentar o Problema......................................pág.18 gia que a SES implantou conjuntamente com a
Faculdade de Saúde Pública da USP , o com a colabo-
ração do Ministério da Saúde e do CDC dos EUA.
Notas................................................................pág.20
Outro é o relato preliminar dos resultados de um
estudo de dois anos em Andradina, região noroeste do
O Boletim Epidemiológico Paulista é uma publicação estado, avaliando o impacto—trata-se de um estudo de
mensal do Grupo Técnico de Implantação da efetividade—do emprego de coleiras impregnadas com
Agência Paulista de Controle de Doenças, da
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. deltametrina em cães para o controle da transmissão da
Av. Dr. Arnaldo, 351 - 1º andar, sl. 100 leishmaniose visceral americana (LVA). Os resultados
CEP: 01246-902 são animadores, abrindo a possibilidade de se alcançar
Tel.:(11) 3066-8823 e 3066-8825
bepa-agencia@saude.sp.gov.br
o controle da LVA sem recorrer ao sacrifício dos cães
infectados, medida desumana e de efetividade questio-
nável. Associada às ações de controle da população
EXPEDIENTE
canina, atualmente sendo avaliadas na mesma região,
Grupo Técnico de Implantação da Artur Kalichman
Agência Paulista de Controle de Centro de Referência e a SES vislumbra poder controlar a LVA no Estado.
Doenças (GTI) Treinamento em DST/Aids
São muitos aspectos para comemorar, inclusive a
Coordenador Osmar Mikio Moriwaki readequação administrativa da SES, ora em curso, que
Luiz Jacintho da Silva Superintendência de Controle de
Endemias deverá facilitar a cooperação entre os diferentes servi-
Editor ços responsáveis pela vigilância e controle dos agravos
Luiz Jacintho da Silva Maria Maeno
Centro de Referência em Saúde e doenças.
Conselho Editorial do Trabalhador
Carlos Magno C. B. Fortaleza Infelizmente, há algo a lamentar. Nesse mês de
Centro de Vigilância Epidemiológica dezembro a saúde pública perdeu um de seus grandes
Coordenação Editorial
Iara Camargo
Cecilia Abdalla
pesquisadores e batalhadores, o Dr. Diltor Opromolla,
Centro de Vigilância Sanitária sem dúvida uma das maiores autoridades em hansenía-
Cláudia Malinverni
Carlos Adalberto Sannazzaro Sylia Rehder se da atualidade, não somente no Brasil. O Dr. Opromolla
Instituto Adolfo Lutz Núcleo de Comunicação - GTI
foi um dos responsáveis pela transformação de um antigo
Neide Yume Takaoka
Instituto Pasteur
hospital-colônia de lepra num dos principais institutos de
Projeto Gráfico/Editoração
Marcos da Cunha Lopes Virmond Eletrônica
pesquisa em hansenologia do país. Sua ausência será
Instituto Lauro de Souza Lima Marcelo F. Monteiro - Fesima sentida, mas continuará presente entre nós.
Fernando Fiuza Marcos Rosado - CVE/Nive
Instituto Clemente Ferreira Zilda Souza - CVE/Nive
Luiz Jacintho da Silva

Agência Paulista de Controle de Doenças


Boletim Epidemiológico Paulista

de Saúde). Dessa forma, diversas providências com


Investigação de Surto de Doença relação à estratégia de campo foram tomadas pelas
Exantemática em Municípios da equipes da DDTR/CVE e EPI-SUS/SP que se desloca-
ram à DIR XXII no dia 1 de dezembro de 2004.
Diretoria Regional de Saúde XXII - São Os principais objetivos desta investigação foram:
José do Rio Preto, setembro a
! confirmar a existência de um surto;
dezembro de 2004
! conhecer a etiologia da doença exantemática em
questão;
EPI-SUS/SP
Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória do Centro de ! investigar os casos suspeitos de sarampo e/ou
Vigilância Epidemiológica SP rubéola para o adequado descarte ou confirma-
Seção de Vírus Produtores de Exantemas - Instituto Adolfo Lutz
Central - São Paulo ção, de acordo com as normas previstas no Guia
Vigilância Epidemiológica da Direção Regional de Saúde XXII de Vigilância do Plano de Erradicação do
Instituto Adolfo Lutz Regional - São José do Rio Preto Sarampo, Plano de Controle da Rubéola e
Vigilância Epidemiológica do Município de São José do Rio Preto (3)
Síndrome da Rubéola Congênita .
Vigilância Epidemiológica do Município de Votuporanga
Vigilância Epidemiológica do Município de Nova Aliança ! selecionar e coletar amostras para o diagnóstico
Vigilância Epidemiológica do Município de Magda diferencial de doenças exantemáticas;
Vigilância Epidemiológica do Município de Nova Granada
! selecionar uma amostra de casos suspeitos de um
serviço particular do município de São José do Rio
Introdução Preto.
As doenças exantemáticas são causadas por uma
grande quantidade de agentes etiológicos, dentre os
quais os vírus respondem pela vasta maioria, tradu- Método
zindo-se em apresentações clínicas que podem ser Para a investigação de campo nos diversos municí-
confundidas com sarampo e rubéola .
(1) pios selecionados formaram-se equipes com profissio-
Atualmente, a Secretaria de Saúde do Estado de nais da DDTR/CVE, EPI-SUS/SP, DIR XXII e vigilân-
São Paulo, assim como o Ministério da Saúde, têm, cias epidemiológicas dos municípios envolvidos.
entre outras metas, a erradicação do sarampo e o Foram realizadas reuniões com as várias institui-
controle da rubéola(2,3). ções envolvidas, com o objetivo de se conhecer a atual
No estado de São Paulo, no que se refere ao situação dos casos de doença exantemática em São
diagnóstico diferencial das doenças exantemáticas, José do Rio Preto e municípios vizinhos, assim como
há somente dados de sarampo, rubéola e dengue, planejar a execução da investigação de campo.
que são doenças de notificação compulsória. Durante as visitas aos municípios foram investiga-
Doenças como eritema infeccioso, escarlatina e dos e selecionados casos para a coleta de amostras
exantema súbito, entre outras, devem ser notificadas com a finalidade de se pesquisar o diagnóstico diferen-
apenas em situações de surtos. cial de doenças exantemáticas, de acordo com um
Ao longo do mês de novembro, os municípios de fluxo estabelecido com o Instituto Adolfo Lutz (IAL-
São José do Rio Preto (SJRP), Votuporanga, Nova Regional/SJRP e IAL-Central/SP). O critério utilizado
Aliança, Nova Granada e Magda notificaram à para a seleção dos casos foi baseado em manifesta-
Vigilância Epidemiológica (VE) da Direção Regional ções clínicas e na oportunidade da coleta de amostras
de Saúde de São José do Rio Preto (DIR XXII), um (até o 28º dia após o início do exantema).
aumento do número de casos de doenças exante- As fontes de informação utilizadas foram: fichas de
máticas, solicitando a avaliação sorológica para o atendimentos ambulatoriais, fichas de notificação e
diagnóstico diferencial de casos suspeitos de investigação de doenças exantemáticas (Sinan), fichas
sarampo e rubéola. Na ocasião, já havia a hipótese de notificação de surtos (Sinan), relatos de médicos da
diagnóstica de eritema infeccioso, realizada por rede pública e particular, resultados de exames realiza-
médicos da região. dos pelo IAL-Regional e planilhas de casos de doença
Para dar seguimento à investigação já iniciada exantemática elaboradas pelas vigilâncias epidemioló-
pelos municípios, a VE da DIR XXII solicitou à Divisão gicas municipais e DIR XXII.
de Doenças de Transmissão Respiratória do Centro Os casos notificados como sarampo ou rubéola
de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado seguiram o fluxo de investigação epidemiológica e labo-
da Saúde de São Paulo (DDTR/CVE) a presença da ratorial já padronizado para estas doenças, com amos-
equipe do EPI-SUS/SP (Programa de treinamento tras biológicas sendo processadas pelo IAL-Regional.
em epidemiologia de campo voltado ao Sistema Único No município de São José do Rio Preto realizou-se

Página 2 Agência Paulista de Controle de Doenças dezembro de 2004


Boletim Epidemiológico Paulista

busca ativa em um serviço pediátrico particular e de Com relação ao período de apresentação da


convênio, onde havia grande demanda de doença, a maioria dos pacientes desenvolveu os
atendimentos. primeiros sintomas entre as semanas epidemiológi-
Para a inclusão de pacientes no surto, foi utilizada a cas 46 e 47, que correspondem de 14 a 27 de novem-
seguinte definição de caso: “indivíduo de qualquer ida- bro de 2004. A curva sugere modo de transmissão
de, apresentando quadro clínico de exantema, com ou pessoa a pessoa, conforme demonstrado na figura 1.
sem febre; a partir de 20 de setembro de 2004, residen-
te em algum dos municípios da DIR XXII”. Figura 1
Curva epidêmica dos casos de doença exantemática segundo
As amostras selecionadas para o diagnóstico de semana epidemiológica do início dos sintomas. DIR XXII*, setembro
eritema infeccioso foram processadas pela seção de a dezembro de 2004

vírus produtores de exantemas do IAL-Central. Para a


55
detecção laboratorial do parvovírus B19 foi utilizado o
50
Imunoensaio Enzimático Biotrin Parvovírus B19 IgM,
45
que é um teste imunoenzimático tipo sanduíche de
micro-captura, para a detecção de anticorpos da classe 40

IgM no soro e plasma humano. Nesse teste, a presença 35

ou ausência de anticorpos específicos da classe IgM é 30

determinada em relação a um valor de referência. 25

20

15
Resultados
10
Foram investigados 206 casos em cinco municí- 5
pios: Votuporanga, Magda, São José do Rio Preto,
0
Nova Aliança e Nova Granada; sendo que os dois 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48

últimos se situam a menos de 40 km do município de Semana Epidemiológica

Fonte: Planilhas da Vigilância Epidemiológica dos Municípios da DIR XXII


São José do Rio Preto (sede da DIR), e os dois *Municípios de S.J.R.P., Votuporanga, Magda, Nova Aliança e Nova Granada
primeiros, cerca de 100 km a Noroeste de São José
do Rio Preto. Com relação à distribuição geográfica O coeficiente de incidência foi semelhante em
dos casos, a maioria residia nos municípios de São ambos os sexos (0,36 e 0,37 por 1.000 habitantes,
José do Rio Preto (46,6%), Votuporanga (23,3%) e nos sexos feminino e masculino, respectivamente).
Nova Aliança (21,4%). O resumo da distribuição de A idade dos pacientes acometidos variou de 8
casos e coeficientes de incidência nos municípios da meses a 76 anos, com média de 9,9 anos e mediana
DIR XXII está descrito na tabela 1. de 7 anos. A faixa etária mais acometida foi de 5 a 9
Tabela 1 anos, com coeficiente de incidência de 2,58 por 1.000
Distribuição de casos e coeficientes de incidência (por 1.000 habitantes (figura 2).
habitantes) de doença exantemática, segundo município de
residência. DIR XXII*, 20 de setembro a 04 de dezembro de 2004
(semanas epidemiológicas 38 a 48) Figura 2
Distribuição dos casos de doença exantemática segundo faixa etária
MUNICÍPIO Nº Casos % Casos População Coeficiente de Incidência** (número e coeficiente de incidência por 1.000 habitantes). DIR XXII*,
setembro a dezembro de 2004 (semanas epidemiológicas 38 a 48)
Nova Aliança 44 21,36 5.000 8,80 100 3,00
Nova Granada 5 2,43 17.879 0,28
90
Votuporanga 48 23,30 80.100 0,60 2,50
Magda 13 6,31 3.315 3,92 80
C o e f ic ie n t e d e In c id ê n c ia ( p o r 1 .0 0 0 h a b )

SJRP*** 96 46,60 389.781 0,25 70


2,00

TOTAL 206 100,00 496.075 0,42 60


Nº Caso s

50 1,50
Fontes: Datasus/MS e Planilhas da Vigilância Epidemiológica dos Municípios
da DIR XXII.
40
*Municípios de São José do Rio Preto, Votuporanga, Magda, Nova Aliança e
Nova Granada. 1,00
30
** por 1.000 habitantes
*** São José do Rio Preto 20
0,50

Com relação ao contato, 97 pacientes (47,1%) 10

estudavam em creche ou escola onde ocorreram 0 0,00


<1 1a4 5a9 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 e mais
outros casos de doença exantemática; 26 (12,6%) Faixa Etária
referiam contato domiciliar e 71 (34,5%) não tinham Fonte: Planilhas da Vigilância Epidemiológica dos Municípios da DIR XXII.
história de contato com outro caso semelhante. *Municípios de S.J.R.P., Votuporanga, Magda, Nova Aliança e Nova Granada

dezembro de 2004 Página 3


Boletim Epidemiológico Paulista

Os sinais e sintomas mais encontrados foram Considerando a avaliação clínica de grande parte
exantema (100%), febre (31%) e gânglios (26%) dos casos residentes nos municípios de São José do
(figura 3). Rio Preto, Votuporanga e Nova Aliança, que sugeria o
diagnóstico de eritema infeccioso, foram coletadas 26
Figura 3 amostras biológicas para a realização de sorologia
Distribuição dos casos de doença exantemática segundo sinais e
sintomas. DIR XXII*, setembro a dezembro de 2004 (semanas para parvovírus B19, processadas pelo IAL-Central.
epidemiológicas 38 a 48) O resultado de IgM foi reagente para este agente em
SINAIS E SINTOMAS Nº Casos % Casos 23 amostras (88,5%). Quatro casos inicialmente sus-
peitos no município de Votuporanga tiveram diagnós-
Exantema 206 100,00 tico sorológico de dengue, sendo excluídos desta
Febre 64 31,07 casuística por não terem apresentado exantema.
Gânglios 54 26,21 Um dos casos confirmados de parvovírus do muni-
Hiperemia Orofaringe 32 15,53 cípio de São José do Rio Preto era uma gestante que
Coriza 23 11,17 adquiriu a infecção no primeiro trimestre da gestação.
Tosse 21 10,19 Foi orientado seguimento acurado desta gestação.
Prurido 17 8,25 O município de Nova Granada havia notificado
Artralgia 14 6,80 cinco casos de doença exantemática, dos quais três
Conjuntivite 7 3,40 pertenciam a uma mesma família e tiveram diagnósti-
Dor retro-ocular 5 2,43 co clínico de escabiose, com resultado de IgM não
reagente para sarampo, rubéola e dengue. Com
Total: 206 pacientes relação aos demais casos deste município, um não foi
Fonte: Planilhas da Vigilância Epidemiológica dos Municípios da DIR XXII
encontrado devido a endereço incorreto, e o último
*Municípios de S.J.R.P., Votuporanga, Magda, Nova Aliança e Nova Granada caso era uma criança de três anos que preenchia
definição de caso para rubéola, porém, com IgM não
Na figura 4 está demonstrado o exantema reagente para esta doença e para sarampo.
tipicamente encontrado nos casos de eritema
No município de Magda foram notificados quatro
infeccioso em creches/escolas do município de São
casos de doença exantemática em uma mesma
José do Rio Preto.
família, os quais possuíam quadro clínico clássico de
Figura 4 escarlatina, segundo a avaliação de médicos da rede
Foto de criança com eritema infeccioso
básica de saúde. A VE do município realizou busca
Foto cedida pela VE do Município de São José do Rio Preto

ativa em 506 prontuários de um serviço médico de


referência, de 1 a 30 de novembro de 2004, encon-
trando nove casos suspeitos de dermatite alérgica.
De acordo com a investigação domiciliar, verificou-se
que estes pacientes não preenchiam definição de
caso para sarampo, rubéola e/ou dengue.
Os resultados da investigação em cada município
estão descritos na figura 5.
Figura 5
Resultados da investigação etiológica nos municípios da DIR XXII*.
Setembro a dezembro de 2004 (semanas epidemiológicas 38 a 48)
Casos Casos com
Total de Casos IgM Casos Casos
selecionados outros
casos (+) para IgM (+) IgM (+)
MUNICÍPIO para a realização diagnósticos
investigados parvovírus para para
de sorologia de clínicos ou
rubéola sarampo
Fonte: Planilhas da Vigilância Epidemiológica dos Municípios da DIR XXII parvovírus B19 laboratoriais
*Municípios de S.J.R.P., Votuporanga, Magda, Nova Aliança e Nova Granada
SJRP 96 15 14 1** 1** -
VOTUPORANG 52 6 6 1 1 4 (Dengue)
Nos pacientes com vacinação conhecida, em A
nenhum caso houve associação temporal entre o N. ALIANÇA 44 5 3 0 0 -
início do quadro clínico de exantema e a aplicação da
N. GRANADA 05 0 0 0 0 3 (Escabiose)
vacina contra sarampo e/ou rubéola.
MAGDA 13 0 0 0 0 4 (Escarlatina)
Com relação à evolução de todos os casos investi-
TOTAL 210 26 23 2 2 -
gados, não se verificou nenhum óbito, e apenas um
paciente foi internado no município de Votuporanga, Fontes: Planilhas da Vigilância Epidemiológica dos Municípios da DIR XXII,
IAL-Central e IAL-Regional
recebendo alta sem seqüelas. *Municípios de S.J.R.P., Votuporanga, Magda, Nova Aliança e Nova Granada
** mesmo caso

Página 4 Agência Paulista de Controle de Doenças dezembro de 2004


Boletim Epidemiológico Paulista

Foi realizada busca ativa nas fichas de atendi- me, mas a primeira associação entre o parvovírus B19
mento referentes aos meses de setembro a novem- e a quinta doença foi feita apenas em 1984, por ocasião
(5)
bro de 2004, em um serviço pediátrico particular e de um surto em uma escola de Londres .
de convênio em São José do Rio Preto. A relação de A doença afeta principalmente crianças entre 5 e
atendimentos mensais e casos suspeitos está 15 anos de idade, com igual distribuição entre os
descrita na tabela 2. sexos(4,5,6,7). No presente surto também foi encontrada
Tabela 2 incidência praticamente igual em ambos os sexos. A
Resumo de atendimentos e casos suspeitos de doença faixa etária mais acometida foi de 5 a 9 anos, com
exantemática do pronto-atendimento pediátrico. Município de São
José do Rio Preto, setembro a novembro de 2004
coeficiente de incidência de 2,58/1.000, seguida da
faixa etária de 1 a 4 anos (1,72/1.000 habitantes).
Mês de Atendimento Nº de atendimentos Nº de casos suspeitos % de casos suspeitos O período de incubação varia de 4 a 14 dias . A
(7,8,9)

transmissão do parvovírus B19 ocorre através de


Setembro 2.848 54 1,89 secreções respiratórias, facilitada pelo contato íntimo
pessoa a pessoa em comunidades fechadas, como
Outubro 2.248 82 3,65 domicílios, escolas e creches6,9. Encontramos 97
pacientes (46,2%) que estudavam em creche ou
Novembro 1.974 53 2,68 escola onde ocorreram outros casos de doença
exantemática e 26 (12,4%) referiam contato domici-
Total 7.070 189 2,67 liar com casos semelhantes.
Casos de eritema infeccioso podem ocorrer ao
Fonte: Fichas de pronto-atendimento pediátrico de SJRP
longo de todo o ano; no entanto, os surtos apresen-
tam um padrão sazonal, com maior incidência no final
Quanto ao local de residência dos pacientes do inverno e início da primavera(5,6,8,9). O surto investi-
atendidos nesse serviço, 165 (86,8%) residiam em gado apresentou um aumento do número de casos a
SJRP, 14 (7,4%) nos municípios adjacentes e não partir do final do mês de setembro, que representa o
foi possível conhecer o local de residência de 11 início da primavera.
(5,8%) casos. A idade variou de cinco meses a 15
No Brasil, este agente é diagnosticado apenas
anos, com média de 5,2 anos e mediana de 4,8
durante a investigação sorológica dos diagnósticos
anos. Não foi possível obter dados em relação à
diferenciais de casos suspeitos de sarampo e
variável sexo. Todas as crianças apresentaram (2,3)
rubéola .
exantema, sintoma essencial no critério de sele-
ção. A febre esteve presente em 26,8% dos casos, No município de Campinas foi desenvolvido um
o prurido em 24,2% e o aparecimento de gânglios projeto de doenças febris exantemáticas, com a
em 5,8%. participação de instituições nacionais e internacio-
nais, durante um ano (2003 a 2004). Todo paciente
As hipóteses diagnósticas de reação alérgica e
menor que 40 anos de idade, residente em
urticária estiveram presentes em aproximadamente
Campinas, apresentando febre e exantema foi
50% das fichas do pronto-atendimento e diagnósti-
cos de “exantemas a esclarecer” foram encontrados notificado e submetido à investigação clínica, epide-
em cerca de 30%. miológica e laboratorial para vários agentes etiológi-
cos de doenças exantemáticas, entre elas: sarampo,
rubéola, eritema infeccioso, dengue, exantema
Discussão súbito, escarlatina, enterovírus, etc. Os resultados
Considerando que o eritema infeccioso não é uma esperados deste trabalho irão contribuir para o
doença de notificação compulsória, não existem conhecimento das doenças febris exantemáticas e
dados de prevalência que possam indicar tendências sua magnitude em nosso meio.
do comportamento desse agravo. Nesse caso, a RAMSAY et al. (2002) realizaram um estudo sobre
confirmação da existência de um surto fica prejudica- a prevalência das doenças exantemáticas em clíni-
da e dependente de um sistema de vigilância epide- cas da Inglaterra, entre 1996 e 1998. Os autores
miológica local alerta para a detecção oportuna do estudaram 195 crianças abaixo de 16 anos de idade,
aumento de casos de doenças exantemáticas. com manifestação clínica de febre e exantema
O eritema infeccioso, também conhecido como a morbiliforme, pertencentes a uma população com alta
quinta doença, foi descrito pela primeira vez no início do cobertura vacinal. A confirmação laboratorial foi
(4,5)
século XIX . O agente etiológico desta doença, deno- possível em 93 casos (48%), dos quais 34 (17%)
minado posteriormente parvovírus B19, foi detectado foram causados pelo parvovírus B19. Nenhum caso
em 1981 no soro de duas crianças com anemia falcifor- de sarampo ou rubéola foi encontrado(1).

dezembro de 2004 Agência Paulista de Controle de Doenças Página 5


Boletim Epidemiológico Paulista

No eritema infeccioso, o período prodrômico é foram reagentes para parvovírus B19.


geralmente assintomático; mas 5 a 10% dos casos Quanto aos resultados encontrados de IgM
apresentam febrícula, mal-estar, cefaléia, coriza reagente para sarampo, é importante ressaltar que
e/ou odinofagia suave. Cerca de dez dias após tanto os resultados falso-positivos quanto falso-
surge o exantema bastante característico, que negativos podem ocorrer na rotina de testes soroló-
tipicamente se inicia na face, de forma confluente, gicos de Imunoglobulina M (IgM) para sarampo. A
com edema e eritema, causando a aparência de Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)
"bochecha esbofeteada". Após alguns dias, surge o ressalta que o valor preditivo do teste laboratorial
exantema maculopapular pelo tronco e membros, diminui com a baixa prevalência da doença. Assim,
com aspecto rendilhado. Essa fase pode ser acom- com a atual situação epidemiológica do sarampo
panhada por prurido. A fase final do exantema nas Américas, podem ser esperados resultados
(10)
persiste, geralmente, durante uma a quatro sema- laboratoriais falso-positivos .
nas, caracterizada por alterações na intensidade do Além disto, segundo THOMAS et al. (1999), pode
exantema que pode ser exacerbado por vários existir a simultaneidade da resposta de IgM contra
fatores, tais como: exposição solar, exercícios, mais de um vírus em infecções causadas pelo vírus
temperatura ou variações do estado emocio- do sarampo, rubéola e parvovírus B19 .
(11)
(5,6,7,8,9)
nal . Todos os pacientes incluídos na presente
Considerando as questões acima descritas, um
amostra tiveram exantema, sintoma exigido pela dos casos com resultado de IgM reagente para
definição de caso. O segundo sintoma mais fre- sarampo, que apresentava clínica bastante sugesti-
qüente foi a febre, ocorrendo em 31,1% dos casos, va de eritema infeccioso, foi confirmado laboratori-
seguida de gânglios (26,2%) e hiperemia de orofa- almente para parvovírus B19. O segundo caso
ringe (15,5%). Os adultos, principalmente do sexo ainda está sob investigação laboratorial, em proces-
feminino, podem apresentar artralgia em mãos e samento do pareamento de IgG.
extremidades em 60-80% dos casos ( 5 , 6 , 7 , 9 ) .
Evidenciamos, portanto, a ocorrência de um
Encontramos apenas 6,8% de pacientes com
surto de eritema infeccioso na região de São José
queixa de artralgia, dado este que pode estar sujeito
do Rio Preto, detectado pelo sistema de vigilância
à subnotificação.
epidemiológica local. O agente etiológico, parvoví-
Nos municípios de São José do Rio Preto, rus B19, foi confirmado laboratorialmente.
Votuporanga e Nova Aliança, as manifestações
Esta investigação ressalta a importância de um
clínicas da maioria dos pacientes eram bastante
sistema de vigilância oportuno e alerta em relação
sugestivas de eritema infeccioso. Dessa forma,
às doenças exantemáticas, principalmente no
foram selecionados casos residentes nestes
momento atual de compromisso com a erradicação
municípios para a coleta de amostras com a finalida-
do sarampo e controle da rubéola nas Américas.
de de se pesquisar o parvovírus B19.
Habitualmente o quadro clínico é benigno. A
maioria dos casos de infecção durante a gravidez Referências Bibliográficas
resulta em partos normais de fetos saudáveis; no 1. Ramsay M, Reacher M, O'Flynn C, Buttery R,
entanto, foi reconhecida a ação patogênica intra- Hadden F, Cohen B et al. Causes of morbiliform
uterina do parvovírus B19, que pode levar, raramen- rash in a highly immunized english population.
(6,7,8,9)
te, a hidropsia e óbito fetal . No município de São Arch Dis Child 2002; 87: 202-6.
José do Rio Preto os serviços de ginecologia e 2. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em
obstetrícia foram orientados em relação ao acompa- Saúde. Manual de vigilância para a erradicação do
nhamento de gestantes infectadas e monitorização sarampo, controle da rubéola e eliminação da
do nascimento de fetos hidrópicos. síndrome da rubéola congênita (SRC). 3ª ed.
Recentemente, a disponibilidade de métodos Brasília (DF); 2003.
para detectar a infecção pelo parvovírus B19 tem 3. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
aumentado. Esses métodos incluem as técnicas Centro de Vigilância Epidemiológica "Prof.
sorológicas e a detecção de DNA viral, através da Alexandre Vranjac". Divisão de Doenças de
Reação em Cadeia de Polimerase (PCR)(4,6). No Transmissão Respiratória. Guia de vigilância para
presente surto, a análise de desempenho do teste a erradicação do sarampo, controle da rubéola e
utilizado indica que a sensibilidade e especificidade da síndrome da rubéola congênita. São Paulo,
do ensaio são, respectivamente, 89,9% e 99,1%. 2002.
Dentre as 26 amostras processadas, 23 (88,5%) 4. Mielle A, Nogueira MB, Lisboa C, Yamashita CA,

Página 6 Agência Paulista de Controle de Doenças dezembro de 2004


Boletim Epidemiológico Paulista

Costa SD, Lotufo JPB et al. Infecção por parvoví-


rus: apresentação atípica em três crianças. Av a l i a ç ã o d a E f e t i v i d a d e d a
Pediatria (São Paulo) 1995; 17(4): 197-201. Utilizaçãode Coleiras Impregnadas
5. Pinto MIM. Eritema Infeccioso. In: Farhat CK et com Deltametrina a 4% para o Controle
al. Infectologia Pediátrica. São Paulo (SP):
Atheneu; 1994. p. 364-66. da Leishmaniose Visceral Americana
6. Portmore AC. Parvoviruses (erythema infectio- no Estado de São Paulo: Resultados
sum, aplastic crisis). In: Mandell GL, Bennett JE, Preliminares
Dolin R, eds. Mandell, Douglas, and Bennett's
principles and practice of infectious diseases. 4th Vera Lucia Fonseca de Camargo-Neves¹,²
ed. New York (NY): Churchill Livingstone; 1995. Lílian Aparecida Colebrusco Rodas¹
v.1. p. 1439-46. Clóvis Pauliquévis Junior¹
¹Superintendência de Controle de Endemias
7. Zellman GL. Erythema infectiosum (fifth disea- ²Grupo de Estudos em Leishmanioses, Coordenação dos
se). E-medicine [serial online] 2004: Institutos de Pesquisa
[11 screens] Available from:
<URL:http://www.emedicine.com/derm/topic136. Introdução
htm> [2004 Dec 12].
A Leishmania (Leishmania) chagasi, agente
8. Carvalho ES e Ferreira LLM. Parvoviroses etiológico da Leishmaniose Visceral Americana
Humanas (Eritema Infeccioso). In: Veronesi R e (LVA), nas Américas, vem mostrando elevado poten-
Focaccia R, editores. Tratado de Infectologia. 2ª cial de urbanização em relação a outras espécies
ed. São Paulo (SP): Atheneu; 2002. v.1. p. 486-90. desse gênero. A introdução do agente etiológico a
9. Pickering LK, editor. Red Book: Report of the partir do reservatório doméstico, em áreas infestadas
Committee on Infectious Diseases. 25th ed. Elk pelo vetor Lutzomyia longipalpis, parece ser o fator
Grove Village (IL-USA): American Academy of facilitador da urbanização da LVA em cidades de
Pediatrics; 2000. médio e grande porte, traduzido por um novo perfil
10. Organização Pan-Americana de Saúde. epidemiológico da doença.
Programa Ampliado de Inmunización. Nesse novo perfil, está incluída a região de
Clasificación de casos de sarampión: dilemas Araçatuba, situada à Oeste do estado de São Paulo
frecuentes en el campo. Boletín Informativo PAI. (ESP), onde a LVA foi detectada em cães pela primei-
Año XXIII, número 5, 2001. ra vez em 1998, em zona urbana deste município, e a
11. Thomas HI, Barrett E, Hesketh LM, Wynne A, sua expansão vem sendo verificada a partir da
Morgan-Capner P. Simultaneous IgM reactivity by adaptação do vetor em municípios vulneráveis
EIA against more than one virus in cases of meas- (Camargo-Neves 2004b, Camargo-Neves e Gomes
les, parvovirus B19 and rubella infection. J Clin 2002). Desde a sua introdução, a LVA em seres
humanos já foi registrada em zona urbana de 24
municípios do Estado atingindo três regiões adminis-
trativas (Araçatuba, Bauru e Marília).
Em zona urbana vêm sendo observadas inúmeras
r
.b
ov

dificuldades para a implementação das medidas de


.g

controle tradicionalmente empregadas em zona rural,


.sp

como o inquérito sorológico canino semestral para a


e
ud

eliminação de cães positivos e a borrifação das pare-


sa

des internas e externas das casas em ciclos semes-


ia@
nc o
ge a

trais, por um período de 2 anos. Entre as dificuldades


-a ar
pa a p

pode-se citar o tempo exacerbado entre a coleta de


be rev

sangue e a eliminação do cão, somado a isto, a recusa


Esc

da população à medida e a grande dimensão do


trabalho a ser executado, quando se refere às medidas
de controle químico voltadas para o controle do vetor,
que se tornam inviáveis ao longo do tempo (Camargo-
Neves 2004a, 2004b). Por outro lado, verificou-se
também que as medidas, mesmo quando bem empre-
gadas, são autolimitantes chegando a patamares que
não conseguem reduzir a incidência canina, pela alta

dezembro de 2004 Agência Paulista de Controle de Doenças Página 7


Boletim Epidemiológico Paulista

reposição desta população. Em estudo conduzido em de flebotomíneos testados em vários países (Killick-
três áreas no município de Araçatuba, verificou-se que Kendrick e col. 1997; Lucientes 1999; David e col.
a eutanásia de cães, associada ou não às atividades de 2001). O tempo de repelência foi testado por dife-
controle vetorial, foi efetiva em controlar a força de rentes autores podendo variar de 32 a 36 semanas
infecção entre os cães, resultando na redução da (Killick-Kendrick e col 1997; Lucientes 1999; David
incidência humana, desde que conduzida de forma e col 2001). Entre os estudos de campo conduzidos,
periódica e sistemática. No entanto, nas três áreas não um dos primeiros a ser publicado foi o estudo
se verificou diferença significativa nas taxas de preva- realizado no sudeste da Itália para avaliar o impacto
lência canina finais, em relação às iniciais, o que pode do uso de coleiras impregnadas com deltametrina
ser explicado, talvez, pela dinâmica da população em cães, em focos de leishmaniose visceral canina,
canina nestas áreas, dado que se observou alto cujo vetor é o Phlebotomus Perniciosus. Comparou-
percentual (de 18,5 a 26,2%) de cães oriundos de se duas áreas, uma controle e outra tratada, durante
outras áreas que migraram para as áreas estudadas as estações de transmissão, nos anos de 1998 e
(Camargo-Neves 2004a). 1999; verificando-se proteção de 86% nos cães da
A eliminação de cães soropositivos, embora seja área tratada, após a segunda estação de transmis-
uma medida cujos resultados são limitados, como já são no ano de 1999 (Maroli e col. 2001). No Irã, um
mencionado acima, é ainda a única que pode ser estudo conduzido em 18 vilas, destas 9 com inter-
dirigida diretamente à população canina e executada venção e 9 controles, verificou-se a redução da
em larga escala, sob o ponto de vista de saúde incidência em cães com L. infantum (64%) e em
pública. Uma outra medida de controle, muito discuti- crianças (decréscimo de 43%) depois de um ano de
da, para conter a transmissão entre os cães, foi o utilização da coleira (Gavgani e col 2002). No Brasil,
tratamento de animais sintomáticos e assintomáticos, em estudo conduzido por Lima e col. (2002, dados
por meio de drogas tradicionalmente empregadas não publicados) concluiu-se que a utilização de
com sucesso no tratamento da LVA em humanos. coleiras impregnadas são mais efetivas para
Vários autores já demonstraram a baixa eficácia prevenir a transmissão entre os cães quando
dessa medida. O uso rotineiro dessas drogas em comparada com a eutanásia de cães soropositivos,
cães pode induzir à remissão temporária dos sinais embora outras avaliações de campo semelhantes a
clínicos, não previne a ocorrência de recidivas e tem estes últimos estudos devam ser realizadas com a
efeito limitado na infectividade de flebotomíneos, finalidade de conhecer o impacto desta medida de
além de levar ao risco de selecionar parasitas resis- controle no comportamento da transmissão, frente
tentes às drogas correntemente utilizadas (Gradoni e às diversas condições epidemiológicas encontra-
col. 1987; Gramiccia 1992; Alvar e col 1994; Oliva e das no Brasil.
col. 1995; Poli e col. 1997; Cavaliero e col. 1999). Neste sentido, este trabalho teve como objetivo
Outras estratégias visando o controle da doença avaliar a efetividade da utilização de coleiras impreg-
mais factíveis referem-se a medidas alternativas de nadas com deltametrina a 4%, como medida alternati-
atuação sobre os flebotomíneos durante o período de va no controle da LVA visando a redução da prevalên-
pico anual de densidade da espécie responsável pela cia canina e da incidência na população humana. São
transmissão no local, tais como: o uso de cortinas apresentados os resultados preliminares da coorte
impregnadas de inseticida do grupo dos piretróides canina conduzida no município de Andradina, no
sintéticos em janelas e portas (Feliciangeli e col. 1995; período de 2002 a 2004.
Perruolo 1995; Killick - Kendrick 1999), o tratamento
tópico de cães com inseticidas por meio de banho ou
aplicação localizada (Guanghua e col.1994; Metodologia
Reinthinger e col. 2001) que demonstraram resultados Área de estudo
promissores em estudos experimentais no laboratório O estudo foi desenvolvido no município de
e em campo, para as diferentes espécies de flebotomí- Andradina, região administrativa de Araçatuba, no
neos testados, porém dependente do apoio do proprie- Planalto Ocidental Paulista. Neste município a
tário, uma vez que requer inúmeras aplicações, dado o estimativa da população em 2002 era de 55.161
tempo limitado de atuação do inseticida, sendo inviável habitantes (IBGE, 2000) e da população canina de
enquanto medida de saúde pública. 15.600 cães, segundo o Instituto Pasteur de São
Outra abordagem refere-se ao emprego de Paulo (comunicação verbal). O município é dividido,
coleiras impregnadas com deltametrina a 4%, que segundo critérios operacionais, em duas áreas,
mostrou resultados satisfatórios em experimentos de sendo cada uma delas divididas em cinco setores,
laboratório, com redução das taxas de alimentação onde também foram consideradas suas característi-
sangüínea e efeito letal para as diferentes espécies cas sócio-econômicas.

Página 8 Agência Paulista de Controle de Doenças dezembro de 2004


Boletim Epidemiológico Paulista

O vetor L. longipalpis foi detectado em área urbana forme as normas do Programa de Controle da
do município em 1998 e os primeiros casos de LVA cani- Leishmaniose Visceral Americana (PCLVA) do
na em 1999. Em inquérito canino realizado neste Estado de São Paulo (SES-SP 2000). Todos os cães
mesmo ano, a prevalência canina foi de 3,1% e até com resultado sorológico negativo receberam a colei-
2000 não havia sido registrado nenhum caso humano. ra conforme o seu peso (<20kg e >20kg), exceto em
A partir de 2001, observou-se o agravamento da situa- cães menores de 3 meses, conforme indicação do
ção epidemiológica, quando então foram registrados fabricante, a fim de reduzir a chance de efeito adverso
os primeiros casos humanos e 2 óbitos no município. a deltametrina. Os cães errantes foram recolhidos e
Até maio de 2002, haviam sido notificados 20 casos eutanasiados conforme as normas do PCLVA no ESP
humanos correspondendo a um coeficiente de incidên- (SES-SP 2000). As trocas das coleiras ocorreram em
cia de 38 casos/100.000 habitantes e de letalidade de abril/2003, outubro/ 2003 e abril/2004.
21,1%; o que justificava uma intervenção rigorosa no No intervalo entre as coletas, todos os imóveis
município e, portanto, aliado às medidas usualmente foram visitados para a verificação da presença e integri-
empregadas, propôs-se o estudo neste município. dade das coleiras e para a detecção de eventuais rea-
ções adversas. Também a população foi estimulada a
Avaliação da prevalência canina e colocação e solicitar a troca, em caso de quebra, ou reposição, em
manutenção das coleiras caso de perda, bem como a notificar sintomas que
Coorte canina: Foi constituída uma coorte canina pudessem sugerir um quadro de reação alérgica à co-
entre outubro de 2002 a outubro de 2004. Foram leira. Nestes casos, esses cães eram visitados por um
cadastrados todos os cães domiciliados existentes médico veterinário, sendo aconselhada a descontinui-
no município. Os dados coletados foram registrados dade do uso da coleira, caso o cão apresentasse qual-
em boletim apropriado, sendo anotados: nome e quer sinal de reação de hipersensibilidade.
endereço do proprietário, número e nome do cão, Cálculo da taxa de prevalência canina e incidência
sexo, idade, tipo de pêlo, cor, data e resultado do humana: As taxa de prevalência canina e os coefici-
exame sorológico, a data da eliminação e dados entes de incidência foram calculados por área e setor
sobre as perdas de observação, quando necessá- do município. A taxa de prevalência canina pelo núme-
rio. As avaliações sorológicas foram realizadas em ro de casos de LVA canina por 100 cães, calculada
intervalos semestrais no 0, 6º, 12º, 18º e 24º meses. pela fórmula:
Diagnóstico sorológico: As amostras de sangue
foram obtidas pela punção da veia marginal auricu- Nº total de casos de LVA canina presentes na população
lar do cão, utilizando-se estiletes descartáveis. O Taxa de canina no início do intervalo
material obtido foi coletado em lâminas de papel de = X 100
Prevalência População total de cães expostos ao risco de LVA canina
filtro Whatmann nº 1, sendo a área embebida de
sangue de 3cm de diâmetro. Cada amostra foi eti-
no início do intervalo
quetada com o nome e número do registro do ani- E, o coeficiente de incidência humana, por
mal, data, setor e responsável pela coleta. Para o 100.000 habitantes, calculado pela fórmula:
exame sorológico foi utilizada a reação de imunoflu-
orescência indireta para detecção de anticorpos da
classe IgG (IFI - IgG), conforme metodologia descri- Coeficiente de Nº total de casos novos de LVA por ano
= X 100.000
ta por Camargo e Rebonato (1969). Para tanto, Incidência População total exposta
foram utilizados kits padronizados por Bio-
Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Para o cálculo, foi considerada como população
Janeiro. Os exames foram realizados no laboratório exposta no município, a estimativa de população
regional - Instituto Adolfo Luz (IAL) de Andradina. O segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
título discriminante foi de 1/40, conforme descrito Estatística (IBGE 2004). Para a estimativa de
por Costa e col. (1991). população de cada área e setor, calculou-se, a partir
Colocação e manutenção das coleiras: Coleiras do número de imóveis existentes no município, a
impregnadas com deltametrina a 4% Scalibor® foram média de indivíduos por imóvel, que foi de 2,6
utilizadas em todos os cães domiciliados previamente habitantes/imóvel e a partir do número de imóveis
cadastrados, no período de outubro de 2002 a outu- de cada setor, a população do setor. A população da
bro de 2004. As coleiras consistiam de fitas brancas área foi dada pela somatória das populações dos
de 65cm de polivinil clorido (PVC) pesando 25g e setores. Os casos humanos foram obtidos no
impregnadas com 40mg/g. Todos os cães foram pre- Sistema Nacional de Agravos de Notificação -
viamente avaliados sorologicamente e aqueles com Sinan, revisados pela vigilância epidemiológica da
resultado positivo (IFI IgG) foram eutanasiados, con- regional de saúde de Araçatuba (DIR VI), sendo

dezembro de 2004 Agência Paulista de Controle de Doenças Página 9


Boletim Epidemiológico Paulista

considerados casos novos por ano aqueles cuja Figura 2


Distribuição da taxa de prevalência canina de leishmaniose visceral
data de início de sintoma se deu no ano em ques- americana por área e período de avaliação. Andradina SP, 2002 - 2004
tão e confirmados por critérios clínicos e laborato-
riais. Foram excluídos para o cálculo da incidência 13,5
casos que se configuram como recidivas. 12,0
10,5

Prevalência(%)
Análise estatística: As proporções foram compa-
radas pelo teste de qui-quadrado (÷2), corrigido 9,0
pelo coeficiente de yates quando indicado. Foram 7,5
considerados resultados estatisticamente signifi- 6,0
cantes o nível de significância de 5%. 4,5
Para análise dos resultados foram utilizadas 3,0
planilhas eletrônicas Excel (2000) e EPIINFO 6.04d 1,5
(Dean e col. 1994). 0,0
Geral Área 1 Área 2
Resultados Etapas
No período de outubro de 2002 a outubro de 2004, out/02 abr/03 out/03 abr/04
5 avaliações foram realizadas, porém serão apresen-
tados, neste trabalho, os dados até abril de 2004.
Assim sendo, verificou-se de outubro de 2002 a abril Figura 3
Distribuição da taxa de prevalência canina de leishmaniose visceral
de 2004, redução da população canina do município, americana por setores e período de avaliação. Área 1, Andradina SP,
variando de 11.486 cães a 8.013 cães, e esta foi 2002 - 2004
acompanhada de uma redução do número de cães 20,0
soropositivos e da prevalência canina como pode ser 18,0
observada na Figura 1. 16,0
PrevalênciaCanina(%)

14,0
Figura 1 12,0
Distribuição do número de cães existentes, positivos e taxa de 10,0
prevalência canina de leishmaniose visceral americana por ano.
Andradina SP, 2002 - 2004
8,0
6,0
P r e v a l ê n c i a c a n i n a (% )

14000 14,0 4,0


11,9 2,0
12000 11486 10,8 12,0
9,8 0,0
9409
N º d e cã e s

10000 10,0
8013 8355 11 12 13 14 15
8000 8,0 Setores da Área 1
6000 4,8 6,0 out/02 abr/03 out/03 abr/04
4000 4,0
1245 1120 785 Figura 4
2000 401 2,0
Distribuição da taxa de prevalência canina de leishmaniose visceral
0 0,0 americana por setores e período de avaliação. Área 2, Andradina SP,
2002 - 2004
out/02 abr/03 out/03 abr/04
20,0
Mês da avaliação 18,0
16,0
PrevalênciaCanina(%)

Nº cães de existentes Nº de cães soropositivos Prevalência canina


14,0
12,0
Esta redução foi observada nas duas áreas do 10,0
8,0
município, com valores inferiores na área 1 (Figura 2).
6,0
Quando analisada os valores das taxas de preva- 4,0
lência canina por setor, verificou-se redução no 2,0
período em todos os setores das duas áreas (Figuras 0,0
3 e 4), exceção aos setores 1 e 4 da área 2 (Figura 4),
21 22 23 24 25
quando observou-se um aumento dos valores das
Setores da Área 2
taxas da terceira para quarta coleta, no entanto esta
out/02 abr/03 out/03 abr/04
diferença não foi significativa (p>0,05).

Página 10 Agência Paulista de Controle de Doenças dezembro de 2004


Boletim Epidemiológico Paulista

Figura 7
Com relação aos casos humanos, a partir de 2001 Taxa de prevalência canina e coeficiente de incidência de
observou-se um aumento do número de casos, leishmaniose visceral americana por ano. Área 2, Andradina SP,
chegando em 2002 a serem registrados 19 casos. Em 2002 2004
2003, com a intervenção por meio da utilização das

P rev a lê nc ia ca n in a (% )
coleiras, verificou-se uma pequena redução no 45 15
número de casos e do coeficiente de incidência e, 40

c a s o s / 1 0 0 m il h a b .
somente em 2004, uma redução importante do 35

I n c id ê n c ia d e
número de casos foi observada até o mês de outubro 30 10
registrando-se apenas 2 casos e incidência de 3,6 25
casos/100.000 habitantes (Figura 5). 20
15 5
Figura 5 10
Distribuição do número de casos de leishmaniose visceral canina e 5
coeficientes de incidência por ano. Andradina SP, 1999 a 2004
0 0

20 34,1 38,4 2002 2003 2004


30,5 35,2
32 Incidência Humana Prevalência Canina
15 23,3 28,8
25,6
22,4 Com relação ao número de coleiras repostas por
10 19,2
quebra ou perda verificou-se que das 36.638 coleiras
16
13 19 17 12,8 utilizadas, 1796 foram utilizadas para reposição,
5 3,6 9,6 observando-se taxa de reposição para o período do
0 0 6,4
2 3,2 estudo foi de 4,9%, conforme pode ser observado na
0 0 Tabela 1.
1999 2000 2001 2002 2003 2004 Tabela 1
Número e percentual de cães encoleirados e de coleiras repostas por
Nº de casos Incidência quebra ou perda por avaliação. Andradina SP, 2002 2004

Nº de coleiras
Quando comparadas às taxas de prevalência
canina e os coeficientes de incidência humana por Avaliação Nº de Colocadas Repostas
área por ano (Figuras 6 e 7), verificou-se a redução Cães
dos dois indicadores nas duas áreas, observando-se, Nº % Quebra Perda Total %
na área 1, em abril/2004, valores de prevalência
canina inferiores a 5%. out/02 11486 10.112 88.0 296 256 552 5.5
Figura 6
abr/03 9409 9.772 103.9 134 464 592 6.1
Taxa de prevalência canina e coeficiente de incidência de
leishmaniose visceral americana por ano. Área 1, Andradina SP, out/03 8013 7.837 97.8 28 52 80 1.0
2002 2004
abr/04 8355 8.917 106.7 129 443 572 6.4
P re v a lên c ia ca n in a (% )

45 15
c a s o s / 1 0 0 m il h a b .

35 Discussão
I n c id ê n c i a d e

10 Os resultados obtidos até o momento apontam


25 para uma efetividade da utilização das coleiras
impregnadas com deltametrina associada às
15 demais medidas de controle, dado que a eliminação
5
5 de cães soropositivos não foi interrompida, não foi
possível afirmar que apenas a utilização da coleira
-5 0 levaria a uma redução da prevalência canina.
2002 2003 2004 Porém, ficou evidente, neste estudo, a associação
entre os valores das taxas de prevalência canina e
Incidência Humana Prevalência Canina os coeficientes de incidência humana. Nas duas
áreas observou-se redução dos dois indicadores,

dezembro de 2004 Agência Paulista de Controle de Doenças Página 11


Boletim Epidemiológico Paulista

provavelmente pela redução da força de infecção variar em média de 4 a 5 meses, portanto, os valo-
entre os cães, o que implicaria numa menor chance res semelhantes da prevalência canina no primeiro
de infecção do vetor, devido à barreira imposta pelo ano em Andradina, a exemplo do que ocorreu em
uso constante da coleira, e conseqüente redução da Araçatuba, pode refletir essa virada sorológica
incidência humana. tardia, o que levou a um resultado mais evidente na
Dados semelhantes desta redução da força de redução das taxas de prevalência canina, a partir do
infecção foram observados com relação à redução da segundo ano de acompanhamento.
incidência humana, quando programas de eliminação O número de cães que tiveram novas coleiras
de cães foram implementados de forma sistemática. entre as avaliações devido à quebra ou perda, não
Um estudo clássico foi o realizado por Ashford e col. parece ter sido o fator que explicaria estas diferenças
(1998), em Jacobina BA. Estes autores concluíram entre os setores. Neste estudo, encontrou-se que
que a eliminação da maioria dos cães soropositivos 4,9% das coleiras tiveram que ser repostas, resulta-
pode afetar a incidência cumulativa da soroconver- dos semelhantes ao encontrado por Maroli e col.
são temporariamente, bem como diminuir a incidên- (1999). Porém, diferente dos resultados encontrados
cia de casos humanos. Recentemente, na avaliação por Lima e col. (2002, dados não publicados), que
das atividades do programa realizadas em Feira de relataram uma perda por quebra de 41% nos primei-
Santana - BA (Oliveira e Araújo 2003) verificou-se ros seis meses de avaliação, o que pode ser explica-
redução da prevalência canina e da incidência huma- do pelas condições desse estudo, que foi realizado
na após cinco anos das ações de controle. Na análise em zona peri-urbana, em que grande parte da popula-
do conjunto das variáveis operacionais estes autores ção canina era parcialmente domiciliada; enquanto
verificaram que o número de ciclos de inquéritos cani- em Andradina, o estudo foi conduzido em área urbana
nos levou a uma redução da incidência da LVA. No e os cães que participaram eram domiciliados.
entanto, observaram aumento do coeficiente de inci- Outras análises ainda deverão ser realizadas para
dência com a interrupção das atividades. Esses resul- tentar explicar as diferenças entre áreas; entre os
tados nos levam a refletir sobre a necessidade de setores e entre as variáveis, que poderiam explicar
impor uma barreira entre a fonte de infecção e o vetor, essas diferenças tais como: a densidade de cão e
o que parece ser factível a partir do uso das coleiras, classe sócio-econômica da população de cada setor.
como observado com os resultados apresentados no Outra questão que também deverá ainda ser aborda-
município de Andradina. da, refere-se ao percentual de recusas para elimina-
Estudos de campo conduzidos em outros países ção do cão soropositivo por setor do município, como
como Itália (Maroli e col 2001) e Irã (Gavgani e col também o número de reações adversas, que implica-
2002), bem como o estudo conduzido no Brasil (Lima ria na retirada da coleira do animal.
e col 2002, dados não publicados), mostraram resul- Cabe lembrar, que a implantação de um progra-
tados semelhantes ao observado em Andradina, com ma de controle da LVA com a utilização ou não deste
relação à redução da incidência humana. Esses estu- novo instrumento, requer estruturação do município
dos, porém, tiveram uma abordagem diferente da e planejamento das ações. Atualmente, o maior
proposta neste trabalho, uma vez que compararam problema que se apresenta nas áreas endêmicas é
áreas com e sem a intervenção. Talvez por isso pos- a descontinuidade das ações. Os resultados preli-
sam ser observadas diferenças em um ano após a minares deste trabalho apontam para a utilização da
intervenção, o que não pode ser verificado no estudo coleira como mais um método a ser empregado no
de Andradina. controle da LVA, apesar de ser uma medida compro-
Observou-se redução dos valores da prevalência vada para a proteção individual do animal (Killick-
canina em relação aos valores iniciais em todos os Kendrick e col. 1997; Lucientes 1999; David e col.
setores. O aumento observado na segunda e 2001), em saúde pública só faz sentido se aplicada
terceira coletas pareceu refletir ainda a soroconver- de modo integral e, ao que parece, por tempo
são tardia. Como já foi apontado por outros autores, indeterminado. Não deve ser adotado de modo
métodos sorológicos, como a imunofluorescência, campanhista, pois requer abrangência na sua
podem detectar anticorpos até oito meses depois da utilização pela maioria dos cães de uma área, a fim
infecção (Quinnel e col 1997). Além do mais, a IFI de reduzir a força de infecção. Ainda não deve ser
possui sensibilidade inferior quando comparada às uma medida que substitua os inquéritos caninos ou
demais técnicas sorológicas (França-Silva 1997; o controle vetorial nas áreas de maior risco. Deve
Garcez e col 1996; Genaro 1993; Braga e col. 1998; ser um programa com o envolvimento de outros
Moreno e col. 2002). Em estudo anterior realizado setores da sociedade, participação comunitária e
no município de Araçatuba (Camargo-Neves individual, e deverá estar associado a um programa
2004a), verificou-se que o período pré-patente pode de controle de população animal.

Página 12 Agência Paulista de Controle de Doenças dezembro de 2004


Boletim Epidemiológico Paulista

Agradecimentos
À Superintendência de Controle de Endemias, allopurinol therapy of dogs naturally infected
Leishmania infantum. J. of Veterinary Internal Medicine
pelo apoio logístico e financeiro; à Vigilância 13: 330 - 334, 1999.
Epidemiológica da Região de Araçatuba, pelo
apoio administrativo; ao Centro de Controle de 9. DAVID J R, STAMM L M, BEZERRA H S, SOUZA R N,
KILLICK - KENDRICK R, LIMA J W O. Deltamethrin-
Zoonoses, Secretaria Municipal de Saúde de impregnated dog collars have a potent anti-feeding and
Andradina, pelo apoio na coleta das amostras inseticidal effect on Lutzomyia longipalpis and
sorológicas e na eliminação dos cães soropositi- Lutzomyia migonei. Mem. Inst Oswaldo Cruz, Rio de
vos; ao Setor de Andradina do Instituto Adolfo Janeiro 96 (6): 839 - 847, 2001.
Lutz, pela realização dos exames sorológicos e à 10. DEAN A G, DEAN J A, COULOMBIER D, BRENDEL
Intervet, pela disponibilização de um médico K A, SMITH D C, BURTON A H, DICKER R C,
veterinário durante 18 meses, para atendimento SULLIVAN K M, FARGAN R F, ARNER T G. Center of
de possíveis reações adversas. Disease Control on Prevention, World Health
Organization. Epi Info, version 6: a word processing
data base and statistics program for epidemiology on
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11. FELICIANGELI M D, MAROLI M, WHEELER A,
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3. BRAGA M D V, COELHO I C B, POMPEU M M L,
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cães soro-reagentes por ensaio imunoenzimático com 14. GAVGANI A S M, HODJATI M H, MOHITE H,
outro de eliminação tardia de cães sorreagentes por DAVIES C R. Effect of insecticide-impregnated dog
teste de imunofluorescência indireta de eluato em papel collars on incidence of zoonotic visceral leishmaniasis
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5. CAMARGO-NEVES V L F DE. Aspectos epidemioló-
gicos e avaliação das medidas de controle da 16. GRADONI L, MAROLI M, GRAMICCIA M,
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6. CAMARGO-NEVES VLF DE. A Leishmaniose
Visceral Americana no Estado de São Paulo: Situação 17. GRAMICCIA M L, GRADONI L, ORSINI S.
Atual. Boletim Epidemiológico Paulista: Informe Mensal Decreased sensitivity to meglumine antimoniate
sobre agravos à Saúde Pública, Ano 1, nº 6: 6 pp, (Glucatime) of Leishmania infantum isolated from dogs
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bepa6_lva.htm>. Med. Parasitol. 86: 613 - 620, 1992.
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dezembro de 2004 Agência Paulista de Controle de Doenças Página 13


Boletim Epidemiológico Paulista

leishmaniasis. In: Canine Leishmaniasis: an update.


Proceedings of the International Canine leishmaniasis Diagnóstico Sobre o Uso de
Forum Barcelona, Spain. (Ed. R. Killick-Kendrick),
Wiesbaden: Hoechst Roussel Vet: 26 - 31, 1999. Glutaraldeído em Estabelecimentos
20. KILLICK-KENDRICK R, KILLICK-KENDRICK M, Assistenciais de Saúde
KILLICK-KENDRICK C, FOCHEUX J, DEREURE M,
PUECH P, CADIÈGUES M C. Protection of dogs from Florise Malvezzi , Maria Aparecida Gomes Bronhara
bites of phlebotomus sandflies by deltamethrin collars Técnicas da Divisão de Vigilância Sanitária do Trabalho Centro
for control of canine leishmaniasis. Med. Vet. Entomol. de Vigilância Sanitária - DVST/CVS/SES-SP
11: 15 21, 1997.
21. LUCIENTES J. Laboratory observations on the Introdução
protection of dogs from the bites of Phlebotomus (1)
perniciosus with Scalibor® ProtectorBands: preliminary O Glutaraldeído é um dialdeído saturado , que em
results. In: Canine Leishmaniasis: an update. solução alcalina protegida ( pH 7,5-8,5) é um agente
Proceedings of the International Canine leishmaniasis microbicida altamente efetivo. Apresenta-se na forma
Forum Barcelona, Spain. (Ed. R. Killick-Kendrick), de líquido claro, usualmente encontrado em solução
Wiesbaden: Hoechst Roussel Vet: 92 94, 1999. aquosa a 50%, utilizada pelas indústrias de sanean-
22. MAROLI M, MIZZONI V, SIRAGUSA C, D´ORAZI A tes como matéria prima, para fabricação de esterili-
D, GRADONI L. Evidence for am impacto n the inciden- zantes e desinfetantes de uso hospitalar. Após
ce of canine leishmaniasis by mass use of deltamethrin- ativação com bicarbonato de sódio para tornar a
impregnates dog collars in southern Italy. Med. and Vet. solução alcalina, o líquido torna-se verde .
(1)

Ent. 15: 358 - 363, 2001.


O glutaraldeído tem potente ação biocida, bacteri-
23. MORENO E C. Epidemiologia da Leishmaniose
cida, virucida, fungicida e esporicida. É utilizado como
Visceral Humana em Área Urbana de Minas Gerais:
Identificação da Infecção Assintomática e seus Fatores biocida para tratamento das águas de refrigeração
de Risco. Belo Horizonte. [Tese de Doutorado industrial, ingrediente nas soluções reveladoras de
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG]: 273 Raios-X, agente de curtimento para couro, fixador de
pp, 2002. tecido na histoquímica e microscopia eletrônica,
24. OLIVA G, GRADONI L, DE CIARAMELLA P, LUNA agente de embalsamamento, nas indústrias do
R, CORTESE L, ORSINI S, DAVIDSON R N, petróleo e cosméticos, entre outros.
PERSECHINO A. Activity of liposomal amphotericin B Em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde -
(AmBiosome) in dogs naturally infected with EAS, o glutaraldeído tem seu uso preconizado como
Leishmania infantum. J. of Antimicrobial Chemoterapy esterilizante químico em artigos críticos termo-
36: 1013 - 1019, 1995. sensíveis que não possam sofrer esterilização por
25. OLIVEIRA S S, ARAÚJO T M. Avaliação das ações alternativas mais práticas e econômicas (óxido de
de controle da Leishmaniose Visceral (calazar) em uma etileno, plasma de peróxido de hidrogênio).
área endêmica do Estado da Bahia (1995 2000). Cad. Entretanto, o uso preconizado mais utilizado nas
de Saúde Pública 19 (6): 1681 1690, 2003. unidades de saúde é para desinfecção de alto nível
26. PERRUOLO G. factibilad de utilizacion de cortinas de artigos semi-críticos termo- sensíveis e endoscó-
impregnadas com deltametrina para el control de pios, pois apresenta vantagens: excelente eficácia
flebotomos. Bol Dir. Malariol. Y San. Amb. XXXV (Supl germicida, tempo reduzido de exposição de 20 a 30
I): 295 304, 1995.
minutos, compatibilidade com ligas metálicas e não
27. POLI A, SOZZI S, GUIDI G, BANDINELLI P, embaça lentes ópticas. Após ativação com o agente
MANCIANTI F. Comparison of aminosidine (paromomy- alcalinizante , o prazo de validade pode variar de 14 a
cin) and sodium stibogluconate for treatment of canine
28 dias e o tempo para esterilização é de dez horas. A
leishmaniasis. Veterinary Parasitology 71: 263 - 271,
1997.
legislação vigente estabelece a obrigatoriedade do
Registro como “saneante de uso hospitalar”, atual-
28. QUINNELL R J, COURTENAY O, GARCEZ L, DYE mente emitido pela Anvisa-Agência Nacional de
C. The epidemiology of canine leishmaniasis: transmis-
sion rates estimated from a cohort study in Amazonian
Vigilância Sanitária. No Estado de São Paulo a
Brazil. Parasitology 115: 143 - 156, 1997. legislação sobre a organização do Centro de Material
e Noções de Esterilização, que preconiza o seu uso,
29. REITHINGER R, TEODORO U, DAVIES C R.
Topical Insecticide Treatments to Protect Dogs from
está sendo revista.
Sand Fly Vectors of Leishmaniasis. Emerging Inf. A exposição aguda ou crônica ao glutaraldeído
Diseases 7(5): 872 - 876, 2001. pode causar irritação para a pele, olhos e sistema
[SES/SP]. SECRETARIA DE ESTADO DA SAúDE DE respiratório. O contato com a solução pode causar
SÃO PAULO. Leishmaniose visceral americana. São sensibilização da pele, levando às dermatites de
Paulo; 2000. (Informe técnico). contato e/ou alérgicas. A inalação do vapor orgânico

Página 14 Agência Paulista de Controle de Doenças dezembro de 2004


Boletim Epidemiológico Paulista

tem sido implicada como possível causa de asma Resultados


ocupacional, podendo também agravar asma pré- O período da realização das visitas técnicas e da
existente e doença pulmonar fibrótica ou inflamató- coleta e sistematização dos dados dos questionários
ria. São relatados epistaxe, rinite, dor de cabeça e enviados aos Hospitais Sentinela, foi de junho a
náusea em profissionais da saúde expostos ao agosto de 2004.
glutaraldeído. No paciente, quando não devidamen- Das 7 visitas técnicas realizadas nos
te processado, a substância pode causar: falhas na Estabelecimentos Assistenciais de Saúde - EAS, 5
ação germicida devido a erros na ativação e con- (72%) se localizam no Município de São Paulo, 1
centração do produto, colite química devido aos (14%) na Grande São Paulo e 1 (14%) na Baixada
resíduos de glutaraldeído por enxágüe deficiente, Santista; abrangendo um total de 2.893 leitos ativos,
keratopatia e descompensação corneana devido a 18.498 trabalhadores e aproximadamente 110
resíduos de glutaraldeído. trabalhadores expostos ao glutaraldeído.
Não é classificável como carcinogênico humano(3) Nas visitas técnicas houve boa receptividade e
e o Limite de Exposição Ocupacional é de 0,05ppm. colaboração, tanto no preenchimento do questionário
Para atender às demandas que relatam proble- quanto na apresentação dos setores onde o glutaral-
mas de saúde nos trabalhadores expostos ao gluta- deído é utilizado, descartado e estocado, numa clara
raldeído, o Centro de Vigilância Sanitária da percepção de que há uma preocupação quanto ao
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, organi- uso deste produto.
zou um Grupo Técnico de Trabalho(4) para elaborar Dos 28 Hospitais Sentinela do estado de São Paulo
proposta sobre o uso controlado do produto. que receberam o questionário, 20 (71%) responderam
(Quadro 1) correspondendo a 8.773 leitos ativos e
Objetivo 50.377 trabalhadores. Quanto a localização, 12 (60%)
Realizar um levantamento de dados sobre as estão na Região Metropolitana da Grande São Paulo e
condições de uso do produto químico glutaraldeído nos 08 (40%) no interior do Estado.
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, do Estado Quadro 1
de São Paulo, tendo em vista a saúde e segurança dos Caracterização dos Hospitais Sentinela que responderam ao
trabalhadores expostos, dos pacientes e a preservação questionário, segundo o número de leitos ativos e número de
trabalhadores, no período de junho à agosto de 2004, no estado de
do meio ambiente, para um diagnóstico. São Paulo

Nº de
Metodologia Nº de Nº de
Classificação dos Nº de Trabalhadores
Leitos Ativos Trabalhadores
! Pesquisa bibliográfica sobre o glutaraldeído. Hospitais Hospitais (%)
(%) (%)
expostos ao
glutaraldeído (%)
! Elaboração e envio do questionário(5) “Condições
de uso do glutaraldeído em Estabelecimentos Públicos 09 (45%) 3.006 (34%) 17.853 (35%) *122 (11%)
Assistenciais de Saúde”,aos 28 hospitais integrantes
do Projeto Sentinela da Anvisa, no estado de São
Privados 03 (15%) 2.013 (23%) 8.974 (18%) 453 (41%)
Paulo, aos cuidados do Gerente de Risco Hospitalar e
com fixação de prazo para devolução.
Filantrópicos
! Visitas técnicas realizadas em 6 hospitais e 1 clíni- 03 (15%) 1.698 (19%) 10.150 (20%) *325 (30%)
ca de endoscopia, escolhidos pelo Grupo Técnico de
Públicos
Trabalho, com aplicação do questionário por equipe Universitários
05 (25%) 2.056 (24%) 13.400 (27%) *193 (18%)
multiprofissional do CVS.
! Critério de seleção dos hospitais: todos os hospi- Total Geral 20 (100%) 8.773 (100%) 50.377 (100%) *1.093 (100%)
tais integrantes do Projeto Sentinela possuem o
* Dados incompletos e imprecisos: deixaram de informar ou informaram
Gerente de Risco Hospitalar que foi capacitado para, aproximadamente
entre outras atribuições, manter vigilância e notificar
queixas e eventos adversos a Produtos de Saúde, A seguir, alguns dados de relevância encontrados,
incluindo saneantes, no Sineps - Sistema de tanto nas visitas técnicas, quanto nos questionários:
Notificação de Eventos Adversos a Produtos de
! Em 100% dos EAS utilizam o glutaraldeído, mas
Saúde, contribuindo com o diagnóstico da situação
com freqüente preocupação em diminuir o uso e até
quanto ao uso do glutaraldeído.
substitui-lo. A substituição seria feita pelo ácido
! Reuniões realizadas no CVS com o Grupo Técnico peracético e pelo processo de termo-desinfecção, de
de Trabalho, com cronograma de tarefas. acordo com o tipo de material.

dezembro de 2004 Agência Paulista de Controle de Doenças Página 15


Boletim Epidemiológico Paulista

! O glutaraldeído é utilizado em setores como: Comentários


Urologia, Otorrinolaringologia, Ginecologia, A realização deste diagnóstico sobre o uso do
Pediatria, Radiologia médica, Centro Cirúrgico, glutaraldeído nos Estabelecimentos Assistenciais de
Central de Material e Esterilização, Pronto Socorro, Saúde foi muito rico e importante pois possibilitou um
Unidade de Terapia Intensiva, Ambulatório, Medicina conhecimento da realidade atual do uso deste produto
a Laser, Hemodiálise, Hemodinâmica, Reabilitação, e direciona para os seguintes desdobramentos:
Enfermarias, Ultrassonografia, Barbearia, sendo que ! Ampliação do Grupo Técnico de Trabalho com a
a Endoscopia é o que mais se destaca, pela quantida- participação de representantes das seguintes institui-
de e intensidade de sua utilização. ções: Anvisa, Fundacentro-SP/Ministério do Trabalho
! Nos diversos setores em que é utilizado, não há e Emprego, Coren - Conselho Regional de
um local específico para a ativação, preparo e mani- Enfermagem-SP, ACPO - Associação de Consciência
pulação do produto, variando desde o expurgo até as a Prevenção Ocupacional - Santos, APECIH -
chamadas “salas específicas”. Associação Paulista de Estudos e Controle de
! Os nomes comerciais dos produtos encontrados Infecção Hospitalar e SOBECC - Sociedade
foram: Cidex, Glutalabor, Glutaron, Glutaraster, Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico,
LMGlut, LM Glut-pó ativador, Basf 50%, Glutacide II; e Recuperação Anestésica e Centro de Material e
todos possuiam número de Registro da Anvisa. Esterilização.

! A categoria profissional mais exposta são os ! Elaboração de uma Norma Técnica para o uso
auxiliares e técnicos de enfermagem. controlado do glutaraldeído nos Estabelecimentos
Assistenciais de Saúde, no Estado de São Paulo.
! Em 2003 e 2004 foram notificados 5 casos de
acidente de trabalho com emissão da Comunicação ! Elaboração e divulgação de um Manual de
de Acidente de Trabalho em 3 (15%) Hospitais Procedimentos sobre Glutaraldeído contendo
Sentinela, porém tais casos não constaram do orientações quanto ao uso e manuseio, riscos ocupa-
SINEPS-Sistema de Informação e Notificação de cionais, efeitos na saúde humana, prevenção,
Eventos Adversos de Produtos de Saúde do Projeto exames médicos, primeiros socorros, descarte do
Hospital Sentinela da Anvisa. produto, entre outros.

! Não há padronização e uniformidade nas medidas


de proteção coletiva e individuais para os trabalhado- Notas
res expostos. (1). O glutaraldeído - CAS 111-30-8 (Número de
Registro de Substâncias Químicas) é ligeiramente
! Os Manuais de Procedimentos e de Rotina não ácido em seu estado natural.Seus sinônimos são: 1,5
contemplam as medidas de segurança necessárias pentanodial,dialdeído glutárico,glutaral e a fórmula
para a manipulação do produto; não há fichas de molecular: C5H8O2. É comercializado como estereli-
segurança disponíveis nos ambientes que manipu- zante e desinfetante de uso hospitalar em concentra-
lam e armazenam produtos químicos. ções iguais a 2%, em média. Tem um penetrante e
pungente odor, típico de todos os aldeídos, com limiar
! Aproximadamente 90% dos EAS descartam a de odor em 0,04 partes por milhão (ppm).
solução de glutaraldeído, após o uso, na rede de (2). Brasil. Portaria SVS/MS nº15, de 23/08/1988.
esgotamento sanitário. Ministério da Saúde. Determina que o registro de
! Não há uma padronização quanto ao uso de produtos saneantes domissanitários com ação
recipientes , utensílios, acessórios e rotulagem do antimicrobiana seja procedido de acordo com as
produto. normas regulamentares anexas à presente. Diário
Oficial da União, Brasília, 05/09/1988.
! Não existe um Protocolo Padrão com fluxo defini- São Paulo. Resolução SS-374, de 15/12/1995.
do para casos de acidentes de trabalho/intercor- Secretaria de Estado da Saúde. Altera a Norma
rências / incidentes com produtos químicos. Técnica sobre organização do Centro de Material e
! As medidas de controle ambiental preconizadas Noções de Esterilização. Diário Oficial do Estado, São
Paulo, 16/12/1995.
quando da manipulação de glutaraldeído geralmente
não são adotadas nos hospitais; as salas do Centro (3). O IARC - Internacional Agency for Research on
Cancer, classifica a substância química como A-4-
Cirúrgico, com sistema de ar condicionado central,
“não classificável como carcinogênico humano”.
nem sempre possuem em sua instalação filtros ade-
quados para vapores orgânicos. A ACGIH-American Conference of Governmental
Industrial Hygienists, estabelece como Limite de
! O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais Exposição Ocupacional - Valor Teto - (TLV-C), a con-
não está implantado na maioria dos EAS(6). centração de 0,05 ppm; significa que a concentração

Página 16 Agência Paulista de Controle de Doenças dezembro de 2004


Boletim Epidemiológico Paulista

da substância no ar não pode ser excedida em aprovado pela RDC nº 50 de 21/1/2002 e dá outras
nenhum momento da jornada de trabalho. providências Diário Oficial da União, Brasília,
(4). Composição do Grupo Técnico de Trabalho: 21/7/2003.
Centro de Vigilância Sanitária 5. Brasil. Portaria nº 3.214, de 08/06/1978. Ministério
Florise Malvezzi, Maria Aparecida Gomes Bronhara do Trabalho. Aprova as Normas Regulamentadoras
Divisão Técnica de Vigilância Sanitária do Trabalho), (NR). Regulamenta a Lei 6.514, de 22/12/1977.
Zuleida Monteiro da Silva, José Geraldo Lupato Diário Oficial da União, Brasília, 23/12/1977.
Conrado (Divisão Técnica de Serviços de Saúde), 6. Brasil. Portaria nº 3.523, de 28/8/1998. Ministério
Isabel de Lelis Andrade Morais, Zuleide Ramos Fruet da Saúde. Regulamento Técnico contendo medidas
(Divisão Técnica de Produtos Relacionados à Saúde), básicas referentes aos procedimentos de verifica-
Lucia Viviano ( Divisão Técnica de Ação sobre o Meio ção visual do estado de limpeza, remoção de
Ambiente), Marcela Rodrigues da Silva, Eliane sujidades por métodos físicos e manutenção do
Gandolfi (Sistema Estadual de Toxicovigilância). estado de integridade e eficiência de todos os
Centro de Vigilância Epidemiológica componentes dos sistemas de climatização, para
garantir a qualidade do ar de interiores e prevenção
Maria Clara Padoveze (Divisão de Infecção
Hospitalar).
de riscos à saúde dos ocupantes de ambientes
climatizados. Diário Oficial da União, Brasília,
(5). O questionário “Condições de uso do glutaraldeí- 31/8/1998.
do em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde”,
contem perguntas abertas e fechadas sobre: identifi- 7. Brasil. Resolução RE nº 9, de 16/1/2003. Agência
cação do estabelecimento, responsável pelo preen- Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. Determina
chimento, informações sobre o glutaraldeído e a publicação de Orientação Técnica elaborada por
trabalhadores, programas relacionados à saúde e Grupo Técnico Assessor, sobre Padrões
segurança dos trabalhadores e equipe técnica Referenciais de Qualidade do Ar Interior, em ambi-
responsável pela aplicação do mesmo. entes climatizados artificialmente de uso público e
coletivo, em anexo. Diário Oficial da União, Brasília,
(6). O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais -
PPRA - faz parte da Norma Regulamentadora - NR 9
20/1/2003.
(Portaria nº 3.214, de 8/6/1978. Ministério doTraba- 8. São Paulo. Portaria CVS -15 de 26/12/2002. Centro
lho) é um instrumento necessário para adoção de de Vigilância Sanitária. Secretaria de Estado da
medidas de proteção coletiva e individual, incluindo Saúde. Define diretrizes, critérios e procedimentos
monitoramento ambiental, e que estabelece priorida- para a avaliação físico-funcional de projetos de
des através do cronograma de execução; se bem edificação dos estabelecimentos de interesse à saúde
elaborado e executado é um aliado na prevenção de para emissão de LTA - Laudo Técnico de Avaliação.
acidentes de trabalho e de doenças ocupacionais. Diário Oficial do Estado, São Paulo, 27/12/2002.
9. São Paulo. Norma Técnica P4.262, de 11/2/2004.
Bibliografia Consultada Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
- CETESB. São Paulo. Gerenciamento de Resíduos
1. Brasil. Portaria SVS /MS nº 15, de 23/08/1988. Químicos Provenientes de Estabelecimentos de
Ministério da Saúde. Determina que o registro de Serviços de Saúde. Diário Oficial do Estado, São
produtos saneantes domissanitários com ação Paulo, 2/2/2004.
antimicrobiana seja procedido de acordo com as
normas regulamentares anexas à presente. Diário 10. São Paulo. Resolução SS-374, de 15/12/1995.
Oficial da União, Brasília. 5/9/1988. Secretaria de Estado da Saúde. Altera a Norma
Técnica sobre organização do Centro de Material e
2. Brasil. Portaria MS/GM nº 2616, de 12/5/1998. Noções de Esterilização. Diário Oficial do Estado,
Ministério da Saúde. Diretrizes e normas para a São Paulo, 16/12/1995.
prevenção e o controle das infecções hospitalares.
Diário Oficial da União, Brasília, 13/5/1998. 11. Glutaraldehyde. Guidelines for safe use and
handling in health care facilities, Division of
3. Brasil. Resolução RDC nº 50, de 21/2/2002. Environmental and Occupational Health Services.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária -Anvisa. New Jersey. march 1997.
Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planeja-
mento, programação, elaboração e avaliação de 12. Secretaria de Estado da Saúde. Centro de
projetos físicos de estabelecimentos assistências de Vigilância Epidemiológica. Divisão de Infecção
saúde. Diário Oficial da União, Brasília, 2/3/2002. Hospitalar. São Paulo. Uso do glutaraldeido em
unidades de saúde. Junho 2004.
4. Brasil. Resolução RDC nº 189, de 18/7/2003.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. 13. WEBER, D.J.;RUTALA, W.A. Occupacional risks
Dispõe sobre regulamentação dos procedimentos de associated with the use of selected disinfectants and
análise, avaliação e aprovação dos projetos físicos de sterilants. In: Rutala W.A, ed. Disinfection,
estabelecimentos de saúde no Sistema Nacional de Sterilization, and Antisepsis in Healthcare. Champlain,
Vigilância Sanitária, altera o Regulamento Técnico NY: Polyscience Publications; 1998: 211-226.

dezembro de 2004 Agência Paulista de Controle de Doenças Página 17


Boletim Epidemiológico Paulista

amigos ou mesmo parceiros sexuais. Coerção sexual


Violência Sexual: É Preciso Vencer o é, freqüentemente, perpetrada contra crianças e
Medo e Enfrentar o Problema adolescentes, geralmente meninas. As crianças
podem ser sexualmente abusadas por parentes,
amigos da família ou outros homens que tenham
Vilma P. Gawryszewski, Neuma Hidalgo Centro de Vigilância relação de poder ou influência, tais como professo-
Epidemiológica “Professor Alexandre Vranjac”, e Stella Maris
Heloísa Santos Bueno Centro de Referência e Treinamento em res. As adolescentes e mulheres podem ser forçadas
DST/Aids (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo); a fazer sexo com seus namorados. Prostituição
Theo Lerner PAVAS (Faculdade de Saúde Pública da USP); forçada, tráfico de sexo e turismo sexual são outras
Maria Cecília Mochon da Costa Alves Centro de Referência e modalidades de violência contra a mulher, que vêm
Treinamento em DST/Aids (prefeitura municipal de Diadema);
Ivete Boulos NAVIS - Núcleo de Atendimento às Vítimas de crescendo em várias partes do mundo.
Violência Sexual (HC Faculdade de Medicina da USP); São muitas as definições que têm sido utilizadas
Maria Denize Vieira Seron, Adriana Swaim Muller Serviço de para conceituar as diferentes modalidades de crimes
Violência Sexual (prefeitura municipal de Jundiaí);
Jefferson Drezett médico consultor do Ministério da Saúde
sexuais. Todas apresentam dificuldade em atender
João Carlos da Costa, Regina Helena Brito de Souza Geavidas adequadamente aos aspectos médico-legais, jurídi-
(HC da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP); cos, psicológicos e éticos que estes crimes envolvem.
Márcia Teixeira Garcia Unicamp (Universidade Estadual de No entanto, há concordância em admitir que se trata de
Campinas), Núcleo de Vigilância Epidemiológica, CAISM;
Vânia Soares de Azevedo Tardelli Hospital Pérola Byington,
um contato sexual não consentido. De forma ampla, o
Coordenadoria de Saúde da Grande São Paulo(Secretaria de termo “violência sexual” parece atender melhor às
Estado da Saúde de São Paulo) situações relacionadas ao período de vida adulta,
reservando-se o termo “abuso sexual” para ocorrênci-
(2;3)
A violência contra a mulher pode ocorrer de as durante a infância e adolescência .
diversas formas, incluindo a violência física, a violên-
cia sexual e o abuso psicológico. Essa é uma questão A infecção pelo HIV no contexto da violência
que, cada vez mais, vem sendo discutida no mundo sexual
inteiro. Dentro disso, no Brasil, no final de 2003, foi Entre os diferentes riscos a que estão expostas as
aprovada Lei Federal nº 10.778/2003, que institui a vítimas de violência sexual, os traumas físicos e
notificação compulsória dos casos de violência contra ginecológicos, a gravidez, as conseqüências psicoló-
a mulher atendida em serviços de saúde, públicos ou gicas, a possibilidade de desenvolver doenças
privados. O presente artigo busca chamar a atenção sexualmente transmissíveis (DST) e a síndrome da
para um dos aspectos mais graves da violência imunodeficiência adquirida (Aids) são os mais
contra a mulher, que é a violência sexual. importantes4. Ainda não está devidamente esclareci-
A violência sexual é considerada como um fenô- do o risco de se adquirir uma DST através da violência
meno global, ocorrendo em todos os países, em sexual4. O risco biológico de transmissão será
diferentes culturas e níveis sociais. Embora a maioria influenciado pelo tipo de exposição sexual (anal,
agredida seja de mulheres, ela também ocorre em vaginal ou oral), pela presença de outras DSTs, e pela
homens e em crianças de ambos os sexos. Por isso, a exposição ou não a secreções sexuais (esperma)
violência sexual pode ser vista não somente como um e/ou sangue. Estudos recentes têm observado taxas
problema global do ponto de vista geográfico, mas de até 60% dessas infecções, com prevalência de 0,8
também do ponto de vista do sexo e idade. (5,6,7)
a 1,6% para o HIV . Um estudo conduzido nos
Esse tipo de violência determina grande impacto Estados Unidos revelou que a infecção pelo HIV
sobre a vida e a saúde das pessoas. As conseqüênci- representa a principal preocupação para cerca de
as para a saúde podem ser numerosas, desde a 70% das vítimas de violência sexual(8).
gravidez indesejada até a ocorrência de doenças A conduta pelos serviços de referência em
sexualmente transmitidas. As conseqüências emoci- atendimento às vítimas de violência sexual no
onais podem durar a vida toda. Vítimas de abuso (9)
Estado de São Paulo , também adotada pelo
sexual têm maior probabilidade de sofrer depressão, (10)
Ministério da Saúde , é a instituição da quimiopro-
desordens pós-traumáticas e tentativas de suicídios
filaxia para a infecção pelo HIV após exposição
durante a vida adulta do que indivíduos que não
(1) sexual não consentida. A justificativa para tal
vivenciaram situações semelhantes . conduta encontra sustentação na quimioprofilaxia
Apesar da imagem da violência sexual geralmente recomendada nos casos de acidente ocupacional,
trazer a idéia de estupro perpetrado por um estranho, especialmente quando pérfuro-cortante, nos quais
na realidade o sexo forçado ocorre entre indivíduos há acumuladas, na literatura, evidências suficientes
conhecidos uns dos outros: membros da família, que sugerem redução na taxa de infecção(11,12).

Página 18 Agência Paulista de Controle de Doenças dezembro de 2004


Boletim Epidemiológico Paulista

Estabelecendo um grupo de trabalho e uma Doenças Sexualmente Transmissíveis em


proposta Mulheres Vítimas de Violência Sexual. Libro de
O papel da área da saúde no atendimento a Resumenens, XI Congreso Latinoamericano de
essas vítimas é inequívoco e fundamental para a Enfermedades de Transmision Sexual e V
prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, Conferência Panamericana de SIDA 1997, Lima,
gravidez indesejada e suporte psicológico. Peru: 181.
Atualmente, este atendimento vem sendo realizado 6. Jenny C, Hooton TM, Bowers A, Copass MK,
no Estado de São Paulo por alguns serviços de refe- Krieger JN, Hillier SL, Kiviat N, et al. Sexually
rência estaduais, municipais ou universitários. Face Transmitted Diseases in Victims of Rape. The
à complexidade do problema, bem como a sua mag- New England Journal of Medicine 1990,
nitude e transcendência, é importante que esses 322(11):713-716.
serviços possam funcionar de uma forma mais inte-
7. Lurie P, Miller S, Hecht F, Chesney M, Lo B.
grada e otimizada, possibilitando, além disso, a
Postexposure prophylaxis after non-
ampliação do número de serviços.
occupational HIV exposure:clinical, ethical and
Dentro disso, um conjunto de profissionais com policy considerations. JAMA 1998 280(20):1769-
reconhecida excelência na área, que atua nesses 1773.
centros de referência, vem se reunindo com a
Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, com o 8. National Victim Center, Crime Victms
objetivo de elaborar uma proposta para a discussão Research and Treatment Center. Rape in
do problema e estabelecimento de uma rede de America: A Report to the Nation. Dept of
serviços de referência para o suporte e atendimento Psychiatry and Behavioral Sciences, Medical
às vítimas de violência. Considera-se importante University of South Carolina, Charleston, 1992.
elaborar as bases técnicas para o atendimento, 9. Projeto de Assistência à pessoa vítima de
estabelecer os fluxos e requisitos mínimos para Violência Sexual no Estado de São Paulo (mate-
esse atendimento e promover os treinamentos que rial em fase de elaboração, não publicado).
se fizerem necessários. 10. Ministério da Saúde, Programa Nacional de
Por fim, considera-se que, embora os profissio- DST/AIDS. Consenso para Tratamento
nais de saúde tenham um importante papel a Antiretroviral em Adultos e Adolescentes
cumprir no atendimento e acolhimento às vítimas, o Infectados pelo HIV, 2000.
enfrentamento desse problema deve também 11. Center for Disease Control. Public Health
envolver os diferentes setores do governo, tais Service Guidelines for the Management of
como a segurança pública, justiça e trabalho, além Health-Care Worker Exposures to HIV and
da sociedade civil organizada.
Recommendations for Postexposure
Prophylaxis. MMRW 1998, 47(7):1-33.
Referências 12. Prevenção e tratamento dos agravos resul-
1. World Health Organization. Guidelines for tantes da violência sexual contra mulheres e
medical-legal care for victims of sexual violence. adolescentes. Norma Técnica do Ministério da
Geneva, World Health Organization, 2004. Saúde 1998.
2. Drezett J, Navajas Filho E, Spinelli M, Tonon
EMP, Carnevalli CA, Gusmão A, Hegg R, Pinotti
JA. Aspectos Biopsicossociais em Mulheres
Adolescentes e Adultas Sexualmente
r

Vitimizadas. Resultados da Implantação de um


v.b
go

Modelo Integrado de Atendimento. Revista do


p.
e.s

Centro de Referência 1996, 1(1): 23-28.


ud
sa

3. Oliveira J. Código Penal. 25ª ed. Editora


ia@
nc o
ge a
-a ar

Saraiva, São Paulo, 1987. pp 117-20.


pa v p
be rea

4. Gostin OL, Lazzarini Z, Alexander D, Brandt


Esc

AM, Mayer KH, Silverman DC. HIV Testing,


Couseling, and Prophylaxis After Sexual Assault.
JAMA 1995, 271(18):1436-1444.
5. Baldacini I, Drezett J, Miranda SD, Nisida
IVV, Ribeiro RM, Pinotti JA. Prevalência de

dezembro de 2004 Agência Paulista de Controle de Doenças Página 19


Boletim Epidemiológico Paulista

Notas microchips que possibilitarão o acesso a um banco


de dados com informações individuais como nome
do proprietário e endereço de permanência, idade,
Controle de Zoonoses sexo, raça e espécie dos animais. A utilização da
tecnologia do microchip para o controle de
Está sendo implantado no município de Araçatuba população animal, como medida de saúde pública,
um projeto-piloto para testar uma nova estratégia no é inédita no país.
controle das populações de cães e gatos e,
consequentemente, no controle da Leishmaniose
Visceral Americana.
O projeto teve início no dia 8 de dezembro com a Termo de Cooperação Técnica para
capacitação de médicos veterinários professores da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Saúde do Trabalhador
Universidade Estadual Paulista, Campus
Araçatuba, seguido do seminário “Controle de A Secretaria de Estado da Saúde assinou termo
zoonoses e controle de populações de cães e gatos: operação técnica e institucional com a Funasa,
um desafio para toda a sociedade”, reuniões de Delegacia Regional do Trabalho e Emprego no
trabalho com médicos veterinários da região e estado de São Paulo (DRT/SP) com a Fundacentro
educadores, mutirão de esterilização cirúrgica e com o INSS para instituir o Grupo Executivo
(castração) e registro e identificação eletrônica de Interinstitucional de Saúde do Trabalhador de São
cães e gatos nos dias 9, 10 e 11, respectivamente. Paulo - Geisat/SP.
O projeto é uma iniciativa da Secretaria de O grupo será a instância de articulação das
ações para a promoção da saúde e segurança dos
Estado da Saúde (SES) com o apoio da Prefeitura
trabalhadores e prevenção dos acidentes e
de Araçatuba, Unesp e Conselho Regional de
doenças do trabalho. Entre as atribuições do
Medicina Veterinária de São Paulo. Araçatuba
Geisat, já definidas no termo de cooperação, está a
enfrenta uma epidemia de Leishmaniose Visceral
criação do Observatório Estadual de Saúde do
Americana (LVA), doença que tem o cão como
Tr a b a l h a d o r q u e s e r á r e s p o n s á v e l p e l a
importante reservatório.
consolidação, análise e divulgação das
A proposta do projeto é introduzir os benefícios informações referentes à área.
da esterilização cirúrgica, registro e identificação O Observatório funcionará como colegiado
permanente e educação humanitária para o técnico, constituído por um representante de cada
controle das populações de cães e gatos, como uma das instituições que assinaram o termo. Todos
medidas complementares à captura e eutanásia, os envolvidos deverão fornecer informações de
como preconiza a Organização Mundial da Saúde suas bases de dados que forem de interesse e atuar
(OMS). Para isso, especialistas na área como produtores sociais gerando conteúdos e
apresentaram no seminário dados epidemiológicos impactos positivos nas políticas de Saúde do
sobre a LVA e experiências positivas das cidades de Trabalhador.
São Paulo, Taboão da Serra e Guarulhos que
adotaram o controle da reprodução por meio da
esterilização cirúrgica e medidas educativas como
r

rotina de trabalho.
.b
ov
.g

Outro respaldo técnico oferecido pelo projeto, foi


sp

a capacitação dos professores e estudantes da


e.
ud

Unesp, para a utilização de uma técnica de


sa
@
nc o

esterilização “em massa” para a cirurgia ser menos


ge ra
ia
-a pa

invasiva e mais rápida.


pa a
be crev

O mutirão de castração e identificação atendeu


Es

os animais do bairro São Rafael de Araçatuba,


estrategicamente escolhido para permitir que os
técnicos da SES avaliem o impacto das medidas
durante o ano de 2005.
Ao todo 104 animais, entre cães e gatos, foram
esterilizados e receberam coleiras, plaquetas e

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