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Caracterização clínica
Os pacientes tiveram seu quadro clínico e laboratorial
avaliado e classificado conforme os critérios vigentes para
definição de infecção hospitalar (IH). Citamos abaixo a
classificação utilizada:
! Casos confirmados de IH: pacientes com sinais,
sintomas clínicos e alterações laboratoriais ou
radiológicas compatíveis com infecção e com resultado
de cultura microbiológica positivo.
! Casos compatíveis com IH: pacientes com sinais, Figura 2 - Diagrama de controle da densidade de incidência de IH na
sintomas clínicos e alterações laboratoriais ou UTI neonatal (LAS = Limite de Alerta Superior; LCS = Limite de
radiológicas compatíveis com infecção, porém sem controle Superior)
resultado positivo de cultura microbiológica.
! Casos de possível IH: pacientes com sinais, sintomas Provas microbiológicas
clínicos e alterações laboratoriais compatíveis com Culturas de espécimens clínicos identificaram
infecção, porém compatíveis com outras síndromes. Klebsiella pneumoniae, produtora de beta-lactamase
Avaliados pelos critérios acima, os casos se distribuíram de amplo espectro (ESBL), em sangue e ponta de
da seguinte forma: três confirmados, três compatíveis e dois cateter em dois pacientes. Um terceiro teve culturas de
possíveis. Um caso foi excluído. Três neonatos tinham sangue e líquor positivas para Enterobacter cloacae.
quadro pneumônico. Para os demais casos, não foi possível Durante a investigação, realizaram-se culturas de
a identificação de um sítio primário de infecção, sendo eles vigilância (swabs de nasofaringe, orofaringe, axilas e
diagnosticados como infecção primária da corrente períneo) em 12 pacientes que permaneciam internados
sangüínea, com ou sem confirmação laboratorial. no berçário, unidade de atendimento semi-intensivo.
Portanto, apenas um caso não se caracterizou como IH, Em seis deles foi identificada Klebsiella pneumoniae
não havendo qualquer achado que corroborasse a hipótese ESBL (+), fenotipicamente idêntica àquela isolada dos
de etiologia não infecciosa para os demais oito óbitos. casos de IH.
da Saúde (dados provisórios). Os dados populacionais morte no Estado, superadas apenas pelas doenças do
para a construção das taxas são os do Censo 20001. aparelho circulatório e as neoplasias. Porém, já ocupam o
segundo lugar em algumas DIR´s (Mogi das Cruzes, Franco
da Rocha, Osasco, Registro, Santos e São José dos
Resultados e discussão
Campos). O coeficiente de mortalidade encontrado foi
Brasil 84,6/100.000 (148,2/100.000 entre os homens e
Analisando os dados para o Brasil, a tabela 1 mostra 23,6/100.000, mulheres). O risco de um homem morrer
como essa mortalidade se distribui de forma muito vítima de violências é 6,3 vezes maior do que uma pessoa do
diferente nas várias unidades da federação, uma vez que sexo oposto. Em relação à faixa etária, essas mortes atingem
os coeficientes variaram de 34,5 até 109,2, provavelmente desproporcionalmente os adolescentes e adultos jovens,
refletindo o maior ou menor grau de urbanização alcançado uma vez que a faixa de 15 a 29 anos concentrou 43,3% das
ou fatores culturais, entre outros. Em 2002, São Paulo vítimas fatais. A faixa de 60 anos e mais, embora não tenha a
ocupou o quinto lugar, mostrando o quanto essas causas mesma expressão em números absolutos, também exibe
são importantes no maior estado da União. coeficientes altos, o que indica que devem ser desenvolvidas
ações voltadas especificamente para essa faixa.
A mortalidade por acidentes e violências nas diferentes
regiões de saúde é mostrada na figura 1, na qual observa-
se que oito DIR´s apresentam taxas maiores que a média
do Estado. Nesse ano, Osasco apresentou o maior
coeficiente (115,6/100.000 habitantes) e Presidente
Prudente, o menor (54,4/100.000 habitantes).
As razões para esse extraordinário crescimento da que é de 0,6g/l. Além disso, campanhas devem ser
violência são difíceis de esclarecer, uma vez que são realizadas para desencorajar a utilização de altas
vários os fatores em jogo. Por isso, considera-se velocidades e aumentar o respeito ao pedestre. Ao
importante aprofundar o conhecimento dos fatores de contrário do que ocorre com os homicídios, a figura 3
risco em nosso meio. mostra que a maior parte das DIR´s apresenta
coeficientes maiores que a média do Estado, devendo
merecer especial atenção as regiões do Interior. Para
algumas delas, essa mortalidade pode estar ligada à
existência de grandes rodovias. Registro deve merecer
especial atenção, uma vez que ocupa o primeiro lugar
entre as DIR´s nos últimos anos.
O antagonismo observado em relação à mortalidade
por acidentes de trânsito e homicídios deve merecer
estudo mais aprofundado. As regiões que exibem os
maiores coeficientes de mortalidade por homicídios
são as mesmas que têm menores coeficientes de
mortalidade por acidentes de trânsito. E o contrário
Figura 2 - Mortalidade por causas externas segundo
também é verdadeiro.
tipo de causa, Estado de São Paulo, 2002
Considerações finais
Na figura 3 observa-se que os valores dos coeficientes na
Além das mortes que acarreta, a violência afeta a
maior parte das DIR´s (18) não ultrapassam a média do
Estado (figura 3), existindo ampla variação entre eles: a taxa sociedade de uma forma ainda não bem avaliada.
de mortalidade da DIR de Osasco, o maior valor, é quase dez Atualmente, poucos problemas sociais mobilizam tanto a
vezes maior que a da DIR de Bauru, o menor valor. opinião pública como a violência. E não é para menos. O
cidadão convive, todos os dias, com uma sensação de
angústia e medo, que limita seus passos e a sua liberdade.
Pesquisa de vitimização do Ilanud, publicada em 1998,
realizada na Capital paulista, revelou que 45% dos
habitantes costumam evitar certas ruas, locais ou pessoas
por questões de segurança4. Em função da violência
reordena-se boa parte da vida.
Fazer com que esse tema seja considerado como
principal na discussão das políticas de saúde é uma
tarefa para este início do terceiro milênio. São muitas
as mortes e incalculáveis os prejuízos na qualidade de
vida da população. Os serviços de saúde (ligados a um
bom sistema pré-hospitalar) devem ser bem
preparados para o atendimento aos feridos,
p o s s i b i l i ta n d o a r e d u ç ã o d a m o r ta l i d a d e e
Figura 3 - Mortalidade por homicídios segundo Regionais de Saúde,
Estado de São Paulo, 2002
incapacidades. Considerando que a promoção da
saúde é um antigo compromisso da saúde pública, é
Em segundo lugar encontram-se os acidentes de fundamental que sejam planejadas ações no âmbito de
transporte, responsáveis por 21,2% do total de prevenção primária. Tais ações devem ser concretas,
mortes por essas causas (figura 2). A análise dessa viáveis, discutidas com o conjunto da sociedade.
mortalidade nas últimas duas décadas mostra uma
tendência levemente decrescente 2. O decréscimo é Autores: Gawryszewski VP e Hidalgo NT, Centro de
lento, mas reflete o estabelecimento de medidas de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo (CVE).
prevenção, que se deu em várias esferas, tais como .
maior fiscalização, obrigatoriedade do uso do cinto de
BIBLIOGRAFIA
segurança, campanhas de conscientização da
1. Fundação IBGE.
população, maior número de itens de segurança nos Http://www.ibge.gov/br/ibge/estatistica/populacao/censo2000.
veículos, melhor desenho das estradas, entre outras. Acesso em 15/01/2002.
Porém, ainda há muito que fazer. Entre os fatores 2. Secretaria de Estado da Saúde.
de risco apontados para a alta mortalidade de http://www.saude.sp.gov.br/html/fr_links.htm.
trânsito, encontra-se o uso de álcool. Estudo Acesso em 20/05/2003.
realizado pela Associação Brasileira dos 3. ILANUD, Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a
Prevenção do Delito e o Tratamento do Delinqüente. “Pesquisa de
Departamentos de Trânsito 3, em quatro capitais Vitimização”. Revista do Ilanud. São Paulo, 1998, no. 10:21.
brasileiras, mostrou que em 27,2% das vítimas 4. Abdetran Associação Brasileira dos Departamentos de Trânsito 1997.
envolvidas neste tipo de acidentes a dosagem de Impacto do uso de álcool e outras vítimas de acidentes de trânsito.
álcool no sangue excedia o valor permitido por lei, Cetad&Raid, 87 pp.
BIBLIOGRAFIA
Funasa, Guia de Vigilância Epidemiológica, agosto de 2002, volume 2.
Fonte: Sucen-Taubaté/NRS-Caraguatatuba-DIRXXI.
* Dados até 31/11
Discussão
No período de 1995 a 2002 (oito anos), foram
observadas as menores incidências da doença. Valores
mais elevados foram registrados nos anos de 1993 e 2003,
sugerindo, assim, comportamento cíclico da doença.
A presença de casos em todas as faixas etárias e
Resultado
! O número de casos registrados
pela busca passiva nos quatro
municípios foi maior que os notifica-
dos à Vigilância Epidemiológica e
Sucen, surgindo autoctonia em
áreas consideradas indenes;
! Confirmação de casos autóctones
nos municípios de Caraguatatuba,
Ilhabela e São Sebastião;
! As localidades de transmissão em
*Fonte: Sucen - Sr03 São Sebastião situam-se em áreas
B.t. = Biomphalaria tenagophila; B.s. = Biomphalaria straminea; contíguas com as áreas de
A.C. = ausência de caramujo transmissão de Caraguatatuba;
! Em Caraguatatuba, além dos bairros limítrofes São Sebastião, criaram condições favoráveis ao fechamento
com São Sebastião, existe transmissão em um do ciclo biológico do parasita, surgindo os focos autóctones
bairro localizado na região norte (Olaria) e outro na de transmissão. Essa situação bioecológica ocorre também
região central (Indaiá); em Ubatuba, porém, até o momento, não há registro de caso.
! A maioria dos casos positivos detectados nos censos ! Definição de uma equipe permanente de educação
era importada. para o desenvolvimento de trabalhos junto à população
e escolares;
Vale ressaltar que no município de Caraguatatuba,
após a detecção de oito casos autóctones no Bairro Olaria ! Realização de censos populacionais ou escolares nos
em 2002, buscou-se um trabalho articulado com vários bairros onde foram detectados casos autóctones. O
órgãos da Secretaria de Estado de Saúde (Vigilância órgão responsável deverá ainda ser definido;
Epidemiológica, Vigilância Sanitária e Sucen) com os
órgãos municipais (Saúde, Educação, Obras, Urbanismo,
! Realização de pesquisas planorbídicas bimestrais nas
coleções hídricas cadastradas como área de risco
Meio Ambiente e Assistência Social), além da Sabesp, com
(áreas de foco e vigilância intensiva), bem como o
objetivo de se encontrar soluções para o problema ora
término do cadastro das coleções hídricas com
vigente no bairro. O acompanhamento foi feito por meio de
potencial;
reuniões periódicas com todas as instituições envolvidas.
Nessa localidade foi realizado censo populacional pela ! Esclarecimento às secretarias municipais de Saúde e
Sucen, com a participação dos agentes do PSF, no retorno Meio Ambiente sobre a aplicação de moluscicida,
às casas fechadas, revelando 47 casos importados e uma quando necessário.
prevalência autóctone de 0,79 (18 casos: 83% do sexo Finalmente, reuniões periódicas com representantes
masculino e 55% na faixa etária de 10 a 19 anos). da Sucen, Núcleo de Caraguatatuba, secretarias de
A participação da Sabesp e das secretarias de Obras, Saúde, Meio Ambiente, Obras, Sabesp, Pacs/PSF em
Meio Ambiente e Turismo tem sido fundamental, visto que cada município, para definição das ações a serem
já ocorreu o aterramento das áreas alagadas, pois está em tomadas, bem como seu acompanhamento.
licitação a execução de obra de saneamento na rua onde
se concentrou o maior número de casos e foi realizado o Autor: Contino ML, Sucen - SR-03 - Taubaté
levantamento das residências em que o esgoto necessita
ser ligado à rede. Foi providenciada, ainda, a confecção de
placas para serem instaladas ao longo do rio onde a BIBLIOGRAFIA
população entra para coletar areia. A comunidade foi CHIEFFI, P.P. & WALDMAN, E.A. Aspectos particulares do
comportamento epidemiológico da Esquistossomose Mansônica no
informada sobre o problema por meio de reunião com as Estado de São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, R.J., 4:253-6,
lideranças e pela equipe do PSF, durante suas visitas. 1988.
O outro censo populacional está sendo realizado no
bairro Perequê Mirim, Caraguatatuba, nas imediações do
foco onde foi encontrado caramujo albergando S. mansoni.
Considerações finais
Diante dos resultados apresentados, podemos concluir
que a presença de migrantes originários de áreas
endêmicas, acrescida da presença de espécie
planorbídica suscetível à infestação de S. mansoni em
áreas periféricas desprovidas de infra-estrutura de
saneamento nos municípios de Caraguatatuba, Ilhabela e
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
Bilac - - - - - - 1 16,6 - -
Coroados - - - - - - 1 11,1 - -
Guzolândia - - - - - - - - 1 24,2
DIR X
Bauru - - - - - - - - 11 3,3
Guaiçará - - - - - - - - 1 9,9
DIR XIV
Guarantã - - - - - - - - 1 15,2